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Eletromagnetismo
Eletromagnetismo
1 Mestre em Educação para a Ciência pela Faculdade de Ciências da UNESP, Campus de Bauru. Supervisor de
Radioproteção credenciado pela CNEN, registro AC-0034. Professor de Matemática, Física e Desenho Geométrico.
SANTOS, Clodogil F. R. dos. Eletromagnetismo – discussão dos conceitos – maio de 2005. 2
Essa superfície pode ser dividida em infinitas áreas infinitesimais dA 1, dA2, dA3, ... Podemos associar a
cada uma delas um vetor unitário u1, u2, u3, ... perpendicular a cada uma das respectivas áreas
infinitesimais. Cada linha do campo vetorial E forma um ângulo θi com o respectivo vetor unitário
(i=1, 2, 3, ...). Sendo assim, podemos definir o fluxo Φ do campo vetorial E através da superfície como
sendo:
O índice S da integral indica que ela se estende por toda a superfície, ou seja, trata-se
de uma integral de superfície.
O fluxo através do elemento da superfície (dA) pode ser positivo ou negativo,
dependendo do ângulo θ ser menor ou maior que π/2, respectivamente. Assim, o fluxo é
máximo quando θ=π/2. [?] verificar esta afirmação.
Se a superfície é fechada, tal como uma esfera ou um elipsóide, um círculo é escrito
sobre o símbolo de integral:
=∮ E cos dA=∮ E⋅u N dA
S S
Foi dado o nome de fluxo para a integral acima devido à semelhança com o conceito de
fluxo utilizado no escoamento de fluidos. No caso, o vetor E pode ser a representação
de um certo número n de partículas do fluido com velocidade v. Contudo, é preciso
esclarecer que a denominação fluxo para o campo eletromagnético não pressupõe que
haja movimento dos vetores.
Conservação da carga
Normalmente um corpo é neutro por ter quantidades iguais de cargas positivas e
negativas. Quando o objeto I transfere carga de um dado sinal para o objeto II, o objeto
I fica carregado com carga de mesmo valor absoluto, mas de sinal contrário. Esta
hipótese, formulada pela primeira vez por Benjamin Franklin, é considerada a primeira
formulação da lei de conservação de carga elétrica.
Quantização da carga
Em diversos problemas que serão abordados neste curso, assumiremos a existência de
cargas distribuídas continuamente no espaço, do mesmo modo como ocorre com a
massa de um corpo. Isto pode ser considerado somente uma boa aproximação para
diversos problemas macroscópicos. De fato, sabemos que todos os objetos diretamente
observados na natureza possuem cargas que são múltiplos inteiros da carga do elétron
onde a unidade de carga C , o coulomb, será definida mais adiante. Este fato
experimental foi observado pela primeira vez por Millikan em 1909.
A Lei de Coulomb
Em 1785, Charles Augustin de Coulomb, utilizando uma balança de torção, chegou à
conclusão de que a força entre duas cargas elétricas diminui com o inverso do quadrado
da distância.
A formulação precisa dessa força é dada pela expressão:
Note que as forças F12 e F21 formam um par ação-reação, fazendo com que seja válida a
3a. Lei de Newton.
1
A constante k aqui apresentada é equivalente a 4 0
, onde 0 é a permissividade
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Princípio de superposição
Em situações mais gerais, quanto existem mais de duas cargas no vácuo, a experiência
mostra que vale o princípio de superposição, ou seja, a força sobre cada carga é a soma
vetorial das suas interações com cada uma das outras cargas. Portanto,
kq j
Considerando que a expressão 2
rji representa o campo elétrico Ej, a força Fi
r ji
pode ser expressa por:
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Linhas de campo
É conveniente que tenhamos uma visualização qualitativa do campo elétrico. Esta
visualização pode ser feita introduzindo-se as chamadas linhas de campo. Tais linhas
possuem as seguintes propriedades:
• As linhas são tangentes, em cada ponto, à direção do campo elétrico neste ponto.
• A intensidade do campo é proporcional ao número de linhas por unidade de área de
uma superfície perpendicular às linhas.
Linhas de campo
Vamos supor agora que possamos associar às figuras anteriormente apresentadas uma
superfície gaussiana, semelhante à da figura abaixo:
Para melhor compreensão do problema
vamos introduzir a noção de fluxo como
sendo o número de linhas de campo que
atravessam a superfície por unidade de
área. Em sua forma mais geral, a expresão
do fluxo é:
Onde ∣E⋅d A∣=E dA cos , o que significa que quando o vetor E apontar para fora
da superfície, o fluxo Φ será positivo, e quando apontar para dentro, negativo. Se o
número de linhas que “entra” for igual ao que “sai”, o fluxo será nulo. Isso é o que
ocorre com a Lei de Gauss para o Campo Magnético.
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Potencial Eletrostático
Sabemos que uma partícula carregada, possuindo carga q0, sob a ação de um campo
N
=q0 ∑ E j=q0 E
eletrostático será acelerada por uma força F
i=1
Onde são representados infinitos triângulos elementares abc que compõem a trajetória.
Somando todos os trabalhos Wca ao longo da trajetória o resultado deve ser nulo. Se
essa propriedade for verificada, dizemos que o trabalho se deve a forças conservativas.
Uma consequência imediata do anulamento do trabalho em um circuito fechado é que o
trabalho realizado entre dois pontos A e B quaisquer, não depende do caminho entre A
e B. Na figura a seguir, se partirmos do ponto A percorrendo duas trajetórias distintas
teremos:
Vimos que o trabalho realizado pela força eletrostática de uma carga sobre outra carga
é dado pela equação
Note que este potencial não muda de valor nos pontos de superfícies esféricas de raio r.
Em geral, superfícies onde o potencial tem sempre o mesmo valor são denominadas
superfícies eqüipotenciais.
Utilizando o princípio de superposição, o potencial produzido por N cargas puntiformes
qi, onde i=1,2,3,...,N, é dado por
Nδq q 0
I= =
t t
Esse valor corresponde à corrente média através do condutor. Levada ao limite, quando t → 0, teremos
a corrente instantânea i:
dq 0
i=
dt
A unidade de corrente elétrica, equivalente a C s-1, é denominada ampère (A).
Por convenção, adota-se o sentido da corrente como sendo o das cargas positivas, ou seja, o mesmo
sentido do campo elétrico. Em condutores metálicos, onde os portadores de carga são os elétrons
(carregados negativamente), pressupõe-se que a corrente flua no sentido oposto ao do campo elétrico.
A energia necessária para movimentar as carga elétrica é fornecida pelo campo elétrico. Se a diferença
de potencial nesse campo é ΔV=V-V0, podemos conceber que a energia por portador de carga δq é dada
por δq(V-V0). A energia total recebida por esse portadores é:
N δq V =q0 V
Considerando que a energia fornecida por unidade de tempo é a potência necessária para manter a
corrente, podemos escrever:
q0 V
P= =i V
t
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F B dl = I l ×
=I ∫ u × B , ou considerando j=n δq
v temos:
l
=∫ n δq v × B
F S dl=q0 v ×
B , pois ∫ n δq S dl=q0 .
l l
O produto vetorial v ×
B é dimensionalmente equivalente ao campo elétrico
(verificar).
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Lei de Biot-Savart
O campo magnético produzido por um condutor carregado pode ser obtido através da Lei de Biot-
Savart. Esta lei afirma que a contribuição dB para o campo produzido por um elemento de
condutor
i dl em um ponto P, a uma distância r do elemento de corrente, é:
r
0 i dl×
dB=
4 r2
Onde r é o vetor que aponta do elemento para o ponto em questão. A quantidade 0 , chamada
constante de permeabilidade, tem o valor 4 .10−7 T m/ A .
Integrando a expressão acima, obtemos o campo magnético total produzido pela corrente I que circula
pelo condutor s:
0 I dl×
r
B= ∮
4 L r 2
0 I dl r sen
ou em módulo: B=
4 L
∮ r3
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−∞
0 I 0 I
2∫ ∫
B= 2 r d sen B= sen d
4 r 0 2 r 0
0 I 0 I
B=− cos −cos 0 B=
2 r 2 r
I
Ou na forma vetorial: B= 0
2 r
A partir dessa expressão, concluímos que o campo magnético é inversamente proporcional à distância
r, sendo suas linhas de força círculos concêntricos com a corrente e perpendiculares à mesma. Para
determinar o sentido do campo magnético utilizamos a regra da mão direita, fazendo com que o
polegar aponte o sentido da corrente elétrica enquanto os demais dedos indicam o sentido do campo
magnético.
No caso de uma corrente retilínea percorrendo um fio condutor, observamos o campo magnético, mas
nenhum campo elétrico. Isso acontece porque, além dos elétrons em movimento que produzem o
campo magnético, existem os íons positivos fixos do metal que não contribuem para o campo
magnético porque estão em repouso em relação ao observador, mas produzem um campo elétrico igual
e oposto àquele dos elétrons. Portanto, o campo elétrico total é zero.
Para o caso de íons se movendo ao longo do eixo de um acelerador linear, temos um campo magnético
e um elétrico. O campo elétrico em questão é correspondente a um fio carregado eletricamente, dado
pela expressão = r /2 0 r
E . A relação entre e E
B é dada por:
0 I 2 0 r
B= E
× , a qual simplificada fica:
2 r r
0 0 I
B =
l× E
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Experimentalmente, observa-se que dois fios paralelos se atraem quando atravessados por correntes
com o mesmo sentido, e se repelem quando as correntes têm sentidos contrários. Suponhamos dois
condutores retilíneos e paralelos, conduzindo as correntes I1 e I2 de mesmo sentidos (figura 2).
A corrente I1 gera um campo magnético B1 (linhas de força circulares), que no ponto onde se encontra
o fio que conduz I2 é perpendicular a ele. A corrente I2 ficará sujeita a uma força F12, para a esquerda.
Analogamente, I2 gera em I1 o campo B2, que dá origem à força F21 sobre I1, para a direita.
As duas forças têm a mesma intensidade. A força por unidade de comprimento é diretamente
proporcional ao produto das intensidades das correntes e inversamente proporcional à distância entre as
correntes.
A interação entre correntes elétricas tem importantes aplicações práticas, como em alguns tipos de
motores elétricos, que funcionam a partir da interação entre uma bobina fixa e uma bobina giratória.
A expressão matemática da força de uma corrente sobre a outra é:
F12 =I 2∫ 2 ×
B dl 2
0 I 1
Mas 2×
B=−r B e B=
2 r
F12 =I 2∫ −r B dl 2
L2
0 I 1 0 I 1 I 2
F12 =I 2∫ −r dl =−r ∫ dl
L2 2 r 2 2 r L 2 2
0 I 1 I 2
F12 =−r L
2 r 2
Esta expressão indica que as correntes I1 e I2 se atraem. Como o sistema é simétrico, o
resultado obtido para a força F21 é igual em módulo mas com sinal positivo. Contudo, como essa
força tem a mesma direção e sentido de r , representa também uma atração. Assim, podemos
confirmar que:
duas correntes paralelas no mesmo sentido atraem-se com
uma mesma força devido às suas interações magnéticas.
r
0 i dl×
dB=
4 r2
Quando o condutor L percorrido pela corrente I é uma espira circular fechada, o produto vetorial vec dl
times hat r se reduz a dl. A expressão assume a forma:
0 i dl
dB=
4 r 2
Se decompormos o elemento de campo magnético em componentes paralela e perpendicular ao eixo da
espira, a integral das componentes perpendicular ao eixo se anula. A resultante de vec B fica por conta
da integral das componentes paralelas.
a 0 I a
∮ dB z=∮ dB cos= ∮ 4 r3 ∮ dl
r L
dB= .
L L L
0 I a 0 I a
3∮
Donde temos: B= dl= 3
2 a , o que finalmente resulta em:
4r L 4r
2
0 I a
B=
2 r3
Se quisermos saber o valor do campo magnético em qualquer ponto do eixo z, fazemos
2 2 1/2
r=a z . A expressão assume a forma:
2
0 I a
B=
2 a 2 z 23 /2
Sabendo como obter o campo magnético de uma espira circular percorrida por uma corrente I, é
possível obter também o campo para um solenóide (conjunto de espiras coaxiais unidas).
Espectrômetro de Massa
Com o espectrômetro de massa determina-se massas atômicas com grande precisão permitindo,
inclusive, distinguir as massas dos isótopos de um mesmo elemento. E descontando-se a massa dos
elétrons, determina-se, então, as massas dos núcleos correspondentes. No espectrômetro
esquematizado, uma fonte produz íons com carga elétrica Ze (positiva) e massa M e velocidades
variadas. Os íons entram numa região com um campo elétrico uniforme e um campo magnético
também uniforme, perpendiculares entre si, constituindo um filtro de velocidade. Desprezando-se a
força peso, sobre os íons atuam uma força elétrica e uma força magnética de mesma direção e sentidos
contrários, com módulos dados, respectivamente, por ZeE e ZevB. Atravessam o filtro apenas os íons
para os quais a força magnética e a força elétrica se cancelam mutuamente, isto é, íons com velocidade
bem determinada, de módulo v tal que:
ZeE=ZevB
ou:
E
v=
B
Saindo do filtro, esses íons entram numa região onde
existe apenas o campo magnético uniforme, de forma que
percorrem trajetórias circulares de raio R sob o efeito da força
magnética, que faz o papel de força centrípeta. Assim:
2
Mv
=ZevB
R
Das duas últimas expressões vem:
2
ZeRB
M=
E
Como se conhece a valor absoluto da carga do elétron, e, e o valor de Z, e se mede R, B e E, essa
expressão permite determinar M, a massa dos íons.