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SPE-PP302A-MS

Métodos de Recuperação por Injeção de Água Convencional e Polímeros

Jhonny Leon Contreras (RA: 212054), Jorge Tovar Muñoz (RA:212055), Tatiana Berna Arteaga (RA:212058).
Universidade Estadual de Campinas

Copyright 2017, Society of Petroleum Engineers

This paper was prepared for Reservoirs II Engineering class, held in Campinas, Brazil, 30 November 2018.

This paper was selected for presentation by an SPE program committee following review of information contained in an abstract submitted by the author(s). Contents
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Resumo
O desenvolvimento de métodos de recuperação melhorada em reservatórios de petróleo é um dos
grandes desafios para os engenheiros de petróleo, que estão sempre buscando aperfeiçoar as técnicas de
produção, tanto em eficiência, quanto no custo de operação neste tipo de atividade. Dentro da grande
variedade de métodos especiais de recuperação conhecidos, a injeção de soluções poliméricas torna-se
eficiente no controle da mobilidade do fluido deslocante. Este método consiste em adicionar polímeros na
água de injeção para aumentar sua viscosidade, aumentando a eficiência de varrido no reservatório devido
à redução na razão de mobilidades, e pela diminuição da permeabilidade efetiva da agua. Rosa et al. (2006),
(Green, 1998).
As injeções de polímeros foram extensivamente estudadas para melhorar a recuperação de petróleo
apresentando bons resultados em suas aplicações. O design eficaz dos processos de injeção de polímeros
é desafiador por causas dos mecanismos complexos que afetam a dinâmica do escoamento, como por
exemplo, as interações rocha-fluido, as reações químicas, a degradação mecânica, o comportamento não
newtoniano da solução polimérica, as mobilidades desfavoráveis, a retenção do polímero no meio poroso
e as heterogeneidades do reservatório que antecipam a digitação viscosa. Tendo como consequência uma
baixa eficiência de varrido e corte de agua ao 90%.
No presente trabalho, é feita uma abordagem geral dos princípios, vantagens e desafios envolvidos no
desenvolvimento de projetos de recuperação avançada de petróleo usando o método de injeção de
polímeros. Além disso, vai-se analisar a escolha, implementação e avaliação da injeção de polímeros como
método de recuperação terciaria para um reservatório onshore siliciclástico que foi submetido a injeção de
água por dez anos. O reservatório presenta alta permeabilidade, com um VOIP de 30 MM m3std de óleo
de 20 cp. O reservatório carece da presencia de um aquífero atuante. Um dos grandes desafios para a
implementação dos polímeros neste reservatório foi a alta salinidade apresentada pela água de formação,
70000 ppm, condição que levou a escolher a injeção de biopolímeros como método de recuperação
terciaria. Após analise operacional se alcalizou um RF?
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Palavras-chave: Injeção de Água, Injeção de Polímeros, Recuperação Avançada de Petróleo, Fluidos
Não-Newtoniano, Frente da Saturação.

Introdução

Os sistemas de recuperação de petróleo são divididos em três: mecanismo de recuperação natural ou


primário, injeção de água ou gás também conhecidos como mecanismos de recuperação avançada ou EOR.
A recuperação primária refere-se ao óleo recuperado do reservatório unicamente a partir de sua energia
natural. (Rosa A., 2006). A recuperação secundaria está associada ao aumento da energia natural do
reservatório através da injeção de água ou gás. A recuperação avançada é usualmente utilizada após os
métodos secundários e é caracterizada pela injeção de produtos químicos, gases miscíveis e pelo uso de
energia térmica e outros Rosa et al. (2006), (Green, 1998).
A tensão superficial dos poros e das diferentes fases de óleo e água pode ser superada com a injeção de
um fluido viscoso que possa deslocar o óleo do reservatório, isso é feito com a adição de polímeros no
fluido que vai ser usado na recuperação (Littmann, 1988).
O presente trabalho aborda a utilização de polímero na água de injeção para aumentar a viscosidade da
fase aquosa e melhorar a razão de mobilidade água/óleo melhorando assim a eficiência de deslocamento
(Green, 1998) (Sorbie K. S., 1991). Como caso de estudo será analisado o trabalho de Silveira et al. (2018)
que tem como objetivo avaliar a injeção de polímeros na recuperação de óleos pesados usando uma solução
de HPAM-ATBS e fazer uma comparação com a injeção de água em condições de laboratório.

Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura


Método de Injeção de Água e Injeção Polimérica

A recuperação imiscível usualmente é pautada pelo módulo de razão de mobilidade, M, definida como
a relação entre a mobilidade do fluido deslocante e o deslocado, conforme demonstra a equação 1 seguinte:

...........................................................................................................Equação 1

Os métodos convencionais, tal como a injeção de água, mostram-se inoperantes em casos de razão de
mobilidade desfavoráveis (M>>>1), ocasionando uma produção antecipada do fluido injetado e baixos
fatores de recuperação. Para razões de mobilidade desfavoráveis, a água tende a ultrapassar o banco de
óleo, criando canais preferenciais movendo-se pelos caminhos mais curtos até os poços produtores. Esse
efeito é ampliado em reservatórios com heterogeneidades geológicas (Green, 1998).
Os polímeros são então usualmente adicionados à fase aquosa para aumento na viscosidade de solução
e a redução de permeabilidade efetiva a agua e geram uma melhora na eficiência de varrido entre solução
polimérica injetada e o banco de óleo desenvolvendo uma razão de mobilidade favorável, M ≤ 1 (Sorbie
K., 1991) (Kols, 2018).
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Figura.1 Eficiência de varrido areal obtida através da injeção de água (imagem da esquerda) e da injeção polimérica (imagem da direita) (Adaptado
de SHANG, 2012)

Como mostra a figura 1 da direita, a solução polimérica move-se de maneira mais uniforme pelo
reservatório, isto porque a mobilidade da solução é menor que a mobilidade da água. Assim, a magnitude
das eficiências de varrido é maior para injeção de solução polimérica do que para injeção de água como
mostra a figura da esquerda. Outra consequência de um varrido mais uniforme é uma menor razão de água
produzida, devido ao fato de se evitar os fingers (D.O. Shah R. S., 1977) (Sorbie K., 1991). Outro fator
determinante são a heterogeneidade do reservatório, pois rochas heterogêneas possuem zonas mais ou
menos permeáveis que acabam indicando o caminho pelo qual a água vai percorrer. Os fingers vão então
antecipar a chegada indesejada da água injetada no poço produtor (Bento H. d., 2015).

Figura 2. Diagrama esquemático da eficiência de varrido vertical causada pela injeção de polímero (Adaptado de SORBIE, 1991)
Uma maneira de observar a eficiência de deslocamento pela injeção de polímeros é através do fluxo
fracionário Rosa et al. (2006). O fluxo fracionário pode ser definido como a relação entre a taxa de fluxo
de uma determinada fase e a taxa de fluxo total. O fluxo fracionário de água escoando junto com o óleo
em um sistema horizontal e com os efeitos capilares negligenciáveis é dado pela equação 2 (Rosa A., 2006)
(Kols, 2018):

.........................................................................................................Equação 2

Nota-se que qualquer aumento da razão 𝑘𝑟˳/µ˳*µ𝑤/𝑘𝑟𝑤 provoca uma redução do fluxo fracionário da
água e, portanto, um aumento na taxa de produção de óleo. Os polímeros causam esta redução através do
aumento da viscosidade da água ou, no caso de alguns polímeros, a redução da permeabilidade relativa à
água (D.O. Shah R., 1977) (Kols, 2018). Os efeitos do fluxo fracionário serão mais significativos para
injeção de polímeros se o método for implementado ao início da vida do reservatório ou em reservatórios
contendo óleos viscosos, já que, neste caso, o fluxo fracionário de água é mais expressivo. A seguinte
figura apresenta o fluxo fracionário para injeção de água e de polímeros. (Sheng, 2010)
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Figura 3. Fluxo Fracionário de injeção de água e de polímero (Adaptado de


Lake, 1989)

Outro mecanismo importante a ser considerado refere-se à retenção de polímeros. As soluções


poliméricas caracterizam-se por apresentar interações significativas com a rocha, fazendo com que o
polímero fique retido no meio poroso e conduza à formação de um banco de injeção totalmente ou
parcialmente livre de polímeros. Como consequência deste processo, há uma redução da viscosidade da
solução injetada, qual torna a injeção de polímeros menos eficiente. Esta retenção do polímero pode causar
uma diminuição da permeabilidade do meio poroso, que eventualmente pode contribuir para o mecanismo
de recuperação de óleo (Sorbie K. S., 1991). A retenção ocorre através dos seguintes mecanismos:
adsorção, aprisionamento mecânico e retenção hidrodinâmica. A figura 4 mostra os mecanismos
detalhados.

Figura 4. Diagrama esquemático dos mecanismos de retenção polimérica no


meio poroso (adaptado do Sorbie, 1991)

A adsorção refere-se à interação entre as moléculas do polímero em uma superfície sólida. No caso do
meio poroso, esta interação leva à adesão das moléculas poliméricas à superfície dos grãos da rocha.
Durante a injeção de polímeros, a adsorção do polímero caracteriza-se por ser de tipo física, isto é, a relação
entre a molécula polimérica e a superfície dos grãos da rocha devido as forças eletrostáticas (Littmann,
1988) (Sorbie K., 1991). Além disso a retenção por adsorção é irreversível e a quantidade de polímero
adsorvido é proporcional à área acessível às moléculas poliméricas (D.O. Shah R., 1977).
O aprisionamento mecânico está relacionado ao alojamento das moléculas poliméricas em canais de
fluxo reduzido (Sorbie K. S., 1991) (Sheng, 2010). Conforme ilustra a figura em algumas regiões do meio
poroso, as gargantas de poro são muito estreitas para que não permitam o fluxo da solução injetada e assim,
retém as moléculas de polímero. A retenção está intimamente ligada à distribuição do tamanho de poros
(Sheng, 2010).
A retenção hidrodinâmica é um mecanismo de retenção dependente da vazão utilizada e diferente da
adsorção, é completamente reversível. Ela caracteriza-se por reter pequenas frações de polímeros em zonas
de fluxo estagnado e provavelmente o mecanismo que menos contribui para os efeitos de retenção (D.O.
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Shah R. S., 1977) (Sorbie K. S., 1991). Uma maneira de avaliar o impacto dos mecanismos de retenção na
injeção de polímeros é através de parâmetros como fator de redução da permeabilidade (Rk), fator de
resistência (RF) e o fator de resistência residual (RRF).
O Rk é um indicativo da redução da permeabilidade decorrente da injeção de polímeros. Rk é dado pela
razão entre as permeabilidades efetivas à água e à solução polimérica e é dado pela equação 3. Rosa et al.
(2006), (Green, 1998)

...............................................................................................................Equação 3
O efeito da redução da mobilidade promovido pelo polímero em decorrência do
aumento da viscosidade da água, assim como da redução da permeabilidade efetiva à agua, é dominado
fator de resistência (RF). Este é expresso como o quociente entre a mobilidade da água e a mobilidade do
polímero, e é dado pela equação 4 Rosa et al. (2006), (Green, 1998)

...............................................................................................Equação 4

Depois de a solução polimérica ser deslocada do meio poroso pela injeção de agua, muitas moléculas
do polímero permanecem adsorvidas na rocha reservatório. Persistindo a chamada resistência residual ao
fluxo de água, que é medida pelo fator de resistência residual (RRF) e definido como a relação entre a
mobilidade da água antes e depois da injeção de polímero. Tal como expressa a equação 5. Rosa et al.
(2006), (Green, 1998)

...............................................................................................Equação
5

O fator de resistência residual é mais importante que o fator de resistência, já que o banco de polímero
é normalmente deslocado com água de perseguição. O RRF ajuda a controlar a digitação entre a água e o
banco polimérico, causada pela diferença entre as mobilidades, bem como pelas heterogeneidades
presentes no reservatório. Assim o RRF é uma medida de tendência do polímero a adsorver na superfície
rochosa e, por tanto, bloquear parcialmente o meio poroso Rosa et al. (2006), (Kols, 2018) (Littmann,
1988).

Principais tipos de polímeros utilizados em processos de recuperação de óleo


Segundo Rosa et al. (2006), um polímero é uma molécula muito grande formada por milhares de blocos
que se repetem, chamados monômeros. À proporção que os monômeros se juntam para formar os
polímeros, uma longa cadeia de moléculas é formada com massas moleculares da ordem de milhões.
Freitas (2017) cita que os polímeros mais utilizados para a recuperação de petróleo dividem-se em duas
classes: os polímeros sintéticos, sendo a Poliacrilamida Parcialmente Hidrolisada (HPAM) a mais
empregada no processo de recuperação suplementar, e os biopolímeros polissacarídeos, um exemplo é a
Goma Xantana. Estes possuem diferenças estruturais que afetam de maneira significativa e de forma
diferente suas propriedades em solução aquosa.
A poliacrilmida é um polímero sintético de cadeia longa formado por manômeros de acrilamida. Ela
possui menor custo, é produzida em larga escala e também é responsável pela redução da permeabilidade
efetiva da rocha à agua (Sheng, 2010). Por esse motivo, 92% dos casos de injeção de polímeros em
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aplicações de campo, reportados na literatura, utilizam a poliacrilamida, especialmente na sua forma
parcialmente hidrolisada (HPAM) (Freitas, 2017). A hidrólise da poliacrilamida é necessária, pois a sua
forma não-hidrolisada adsorve com maior facilidade à superfície mineral da rocha, tanto arenitos como
carbonatos (Sheng, 2010).
A Goma Xantana é sintetizada pelo microrganismo Xanthomonas Campestris e é comercialmente
produzida por um processo de fermentação bacteriológica, onde há geração de impurezas que devem ser
retiradas para posterior aplicação em EOR. Ela possui uma estrutura molecular mais rígida,
proporcionando a este polímero uma maior resistência ao cisalhamento (degradação mecânica). Tanto a
estrutura química quanto a massa molar da goma xantana conferem a ela um alto poder viscosificante,
mantendo a viscosidade da solução polimérica mesmo em ambientes de alta salinidade. Entretanto, a
utilização da goma xantana é limitada até 70°C, além de ser mais suscetível à degradação bacteriana
(biodegradação) do que os polímeros sintéticos (Sorbie K. S., 1991).

Principais limitações para a aplicação de polímeros


A injeção de polímero não pode ser implementada de forma indiscriminada, pois diversos fatores podem
acarretar em uma baixa eficiência do método. Dentre esses fatores, (Freitas, 2017) destaca principalmente
o efeito da temperatura e profundidade do reservatório, alta salinidade na água de formação, a degradação
mecânica, viscosidade de óleo, saturação de óleo móvel, permeabilidade da rocha, litologia, presença de
argila e heterogeneidades.
As soluções poliméricas podem sofrer degradações mecânicas dependendo da taxa de cisalhamento as
quais são submetidas, e a velocidade de injeção também pode ser um fator crítico, não devendo ser
demasiadamente alta a fim de evitar esse problema.
Elevadas temperaturas provocam maior degradação polimérica em reservatórios com temperaturas
iniciais elevadas (Sorbie, 1991). Bento (2015) afirma que fatores como a salinidade, dureza e pH da água
de formação ou da solução polimérica têm influência sobre o efeito da temperatura nos polímeros, pois os
elevados valores dessas variáveis podem diminuir o intervalo de temperatura nos quais os polímeros são
mais resistentes à degradação. Para injeção de polímeros, (Bento H. d., 2015) recomenda que a temperatura
do reservatório não seja muito elevada, pois poderá ocorrer a degradação dos mesmos. (Sorbie K. S., 1991)
diz também que em muitos dos polímeros produzidos (HPAM e Goma Xantana) há indicações de que estes
materiais mantêm sua estabilidade térmica até cerca de 120°C. Contudo, afirma que este limite deve ser
evitado ao recomendar a aplicação de soluções poliméricas em reservatórios com até 70°C,
excepcionalmente para polímeros sintéticos, onde a temperatura empregada pode chegar até 90°C
(Littmann, 1988) (Green, 1998)
(Bento H. D., 2016) afirma que num meio de salinidade e dureza elevadas, o aumento da viscosidade
proporcionada pelas moléculas de HPAM terá seu efeito diminuído em razão da presença de eletrólitos e,
portanto, a razão de mobilidade terá um valor menos favorável. Bento (2015) Sorbie (1991) afirma que
quando a hidrólise está acima de 40%, a flexibilidade da cadeia da molécula de HPAM fica comprometida,
podendo ser comprimida e distorcida, e tendo como consequência uma diminuição da viscosidade. Em
águas duras, onde há presença dos cátions Ca2+ e Mg2+ e com grau de hidrólise superior a 40%, poderá
ocorrer floculação do polímero, e assim, embora a HPAM seja um excelente polímero para métodos de
recuperação avançada, sua aplicação fica restrita a modelos de reservatórios que possuam características
favoráveis a implementação desse método.
Dentre os parâmetros críticos a serem analisados para a implementação de injeção polimérica, tem-se
ainda as condições do meio. Bento (2015) cita que as condições anaeróbicas são essenciais para
manutenção da integridade do polímero, dizendo que o oxigênio atua como um agente oxidante podendo
causar a cisão da cadeia molecular.
A degradação bacteriológica também deve ser analisada ao se projetar a injeção de soluções poliméricas.
(Bento H. d., 2015) afirma que a Goma Xantana é mais suscetível ao ataque microbiológico do que a
HPAM. Para resolver este problema são utilizados bactericidas (formaldeído), evitando a degradação. O
autor afirma que é comum que bactérias aeróbicas se desenvolvam nos equipamentos de superfícies,
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degradando o polímero e causando problemas de injetividade. Já as bactérias anaeróbicas podem causar
problemas de tamponamentos dos poros e degradação polimérica dentro dos reservatórios.
Segundo (Moreno, 2007) o escoamento de polímeros em meio poroso pode também ser influenciados
por mecanismos como retenção por tamanho, efeitos hidrodinâmicos, efeitos de superfície, efeitos de
cisalhamento e efeitos de degradação. Tais fenômenos serão dependentes do tipo, da composição e das
características do polímero, das propriedades perto-porosas da formação, das interações superfície-líquido
e das condições do escoamento.
A aplicação de soluções poliméricas para recuperação de petróleo pode promover a redução da
permeabilidade do meio poroso. De acordo com (Bento H. d., 2015), ao entrar em contato com a matriz
rochosa, o polímero reage com esta, podendo ocorrer retenção do polímero na superfície porosa. Essa
retenção pode provocar redução na eficiência de injeção de polímeros e diminuir a permeabilidade da
rocha. Para evitar os processos de retenção, o conteúdo de argila não deve ser muito alto, e desta forma, a
aplicação deste método químico é mais indicada para arenitos com baixo conteúdo de argila. Assim, (Bento
H. d., 2015) explica a importância de se levar em conta a combinação de todos os parâmetros críticos
combinados entre si e não apenas de um único isolado para a seleção do método de recuperação mais
adequado para cada tipo de reservatório.

Caso de estudo
O caso avaliado no presente trabalho foi um reservatório onshore siliciclástico, submetido a injeção
de água por dez anos. O reservatório apresenta permeabilidade alta e não tem presença de aquífero atuante.
Outras características do reservatório e dos fluidos de reservatório são apresentadas na Tabela 1.

Cenário 3
Viscosidade do óleo (µo) 20 cP
permeabilidade (k) Alta
VOIP 30 MM m³/d
Temperatura (T) 40°C
saturação residual de óleo (Sor) 35%
Salinidade 70000 ppm

Tabela 1

Geralmente, para reservatórios submetidos a injeção de água como método de recuperação secundaria
o fator de recuperação final varia entre 35% e 45% (Zitha et al, 2011), usando um valor médio dos citados
pelos autores é possível calcular a saturação de óleo remanescente no reservatório do caso do estudo depois
da injeção de água, assim:

𝑆𝑜𝑟𝑤 = 1 − 𝑆𝑜,𝑝𝑟𝑜𝑑 = 1 − 0,40 = 0,60

Sendo 𝑆𝑜𝑟𝑤 a saturação de óleo no reservatório após a injeção de água e So,prod é a saturação de óleo que foi
produzido durante a injeção de água.

Tendo em conta que a saturação de óleo residual é de 35%, a saturação de óleo móvel é:

𝑆𝑜,𝑚ó𝑣𝑒𝑙 = 𝑆𝑜𝑟𝑤 − 𝑆𝑜𝑟 = 0,60 − 0,35 = 0,25


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Conhecendo que o VOIP do reservatório é igual a 30 MM m std o volume de óleo disponível para
explorar usando um método de recuperação avançada de petróleo equivale a: 7,5 MM m3std.

Seleção do método de recuperação avançada

Taber et al. (1997) propuseram critérios de seleção para os métodos de recuperação avançada de
petróleo considerados mais importantes. Dados de projetos de EOR ao redor do mundo foram examinados e
as características dos reservatórios e dos óleos onde os projetos tiveram êxito, foram resumidos na tabela 2:

Tabela 2

De acordo com a tabela 2 e os dados do reservatório e do óleo existentes, os métodos de recuperação


avançada que melhor se poderiam acoplar foram: injeção de gás imiscível (1-3) e injeção de polímeros (5).
Porém, a injeção de gás imiscível foi descartada devido à ausência de dados do mergulho do reservatório
e/ou boa permeabilidade vertical. Foram comparados os dados do reservatório do caso do estudo com os
requerimentos propostos pelos autores para a utilização da injeção de polímeros, o resumo da comparação é
mostrado na tabela 3:
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Viscosidade Saturação Tipo de Espessura Permeabilidade Profundidade Temperatura
Caso °API Composição
cP de óleo % formação Neta ft media mD ft °F
Injeção de
Arenitos
Polimero.
> 15 < 150, > 10 Não Critico > 50 preferivelm- Não critico > 10 < 9000 < 200
Taber et al
ente
(1997)
Caso de
* 20 * 60 Siliciclastico * Alta K * 104
Estudo
Tabela 3
* Dados não fornecidos

Como resultado da comparação realizada foi possível fazer a escolha da injeção de polímeros como
método de recuperação avançada. No entanto, nos anteriores critérios de seleção não foi levado em conta um
dos fatores com grande importância na implementação da injeção de polímeros: a salinidade da água de
formação, que no caso do caso de estudo foi de 70000 ppm.
Al-Bahar et al. (2004) apresentou diferentes critérios para a implementação de diferentes métodos de
recuperação avançada, entre os quais está a injeção de polímeros em reservatórios de alta salinidade na água
de formação característicos dos campos do Kuwait. Os critérios propostos pelos autores são apresentados na
tabela 4:

Tabela 4
Para finalizar o processo de escolha do polímero foi utilizada a tabela 5 presentada por Dória (1995)
apud Bento (2015), onde se apresentaram as principais propriedades e limitações de polímeros sintéticos
como a poliacrilamida (HPAM) e o biopolímero polissacarídeo xantana.

Tabela 5
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Acorde à salinidade apresentada pela água de formação do caso base foi elegido o biopolímero
polissacarídeo xantana para ser usado na injeção e recuperação avançada de petróleo do caso base.
Experiências análogas
Littman et al., (1991) trabalharam num projeto no campo Vorhop-Knsebeck o qual tem as caraterísticas na
tabela X. Embora o recobro pela injeção de agua foi alta após otimização atingiu-se ao redor de 8% do OOIP
com a injeção com polímero. Foram necessitadas 80 toneladas de Goma Xantana fornecidas pela companhia
Statoil a qual trabalhou conjuntamente com a companhia Preussag e BEB. O planejamento da injeção de
polímeros devido aos altos corte de agua do campo, e fizeram o planejamento em base ao projeto executado
no campo Eddesse-Nord.

Nome Vorhop-Knsebeck
Profundidade 1200 m
Rocha Arenito consolidado
Porosidade 27 %
Permeabilidade 1 µ m²
Temperatura 56°C
Tabela. Caraterísticas do campo Vorhop-Knsebeck

O projeto foi executado na camada alta do bloco arenítico Dogger-ß do bloco “H3a” no campo Vorhop-
Knsebeck as características são descritas na tabela Y e apresentado na figura X. Esta parte do campo é
separado das outras por falhas e o mesmo contem quatro poços: VK8, VK45, K48 e VKH3, o volume poroso
total é aproximadamente de 43000 m³. Injetou-se 40% do volume poroso com o biopolímero em uma faixa
de concentrações entre 500-600 ppm, as quais atingiam uma solução polimérica de 40 mPa em condições de
reservatórios similar a viscosidade de óleo em situ. O projeto iniciado em dezembro do 1990 baseou-se em
duas partes primeiro a injeção da solução polimérica num poço com uma vazão de injeção de 120 m³/d donde
os resultados foram observados aso 22 meses do início da injeção e se necessitou uma quantidade aproximada
de 48000 kg de polímero. A segunda fase foi a injeção de solução polimérica em dois poços com uma vazão
de 160 m³/d, foram necessários 17 meses após injeção para observar os resultados. Aqui foram utilizados
uma quantidade aproximada de 50000 kg de polímeros.
Profundidade 1250 m
Área 145000 m²
Espessura 8-4 m
Porosidade 27%
Volume poroso 430000 m³
Saturação de agua inicial 14%
OOIP 370000 Res. m³
Fator de volume de 1.04
formação
Temperatura 56°C
Viscosidade do óleo 4 m Pas
Densidade do óleo 860 kg/m³
Salinidade da agua de 210 kg/m³
formação
Permeabilidade 100 mD
Tabela. Características do bloco H3a
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Figura. Esquema do bloco H3a

O projeto tem feito um estudo com simulação numérica executado no ano 1986 antes da perfuração do poço
injetor de agua “H3” a para estimar a locação ótima dele no bloco. Baseado neste estudo em 1988 foi feito
outra simulação mostrou um recobro incremental de 8% de OOIP com injeção do polímero. Com as
mudanças de novos modelos do campo e ferramentas se deixo a simulação numérica de lado e aplicou-se
neste estudo a simulação com experimentação de polímeros em laboratórios. Os resultados do corte de agua
correspondente aos poços são apresentados nas figuras XYZ.

Figura. Corte de agua poço VK8 Figura. Corte de agua poço VK45 Figura. Corte de agua poço VK48

Littman et al., (1991) após os resultados no laboratório eles propuseram executar a injeção no campo com os
seguintes parâmetros na fase 1. Os resultados da qualidade do biopolímero obtidos dos testes são
apresentados na figura J. são amostradas as concentrações dos diferentes grupos de Goma Xantana conjunto
com suas especificações para atingir a viscosidade do óleo do reservatório, a pressão incrementa com o teste
de injeção e o fator de resistência residual (RRF).

Injeção no Poço H3a


Vazão de injeção 120 m³/d
Tempo 22 meses
Concentração do polímero 0.5 Kg/m³
Consumo de polímero 40 000 kg matéria ativo /
1440 m³ Xanathana
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Figura. Qualidade da Goma Xantana durante os dez anos de operação

Eles concluíram que segundo as figuras que nos poços VK8 e Vk48 é observada uma estabilização e logo
uma diminuição no corte de agua após 3 meses da injeção da solução com os polímeros. Isto é explicado
pela mudança da distribuição da pressão no reservatório devido ao fluxo de óleo nas partes do reservatório
onde o óleo era imóvel pela injeção de agua convencional. No começo do ano 1990 o poço VK45 produziu
agua sem conteúdo de óleo amostra um corte de agua muito alto de 95%, no entanto em janeiro do 1991 o
corte de agua baixo numa faixa de valores de 95-93% isto é uma clara resposta a injeção do polímero.

Referências
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Al-Bahar, M. A. et al (2004). Evaluation of IOR potential within Kuwait. Abu Dhabi international Petroleum Exhibition
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Tese de Mestrado. Campinas, SP, Brasil: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
Mecânica e instituto de Geociências.

Bento, H. D. (2016). Evaluation of Heavy Oil recovery factor by water flooding at different temperatures. Latin
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