Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE GOIÁS

Isabela Larissa Alves Silva, Jaqueline Costa de Souza, Leanndro


Gonçalves Corrêa, Pedro Henrique Rocha, Rui Vieira da Silva Júnior

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ANÁPOLIS

AGOSTO/2016
Isabela Larissa Alves Silva, Jaqueline Costa de Souza, Leanndro
Gonçalves Corrêa, Pedro Henrique Rocha, Rui Vieira da Silva Júnior

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Trabalho realizado para constituição da


nota de 1° VA na Disciplina de Concreto
Armado II, no curso de Engenharia Civil
8° Período, ministrada pelo professor
Marcus Vinícius.

ANÁPOLIS

AGOSTO/2016
RESUMO

O trabalho em questão tem como finalidade a realização de um estudo a respeito de


equações diferenciais, no que tange a definição, classificação, resolução e suas aplicações no
âmbito da engenharia civil. Dentro das diversas aplicações das equações diferenciais, na
engenharia são utilizadas principalmente as equações diferenciais ordinárias e por sua vez as
equações diferenciais ordinárias homogêneas. Portanto o enfoque principal deste trabalho se
dará sobre esta vertente. Assim, se buscará evidenciar a importância da análise desse tipo de
equação para a resolução de problemas de osciladores harmônicos, vazamento em um tanque
e deformação de vigas.
Palavras chave: Equações diferenciais, aplicações, engenharia
SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS......................................................................................... 6
1.1 Equações Diferenciais Ordinárias .................................................................................... 7
2 APLICAÇÕES ................................................................................................................... 8
2.1 Osciladores Harmônicos ................................................................................................... 8
2.2 Calculo de vazamento de um tanque ................................................................................ 9
2.3 Cálculo de Deformação de Viga ..................................................................................... 10
3 SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL .................................................... 13
3.1 Solução de uma equação diferencial ordinária ............................................................... 14
3.2 Solução de equações diferenciais ordinárias homogêneas de primeira ordem ............... 14
3.2.1 Exemplo matemáticos de resolução de equações diferenciais ordinárias homogêneas
de primeira ordem ................................................................................................................. 16
3.3 Solução de equações diferenciais ordinárias homogêneas de segunda ordem ............... 17
3.3.1 Exemplo prático de resolução de equações diferenciais ordinárias homogêneas ....... 18
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 21
5

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa explanar equações diferenciais em seu âmbito mais geral,
bem como uma de suas linhas principais no que diz respeito a suas diversas classificações.
Dentre as equações diferenciais tem-se a subdivisão em ordinárias, sendo posteriormente
dividida em homogêneas, uma vez que o segmento dessa linha leva a resolução dos mais
diversos problemas aplicados à engenharia civil.
De uma maneira geral, podemos dizer que temos uma equação diferencial (ou um
sistema de equações diferenciais) se na equação (ou em cada equação do sistema) estão
envolvidas funções incógnitas e suas derivadas. (Bassanezi)
As equações diferenciais ordinárias homogêneas, estão aplicadas a resolução de
questões relacionadas a hidráulica, matemática financeira, variação de temperatura, variação
de população, bem como diversas áreas de conhecimento.
A primeira parte da obra busca uma explicação geral sobre as equações diferenciais
desde sua parte mais global até atingir a vertente a ser destacada. Na segunda parte, encontra-
se as principais aplicações das equações diferenciais ordinárias homogêneas a engenharia
civil.
E por fim, localiza-se a forma como são resolvidas, bem como a resolução de um exemplo
sobre flexão em vigas.
A principal metodologia utilizada foi a pesquisa e resolução de exercícios para a
confecção do trabalho bem como a melhor aprendizagem dos autores sobre o assunto.
6

1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Não foi por acaso que Marius Sophus Lie, ainda no século XIX, afirmou que “a teoria
de equações diferenciais é a disciplina mais importante dentre todas as disciplinas
matemáticas”.

No século XVII os matemáticos Izaac Newton (1642-1727) e Gettfried Wilhelm


Leibniz (1646-1716) descobriram de forma independente, técnicas de derivação e
integração, posteriormente utilizadas para resolver problemas que envolvem
derivação, denominadas Equações Diferenciais, o que daria a resposta a vários
enigmas envolvendo conhecimentos matemáticos e até então não solucionados, tais
como a área de uma superfície plana com suas arestas irregulares. Essa nova
proposta matemática foi apreciada por inúmeros estudiosos que desenvolveram
teorias que produziram grandes avanços na matemática e inúmeras aplicações,
principalmente nas ciências físicas. (Alitolef, 2016 ).

Em geral, uma equação diferencial é aquela que contém uma função desconhecida em
uma ou mais de suas derivadas. A ordem de uma equação diferencial é a ordem da derivada
mais alta que ocorre na equação (Stewart, Cálculo Volume II, 2009).

Por exemplo, quando consideramos a equação diferencial y’=xy entendemos que y


seja uma função desconhecida de x. Uma função f é chamada de solução de uma
equação diferencial se a equação é satisfeita quando y = f (x) e suas derivadas são
substituídas na equação. Assim, f é uma solução da Equação y’=xy se f’(x)=x f(x)
para todos os valores de x em algum intervalo. (Stewart, Cálculo Volume II, 2009)

Ainda segundo (Stewart, Cálculo Volume II, 2009), “[...] talvez a aplicação mais
importante do cálculo sejam as equações diferenciais. Quando os cientistas usam o cálculo,
em geral o fazem para analisar uma equação diferencial surgida no processo de modelagem de
algum fenômeno que eles estão estudando. Embora seja frequentemente impossível encontrar
uma fórmula explícita para a solução de uma equação diferencial”.
As equações diferenciais são objeto de intensa atividade de pesquisa pois apresentam
aspectos puramente matemáticos e uma multiplicidade de aplicações práticas em diversas
áreas como, medicina, engenharia, química, biologia, etc. (Matos, 2016). Estas equações
normalmente estão relacionadas a vários fenômenos químicos e físicos que ocorrem na
7

natureza, como: reações químicas, fluxo de calor, fluxo de energia elétrica, vibrações etc. A
equação de Bernoulli é um ótimo exemplo de equação diferencial, utilizada para demonstrar
matematicamente vários fenômenos presentes na mecânica dos fluidos e na hidráulica.

1.1 Equações Diferenciais Ordinárias

Equações Diferenciais Ordinárias é a função que depende de uma única variável


independente. Essa função pode ser expressa como: 𝒚(𝒌) = 𝒚(𝒙) , onde x é a variável
independente, y é a variável dependente e o valor k representa a ordem da derivada da função
(Alitolef, 2016 ).
Segundo (Zill, 2003), “Se uma equação contiver somente derivadas ordinárias de uma
ou mais variáveis dependentes em relação a uma única variável independente, ela será
denominada de Equação Ordinária”.
As equações diferenciais ordinárias homogêneas podem ser de primeira ordem ou de
segunda ordem. São ditas homogêneas quando a equação se iguala a zero. Diz-se que a função
f(x,y) é uma função homogénea de grau n em relação às variáveis x e y se tiver, para todo o λ,
f (λx, λy)=𝜆𝑛 f(x, y) . A solução geral de uma equação diferencial será a combinação linear de
duas soluções linearmente independentes. Dizemos que duas soluções são independentes se
uma não é múltiplo constante da outra.
Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é aquela que pode ser escrita na
forma
𝑑𝑦
+ 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑄(𝑥)
𝑑𝑥

Onde P e Q são funções continuas em um dado intervalo


Quando Q(x) = 0 dizemos que a equação é homogênea de primeira ordem.
Uma equação diferencial ordinária de segunda ordem tem a forma
𝑑2𝑦 𝑑𝑦
𝑃(𝑥) ∗ 2 + 𝑄(𝑥) ∗ + 𝑅(𝑥)𝑦 = 𝐺(𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Onde P e Q são funções continuas em um dado intervalo
Quando G(x) = 0 dizemos que a equação é homogênea de segunda ordem.
8

2 APLICAÇÕES

As equações diferenciais podem ser aplicadas em diversas áreas do conhecimento,


como a física, química, biologia economia, engenharia, etc. Vários fenômenos envolvem a
variação de uma quantidade em relação a outra, levando naturalmente a modelos baseados em
equações diferenciais. Pode-se ter variações temporais de, por exemplo, a posição de um
objeto, a temperatura de um material, a concentração de um agente químico, o número de
habitantes de uma cidade, etc. Além de variações temporais dessas quantidades, pode-se ter
variações em relação a outras quantidades, como variação de temperatura em relação a
posição e variação de densidade de massa de um fluído em relação a temperatura, por
exemplo (Rosa, 2009). Dessa forma, diante do vasto campo de aplicação das equações
diferenciais, se evidenciará a aplicação na engenharia civil, através do cálculo de osciladores
harmônicos, cálculo do vazamento em um tanque e deformação de vigas.

2.1 Osciladores Harmônicos

Alguns tipos de osciladores harmônicos podem ser modelados por equações


diferenciais de segunda ordem. Para se determinar a equação para o caso de osciladores
amortecidos por uma força de resistência, considera-se um sistema massa-mola na posição de
equilíbrio sem um peso e depois com um bloco pendurado na extremidade da mola, como

pode ser visualizado na figura 1 (Leão & Alves, 2016).


Figura 1 – Sistema massa-mola

Fonte 1 - (Leão & Alves, 2016)


9

O diagrama de corpo livre do bloco evidencia que para equilibrar a força peso do
bloco existe uma força restauradora da mola e uma força de atrito. Sendo a constante elástica
da mola (k) maior do que zero, e equilibrando as forças na vertical tem-se:
𝑚𝑔
∑ 𝐹𝑦 = 0 ⇒ −𝑘𝑦 + 𝑚𝑔 = 0 ⇒ 𝑘 =
𝑦
Dessa maneira, determina-se a constante elástica da mola k.
Para se determinar a resistência devido ao atrito interno, considera-se que este é
proporcional a velocidade do movimento, ou seja, 𝐹𝑎 = −𝜐𝑦′, em que 𝜐 > 0, é o coeficiente
de amortecimento (Leão & Alves, 2016). Assim, tem-se:
𝐹𝑝𝑒𝑠𝑜 = 𝐹𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎 + 𝐹𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
𝑚𝑎 = −𝑘𝑦 − 𝜐𝑦′
𝑑2𝑦 𝑘 𝜐 𝑑𝑦
= − 𝑦 −
𝑑𝑡 2 𝑚 𝑚 𝑑𝑡
Sendo esta, a equação do movimento de um oscilador amortecido.

2.2 Cálculo de vazamento de um tanque


Perda de água por um Orifício (lei de Torricelli)
Trata-se da perda de água em um tanque cilíndrico que apresenta um orifício em seu
fundo. Este caso é outro problema típico que leva a uma EDO. Trata-se da perda de água em
um tanque cilíndrico que apresenta um orifício em seu fundo (Souza, 2011).
Para calcular a altura da água no tanque num instante qualquer, sabendo que o tanque
tem um diâmetro de 2m, o orifício tem um diâmetro de 1 cm e a altura inicial da água, quando
o orifício é aberto, é de 2,25 m, sabe-se em que momento o tanque estará vazio.
Informação física: sob a influência da gravidade a água que sai do tanque tem a
velocidade:

V (t )  0,600 2gh(t ) (lei de Torricelli)


Onde h(t) é a altura da água acima do orifício no instante t e g= 980 cm/s² = 32,17 ft/
s² é a aceleração da gravidade na superfície terrestre.
10

Solução: Elaboração do modelo.


Para obter uma equação, deve-se relacionar o decréscimo do nível da água h(t) com o
fluxo de água para fora do tanque. Durante um curto período de tempo ∆t, o volume ∆v, do
fluxo que sai do tanque é:
v  Avt
∆v deve ser igual à variação ∆v* do volume da água no tanque. Portanto:
v*  Bh
B(Área de seção transversal do tanque)
Onde ∆h (  0) é o decréscimo da altura h(t). O sinal negativo aparece porque o
volume da água no tanque diminui. Igualando ∆v a ∆v*, temos:
 Bh  Avt
Pode-se agora exprimir v conforme a Lei de Torricelli e então faz- se ∆t (o tamanho do
intervalo de tempo considerado), aproximar-se de zero – essa é uma maneira padrão de se
obter uma EDO como um modelo (Souza, 2011).
Ou seja, tem-se:
 ( h) A A
  v   0,600 2 gh(t )
(t ) B B

E fazendo, obtém-se a EDO:


dh A
 26,56 h
dt B
Onde, 26,56  0,600 2  980 .Esse é o modelo, que corresponde a uma EDO de
primeira ordem.

2.3 Cálculo de Deformação de Viga

A flexão de vigas sob ação de cargas que incluem seu peso próprio é um tema muito
estudado na engenharia civil. No caso desse exemplo, será levado em consideração uma viga
prismática, homogênea quanto ao material, formada por fibras longitudinais que está
engastada, que pode ser evidenciada na figura 2 (Flemming, Luz, & Wagner, 2000).
11

Figura 2 – Viga em Balanço

Fonte 2 - (Flemming, Luz, & Wagner, 2000)

Na viga analisada, as fibras da metade superior são comprimidas e as da metade


inferior são tracionadas. Dessa forma, a viga fica dividida em duas partes separadas por uma
superfície neutra cujas fibras não sofrem tração nem compressão. A curva AB (figura 3) é
denominada curva elástica e pode-se definir a sua equação como y = f (x), na qual a ordenada
y é a flecha da viga (Flemming, Luz, & Wagner, 2000).

Figura 3 – Viga do tipo Prismática

Fonte 3 - (Flemming, Luz, & Wagner, 2000) -

Para determinar a curva elástica pode-se usar uma equação diferencial que modela o
12

problema em geral, dada por:

𝑑2𝑦 𝑀
=
𝑑𝑥 2 𝐸𝐼

Sendo E o módulo de elasticidade, I o momento de inércia da seção transversal em


relação à linha neutra e M o momento fletor.

Tanto o momento de inércia, quanto o momento fletor são funções de x, no entanto em


vigas prismáticas apenas o momento fletor é função de x. Observando a figura 3 tem-se que
AB é a interseção da seção transversal com a superfície neutra e Q é o ponto de interseção
entre AB e a curva elástica nessa seção. Da Física tem-se que o momento M, em relação à AB,
de todas as forças que agem em qualquer das partes em que a viga foi dividida pela seção é
independente da parte considerada e é dada expressão:

𝐸𝐼
𝑀=
𝑅

Sendo R o raio de curvatura da curva elástica no ponto Q. Supondo que a viga seja
substituída pela curva elástica e a seção transversal pelo ponto Q=Q(x,y), pode-se calcular a
curvatura da curva elástica através da fórmula (Flemming, Luz, & Wagner, 2000):
3⁄
𝑑𝑦 2 2
⌊1 + ( ) ⌋
𝑑𝑥
𝑅=
𝑑2 𝑦
𝑑𝑥 2
𝑑𝑦
Como a declividade da curva elástica, dada por 𝑡𝑔𝜃 = 𝑑𝑥 , em qualquer ponto é muito

pequena, tem-se:
1
𝑅≅
𝑑2 𝑦
𝑑𝑥 2
Dessa maneira, substituindo a equação acima, na equação do momento fletor, tem-se a
equação diferencial de linear de segunda ordem que modela o cálculo de vigas:
𝑑2𝑦 𝑀
=
𝑑𝑥 2 𝐸𝐼
13

Como no problema em questão o momento fletor é função de x, a equação acima pode


ser definida mais especificamente, sendo M(x) dado pelo produto entre a força P pela sua
distância, como pode ser evidenciado na figura 4:

Figura 4 – Momento Fletor

Fonte 4 - (Flemming, Luz, & Wagner, 2000)

Assim, 𝑀(𝑥) = −𝑃𝑥 , e substituindo na equação acima, obtém-se a equação


diferencial que modela o exemplo dado (Flemming, Luz, & Wagner, 2000):

𝑑2 𝑦 −𝑃𝑥
=
𝑑𝑥 2 𝐸𝐼

3 SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL

Uma equação diferencial admite como solução uma função que satisfaça
identicamente à equação, ou seja, a solução de uma equação diferencial se resume a um
gráfico, dependendo de sua simplicidade.
A solução mais geral possível que admite uma equação diferencial é denominada
solução geral, enquanto que outra solução é chamada uma solução particular.
Caso sejam conhecidas condições adicionais, pode-se obter soluções particulares para
a equação diferencial e se não são conhecidas condições adicionais obterá basicamente a
solução geral. “Uma equação diferencial satisfazendo algumas condições adicionais é
14

denominada Problema de Valor Inicial (PVI), o qual é bastante utilizado para solucionar
equações diferenciais.” (Sodré, 2003)

3.1 Solução de uma equação diferencial ordinária

Quando deseja-se resolver uma EDO, deve-se atentar se esta equação diferencial tem
solução. Caso tenha solução, deve-se verificar se esta solução é única e ainda se existe uma
solução que satisfaça a alguma condição especial. Para isso, é importante ressaltar o Teorema
de Existência e Unicidade de solução que permite responder estes questionamentos, desde que
a equação tenha algumas características.
O processo para solucionar uma equação diferencial é bastante parecido com o cálculo
de integrais e como já se sabe, algumas integrais não apresentam primitivas, como é o caso
das integrais elípticas. Dessa forma, pode-se inferir que nem todas as equações diferenciais
possuam soluções.

3.2 Solução de equações diferenciais ordinárias homogêneas de primeira ordem

Como já mencionado, uma função f = f(x, y) é dita homogênea de grau k se, para todo
t ∈ R, vale a relação f(tx, ty) = t k f(x, y). Mas uma forma mais fácil de observar a
homogeneidade de uma função polinomial é verificar que todos os monômios da função
possuem o mesmo grau. No caso de uma função racional (quociente de polinômios), os
membros do numerador devem ter um mesmo grau m e os membros do denominador devem
também um mesmo grau n, sendo que o grau da expressão do denominador pode ser menor
ou igual que o grau da expressão do numerador. (Sodré, 2003)
Para resolver uma equação diferencial homogênea de primeira ordem recomenda-se
seguir as seguintes etapas:

 Verificar se as variáveis são separáveis: As variáveis são separáveis se for possível


expressar a equação diferencial como f(x)dx + g(y)dy = 0, onde f(x) é uma função
somente de x, e g(y) é uma função somente de y. (Stewart, Cálculo Volume II, 2007)
Estas equações diferenciais são as mais simples de solucionar. Elas podem ser
integradas para dar ∫f(x)dx + ∫g(y)dy = c, onde c é uma constante arbitrária.
Dentre as recomendações para a realização deste passo, pode-se citar: Eliminar as
frações; Se a equação envolve derivadas, multiplicar pela diferencial da variável
15

independente; Juntar todos os termos contendo as mesmas diferenciais em um único


termo; Integrar cada parte separadamente; Simplificar as expressões, combinando os
termos, convertendo logaritmos para expoentes, e usando o símbolo mais simples para
as constantes arbitrárias, por exemplo.

 Caso não seja possível a separação das variáveis, verificar se a equação


diferencial é homogênea. Como já mencionado, uma equação diferencial, M dx + N dy
= 0, é homogênea se a substituição de x e y por λx e λy resultar na função original
multiplicada por alguma potência de λ. Se esta condição for verdadeira, deve-se
substituir y pela expressão y=vx, e, portanto, dy/dx = x(dv/dx) + v. Da expressão
apresentada acima, M dx + N dy = 0, chega-se que dy/dx = -M/N = f(v), já que y é
uma função de v. Então f(v) = dy/dx = x(dv/dx) + v. Com isso as variáveis x e v
podem ser separadas de acordo com o passo citado anteriormente, obtendo-se dx/x =
dv/(f(v)-v)). Feito isso, deve-se resolver a nova equação diferencial com as variáveis
separadas, substituindo novamente y=vx para encontrar y.

 Caso também não seja possível resolver a equação diferencial pelos dois
métodos anteriores, verifique a possibilidade de expressá-la como uma equação linear,
na forma de dy/dx + Py = Q, onde P e Q são funções somente de x, ou constantes.
Caso esta condição seja atendida, deve-se seguir os seguintes passos: Seja y=uv, onde
u e v são funções de x, ao derivar obterá a seguinte expressão, dy/dx = u(dv/dx) +
v(du/dx). Substituindo em dy/dx + Py = Q, obtem-se u(dv/dx) + v(du/dx) + Puv = Q,
ou u(dv/dx) + (du/dx + Pu)v = Q. Com isso, deve-se determinar integrando du/dx + Pu
= 0, onde as variáveis são separáveis e usando o valor obtido de u, encontrar v
resolvendo u(dv/dx) = Q, onde, novamente, as variáveis são separáveis. Finalmente,
deve-se utilizar novamente a substituição y=uv para encontrar y.

Portanto, resumidamente, um passo a passo para facilitar a resolução de equações diferenciais


homogêneas de primeira ordem pode ser descrito como apresentado logo a seguir:
16

Passo 1: Verificar se a equação é uma EDO homogênea, ou seja, verificar se f(tx,ty)= f(x,y),
o que influi que f(tx,ty) é independente da variável t;

Passo 2: Escrever a substituição z=y/x ou y = xz e a diferenciar obtendo y' = xz' + z;

Passo 3: Substituir as igualdades do passo 2 na EDO homogênea para obter a EDO separável
associada nas variáveis z e x:
𝑑𝑍
𝑋 + 𝑍 = 𝑓(1, 𝑍)
𝑑𝑋

Passo 4: Resolver a EDO separável do passo 3 para encontrar z;

Passo 5: Recuperar a variável y por meio da substituição usada: y = xz;

Passo 6: No caso de ter um PVI, usar a condição inicial para obter a solução particular do
PVI.

3.2.1 Exemplo matemáticos de resolução de equações diferenciais ordinárias


homogêneas de primeira ordem

1) Solucione a seguinte equação diferencial:


𝑑𝑦 𝑥2 + 𝑦2
=
𝑑𝑥 𝑥𝑦

A primeira coisa a se fazer é verificar a homogeneidade da equação:


𝜆2 𝑥 2 + 𝜆2 𝑦 2 𝑥2 + 𝑦2
𝑓(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = = = 𝑓(𝑥, 𝑦)
𝜆2 𝑥𝑦 𝑥𝑦
Portanto, a equação é homogênea, então o próximo passo é a substituição da expressão
y=zx, logo:
𝑑𝑦 𝑑𝑧
= 𝑥+𝑧
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Substituindo a expressão acima na equação diferencial, tem-se:
𝑑𝑧 𝑥2 + 𝑥2𝑧2 1 + 𝑧2
𝑥+𝑧 = =
𝑑𝑥 𝑥𝑥𝑧 𝑧
17

O próximo passo é arrumar a equação acima, tornando-a separável, como apresentado


a seguir:
𝑑𝑧 1 + 𝑧2 1
𝑥= −𝑧=
𝑑𝑥 𝑧 𝑧
𝑑𝑥
𝑧𝑑𝑧 =
𝑥
Com a equação separável acima pode-se resolver a equação basicamente integrando
ambos os lados da equação.
𝑑𝑥
∫ 𝑧𝑑𝑧 = ∫
𝑥
𝑧2
= ln/𝑥/ + 𝑐1
2
𝑧 2 = 2 ln/𝑥/ + 2𝑐1
Fazendo c = 2c1 e sabendo-se que /x/2 = x2, tem-se:
𝑧 2 = ln 𝑥 2 + 𝑐
Com isso, retornando-se a antiga variável obtém-se a solução da equação diferencial
proposta:
𝑦2
= ln 𝑥 2 + 𝑐
𝑥2
𝑦 2 = 𝑥 2 ln 𝑥 2 + 𝑥 2 𝑐

3.3 Solução de equações diferenciais ordinárias homogêneas de segunda ordem

A resolução de equações diferenciais ordinárias homogêneas de segunda ordem é


basicamente descrita pelo mesmo processo citado para equações de primeira ordem, ou seja,
encontrar uma solução particular y = v da equação diferencial por tentativa e erro, atentando-
se que se caso f(x) não seja uma solução particular da equação, deve-se seguir os seguintes
passos:

 Se f(x) está na forma f(x) = a + bx, deve-se fazer y = v = A + Bx;


 Se f(x) está na forma f(x) = aebx, deve-se fazer y = v = Aebx;
 Se f(x) está na forma f(x) = a1 cos bx + a2 sin bx, deve-se fazer y = v = A1 cos bx
+ A2 sin bx.
No entanto, caso f(x) não for uma solução particular da equação, deve-se fazer v como
na forma acima, multiplicado por x.
18

3.3.1 Exemplo prático de resolução de equações diferenciais ordinárias homogêneas

O problema sobre deformação em vigas visa descobrir sobre a flecha existente na peça
e sua declividade e resulta em uma equação diferencial da forma:
𝑑2𝑦 −𝑃𝑥
2
= (1)
𝑑𝑥 𝐸𝐼
Assim ao integrar os dois lados da equação verifica-se:
𝑑𝑦 −𝑃𝑥
= ∫ 𝑑𝑥 (2)
𝑑𝑥 𝐸𝐼
𝑑𝑦 −𝑃 𝑥 2
= ( − 𝐶1 ) (3)
𝑑𝑥 𝐸𝐼 2
Sendo C1 definido a partir das condições de contorno. Então a partir da condição
𝐿2
y’(L)=0, tem-se que, C1= 2 .

Realizando a substituição de C1 na equação (3), o resultado é:


𝑑𝑦 −𝑃 𝑥 2 𝐿2
= ( − ) (4)
𝑑𝑥 𝐸𝐼 2 2
Usando a integração direta na equação (4):
−𝑃 2
𝑦= ∫ (𝑥 − 𝐿2 ) 𝑑𝑥 (5)
2𝐸𝐼
−𝑃 𝑥 3
𝑦= ( − 𝐿2 𝑥 − 𝐶2 ) (6)
2𝐸𝐼 3
Outra condição de contorno que pode ser encontrada no problema é, y(L)=0, portanto,
2𝐿3
C2=− .
3

Reescrevendo a equação (6), incluindo nela o valor de C2, tem-se por fim a seguinte
expressão, a equação da curva elástica:
−𝑃 3
𝑦= (𝑥 − 3𝐿2 𝑥 + 2𝐿3 ) (7)
6𝐸𝐼
Aplicando a expressão a um ponto da viga, como exemplo o ponto a onde x=0,
podendo ter assim:
A flecha nesse ponto é dada por:
−𝑃𝐿3
𝑦=
3𝐸𝐼
Assim como a declividade em A é obtida a partir da equação (4):
19

𝑑𝑦 𝑃𝐿2
=
𝑑𝑥 2𝐸𝐼
A equação da curva elástica pode ser escrita de uma forma mais geral deixando que as
condições de contorno a definam:
−𝑃 3
𝑦= (𝑥 + 6𝐶1 𝑥 + 6𝐶2 )
6𝐸𝐼
Sendo que C1 e C2 são as condições de contorno dadas.
A tabela abaixo ilustra vários outros exemplos de flexão em vigas comumente
estudados na Engenharia civil.

Tabela 1 – Tabela Resumo

Fonte 05 - (Sodré, 2003)


20

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como principal foco o estudo das equações diferenciais como um
todo, assim como o tratamento das equações diferenciais ordinárias homogêneas, onde foi
realizado um estudo sobre o assunto possibilitando assim uma melhor compreensão do
mesmo, buscando o aprendizado dos autores da pesquisa.

A abordagem matemática associada a prática, auxiliou na compreensão da relação


existente entre os estudos teórico e a resolução de problemas existentes na Engenharia e
diversas outras áreas a serem exploradas.

A importância da compreensão sobre o assunto se deu principalmente em ver que as


mais diversas áreas da engenharia civil, possuem questões que são principalmente resolvidas a
partir das equações diferenciais ordinárias homogêneas, portanto o seu entendimento leva a
um novo nível de percepção da engenharia, que ajuda principalmente a interpretar os diversos
mecanismos presentes em diversas áreas de conhecimento.
21

BIBLIOGRAFIA

Alitolef, S. d. (06 de Agosto de 2016 ). Fonte:


http://www.dmejp.unir.br/menus_arquivos/1787_2011_sergio_alitollef.pdf
Bassanezi, R. C. (s.d.). Equacões Diferenciais Ordinárias Um curso introdutório. Coleção
BC&T - UFABC.
Flemming, D. M., Luz, E. F., & Wagner, R. (2000). Equações Diferenciais na Engenharia
Civil: Uma Proposta Didática.
Leão, L. S., & Alves, L. A. (Março de 2016). Aplicações de Equações Diferenciais Ordinárias
a Engenharia Civil.
Matos, F. d. (06 de Agosto de 2016). Trabalho de EDO. Fonte: ebah:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe7ncAD/trabalho-edo
Ribeiro, L. d. (2016). Regras Básicas para apresentação formal de trabalhos. Fonte: Sistema
de bibliotecas da UEL: http://www.uel.br/bc/portal/arquivos/apostila-normalizacao.pdf
Rosa, R. M. (Agosto de 2009). Equações Diferenciais. Acesso em 5 de Agosto de 2016,
disponível em UFRJ: http://www.dma.im.ufrj.br/~rrosa/dvifiles/apostila-ed.pdf
Sodré, U. (21 de Maio de 2003). Equações Diferenciais Ordinárias - Computação, Engenharia
Elétrica e Engenharia Civil.
Stewart, J. (2007). Cálculo Volume II. São Paulo: Thomson Learning.
Stewart, J. (2009). Cálculo Volume II. São Paulo: Cengage Learning.
Zill, D. G. (2003). Equacões Diferenciais com Aplicações em Modelagem. São Paulo:
Thomson Learning.
Souza, M. G. (2011). Uma estratégia metodológica para a introdução de um curso de
equações diferenciais ordinárias. Acesso em 7 de Agosto de 2016, disponível em:
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/EnCiMat_SouzaGM_1.pdf

Você também pode gostar