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Ineditismo

Para o desenvolvimento do estudo e a compreensão do momento em que está a produção de


conhecimento acerca do assunto proposto, optou-se por realizar uma revisão sistemática da literatura,
que, segundo Freire (2013) é um procedimento metodológico do tipo exploratório utilizado para
identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos já realizados sobre o tema de pesquisa. Ainda para
Freire (2013), a revisão sistemática de literatura permite entender o contexto, o estado atual da ciência,
aprofundar o tema, conhecer o objeto de estudo e descobrir estudos similares ou opostos ao pesquisado.
A revisão sistemática foi realizada em dezembro de 2017 nas bases de dados Scopus, Web of Science e
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), proporcionando a identificação de publicações
correlatas e consequentemente, na constatação de uma lacuna científica acerca de estudos relacionados
ao alinhamento entre os temas: design de experiências, métodos e o turismo.
Foi adotado o protocolo de pesquisa com base no modelo do sistema de bibliotecas da UFSC e o processo
detalhado dessa primeira revisão sistemática pode ser visto no Apêndice A. Os indexadores adotados
estão apresentados no Quadro 1.
A busca dos termos em português e na base de dados da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - BDTD
não retornaram publicações, portanto, foram usados apenas os termos em inglês e apenas as bases de
dados Scopus e Web of Science.

Quadro 1 - Indexadores adotados na revisão sistemática

“experience design” OR “design experience” OR “design for experience”


AND
model OR framework OR method*
AND
“experience turism”

Fonte: elaborada pela autora

A consulta foi realizada considerando as publicações dos últimos cinco anos (2017 a 2012), resultando em
11 publicações (6 publicações da Scopus e 4 publicações da Web of Sciense), sendo 3 publicações
duplicadas entre as bases de dados e 1 publicação que não se enquadra no tipo de documento
especificado pela pesquisa, restando 6 trabalhos. Dessa seleção, todos os trabalhos pareceram
pertinentes ao estudo e foram lidos na íntegra além de serem aproveitados para a escrita da seção sobre
teorias e métodos que fundamentam o conceito de design para experiência e experiência turística
(Quadro 2).
Sobre as direções no desenvolvimento de estratégias com foco nos conceitos de design para experiência
e experiência turística todos os artigos propõem a integração entre os conceitos, pois para os autores os
fundamentos teóricos do design se relacionam com parte prática para a experiência no turismo. O artigo
“The orchestra model as the basis for teaching tourism experience design” salienta a necessidade de um
modelo teórico para apoiar os profissionais da área do setor de turismo em seus esforços para se trabalhar
com o design para experiência e complementa que os estudos para produção de tais modelos vêm
crescendo, mas ainda se apresentam fragmentados e sem uma sistemática definida. Este artigo dos
pesquisadores Pearce e Zare (2017) ainda apresenta um modelo para o turismo de experiência e mapeia
as principais ferramentas utilizadas no design de serviços. Aqui os autores defendem que é preciso
melhorar as habilidades e competências na educação dos designers, arquitetos e engenheiros para
projetarem melhor as experiências de turismo de hospitalidade e eventos. Este trabalho também será
apresentado de modo mais detalhado no item 3.3.1.

Quadro 2- Resultado da consulta realizada nas bases de dados Scopus e Web of Science.
JERNSAND, Eva Maria; KRAFF, Helena; MOSSBERG, Lena. Tourism Experience
Innovation Through Design. Scandinavian Journal Of Hospitality And Tourism,
[s.l.], v. 15, n. 1, p.98-119, 7 jul. 2015. Informa UK Limited.
http://dx.doi.org/10.1080/15022250.2015.1062269.
LAZOC, A., LUŢ, D. M. An investigation of the experience theory in the context of
tourism research. Quality - Access to Success, 14 (SUPPL.2), 545-551, mai. 2013.
MAGGIORE, Giulio; BUONINCONTRI, Piera. The "Place Experience" as a Key for Local
Development: A Theoretical Framework. Advanced Engineering Forum, [s.l.], v. 11,
p.109-114, jun. 2014. Trans Tech Publications.
http://dx.doi.org/10.4028/www.scientific.net/aef.11.109.
PEARCE, Philip L.; ZARE, Samira. The orchestra model as the basis for teaching
tourism experience design. Journal Of Hospitality And Tourism Management, [s.l.],
v. 30, p.55-64, mar. 2017. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jhtm.2017.01.004.
TUSSYADIAH, Iis P. Toward a Theoretical Foundation for Experience Design in
Tourism. Journal Of Travel Research, [s.l.], v. 53, n. 5, p.543-564, 18 dez. 2013. SAGE
Publications. http://dx.doi.org/10.1177/0047287513513172.
ZHU, Shang Shang; TU, Xing Ya. Applying QFD and Kano Model to Experience Design
for Cultural Tourism on Mobile Device: An Example of Leifeng Pagoda, Hangzhou,
China. Advanced Materials Research, [s.l.], v. 905, p.647-650, abr. 2014. Trans Tech
Publications. http://dx.doi.org/10.4028/www.scientific.net/amr.905.647.

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Outro artigo que contribui com esta pesquisa por apresentar o conceito da experiência no turismo ligado
à interatividade. Nele o autor Tussyadiah (2013) afirma que entre os aspectos da interatividade se deve
incluir interações entre turistas e os elementos físicos dos destinos (ou seja, interações com objetos e
conceitos associados a destinos) além das interações com os elementos sociais dos destinos (como por
exemplo, interações com outros turistas, locais, funcionários de turismo e outros redes associadas a
destinos) e interações com a mistura de mídia associada aos destinos (ou seja, interações com meios de
comunicação de massa, materiais de marketing, etc.). Tais aspectos desenvolvidos no artigo serão
apresentados de modo mais detalhado no item 3.3.1.
O artigo dos pesquisadores Maggiore e Buonincontri (2014), também apresenta um modelo para
experiência do lugar. Segundo os autores, a promoção de experiências positivas e memoráveis em um
lugar específico depende da presença de algumas condições favoráveis que estão em parte relacionadas
às características objetivas do território, que são resultado de estratégias desenvolvidas pelo governo
local. Este trabalho também será apresentado de modo mais detalhado no item 3.3.1.
O artigo de Jersand, Kraff e Mossberg (2015) defendem o turismo de experiência através da co-
participação de turistas e stakeholders durante o processo de criação juntamente com a técnica de
turismo participativo onde os membros da equipe de projeto devem estar entre os turistas para entender
suas necessidades reais.
O artigo do pesquisador Lazoc (2013) apresenta uma ferramenta de marketing para melhorar a
compreensão da qualidade dos serviços oferecidos sob a perspectiva do cliente, pois segundo o autor as
metodologias tradicionais em serviços e no marketing mensuram a qualidade de serviço, mas não sob a
perspectiva do usuário.
O artigo de Zhu e Ya (2014) apresenta um teste realizado em um aplicativo de turismo cultural utilizando
as ferramentas Quality Function Deployment (QFD) e Kano model com a finalidade de medir a experiência
desse tipo de aplicativo.
Com base na leitura destas publicações foram acrescentadas outras quatro, a partir da metodologia bola
de neve, ou seja, à medida que as seis publicações foram lidas encontrou-se outros quatro trabalhos
pertinentes ao assunto (Quadro 3).
Quadro 3 - Publicações adicionadas à Revisão Sistemática a partir da metodologia bola de neve
AHO, Seppo K. Towards a general theory of touristic experiences: Modelling
experience process in tourism. Tourism Review, [s.l.], v. 56, n. 3/4, p.33-37, mar.
2001. Emerald. http://dx.doi.org/10.1108/eb058368.
SUNDBO, Jon; SØRENSEN, Flemming (Ed.). Handbook on the experience economy.
Cheltenham: Edward Elga, 2013.
TRISCHLER, Jakob; ZEHRER, Anita. Service design: Suggesting a qualitative multistep
approach for analyzing and examining theme park experiences. Journal Of Vacation
Marketing, [s.l.], v. 18, n. 1, p.57-71, jan. 2012. SAGE Publications.
http://dx.doi.org/10.1177/1356766711430944.
WHITELAW, P. A., BENCKENDORFF, P., GROSS, M. J., MAIR, J., JOSE, P. Tourism,
Hospitality & Events Learning and Teaching Academic Standards. Melbourne, Vic:
Victoria University, 2015.

Fonte: elaborada pela autora (2018)

A leitura desses quatro novos artigos foi importante para auxiliar o entendimento de algumas ferramentas
e conceitos abordados de modo superficial pelos autores nas publicações anteriores.
Sendo assim, a presente revisão deixou clara a oportunidade para avançar com uma pesquisa na qual se
busque desenvolver um modelo de apoio ao design para a experiência do usuário no contexto de turismo
de eventos e negócios. Uma vez que não foi encontrado um estudo similar ao que está sendo proposta
nesta tese, pois aqui se busca contemplar a visão temporal da experiência (antes, durante e depois da
interação) associada a visão temporal da jornada turística (antes, durante e depois da viagem) mediadas
pela tecnologia. Visto que, na literatura, encontraram-se tais aspectos de modo fragmentado e não
integrado ao processo de design iterativo e avaliativo.

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