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O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, pelo procurador
regional eleitoral signatário, no uso de suas atribuições legais, com fulcro nos artigos 127 e
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DANIELLE LISBOA FREDERICO RAMOS DE CASTRO
PRIETO, 5º Suplente de deputado federal pelo Partido Social Liberal,
brasileira, casada, CPF n. 784.453.451-68, residente e domiciliado na
Rua Idelfonso da Silva, 1386, Bairro Nova Brasília, Ji-Paraná/RO;
EDUILSON FELIX DINIZ, 6º Suplente de deputado federal pelo
Partido Social Liberal, brasileiro, casado, CPF n. 479.324.222-72,
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Cristóvão, Porto Velho/RO.
ante as razões de fato e de direito a seguir articuladas:
I – SÍNTESE FÁTICA
Na data de 16 de agosto de 2018, o Diretório Regional do Partido
Social Liberal – PSL apresentou à Justiça Eleitoral seu Demonstrativo de Regularidade de
1 Registra-se que a Secretaria Judiciária do TRE/RO, ao realizar a totalização das candidaturas requeridas pelo
partido, acresceu uma candidatura inexistente ao cálculo percentual de gênero. Assim, verifica-se que, ao tempo
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apenas acostaram aos autos cópia da ficha de inscrição partidária e ata da reunião
convencional, que, por sua natureza unilateral, não se mostraram hábeis a comprovar a
existência de filiação partidária, razão pela qual o pedido de registro de candidatura da
requerente foi julgado indeferido pela Corte Regional.
Tal decisão manteve-se inalterada pela Corte Superior Eleitoral.
Assim, restando constatada a ausência de filiação partidária da
da aferição feita pelo órgão judiciário, o PSL requereu o total de 12 registros de candidatura, totalizando 66,66%
de candidatos do gênero masculino e 33,34% de candidatas do gênero feminino.
participação nas eleições proporcionais, qual seja, a formação da sua lista de candidatos ao
Legislativo Federal com ao menos 30% de mulheres.
Tal conduta caracteriza a prática de fraude na formação do
requerimento de registro Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários do Partido
Social Liberal – PSL, desafiando o ajuizamento da presente impugnatória.
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II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Ed. 14. São Paulo: Atlas, 2018, p. 879.
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A fraude, na concepção de José Jairo Gomes, caracteriza-se pela burla
ao sentido e à finalidade da norma jurídica “pelo uso de artimanha, astúcia, artifício ou ardil.
Aparentemente, age-se em harmonia com o Direito, mas o efeito visado – e, por vezes,
alcançado – o contraria”5, frustrando a efetividade e a finalidade do próprio sistema eleitoral,
maculando-se, por conseguinte, o bem jurídico tutelado.
Sobre o tema, leciona Rodrigo López Zilio6:
3 Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que
trata o Art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei.
4 Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da
liberdade do voto, serão coibidos e punidos.
5 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Ed. 14. São Paulo: Atlas, 2018, p. 881.
6 ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. Ed. 6. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 664.
15/06/2004), assentado, ainda, que “o conceito de fraude (…) é aberto e pode englobar todas
as situações em que a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo são
afetadas por ações fraudulentas, inclusive nos casos de fraude à lei” (Recurso Especial n. 1-
49, Rel. Min. Henrique Neves, j. 04/08/2015).
Nesses termos, é cediço que a fraude, para fins de ajuizamento de ação
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de impugnação de mandado eletivo, pode decorrer de qualquer ato ou artifício que induza o
eleitor a erro e/ou que altere o resultado das eleições, assim como qualquer ação praticada
com a finalidade de burlar a legislação eleitoral.
No presente caso, extrai-se a existência de fraude eleitoral na
formalização do pedido de registro de candidatura da chapa proporcional ao cargo de
deputado federal do Partido Social Liberal – PSL, materializada na inclusão de candidata
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de cotas de gênero tomem por base o número de candidatos cujos registros forem, de fato,
requeridos pelo partido ou pela coligação.
Trata-se, portanto, de requisito de indispensável e indissociável à
participação do partido político e/ou coligação partidária nas eleições aos cargos
proporcionais, a ser aferida no ato do requerimento de registro do Demonstrativo de
Regularidade dos Atos Partidários.
Nota-se que a atualização legislativa buscou a máxima efetividade do
7 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
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mulheres brasileiras na vida política do nosso país.
Sobre o tema, a Corte Superior Eleitoral já assentou que “o incentivo
à presença feminina constitui necessária, legítima e urgente ação afirmativa que visa
promover e integrar as mulheres na vida política brasileira, de modo a garantir-se
observância, sincera e plena, não apenas retórica ou formal ao princípio da igualdade de
gênero (art. 5º, caput e I, da CF/88)” – Rp n. 28273/2017.
falar, portanto, em inépcia da inicial por ausência de causa de pedir (art. 330, § 1º, I,
do CPC). A causa de pedir não se confunde com a insuficiência de provas que
comprovem os fatos alegados. A inexistência de provas das alegações iniciais é
matéria a ser resolvida no mérito, não implicando imediata extinção do processo,
nos termos preceituados pelo art. 485, I, do CPC. Preliminar rejeitada. (…)
(TRE/MG – Recurso Eleitoral n 144385, Relator(a) RICARDO MATOS DE
OLIVEIRA, Publicado em 26/10/2018) [grifo nosso]
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Da análise pormenorizada dos autos dos requerimentos de registro de
candidatura apresentados pelo Diretório Regional do Partido Social Liberal – PSL, esta
Procuradoria Regional Eleitoral identificou a existência candidatura feminina sem a devida
demonstração de filiação partidária, condição de elegibilidade prevista no artigo 14, § 3º,
inciso V, da Constituição Federal.
É cediço que a filiação a partido político consiste em elemento
indissociável à condição de elegibilidade, inexistindo, em regra, a possibilidade de registro de
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Com efeito, o artigo 21 da Resolução TSE n. 23.117/09 dispõe que “a
prova da filiação partidária, inclusive com vista à candidatura a cargo eletivo, será feita com
base na última relação oficial de eleitores recebida e armazenada no sistema de filiação”.
De fato, a atualização periódica dos dados partidários no Sistema de
Filiação Partidária da Justiça Eleitoral – FILIAWEB, confere maior credibilidade e
transparência à aferição do preenchimento da condição de elegibilidade prevista no artigo 14,
inscritos e a data do deferimento das respectivas filiações (Lei nº 9.096/95, art. 19, caput).
9 ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral, 6. ed. - Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 191.
10 Súmula TSE n. 20: “A prova de filiação partidária daquele cujo nome não constou da lista de filiados de
que trata o art. 19 da Lei nº 9.096/1995, pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando
se tratar de documentos produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública.”
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legislação eleitoral, totalizando cerca de 27% (vinte e sete por cento) do número total de
candidatos, situação que acarretaria o indeferimento parcial do DRAP partidário e,
consequentemente, de todos os candidatos ao cargo de deputado federal.
Conclui-se, portanto, que a inclusão da impugnada Kilvia Helena de
Araújo Evangelista Marques se deu, única e exclusivamente, para viabilizar a manutenção
do quantitativo proporcional de gênero previsto na legislação eleitoral, possibilitando a
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participação, em nítida demonstração de desrespeito às normas eleitorais e à higidez do
processo eletivo.
Tal o quadro, nota-se que a fraude perpetrada pelo partido não só
ensejou o deferimento dos registros de candidatura vinculados ao DRAP, mas viabilizou a
conquista de uma cadeira na Câmara Legislativa Federal, a ser ocupada pelo candidato
diplomado João Chrisóstomo de Moura, além da diplomação do 1º Suplente, Evandro Cesar
III – PEDIDO
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Evandro Cesar Padovani, bem como declarada nula a integralidade
da chapa proporcional formada pelo Partido Social Liberal – PSL na
disputa do cargo de deputado federal.
[ASSINADA ELETRONICAMENTE]