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Embora necessária a hermenêutica para uma melhor aproximação do texto bíblico é uma
das ciências mais esquecidas na compreensão e estudo da bíblia e teologia
Origem:
Etimologicamente esta palavra deriva do verbo ―hermeneuo‖ que significa explicar,
traduzir interpretar. A sua raiz esta ligada ao deus grego Hermes. Este deus mitológico, que
tinha asas nos pés, encarregava-se de levar as mensagens dos deuses aos destinatários. Assim
a idéia é levar alguma coisa ou situação do estado de ininteligibilidade ao da compreensão.
Assim na antiguidade grega esta palavra tem três sentidos 1. Expressar em voz alta, dizer; 2.
explicar; 3.interpretar
Em termos bíblicos, temos que trazer à luz um texto que de história na sua escrita tem
um longo processo não somente no fato-histórico mas na apresentação do mesmo na
linguagem escrita.
Assim temos como definição: ―é a ciência das leis e princípios de interpretação e
explanação que se aplicam nos estudos das Sagradas Escrituras‖.
Temos- graficamente temos: o fato em si a visão do autor na compreensão deste fato-
a escrita do fato - a leitura do fato feita pela igreja - a leitura feita pelo leitor a leitura
feita pelo ouvinte.
Isto deve ser considerado para uma análise cuidadosa que nos permita chegar o mais
próximo da mensagem divina. Assim teremos um dialogo entre o autor bíblico e o
interprete. Por isso duas perguntas são necessárias antes de qualquer enunciado de
interpretação: O que o texto significou para o autor do livro? e o que o leitor ―original‖
entendeu ao ouvir/ler esta leitura?..Vejamos um exemplo em Ne:8:8 (temos estes fatores
presentes mas diferentes ―sentimentos‖- Neemias está alegre e o povo triste... por quê?
(Vejamos outro texto: Luc. 24:25-32 - Jesus apela às faculdades racionais dos
interlocutores (que mais tarde vão interpretar o fato do ―ouvir o que Jesus diz‖.).
A Necessidade da Hermenêutica
O conflito hermenêutico : O mundo de lá e o mundo de cá, isto gera um desafio que o
estudante da bíblia deve entender como tal, desde que esteja disposto a desgastar-se na
descoberta da mensagem de Deus no texto
As diversas dificuldades que o texto bíblico apresenta: língua, tempo, história, sociedade,
estilos de vidas, estilos culturais, gêneros literários, etc. Diversidade no tipo de literatura
bíblica: poesias, estórias, parábolas, apocalíptica, epístolas,etc.
A própria história da Igreja. 2.000 anos de interpretação bíblica.
A perspicuidade e complexidade das Escrituras - João 3:16 vs. 1aPe:3:18-22
É uma motivação e prática bíblica: Nee. 8:8, Atos 8:26-31a; II Ped. 3:15. as parábolas de
Jesus
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Equivalência literal: é a transposição literal de um idioma para o outro se usando a
mesma classe morfológica e seqüência vocabular. Exemplo moderno: Textos interlineares da
Bíblia
Equivalência formal: é a transposição da forma do texto de uma forma para o outro. O
grande enfoque está na forma em que o texto aparece o seu significado para os seus
primeiros leitores. Exemplos modernos: As diversas traduções de Almeida, King James, Reina
Valera, etc.
Equivalência dinâmica: é aquela que se propões a reproduzir o pensamento, a
mensagem do texto original em estruturas e formas próprias da língua para a qual se traduz.
Importa traduzir a mensagem, e não as palavras e as estruturas. A mensagem divina é
imutável, a forma, a linguagem humana, está sempre em processo de mutação. O tradutor
procura descobrir sentido da mensagem para o povo da época a quem ela se destinou, e em
seguida põe a sua mensagem na língua falada e escrita pelo povo de hoje‖ (Wener Kaschel.
Transformações gramaticais no processo de tradução dinâmica da Bíblia com vistas ao livro de
Provérbios, in Teses do 2o. Congresso da Bíblia, pg.50) Exemplo moderno: A Bíblia na
Linguagem de Hoje
Equivalência livre (ou sem equivalência) Aqui a preocupação maior é com o leitor atual
da mensagem, o texto original é tomado apenas como referência. Exemplos Modernos A Bíblia
Viva, Cartas Às igrejas Novas
Requisitos do Intérprete:
A. Gerais
Objetividade: Não há duvidas que o estudante está influenciado por diversos fatores: a
sua filosofia, questionamentos históricos, psicológicos, e religiosos que inevitavelmente conduz
a sua interpretação. A objetividade esta no reconhecimento destas força
Espírito científico: Existem dois modos dispares: pietista e racionalista ―O exegeta deve
estar mentalizado e capacitado para aplicar a um estudo da Bíblia os mesmos critérios que
regem a interpretação de qualquer composição literária O fato de que tanto a Bíblia como na
sua interpretação existam elementos especiais não exime o interprete de colocar a devida
atenção a crítica textual, ao análise lingüístico, a consideração do fundo histórico e tudo quanto
possa contribuir para esclarecer p significado do texto (arqueologia, filosofia, obras literárias
contemporâneas, etc.‖
B. Especiais
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Capacidade espiritual: Estar aberto a ação da Palavra
Atitude de compromisso
Espírito de mediador: servir de ponte entre o autor do texto e o leitor.
O valor da Hermenêutica
Nos aproxima do texto e do seu sentido e significados corretos
Fortalece a nossa convicção na pessoa de Deus- Deus revelou a eternidade
Enaltece a Soberania de Deus que preservou a escrita até hoje
Nos coloca na linha da história da igreja
Traz equilíbrio entre o conteúdo (revelação) e comportamento (ética, exigência)
Confirmação da credibilidade da revelação. Homens falaram à tantos e tão distante de
nós
Auxilia-nos para determinar o permanente e o temporário
Base ―cientifica‖ a vida devocional.
Válida a encarnação do Filho de Deus. O texto inserido na história e cultura de um povo.
―teologia da terra‖.
Evita o desvio (sensus plenior)
Descobre-se a unidade da revelação.
Capítulo IV
O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO
Josivaldo de França Pereira
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I. DEFINIÇÃO E PROPÓSITO DA HERMENÊUTICA
1.1. Definição de Hermenêutica
"Hermenêutica" é uma palavra de origem grega. Platão (c. 427-347 a.C.) foi o primeiro a
utilizá-la como termo técnico. No sentido amplo do termo, a hermenêutica pode ser definida
como a ciência que nos ensina os princípios, as leis e os métodos de interpretação de qualquer
produção literária. Antônio Almeida diz que hermenêutica é "a ciência e a arte de interpretar. É
ciência porque postula princípios seguros e imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas"
(1).
Especificamente falando, a hermenêutica sacra tem caráter muito especial, porque trata de
um livro peculiar no campo da literatura - a Bíblia como inspirada Palavra de Deus. E somente
quando reconhecemos o princípio ativo da pessoa do Espírito Santo na inspiração da Bíblia, e
por Ele somos guiados na compreensão da mesma, é que podemos conservar o caráter
doutrinário e prático da hermenêutica bíblica.
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teologicamente de mente e coração abertos para ouvirmos com humildade e disposição a voz
do Espírito Santo de Deus.
As passagens bíblicas que transcrevemos acima, assim como tantas outras que poderiam
ser acrescentadas a elas, mostram que a Bíblia tem um autor principal. "Ela é, em todas as
suas partes, produção do Espírito Santo" (6).
Durante a história da Igreja, surgiram conceitos diversos quanto a relação existente entre o
Espírito Santo e a Bíblia. Os pelagianos e racionalistas sustentavam que a operação intelectual e
moral da Bíblia era suficiente para produzir a salvação, independentemente do Espírito Santo.
Os antinomianos, por outro lado, ensinavam que o Espírito Santo fazia tudo, independente da
Palavra de Deus. A igreja evangélica, por sua vez, sempre sustentou o seguinte: A Bíblia
sozinha não é suficiente para salvar, e embora o Espírito Santo possa, geralmente Ele não atua
sem ela. Isto não significa que o Espírito seja subserviente à Palavra de Deus, mas sim, que a
soberania divina estabeleceu a livre atuação do Espírito mediante a Palavra. "Na aplicação da
obra da redenção, os dois trabalham juntos,
o Espírito usando a Palavra como Seu instrumento. A prédica da Palavra não produz o fruto
desejado até que se torne eficaz pelo Espírito Santo" (7). A verdade é que o Espírito Santo
honra a Bíblia, fala pela Bíblia e é reconhecido pela Sua harmonia com ela. Por isso, os
reformadores freqüentemente se referiam às Escrituras como "a imagem do Espírito".
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freqüência investigaram os detalhes disso, para poder entender com mais clareza (I Pe
1.10,11).
Não devemos nos esquecer que o ato de fazer lembrar e entender a vontade de Deus para
a nossa vida é atribuição do Espírito Santo. Como vimos, Ele atuou no passado na mente e no
coração de homens e mulheres de Deus e hoje o faz iluminando nosso entendimento para
entendermos o que a Bíblia diz, com suas aplicações práticas para a vida diária. E mesmo que
em certas ocasiões o Espírito Santo nos faça compreender o sentido das Escrituras
independente de pesquisa prévia, via de regra este não é o modo corriqueiro dele agir. O
Espírito de Deus nos orienta através dos recursos da hermenêutica. Por isso mesmo, a uma
pesquisa diligente no intuito de entender o que se lê, deve-se unir a oração como expressão de
uma vida dependente do Espírito (10). E assim, como dizia Lutero, oremos como se tudo
dependesse de Deus e trabalhemos como se tudo dependesse de nós mesmos.
Por uma questão de didática e propósito achamos por bem abordar, já no capítulo anterior
desse trabalho, a relação do Espírito Santo com a Bíblia e o intérprete numa perspectiva mais
teológica. Agora, passaremos a tratar, não somente destes (Bíblia e intérprete), mas de todos
os elementos do círculo hermenêutico numa perspectiva de missão integral, como acreditamos
ser o principal objetivo do Espírito Santo no processo hermenêutico.
O Espírito Santo e a situação histórica do intérprete
Não se pode negar de forma alguma que todo intérprete, seja como intérprete da Bíblia ou
da vida de modo geral, é fruto de sua época, influenciado por todos os fatores e ditames do
seu tempo e de seu contexto histórico. No que se refere à Bíblia, em especial, milhares de anos
e circunstâncias culturais separam o intérprete das Escrituras Sagradas. O Espírito Santo sabe e
compreende estas diferenças. Dá ao intérprete a liberdade de se aproximar da Palavra de Deus
com todos os seus pressupostos, embora não lhe dê o direito de fazer com que a Bíblia diga o
que ele gostaria que ela dissesse. Repitamos as já citadas palavras de René Padilla: "O esforço
para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma interpretação elaborada de antemão,
é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja qual for sua cultura" (14). A
Bíblia é a voz do Espírito ao povo de Deus. E somente direcionado pelo Espírito, mediante a
Palavra, é que o interprete se tornará profeta e portador fiel da mensagem do Espírito Santo de
Deus.
O Espírito Santo e a cosmovisão do intérprete
Nada melhor do que o próprio intérprete para interpretar a realidade em que vive. Na
perspectiva de sua cosmovisão ele pode aplicar os princípios bíblicos à realidade que vê e
sente, pois a sua missão não é formular meras doutrinações, mas extrair da Bíblia as aplicações
e implicações práticas da sã doutrina para seu povo. A menos que se prejudique o significado
original das Escrituras, a cosmovisão do intérprete é válida e sustentada pelo Espírito Santo. A
Bíblia não seria o que é, como Palavra de Deus, se não fosse aplicável em todas as épocas por
quem vive a vida no seu próprio contexto. "O propósito do processo interpretativo é a
transformação do povo de Deus em sua situação concreta" (15).
O Espírito Santo e a Bíblia
O Espírito Santo é o mediador do diálogo entre as Escrituras e o contexto histórico
contemporâneo. A Bíblia fala hoje porque é a voz do Espírito de Deus. O Deus que falou no
passado continua falando hoje em dia a toda a humanidade, através das Escrituras. A
mensagem bíblica de transformação do indivíduo e da sociedade, mediante a vocação de
homens e mulheres para proclamarem o evangelho de Jesus Cristo aos homens e mulheres do
nosso tempo, é a dinâmica do Espírito Santo.
O Espírito Santo e a Teologia
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O Espírito Santo é a fonte de toda teologia bíblica sadia. E para que uma teologia seja
verdadeiramente bíblica, e expresse a mente do Espírito, precisa ser,
necessariamente, uma teologia de contexto, como costumava enfatizar Orlando Costas em
seus livros e artigos (16). A teologia deve ser o resultado de uma interpretação fiel da Bíblia,
pois só assim tocaremos o coração do povo. E esse deve ser o nosso maior objetivo: fazer uma
teologia que toque o coração do povo. Uma teologia que atenda os anseios e necessidades do
indivíduo e da sociedade. Enfim, uma teologia bíblica contemporânea e contextualizada que nos
faça compreender que o Deus transcendente também é o Deus imanente que tem cuidado de
nós, em todos os níveis imagináveis.
NOTAS
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
___________. Princípios de Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro: Juerp, 1985.
ALMEIDA, A; Manual de Hermenêutica Sagrada. São Paulo: CEP, 1985.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. São Paulo: CPAD, 1996.
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