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“HINO E POESIA”

Não é desconhecido o fato que vivemos um mundo digital com suas vantagens e desvantagens.
Cresce a quantidade de informações bestas e bestiais que servem somente para a perda de tempo
e que, dentre tantas consequências, gera um isolamento na sociedade. Isolamento que produz
defensores virtuais que nunca vivenciaram o que defendem e nem conhecem aquilo que digitam
com tanta “propriedade”. Como pastor meu cotidiano me permite aprender o que livros e nenhum
outro meio poderia me ensinar. Esta semana, em companhia de um irmão fui visitar um pastor
amigo muito debilitado por causa do câncer. A experiência foi tão somente a repetição daquilo que
já havia experimentado nas outras vezes que o visitara. Quando cheguei a sua residência, ele tirava
um cochilo. Estavam lá 4 pessoas da IBC que também queriam visitá-lo. Ao chegar, como que para
me receber, ele acordou. Como visitas desse tipo devem ser breves, rapidamente me dirigi ao
quarto e, em seguida, os demais também. Conversamos poucos instantes e meu amigo, como das
outras vezes, trouxe um pouco do céu à terra. Sem pedir “licença”, sua voz já fragilizada, mas
afinada, preencheu o quarto com um belo hino de louvor a Deus. Todos nós, de pronto, o
acompanhamos. Não satisfeito, cantou mais um. Aproveitando o momento, li um trecho da Bíblia.
Uma irmã fez um “solo” como um mimo a ele. Depois, aquele irmão que me acompanhava fez uma
oração, seguida por outra oração feita por mim. Se ao escrever semana passada sobre o
falecimento de um bebê a lição aprendida foi sobre aproveitar o tempo, essa visita me fez
aprender sobre a importância de saber morrer. Sim, meu amigo com 90 anos está se despedindo.
Enquanto cantava, ele expressava seu contentamento e paz adquirida após anos e anos vivendo
sua fé em Jesus Cristo. Deitado, com uma camiseta e com fralda, estava mais vivo do que muitos
“vivos” e mais saudável do que muitos que esbanjam “saúde”. Sim, meu amigo está morrendo,
mas está aproveitando seus últimos momentos para nos ensinar. Ele está morrendo amando
aquele que o amou até a morte, e morte de cruz. Lembro-me das palavras de Paulo, “combati o
bom combate, terminei a carreira, guardei a fé” (II Tm 4:7). Acho que Paulo estava dizendo, “fiz o
melhor que pude”. Viver é algo complexo como complexo é a própria vida e o mundo. Só sabe
morrer quem aprendeu a viver. Minha oração é, “Senhor, ajuda-me a fazer o melhor que puder
para viver a vida de tal modo que, ao se aproximar de mim a morte, minha despedida seja um hino
de louvor a Ti e uma poesia para os que estiverem ao meu redor. E isso para o louvor da Tua glória.
Um abraço daquele que ainda precisa aprender muito,
Pr. Reinaldo Pinheiro

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