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Resumo: As práticas turísticas no ambiente rural utilizam esse espaço como uma espécie de
“válvula de escape” aos problemas ocorridos no ambiente urbano. O caso em estudo discute
algumas das contradições derivadas das iniciativas turísticas no Rio Araguari. Considerando um
grande fluxo de turistas em determinados locais, problematiza-se os problemas ambientais e de
infra-estrutura urbana e questiona-se os impactos no ambiente.
Abstract: Tourism practices in the rural environment using this space as a kind of "safety valve" to
problems in the urban environment. The case study discusses some of the contradictions derived
from tourism initiatives in Rio Araguari. Whereas a great number of tourists in certain places,
discusses the problems of environmental and urban infrastructure, and questions the impacts on
the environment.
Introdução
1
Discente pelo curso de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Email:
jessicasoaresfreitas@gmail.com
2
Professor Doutor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Email:
Rosselvelt@ufu.br
Nem sempre as atividades turísticas são bem conduzidas e nem bem vista aos
olhos de todos os moradores da região. É preciso considerar que o aumento do
fluxo turístico também pode multiplicar os problemas ambientais, tais como
poluição e invasão das áreas de preservação permanente.
Considerando que o turismo é complexo e que a presença dos turistas
implica em reorganização dos lugares turísticos, provavelmente na bacia do Rio
Araguari, o modo de vida rural se modificou para atender às necessidades dos
turistas.
A presença de motoqueiros, ciclistas, esportistas náuticos, dentre outros,
em busca de mais tranquilidade e lazer nestes locais indica que nem sempre é
possível manter a tranqüilidade. Em geral, o grande problema é a transferência de
elementos da cidade para o espaço rural gerando a modificação do lugar.
Em vários pontos da bacia do Rio Araguari, chama a atenção os contrastes
entre o ambiente rural e o urbano. A presença de condomínios tem sido fonte de
especulações imobiliárias. Utilizando-se do discurso para reforçar a calma e
tranqüilidade do campo, as chácaras de pesca e de lazer têm sido cada vez mais
ofertadas como espaço da prática do “desestressamento” da população urbana.
Desta forma há cada vez mais iniciativas imobiliárias que vendem o espaço
no entorno destes lugares, relativamente calmos, para serem “desfrutados” por
parte dos urbanizados. Está claro um oportunismo imobiliário que age no espaço
rural oferecendo aos consumidores do espaço rural, descanso da agitação da
cidade.
Com a construção das usinas hidroelétricas na Bacia do Rio Araguari,
estas práticas imobiliárias que suscitam usos turísticos do espaço, aumentou
significadamente, assim como os problemas que elas geram para a população
local.
Construídas entre as cidades de Uberlândia e Araguari, as belezas cênicas
das paisagens tornaram-se além de atrativos turísticos um sonho de consumo das
pessoas que visitam os vários lugares que compõem a região.
A gente vem aqui pra curtir essa vista maravilhosa... Isso aqui não tem
coisa melhor... Também venho no restaurante, a comida é boa e tem um
preço bom... depois a gente faz uma caminhada, fica observando essa
coisa maravilhosa, essa natureza e fica imaginando quando eles vão
faze um loteamento de chácara naquela parte ali onde o rio faz a curva.
Ali a nossa família imagina faze um rancho, bem organizado pra gente
esquece os problemas da cidade, daquele tumulto...3
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Fonte: Trabalho de campo realizado em 2012, na bacia do Rio Araguari.
Desta forma, o lugar que antes era usado apenas por moradores locais
para práticas sociais, envolvendo lazer com a família, esses mesmos moradores,
estão sendo forçados a conviverem com os visitantes. No entorno das suas
propriedades, a presença de restaurantes, camping, da pratica de esportes
radicais foram impondo mudanças nas suas formas de vida.
Mesmo não abrindo as suas propriedades para o turismo, são impactados
pelos visitantes, pois quando o vizinho recebe visitante, o espaço se reorganiza
para atender às necessidades destes novos freqüentadores. Com isso houve
além da construção de restaurantes à beira dos lagos, investimentos, como a
construção de chalés, entre outros, cuja tendência é contribuir para a
diversificação das opções turísticas, aumentando o fluxo turístico na região.
Com relação ao desenvolvimento econômico estas proposições turísticas,
materializadas nas edificações, favoreceram muito os seus proprietários, na
medida em que diversificam as opções de renda e trabalho. Assim, com o
aumento de demanda turística houve geração de mais emprego e fontes de
renda. Porém, os lugares foram modificados de uma maneira que não agradou a
todos os moradores, pois algumas pessoas vivem naquelas terras tendo um modo
de vida que não inclui o turismo. “Aqui a gente sempre teve um leitinho, umas
coisinha para come e leva para faze a feira lá na cidade. Agora venho a usina, fez
a represa... Daí venho vindo muita gente da cidade.. Isso foi tirando o nosso
sossego4”.
No conteúdo da fala do camponês compreende-se que a presença do
turista é no mínimo tensa, causando preocupações e impactos sociais ao modo
de vida dos camponeses.
4
Fonte: Trabalho de campo realizado em 2012, na bacia do Rio Araguari.
Conclusão
O turismo rural praticado na bacia do Rio Araguari envolve Lazer, mas terá
que ser pensado pelo poder público não apenas como um atrativo turístico. Para
a população rural da região, as construções de represas apesar de ter trazido
desenvolvimento econômico, também trouxe problemas para os moradores que já
viviam no lugar. A modificação da utilização do espaço tem implicado na saída de
alguns camponeses e na redução das áreas de produção agropecuária do
município de Uberlândia. Embora haja alguns benefícios derivados da prática
turística é necessário que as iniciativas sejam desenvolvidas com
responsabilidade e sem prejudicar os moradores ou a natureza. É importante
compreender que existe um conhecimento acumulado a respeito do turismo e
deverá ser aplicado em diversas ocasiões para auxiliar os camponeses. Desta
forma os prejuízos com a prática do turismo nessa região nunca poderá ser maior
que os benefícios.
Referências