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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE

MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DISCENTES: RA:
DOCENTE: AUGUSTO ZANETTI
DISCIPLINA: TARI - TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
TURNO: NOTURNO
A emergência da Índia como potência econômica, membro dos BRICS e polo de
investimentos no Sudoeste da Ásia no setor farmacêutico, serviços e tecnológico
História
A história da Índia teve início aproximadamente em 3300 a.C., quando a primeira
civilização urbana se formou nos arredores do vale no Rio Indu, que origina o nome do país.
Então, por volta de 1500 a.C., a Índia foi invadida pelas tribos árias, povos nômades, vindos
provavelmente do Irã, que ocuparam a região, dominando a civilização hindu que se formava.
Teve início, então, o Período Védico, que durou até 500 a.C.
Entre os séculos XVII e XIX, a Dinastia Mughal reinou na Índia, deixando suas marcas
no país com sua arquitetura.
A partir de 1858, a Inglaterra se utilizou da Companhia Inglesa das Índias Orientais para
se aproximar amigavelmente do país, passando então a administrar, através da figura do vice-rei,
pouco mais da metade da Índia, o que deu origem ao termo “Índia Britânica”.
Por volta de 1820, os britânicos dominavam a maior parte do subcontinente, com o
objetivo de exploração dos ricos recursos naturais indianos. Dessa exploração começou a surgir
uma insatisfação do povo indiano, que via seus recursos indo embora e seu país sendo
considerado apenas fonte de recursos para a Inglaterra. Além disso, a submissão a um governo
totalmente estrangeiro criava uma crescente insatisfação e como se não bastasse a subordinação,
os indianos notavam que os princípios liberais e democráticos dos ingleses haviam sido
esquecidos no subcontinente; igualdade racial ou democracia nem eram comentados.
Em 1848, a nomeação de James Broun-Ramsay, Lord Dalhousie, como governador-geral
da Companhia das Índias Orientais foi fundamental para que mudanças essenciais ocorressem no
país, colocando-o no caminho para se tornar um Estado moderno. A Índia experimentou, nesse
período, um incremento em sua infraestrutura e tecnologias modernas como o telégrafo, canais e
as ferrovias foram introduzidas pouco tempo depois de sua introdução na Europa. Essas
alterações aumentaram a insatisfação indiana em relação à Companhia. A população estava
ressentida com as invasivas reformas sociais ao estilo britânico, os altos impostos sobre
propriedades e o tratamento privilegiado de alguns príncipes e fazendeiros ricos.
Em 1857, a primeira grande rebelião, armada por tropas indianas e pela população civil e
conhecida como a Revolta dos Sipais ocorreu, sendo vencida, porém, pelos ingleses um ano
depois. O conflito dos Sipais, no entanto, mesmo contido conseguiu abalar muitas regiões do
norte e do centro da Índia e sacudir os alicerces do governo da Companhia, levando à dissolução
da Companhia das Índias Orientais. A administração da Índia passou a ser exercida diretamente
pelo governo britânico.
Nas décadas seguintes, a vida pública emergiu gradualmente em toda a Índia, levando à
fundação do partido Congresso Nacional Indiano, em 1885. O recém-formado Congresso
Nacional Indiano, que funcionava como um fórum para a atividade política de toda a Índia, se
reuniu e declarou que conquistaria a independência para o país por meios parlamentares
pacíficos – pelas palavras e não pelas armas.
Após a Primeira Guerra Mundial, na qual alguns milhares de indianos serviram, um novo
período se iniciou. Ele foi marcado por reformas britânicas, mas também por uma legislação
mais repressiva. Dessa forma, as reivindicações cada vez mais estridentes da população indiana
por independência e pelo começo de um movimento não violento de não cooperação aos ingleses
foram se expandindo. Mahatma Gandhi se tornou o líder e símbolo dessa resistência. Quando ele
assumiu o controle do Congresso Nacional Indiano, em 1920, a resistência, antes sem direção,
foi orientada e unificada, se tornando um movimento maciço.
Durante os anos 1930, uma lenta reforma legislativa foi promulgada pelos britânicos e o
Congresso Nacional Indiano saiu vitorioso nas eleições seguintes. O Movimento de
Desobediência Civil (1930 – 1934), exigindo a independência, e o Movimento Saiam da Índia,
que se seguiu ao encarceramento de Gandhi e outros líderes em 1942, consolidaram o apoio
popular ao Congresso.
A década posterior foi cheia de crises: a participação indiana na Segunda Guerra
Mundial, o impulso final do Congresso para a não cooperação com os britânicos e uma onda de
nacionalismo muçulmano. Todos esses movimentos foram coroados com o advento da
independência em 1947, mas ao custo de uma sangrenta divisão do subcontinente em dois
Estados: a Índia e o Paquistão.
Em 1947, Jawaharlal Nehru se tornou o primeiro primeiro-ministro nascido na Índia e viu
a partição do país se tornar uma realidade. Racionalista, ele discordava de Gandhi, um homem de
religião, em relação a sobre quais valores uma nação deveria ser formada, embora tivessem
lutado juntos pela independência.
Em 1950 a constituição do país foi estabelecida, assentando a Índia como uma nação
independente. Nela, os indianos foram chamados a transcender as diferenças religiosas enquanto
preservam sua cultura multíplice.
Desde a independência, manteve-se no país uma democracia com liberdades civis, uma
Suprema Corte ativista e uma imprensa, em grande parte, independente. A liberalização
econômica, que teve início na década de 1990, criou uma grande classe média urbana que
transformou a Índia em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, o que
aumentou a influência geopolítica do país. A fome diminuiu (pouco), devido à Revolução Verde
da década de 1960. O crescimento industrial foi menor do que alguns de seus vizinhos asiáticos,
mas manteve um passo constante e acelerou nos anos de 1980, quando os sucessores de Nehru
abriram a economia para o Livre Mercado e para investidores estrangeiros. Milhões de
mestrandos e doutorandos – de medicina a astrofísica – colocaram a Índia entre os mais bem
cotados países no mundo para estudos superiores. Filmes, músicas e ensinamentos espirituais
indianos desempenham um papel cada vez maior na cultura mundial.
Nos quase 70 anos seguintes, a Índia tentou esquecer o passado britânico e teve um
resultado misto de sucessos e fracassos. Atualmente, ela abraça vários credos e culturas em
relativa pacificidade, sob o mesmo regime político, e orgulha-se do título de “a maior
democracia do mundo”.
O maior sucesso talvez tenha sido o fato da Índia, frente a tantas adversidades
pós-independência, como guerras e desastres naturais, ter mantido a fé em um sistema
constitucional democrático.

Aspectos Econômicos e Potência Emergente


Estrutura econômica Atual
A economia indiana é atualmente uma das que mais cresce no cenário mundial,
apresenta-se como uma das possíveis grandes potências em algumas décadas. A Índia tem
investido em tecnologia e formação profissional, além de um intenso processo de
industrialização. Algumas artimanhas da economia indiana se destacam como uma
subvalorização da moeda, um baixo custo da mão-de-obra, ainda, incentivos do governo em
diversas áreas (subsídios) e a criação de Zonas de Processamento de Exportação.
Apesar do crescimento, a Índia apresenta intensas desigualdades sociais, e um Produto Interno
Bruto (PIB) ainda baixo.
As castas são também responsáveis pela desigual divisão da renda no país. Nesse sistema
de castas predomina a hierarquia, e o grupo familiar (casta) é mais importante que o indivíduo.
Assim, os casamentos “arranjados”, por exemplo, são uma forma de manter o dinheiro restrito
nas mãos de uma parcela da população. Por conseguinte, para diminuir alguns dos abismos
sociais provocados pela estrutura social de castas, o governo indiano promove diversas políticas
públicas de inclusão, como por exemplo, cotas de vagas universitárias para jovens de origens nas
castas mais inferiores. Entretanto, há um longo caminho para superar as desigualdades sociais
promovidas por tal sistema
Com uma formação qualificada de profissionais, a Índia é destaque ainda em relação à
exportação de softwares do mundo, indústria esta que contam com expressivo investimento e
apoio governamental. Bangalore, uma cidade localizada no Sul do país, é considerada como o
tecnopolo indiano, onde destaca-se a quantidade de engenheiros atuantes na elaboração de
produtos tecnológicos.
Destacam-se no cenário econômico indiano as indústrias farmacêuticas, especialmente
quanto à produção de medicamentos genéricos. A produção de aço é outro forte elemento que
movimenta a economia indiana, além da forte exportação de carvão mineral e minério de ferro.
As atividades urbanas e industriais movimentam a maior parte da economia indiana, ainda assim,
a maioria da população continua sobrevivendo do trabalho agrícola.
As atividades econômicas são distribuídas no território indiano em conformidade com as
potencialidades de cada região. Ao Norte do território encontra-se o cinturão agrícola,
especialmente no Vale do Ganges, onde as terras são bastante férteis. Já no Leste do território
está localizado o cinturão natural, onde se concentram as riquezas naturais do país. Já no Oeste
indiano estão concentradas as principais instituições financeiras do país, enquanto no Sul da
Índia estão os principais centros tecnológicos indianos. Já a região central do território indiano é
a que apresenta menor peso econômico, não possuindo uma particularidade produtiva.
Formação Econômica
Após a proclamação da independência em 1947, emergiu na Índia uma estratégia de
desenvolvimento ancorada em seis pilares principais, que vigorou até o início da década de 1980.
Algumas das características desse projeto também estiveram presentes em outros países de
industrialização tardia. Assim como na América Latina, o Estado desenvolvimentista instituiu
diversos mecanismos de proteção à indústria doméstica, de natureza comercial (barreiras
tarifárias e não tarifárias), financeira (linhas especiais de crédito e bancos públicos) e fiscal
(subsídios e incentivos), bem como atuou ativamente como planejador e investidor. A trajetória
indiana, todavia, possui várias peculiaridades associadas a fatores históricos nacionais
(independência), internacionais (o contexto da Guerra Fria), políticos (regime parlamentar
democrático) e sociais (multiplicidade étnica e religiosa).
Outra importante especificidade da estratégia indiana de desenvolvimento refere-se à
prioridade concedida, já nas suas etapas iniciais, à implantação da indústria pesada. Ademais,
esta defesa e as políticas protecionistas acionadas para viabilizar a implantação do setor de bens
de produção foram influenciadas pelo modelo soviético de economia fechada.
Finalmente, é importante tecer breves comentários sobre os demais pilares da estratégia
de desenvolvimento “voltada para dentro”. Em primeiro lugar, a pequena participação do capital
estrangeiro resultou num reduzido grau de internacionalização da estrutura produtiva indiana –
outra característica que persistiu mesmo após a mudança desta estratégia nos anos 1990. Este
padrão de relacionamento entre capital nacional e estrangeiro, distinto do estabelecido no Brasil
e nos demais países latino-americanos, têm raízes em processos de longa duração, gestados ainda
sob o domínio britânico.
Tranformações Economicas
As medidas citadas anteriormente, apesar de provocado mudanças importantes -
evidenciadas pela redução da participação da agricultura no PIB simultaneamente ao aumento da
participação da indústria e dos serviços –, revelava várias fragilidades em meados dos anos 1980.
Os resultados econômicos e sociais alcançados não superaram as expectativas. Além das taxas
modestas de crescimento – no patamar de 3,5% ao ano –, esta estratégia não foi bem-sucedida no
alcance das demais metas do planejamento, a seguir: expansão do emprego, redução das
desigualdades sociais e eliminação da pobreza. No início dos anos 1980, os indicadores sociais
do país continuavam sendo um dos piores do mundo.
Dois movimentos simultâneos contribuíram para esta trajetória. Primeiramente o pacote
de reformas econômicas do governo de Rajiv Gandhi, que deu início à desmontagem relativa da
estratégia de desenvolvimento pregresso. O segundo movimento, de natureza macroeconômica,
foi a adoção de uma política fiscal de estímulo à demanda agregada. Embora a maior taxa de
crescimento das exportações, favorecida pelo avanço da liberalização comercial, tenha
contribuído para a aceleração do crescimento entre 1985 e 1990, a expansão dos déficits públicos
foi o principal determinante desta aceleração. Seu efeito colateral foram as trajetórias crescentes
dos gastos com juros e da dívida pública
A liberalização comercial e o maior ritmo de crescimento induzido pela política fiscal
expansionista geraram déficits sucessivos nas contas comercial e corrente do balanço de
pagamentos indiano, financiados por um endividamento externo crescente junto a instituições
oficiais e instituições privadas. Com isso, dado o regime de câmbio fixo vigente, o aumento da
inflação resultou na apreciação real da rúpia no final da década, que estimulou as importações e
deteriorou a competitividade das exportações. Estes desequilíbrios tiveram como desfecho a crise
cambial de 1991.
Medidas adotadas para desenvolvimento
O ano de 1991 pode ser considerado o ponto de partida da emergência de uma nova
estratégia de desenvolvimento da Índia. A crise cambial revela-se uma janela de oportunidade,
abrindo espaço para a implementação de um programa de reformas ancorado na abertura externa
e para mudanças no regime macroeconômico, sem, contudo, resultar no abandono de todos os
pilares do padrão de desenvolvimento. Tais estratégia – elevadas taxas de crescimento
econômico, controle da inflação e exportações dinâmicas de serviços intensivos em tecnologia –
estariam associadas às transformações na estrutura produtiva, na inserção externa e no sistema
financeiro induzidas pelas reformas, bem como às políticas cambial, monetária e fiscal
favoráveis ao crescimento e às exportações, e ao papel importante do planejamento, herança do
padrão de desenvolvimento.
As profundas transformações em curso desde os anos 1980, que converteram o setor de
serviços (especialmente tecnologia de informação e comunicação) em eixo dinâmico do
crescimento econômico. Por outro lado, o efeito da crise financeira internacional – que se
originou no mercado americano de hipotecas de alto risco em julho de 2007 – sobre os países em
desenvolvimento evidenciou fragilidades da inserção externa indiana, que ficaram encobertas
durante a fase ascendente do ciclo de comércio e liquidez internacional vigente entre 2003 e
2007. Este efeito começou a se manifestar no primeiro semestre de 2008, mas somente em
setembro, quando a crise se converteu num fenômeno sistêmico (após a falência do banco de
investimento Lehman Brothers), ele se intensificou, atingindo estes países de forma praticamente
generalizada. Os elevados volumes de reservas internacionais foram incapazes de imunizar as
economias em desenvolvimento, dentre as quais estava a Índia, cuja moeda, a rúpia, sofreu uma
das suas depreciações mais expressivas. A despeito de não ter adotado a plena liberdade dos
fluxos de capitais, a Índia ampliou seu grau de abertura financeira nos últimos anos, o que
contribuiu para um boom de fluxos de capitais. Por conta da injeção de câmbio estrangeiro, o
governo indiano optou por flexibilizar os controles incidentes sobre a saída de capitais de
residentes, ao invés de restringir os ingressos de capitais. Assim, um dos pilares da estratégia
indiana após os anos 1990 – a reduzida vulnerabilidade externa – foi erodido nos últimos anos.
India e Brasil
As relações diplomáticas entre Brasil e Índia foram estabelecidas em 1948, logo após a
independência indiana. A partir da década de 1990, quando ambos os países empreenderam
reformas com vistas à a maior abertura de suas economias, o relacionamento político e
econômico tornou-se mais intenso. Os contatos políticos de autoridades de alto nível
multiplicaram-se desde a década de 2000, estimulando a identificação de oportunidades de
cooperação e motivando o estabelecimento de uma Parceria Estratégica, em 2006.
As semelhanças entre os dois países e a intensidade do relacionamento contribuem para a
coordenação em organismos e foros internacionais, como IBAS e BRICS, além de G4, G20, e
BASIC. Brasil e Índia desejam contribuir para a reforma dos mecanismos de governança global,
tornando-os mais legítimos e eficazes. Instituições como a ONU e o FMI ainda refletem o
contexto histórico que se seguiu ao fim da 2ª Guerra Mundial e devem ser adaptadas à realidade
atual.
Iniciativas de cooperação são também desenvolvidas em áreas como agricultura, defesa, energia,
espaço exterior, meio ambiente e temas sociais – para além daquelas existentes no âmbito do
IBAS. As ações conjuntas nesses setores são exemplos dos aspectos mutuamente vantajosos da
cooperação Sul-Sul.
São exemplos de acordos firmados entre Índia e Brasil o Acordo de Comércio (1968), o
Acordo sobre Cooperação nos Campos da Ciência e Tecnologia (1985) e o Memorando de
Entendimento que Estabelece uma Comissão Mista de Cooperação Política, Econômica,
Científica, Tecnológica e Cultural (2002). A Comissão Mista é o principal mecanismo de
coordenação do diálogo entre o Brasil e a Índia.
O intercâmbio comercial entre o Brasil e a Índia passou de US$ 1 bilhão, em 2003, para
US$ 11,62 bilhões, em 2014, e ainda apresenta amplo potencial de crescimento, considerando o
tamanho e o dinamismo das duas economias. Em 2014 a Índia ocupou a 8ª posição entre os
principais parceiros comerciais do Brasil.
BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
O acrônimo "BRIC" foi inicialmente formulado em 2001, pelo economista Jim O'Neill,
em estudo com prognósticos sobre o crescimento das economias de Brasil, Rússia, Índia e China
– por representarem, em seu conjunto, parcela significativa do território, do PIB e da população
mundial.

Em 2006, a coordenação diplomática entre os quatro países iniciou-se de maneira


informal e regular, com reuniões anuais de Chanceleres à margem da Assembleia Geral das
Nações Unidas (AGNU). Essa interação exitosa levou à decisão de que o diálogo deveria ser
continuado no nível de Chefes de Estado e de Governo, por meio de Cúpulas anuais.
O início de um bloco

O bloco foi consolidado em 2009 na primeira Cúpula, que aconteceu na Rússia. ​A


abordagem dos BRICS é informada pela necessidade de aprofundar, ampliar e intensificar as
relações dentro do grupo e entre os países para um desenvolvimento mais sustentável, equitativo
e mutuamente benéfico. Essa abordagem leva em consideração os objetivos de crescimento,
desenvolvimento e pobreza de cada membro, a fim de assegurar que as relações sejam
construídas com base nos pontos fortes econômicos do país e evitar a concorrência sempre que
possível.
O BRICS tem expandido significativamente suas atividades no âmbito da coordenação
política, da cooperação econômico-financeira e da cooperação multissetorial.
A cooperação econômico-financeira foi aquela que apresentou os primeiros resultados
tangíveis, tendo sido assinados dois instrumentos de especial relevo na VI Cúpula do BRICS
(Fortaleza, julho de 2014): os acordos constitutivos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)
– voltado para o financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em
economias emergentes e países em desenvolvimento –, e do Arranjo Contingente de Reservas
(ACR) – destinado a prover apoio mútuo aos membros do BRICS em cenários de flutuações em
seus balanços de pagamentos, contribuindo para a estabilidade financeira internacional, ao
oferecer uma linha de defesa adicional aos países constituintes.
Atualmente, a cooperação intra-BRICS abrange mais de 30 áreas, como saúde, ciência e
tecnologia, energia, agricultura, cultura, espaço exterior, governança e segurança da internet,
previdência social, propriedade intelectual e turismo.

Estrutura e Cúpula
A primeira reunião formal de Chanceleres do BRIC foi realizada em 18 de maio de 2008
na Rússia.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de Governo dos BRICs se encontram anualmente. Em
2011, na III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do grupo.
Nos últimos 10 anos, ocorreram dez reuniões de Cúpula, com a presença de todos os
líderes do mecanismo:
I Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;
II Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;
III Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
IV Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
V Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
VI Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
VII Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015;
VIII Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016;
IX Cúpula: Xiamen, China, agosto de 2017; e
X Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018.
Presidência
A presidência do fórum é rotacionada anualmente entre os membros, de acordo com a
sigla BRICS. A África do Sul assumiu a presidência rotativa dos BRICS de 1º de janeiro a 31 de
dezembro de 2018.
Em 2019, o Brasil terá a presidência de turno. Dessa forma, as cerca de cem reuniões, nas
mais de 30 áreas de cooperação setorial, terão lugar em diversas cidades do país. Também o
Fórum Acadêmico, o Festival de Cinema do BRICS, o Festival Cultural do BRICS e outros
encontros relacionados ao diálogo entre sociedades civis, ocorrerão no Brasil.
Dados Econômicos e Estatísticas de Comércio
Os BRICS, reunidos, estendem-se por cerca de 24% da área terrestre do planeta.

Em matéria de crescimento econômico, o BRICS é responsável por mais de 24% do PIB


mundial.

Representam 42% da população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de


consumo do mundo. Destacam-se também pela abundância de suas riquezas nacionais e as
condições favoráveis que atualmente apresentam para explorá-las.

Entre 2001 e 2017, as exportações totais dos países do BRICS saltaram de US$ 49
bilhões para US$ 3,22 trilhões, um crescimento de 6500%. Além disso, o comércio intrabloco
teve um grande aumento no mesmo período, passando de US$21 bilhões para US$288 bilhões,
mais de 1300%.

Inserção Da Índia no BRICS

"Essa coalizão permite que os países ampliem o alcance de sua política externa,
principalmente através do arcabouço institucional, se tornando mais do que a soma de suas
partes", afirma Adriana Erthal Abdenur, pesquisadora do Instituto Igarapé e consultora do
Departamento de Assuntos Sociais e Econômico da ONU.

Logo, a Índia vê no BRICS possibilidades de ampliar sua inserção externa em busca de


maior presença em organizações internacionais, em que se julga sub-representada, como os
demais BRICS, mas busca também um contraponto “crítico” à ordem internacional para facilitar
internamente seus objetivos de ampliar a aproximação com os países da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e consolidar as mudanças de política
econômica doméstica propostas pelo governo de Narendra Modi, empossado em 2014. O Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas (ACR) têm grande
relevância para a Índia, no sentido de viabilizar investimentos e proteção cambial. Está presente
também o interesse em desenvolver um posicionamento equilibrado nas relações com a China.
.Hoje, os países mais poderosos do bloco são a Índia, que não para de crescer, e a China, a
segunda maior economia do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para Nassif (2006), o desempenho notável da economia indiana pode ser considerado
como resultado da combinação de três fatores: i) continuidade das reformas estruturais iniciadas
nos anos 1980 para propiciar o aumento da produtividade na economia; ii) política
macroeconômica voltada ao crescimento e à geração de empregos; e iii) uma visão estratégica de
longo prazo, que mantém o planejamento e a presença do Estado em setores economicamente
pouco atrativos à livre iniciativa.
Com o Brasil e a Rússia em crise, a África do Sul registrando atividade econômica fraca e
a desaceleração chinesa, a economia indiana é destaque de expansão entre os Brics.
A economia da Índia cresceu mais que a da China em 2015 pela primeira vez desde 1999,
e a previsão do Fundo Monetário Internacional é que essa seja uma tendência pelos próximos
anos.
No segundo trimestre de 2016, o PIB da Índia cresceu 7,1% contra o mesmo período de
2015. Na mesma base de comparação, a economia da China teve expansão de 7%, e a do Brasil,
recuo de 3,8%.
Pontos de destaque do crescimento indiano
Economia da Índia passou por reestruturação: ​Importância das reformas realizadas na
Índia nos anos 1990, que foram no sentido de maior liberalização comercial e financeira, além de
outras medidas que estimularam o setor privado.
O fato de a Índia ainda ser um país muito pobre e com forte base na agropecuária fez com
que o ganho de importância da indústria e, sobretudo do setor de serviços elevasse a
produtividade pela transferência de trabalho da agropecuária para os dois últimos setores.
Grande disponibilidade de mão-de-obra barata estimula investidores: ​O grande
número de trabalhadores não qualificados que se sujeitam a trabalhar por salários muito baixos –
o que diminui o custo de produção e atrai investimentos, mas representa a manutenção da baixa
qualidade de vida de muitas pessoas.
Terceirização: ​Empresas de diversos setores terceirizam serviços para a Índia, não são só
os call centers, devido a mão-de-obra barata e a competência na área de informática, por
exemplo.
País passou a valorizar investimentos em infraestrutura: ​O governo está investindo
em infraestrutura, principalmente a parte ferroviária. Quase todo o transporte de carga é feito por
ferrovia na Índia, e isso dá uma vantagem enorme para as empresas de lá, pois o transporte é
mais barato.
Destaque para a forte presença do Estado em vários setores da economia, inclusive no
que se relaciona com infraestrutura. O setor de aço tem empresas do Estado, de energia elétrica,
as ferrovias que são estatais, diversos setores industriais.
Eficiência do setor de tecnologia é diferencial​​: Elite de profissionais altamente
qualificados em segmentos de tecnologia, como desenvolvimento de softwares e hardwares, a
Índia tem se notabilizado na produção de bens de alto valor. Há uma política industrial com
oferta de cursos de engenharia, estímulo ao investimento na formação de mão de obra
qualificada.
País não é dependente do preço das matérias-primas​​: A Índia, ao contrário do Brasil,
tem como vantagem econômica diante do cenário atual a baixa dependência do preço de
matérias-primas no mercado internacional.
A inflação está controlada​​: “O país tem crescido e com maior controle inflacionário.
Isso ocorre por aumentos de produtividade, que é fundamental no crescimento de longo prazo”,
afirma ​Luciano Nakabashi, professor da FEA de Ribeirão Preto
As contas do governo estão sob controle​​: A dívida pública indiana em relação ao PIB
vem diminuindo nos últimos anos. Entre 2010 e 2015, caiu de 67,4% do PIB do país para 65,2%,
segundo dados do FMI. Para comparação: a dívida da China cresceu de 36% para 43,2% do PIB
no mesmo período. A estimativa para os próximos anos é que a relação entre a dívida do país e o
PIB continue caindo na Índia e subindo na China.

Pólo tecnológico, farmacêutico e de serviços

Setor de Tecnologia da Informação

As vantagens indianas no setor de tecnologia da informação são bastante grandes devido


a alguns fatores endógenos, quais sejam: disponibilidade de um grande pool de talentos a baixo
custo;
domínio do idioma inglês; infraestrutura em rápido desenvolvimento; ambiente de estímulo à
inovação;
políticas públicas favoráveis; ambiente de negócios positivo de maneira geral.1
Uma das políticas públicas que devem ser destacadas nesse contexto é o Institutes of
Technology Act, que garantiu a criação e autonomia de vários institutos de tecnologia na Índia,
desde 1961. Essa legislação também garantiu a autonomia financeira e política dos institutos, o

1
SEBRA. ​Por que os negócios de TI na Índia são tão competitivos? ​Disponível em:
<​http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/por-que-os-negocios-de-ti-na-india-sao-tao-competitivos,d87a
5415e6433410VgnVCM1000003b74010aRCRD​> Acesso em 30 de Novembro de 2018
que assegura sua maior independência e capacidade de ação em âmbito educacional2. Além
desses fatores, há um fator cultural muito marcante na cultura indiana: a educação é vista como
uma das únicas maneiras de se melhorar a condição material. Também, a população indiana é
jovem (com média de aproximadamente 25 anos), o que a faz receber com mais entusiasmo
novas formas de trabalho.
Os fatores arrolados acima contribuem em grande medida para o desenvolvimento
relacionado à Tecnologia da Informação. Porém, uma das medidas que podem ser consideradas
de grande peso para o florescimento do setor na Índia são as Special Economic Zones (SPEEZ).
Elas garantem benefícios fiscais, logísticos e de disponibilidade de mão de obra para as empresas
que se instalam naquelas localidades. Dentre eles, estão:

The incentives and facilities offered to the units in SEZs for attracting investments into
the SEZs, including foreign investment include:-
Duty free import/domestic procurement of goods for development, operation and
maintenance of SEZ units
100% Income Tax exemption on export income for SEZ units under Section 10AA of
the Income Tax Act for first 5 years, 50% for next 5 years thereafter and 50% of the
ploughed back export profit for next 5 years. (Sunset Clause for Units will become
effective from 01.04.2020)
Exemption from Minimum Alternate Tax (MAT) under section 115JB of the Income
Tax Act. (withdrawn w.e.f. 1.4.2012)
Exemption from Central Sales Tax, Exemption from Service Tax and Exemption from
State sales tax. These have now subsumed into GST and supplies to SEZs are zero rated
under IGST Act, 2017.
Other levies as imposed by the respective State Governments.
Single window clearance for Central and State level approvals.

Exemption from customs/excise duties for development of SEZs for authorized


operations approved by the BOA.

2
The Institutes of TechnologyAct, 1961 [as amended by Institutes of Technology,] (Amendment, Act, 1963.].
Disponível em: <​http://www.iitb.ac.in/sites/default/files/IITsAct_1.pdf​>. Acesso em 30 de Novembro de 2018
Income Tax exemption on income derived from the business of development of the SEZ
in a block of 10 years in 15 years under Section 80-IAB of the Income Tax Act. (Sunset
Clause for Developers has become effective from 01.04.2017)
Exemption from Minimum Alternate Tax (MAT) under Section 115 JB of the Income
Tax Act. (withdrawn w.e.f. 1.4.2012)
Exemption from Dividend Distribution Tax (DDT) under Section 115O of the Income
Tax Act. (withdrawn w.e.f. 1.6.2011)
Exemption from Central Sales Tax (CST).
Exemption from Service Tax (Section 7, 26 and Second Schedule of the SEZ Act).3
Outro fator interessante a ser citado é a aceitação de grandes indústrias ou empresas de
CEOs indianos. Dentre elas, temos: Sundar Pichai (Google), Satya Nadella (Microsoft), Sanjay
Kumar Jha (Global Foundries - Semicondutores), Nikesh Arora (Softbank Internet and Media
Inc - Data Storage), Shantanu Narayen (Adobe), Francisco D'Souza (Cognizant - Inteligência
Artificial aplicada à negócios), Rajeev Suri (Nokia), George Kurian (NetApp - Data Storage),
Indra Nooyi (Pepsico)4

Setor Aeroespacial

Iniciado em 1962, pelo cientista visionário Vikram Sarabhai, o Programa Espacial


indiano contou com avanços bastantes rápidos. Após um ano de programa, o primeiro foguete de
sondagem já havia sido lançado. A liderança de personagens importantes da política indiana foi
fundamental. A título de exemplo, temos, nos primórdios do programa, o primeiro ministro
Jawarharlai Nehru e a primeira ministra Indira Gandhi, que depositaram muitas esperanças no
programa, ademais de investir em sua consecução.
Posteriormente, foram institucionalizados a Indian Space Research Organization (IRSO) -
órgão fundamental dentro do programa espacial indiano -, o Departamento do Espaço (DOS),
Physical Research Laboratory (PRL), National Atmospheric Research Laboratory (NARL),
North Eastern-Space Applications Centre (NE-SAC) and Semi-Conductor Laboratory (SCL).

3
Ministry of Commerce & Industry, Department of Commerce. ​Special Economic Zones in India
Disponível em <​http://sezindia.nic.in/cms/facilities-and-incentives.php​>. Acesso em 30 de Novembro de 2018
4
Top 10 Indian CEO’s Who Are Ruling the World | Indian CEO. Disponível em:
<​https://www.diarystore.com/top-10-indian-ceo%27s-who-are-ruling-world-10-outstanding-indian-ceo​>. Acesso em
30 de Novembro de 2018
Antrix Corporation Limited. Essa é a estrutura do programa, que responde diretamente ao
primeiro ministro indiano. O caso da Antrix Corporation Limited é exemplar na área
aeroespacial: desde 1992, é uma empresa privada que tem como acionista majoritário o governo
indiano. Ele fornece aplicações espaciais ponta-a-ponta, isto é, fornece desde lançamentos até
fornecimento de ​software para sistemas espaciais. A empresa é engajada em permitir a
comercialização de produtos gerados a partir do desenvolvimento espacial na Índia.
As aplicações espaciais do país tem uma tradição relativamente extensa. Desde os
meados dos anos 70, os indianos contam com o apoio dos satélites de comunicação Aryabhata e
Bhaskara: um desenvolvimento rápido, pois feito em apenas 10 anos. Atualmente, os indianos
possuem uma sólida indústria de lançamentos, e, além disso perspectivas de viagens tripuladas à
Lua. (Chandrayaan - 3)

Setor Farmacêutico

A inserção da indústria farmacêutica indiana é enorme. Além de deter uma massa enorme
de cientistas, o país provê 80 % dos medicamentos retrovirais para o tratamento de câncer no
mundo. Além disso, fabrica 40 % dos medicamentos genéricos demandados pelos EUA e 50 %
das vacinas produzidas no mundo.
O valor da indústria indiana de medicamentos alcançou a incrível cifra de US$ 33 bi em
2017, até 2020 a expectativa é que o setor atinja US$ 55 bi. A exportações em 2017 atingiram
US$ 17.27, mais da metade do total de mercado. As projeções apontam que, em dois anos, esse
valor pode chegar mais de US$ 19 bi.
Outros serviços relacionados à indústria farmacêutica, como bio-fármacos, bio-serviços,
bio-agricultura, bio-informática e bio-indústria devem crescer a uma taxa de 30 % ao ano até
2025, alcançando o montante de US$ 100 bi.
Como se explicam esses valores exorbitantes da indústria farmacêutica indiana?
Ultimamente, foi aprovada lei que possibilita 100 % de Investimento Direto Estrangeiro em áreas
farmacêuticas na Índia. A medida atraiu não menos que US$ 15,84 em investimentos em 18
anos. Portanto, a política industrial indiana é agressiva na atração de investimentos estrangeiros.
Ademais, houve as seguintes medidas por parte do governo indiano que são de relevância para a
discussão:

The National Health Protection Scheme is largest government funded healthcare


programme in the world, which is expected to benefit 100 million poor families in the
country by providing a cover of up to Rs 5 lakh (US$ 7,723.2) per family per year for
secondary and tertiary care hospitalisation. The programme was announced in Union
Budget 2018-19.
In March 2018, the Drug Controller General of India (DCGI) announced its plans to
start a single-window facility to provide consents, approvals and other information. The
move is aimed at giving a push to the Make in India initiative.
The Government of India is planning to set up an electronic platform to regulate online
pharmacies under a new policy, in order to stop any misuse due to easy availability.
The Government of India unveiled 'Pharma Vision 2020' aimed at making India a global
leader in end-to-end drug manufacture. Approval time for new facilities has been
reduced to boost investments.
The government introduced mechanisms such as the Drug Price Control Order and the
National Pharmaceutical Pricing Authority to deal with the issue of affordability and
availability of medicines.5

Essas informações do India Brand Equity Foundation, fundação destinada a fomentar a


projeção comercial indiana, são confirmadas por recente relatório publicado pela consultoria
McKinsey, intitulado ​India Pharma 2020 Propelling access and acceptance, realising true
potential, ​o qual coloca três razões básicas para as vantagens indianas na indústria farmacêutica:
The Indian pharmaceuticals market has characteristics that make it unique. First,branded
generics dominate, making up for 70 to 80 per cent of the retail market. Second, local
players have enjoyed a dominant position driven by formulation development
capabilities and early investments. Third, price levels are low, driven by intense
competition. While India ranks tenth globally in terms of value, it is ranked third in
volumes. These characteristics present their own opportunities and challenges.

Atualidade

5
India Brand Equity Foundation. ​Indian Pharmaceutical Industry. ​Disponível em:
<https://www.ibef.org/industry/pharmaceutical-india.aspx> . Acesso em 30 de Novembro de 2018
Atualmente, ​a Índia que tem quase um bilhão e trezentos milhões de habitantes, caminha
para ter a maior população do Planeta (ultrapassando a China até 2030) e ser a terceira maior
economia do globo (atrás somente da China e dos Estados Unidos). ​A Índia cresce mais de 20
milhões de habitantes a cada ano, e as bocas para se alimentar parecem não acompanhar o
crescimento econômico, o quê ​pode levar o país a uma grande crise ambiental e nos limites da
disponibilidade de recursos naturais, como a degradação dos solos e a escassez de água potável.
20% da população indiana ainda vive em condições abaixo do nível da pobreza, tanto no meio
rural quanto no urbano.
Cerca de 80% da população da Índia é hindu, mas em Mizoram eles são apenas 3,5%.
Minorias religiosas em todo o país reclamam que são alvo de ataques devido à fé. A maioria dos
ataques são direcionados a cristãos e muçulmanos.
Outras dificuldades enfrentadas pelo país são: a crescente falta de oportunidade no
campo, o que causa uma superpopulação de migrantes empobrecidos nas cidades; a violência
religiosa e entre castas; e a violência cultural contra as mulheres. A primeira mulher a governar o
país foi Pratibha Patil, que governou de 2007 até 2012.
As mulheres, particularmente, são uma parcela bastante desfavorecida da população
indiana e um relatório da ONU, de 2013, chegou a apontar que 90% delas têm medo de sair às
ruas sozinhas, na Índia, deixando o país com a infeliz marca de “um dos piores lugares do mundo
para uma mulher viver”. Déli, conhecida internacionalmente como “a capital mundial do
estupro”, foi inclusive palco de demonstrações públicas de repúdio à violência contra a mulher,
em 2012. Protestos em Raisina Hill, bairro administrativo de Nova Déli, reuniram mais de 20 mil
pessoas contra a absurda série de violentos estupros de gangues e assassinatos ocorridos no
mesmo ano. Hoje, ainda se tentam, disparatadamente, justificar casos de estupros, abortos de
meninas, abusos, ataques com ácido e tantas outras violências contra a mulher com base em leis
religiosas e práticas culturais aceitas pela tradição; como se a mulher que andar sozinha seja
culpada por uma eventual agressão ou um aborto de menina seja abraçado como a solução
financeira para uma família pobre.
Os problemas atuais e persistentes da índia parecem poder se explicar exatamente pela
sua história recente. Depois da independência, os ingleses foram embora do país, deixando para
trás rodovias, canais, universidades, um serviço civil organizado e um exército disciplinado – o
quarto maior do mundo, e mais nada, entretanto. A Índia não tinha indústrias e ainda abarcava
uma população de analfabetos, congelada, na sua grande parte, no retrógrado sistema de castas.
A população, em 1947, também já estava perigosamente alta (já eram quase 400 milhões). Além
de tudo isso, o país tinha acabado de se partir em dois.
A liberação do jugo colonial acabou trazendo mais decepções do que alegrias e o preço
da independência foi alto. A maior imigração forçada na história da humanidade começava: 15
milhões de pessoas perderam suas raízes; muçulmanos seguiam para o Paquistão, cruzando com
milhões de hindus e sikhs sem teto, refugiados do Punjabe, em direção à Índia, em especial a
Déli, duplicando o tamanho da cidade e se apropriando de lojas e estabelecimentos abandonados
por muçulmanos, em Old Delhi. A imigração da partição gerou pobreza e inflacionou as cidades,
além de exacerbar diferenças religiosas.
Ainda, parece ser um consenso no país que a corrupção na Índia seja o maior problema
atualmente. É comum a ideia de que os ingleses os roubaram, mas tinham sim um senso de
propriedade pública, assim como Nehru e seus colegas do movimento por liberdade, mas,
infelizmente, esse idealismo parece ter-se perdido.
Em vilas rurais, onde as pessoas ainda se reconhecem como indivíduos, hindus,
muçulmanos e sikhs vivem em suficiente paz. Porém, nas grandes e anônimas cidades,
ressentimentos religiosos fervem abaixo da superfície, amadurecidos pela exploração por
políticos negligentes que sacrificam o bem comum por ganhos imediatos.
Atualmente, o presidente da Republica da Índia, nome oficial do país, é Ram Nath
Kovind (desde 25 de julho de 2017), que fazia parte dos “intocáveis”, sendo candidato do partido
nacionalista hindu BJP. ​Sua eleição causou preocupação às minorias religiosas, que lembraram
seu comentário de sete anos atrás: “Cristianismo e islamismo são estranhos à nossa nação”. Em
novembro, um editorial do órgão de imprensa do BJP publicou que “a Índia não é um país para
cristãos” e outras fés não-hindus; “eles têm seus próprios países”, concluiu. No entanto, ​em
discursos recentes, o presidente eleito tem defendido a diversidade religiosa.

REFERÊNCIAS
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<https://www.infoescola.com/india/historia-da-india/> Acesso em: 29 nov. 2018
Breve História da Índia. ​Mochilana​​. Disponível em:
<https://mochilana.wordpress.com/asia/india/breve-historia-da-india/> Acesso em: 29. Nov 2018
BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. ​Ministério das Relações Exteriores​​.
Disponível em:
<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/mecanismos-inter-regionais/3672-brics>
Acesso em: 29 nov. 2018.
BULLOCH, Douglas. India, Not China, Is Now Central To The Future Of The BRICS.
FORBES​​, 20 set. 2017. Disponível em:
<https://www.forbes.com/sites/douglasbulloch/2017/09/20/india-not-china-is-now-central-to-the
-future-of-the-brics/#613a5e045d1e> Acesso em: 29 nov. 2018

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Sul-BRICS MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES​​. Disponível em:
<http://brics.itamaraty.gov.br/pt-br/sobre-o-brics/dados-economicos> Acesso em: 29 nov. 2018.
ÍNDIA. ​SuaPesquisa.com​​. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/paises/india/>
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INFORMAÇÃO sobre o BRICS.​ Brasil Rússia Índia China África do Sul-BRICS
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES​​. Disponível em:
<http://brics.itamaraty.gov.br/pt-br/sobre-o-brics/informacao-sobre-o-brics> Acesso em: 29 nov.
2018.
TREVIZAN, Karina. ​Índia é destaque entre Brics, com crise no Brasil e desaceleração da
China​​. G1 ECONOMIA, São Paulo, 01 set. 2016. Disponível em:
<http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/india-e-destaque-entre-brics-com-crise-no-brasil
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​VERÍSSIMO, Michele Polline. VIEIRA, Flávio Vilela. Crescimento econômico em economias
emergentes selecionadas: Brasil, Rússia, Índia, China (BRIC) e África do Sul. ​SciELO
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Em discurso, presidente da Índia defende diversidade religiosa. ​CPAD News​​. Disponível em:
<http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao/42348/em-discurso-presidente-da-%C3%8Dndia
-defende-diversidade-religiosa.html> Acesso em: 30 nov. 2018.

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