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A AUTORA

Maria Ignês CarEoç Magno


Doutora em Ciências da Comunicação pela ECACUSP.
Professora do curso de Pedagogia do Centro Universitiirio
SaFesiano de 350 Paulo e da Universidade Anhembi Morumbi.
E-mail: unsig@gloho.com

O DESENHO ANIMADO EM
SALA DE AULA

a sala de professores, nas vemos uma dupla situação: a crise do


conversas informais, e m al- ensino formal e as intimem possibili-
gumas pesquisas, 6 comum dades que o exercício da sala de aula
ouvirmos sobre o s efeitos pode nos oferecer.
maléficos que a TV e a programaçiio Tendo em vista que são muitos os títu-
infantil exercem sobre a criança d e um los disponíveis nas Irnadoras e as aborda-
modo geral. Se aprofundarnos a conver- gens possíveis e que o professor do Ensina
sa, chegamos a ouvir que parte da Fundamental I continua sendo o mais exi-
indisciptina e de atitudes inadequadas gido e pouco considerado nesse contexto
das crianças são atribuídas as imagens de tantas mudanças, procurei selecionar
e 5s mensagens que os meios de comu- desenhos que possam compor os seus con-
nicação de massa, em especial a TV e a teúdos grogramáticos e, ao mesmo tempo,
violência transmitida pelos desenhos favorecer um exercício interdisciplinar,
infantis, provocam. Senso comum, re- auxiliar no estudo das artes, ampliar as lei-
produção viciada de um discurso difun- turas das fábulas e dos contos de fadas e,
dido por estudos que enfocam apenas um principalmente, exercitar o olhar para a
lado do problema. A verdade é que des- diversidade e a riqueza das culturas.
conhecemos ou não percebemos ainda Os desenhos selecionados são
que podemos fazer dos meios e das men- Dinossnilro, A Era do Gelo, O Príncipe
sagens aliados no processo educativo clo Egito, Aiinsrrísicr, Sltrek e Kirik* e a
que, como bem sabemos, vai além do es- Feiticeira e p d e m ser trabalhados indi-
paço da sala dc aula e dos contecdos or- vidualmente ou organizados em três blo-
ganizados pelos I ivros didáticos. cos de estudos: no primeiro bloco -
Pensei em sugerir o uso de desenhos Qirzossnuro e a Era do Gelo, no segundo,
animados para a prática de exercícios O príncipe cEo Egito e Annstrisin e no ter-
em sala de aula entendendo que hoje vi- ceira, Slirck e Kirikrr e n Feiticeiro.
O desenho animado em sala de aula

DINOSSAURO (Dinosaur) Many, o peludo marnute ranzinw, Side,


Direção - Ralph Zondag e Eric Leighton a preguiça atrapalhada e Diego, o tigre
Roteiro - John Harrison e Robert dente-de sabe, partem em uma jornada
Nelson Jacobç selvagem para devolver o bebê humano
História - Robert Nelson Jacobs, perdido d e sua família. Apesar das trapa-
Ralph Zondag, Thom Enriqirez lhadas durante a viagem, os três acabam
e John Harrison aprendendo valores como família e ami-
Música - Jarnes Ncwton Howard zade. Ao longo da história, ternos a opor-
Pais - EUA tunidade de conhecer o esquilo Scrat. Es-
Ano - 2000 quilo çornpulsivo que viaja pela era do
Duraqão - 82min ge!o com sua avelã e não deixa nada ficar
Locadora entre eles.
Os dois primeiros desenhos podem ser
Há 65 milhões de anos, os dinossauros trabalhados a partir da segunda série e
ainda viviam no planeta Terra. Diiiossatrro os temas que sugerem nas ireas de ciên-
conta a história de Aladar, um iguandonte cias e geografia são: a formação da ter-
que foi separado de sua espkie ainda den- ra, dos continentes, dos mares, dos oce-
tro do ovo. Separado de sua mãe, nasce sob anos e da vida n a planeta. Nas disciplinas
os cuidados de um clã de lêmures, ao qual de história e de artes: a idade da terra e
pertencem Zini e Plio. Quando um mereo- dos seres humanos, os f6ssei s, os primei-
ro colide com a terra, seu Par é destruido e ros grupos humanos, a arte rupestre (das
Aladar, com sua nova família, precisam sair cavernas) e seus significados, os animais
do lugar onde viviam. Durante a caminha- existentes como dinossauros e mamutes,
da, unem-se a um gmpo de dinossauros e bem como sua extinção, as primeiras or-
uma nova jornada se inicia para eles. O ganizações culturais.
desenho nos conta como os dinossauros
enfrentam um dos maiores desafios de sua O PRINCIPE DO EGITO
existencia na t e m até encontrarem um lo- (The Prince Of Egyt)
cal seguro para construírem seus ninhos. Direção - Brenda Chapman,
Durante a aventura, aprenderão que com Steve Hickner e Simon Wells
coragem, esperança e lealdade ser20 capa- Trilha sonora - Hans Zirnmer
zes de vencer os maiores obstáculos até Músicas originais - Stephen Schwartz
chegarem ao vale do acasalamento. Ano - 1998
Duração - 98min
A ERA DO GELO Locadora
Direção - Chris Wedge
Roteiro - MichaeI Berg, Michel O desenho narra a história de dois ir-
J. Wilson e Peter Açkerrnan mãos,um deles nascido com sangue real
Hist6ria - Michel J. Wilson e o outro, um órfão com um passado se-
Música - David Newmstn creta. Crescendo como melhores ami-
Ano - 2002 gos, seus laços se tornaram mais fortes
Duração - 8 lmin ao compartilhar uma divertida juventu-
Locadora de e uma saudivel rivalidade. Mas a
Comunicação 8r Educaçáo. São Paulo, (27): 105 u 109, maiolago.2003

verdade finalmente os separa, quando narrem histórias de personagens e de um


um se torna o governante do mais pode- período da história dos povos em ques-
roso irnpkrio da terra e o outro o líder tão, é interessante que o professor orga-
escolhido por seu povo. O confronto fi- nize uma pesquisa de tal forma que mos-
nal mudará suas vidas para sempre. O tre outros aspectos e visões das histórias
filme foi indicado para o Oscar e a mú- e dos povos, ou use os desenhos para
sica foi vencedora. exemplificar como uma história pode ser
vista e contada sob diversas ângulos.
ANASTÁSTA(Anastasia) Como Anastásia 6 tratada como uma fa-
Direção - Don Eluth e Gary Goldman buIa, é um bom momento para estudar
Roteiro - Susan Gauthier e Bruce o que é uma fábula ou um conto.
Graham, Bob Tzudiker e Noni White
Música - Lynn ahrens e S m K
Stephen Flaherty Direqão - Andrew Adamson
Trilha - David Newman e VicS, Jenson
Adaptação de animação - Eric Roteiro - Ted Elliot, Terry Rossio,
Tuchman Jw. Stillman e Roger S.H. Schulman,
Ano - 1997 baseado em um livro infantil ilustrado
Duração - 94min por Williarn Steig, lançado em 1990.
Locadora Ano - 2001
Duração - 90rnin
O desenho conta a fábula d e Lmadora
Anastásia, primeira princesa russa per-
dida e sua incrível jornada para desco- O filme conta a história de um ogro
brir sua verdadeira identidade. Quando horroroso que precisa libertar uma prin-
a Russia é tomada pela revolução, a fi- cesa e fazê-la casar com um nobre, para
lha da família real consegue escapar que seu pântano seja libertado dos per-
com vida. Dez anos depois, ela conhece sonagens de contos de fada que, bani-
Dimitri, um jovem que, apesar de seu dos dos feudos, alojaram-se em frente
carater duvidoso, vai ajudd-la a provar ao seu sossegado lar. O nobre e m ques-
que ela 15 a única descendente viva dos tão é o minúsculo lorde Farquaad, que
Romanov. Quando eles partem para Pa- só se tornaria rei ao se casar com uma
ris para cumprir sua missão, se vêem princesa. Para isso, ele guardou o espe-
obrigados a enfrentar uma terrível ba- lho mágico da Branca de Neve, que lhe
talha contra o poderoso mago d a mal oferece, em estilo de programas de au-
Rasputin e seu morcego Rastok. ditório, três belas candidatas das quais
O Príncipe do Egiru e Annsrcisin po- pode escolher uma: ÇindereIa, Branca
dem ser utilizados a partir da quarta sé- de Neve ou Solteira n. 3, urna certa prin-
rie. Interessam sob vários aspectos às cesa Fiona. Shrek, que concorda em atu-
disciplinas de história e geografia. Po- ar como cavaleiro e buscar a princesa
dem ser pontos de partida para a história para o rei, encara todos os desafios para
dos continentes e dos povos: egípcios, livrar-se da tarefa, mas acaba se apai-
hebreus e russos. Embora os filmes xonando por ela.
O desenho animado em sala de aula

KIRIKU E A FEITICEIRA sos do feudo) as I-iistórias e os contos


(Kiriku et 13 Sorcière) d e fada. É uma forina d e manter vivos
Direção - Mjchiiel Ocelot o sentido da infância, a imaginação e a
Música - Yousson N 'Dour narrativa do maravilhoso.
Ano - 1998 Kirik~te n Feitiçeirn E um desenho es-
Duraçio - 7 lmin pecial sob muitos aspectos: nos faz co-
Locadora nhccer um conto que retrata a cultura
africana, a saga de um povo em busca
Tendo como base um conto africano, d e sua libertação e nos permite ver uma
mais especificamente senegalês, outra forma d e fazer desenho, uma ou-
Michael Ocelot narra a saga d e um povo tra estética.
que habita o coração da savana africa- Se quisermos trabalhar os desenhos ten-
na. Um povo amaldiçoado pela feiticei- do um fio condutor, podemos enfocá-los
ra Karabá, que está sempre acompanha- sob a ótica da criança e o papel que ela
da de seus escravos e d e uma besta que desempenha em A Em do Gelo, O Pn'nci-
bebe muita igua. Karabá fez secar a fon- pe do E,qilo, Anosrdsin e, principalmente,
te de água da aldeia c comeu todos os Kirikir, uma vez que ele é o líder da saga
seus homens. E nessa tribo de pessoas africana, o libertador de sua tribo da mal-
tristes, sem água para beber e plantar, dição da feiticeira. Mas o mais impotlan-
sem homens para cuidar do trabalho e te em Kiriklc é o ensinamento que nós,
da segurança que nasce o redentor des- professores, podemos aprender com o
sa gente: o destemido Kiriku, que en- menina: antes de vencer a batalha contra
frentará todos os perigos para trazer a a feiticeira e libertar seu povo, ele procu-
felicidade d e volta para sua tribo. ra saber os motivos que levaram Karaká a
se tomar tão mri. Ele pergunta, ele pes-
quisa e chega às causas de sua maldade,
Por que os contos de fada e as podendo, assim, vence- ta.
fábirlas encrintar~itarito'? Por que Especificamente, esse desenho é exce-
são tiio rieçess6rios ao ser lente para trabalharmos, juntamente com
O Príncipe do Egito e Annstdsin, o con-
h l l ~ l l a oindependente
, da idade? ceito de diversidade geográfica,
- - históri-
Por que a literatura 6 tão ca, estética e cultural.
A revista d e n. 24 da Cornunicnçfio
irnpol~a~ite em qualquer cultura?
& Educaçfio trouxe, entre seus artigos,
três que merecem destaque e devem ser
Coin essas perguntas podemos pas- lidos pelos professores: Televisfio e edu-
sar para o terceiro bloco: Shrek e Kiriku cnçiio: a escola e o livro, d e Maria
e n Feiticeiro. Embora saibamos que Aparecida Baccega; TV conio instnncin
Shrek é uma sátira aos contos d e fada, de letrnmento, d e Denise Lino de Araú-
vale a pena recuperar (como a própria jo e Stnrrrs do pesquisa sobre crinnçns
história sugere, já que todos os perso- e televisfie, d e William E. Biernatzki e
nagens dos contos de fada são expul- Norma Pecora.
Comunicação & Educação, São Paulo, (271: 105 a 109, maiolago.2003

Resumo: A autora propõe para a videografia (Cartoons in the classroom)


deste niimero a utilização dos desenhos aní- Abstract For this edition's videography, the
mados em sala de aula como forma de favore- author proposes the usage of cartoons in the
cer o exercício interdisciplinar, auxiliar no estu- classroom as a way to favor interdisciplinary
do das artes, ampliar as leituras das fábulas e exerciçes, to assist in the çtudy of the arts, to
dos contos de fadas e, principalmente, exerçi- enhance the reading of fables and fairy tales
tar o olhar para a diversidade e a riqueza das and, most of all, to exercise the search for cul-
culturas. Os desenhos selecionados são: tural diversity and richness. The selected
Dinossauro, de Ralph Zondag e Eric Leighton; cartoons were: Wnosaur, by Ralph Zondag e
R Era do Gelo, de Chriç Wedge; O Prhcipe Eric Leighton; Ice Age, by Chriç Wedge; The
do Egito, de Brenda Chapman, Steve Hickner Prince of Egypt, by Brenda Chapman, Steve
e Sirnon Wells; Anastasia, de Don Bluth e Hiçkner and Sirnon Wells; Anastasia, by Don
Gary Goldrnan; Shrek, de Andrew Adamson Bluth and Gary Goldman; Shrek, by Andrew
e Vicky Jenson; Kiriku e a Feitkeira, de Adamson and Vicky Jenson; and Kjríkoti and
Michael Ocelot. The Sorceress Francia, by Michael Ocelot.

Palavras-chave: desenho animado, exercício Key wods:cartoons, interdisciplinary exercise,


interdisciplinar,leitura de fábulas,contos de fada reading fableç, fairy tales

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