Você está na página 1de 24

Anthony MacPhersonl

A interpretação da "marca da besta" (Ap 13:16; 14:9) tem se constituído


um difícil desafio para os comentaristas.' De acordo com algumas das mais
populares interpretações futuristas, João teria previsto uma sociedade em
que chips de computador seriam literalmente colocados na mão direita ou na
testa das pessoas. Essa abordagem excessivamente literal atrai poucos erudi-
tos. Muitos comentários se limitam a apresentar um panorama de diferentes
sugestões sobre a marca da besta sem necessariamente afirmar alguma delas;
em vez disso, oferecem interpretações bastante espiritualizadas (HUGHES,
1990, p. 153; BORING, 1989, p. 161-164 e WALL, 1991, p. 173). Contudo, o
Apocalipse sugere que a marca é concreta e reconhecível. Ela é imposta sobre
os habitantes do mundo; os indivíduos podem rapidamente identificá-la e,
consequentemente, aceita-la ou rejeitá-la; a atitude pessoal diante dessa im-
posição implica em vida ou morte.

O preterismo e a marca da besta


Os intérpretes preteristas buscam o cumprimento do Apocalipse em
eventos históricos ocorridos no primeiro e no segundo século d.C. Essas ten-
tativas têm se demonstrado mal sucedidas. Edwin A. Judge (1991, p. 158-160,
grifo nosso) ilustra o esforço preterista de se encontrar respostas históricas e

' Pastor cia Igreja Adventista do Sétimo Dia em Melbourne, Austrália.


Publicado originalmente como The Mark of the Beast as a Stgn Commandment' and Anti-
-Sabbath' in the Worship Crisis of Revelation 12-14 (MACPHERSON, 2005, p. 267-283). Tra-
duzido do original em inglês por Matheus Cardoso.
Doutrina do Sábado

exegeticamente satisfatórias para Apocalipse 13. Depois de pesquisar a respei-


to do Império Romano em busca de alguma prática potencial que possa ser
identificada como a marca da besta, ele chega à seguinte conclusão: "Podemos
imaginar, então, pessoas entrando no mercado de Éfeso havendo primeira-
mente oferecido seu sacrifício e, a seguir, recebendo uma marca de tinta no
- pulso ou na fronte, assim como em Ezequiel 9:2-6." Essa declaração é seguida
pelo reconhecimento de que "não há evidência de que esse teste tenha sido
aplicado naquele tempo". Porém, o autor prossegue insistindo que existe "in-
formação suficiente sobre práticas comparáveis as quais permitem dizer que
isso pode ter encontrado eco na mente dos que ouviam o Apocalipse".
A honestidade e as tentativas de Judge são notáveis, mas o problema é
perceptível, e não se limita a admitir falta de evidência para tal reconstrução.
O cenário apresentado por Judge simplesmente não se parece com Apocalip-
se 13, quer tomado literalmente ou simbolicamente. Uma obscura proibição
sobre o mercado de Éfeso não faz jus à crise que envolve "toda tribo, povo,
língua e nação" (Ap 13:7), em que o mundo inteiro adora a besta e aqueles
que se recusam a fazê-lo são mortos (v. 12, 16).
Essa crise de adoração' é seguida pelas sete últimas pragas, algumas
36 das quais são dirigidas especificamente contra aqueles que possuem a
marca (ver Ap 16:2, 10, 11). As pragas contêm a completa e não mis-
turada ira de Deus (Ap 14:10; 15:1). Os que trazem a marca da besta
são descritos como os oponentes finais de Deus (Ap 15:2; 16:2; 19:20).
Ainda que admitida a possibilidade de uma hipérbole profética/poética,
essa interpretação preterista desconhece o enfoque universal e cósmico
da passagem e, no caso das pragas, sua orientação futura.' Proibições de
participação no mercado de Éfeso carecem de fundamento histórico e
subestimam dramaticamente o texto bíblico.'

Para uma rápida consideração a respeito do sábado e a "crise da adoração", veja o artigo de
Jon Paulien nesta edição (p. 28-29).
4 Na mente de João e de seus leitores, essa universalidade pode ou não ser equivalente à

perspectiva mundial de um leitor moderno. Porém, o texto parece se . referir, no mínimo, ao


Império Romano ou a todo o mundo mediterrâneo, e não meramente a Éfeso ou à Ásia Menor.
Essa é uma conclusão razoável, mesmo de uma perspectiva preterista.
George E. Ladd (1972, p. 185, 186) afirma que nenhuma prática do primeiro século cum-
pre o texto bíblico: "Desconhecemos alguma prática antiga que proveja um adequado ante-
cedente para se explicar a marca da besta em termos históricos. E...1 A marca da besta possui
tanto propósitos religiosos como econômicos. Novamente não temos qualquer situação histó-
rica associada com a adoração imperial que ilustra essa profecia:'
O sábado e a marca da besta

As características explícitas mencionadas acima não são tomadas


literalmente pelos eruditos preteristas, mas outras características que
naturalmente podem ser consideradas simbólicas são entendidas lite-
ralmente, de forma que lembra as abordagens populares mencionadas
acima. A marca torna-se uma marca literal e visível na mão, o poder da
segunda besta de fazer descer fogo do céu é entendido literalmente (Ap
13:13) e se sugere que o ato de ser dado poder de falar à "imagem da
besta" trata-se de "ventriloquia" (ver Ap 13:15) (JUDGE, 1991, p. 158-
160).6 É difícil enxergar como essas leituras altamente literalistas corres-
pondam aos eventos apocalípticos que enganam as nações, sejam uma
ameaça ao povo de Deus e estejam expressas pela linguagem extremada
e pelo simbolismo do Apocalipse.
O presente artigo defende uma compreensão não literal e não física
da marca da besta, ou seja, ela não equivale a marcas visíveis nem chips
de computador. Ao mesmo tempo, é sugerido que a marca possui uma ex-
pressão bastante concreta e tangível. Ela não deve ser restrita a uma ima-
gem simbólica que carece de qualquer referencial concreto nem deve ser
entendida em termos meramente espirituais. O artigo argumenta que os
mandamentos do Decálogo são a questão central na controvérsia sobre a 37
marca da besta. 7 Também argumenta que a marca da besta equivale ao que
denominaremos de "mandamento-sinal" e, mais especificamente, é uma
paródia do sábado a qual chamaremos de "antissábado". Essa compreensão
baseia-se numa investigação dos antecedentes do Antigo Testamento para
a marca da besta e em seu relacionamento com a evidência textual, temá- •
tica e estrutural de Apocalipse 12-15. 8

6 Judge menciona o artigo de S. J. Scherrer (1984, p. 599-610); e S. R. F. Price (1984, p. 191-206).


7 A rebelião contra os mandamentos de Deus e a intensificação da iniquidade/ilegalidade
(transgressão da lei) são ternas comuns na escatologia bíblica. Tanto Paulo como Jesus des-
tacam o aumento da ilegalidade (atitude contraria à lei) como uma marca dos últimos dias
(Mt 24:12; 2Tirt 3:1-5). O "chifre pequeno" de Daniel é notável por seu ataque aos "tempos" e
à "lei" de Deus (Dn 7:25). Por exemplo, G. K. Beale (1984, p. 247) demonstra que a besta de
Apocalipse 13 é modelada segundo Daniel 7. Paulo descreve o anticristo em termos extraídos
de Daniel 7, 8 e 11. O anticristo, "o homem da iniquidade" (2Ts 2:3) ou o "iníquo" (v. 8) se
oporá e se levantará "contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto" (v. 4). O iníquo (ou
transgressor da lei) de Paulo, como a besta do Apocalipse, é promovido por meio de milagres,
sinais e maravilhas e é finalmente destruído pelo esplendor do retorno de Cristo (v. 8).
para um estudo sobre os princípios de interpretação do Apocalipse, veja o artigo de Jon
Paulien nesta edição e outros do mesmo autor (PAULIEN, 1988a; 1997; 1998; 2004).
• Doutrina do Sábado

Antecedentes do Antigo Testamento


para .a marca da besta
A linguagem utilizada no Apocalipse, inclusive a que descreve a marca
da besta, está mais enraizada no Antigo Testamento que nas condições do pri-
meiro século O reconhecimento desse fato permite que a exegese do texto, em
vez de reconstruções históricas questionáveis, seja o guia controlador da inter-
pretação. João utiliza uma imagem ou simbolismo do Antigo Testamento que
pode ser denominada "mandamentos-sinais". No Antigo Testamento, diversos
mandamentos são designados "sinais". Eles incluem a circuncisão (Gn 17:11); a
Festa dos Pães Levedados e a lei da primogenitura -- ambas as quais são sinais
sobre a mão e a fronte (Êx 13:9, 16); e o sábado (Êx 3113, 17; Ez 20:12, 20).
Essas são práticas e mandamentos específicos dados por Deus identifi-
cados como "sinais". Em passagens correlatas em Deuteronõinio, existe uma
mudança de foco. Em vez de mandamentos individuais específicos como si-
nais, vemos que a guarda das normas de Deus (em obediência ao grande
mandamento de amar a Deus [Dt 6:4; 1012, 111, 13, 22]) e um sinal na mão
e na fronte (Dt 6:8; 1118-21). Esses textos mostram o compromisso ativo do
38 povo em guardar os mandamentos como um sinal sobre suas mãos e fronte.
O contexto, entretanto, não é meramente uma atenta guarda dos mandamen-
tos em geral, mas a lealdade exclusiva do povo ao único Deus verdadeiro.
Deuteronômio 4-14 enfatiza a necessidade de obediência exclusiva a Yahweh.
Existe um foco especial no Decálogo (Dt 5; 10:1-11) e o mandamento de
evitar outros deuses (Dt 6:13; 7:1-6, 25).
Um exame das passagens de Gênesis e Exodo revela que mandamen-
tos-sinais especificados compartilham diversas características. Em primeiro
lugar, mandamentos-sinais se preocupam com lembrar-se. Eles comemoram
uma experiência com Deus e recordam às pessoas sobre esse evento ao serem
observados. A Festa dos Pães Levedados é descrita como um "memorial" so-
bre a fronte e lembra o livramento do Êxodo (Êx 13:9). Além disso, manda-
mentos-sinais são sinais ou símbolos identificadores de uma relação especial
entre Deus e a pessoa. Eles constituem um "sinal de aliança entre mim e vós"
(Gn 17:11); "entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque, em
seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou
alento" (Êx 31:17); um "sinal" de que "com mão forte o Senhor te tirou do
Egito" (Êx 13:9). Os sinais cumprem a importante função de identificar exte-
riormente quem é o Deus adorado e quem são os adoradores.
O sábado e a marca da besta

Em terceiro lugar, mandamentos-sinais possuem• natureza cerimonial


ou ritual. Diferentemente de alguns mandamentos "morais", que apenas proí-
bem uma ação (por exemplo: "Não furtarás"), mandamentos-sinais implicam
alguma ação ritualizada de obediência e adoração A pessoa guarda o manda-
mento ao realizar algum ata Isso, em particular, permite que eles funcionem
como sinais que podem ser vistos. Os textos sobre mandamentos-sinais em
Deuteronômio 6 e 11 também tratam de lembrar-se de Deus, identificar a
relação entre Yahweh e seu povo como excluindo outros deuses, e o desem-
penho ativo de leis especificas relacionadas com Yahweh e não meramente a
proibição de conduta imoral. Então, como Deus põe sinais sobre as mãos e
fronte de seu povo? A resposta não seria alegar que Deus marca as pessoas de
maneira física ou literal, mas que Ele concede a seu povo um mandamento
religioso ou prática de adoração para ser obedecidos.
Esse breve panorama ajuda a compreender de que forma o sábado fun-
ciona como um mandamento-sinal de toda a aliança (Ex 31:12, 17). Primei-
ro, em Êxodo 20:8-11, o sábado está relacionado a lembrar-se do ato divino
da Criação. Segundo, o sábado identifica o Deus dos israelitas como Yahweh,
o Criador, e o povo como adorador desse Deus criador universal. Terceiro,
o sábado inclui um elemento "ritualizado" que envolve separar o sétimo dia
como um santo dia de descanso para Deus .9 A declaração do sábado como 39
um sinal foi a Ultima coisa dita por Deus a Moisés antes de entregar-lhe o
Decálogo (Ex 31:17, 18) e a primeira após dar-lhe uma nova cópia do Decá-
logo (Ex 35:1-3). O sábado é o mandamento-sinal da aliança e apropriada-
mente está situado no centro do Decálogo.

A marca da besta como mandamento-sinal


A marca da besta revela diversas similaridades com um mandamen-
to-sinal. Primeiro, a marca explicitamente utiliza a imagem da localização
de mãos e fronte (Ap 13:16). 1 ° Segundo, como acontece com os manda-
mentos-sinais, a marca da besta identifica quem a possui e guarda como
estando numa relação de obediência à besta. Esse sentido de identifica-
ção é de grande importância no Apocalipse, porque quem é identificado

Isso não equivale a dizer que o sábado é uma lei "cerimonial", como na distinção tradicio-
nal entre lei moral e cerimonial. Esse artificio teológico não deve ser imposto ao Decálogo.
10 A marca da besta não parece "lembrar" ou comemorar algo realizado pela besta, embora
ela recorde aos que a possuem onde está a lealdade deles. ,
Doutrina do Sábado

é também protegido." Os que são marcados pela besta e a adoram não


enfrentarão seu boicote econômico nem a ameaça de morte (Ap 13:15-17).
De forma paralela, os que são selados por Deus serão preservados da ira
de Deus (Ap 7:1-3; 9:4)." Terceiro, exatamente como a essência de um si-
nal do Antigo Testamento incluía obediência envolvendo um elemento ce-
rimonial, assim a marca parece ser um mandamento que envolve partici-
pação em alguma forma de adoração ritualizada. A marca é sempre ligada
• à adoração da besta e sua imagem, e é o sinal dessa própria adoração (Ap
13:12-16; 14:9-11). Assim, a besta marca as pessoas na fronte e na mão da
mesma forma que Deus faz no Antigo Testamento, ao dar ou impor uma
• prática de adoração ou mandamento.
•As visões de Apocalipse 12-15 fornecem o contexto para a marca da
besta e contêm três linhas de evidência que apoiam a identificação da marca
como um mandamento-sinal. Esses capítulos também limitam o foco sobre
os mandamentos à primeira tábua do Decálogo e ao sábado em particular.
Esse é um sólido fundamento para a identificação da marca como uma
paródia do sábado. A primeira linha de evidência se refere ao significado
das cenas celestiais de Apocalipse 11:19 e 15:1-8, que forma os limites da
40 visão que apresenta a marca. A segunda linha de evidência é a linguagem
relativa aos "mandamentos de Deus" nos capítulos 12 e 14. A terceira linha
de evidência envolve discernir dois padrões dentro dos capítulos 12 e 13
que reforçam adicionalmente o foco nos Dez Mandamentos e especificam
esse foco no mandamento-sinal do sábado.

" A marca da besta e o selo de Deus identificam com o objetivo de proteger, da mesma forma
que o sinal de sangue da Páscoa protegeu os israelitas (Ex 12:7, 13-14). Existem paralelos entre os
mandamentos-sinais e o sinal de sangue da Páscoa. O sangue da Páscoa era colocado ritualmen-
te nas ombreiras e nas vergas da porta. Em Deuteronômio, os mandamentos deviam ser ritual-
mente colocados não apenas na mão e na fronte, mas também nas ombreiras e nas vergas. O ato
de' colocar sangue da Páscoa nas ombreiras protegia das pragas o povo. No Apocalipse, aqueles
que.resistem à marca da besta e recebem o selo de Deus são protegidos das sete últimas pragas.
12 O Apocalipse também utiliza a imagem da visão de Ezequiel sobre o anjo que põe uma mar-
ca na fronte dos que suspiram e gemem pelas abominações (Ez 8-9) As piores abominações
são descritas em Ezequiel 8, todas relacionadas com falsa adoração e idolatria. Os que guar-
dam os mandamentos recebem a marca protetora de Deus, ao passo que os idólatras sofrem o
juizo divino. O foco na guarda dos mandamentos, especialmente os relacionados à adoração,
é a questão tratada neste artigo. No Apocalipse, a imagem e teologia do Antigo Testamento
sobre os mandamentos-sinais, o sinal da Páscoa e a marca de Ezequiel 9 são unidos para criar
uma figura composta (a marca da besta) como uma marca identificadora e protetora sobre os
que adoram e obedecem ao poder da besta.
O sábado e a marca da besta

Os Dez Mandamentos e as cenas


limítrofes de Apocalipse 12-15
Kenneth A. Strand (1992, p. 35-72), em seu estudo sobre a estrutura
do Apocalipse, demonstra que cada nova seção da visão é introduzida pelo
que ele denomina "cenas introdutórias de vitória"» Essas cenas baseiam-se
na imagem do santuário. Características dessas cenas introdutórias de vitó-
ria reaparecem nas visões que seguem e enfatizam seu foco particular. Por
exemplo, as características que descrevem Jesus no primeiro capítulo de
Apocalipse reaparecem ao longo das subsequentes cartas às igrejas, influen-
ciando tanto a estrutura corno o conteúdo. Outro exemplo é a visão das
trombetas, que é introduzida por um anjo ministrando "no céu" no altar,
"diante do trono" (Ap 8:1, 3) e que atira para a Terra um incensário cheio
de incenso e fogo (Ap 8:5). Consequentemente, as trombetas mencionam
diversos elementos atirados à Terra (Ap 8:7, 8, 10) e repetidas menções ao
altar (v. 3, 5). Essas cenas introdutórias também servem como camadas ou
limites introdutórios entre as visões. Jon Paulien sustenta que essas cama-
das estruturais ou limítrofes são duodirecionais ou seja, concluem uma

unidade visionária e introduzem outra (PAULIEN, 1988b). 41


A visão do conffito entre Cristo e o dragão em Apocalipse 12-15 está
localizada entre duas claras unidades estruturais do Apocalipse: as sete trom-
betas (Ap 8-11) e as sete pragas (Ap 15-16) (SHEA; CHRISTIAN, 2000, p.
269-292). 14 Os elementos que proveem transições e limites entre as trombetas,
a visão dos capítulos 12-15 e a sete últimas pragas são as cenas celestiais ou ca-
madas estruturais de 11:15-19 e 15:1-8. Tanto Paulien como J. Michael Ramsay
identificam 11:15-19 como uma camada estrutural duodirecional em que as
trombetas encontram seu clímax mas que também provê um sumário orde-
nado dos capítulos 12-22» A evidência apresentada por Paulien (1988, p. 1-2)

is As cenas introdutórias de vitória, propostas por Strand, são 1:10-20; 4-5; 8:2-6; 11:19; 15:1-
16:1; 16:18-17:3a; 19:1-10; 21:5-11a (p. 40-46). Eu discordaria de Strand em seu uso de 16:18.
14 Shea e Christian seguem a estrutura de Jon Paulien (1997), que sugere a seguinte estru-

tura: as sete igrejas (1:9 3:22); os sete selos (4:1 — 8:1); as sete trombetas (8:2 — 11:18);
a crise final (11:19 —15:4); as sete taças (15:5 — 18:24); o milênio (19:1 — 20:15); e a
nova Jerusalém (21:1 — 22:5). O crucial para este artigo não é uma estrutura precisa em
particular, mas a relação entre as cenas celestiais duodirecionais de 11:19 e 15:1-8 e o con-
teúdo da visão localizada entre essas cenas.
is Ver Paulien (1988, p. 1-2). As "nações iradas" estão em paralelo com a ira do dragão
contra a mulher (12:17); "veio a ira de Deus" é elaborado na ira das pragas (14:10; 15:1); "o
Doutrina do Sábado

demonstra que essa duodirecionalidade é especialmente verdadeira em 11:18.


Isso não pode ser dito diretamente sobre 1119. Esse versículo está focalizado
de forma mais limitada como a cena introdutória dos capítulos 12-15, 16
O nexo estrutural de 15:1-8 também é bidirecional, tendo o versículo
5 como pivô.' No versículo 1, são apresentados os anjos das pragas, as quais
atuarão no capítulo 16; e nos versículos 3 e 4, vemos os santos que, nos ca-
pítulos anteriores, triunfaram sobre a besta, sua imagem e sua marca. Apo-
calipse 11:5-8 relembra a visão do lugar santíssimo em 11:19, que menciona
a abertura do "tabernáculo do testemunho, que se acha no Céu", e também
descreve a preparação dos anjos para derramarem as sete últimas pragas.
William Shea e Ed Christian (2000, p. 273) notam que as cenas celestiais de
1119 e 15:5-8 formam uma moldura ao redor dos capítulos 12-14. Os dois
textos se localizam no lugar santíssimo e incluem manifestações da glória de
Deus que lembram a entrega da lei no monte Sinai .'s
Apocalipse 1119 e 15:5 enfatiza a arca da aliança e a tenda celestial do tes-
temunho, o que são alusões repetidas e fortes ao Decálogo. Portanto, deve-se
esperar que esses capítulos, seguindo o padrão de outras cenas introdutórias,
influenciem e moldem o conteúdo da visão em alguma medida 19 J. Massyng-
42
tempo de serem julgados os mortos" é cumprido no julgamento de 20:11-15; "o tempo do
galardão" está em paralelo com 22:12. J. Ramsey Michaels (1997, p. 146-147) declara: "A
repetição das palavras 'aparece' e 'no céu' indica a continuidade entre a auton -evelação de
Deus no templo e a revelação de conflito e vitória nos próximos quatro ou cinco capítulos (ver
15:5). Nesse sentido, a sétima trombeta indica o fim de uma seção, ao mesmo tempo em que
abrange todo o restante do Apocalipse e anuncia a aproximação do rim da história."
1 ' David Anne (1997, p. 661) entende que Apocalipse 1119 é tanto a introdução de 12:1-17

como a conclusão de 1115-18. Ver também Elckehardt IVIüeller (1998, p. 260-277). Milefler (1998,
p. 175), demonstra que 1119 funciona como a cena introdutória celestial dos capítulos 12-14, as-
sim como os capítulos 4 e 5 o fazem em relação aos selos e 8:2-6, em relação às trombetas Apoca-
lipse 1119 é claramente parte do capitulo 12, visto que compartilha expressões de fórmulas-chave
que aparecem somente nesses capítulos; por exemplo, 1119 (grego); 12:1 (grego), 123 (grego).
17 Michael Willcock (1975, p. 110-116) delineia a quarta visão como 1119 — 154. Wilcock

(1975, p. 112) argumenta que uma abertura no céu indica uma nova visão: "Portanto, há qua-
tro textos [4:1; 1119; 15:5; 19:11) em que aberturas desse tipo marcam o início de novas cenas."
Uma abertura no céu parece indicar que começa uma nova visão; entretanto, não devemos
tornar o corte entre as visões tão abrupto e preciso que nos esqueçamos da natureza bidirecio-
nal dos limites entre as visões. Então, 15:5 é parte de 15:1-8, que remete aos capítulos 12-14,
enquanto intencionalmente recorda 11:19, bem corno avança rumo ao capítulo 16.
" A respeito do fluxo da visão completa, G. K Beale (1999, p. 801-802) observa que a mi-
sericórdia divina está disponível em 1119 porque o templo ainda está acessível, mas ela se
torna inacessível em 15:8 devido à fumaça, e o templo se torna um lugar de execução de juízo.
19 Creio que o significado da visão da arca em 11:19 inclui, mas definitivamente se estende
O sábado e a marca da besta

baerde Ford argumenta que a visão da arca, que representa a ordem celestial de
Deus, está relacionada à guerra entre Deus e as bestas. Ela afirma

Com 11:15, 19, o primeiro segmento (capítulos 4-11) do Apoca-
lipse se encerra com uma epifania, uma visão da ordem celestial.
Tal desfecho é apropriado, visto que o segundo segmento (capítulos
12-20) será orientado para a Terra. A arca celestial de guerra (1119)
é um prelúdio apropriado para a Guerra Santa contra a besta da ter-
ra que será apresentada no segundo segmento (FORD, 1975, p. 182).

Porém, Ford (1975) não desenvolve totalmente essa compreensão. O


Apocalipse salienta a "arca da Aliança" (11:19) e o "tabernáculo do Testemu-
nho" (15:5) em relação à guerra do dragão a esses mandamentos. A arca da
aliança contém o Decálogo, e essa aliança é o conjunto particular de manda-
mentos que esião em discussão no conflito sobre a marca da besta
Além do foco no Decálogo nas cenas celestiais que circundam a visão, exis-
te, no centro desses capítulos, uma descrição paralela dos santos como os que
"guardam os mandamentos de Deus" (12:17; 14:12). Portanto, o oposto de receber
a marca da besta é guardar os mandamentos de Deus. Klaus Bockmuehl conclui 43
que "o livro do Apocalipse descreve a guarda dos mandamentos como uma mar-
ca escatológica da igreja de Cristo" (BOCKMUEHL, 1982, p. 98). Em Apocalipse
12:17, a descrição introduz e identifica as características dos que se opõem ao
dragão na batalha que se segue. Em 14:12, a descrição se refere ao mesmo grupo,
que firmemente se recusa a receber a marca da besta As cenas visionárias (A, A')
e a descrição dos santos como guardadores dos mandamentos (F, F') formam pa-
res equilibrados na seguinte estrutura quiástica elaborada por Shea (2000, p. 217):

A 11:19 Arca da aliança: cena do santuário e os mandamentos -


B 12:1, 2 O primeiro grande sinal: a mulher pura
C 12:3, 4a O segundo grande sinal: o grande dragão
D 12:4b-5 O filho varão: a primeira vinda de Cristo
E 12:10-12 A voz do céu: bênção no céu, mas maldição na Terra
F 12:17 Guardam os mandamentos de Deus e o teste-
munho de Jesus

além de um símbolo do amor constante de Deus, o ato de lembrar-se de seu povo ou, como
afirma Robert H. Mounce (1977, p. 228), "o símbolo da fidelidade de Deus ao cumprir suas pro-
messas. A repetição essencial do foco em 15:5 sugere a presença de algo muito mais concreta
Doutrina do Sábado

G 13:1-18 A besta do mar e a besta da terra


H 14:1-5 O Cordeiro e os 144 mil no monte Sião
G' 14:6-11 As mensagens dos três anjos
F' 14:12 Guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus
E' 14:13 A voz do céu: dupla bênção sobre a Terra
D' 14:14-20 O Filho do homem: a segunda vinda de Cristo
C' 15:1 O terceiro grande sinal: as 7 pragas
B' 15:2-4 O remanescente da semente da mulher no céu
A' 15:5-8 O santuário do tabernáculo do Testemunho: cena do santu-
ário e os mandamentos

Em resumo, as cenas celestiais de 11:19 e 15:5 formam um inclusio ao


redor dos capítulos 12-14 que salienta o Decálogo como conjunto particular
de mandamentos em discussão no conflito sobre a marca da besta.

Identificação dos mandamentos de Deus


A forte evidência indica que esses mandamentos devem ser igualados ao
44 Decálogo." David Aune é um dos poucos comentaristas que explora em de-
talhes o significado dos "mandamentos de Deus" em 12:17 e 14:12. Depois de
apresentar um panorama do Novo Testamento, Aune (1997, p. 710-712) con-
clui que, "para os primeiros autores cristãos, a parte central da lei era a segun-
da tábua do Decálogo (ou seja, os mandamentos éticos) e o mandamento do
amor". Ele aplica a mesma conclusão a 12:17 e 14:12» Porém, há deficiências
nessa interpretação. De acordo com ela, o Apocalipse, no meio de uma crise
de vida ou morte sobre adoração, imprevisivelmente ressalta não a fidelidade
e prática de adoração, mas a natureza amável e ética dos santos.
Ninguém argumentaria que os santos desonram pai e mãe, matam ou
cometem adultério, mas isso dificilmente os distingue no contexto dos capí-
tulos 12-14. A questão especial nesses capítulos é a adoração correta. O que
se destaca nessa notória crise religiosa é a correta adoração a Deus (a preo-
cupação central da primeira tábua do Decálogo), e não a segunda tábua (que

" Reale (1999, p. 766) observa que 'mandamentos de Deus' é uma referência holística à
revelação objetiva da antiga e nova alianças, à qual o fiel permanece leal". O Decálogo está
incluído nessa compreensão, mas não é ressaltado.
2 ' Aune (1997, p. 711-712) declara: "É nesse contexto que 'guardam os mandamentos de

Deus' em Apocalipse 12:17 e 14:12 deve ser considerado como referindo-se aos requeri-
mentos éticos da Torá."
O sábado e a marca da besta

focaliza a conduta correta diante de outras pessoas). Durante a perseguição,


o que está primariamente em jogo é a questão vertical de "amor a Deus" mais
do que a questão horizontal de "amor ao próximo".
A adoração correta emerge constantemente como um tema central do
Apocalipse, especialmente nos capítulos 12-14. A palavra "adoração" aparece
15 vezes no Apocalipse (3:9; 4:10; 9:20; 11:1; 13:8, 12, 15; 14:7,9, 11; 15:4; 19:10
[duas vezes]; 22:8, 9), ao passo que a palavra "adoraram" aparece nove vezes
(5:14; 7:11; 11:16; 13:4 [duas vezes]; 16:2; 19:4, 20; 20:4). Das 24 vezes em que
aparecem as palavras "adoração" e "adoraram", dez ocorrências estão diretamen-
te relacionadas à adoração ao dragão, à besta ou à imagem da besta. R. J. Bau-
cicham (1981, p. 332-341) demonstra que o grande tema do Apocalipse é a dis-
tinção entre a verdadeira e a falsa adoração. Jon Paulien (em artigo neste livro)
afirma: 'A questão na crise final da história da Terra é claramente a adoração."
Aparentemente, a ênfase de Atine na distinção entre leis morais e ceri-
moniais o leva a restringir os mandamentos a elementos éticos, sem possi-
bilidades cerimoniais, embora ele esteja consciente de que, em geral, as leis
cerimoniais é que são atacadas em tempos de perseguição. Ele afirma que:

a frase terem n tas entolas, 'guardam os mandamentos', certamente 45


está relacionada à obediência da Terá (entendida primariamente
em sentido ético), um importante tema constituinte nas narrativas
sobre martírio judaico (nas quais a ênfase, entretanto, está particu-
larmente nos aspectos cerimoniais da Tora, tais como a circuncisão,
leis alimentares e a observância do sábado) (AUNE, 1997, p. 837).22

Em realidade, esse sentido ético restritivo é secundário, e o sentido re-


ligioso ou de adoração, aqui referido como "cerimonial", é primário. Judeus
eram martirizados por causa de leis cerimoniais ou sobre adoração precisa-
mente porque essas expressões religiosas de fé os distinguem como seguido-
res de Yahweh, acima de e contra todas as demandas religiosas ou políticas.
Os mandamentos éticos (por exemplo, não matar, não furtar, não cobiçar)
não são a questão primária durante uma perseguição.
22
Ver também a discussão nas páginas 710-712 do livro de Atine. O uso da divisão ética/
cerimonial da lei deve ser deixada de lado na interpretação do Apocalipse. Narrativas sobre
martírio judaico mencionam as chamadas características "cerimoniais" porque estão preocu-
padas com a verdadeira versus a falsa adoração. Uma compreensão delimitada ou focalizada
exclusivamente nos mandamentos "éticos" ou "de amor" falha em observar as fortes alusões à
primeira tábua do Decálogo em Apocalipse 13.
• Doutrina do Sábado

De maneira semelhante, os santos no Apocalipse não são perseguidos por-


que são éticos em relação aos outros, mas porque mantêm a fé de Jesus e guar-
dam os mandamentos de Deus. Ou seja, sua relação "ética' .' com Deus os iden-
tifica como objetos de perseguição David Peterson (1988, p. 167-177) declara:

Por outro lado, embora não seja chamada de adoração como tal,
existe uma clara alternativa à adoração à besta. Em 14:12, após
a descrição do juizo de Deus contra todos os idólatras, João con-
voca a paciente perseverança da parte dos santos, que obedecem
os mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus (ver 13:10).

Violação da primeira tábua do


Decálogo em Apocalipse 13
Com base em características estruturais e contextuais, notamos a for-
te evidência de que o Decálogo é a questão central em Apocalipse 12-14.
Veremos se a atividade de rebelião da besta viola direta ou indiretamente
46 mandamentos específicos do Decálogo. De fato, comentaristas têm notado
alusões à primeira tábua do Decálogo na atividade da besta. Aune (1997, p.
744) afirma que "blasfemar de Deus ou de seu nome indica uma violação
do terceiro mandamento, ou seja, a advertência contra o uso inapropriado
do nome de Deus (Êx 20:7; Dt 5:11), para cuja violação havia pena capital".
A respeito da imagem da besta, J. Massyngbaerde Ford (1975, p. 224) Con-
clui que "fazer uma imagem à besta é uma infração direta de Êxodo 20:3
e 4, e, possivelmente, lembra o bezerro de ouro (Ex 32)". Alan E Johnson
(1981, p. 531) observa que "João descreve essa realidade [a imagem e mar-
ca da besta] como um sistema blasfemo e idólatra que produz a quebra dos
primeiros dois mandamentos (Êx 20:3-5)".
Contudo, esses comentaristas não encontram uma violação mais exten-
siva ou sistemática, nem relacionam suas observações às cenas introdutórias
de Apocalipse 11:19 e 15:1-8. Em realidade, os paralelos são mais extensivos
e consistentes do que tem sido percebido. A tabela seguinte apresenta a natu-
reza extensiva do ataque da besta ao Decálogo."

" Esse diagrama foi inspirado numa palestra proferida por Ed Dickerson, no Longburn
College, Nova Zelândia, em 1995: Dickerson, que sugeriu paralelos com a primeira tábua do
Decálogo de modo mais simplificado, não explorou OS paralelos com o sábado.
O sábado e•a marca da besta

47

Aqui é possível perceber por que o Apocalipse chama a atenção para


a arca e os mandamentos de Deus. Existe uma progressão básica ao longo
da primeira tábua do Decálogo» A sequência dos mandamentos em Apo-
calipse 13 é dispersa, mas o padrão é evidente. A trindade maligna formada

Ranko Stefanovic (2009, p. 423) conclui que as atividades da besta que sai do mar são
ataques planejados contra os primeiros quatro mandamentos do Decálogo.
Doutrina do Sábado

pelo dragão, pela besta e pelo falso profeta leva o mundo a se rebelar contra
a lei pactual de Deus. Em primeiro lugar, essa trindade assume a adoração e
posição de um falso deus na violação do primeiro mandamento Segundo, ela
blasfema contra Deus e seu nome. Terceiro, constrói' uma imagem idolátrica
que as pessoas são obrigadas a adorar. Por Ultimo, a trindade maligna impõe
uma marca semelhante ao sábado. Stefanovic (2009, p. 435 436) afirma: -

Assim como o sábado é o sinal distintivo de obediência por parte


do fiel povo de Deus (ver h 31:12-17; Ez 20:12, 20), a marca da
besta, o sábado contrafeito, é um sinal de obediência a ela. Portan-
to, a marca da besta funciona como substituto dos mandamentos
de Deus por mandamentos humanos. Ela inclui o falso sábado es-
tabelecido por seres humanos, que substitui o sábado do sétimo
dia, que é o sinal distintivo de pertencer a Deus e ser fiel a Ele.

A marca é a culminação da tentativa cia trindade maligna de enganar o


mundo, receber sua adoração e estabelecer uma espécie de falsa "aliança' A
respeito de Apocalipse 13, Gordon Campbell (2004, p. 71-97) declara; "Uma
48 dupla de monstros assombrará os habitantes da Terra [...] e criará uma anti-
-aliança que é tanto cômica — com um deus impostor e uma adoração falsa
idólatra — como trágica, pela maneira que as pessoas aderem a esse pacto
contrafeito:' As leis que ela impõe se tornam mandamentos-sinais e testes
de lealdade e compromisso, tanto quanto ocorre com os mandamentos de
Deus. Fazer paródia, mimetizar, imitar e substituir são palavras que descre-
vem bem toda a caracterização dos poderes anti-Deus de Apocalipse 12-20.25

A marca da besta como antissábado


A marca da besta é uma paródia ou substituição do sábado, o manda-
mento-sinal da aliança de Deus. A marca tanto imita como tenta substituir o
sábado. Existem várias correspondências entre a marca da besta e o sábado.
Os paralelos entre o Decálogo e Apocalipse 13, na tabela apresentada, são
amplas paródias. Esses paralelos, assim como o restante da paródia de Deus

25Outros exemplos incluem: Jesus, que esteve morto, mas agora vive, é imitado pela besta,
que recebe uma ferida mortal mas é curada; a paródia da falsa trindade (o dragão, a besta e o
falso profeta); o "Senhor Deus, Aquele que era, que é e que há de vir" (Ap 1:8) é imitado pela
besta, que "era e não é, está para [vir]" (17:8).
iár O sábado e a marca da besta

feita pela besta no Apocalipse, contêm semelhanças e diferenças. Eles não são
paralelos artificiais, mas alusões conceituais em natureza.
No primeiro paralelo, a marca da besta é "o nome da besta ou o nú-
mero do seu nome" (Ap 13:17, tradução literal, ênfase acrescida). A marca -
une nome e número de forma que remete ao sábado, com sua declaração
do nome de Deus, Yahweh, e o "número" de Deus, o sétimo dia. Tanto a
marca como o sábado partilham de um raro padrão de marca/sinal, nome
e número: No segundo paralelo, a marca e o sábado se preocupam com a
• regulamentação econômica da vida, do descanso e do trabalho das pessoas.
Ambos restringem o trabalho, mas por razões diferentes. A marca é puni-
tiva, pois declara que "ninguém possa comprar ou vender, senão aquele
que tem a marca" (13:17), ao passo que o sábado é restaurador e ordena a
cessação do trabalho para que todos possam descansar e se revigorar. Nas
•Escrituras, cessar o trabalho no sábado significa especialmente "não com-
prar ou vender" (ver Ne 10:31; 13:15-22). Nesse aspecto, a marca é uma
paródia direta ao sábado. O terceiro paralelo mostra que a marca e o sába-
do têm alcance universal e se estendem a todos os grupos de pessoas. No
Apocalipse, "todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres
e os escravos, [a besta] faz que lhes seja dada certa marca" (Ap. 13:16, 17). 49
O sábado oferece descanso universal: "Nem tu, nem o teu filho, nem a tua
filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro
das tuas portas para dentro" (Ex 20:10)."
A reflexão sobre o significado teológico dos paralelos mostra simi-
laridades adicionais ..e importantes dissimilaridades entre o sinal de Deus
e a marca da besta. A marca, em realidade, é uma inversão dos objetivos
do sábado. Dessa forma, os dois sinais revelam diferenças entre os carac-
teres e reinos de Deus e da besta. O sábado protege os vulneráveis (por
exemplo, servos, estrangeiros e mesmo animais), ao passo que a marca
é opressiva. O sábado traz libertação econômica, enquanto a marca traz
controle econômico e marginalização.
O sábado, corno um mandamento-sinal, expressa lealdade ao Criador,
e a marca é a instituição e o produto de criaturas que expressam lealdade
à besta. Visto que o sábado é um sinal da aliança de uma pessoa com o

25A respeito da marca da besta, Mounce (1977, p. 259) nota que "o duplo oposto (pequenos,
grandes; ricos, pobres; livres, escravos) é uma forma retórica de enfatizar a totalidade da so-
ciedade humana (ver Ap 11:18; 19:5, 18; 20:12)". Semelhante duplicidade e totalidade é vista
no mandamento do sábado. Tanto o sábado como a marca da besta têm alcance universal.
Doutrina do Sábado

Deus criador (Ex 31:12-18), ele é frequentemente contrastado com a ido-


latria. Em Ezequiel, é um sinal no contexto de idolatria e falsa adoração
(Ez 20:19, 20, 24). Ambos os temas aparecem em Apocalipse 12-15. O sá-
bado funciona como um "profilático" que protege contra todas as formas
de idolatria. Desmond Ford (1982, p. 522 523) declara: "Essas referências
opostas sábado-idolatria são tantas em número que sua combinação não
poderia ser simplesmente ignorada como acidental." 27 O sábado é descanso
no Deus que completa, ao passo que a marca é rebelião sem descanso (Ap
14:11). O sábado é obediência voluntária ao Deus criador, mas a marca é
estabelecida por unaa força coerciva que obtém obediência por meio do
medo e do engano (Ap 13:13-17). Cada um é um sinal apropriado e reflete
a natureza de seu originador. A marca da besta é uma paródia opressiva da
dádiva revitalizadora do Senhor do sábado.
Na estrutura proposta por Shea, mencionada anteriormente, o par qui-
ástico de G e G' apresenta o programa da besta em promover a falsa adoração
e o chamado de Deus à verdadeira adoração por meio de três anjos. A falsa
adoração está centralizada na marca do antissábado. É interessante notar que
a resposta singular dos três anjos diante da falsa adoração à besta contém
50 um chamado à verdadeira adoração baseado no mandamento do sábado.
• Jon Paulien argumenta que a rnensagem do primeiro anjo (Ap 14:6, 7), que
apresenta a resposta singular e específica de Deus à pressão para se adorar à
• besta, consiste numa alusão ao mandamento do sábado (Éx 20:8-11)." Em
oposição à falsa adoração ao dragão e à besta, o anjo convoca à adoração
Àquele "que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas" (Ap 14:7). Pau-
lien apresenta paralelos verbais, temáticos e estruturais com o quarto man-
damento.n Alguém se opõe à marca da besta ao guardar o sábado. Quando
consideramos a extensa atenção dada aos mandamentos nos capítulos 1 -2-15,
percebemos que essa alusão é deliberada e que o indivíduo resiste à besta e
segue a Deus ao guardar o sinal-mandamento de Deus. Ranko Stefanovic
(2009, p. 424) afirma que "o apelo a adorar o Deus verdadeiro em relação
ao mandamento do sábado e a advertência contra adorar a besta e receber
• sua marca indicam fortemente que a marca da besta funciona como urna

" Ford (1982) menciona o estudo de Gnana Robinson (1975, p. 304, 305).
" Nota do tradutor: G. K. Beale (1998, p. 151) argumenta que Apocalipse 14:7 "resume" "a
• ideia principal do livro inteiro", que é a obediência resultante da criação e do juízo.
29 Veja o artigo de Jon Paulien nesta edição. Os editores da edição do Novo Testamento grego

das Sociedades Bíblicas Unidas observam que Apocalipse 14:7b é uma alusão a ti ic 20:11 (ver
STEFANOVIC, 2009, p. 424).
O sábado e a marca da besta

contrafação ao mandamento do sábado". Esse paralelo de adoração à criatu-


ra, baseada na marca antissábado, e adoração ao Criador, baseado em uma
alusão ao sábado, nitidamente equilibra um com o outra
Vários eruditos também observam que a marca é uma paródia do
selo de Deus. Mounce (1977, p. 260) escreve: "O significado da palavra
'marca' nessa passagem é uma paródia ao selamento dos servos de Deus no
capitulo 7." Beale (1999, p. 716) afluiu que a marca é "a paródia do selo e
oposta a ele". Essa percepção, unida à discussão anterior, aponta para urna
ligação entre o selo de Deus e o sábado.
Meredith Kline (1963, p. 18-19), em sua obra sobre os tratados hititas
de suserania, observa essa relação:

Como um aspecto adicional no paralelismo nas aparências exter-


nas [entre os tratados de suserania e o Decálogo], vemos que o
sinal do sábado, localizado no centro dos Dez Mandamentos, equi-
vale ao selo dinástico do suserano, encontrado nos documentos de
tratados internacionais. Visto que no caso do Decálogo o suserano
é Yahweh, não há uma representação sua no selo, mas o sábado é
mencionado como o 'selo da aliança' (ver fi,x 31:13-17). Por meio 51
da guarda do sábado, a pessoa que carrega a imagem de Deus apre-
senta o padrão do ato de criação que proclama a absoluta soberania
de Deus sobre a humanidade, e por meio da guarda do sábado, o
ser humano demonstra seu compromisso na aliança com seu Cria-
dor. O Criador estampou na história do mundo o sinal do sábado
como seu selo de propriedade e autoridade. Isso é exatamente o
que os selos dinásticos simbolizam, e suas legendas afirmam pelos
deuses que realizam os tratados e seus representantes, os suseranos.

Gênesis 1 e 2 e a inversão da
Criação em Apocalipse 12-14
Até aqui examinamos o padrão do Decálogo e o mandamento do sá-
bado em relação à atividade da besta em Apocalipse 12-14. João parece ter
incorporado outro padrão complementar que reforça a tese deste artigo.
João utiliza Gênesis 1 e 2 como pano de fundo• arquitetônico para enfati-
zar a natureza da rebelião da besta contra o Deus criador que instituiu o
Doutrina do Sábado

sábado.3 ° A imagem de Apocalipse 12 e 14 utiliza a configuração da história


da Criação, especialmente a segunda metade da semana da Criação, para
relatar a história do ataque do dragão a Deus. Os paralelos são consistentes
em ordem e sugestivos em natureza.
No quarto dia da história da Criação, vários luminares celestiais
são criados para governar o dia e a noite. É no céu que são encontrados
esses ocupantes: o sol, a lua e as estrelas. Apocalipse 12 e 13 incorpora
uma nova obra desse relato de Gênesis. João contempla um portento de
uma mulher, localizado no céu. Essa mulher está circundada pelas obras
criadas no quarto dia. Está vestida de sol, a lua está debaixo dela, e está
adornada com doze estrelas. Tudo está em ordem, até que o dragão entra
nessa cena celestial e tenta destruir a mulher. Ao contrário do sol, da lua
e das estrelas, esse dragão não possui nenhum paralelo em Gênesis 1. Po-
rém, assim como a serpente de Gênesis 2, o dragão claramente perturba
a ordem da criação de Deus. Ele é, consequentemente, expulso dos lu-
gares celestiais e passa a transformar os lugares terrestres em caos. João
explica que o dragão é a antiga serpente que perturbou a ordem original
da criação divina (Ap 12:9)."
52 Assim como o Gênesis muda a localização da história do céu para
a Terra no quinto dia, uma mudança correspondente acontece no Apo-
calipse. No quinto dia, Deus cria aves e "grandes animais marinhos", e
declara: "Povoem-se as águas de enxames de seres viventes" (Gn 1:20, 21).
As criaturas devem se reproduzir segundo sua espécie em harmonia com
os propósitos de Deus. Em Apocalipse 13, o dragão conclama sua própria
besta, que surge do mar. Essa besta, com sua aparência composta e híbri-
da, é uma deformação hedionda da vontade divina de que a criação se
reproduzisse segundo sua própria espécie.
No sexto dia, Deus cria vários animais que vivem na Terra: "Produza
a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e
animais selváticos, segundo a sua espécie" (Gn 1:24). Em seguida, Deus cria
o ser humano à sua imagem: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança" (Gn 1:26). A essa imagem é dado domínio sobre toda
a Terra e tudo que há nela. Deus exerce seu governo através de sua imagem

30 As comparações entre Gênesis 1,2 e Apocalipse 12,13 são extraídas de Shea (2000, p. 227, 228).
31 Tanto o ataque do dragão como o da serpente estão focalizados nos mandamentos. A

serpente ataca o mandamento de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. O


dragão ataca os mandamentos do Decálogo, especialmente sua primeira tábua.
O sábado e a marca da besta

(Gn 1:26-30). Depois, Gênesis 2:7 esclarece que Deus forma sua imagem e
lhe concede vida ao soprar em suas narinas "o fôlego de vida". Deus então
permite que sua imagem dê nomes ao restante da criação. Esse é um ato que
expressa a autoridade e domínio dessa imagem. A localização é a Terra, que
está cheia, entre outras coisas, de bestas da terra e pela imagem especial do
próprio Deus exercendo domínio sobre a Terra.
No fim do relato da Criação, Deus vê o mundo que criou — uma or-
dem que está em harmonia com sua vontade — e o declara muito bom. Isso
o leva a cessar sua obra e a descansar no sétimo dia. Além disso, Ele aben-
çoa esse dia e o põe à parte (Gn 2:1-3). O sábado é o clímax coroador da
ação divina. Esse dia numerado, o sétimo, é o dia especial e santificado de
Deus, em contraste com os outros dias, que são associados a várias partes
da ordem criada. O sábado significa que Deus concluiu uma obra perfeita
e que Ele é o Deus criador, o verdadeiro fim, objetivo e sentido de toda a
criação. O sábado é seu selo de aprovação de sua obra.
Continuando o paralelo no sexto e sétimo dias, o dragão e á besta
se unem por meio de uma besta da terra. Essa besta recebe poder para
dar fôlego à "imagem da besta" (Ap 13:15). Por meio dessa imagem, a
trindade maléfica exerce domínio sobre toda a Terra. Ela tenta pôr seu 53
nome sobre todos os habitantes da Terra. Isso é realizado por meio da
marca da besta, que é o clímax da atividade dessa trindade, e incluiu
receber o número da besta. A marca da besta significa que toda a cria-
ção está debaixo do poder da besta. Entretanto, as mensagens de Deus
em Apocalipse 14 mencionam especificamente que aqueles que rece-
bem essa marca não possuem descanso. À luz do contexto de Apocalip-
se 12-14, isso pode ser visto agora como uma punição apropriada para
tal atividade antissabática. Em contraste, aqueles que guardam o sábado
dos mandamentos de Deus recebem essa bênção sabática. Apocalipse
14:13 contém uma alusão ao sábado que inclui uma bênção àqueles que
morrem e uma promessa aos santos que "descansam de suas obras"?' A
plenitude do descanso sabático para esses guardadores dos mandamen-
tos transcende a morte. As alusões estão baseadas na bênção original
sabática de Deus e no descanso de sua obra (Gn 2:1-3). O Deus do sábado,
que realizou a criação e deu vida no princípio, está presente com seus
santos fiéis, que trabalham para Deus e enfrentam a morte por Ele no
fim. O sábado aponta não para a criação e a criatura, mas para o próprio

32 Shea e Christian (2000, p. 289) também observam uma alusão ao sábado nesse versículo.
Doutrina do Sábado

Deus. É o clímax da obra de Deus, porque o sábado proclama Deus como


originador e sustentador, e o alvo e conclusão da Criação. A marca da
besta funciona como uma falsificação do sábado. A marca é claramente
o clímax da obra da trindade maléfica. É a expressão de sua tentativa de
estabelecer soberania sobre a Terra e se torna o sinal de participação em
sua recarga do cosmos com a rebelião.
A respeito do número simbólico 666 e o uso de números como símbo-
los no Apocalipse, este estudo concorda com os comentaristas que afirmam
que o uso do número 6 está enraizado no relato da Criação de Gênesis
(STEFANOVIC, 2009, p. 427). É o valor simbólico de 6, e não sua quanti-
dade numérica em si, que é importante. Os dias 6 e 7 possuem profundo
significado nas Escrituras. Cremos que o número 6 simboliza a criatura
detendo-se em si mesma. Representa a criação do dia 6, a humanidade, sem
o dia 7, o sábado do Senhor Deus. É a recusa humana de Deus por três ve-
zes (666), uma rebelião incurável. É a recusa de entrar no descanso sabático
de Deus que está enraizado na Criação e na salvação. À luz de Gênesis 1 e
2, a natureza antissabática da marca e seu número simbólico 666 se torna
mais do que um dado coincidente.
54 Os paralelos são resumidos na tabela abaixo:

Sol, lua .e estrelas (sepente Mulher com sol, lua e


, .• introduzida posteriormente) estrelas (dragão se intromete)
Quinto qa Mar Mar
Grandes criaturas marinhas • •
se reproduzem segundo a sua
• espécie

L Bestas•cla terra . ‘ , ,4Besta da terra


,
1 .
'," ',"•-iiv"-\,,,A
g
,,ttrCM,'N1M
Kim; g env,u
:, ;;;447w1171,1j,if
kçtéti*LÊS:itly, ":2:WiSi ,f5teig:4.INie g cf,s,. ,refà.,4dada .àm
-

S:TÁzj,4,70 ,,, . ,,,

s'li1:4N,:à110.M-eirt',.,-Ogit
p,
-

t,~W.tçktc,;,:?;,,I.;- .(á'fo:,,i.'Nwa-Wi' 40 b esta , :,031 %.: e,,,,, :;Ty,i,


iá ., =.7 , -;-, . ,Itt.àt
,.
,
-:-,, . _' --. 4?'ri ...- --"ca
' 'ek•ly' •.''' -
Domínio (dá nomes a toda a Dom inio \ ,mar todos com o
,
'' criação) nome da besta)
O sábado e a marca da besta

Considerações finais
A chave para entender a "marca da besta" é, analisar essa figura literária,
baseada na linguagem veterotestamentária de mandamentos-sinais, o De-
cálogo e o sábado à luz das características temáticas, teológicas e estruturais
da visão na qual ela está incorporada. A primeira tábua do Decálogo, inclu-
sive o sábado, é o objeto da ira do dragão. A marca da besta funciona como
um mandamento-sinal e uma paródia direta do sábado. A última rebelião
do dragão é uma tentativa de levar o mundo inteiro a uma rebelião unida
55
contra o Deus criador. O clímax da rebelião acontece quando um sábado
contrafeito ou uma marca antissábado é forçada a toda a Terra. Na crise de
Apocalipse 12-15, a fé em Jesus, combinada com a obediência aos manda-
mentos do Decálogo, inclusive o sábado, constituirão no sinal e selo de leal-
dade pactual ao Deus da criação e redenção. Em contraste, a marca da besta
é o sinal escatológico de rebelião contra Deus.

Referências

AUNE, D. Revelation 6-16. Dallas: Word, 1997. (World Bible Commentary).

BAUCKHAM, R. J. Worship of Jesus in apocalyptic christianity. New •

Testament Studies, v. 27, n. 3, 1981.

BEALE, G. K. The use of Daniel jewish apocalyptic literature and in the


Revelation of St. John. Lanham: University of America Press, 1984.
Doutrina do Sábado

. The book of Revelation: a commentary on the greek text.


Grand Rapids: Eerdmans, 1999. (New International Greek Testament
Commentary).

BOCKMUEHL, K. Keeping His commandments. Evangelical Review of


Theology. v. 6, n.1, abr. 1982.

BORING, M.E. Revelation, interpretation: a Bible commentary for teachmg


and preaching. Louisville: John ICnox, 1989.

CAMPBELL, G. Finding seals, trumpets, and bowls: variation upon the theme
of covenant rupture and restoration in the book of Revelation. Wesleyan
Theological Journal, v. 66, 2004.

FORD, D. Crisis: a commentary on the book of Revelation. Newcastle:


Desmond Ford Publications, 1982.

FORD, J. M. Anchor Bible Commentary: Revelation. Garden City:


56 Doubleday-, 1975.

HUGHES, P. E. The book of Revelation. Grand Rapids: Eerdmans, 1990.

JOHNSON, A. E Revelation. In: GAEBELEIN, E E. The expositor's Bible


commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1981. v. 12.

JUDGE, E. A. The mark of the beast: Revelation 13:16. Tyndale Bull, v. 42,
n.1, 1991.

KLINE, M. 'lhe treaty of the great King: the covenant structure of


Deuteronomy - studies and commentary. Grand Rapids: Eerdmans, 1963.

LADD, G. E. A commentary on the Revelation of John. Grand Rapids:


Eerdmans, 1972.

MACPHERSON, A. The Mark of the Beast as a 'Sign Commandmenf and •


`Anti-Sabbath' in the Worship Crisis of Revelation 12-14. Andrews University
Seminary Studies, v. 43, n. 2, p. 267-283, 2005.
O sábado e a marca da besta

MICHAELS, J. R. Revelation. Leicester: InterVarsity, 1997. (The IVP New


Testament commentary series, 20).

MOUNCE, R H The book of Revelation. Grand Rapids: Eerdmans, 1977.


• (New International Commentary on the New Testament).

MOELLER, E. Recapitulation in Revelation 4-11. Journal of the Adventist


• Theological Society. v. 9 n.1 - 2, 1998.

PAULIEN, J. Decoding Revelation's trumpets: literary •allusions and


interpretations of Revelation 8:7-12. Berrien Springs: Andrews University
Press, 1988. (Andrews University Seminary Doctoral Dissertation Series, v. 11).

. Elusive allusions: the problematic use of the Old Testament in


Revelation. Biblical Research. v. 33, 37-53, 1988a.

. Loolcing both ways: a study of the chtodirectionality of the


structural seams in the apocalypse. In: 231, Annual Meeting, 1988, Chicago.
Anais do congresso. Chicago: SBL, 1988b. 57

. Revisiting the structure of Revelation. In: CONFERÊNCIA


anual da Evangelical Theological Society, nov. 1997.

. lhe deep things of God: an insider's guide to the book of


Revelation. Hagerstown, MD: Review and Herald, 2004.

PETERSON, D. Worship in the Revelation to John. Reformed Theological


Review, v. 47, 1988.

PRICE, S. E Rituais and power: the rornan imperial cult in Asia Minor.
Cambridge: Cambridge University Press, 1984.

ROBINSON, G. lhe origin and development of the Old Testament Sabbath,


1975. Tese (Doutorado em Teologia) - University of Hamburg, 1975.

• SCHERRER, S. J. Signs and wonders in the imperial cult: a new look at a


• roman religious institution in the light of Rev 13:13-15. Journal of Biblical
Literature, v. 103, n. 4, 1984.
Doutrina do Sábado

SHEA, W H. The controversy over the cornnaanclrnents in the central chiasrn


of Revelation. Journal of the Adventist Theological Society v 11, n.1 - 2, 2000.

SHEA, W H.; CHRISTIAN, E. The chiastic structure of Rev 12:1 - 15:4: the
great controversy vision. Andrews University Seminary Studies, v. 38, 2000.

STEFANOVIC, R. Revelation of Jesus Christ: a commentary on the book of


Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009.

STRAND, K. A. The eight basic visions and `victorious-introduction' scenes


In: HOLBROOK, E B. (Ed.). Symposium ou Revelation: exegetical and
general studies. Silver Spring: I3iblical Research Institute, 1992. (Daniel and
Revelation Committee, v. 6).

WALL, R. W. Revelation. Peabody:•Hendrickson, 1991. (New international


comrnentary ou the New Testament).

WILLCOCK, M. I saw heaven opened: the message of Revelation. Londres:


58 InterVarsity, 1975.

Você também pode gostar