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DISCUSSÃO

A urbanização é um processo pouco compreendido na sua real


complexidade. Desde os primórdios, o homem trava sua luta por obtenção de
sobrevivência, que foi atingindo níveis de sofisticação, culminando nas
cidades e metrópoles.

Estes são os extremos da realidade humana sobre o planeta, de


como foi se adaptando ao que primeiro parecia desconforto e solidão. Mas
que é ainda pouco compreendido no tocante à real necessidade de se chegar
à patamares que acabaria por nos levar ao sedentarismo, elaboração de
ambiente insustentável, com a dinâmica destorcida remanescente da
construção frenética, sem parâmetros delimitados, que num primeiro
momento teve como pivô estrutural da organização, o caráter nômade do
indivíduo, subvertido. Uma vez que não se organizava por meio de células
estritamente familiares, mas vivia em mutação, em busca da caça e abrigo
para vir lentamente elaborar a formatação familiar a que se chegou.

O ponto inicial preponderante parece ter sido a necessidade de se


firmar na terra para produzir seu próprio alimento, sua criação doméstica. O
que suscitou uma vida sedentária, instituição de consanguinidade, e de
valores que a justificasse. A instituição da moral, que cunhasse um
comportamento condizente com costumes e atos repetitivos, rotineiros, que
foram perdendo o sentido ao ponto de terem que ser estimulados.
Consequentemente a industrialização seria o próximo passo, inclusive com
relação ao sexo, onde a libido seria natural no contexto da procriação em
ambiente nômade, e o que se definia por família era a tribo. E a irmandade
não se restringia a uma filiação idêntica.

Parece que teremos que nos debruçar sobre as opções que se


desenharam neste processo, para sabermos entender o porquê da tendência
à “estruturação” não sustentável. Teria sido ela iniludível? Como se não nos
sobrasse alternativa que a insustentabilidade, em decorrência da mudança do
nomadismo para uma estrutura moral premeditada, que daria força ao
incremento das finalidades, ao surgimento da valoração objetiva?

É bom que se faça perceptível a aliança da moral com a força de


alienamento, da finalidade das ações, que se fizeram incrementar com os
dogmas. Através da necessidade de compor células maiores de domínio.
Nações, que vieram a dar ênfase ao domínio de ideias, cada qual sem uma
clara finalidade, com o incremento desta força até os dias de hoje, sem maior
clareza que justifique o empobrecimento das partes dominadas,
complementares, num contínuo que não é capaz de se ressentir da
insustentabilidade do sistema criado, incapaz de superar o mecanismo de
embrutecimento, de domínio pelo domínio... A busca alienada do absurdo do
esgotamento das riquezas naturais, por um resultado puramente
quantificável, que não mais justifica a alternativa que buscava apenas a
satisfação natural das necessidades básicas do homem.

Na verdade, é absurdamente improvável que cheguemos, nos dias


de hoje, à conclusão de que produzir descontroladamente insumos agrícolas
ou industriais que sufocam o sistema, não seja mais possível. E que a
abordagem da equalização do mundo como um todo devesse ser uma
questão urgente como deve ser. E que a família que tanto potencializa tudo
isto devesse tomar contornos condizentes, perceptíveis nos reinos animais,
biológicos, que não agridem a qualquer pretexto a realidade. Como não nos
parece razoável considerar uma criança qualquer nosso próprio filho, nem
enxergar numa senhora idosa o pretexto de ver a própria mãe... As poucas
tribos primitivas remanescentes carregam ainda um pouco destes princípios
nômades, mesmo que a maioria vá se contaminando por falta de alternativa
e abram lentamente espaço para a incompreensão, a indiferença com os
seus, que na sua convicção sempre foram considerados irmãos, parte natural
de uma aliança biológica, onde não havia espaço para o adoecimento...

Devemos estar preparados para a abordagem desta flexibilização


que se impõe. Estarmos cientes de que o incremento dos meios produtivos é
freneticamente buscado para alimentar um círculo vicioso que esgota todas
as riquezas, por absurdamente desconsiderarmos que deveria haver sempre
um tempo para a recuperação do sistema.

Pensar em como quebrar a estrutura imperialista de fomento e


incentivo à riqueza, que não serve para equalizar e tornar razoável o bem que
se produz. Deixar de admitir que potencializarmos mecanicamente os meios
produtivos teria um fim benéfico, sem construirmos inteligentemente
mecanismo sustentável, que não ignore a coerência integral do sistema, ou
sua natural fragilidade biológica... Inevitável!!

A questão da flexibilização dos mecanismos frenéticos, industriais de


produção, não parece ser facilmente compreendida e de fácil absorção. Na
prática, mesmo que se fale em implementar mecanismos energéticos que já
não tornem o aquecimento global e emissão de gases tão agressivos, tal
iniciativa não parece evocar o estímulo para o efeito necessário, tal que de
uma vez por todas, não se perca de vista o sentido biológico da natureza e
consequentemente extinção das espécies. Para uma reversão expressiva e
duradoura, teria que se fazer uma profunda análise e compreender o que
está por trás de todo este frenesi de produção que antecipa os fatos e traça
caminhos preestabelecidos, de modo a não propiciar a descoberta de novas
alternativas que não a que predispõe a vida a continuar acolhendo uma
decisão que confiscou moralmente a liberdade com a promessa da
formalidade simplesmente. Que não precisasse estar invariavelmente dentro
das perspectivas de um mundo moral, de relações que foram cunhadas com a
determinação que suscitava naquele momento, a formatação primeira
produtiva, sedentária, representada pelo estado, e formação de população
que se afasta da composição biológica natural que incorporava as tribos
nômades, sem cânones de comportamento, exclusivamente unificadas pela
semelhança da espécie. Temos que pensar sobre o que esta mudança
representou...

Mas o que se vê hoje é puramente a tentativa de se reverter


mecanicamente o prenúncio da extinção dos nichos biológicos através de
ações que não estão devidamente esclarecidas, ou que não poderão surtir
um efeito duradouro ou mesmo, minimamente efetivo para contornar a
situação. A extinção do perfil biológico da existência teria que ser
devidamente compreendida, para se definir uma composição favorável ao
equilíbrio necessário para se recompor suas bases primárias, que suscitem o
desprendimento da formalidade, da extensão imprópria estruturada em
raciocínio puramente quantificável.

Nesta composição ao longo do tempo, a marca da quantificação do


processo, de forma a se fazer escolhas baseando-se em valores não
propriamente entendidos como tal, mas como numa corrida armamentista, o
critério de escolha e definição de prioridades, se faz com o respaldo de
métodos comparativos, rastreando-se prioridades formais que irão
formatando contornos sem diversidade, sem o afinco inerente dos estímulos
naturais que viabilizam o leque da criação. Francamente repelida a
capacidade de se ampliar o critério da criação, reforçando-se antes sempre
mais a opção pela produção de bens de consumo, como coisa normal e sinal
de “progresso”.

Como estes processos se pautaram através de uma padronização


previamente estabelecida, não é bem compreendido e se propulsionam sob
sua própria tendência a se fortificarem no conceito criado de progresso,
como disciplinamento regular, capaz de se repetir neste critério
inquestionado, porque se criou simultaneamente um dogma com relação à
domesticação de valores, com crença forjada numa composição que foi
definindo um conceito de estrutura social, estabelecida com apelos atrativos
por força moral, criando-se um bem temporal, visto que trazia embutido esta
narrativa de adesão aos processos que iam transformando o meio em algo
mais e mais travestido de nuanças artificiais, que traziam um favorecimento
com relação à conquista de bens primários ,surgindo de forma à trazer um
convencimento de superioridade e fortalecimento, aproximação de
conquistas que de outra forma estariam ainda distantes e custosas, trazendo
simultaneamente o afastamento do vínculo biológico que incorporava a
diversidade da criação .
O tempo faz a necessidade e assim a construção das civiliza-
ções, humana e selvagem. A busca de uma estabilização no atendi-
mento às necessidades primárias, com a construção de alternativas,
elaboradas ao longo de uma estória de grandes lutas,
de situações adversas que suscitou no indivíduo o instinto mais
trivial de aprimoramento para melhores condições, frente aos
mais recorrentes desafios.
Fica cada vez mais evidente a postura de deslocamento do e
ixo original, que compreendia os processos advindos
do meio de vida primitiva,de relacionamento sem conotação
discriminatória que só se torna preponderante, à
medida que esta conquista vai moldando atitudes mais restritivas.
Vemos lentamente surgir uma sofisticação fora daquela
rusticidade que munia os indivíduos de um instinto de preservação
da tribo, que não tinha claro ainda os vínculos que viriam a
ser discriminatórios, porquanto irão opinar por restringir os laços
afetivos à descendência de consanguinidade, abrindo precedência à
interesses de protecionismo, tornando aos poucos atrativo, um
quesito de condicionamento do meio social por hierarquizar-se via
parâmetros de domínio, divergentes daqueles que traziam a
preservação dos valores na luta tribal
primitiva. Condicionamento que suscitou uma abordagem letárgica
das pessoas envolvidas nas medidas naturais de preservação da
espécie até então. Um apetite continuado por distanciar-se
das opções precedentes, cunhadas no desdobramento das
aventuras de conquistas do meio, até então desprovido de
qualquer nuança que aprouvesse o enigmático artifício a
se desenhar como coisa estranha que transformaria a aventura da c
onquista em poder dese abster de lutar pelo primário e elementar.
Era o esboço fácil de métodos promissores no concernente
à segurança, e obtenção de fins que deveriam ser
antes compartilhados. A dimensão destrutiva que tal individualização
viria acarretar, naturalmente não poderia ter sido vislumbrada naquel
e momento e circunstância, tamanha a grandeza das forças naturais n
aquele limiar existencial.

Mas a tragédia dos meios compartilhados, agora


se avizinha como um paradoxo,
se esquecendo totalmente o homem da origem desta tragédia
anunciada num âmbito filosófico,
se pode assim dizer. E desalentadora é a perplexidade humana em
constatar que os meios comuns serão inexoravelmente
exterminados e que não se pode equacionar tal tragédia.
Como se a condição existencial humana,
jamais tivesse tido um formato condizente com a natureza
biológica do sistema cósmico e a alternativa a equacio-nar tal tragé
dia fosse impensável e a existência humana fadada a
se exterminar irremediavelmente.

Esse dilema leva a existência humana a se exaurir como


que irreversivelmente. Como se houvesse algo de profundamente
errado com a sua natureza e nos debateríamos
desnecessariamente por alcançar um resultado que reequilibrasse o
aniquilamento da grandeza e diversidade da criação, que acabou se
confinando assim ao valor comercial, de mercadoria, para
que se criasse um parâmetro na existência
humana, em que mantivesse-nos formalmente coerentes com o
desvio da sua propensão natural. Seria isto algo impossível de
ser equacionado!? Reavaliar-se o processo de industrialização que
se deu naquelas condições primárias?
No afã de alcançar a estabilidade a qualquer custo, sem
dimensionar as percas de contato com o valor
da grandeza original, por definitivamente proporcionar-nos uma
espécie de aconchego e refúgio da força da imprevisibilidade?

Fica a incógnita, desta necessidade de se procurar por um


vínculo, uma clareza que norteara as tomadas de posição que teria
m fundamentado a construção desta realidade paralela,
a partir da qual não podemos ignorar, se lançava os recursos
advindos das consequências desta nova realidade.
Que viria se estabelecer como processos autocráticos,
que bania desde então a precedente necessidade de coerência e
compromisso com os valores sabidamente originais antes
intocáveis. Era o início de uma desagregação, ainda que
as células existenciais humanas, fossem pouco comunicáveis e
distantes uma das outras naquela época, houve o prenúncio
intrínseco e subentendido de rompimento com
a razoabilidade dos preceitos existenciais biológicos até então
sabidamente reverenciados.

Não podemos deixar de elucidar a questão da estruturação


da sociedade como parte intrínseca das mutações que
se davam naquele instante. Como entender que esta tendência para
a valoração de hábitos previsíveis, trás embutida a percepção da
necessidade de compor uma célula familiar para condicionar estas
novas atitudes que se formatavam, na medida de consumirem o
que estará desde então sendo fornecido como mercadoria? A
necessidade tribal, e com ela o nomadismo, parece não
mais fazer parte desta facilitação que vai surgindo.

E aqui então se faz mister procurar compreender o


que significou realmente esta alternativa como coisa que trazia
embutida, crenças e dogmas, um conjunto
e parafernálias que procurava sustentar psicologicamente o que era
estranho ao modo da existência até então livre
de condicionamentos ou preceitos morais que trazia agora
a hierarquização nas relações. A nova possibilidade de construir
dentro da realidade natural, algo que ousava se desprender da
sustentação que era evidente e indissociável da biologia
diversificada nos nichos existenciais.

Nisso precisamos
procurar investigar como se deu esta mutação,
que nos aparece agora, como coisa
absolutamente natural e consequente da evolução do homem,
que acabou se fixando na terra.
Mas será que este processo de fixação não esconde um refl-
exo da opção deliberada degenerativa, com
a dissociação do saudável instinto de sociabilidade que vive a aven-
tura da viagem sem fim... e entende-lo como uma forma de
investigar como se deu esta mutação que opta pela segurança
e degradação de um meio inexaurível, em produtos de consumo,
que não se ressente das consequências da quebra do sistema
orgânico? Dispositivo que nos permita, quem sabe, reorientar o
que poderá ter sido apenas a ocasião de contínuos descobrimentos
que foram de tal forma abrindo o espectro promissor, que tornou-
se de outra forma um engessamento
do que poderia ter sido ameno, se a conotação dos
condicionamentos não fosse expressão da perplexidade das raças
humanas que se encontravam debaixo de animosidades
e perplexidades do instinto de preservação e
dominação imperativos naquele momento.

Teria sido este efeito naquele momento, um verdadeiro


duelo que não deixou espaço para que ocorresse um enlace
vinculante de conhecimento mútuo como humanos que eram,
evidentemente ampliando o descobrimento das suas finalidade e
atuando de forma a redirecionar seus condicionamentos por outras
vias, que continuasse a aventura das descobertas em curso.
Mas o que se deu foi a propensão ao arbítrio incontido na
forma de se criar dispositivos de domínio para atender suas
necessidades
primárias. Lançar parâmetros que disponibilizassem o viés das
ilusões e sabores descobertos até então,
para servir de apetrechos aos posteriores caminhos consequentes
de aprimoramentos advindos da dominação que
se vislumbrou como alternativa.

E criou-se, a partir de então, uma forma de apartar-se


do inesperado, dando ensejo à via duvidosa que
se apresentava como alternativa mais complexa,
por não se ter elaborado até então um meio que comportasse o
assentimento das necessidades mais elementares.
Mas sabemos que de acordo com o que se desenrolou,
estas afinidades parecem ter sido vistas, ou postas em local menos
importante porque já se havia traçado um expediente inarticulado
como forma de acelerar o caminho que já estaria sob a influência
do sedentarismo, do protecionismo, a fidelidade aos dogmas dos
que não se sentiam levados a reconhecer vínculos acentuados fora
da consanguinidade familiar.

É verdade que o começo da comercialização não se deu de


forma a trazer lucro ou vantagem para quem ofertava um produto...
Ou pode-se dizer que eram praticamente trocados e o fato de ter
acesso a produtos que não eram produzidos por um mesmo, já era
uma grande vantagem. Mas com o passar do
tempo houve a
introdução de uma moeda para facilitar a transação e
a partir de então perdeu-se a noção da justeza que deveria prevale-
cer. Fatos adjuntos que podiam facilitar ou dificultar a transação,
acabaram por valorizar ou desvalorizar esta moeda de troca,
levando esta noção de justa troca para grande variedade de fatores
que passavam, por vezes injustificáveis mas que eram aceitos. O
que trouxe o vislumbre de acumular esta moeda de troca para
conferir maior capacidade de realizações e
domínio. Então a prosperidade começa a gerar a “prosperidade”,
naturalmente, dando uma orientação comercial desvirtuada do
intuito inicial de troca, prevalecendo como dispositivo necessário
para realizar as negociações que foram se expandindo e delegando
maiores poderes pelo volume do que passou a ser comercializado.

Precisamos contrastar aquela moeda de troca com o


que hoje se tornou o próprio mercado econômico em si . Não
querendo fazer um julgamento de juízo, que pouco importa,
mas trazendo uma relação ao que ela se prestava e interpretar
o que isto nos remete agora, àquela dissociação mencionada da
vida tribal primitiva, e a estrutura de finalidades que acelerou as
ações, estabelecendo um quadro inerente ao ofuscamento
das diversificações próprias da vida em si, que tem como principal
característica a amplidão e a robustez dos elos existenciais.

Não nos é estranho nem novidade, falar das perdas


que o ambiente foi acumulando aceleradamente. Nem podemos
achar irrelevante a constatação de que a relação entre a estrutura
criada de consumo desde então, nos coloca numa situação de não
podermos ficar tentando equacionar tudo isto, sem mexer nesta
estrutura que promove e é promovida pelo ato mecânico
de comercialização destorcida do intuito primeiro, em subterfúgios
que deram ensejo ao conceito de superioridade tecnocrática.

Devemos procurar compreender este hiato entre a troca


pura e simples que se deu como forma de agilizar a distribuição da
produção e o estágio atual que deu valores antecipados à moeda de
troca, quando havia qualquer fato que desfavorecia o negócio,
fazendo com que esta moeda fosse mais ou menos valorizada,
surtindo um efeito de antecipação que abortou o verdadeiro
sentido da moeda, para se prestar a encontrar fatores que
a multiplicasse, ao invés de favorecer o serviço para qual teria sido
inventada.

E aqui então, começamos a perceber claramente que esta


tendência é altamente tecnocrática e fica a serviço de quem não
produz mas de quem se antecipou aos fatos criados em decorrência
da imprevisibilidade, e aí se instalou como gerenciador desta
moeda de troca, sem que houvesse um respaldo à finalidade que se
propunha, e hoje se mostram
como que promotores de investimentos não produtivos.

Seria muito conveniente estudar e compreender como é


que em dado momento esta indústria da moeda prevalece, e
se ater a compreender a estrutura do consumo por ela mesma cria-
da e as consequências decorrentes disso. Desta forma talvez nem
precisássemos estar desesperadamente procurando salvar o
planeta dos nocivos mecanismos de agressão por ele sofrido,
levando-o ao esgotamento dos recursos. Se o que se produz já não
tem relação direta com a necessidade do ser humano ou na melhor
das hipóteses traz no seu bojo um reflexo das imposições
complexas de um mercado que precisa sobreviver, mas se intoxica
quanto mais produz e envenena este
mercado. Então estamos claramente diante de uma equação que
não poderia dar certo, porque sua relação de sustentabilidade ficou
a mercê dos arbítrios da moeda e não da necessidade.

Podemos considerar o fato das primeiras evidências de


discriminação, como correlato ao fomento do uso da moeda de
troca que restringia determinada oferta em detrimento do que
primeiro pareceu ser apenas um dispositivo de justa compensação.
Mas que foi também se entremeando de sofisticação e crescimento
do valor da moeda de compra e terceirização do trabalho
produtivo como coisa menos digna.
A acumulação desta moeda trouxe aos poucos a ideia de gerencia-
mento de futuras produções, relegando o fato da produção em si
mesmo ao segundo plano. E a partir desta contínua tendência de
gerenciar a produção, se formava em consequência
disso, blocos que correspondiam às mais
diversas atividades, proveniente do que fora demarcando castas
via atitudes com referência às respectivas atividades.
Era uma sociedade produtiva que surgia e tinha como célul
a primária, a família, proteção e vinculo
com os respectivos domínios. Poderia se fazer sentir claramente o
eco do comando e da disponibilidade sistemática a partir da
abertura do leque e diversificação destas produções que podiam ser
alçadas por um e outro, que agilmente se prestava a calcular sua
vantagem e capacidade em adquirir facilidades que lhe
proporcionassem e à sua família, um fator de maior tranquilidade e
sedentarismo, promoção e acomodação!

A partir daí a tendência é de fomente destas facilidades


produtivas e incremento continuo
do espaço celular da família como coisa que irá cada vez mais justifi
-car esta procura de sofisticação e fortalecimento da ideia de
ser extremamente eficaz às suas necessidades
de promoção e enriquecimento!
.......... .......... ............ .....

Naturalmente estamos chegando ao esgotamento de


um modelo de representação inquestionado do ser humano,
para viabilizar um poder central que promovesse a defesa dos
que não estariam aptos, nem a sociedade talvez pudesse se organi-
zar equanimemente se este governo, esta política
não tivesse se instalado.
Mas há muita polêmica em relação a este argumento e cons
equen-
temente à exploração da força de trabalho como coisa natural, e
a estrutura do estado com suas leis e supressão da liberdade do
ser.
O utilitarismo, o Marxismo e os Contratos que
regem a estrutura estatal abordam a exploração desta força de
trabalho que acabou por transformar o que seria a simples razão de
viver em algo absurdo e sem sentido. Estamos exaurindo todos os
bens naturais que são gratuitos ao explorar esses recursos, sem
noção da sua riqueza e inexorabilidade, com as leis insaciáveis de
mercado e o senso majoritário medíocre do indivíduo
covardemente manipulado. O que nos leva
a ter uma opinião sobre o que é melhor, não deveria ser algo que
fosse respaldado por opiniões de
outros. Não há necessariamente e não deveria ser motivo de recon
hecimento, a opinião que fazemos sobre aspectos de qualidade de
um objeto, de ambientes, de condutas ou o que
for, não deveriam merecer a validade pelo fato de
simplesmente ser coincidente com outras opiniões.

Poderia ser coincidente, uma opinião sobre aspectos


práticos que se desenvolveriam e ganhariam a formatação de até
uma invenção, que viesse facilitar a vida ou o trabalho do indivíduo,
mas ao invés de ganhar uma conotação excessivamente
padronizada deveria merecer resistências que retardariam o
afrouxamento para novas tentativas, novas formas de
se implantar as soluções.
Se sofisticou demais as soluções, no sentido de se perder de
vista aspectos que deveriam ser considerados.

Devemos agora contrastar o modelo de sociedade produtiva com a


primitiva, que tinha como primeira característica a
não dissociação da vida selvagem da vida humana. Tudo se mesclava como
algo devidamente estruturado, perfeitamente como deveria ser, mas
o ser humano lutava por se fazer influente naquele meio que não tinha ainda
definição de domínio, e as dimensões de tudo era percebida de forma
a sentir-se quase insignificante mediante a exuberância daquela estrutura
sem vestígios de destruição.

Mas sabemos que aos poucos o homem foi se mostrando mais


inteligente ou pelo menos se valia de recursos que os outros animais,
ou não se valiam por falta dela
porque instintivamente aceitavam sua condição, em fazerem parte daquele
estado de perfeição.
Então é lógico admitir que o homem concluía que aquela condição
era custosa e que ele poderia transforma-la se quisesse se ver numa posição
de menos perigo e segurança. Acontece que a partir desta premissa ele teve
que idealizar novas alternativas que lhe iam proporcionar vantagem em
relação às naturais.

Vemos que era uma forma de experimentar outros meios de


sobrevivência e descaracterizar o perfil existencial que parecia
religiosamente perigoso e perfeito!
Que desafio pairava sobre a existência humana que provavelmente
não tinha noção de como poderia assegurar aquilo que lhe fosse
indispensável no dia a dia? Seria muito difícil imaginar o grau de necessidade
a que se era diariamente submetido e o fato de procurar sistematizar pelo
menos a satisfação das necessidades primárias, parece ter sido um caminho i
niludível.
Mas estaria se desvinculando do processo natural na tentativa de moldar a s
ociedade produtiva que acabaria sendo de fato, consequência destas
primeiras iniciativas?

A sociedade primitiva parecia não


ter traços essencialmente morais, que
só viriam fazer sentido quando da necessidade de
se criar um ambiente sistemático ou seja que
fosse mais favorável à satisfação de necessidades premeditadas, uma vez que
tudo estaria sendo moldado à priori
para nutrir as vontades de domínio que justificassem a busca da perfeição no
que concernia o ato inteligente , que assegurasse o aperfeiçoamento da lida
diária, solucionando a dificuldade dos obstáculos naturais , tornando-os como
que parte de uma realidade mais favorável ao homem.

Ou seja: se o indivíduo necessitava pescar todos os dias para


se alimentar, pela simplicidade da pesca, este desenvolveu mecanismos mais
eficientes que lhe poupasse este esforço repetitivo a fim de que pudesse se
ocupar de outros afazeres que achasse mais edificante. Mas o
que acontece é
que surgem outras necessidades secundárias com outras invenções que apar
ecem com a construção de um mundo artificial , de
uma sociedade que não vive simplesmente por viver. Se transforma numa
sociedade produtiva, que perde de vista a primeira idéia, que seria
de conquistar sua libertação.
O empenho muito dedicado da busca de eficiência no aspecto mater
ial, dominou de tal forma tudo que concerne a atividade do homem,
que ficou a incógnita sobre até que ponto, como no caso anterior em que ele
deixa de pescar seu peixe diariamente para se adiantar com relação á
outros aspectos e assim em tudo mais, ele parece não ter controle da necessi
dade de autonomia,
e este equilíbrio lhe parece menos importante porque imagina que os bens c
omuns seriam inesgotáveis? Momento algum ele percebe que está
imerso num ambiente de recursos limitados e como tal não lhe parece de
qualquer forma verossímil que possa ter que fazer ponderações
a respeito de sua dependência daquela exuberante e aparentemente infindáv
el fonte de recursos.

Então o homem, na tentativa de facilitar sua vida demasiadamente,


focou in-variavelmente no aprimoramento da aquisição de bens materiais, ig
norando a finitude dos recursos que certamente não estariam alí a mercê da
sua ignorância e já dão sinais de falência.

A sociedade produtiva se instrumentaliza e explora os recursos


naturais diversos, com a capacidade cada vez mais restrita em dirigir o foco
para outras ações que estejam fora desta atividade produtiva que se degrada
sem vislumbrar o desenvolvimento subjetivo, não comercial. Estranhamente
a vida que é misteriosamente concebida e tem sua marca maior na beleza e
glória da própria vida, parece perder o sentido quando assegura em demasia
o acesso a bens primários como se nada mais merecesse, fora dessas
expectativas, o grau de importância exaustiva dada
aos processos produtivos, que degradam o ambiente
e interferem no grau de beleza que paira sobre tudo que é vivo.
Como se fosse isto algo irrelevante, de menos valor!

Pelo menos é o que na prática acontece porque os valores sem


conotação comercial se desfazem misteriosamente. Tudo se reveste de uma
roupagem de beleza apelativa com intuito comercial, que sufoca a
simplicidade e os reais valores porque ninguém irá defender o óbvio, e a
imagem de sugestão não deixa espaço qualquer para que este óbvio como
tal não seja enganosamente, artificiosamente suplantado, enquanto o
espetacular vai em mediocridades extravagante e vulgar, ganhando novas
roupagens.

Seremos capazes de discernir e entender que a batalha da


obviedade não encontra respaldo fora da nossa consciência e que todo este
excesso de sugestões comerciais na sua
autofagia vem sendo implacável e aniquila sem misericórdia a vida ainda
mais vorazmente quando usa de requintes fantasiosos, recursos falazes
para dar a entender que a está preservando!?...

Quando a moeda de troca começa ganhar valores que


a farão intermediária deste diálogo entre os produtores e consumidores, os v
alores se tornam elasticamente quantificáveis e esta vai render
o patrocínio de toda sorte de empreendimentos, fazendo com
que irremediavelmente a quantificação se torne uma ferramenta multidiscipli
nar, envidando os lastros deum poder quese vai construindo desde então, de
marcado pelo grau especulativo que empesta à perfilhação
destes valores, nos meandros de força pela capitalização gerada, a partir do
domínio proveniente de aquisições da moeda pela moeda.

E a partir desta sistemática que pode parecer óbvia, não se percebe


que esta forma de intermediar as transações se tornou ferramenta de
letalidade, de desequilíbrio e destruição do bem comum. Desta forma tudo
vira domínio de alguém e a exploração dos recursos não se reveste de
qualquer consideração à gratuidade dos bens naturais.

Não podemos considerar óbvio a precificação de todos os recursos


naturais e pensar que assim tudo deve ser explorado como coisa atrelada a
um valor monetário. Não, não é tão óbvio assim! O preço é uma forma de
exterminar o recurso. Ao contrário do que o artifício monetário nos inculca,
este está atrelado ao poderio de exploração independente que existe como
coisa que não poderia ser diferente, justamente porque este
poder adquirido precariamente não fará sua mia culpa, sem que
exaustivamente estudemos a irreversibilidade destas distorções e possamos
desarticular esta estrutura, que subsiste como algo sagrado,
que encontra respaldo didático tal que se justificaria pelo poderio de
destruição que tem, e assim vamos inexoravelmente aceitando a desfaçatez
desta condição, como se fôssemos párias de um regime sem solução!?...

Algo de sensato
precisa ser colocado por um ato de justiça primária.
Não podemos nos sentir levados pelo sistema que
é claudicante. Não só pela força que tem de suscitar um individualismo
equivocado e ilusório, mas por desvirtuar a noção do bem, que
é gratuito, na possibilidade de franquea-lo na presunção de proporcionar
algo de valor distinto, por ser pago pela moeda. E
com isto insuflamos o mercado da formalidade que traduz a incapacidade
de assentir ao natural. A ele se relaciona como algo distante de ser
reconhecido, pela falta de valor de mercado. Que
surge apenas quando a perspectiva da individualização aflora em contínuos
espasmos de enlevo sob consumismo que possa parecer justificar tal irrisório
sentimento.

Então não mais podemos deixar de nos


afastar momentaneamente desta realidade globalizante atual, para fazer uma
análise critica de tudo que tem nos parecido perfeitamente normal e
iniludível.
Todos os países estão obcecados com a produção de energia que
vai dando sinal de nociva e precária, sendo tratada como mercadoria com
múltiplos fins e transgredindo limites de sustentabilidade. Não fazemos
questionamentos do modelo de sociedade que continua admitindo que
acredita naqueles valores milenares e portanto fazemos todo o esforço para
corresponder ao que os outros esperam, ainda que saibamos que tais
crenças não mais existem como tal, mas parece que não temos como
substitui-las, uma vez que a dinâmica e complexidade da sociedade atual não
alimenta mais a noção moralista que sustentava a convicção dos valores
outrora propugnados. Mas a sociedade produtiva estruturou-se de tal forma
que os questionamentos acerca dos malefícios inerentes à
sistemática de suas instituições não existem e todos estão buscando se
estabelecer dentro desta perspectiva de progresso, que já não sabe onde
chegar e como neoliberais, tratamos o assunto já dentro de uma perspectiva
absurda de acerto e equacionamento das distorções dentro da própria
dialética problemática, que tem na sua reação a consequência eventual e
provável no encontro das soluções.

E continuamos dia após dia, nos esforçando por corresponder a esta


sociedade absurda de produção que idealiza seus objetivos de forma
padronizada, de tal sorte que nos sentimos compelidos a nos comparar com
o mérito de indivíduos que também buscaram modelos afins e assim vemos
o tempo passar sem nos dar conta de que a clareza e hombridade que nos
fora tão cara na infância, nos parece estranhamente revestida de
interpretações que não nos ajudam a olhar tudo isto de forma a se ressentir
das aberrações do poder econômico .

Portanto seria essencial adquirir a noção da mudança que houve


entre uma sociedade e outra ao longo de todo este tempo, para entender o
teor da inversão destes valores e porque subsistem e se há como flexiona-los
de forma a trazer coerência com a necessidade que se faz premente na
situação atual de desagregação que vivemos.
Os valores que deveriam ser claros, evidentes e que importassem
ao homem moderno contemporâneo, tem muito haver com sua vivência num
meio que tem sido projetado através de imagens e episódios mais recentes,
pela difusão pronta e instantânea que parece apagar as influências
ideológicas mais remotas. Pode-se dizer que valores foram construídos ao
longo de civilizações e em determinado momento houve uma saturação
desta sabedoria milenar que passa a se radicalizar através de expressões
unilaterais terroristas, quando parece não assimilar a velocidade e
deterioração destes valores.
Se estes valores estão sendo ignorados, pode-se considerar ou que
há uma forte influência de qualquer sorte que estaria fragilizando o senso de
propriedade que nasceu com o uso da moeda e com isto todo o escopo da
formação das instituições e estados, ou esta fragilização se deve ao processo
natural dinâmico da comunicação cibernética global, onde o anárquico vai
surgindo como consequência e enfraquecimento das propostas de
construção até então vigentes, que se traduzem finalmente na
inviabilidade dos aspectos inorgânicos nos processos produtivos até então
criados, que não levou em conta a finitude dos recursos naturais.

E ao mesmo tempo, uma visão crítica enxerga evidências claras, de


manipulação de massas que ainda acredita naqueles valores cegamente
ampliados, como forma de pressionar moralmente o ambiente social em
troca de vantagens. E neste mecanismo se pode entender basicamente como
têm sido feita ao longo dos anos, a construção do ambiente popular, que
por seu lado carece de maior incremento na estrutura produtiva, acaba se
mantendo à margem do ritmo, desta liquefação que se transformou um
constante festival de facilidades que ganham poder de influência, por uma
disseminação excessivamente rápida, pela força de persuasão das projeções
monetárias capitais, infladas de poderio cibernéticos e empenho auto
propulsores com finalidades não questionadas.

Talvez pudéssemos comparar a


um processo de desertificação, quando as culturas até então vigentes , sendo
suplantadas sem questionamento por novas técnicas agressivas , usadas ca-
da vez mais para abastecer um mercado que cresce quanto mais é impulsio-
nado, como parte de um mecanismo desagregador e limitador de recursos,
com o fim de alcançar seu próprio incentivo obcecado pelo
mercado econômico em si mesmo!
Vemos que os meios de viabilizar procedimentos da lida
diária no mundo atual, têm sido buscado, de acordo com necessidades
praticamente fictícias. Não se pode imaginar que desde todo o sempre
a necessidade de se vestir
ou se alimentar requeresse tanto dispêndio e sofisticação. Não havia por
certo a necessidade de se produzir tanto alimento e guarda-lo ou produzir
vestimentas tão sofisticadas, para termos condição de
melhor nos posicionar em meio social ou melhor se sentir apenas...

Faz-se necessário avaliar o grau de comprometimento dos


recursos, que estas e outras opções trouxeram para o desequilíbrio do
sistema, quando não se precisaria sequestrar certos recursos a ponto de
serem inúteis ou descartáveis, com o fim de incrementar compulsoriamente
o grau de abastecimento de núcleos existenciais, que se tornou padrão e com
ele a moral e os costumes que fundamentam a propriedade, que se
tornou evidente mas destorceu a vida
e organicidade, em dispêndio insustentável do meio de vida,
que já se esmaece da diversidade inerente à integralidade orgânica, que se
complementavam mutuamente através de
ciclos que se auto-compunham, sem desperdício ou acúmulo de rejeitos.

Se faz pertinente realçar o vínculo de apelo moral que cria, por um


lado, o grau de supremacia e paralelamente dispositivos artificiais que
os tornem evidentes, para que neles haja capacidade de viabilizar-se o grau
de acessibilidade e portanto requisitos de propriedade emitentes
de lastros de protecionismo e poder. Capazes de inviabilizar processos
naturais, saudáveis, em prol da mera condição de privacidade elaborada.
Vejo toda articulação atual em prol do meio ambiente e
da sustentabilidade sendo instruida principalmente pelos meios que
a mais dilapidam e seus mecanismos de projeção poderiam até ser convincen
tes, em meio ás artificialidades urbanas, que não
dimensionam o grau de excelência como coisa natural, mas são artifícios
custosamente didáticos, tecnicamente aplicáveis apenas em conceitos
vistosos de design pictóricos.

Como se poderia pensar em flexibilizar esta estrutura sedentária e


alcançar resultados que façam parecer coerente, o brilho urbanoide das mega
construções milionárias de apelos fantasiosos , como entrada de luz ,
economia de água , etc, apelos por meio dos quais a noção eminente
comercial, se cristalizou num viés contemporâneo do bem, como coisa
descartável e privada na individualidade do inacessível, por força de valores
rechaçados na propriedade, em detrimento da diversidade onipresente do
coletivo primitivo?

Os acontecimentos estão de certa forma super aquecidos e meio


que unificados perante uma fábrica de notícias que nos reinsere nesta
dialética vivencial, sem sabermos mais aonde nos firmar... A nossa fé sempre
existirá mas já sentimos que muita coisa mudou, e em razão desta
comunicação globalizada ficamos mais críticos das diversas religiões e nem
mais admitimos algumas que se extremaram a ponto de visivelmente
incorporarem uma legião destrutiva que aterroriza a humanidade.

Mas diante dessa situação de eminente catástrofe, de falta de


unificação das concepções de vida, que se contrapõem pelo excesso de
individualidade, que recebe atributos de liberdade destorcidos pela frenesi
do consumo. O qual se oficializou como chefe da civilização e da qual parece
ser muito difícil nos
excluir da concepção, a qual aparentemente todos têm a clara percepção da
sua fragilidade, mas somos inocentemente benévolos com a contaminação
das diversas formas que nos atropela, dia a
dia. Somos de certa forma gratos pela facilidade que nos trouxe a oferta de pr
odutos que nos dão a contraditória sensação de estarmos bem, mas falta-
nos a condição de harmonia no espaço coletivo,
do qual nos distanciamos cada vez mais.
Sentimos que quando comemos uma fruta ou bebemos um suco, nu
nca mais teremos a sensação de estarmos ingerindo algo palatável como já n
os pareceu, e sabemos que por esta razão nada
é confiável, tudo vai ficando sem vitalidade. A diversidade destas produções
naturais vai ruindo e as
que ainda encontramos nas feiras são as mais ordinárias, porque são as que
ainda resistem. Não querendo ser alarmista, mas essas coisas são
importantes e mesmo os mais privilegiados financeiramente, não estarão a
salvo. Apenas compram produtos mais bem embalados ... Houve uma
preocupação excessiva com a produção em escala porque a moeda ganhou
capacidade de financiar produções maiores.
Mas as consequências deste aquecimento do valor da moeda pela
moeda não é feito dentro
de critérios aprovados por noção de unanimidade da civilização . Para que
fossem resguardados os mecanismos produtivos, os que gozam de um
favorecimento que carece de critério
apropriado, não poderiam ganhar tanta evidência. Haveríamos que
considerar a determinado momento, que diante a colonização que os lugares
mais remotos sofreram, da degradação a que foram submetidos, é
inadmissível que ainda sejam os maiores devedores e os mais pobres e
miseráveis. Porque considerar que o sistema financeiro
carrega algo de incorrigível na sua essência e que seremos eternamente
prisioneiros da sua incongruência cega e voraz? Deverá haver um forma de
recomeçar tudo. Uma equação deverá ser buscada mais cedo ou mais tarde e
não se pode mais deixar civilizações entregue á economia que foi de um
partido ou pessoas, como se o mercado não tivesse um remédio eficaz
para reverter o empobrecimento e a letalidade de
um mecanismo despido da coerência que se deveria propor.
Não vivemos mais na idade média e os limites geográficos das
civilizações atuais, já deveriam ter perdido a força do aprisionamento, que
fora concebido no advento das transações comerciais.

Um valor efetivo como forma de pagamento para viabilizar uma


gestão paralela de gerenciamento de recursos que não fossem susceptíveis ás
distorções especulativas e protecionismo de entes estatais e privados
que dominaram o poderio econômico.

Pode parecer idealismo demais, mas com todo o desenrolar da


concentração de poder, paralelamente subsidiou-se a desarticulação da
concepção de vida primitiva que deveria trocar a mercadoria, não como
forma de tirar vantagem mas ao contrário, para levar ao outro, o produto
que se sabia fazer, e ganhar algo em troca.
Com a moeda, se perdeu a noção do ato natural de
compartilhamento das riquezas diversas, por introduzir um valor de moeda
com capacidade de adquirir os produtos, por representarem aquele valor
que se quantificou e passou a crescer em razões altamente questionáveis,
que em última instância sobrepujou o poder de compra e fortaleceu o valor
da moeda quanto mais se distanciava dos valores primitivos e da estrutura
nômade de viver, dando lugar ao sedentarismo, á sociedade produtiva .
Temos que entender este processo. O que significou a introdução da
moeda com o poder de compra, sucessivamente, e a formatação de redutos
protegidos por este poderio que deu origem aos povos... O poder
de adquirir tais produtos passou a ser a norma essencial dessa nova
sociedade que passou a experimentar o distanciamento das considerações
de confiança mútua, para dar lugar á objeção, de atores que acabaram por se
sentir a vontade para escolher o melhor. E quem ofertava o produto também
deveria ter um poder semelhante para não se sentir como que obrigado a
entrega-lo sem uma contrapartida compatível. Ou o que parecia ser uma
troca menos criteriosa, foi ganhando ares de confronto de forças onde a
cooperação ia deixando de ser o fator principal...

É importante entendermos onde precisamente se deu o nascimento


da sociedade produtiva, com o fim de negociar estes bens de forma
sistemática e o distanciamento, o enfraquecimento da sociedade primitiva
que não se articulava com este intuito. Ou porque diante
da distorção dos laços primitivos, que tinham critérios que não almejava
adquiri-los de forma sistemática ou naturalmente não experimentou a
necessidade de perseguir este objetivo com acúmulo de bens,
para resguardar-se, ou aos que mais lhe parecessem dignos ou semelhantes.
O que poderia até parecer um ato de bravura, também parece ter sido de
fraqueza e discriminação. Naturalmente naquelas condições eram povos que
tinham contatos variados de maior ou menor proximidade. Os inimigos que
se estranhassem por alguma razão, provavelmente não chegavam a trocar
mercadorias. Então devemos refletir sobre a discriminação que se deu
naturalmente, sem adjetivos explícitos que subvertesse a parte, que por
alguma razão tinha que se sujeitar e buscar a troca, porque também estaria
optando pela sistematização, com a idéia semelhante de resguardar seus
pares. Mas é preciso notar que apesar de compartilharem do mesmo intuito,
algumas comunidades são mais fracas e menos capazes da mesma
prosperidade ou porque usam de métodos mais atrasados ou porque a parte
mais próspera já não se debate com o trabalho da produção propriamente,
mas se tornou um intermediário apenas.
Se pode notar que, quer queira ou não,
o aprimoramento das condições define posições claras, hierarquizadas, no
intuito de trazer a
estrutura equipada com metodologia subentendida por si só, como aptidões
que vão se erguendo com a possibilidade de ascensão ou a dificuldade de
manter efetiva a troca da produção por valores reais .

Como se deu então a distensão do processo, sobrepujando o valor


do trabalho de alguns que, menos se orientavam no intuito de acumular
potencialmente a força de produção, por estarem mais perto do primitivo?
Então influímos que esta mudança se dá no momento em que se
esquematiza a produção com a estratégia essencialmente analítica.
Que diferença há nesta atitude que não emite lastros de comprome-
timento com o trabalho necessário para saldar os empreendimentos?
Será que nesta atitude mercantil, que assim nasce com
a necessidade mesmo compreensível de dar mais equilíbrio à raça humana, p
or ter sido naquele momento apropriado e com ela a valorização
desproporcional da moeda, não necessitasse de uma revisão, sem a qual
estaríamos simplesmente endossando o despreparo da situação de
desbravamento daquele momento, como se carregasse necessariamente
embutido o lastro da injustiça, desde o sempre?
Que mecanismo é este que não transpõe sequer,
a frágil concepção do lucro como forma de luta que
se desenhou nos primórdios das relações de troca, onde inapropriadamente v
inculou-se dispositivos de apropriação paradoxal ao benefício
inequívoco que se quis emprestar ao ato de troca?
Será que seremos compelidos irremediavelmente a endossar este
rompimento do verdadeiro sentido de sustentabilidade, que apresenta agora
em outras versões este empobrecimento das
espécies vitais, não somente como consequência desta brutalidade, mas de
outra forma apresenta causas destorcidas com aspectos eminentemente
científicos, que não tocam com qualquer efetividade a questão que corrompe
a índole do ser humano, exatamente num viés de pseudo amor e
protecionismo . Diríamos até com razoabilidade entendermos que haja de
qualquer forma uma aproximação maior entre consanguinidades, mas o fato
de ter objeções tão claras no sentido de revigora-las reiteradamente, só
enfraquece o argumento legítimo de conduta íntegra, como se espera
ponderavelmente de seres de uma mesma espécie,
no exercício incansável de sua revitalização.

5
Às vezes fico pensando se este caminho de alienação e aquecimento da
produtividade das civilizações, foi inevitável ou se poderíamos ter nos
desdobrado sem nos comprometermos tanto com as adversidades advindas
do esgotamento dos recursos naturais que pareciam infindáveis. Ou talvez
este caminho tenha sido inevitável e a complexidade e desenvolvimento
tecnológico é que nos trará um novo e inesperado arranjo que, pela riqueza
dos desdobramentos de origem tão diversa das civilizações, vá enfim
possibilitar a dissolução do arcabouço jurídico intransponível constituinte das
nações, que é o que, em última instância dá continuidade ao sistema
beligerante da economia outrora instituída pela moeda de troca.

Então ficamos entre duas premissas importantes que precisam ser levadas
em consideração. A primeira que buscaria uma forma de voltar àquela
estrutura nômade semi produtiva e a segunda que tenta dissolver o
comprometimento institucional da economia advinda do alienamento
produtivo. E parece que a primeira e a segunda são as duas faces de uma
mesma moeda. Porque não poderíamos voltar ao estado de nomadismo sem
resolver o enigma que paira sobre a preterida solubilidade do sistema
econômico.

A estrutura da economia que se desenvolveu a partir da moeda de troca,


viabilizou a sociedade produtiva e os meios de produção formaram novas
crenças que possibilitava o desenvolvimento da ciência que na sua lógica
construía a investigação do sistema integral da diversidade natural, como
que ampliando sempre mais as premissas, como tal são construídas com o
objetivo do incremento na produção de bens e consequente dissociação da
integralidade destes mecanismos orgânicos.

Então não podemos ou não faz sentido falar em reverter o mecanismo que
tem esgotado os recursos naturais, sem de alguma forma compreender e
dissuadir inteligivelmente a frenesi do consumo sistêmico. Da sociedade que
continua excessivamente produtiva. Só a partir do contraste dos valores
integrais primitivos, com o apelo da busca imponderável da
individualidade, que nasceu incontestavelmente da possibilidade de
conquista da independência através dos recursos financeiros, que colocou em
perspectiva a liberdade como busca de atingir objetivos sem orientação
fundamentada.
Só ponderando sobre a probabilidade de haver a busca desta liberdade
atenuada, não pela repressão mas pelo incremento da coletividade,
dissuadindo os valores objetivos competitivos que paira entre as
discriminações constituídas na formação dos povos que incorpora as
diferentes nações. Só procurando uma via que esgote finalmente a
necessidade de combater os resquícios de inferioridade que sugerem a
asserção na apropriação desproporcional, assegurada pelo sistema
econômico.

É claro que veremos surgir sempre os obstáculos que a nossa mente vai
construir para justificar nossa comodidade, nosso equilíbrio material que tem
origem na oportunidade de termos tido a sorte de não pertencermos à
descendência menos favorecida, que de alguma forma não justificaria o
sentido de justiça, qual poderia revestir nossa consciência timidamente.
Sabemos que esta descendência como justificativa é muito frágil e nossa
consciência estará sempre emitindo sinais de inconformismo, quando vemos
as pessoas morrendo de fome ao nosso redor, ou envolvidas em situações de
risco na desintegração social pela qual passa nosso pais e muitos outros, da
América do Sul ou África, Oriente Médio. A guerra sem fim na Síria, Iraque,
Palestinos etc.
Nossa consciência é sã e os excessos dos governantes são um grande
obstáculo. Dificultam qualquer possibilidade de entendimento e a articulação
popular é tão inconsequente e burra. Geralmente acabam por abordar
questões sem relevância para com as causas principais e trazem um desgaste
aos articuladores das mobilizações. Principalmente aos da linha de frente,
que muitas vezes ainda acabam sendo absorvidos pelos interesses espúrios
das instituições.
E então continuamos levando nossa vida, até com um certo alívio, por
estarmos vendo que o mundo se desmorona à nossa volta mas nós ainda
estamos resguardados pelo que conquistamos com esforço, uma vez
que tivemos a sorte de pertencermos a famílias
ajustadas, mas não podemos justificar-nos indefinidamente por isso e
sermos assim impotentes com relação á agressão que outros sofrem, e
acabam por compor esse outro lado que vai se deteriorando e ruindo os
valores de solidariedade que sabidamente hoje, estão mais para justificativas
dialéticas do politicamente correto.

Os políticos sempre têm um discurso que inspira à justiça, e estariam sempre


criando leis em prol dos menos favorecidos mas se distanciam cada vez mais
do objetivo para qual foram eleitos.
E todo sentido de justiça poderia estar contido na palavra "democracia", que
todos evocam a todo momento para se colocarem numa posição inatacável.
Então ficamos ouvindo discursos que prometem tudo através deste
instrumento infalível que os gregos idealizaram a tanto tempo mas que não
sofreu adequação com a passagem dos tempos e pousa apenas como
conceito que todos sabem e admitem que seria o ideal, se funcionasse.

Mas sabemos que a população cresceu a ponto de ninguém saber quem


realmente é seu eleito e sua real intenção e capacidade.
Qual o sentido então de se eleger alguém que você realmente não
conhece, para representar-lhe no parlamento. Aonde vamos chegar desse
jeito? Uma vez que todos concordam com a discrepância evidente desta não
representatividade em termos práticos!!
Porque pensamos e nos foi encucado que não há outra via e devemos
insistir porque acabaríamos acertando, por sorte talvez!? Não ousamos
pensar que existem outros meios como a simples conscientização e
deliberação de ideias... Mas o tempo não para e o regime atual é de
alienamento e o sistema subsiste com o fim de enganar, não dar chance a
quem não descende de indivíduos de certa forma comprometidos com a
sustentação do sistema.
Mas vai ficando cada vez mais pulverizada e camuflada sua sustentação, pela
complexidade e tamanho da máquina que se formou para gerir o país. Não
mais sabemos quem é quem. Se de direita ou esquerda e
quais ideais realmente defendem. Dessa forma tudo se tornou um espetáculo
de populismo de uns tempos para cá.
Então vamos continuar nos debatendo por questões que parecem
importantes como a sustentabilidade do nosso planeta, mas que não passa
de oportunismo para, ao contrário, tornar superficial o entendimento acerca
da real força destrutiva que consome a diversidade que deveria ser apanágio
de tudo que existe, pela simples força da harmonia.
Nos parece estranho não levar em conta o fato de não vivermos para
sermos parte de um sistema orgânico infalível . E vai ficando cada vez mais
distante a gama de atitudes que deveriam ser preponderantes pelo vínculo
do equilíbrio da integralidade do sistema vital, que caminha adiante para
atingir um objetivo.
Ignoramos tudo isso para sermos fiéis á toda sorte de mecanismo criado
para nos manipular e nos tornar presas de nós mesmos.

É compreensivo supor que naquele início de convergência,


nascimento da moeda de troca e surgimento das sementes dos povos e
nações, não houvesse muita razão para que as atividades econômicas
que nasciam não fossem carregadas de discriminação e protecionismo,
uma vez que as diferenças entre as tribos primitivas
eram sustentadas e noção alguma se tinha do contexto macro dos
eventos futuros que se desdobrariam desde então.
Mas não podemos justificar as distorções sucessivas que
tornaram o sistema até os dias de hoje insustentável, como se se tratasse
de uma questão puramente racional e científica que se quer emprestar
ao nefasto fator de insustentabilidade, uma noção empírica de
favorecimentos injustificáveis nos dias de hoje e por terem tido origem
no surgimento das nações, que não implica por decorrência o que
poderia ser uma justificativa para a consistência dos
fatos , nada que tenha a ver com uma pretensa certificação de
legitimidade, onde distorções parecem receber uma blindagem dentro
do estado, que continua tratando esses assuntos econômicos como
verdadeira estratégia de guerra e endossarmos tudo isto com
naturalidade, com favorecimentos bem conceituados, a ponto
de sugerirem aprimoramento no nível de superioridade e status de uma
etnia sobre outra.

Naturalmente se continuamos a tratar as questões de


insustentabilidade do meio e esgotamento dos recursos naturais, como
coisa que não é advinda exatamente desta incongruência que repatria os
bens e recursos terrestres como coisa de economia de guerra e questão
de poder de cada estado, poderemos referendar todas as mitigações
apresentadas pelo meio científico e nunca estaremos sendo o
minimamente coerentes, quando percebermos que então estaremos
dando voltas em círculos, sem capacidade de tratar o assunto com
objetividade.

Sem capacidade de reconhecer que


a congruência de assuntos quaisquer não vai ser diferente porque o esta-
do do qual fazemos parte seria assertivamente um dos pioneiros em não
adotar uma postura que o colocasse intimidado perante a corrida
financeira do mundo. Onde os resquícios da primitiva discriminação
parece se potencializar cada vez mais e o diagnóstico
da guerra econômica amenizado apenas entre
estes estados que resol-vem criar clubes de 8, de 20, etc.
Todos têm o PIB como referência de condições de crescimento
e não se fala em mais nada. As indústrias não podem parar. O homem
tem que trabalhar todos os dias e aposentar-se cada vez mais tarde, e
tudo soa como verdade absoluta, do ponto de vista da corrida financeira
que tem seus fundamentos cada vez mais impregnados de mera
conjuntura política que constrói, embasado em conceitos teóricos de
democracia ou o que for, prolongamentos e fortalecimento de
práticas obstrutivas do meio enfim moderno e dinâmico. Não existe
outra influência que pudesse ter um peso real nas decisões porque mais
uma vez transformamos a democracia em um mito, como se realmente
refletisse o que o conceito propõe. Mas o parlamento realmente não
representa coisa alguma. E como podemos ainda esperar que estas
decisões implicará um curso que possa nos trazer otimismo e qualquer
confiança no futuro?
Esta por sua vez continua a fomentar pseudo-
ideologias num protecionismo pragmático, que
se sustenta pela apologia que faz em detrimento às economias diversas
no milenar fundamento estratégico,
de origem consentidamente discriminatória.

Então parece não fazer sentido mais este modo de vida


que se distancia do real sentido de viver, que é a capacidade de
se engajar em processos dinâmicos por já vivenciarmos no
momento, esta oportunidade que torna a precedente condição
de abastecimento da necessidade primária, algo superado em
face da condição que construímos.
Mas será preciso virar esta página. Não é apenas isto a
que somos incumbidos, como ente humanos que somos. Será
que não é demasiado simples a constatação de que a fonte da
vida é um manancial inesgotável e não há razão para torná-la
incompatível com o nível de ocupação em
que sequestramos seus recursos por conta de
sistemas operacionais inapropriados, ultrapassados, no estágio
atual em que se tem a prerrogativa nítida de se reverter o
alcance das previsibilidades excessivas e dispensáveis,
que uma vez adotamos sem questionamentos, em virtude
da incompreensão da realidade fundamental
dos recursos nos parecer inesgotáveis?
É essencial que redimensionemos o conceito das
prerrogativas vitais de abastecimento, com a devida cautela e
não continuemos percorrendo opções viciadas
no concernente á quase brutalidade do método criado
primariamente, dentro de uma realidade perplexa na qual a
espécie humana se descobria ainda como ser capaz de se
formar como líder daquilo que mal compreendia, mas em face
das situações prolíferas de imprevisibilidade, urgiu ouvir o
instinto e não mais que procurar o essencial para tornar factível
a aspiração de manter-se na liderança dos acontecimentos
vividos.
8

Então, basicamente o combustível desta


característica do desenvolvimento humano, dos descobrimentos, com o
advento da tecnologia, desde o formato do desenvolvimento da matéria
bruta como forma de alavancar a melhoria da condição de vida das
populações humanas. Esse combustível foi antes de tudo a necessidade
de colocar todos os descobrimentos antecedentes dentro de uma
mesma grande ordem e perspectiva, que veio então se auto
complementando, com um ímpeto maior e maior, até culminar na
cibernética e imensa capacidade de armazenar dados que hoje temos .
Mas isto é muito recente e
a procura por desenvolvimento nem sempre foi favorável e
contagiante, como é hoje na maioria dos países. A economia se
tornou aos poucos o espírito que acaba por tramitar todo o
sistema de contratos e industrialização de meios produtivos.

Mas como um espírito que dá vida á matéria


bruta e a coloca igualmente imbuída de
um empenho inteligente às propriedades que tem cada componen-te, a fim d
e gerar o impulso da organicidade, como quando reali-zam a fotossíntese po
r exemplo, assim também os descobrimentosde
várias propriedades do meio se arregimentam num mecanismo
intelignte de economias e produções, para a consequente facilita-ção da vida
e maior chance de sobrevivência da natureza e do
homem no planeta, a organicidade primeira da matéria era perfeita
e justa em seu mecanismo. Esta outra, com aparente implementação dos
descobrimentos com finalidade econômica precípua, já parece ser sem um
fim propriamente delimitado e depois de elevar o nível de vida do ser
humano num primeiro momento, agora se mostra deficiente e insustentável,
por não ter considerado os aspectos evidentes da limitação destes recursos e
ter criado uma propensão à convulsão desta inteligência, por não ter se
mostrado aguçada a ponto de sair da falsa perspectiva de ensejo puramente
econômico. A ponto de nunca parecer ter sido unificada mas ao contrário
mostrar intrinsecamente se apoiar num
espírito duvidoso de epifanias individuais e justificar a
competição como estímulo saudável que iria imbuir este espírito caótico no
que antes poderia resultar logicamente em acomodação e
equanimidade dos povos, ao invés de segregados e colonizados, sem
perspectivas de dignidade dentro de aparente
estado de desordem e injustiças homologadas por conceitos morais
remanescentes de condicionamento e religiosidade, inferioridade
justificada por esta economia.

Quanto a este espírito inteligente que anima


e dá vida á matéria, não posso dizer que é o mesmo que
anima os descobrimentos da ciência e as transações comerciais de
um mundo que ignora o fato de que na fase nômade precedente, não havia
este conflito psicológico que ao restringir a procriação ao âmbito familiar ,
criou a fantasia do sexo como coisa proibida e justamente aí, criou o
descontrole e a marginalização de uma população que cresce
desproporcionalmente em virtude justamente desta falta de coerência que
alimenta a aparente congruência inventada à reboque da discriminação. E
com isto a insustentabilidade não fica apenas sob o efeito
da condição de limitação dos recursos, mas outra vez fica evidente
que o sedentarismo e a consanguinidade religiosa é que cria esta
desproporcionalidade e falta de um ser que se responsabilize naturalmente
por sua cria, como faria qualquer animal ou ser biológico.
Assim talvez,
o crescimento da população e muitos fatos correlatos com
a liberdade e não imersão em crenças criadas para sustentar artifici-almente
um poder usurpador e fictício, talvez e provavelmente
assim tudo seguiria seu curso natural e
o descontrole não seria falsamente atribuído ao que julgamos ter sido
evidentemente natural e uma sina existencial de descontrole humano!?

Gostaria ainda de fazer uma consideração referente a possibi-


lidade de não ter havido essa alienação, com
o surgimento de uma sociedade produtiva, mas que tudo teria sido
um caminho consequente de progressões perfeitamente naturais e
no entanto o sedentarismo e fixação nos aspectos primários, uma forma
de fazer prevalecer o instinto de sobrevivência.
Naturalmente estamos chegando ao esgotamento de
um modelo de representação inquestionado do ser humano,
para viabilizar um poder central que promovesse a defesa dos
que não estariam aptos, nem a sociedade talvez pudesse se organizar
equanimemente se este governo, esta política não tivesse se instalado.
Mas há muita polêmica em relação a este argumento e con-
sequentemente à exploração da força de trabalho como coisa indefinida-
mente usurpada, e a estrutura do estado com suas leis
e supressão da liberdade do ser.
O utilitarismo, o Marxismo e os Contratos que
regem a estrutura estatal abordam a ex-ploração desta força de
trabalho que acabou por transformar o que seria a
simples razão de viver em algo absurdo e sem sentido.
Estamos exaurindo todos os bens naturais que são gratuitos,
ao explorar esses recursos sem noção da suariqueza
e pretensa inexorabilidade,
com as leis insaciáveis de mercado e o senso majoritário medíocre
do indivíduo inconsciente e manipulado.

O que nos leva a ter uma opinião sobre o que


é melhor, não deveria ser algo que fosse respaldado por opiniões de
outros. Não há necessariamente e não deveria ser motivo de reconheci-
mento, a opinião que fazemos sobre aspectos de qualidade de
um objeto, de ambientes, de condutas ou o que
for, não deveriam merecer a validade pelo fato de simplesmente ser
coincidente com outras opiniões.
Poderia ser coincidente, uma
opinião sobre aspectos práticos que
se desenvolveram e ganharam a formatação de uma invenção, por exemplo,
que viesse facilitar a vida ou o trabalho do indivíduo,
mas ao invés de ganhar uma conotação excessivamente padronizada, deveria
merecer resistências que retardariam o afrouxamento para novas
tentativas, novas formas de se implantar as soluções.
Se sofisticou demais as soluções, no sentido de se perder de
vista aspectos que deveriam ser incisivamente ponderados,
sem se ver transformados em objetos de consumo.

10
Na política jamais existiu tal tipo de contrato onde
realmente o governo celebrasse um verdadeiro acordo com o povo,
mas sim um pseudo contrato com representantes de uma minoria do
povo governado, que cognominavam de
maioria votante e expressão de uma vontade generalizada, mas
que em verdade não poderia traduzir o anseio dos liderados, mas
apenas pontos que aleatoriamente são colocados em votação.
Mas estariam longe de manifestar um acordo, e sim o resultado de
uma campanha competitiva de interesses que surgem sem uma
deliberação para se chegar a um acordo,
porque nunca houve mecanismo para isto em nenhum sistema
de governo, ainda que se conseguisse deliberar com o fim de
servir a população. Mas o que há é
a subentendida acomodação de conceitos que
manipulam a força de trabalho como algo completamente natural,
mas que jamais foi resultado consensual, o papel da política de administrar a
força de produção de um país através da força
de trabalho dos cidadãos e leis que foram lentamente sendo construídas com
o intuito de sedimentar conceitos de pseudoliberdades
que não poderão permanecer por tempo indeterminado,
porque por um lado, com a tecnologia, nem
o emprego continuará fazendo muito sentido como imprescindível á
dignidade humana e esta construção fictícia da fábrica da
vida não faria mais sentido.
Não se acreditou na construção da idéia,
como lei natural, com a qual seria intrínseca a noção de justiça e
que em razão disso não viesse a ser realmente preciso
o comprometimento da política com os demais, e que
se propusesse uma noção de imperativos tal que
orientasse naturalmente as prioridades da natureza humana e
de acordo com as necessidades do momento fosse
então através da política que se desenhasse, da
forma como fosse, sem uma lei
definida, como queria dizer Marx Lock,
mas construída, participativa como dizia
Aristóteles e mais recentemente Rawls.
Não que a justiça tivesse base
no conceito de exploração do trabalho compensado com um valor
distributivo, atribuído àquela disponibilidade em realizar determinado
bem produtivo em favor da sociedade, como propunha Marx ou
o Utilitarismo, a noção de justa compensação relacionada com
a capacidade de transformar e ser retribuido com proporcionalidade ao grau
de satisfação e contentamento. Um artifício proposto na
construção de uma sociedade justa que traduzia o espírito do cientificismo,
o iluminismo da época, mas
que não abarcava a complexidade da natureza humana e
sua vocação menos associativa do que
se queria admitir inata e só compulsoriamente
aplicável aos fins sociais desde então.
A questão toda passa pela necessidade de
haver uma melhor compreensão ou qualquer que seja,
a respeito da iniciativa que leva o indivíduo a participar da sociedade.
Se ela deve ser uma questão de opção pessoal e parece razoável
que assim seja, pois a essência da existência é a liberdade,
mas nas condições existentes parece ter havido uma
imposição e domínio de alguma ordem que
na prática não dá a opção de não se abster do que
a sociedade ou mesmo uma pequena população admite,
sem penalizar o indivíduo com consequências danosas que irão coloca-
lo na marginalidade.
Ou
poderia-se pensar que o processo envolveria de qualquer forma
a iniciativa de alguém que enxerga mais longe e lidera como forma de
se anteceder aos percalços comuns da vivência,
trazendo com isto uma perspectiva nova que extrapola a simples
forma despreparada de aceitar o perigo ou infortúnio
sem qualquer reação. Mas é preciso contrastar o que é esta idéia inicial com
a ideia que foi se sofisticando até chegar aos dias de hoje, deixando de ser
uma articulação inclusiva para ao contrário conferir certa forma
de privilégio à determinada categoria sem levar em conta
a possibilidade e necessidade da proposição que remonte
ao início de tudo. Ou se perde o foco do
que teria sido a proposta inicial ou seja a gratuidade de uma liderança que
se fortaleceu com a cooperação e livre contribuição de quem quisesse
participar em determinada ação.
Se a sociedade atual se
articula politicamente através de decretos e leis,
contratos, não consegue minimamente manter aquela coerência inicial,
causando deformidades, e a consciência grita palavras de mera formalidade
para referendar o sistema que não reflete o mínimo de qualidade
e não se tem como corrigi-lo. Se nos afastamos e
nos perdemos da coerência inicial que encontrava força para
os desafios, em decorrência da cooperação consentida e
de alguma forma bem direcionada justamente pela liberdade
comum propugnada na integração do meio, podemos supor que
o sistema atual é apenas formal mas não é comunicativo como
deveria e usa de formas e imagens sem um feedback factível para
dar ensejo às proposições que nasçam de necessidades envolvidas
com esta peculiaridade, na falta de comunicabilidade e aprovação
das partes, trilhando um caminho de opressão que não mede as
consequências destas deformações, se garantindo com a criação de mais
normas e poder bélico de opressão, sem consideração com a opção original
e sem levar em conta a degradação do ambiente. Como se realmente os
condicionamentos e a forma artificiosa do mundo construído
com propostas mal arregimentadas ou sem um comedimento qualquer
que considerasse uma opção fora da fábrica comercial que
se torna inconsequente por priorizar o lucro
inconteste, que dá origem deliberada a estas deformidades.
E como já foi salientado antes, esta
propensão à ideia de conivência com o lucro a partir
da criação da moeda paralelamente ou
artificiosamente propelida, motiva desproporções insanáveis quanto
à possibilidade que se cria de discriminação e justificativas irreais do fator
que acaba sendo a fonte da opressão na sua origem.

11

Existe um enorme abismo entre os marginalizados e a sociedade.


É como se todas as atitudes fossem parte de uma cena teatral e tudo que se
vive não tem a curiosidade da novidade , e o futuro que nos espera está
confinado ao comportamento de quem é apenas uma criatura submetida a
um script que já não chega a ser atrativo. A subserviência e o medo de ser
considerado incompatível com o sistema , em última instância, a política
contabiliza a força produtiva como sendo o que verdadeiramente importa e a
consequente distensão proveniente deste mecanismo de alienamento que
formaliza tudo e coloca as pessoas que participam desta vida projetada
dentro de parâmetros velhos e ultrapassados, coloca as pessoas sob
condicionamentos que nos impede de nos ajudar naturalmente com
mutualidade.

Sabemos que é difícil ajudar alguém que esteja passando


dificuldades porque o sistema envida que determinada criatura tenha laços
que franquie sua aceitação e superação que se dá à medida que tal criatura
se revista desta formalidade que vai se sofisticando e formando hierarquias,
castas que se isolam na sua importância subentendida e a solidão e
isolamento chega a ser questão de honra e poder.

Este é o script da vida de qualquer pessoa que nasce e se


prepara para fazer parte de um sistema que vai ficando cada vez mais técnico,
específico e sofisticado. Ninguém ousa se perguntar se é tedioso ser um
pessoa predefina em parâmetros que parece não ter um lastro histórico que
aprouve a finalidade para qual todos se empenhem sem questionamentos e
assim este abismo entre as pessoas e incapacidade de sermos humanos ou
solidários, como qualquer ser vivo naturalmente o é, sem constrangimento e
orginalmente solidário com o semelhante, o ser humano fica limitado e a
marginalização é clara consequência da imposição de um mecanismo
exclusivista .

O fato de nos sentirmos impotentes para estender a mão à


quem se marginalizou e passa dificuldades, esconde a cadeia de raciocínio
que permeia o verdadeiro sentido da nossa sociedade, que estranhamente
supomos ser algo imutável e que sempre existiu dentro desta lógica
perniciosa que em última instância atribuímos ao espírito do mal.

Será que não é hora de despirmos a sociedade deste


constrangimento que se reveste do formalismo como remédio para um mal
que só o faz crescer com o uso reiterado do acirramento do regime
econômico, que vai distanciando as pessoas e as fazendo orgulhosas de uma
condição vexatória dentro de parâmetros óbvios existenciais?

Sabemos que a discriminação é e foi a origem de tudo. Mas é até


compreensível que nos primórdios existenciais tenha havido a
predominância de algumas raças sobre outras, uma vez que a luta por
sobrevivência não diferenciasse ou levasse em consideração criaturas que de
repente aparecem e começam a fazer parte de um contexto não muito
favorável e cheio de incertezas.

Mas não podemos admitir que a lógica daquele contexto seja até
hoje a única que permeia e dá sentido à subsistência das nações com sua
política criteriosamente análoga em todo ponto do planeta. Agora difundida
pela tecnologia da informação instantânea que torna mais pobre e uniforme
os critérios belicosos, da supremacia de uma raça sobre a outra.

Será que esta belicosidade e a clara delimitação dos territórios


que permeia as nações e a continuação desta política extenuada que a
ninguém interessa, vai continuar existindo como algo normal e inofensivo?

Se instituiu em grande parte no mundo o sistema político


democrático como o mais desenvolvido, mas existe sérios questionamentos
sobre a generalização das decisões tomadas e incapacidade do sistema de se
oxigenar. Sair de uma finalidade inquestionada, na qual somos covardemente
submetidos á um regime reiteradamente discriminatório que utiliza a força
de trabalho da população como alternativa única e subentendida. E a
condição diferenciada dos marginalizados só pode encontrar qualquer
perspectiva com muita superação, como se fosse natural a ditadura do
espirito econômico que permeia as relações.

Estranhamente, nos vemos lutando por uma posição social e sem


condições de questionar as lutas que travamos na procura de atender
aspirações que não podem ser originalmente nossas...porque somos
bombardeados com crenças implantadas na nossa condição de cidadão
comum, para azeitar a máquina que vá de encontro ao sistema democrático
potencialmente decrépito, quando devesse tratar de opções a serem abertas
e não condicionadas ao voto de meras generalizações sem status,
estritamente de cunho econômico, empobrecendo as iniciativas originais que
emanassem de lideranças do povo , no patamar de desenvolvimento
avançado, flexibilizado, que deveríamos nos encontrar.
.......... .......... ............. ............

Ficamos às vezes sem saber se o que estamos presenciando é uma


situação tal qual nossa percepção tenha discernido ou fruto da nossa
imaginação...

Digo isto porque trabalho com uma diversidade enorme de


pessoas no aeroporto e acabo tendo uma forte impressão de padrões de
comportamento de grupos diferentes que são distintamente bem específicos.
Certamente como a própria língua, sendo resultado e reflexo desta trajetória,
a expressão irrefutável da caráter desses povos que foi se formatando ao
longo do tempo.

É lógico que certas influências são muito marcantes e


predominam, fazendo com que até notemos uma característica diferente em
cada cultura, com relação à honestidade. Sem querer dizer também que uma
cultura desenvolvida será certamente honesta, uma vez que a relação entre
os cidadãos é sem dúvida bastante moderada, mas a de seus dirigentes com
o mundo é predominantemente de exploração, dando vantagens excessivas
ao seu povo que ousa até se colocar em patamares de alto padrão de
honestidade e isenção de corrupção, mas desconsideram que todo o
conforto e longevidade acabam sendo até tediosos, porque fruto desta forte
liderança que repassa as vantagens de uma política externa discriminatória,
paternalista exploratória e belicosa.

Mas o que me chamou muito a atenção foi a tripulação dos vôos


diários que temos provenientes do Panamá, por ser marcadamente diferente
das outras tripulações de outros países .
Enquanto as outras são geralmente extrovertidas e
comunicativas, por serem talvez de países que propugnam a liberdade e
igualdade como ingredientes indispensáveis ao espírito democrático, a do
Panamá não chega a contradizer isto, mas não faz disto algo com o que
devesse se manifestar enfaticamente, sendo que sua postura parece um
pouco mais formal e antiquada. Até um pouco fora dos padrões
internacionais.

Não conheço o Panamá e posso estar falando uma grande


bobagem com relação a estas impressões que aqui tento dar um significado.
Parecem ser muito alinhados na maneira como se vestem (uma tripulação é
geralmente assim mas nem todas têm um traço marcadamente austero) e
não se misturarem com outras pessoas. Só se comunicam entre si, como se
estivessem numa missão da qual não podem se descuidar em nenhum
momento.

Mas o interessante é que me ocorre que eles parecem aguerridos


ao respeito entre si, tal como um casal, não parecem ter motivos para estar a
todo momento se relacionando com outras pessoas.

Não sei se classificaria isto como positivo ou negativo mas a


impressão que fica é de que a honestidade daquele povo não seja artificial
como das nações desenvolvidas que mencionei. E daí inferir que dentro da
formação de cada povo, os critérios para a valorização de cada traço
característico, tenha uma especificidade intrínseca, ligado à fatos reais que
precederam a cultura, a sua verdadeira história que nem sempre é
honestamente revelada tal qual tenha sido.
Estou fazendo este paralelo para chegar à concepção da nossa
cultura extrovertida, tal qual tenha sido sempre alardeado como fato
consequente da nossa pacificação, alegria etc... desejaria ter tido contato
com tripulações brasileiras em outros países para assim tirar uma impressão
bem característica como vejo em cada uma, aonde hoje trabalho.

Mas continuando as inferências que objetivei traçar aqui, me


encheu de curiosidade entender realmente o que venha a ser a honestidade
para cada cultura...sendo que para o brasileiro não é um conceito muito
claro e o brasileiro não se inclina tanto a ser muito categórico com relação ao
que isto devesse significar. Talvez porque, não se sinta como em outras
culturas, protegido pelos governantes, que aqui professam enfaticamente
uma cultura de paz às outras nações e não tenham o propósito de nos
repassar vantagens, como fazem as outras nações, proveniente da
exploração de outros povos. Mas ao contrário servem de elo às nações
estrangeiras em prol de uma exploração contínua que desguarnece
reiteradamente todo o limite característico de nacionalidade e
protecionismo, tal que o brasileiro cresça na verdade como um menor
abandonado. Que não tem uma formatação de honestidade concebida tal
qual as ufanistas inverdades das nações prósperas, onde o conceito de
democracia é claramente uma dissimulação, onde ousam ser exemplo para os
explorados e indefinidamente colonizados.

12

A força do trabalho

Então se olharmos para quando a população ainda não tinha


necessidade de produzir em escala, concluímos que o indivíduo era
também envolto na mistificação da sua condição humana, como ser
obediente à sua descendência e origem, como também deveria ser
protegido por ela. Assim era a concepção que se mostrava coerente
naqueles tempos e a mão de obra se destinava a prestar de forma
subserviente os serviços aos que eram considerados dignos dela ou
ostentavam o galardão da majestade .

Portanto esta concepção foi naturalmente perdendo


adeptos e na Inglaterra, quando os meios de produção foram ganhando
forte tendência de aumento na escala para suprir uma demanda que
crescia conforme a noção de subserviência se invertia e o bem estar ia
sendo disseminado como algo comum à todos. Mas trazendo por outro
lado a contradição na falta de equalização da força de trabalho necessária
para suprir esta demanda e o primeiro impulso de emancipação que
agora traz no seu bojo a democratização dos bens porém com a
brutalidade da produção industrial e a necessidade de um proletariado
sem perspectivas de se emancipar realmente.

O que se viu foi uma tendência de capitanear esta força de


trabalho através de homens bem formados intelectualmente a pautar o
direcionamento desta força na forma que parecesse mais coerente com
aquele momento que vislumbrava várias facetas promissoras com o
impulso que os descobrimentos e invenções davam ao mecanismo de
produção de bens e serviços diversos.

Mas não se pode dizer que em razão disto, aquela conjuntura


teve desses intelectuais, um direcionamento que remetesse ao equilíbrio
necessário para se distribuir com bons critérios os bens e serviços
conforme apregoado e conforme iam inundando um mundo
geograficamente disperso e pouco influenciável.

Surgiam teorias como utilitarismo, o deontologismo,


marxismo e tantas outras versões de como devesse o estado assumir o
monopólio da força de trabalho e não permitir o esfacelamento da idéia
de unificação, por facções diversas, perdendo de vista os direitos de cada
pessoa de ser livre. Com a possibilidade de cair sob o domínio de
lideranças violentas que não trouxessem ambiente para o convívio
social .

Porém, o problema todo tem sido a questão da deliberação


desta liderança para o desenvolvimento dos povos. Mas a idéia de
desenvolvimento não pode ser consensual e então é possível que a priori
este problema seja consequência do domínio que certos povos sempre
tiveram sobre determinadas regiões do mundo e o que deveria ser a
participação do indivíduo na deliberação de conceitos para a liderança
regional, fosse algo natural.

Mas a partir do ponto em que se nota que esta liderança se


distancia deste estímulo comum por se influenciar por concepções novas,
que não diz respeito a este consenso natural, então esta liderança pode
entrar em conflito e causar a divisão dos liderados. E é o que acontece
quando a economia passa a ser confundida com o interesse do indivíduo
e significa interesses que massificam a orientação que deveria estar
respaldada em conceitos de ordem e moral que significasse os interesses
da coletividade, numa mesma direção.
Porém o fator tempo e as tomadas de decisões apressadas
para cumprir cronogramas advindos de exploração colonial, não deixa
espaço e embrutece uma vez mais o ambiente social . As justificativas
passam a ser uma questão de tentativa de sair do desfavorável ambiente
econômico disseminado como ordem natural das coisas , mas onde o
controle razoável dos mecanismos fogem ao consenso de prioridades
Kantiano e sim envereda na concepção individualista que deu origem ao
movimento de emancipação iluminista, desconsiderando frontalmente a
lei natural do bem comum.

Como se a equalização desta força de produção não fosse um


problema a ser resolvido.

Se busca a coerência na política, com idéias em paralelo com


o meio econômico onde a disputa de espaço de quem oferece a solução
de mercado está para os políticos assim como para os consumidores
estariam os votantes. E assim tudo seria a evocada solução da "mão
invisível" o resultado desta competição!!? Se propõe que o voto irá
sustentar o bom idealizador político, assim como o consumidor procurará
a melhor solução de mercado...

Mas como se vê, o que seria a priori uma solução para as


questões de liderança e de equanimidade da força de trabalho, se
transforma em parâmetro advindo do mercado de consumo e
competição que teria supostamente inscrito no seu DNA esta força de
alcançar resultado que traria a realização dos objetivos comuns...

Que resultados seriam estes!? Se quer dizer que a competição


é única forma de fazer com que a política perca os vícios do
autoritarismo, etc, como se pudéssemos esperar do político uma aptidão
semelhante de quem disputa o mercado!? Mas se mesmo ainda o fosse,
se ele tivesse a postura de oferecer uma liderança que merecesse o seu
voto e o da maioria, porque estaríamos seguros de que a nossa escolha
estaria sendo contemplada e se não fosse, porque então devêssemos
pensar que perderíamos!? Que o jogo político é perder ou ganhar...

Parece que se deve pensar que a democracia sim é um meio de


chegar sempre a uma resposta o mais rápido possível... seja ela o que for.
A evocação desta mão invisível como autora infalível de uma opção
aprimorada é mais uma questão de azeitar o mecanismo de uma
máquina que não poderia deixar de render os dividendos àqueles que
não admitem abrir espaço para qualquer deliberação no sentido de ouvir
novas lideranças, mesmo que o sistema esteja falido e os recursos
estejam escassos... Devemos esperar até que se esgotem!? Até mesmo
os mais elementares como a água que bebemos e o ar que respiramos,
por não terem sido ainda propriedade de um ente que o teria feito se
fossem raros como o ouro, ainda que não tenha muita utilidade... É esta a
lei da competição, da mão invisível, que nos faria automaticamente ter
preferência pelo melhor e assim fôssemos capazes de erguer uma
sociedade justa finalmente, com o mito da democracia!?

POLÍTICA DE LIDERANÇA
Os sistemas políticos foram se formando dentro de uma lógica
temporal, conforme o papel de liderança da aventura humana na terra foi
evoluindo, saindo do estágio inicial paternalista até os dias atuais que
culmina com a tentativa de representatividade do indivíduo que se
emancipa e se sintoniza com o mundo. Sabe que deveria ter voz ativa na
direção e desenvoltura nos termos cruciais que o mundo atual deverá
priorizar, para não conduzir sua raça ao extermínio.

Depois de tantos sistemas de representatividade terem sido


experimentados, em sintonia com os descobrimentos pertinentes de
cada época, fomos como que adquirindo a noção de que a teoria é algo
sempre didático, e como tal, simplista e estático, sem o real valor que
parecia ter na sua concepção temporal.

Além do que, por justamente ser didático e carregar na sua


essência a ambiguidade da dicotomia, abrir espaço predominante para a
burocracia e pretenso poder de coerção do estado, que seria fraco se
não exercitasse suas forças. E aos poucos se instalou indistintamente em
todo sistema, a precarização da preterida funcionalidade de liderança ao
passo em que os valores morais com sua racionalidade ganham
roupagens novas pela miscigenação e ninguém mais poderá usufruir de
autoridade e exercer o paternalismo carregado de populismo e apelos
morais agora conflitantes e sem sentido no âmbito da globalização
inevitável na diversidade cultural.

E estivéramos insistindo neste ou naquele sistema como se


estivessem cada qual dentro das suas peculiaridades locais, algo
intransponível porque criaram neste processo longínquo um quase que
arcabouço inquebrantável, uma armadura protecionista que parece não ter
mais mecanismos para assimilar a gravidade do momento e necessidade de
restabelecer um verdadeiro sistema de representatividade do indivíduo. Um
sistema que seja criado com as reais necessidades modernas de fluidez e
desburocratização, se tivermos a pretensão de sobrevivermos à extorsão dos
mecanismos obsoletos letais que sobrevieram como pretensa representação
desta individualidade, que já não comporta mais o domínio da manipulação
infligida através de meios de comunicação e marketing, excesso de poder,
que passam incólumes entre repercussões de lesão à humanidade, os quais
lhes deveria ser imputado de alguma forma, quando sabemos serem ativos
fomentadores do excesso de atividades nocivas à vida, ao ambiente.

O poder da comunicação é crucial e opera fora de parâmetros


regulamentados, desvinculados da efetiva representatividade deste
indivíduo, que apesar de ter se emancipado ao longo do tempo, das amarras
dos mitos e criminalizações, agora se vê refém do poder desproporcional das
idéias plantadas no defraudar do real papel de esclarecimento .

Mas como não temos como complicar ainda mais as coisas e torna-lo
juridicamente impedido, devidamente os meios de comunicação na sua gama
diversa, sabemos que no exercício desta individualidade e atual capacidade
de ele próprio procurar sua comunicabilidade, este indivíduo deverá ter cada
vez mais a noção da necessidade desta representatividade vir a ser cada vez
mais desvinculada do monopólio do poder instalado. Mas com suas idéias e
convivência local, estabelecer diuturnamente com a despretenciosidade de
seu relacionamento informal, o ambiente mais propício ao restabelecimento
de processos criativos coletivos e originais, quebrando lentamente a
sistemática criada por estes meios de propaganda e ordinarialização do
sistema biológico, do caráter diverso proeminente da vida.

Então não se pode mais transigir com qualquer sistema de


representatividade ou formas já experimentadas de governos atuais ou
passados, sem levar em conta os equívocos que têm potencializado com
gravidade o desequilíbrio no sistema vital biológico da criação. Precisando
levarmos em conta a desproporcionalidade da força letal destes mecanismos
de pretensa certificação, criados em circunstâncias de beligerância e
dominação.
Se a democracia tem sido o sistema que tem encontrado aceitação
das nações mais modernas atualmente, como se fosse algo híbrido que
carregasse a perspectiva de representatividade do indivíduo , a despeito das
mutações que sofre de acordo com peculiaridades até paradoxalmente
contrárias ao que a melhor inspira, que é a distribuição igualitária dos
recursos produzidos pela sociedade, há que se investigar então o que a torna
tão aceitável: se suas perspectivas supostamente infalíveis ou se sua
identidade pouco definida que acaba lhe atribuindo especificidades
manifestamente teórica?

O que é a democracia realmente? Um sistema de governo que tem


por prioridade negar espaço a possíveis aventureiros, com alusão à
distribuição igualitária dos bens produzidos pela nação fazendo com que a
população desfrute de um nível de vida superior!? E que parâmetros
poderiam evidenciar a procura na direção de atender aspirações que não
sejam uma forma de ordinarializar estas conquistas humanas para um
formato de identidade propriamente deliberada, à nortear melhores
condições de um ser que se tornou apenas vítima de manipulações do poder
ou obrigado a seguir a ditadura da maioria, sem apelação. E como tal, não
vislumbrará alternativa que vá de encontro ao sentido de real melhoria e
emancipação .

A democracia ainda é reflexo deste poder que emana do princípio


de condicionamento e fixação do homem, em busca de soluções, que como
reflexo deste paternalismo foi criando alternativas, que ainda não vislumbrou
devidamente esta busca como forma de redimensionar a situação no
contexto atual, que não mais aspira tal primário aspecto redundante de
formalismo e objeção do individualismo. Aspecto este que garantiu sempre
que a proteção fosse a forma mais apropriada de garantir a perpetuação
para uma continuidade do predomínio do ser humano sobre a existência.

Mas que a partir de determinado momento já não se pode negar


que as verdades momentâneas que justificaram a liderança de um poder
validado por uma crença de época não mais se legitima no que se revelou
exercício da força destrutiva de exploração, para dar continuidade ao que fora
justificável perante a efetiva formação do indivíduo e real força de liberdade
agora proveniente da superação de conceitos morais de época criados dentro
daquela realidade que não mais cabe dentro de conceitos dinâmicos.

Então a liderança objetiva a formação de uma cultura individualista,


necessário para discriminar e acessar o convívio dos diversos hábitos de
caráter, em prol da liberdade que não vá se auto-destruir em decorrência da
perplexidade que envida os passos anteriores ao auto-descobrimento, e por
isso o teor dicotômico amparado pelos valores morais que permearam a
sociedade até então, em decorrência da precaução e suposição de
consequências levadas ao extremo, por não se ter ainda o exercício da
intuição no controle coletivo da vontade própria.

CONCLUSÃO

Finalmente teremos que reconsiderar este doutrinamento pro


democrático. Haveremos de ponderar esta automação, para qual tal
afinidade devesse ser parcialmente ministrada para não se converter em
mito, a construção de uma ideologia vaga que prima por se autoproclamar
justa, por ser o eco da maioria.

Mas não há nada que a priori seja primordial tal que a


assertividade da maioria seja a certificação da verdade, senão apenas a
ponderação razoável de que a maioria venha ou possa escolher o caminho
pelo consenso que representa, mas que não seja verdadeiro por isso, ou se
tem antes , na incongruência no tocante á liderança que deveria ser
confiável, mas se outorgou mecanismos que a tornasse congruente com a
premissa da maioria, através da automação de pleitos eleitorais como
tradução inequívoca de representatividade... Sabemos que isto não acontece
perante as questões deliberadas, pela falta de significância em si mesmo, com
relação aos anseios de uma sociedade plural, e que as questões são mais
abrangentes e não deveriam se justificar plenamente no fato da necessidade
de haver um governo que possa defender o cidadão preventivamente do
abuso de uma sociedade sem leis.

Ou não seria factível o convívio real sem este mecanismo fictício da


política de representatividade? A governança do espaço sem a polarização
por liderança.

Talvez não saibamos como se daria esta convivência ou esta


sociedade sem lei, mas provavelmente falhamos ao desconsiderar que os
princípios de convívio já são universalmente conhecidos e reforça-los com
mais leis e burocracia, trará antes depreciáveis conflitos por falsas crenças
regionais ao invés de termos a ciência de que o período de doutrinamento já
é contraproducente e reforça nacionalismos ultrapassados.

Será que a política de defesa de preceitos morais e nacionalistas não


ficou anacrônica com os dispositivos avançados de comunicação que temos
hoje á nossa disposição, para nos assentirmos de modo integral dos caminhos
que estarão se despontando perante as oportunidades advindas da liberação
efetiva de tais dogmas !?

Então se concebe a democracia como forma ideal de governo, não


porque ela pudesse representar o desejo geral da sociedade, porque isto não
passou de um mito até então, e a sociedade não tem a menor noção do que
seria viável no presente e no futuro, mas apenas a noção básica para se
contornar as maiores distorções do sistema vigente. E então estaríamos
apenas correndo atrás de prejuízos, longe de fazer projeções acertadas para
um futuro promissor!?
E isso se deve particularmente à falta de compreensão de como se
poderia alcançar formas deliberativas de anseios sociais comuns, porque a
democracia chega a tratar as questões com tamanha superficialidade que o
resultado dilapida mais e mais os recursos naturais disponíveis, como se não
houvesse mecanismo para equilibrar a produção de bens de consumo. E o
lucro nem chega ao menos a ser considerado suspeito de defraudar e
exaurir impiedosamente os recursos coletivos em benefício apenas de
propriedade individual, como se retratasse o anseio coletivo numa
sistemática audaciosa de representatividade de uma maioria supostamente
vinculada aos dispositivos pretensamente infalíveis, ao tratar-se no âmbito de
uma suposta legalidade inquestionável, o que se tornou arcabouço inviolável
do autoritarismo burocrático.

É preciso ter coragem e lucidez para diagnosticar as lideranças


representativas, no anseio de corresponder a um retroconceito de ação,
questionável por tanger teoricamente apenas o que se convencionou por
efetividade do sistema democrático, ao carecer de definição e não poder
continuar sendo a mistificação da solução de todos os males.

Se a sociedade não podia se organizar no advento da


industrialização produtiva, o que se estruturou foram ecos defasados, para
minimamente distorcer as pretensões de domínio que lastreava , através do
fortalecimento do comércio, o caminho que se despontava como acerto
imponderável no entusiasmo daquele advento de progresso altamente
manipulado e pioneiro, que lançou suas premissas, nunca verdadeiramente
revistas a posteriori com o fim moderador daquelas distorções momentâneas
de domínio e poder.

É isto que tem de ser feito. Não podemos mais viver a reboque de
decisões tomadas em instâncias desconhecidas, que se autodenominam
tutoras do bem social. A liberdade é o único bem verdadeiramente
circunstancial e definitivo. Nada nem ninguém poderá nega-lo calcado em
iniciativas que poderiam por qualquer obstáculo a essa simples configuração
do bem social por excelência. Não faz sentido reivindicar qualquer outra coisa
que não passasse primeiro pela efetividade desta premissa natural de
existência. Não há, na verdade, a possibilidade de negar que aí se evidencia
plenamente a objetividade da existência na particularidade do bem intocável
que nos é primariamente assentido, quando começamos perceber as opções
da existência, e de maneira subjetiva percebemos que somos livres, cada qual
com sua percepção.

Qualquer violência que contra esta eventualidade pudesse ocorrer,


se por qualquer disfunção genuína, nos parecesse demais usufruir do que é
unanimemente factível com o homem de sensibilidade normal. Nos
trouxesse embaraço o fato de sermos naturalmente capazes, sem nenhum
mérito especial nos estar sendo atribuído, tal apanágio de cidadãos
usurpadores da idoneidade de um sistema existencial infalível na sua
integralidade, e sem qualquer viés de compatibilidade com a ciência do bem
categorizado, nos meandros advindos deste progresso disponível apenas
como via única da universalidade.

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