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O Malhete

Linhares - ES, Março de 2019


Ano XI - Nº 119
omalhete@gmail.com
Filiado à ABIM - Associação Brasileira de
Impressa Maçônica, Sob o nº 075-J

INFORMATIVO MAÇÔNICO, POLÍTICO E CULTURAL

SOZINHO NA FORTALEZA
COMO VIVE O ÚLTIMO CAVALEIRO DE ORDEM MILENAR EM MALTA
>> 04/05

Fra John Critien é o último


Cavaleiro de Malta
com votos de pobreza,
castidade e obediência à Ordem

CAPITALISMO X SOCIALISMO CÁTAROS - HERESIA E EXTERMÍNIO JUAN GUAIDÓ VISITA O GOB

> 07 > 08 > 23


02 O Malhete

A VIAGEM Em todos os locais, celebramos o


momento, e confesso que, especialmente no
ções, de correria, de “falta de tempo”, da
conectividade, as pessoas estão cada vez
Mar da Galileia, Monte das Oliveiras e no mais se esquecendo desta parte importante
Monte Sião, senti fortes emoções. de nossas vidas, que é a espiritualidade.
Preparei-me para a viagem, pois sempre Um amigo meu sempre me disse que para
quando entro num projeto, coloco uma sermos felizes, temos que estar equilibrado
Queridos Irmãos!!! média, e no decorrer vou fazendo as avalia- em quatro dimensões: Física, Mental, Inte-
ções, da mesma forma que faço com as pes- lectual e Espiritual. Assim, precisamos “ar-
Resolvi compartilhar com você a expe- soas. Vou somando pontos positivos e dimi- rumar um tempo” para nos lembrar de cui-
riência de uma viagem diferente que realizei nuindo os negativos, e para minha surpresa, dar de nosso corpo, da nossa mente e, princi-
neste início de ano. esta viagem ficou com a pontuação acima da palmente, do nosso espírito, pois esse ali-
Desde o convite comecei a me preparar, média, bem acima da média. menta nossa alma.
pois seria uma viagem totalmente diferente Você pode estar perguntado, por que essa Por isso fiz questão de escrever esse arti-
de todas as outras. viagem foi diferente? Primeiro, porque me go. Despertar nos Irmãos da necessidade de
Na verdade foi uma peregrinação, e não preparei para o momento de encontro de alimentar nossas Almas, alimentando nossa
uma viagem turística. Fui conhecer a Terra teria por lá; segundo, porque pude aprender espiritualidade.
Santa, fazer todo o trajeto da história de muito mais sobre a vida do meu Ídolo e tam- Nossas reuniões e os ensinamentos que
Jesus. Lugares marcantes, com forte apelo bém por ter momentos exclusivos para fazer recebemos de nossa Ordem, nos ajudam a
espiritual e emocional. profundas reflexões (não esqueçam que entender e aprender sobre esse aspecto fun-
Iniciamos nossa jornada por Nazareth, reflexão é a Vida da Alma). damental da nossa existência.
onde existe a igreja da Anunciação, local Gostaria que todos os Irmãos tivessem a Mas é necessário que estejamos abertos a
aonde o anjo Gabriel veio anunciar a Maria, oportunidade de fazer essa “Viagem” na his- isso, a esse crescimento espiritual.
e menino Jesus. tória de uma pessoa que transformou a huma- Saudações Fraternais!!!! TFA!!!!
Seguimos o roteiro e passamos pelo Mar nidade. Uma pessoa que veio trazer ensina-
da Galileia, Rio Jordão, Mar morto, Jericó mentos que até hoje perduram, que veio ser Valdir Massucatti
Cafarnaum, até chegarmos a nossa fonte de Fé, de Amor, de Luz e de Grão Mestre Adjunto da Grande Loja
Belém/Jerusalém. Vida. Maçônica do Estado do Espírito Santo
Infelizmente nesse mundo de atribula-
O Malhete OPINIÃO 03

MENOS BRASÍLIA, MAIS LOJA


Marco Piva, M\I\GOB/SC é o mais próximo que chegamos da ditadura da nada, a reunião estaria sendo realizada.
Maçonaria, sinais esses que temos visto há algum Não faremos isso porque somos responsáveis,

E sse não é um bordão político, descansem. É tempo, principalmente na ultima administração. temos professores e estudantes na Loja e a necessi-
um bordão maçônico, de quem é filiado ao Agora, a esperança vai por água abaixo com a dade de mais uma ou três sessões mensais é algo
GOB. Acabamos de ver a publicação do administração que ganhou a eleição do vento, der- que cada loja deve determinar.
decreto 1.687 de 14/02/2019, que estabelece que rubando a concorrência em tribunais profanos por O que o GOB pode fazer é, através de seus
as Lojas devam ter sessões semanais, se tiverem questões jurídicas, faltando ao senso democrático secretários e dos estaduais, que geralmente não
mandatos de 1 ano, ou quinzenais, se adotarem da disputa. Na verdade, sabem que perderiam. fazem nada, a não ser participar de festividades,
mandatos de 2 anos. Mas, independente disso, me pergunto, onde fiscalizarem o desenvolvimento do ritual e do
Com todos os motivos declarados nas conside- estão e qual a finalidade dos deputados federais? aprendizado. Um relatório de cada irmão Aprendiz
rações do decreto, o que os dirigentes maçônicos, Esse projeto não deveria ter sido enviado à PAFL e Companheiro de sua jurisdição para acompanhar
mais uma vez comprovam é a falta de visão, a para análise e discussão ao invés de ser decretado e saber a quantas anda cada um deles. Ah, mas aí é
insensatez dos autoritários e a estupidez dos vaido- unilateralmente por um Grão-Mestre e sua equipe muito trabalho para as “autoridades”, não é?
sos. São aqueles que brigam pelos malditos para- porque acham que não há preparo dos maçons nas Começamos a entender a decisão do GOSP de
mentos que estampam vaidade e arrogância, e nos Lojas mensais? 2018, das Obediências que saíram em 73 e até
separam a cada 5 ou 10, 20 anos. Cada vez em Os maçons não têm preparo em 90% das Lojas mesmo a de 1927 que trouxe, por um lado, enorme
tempo menor, o GOB principalmente, mas todas brasileiras caríssimos. Vão nas sessões para orar e atraso na Maçonaria brasileira, por deturpar o
as Obediências acabam se dividindo, expulsando, comer e beber, todas as semanas com esse mesmo REAA, sendo copiado nisso pelo GOB posterior-
enxotando irmãos com essas atitudes desequili- propósito. Substituem a sua religião por umas mente e pela COMAB, dividindo a eventual força
bradas. voltinhas na Bíblia e não sabem o Cobridor do político-social que teríamos, mas, por questão de
O autoritarismo é tanto que, além de determinar grau anterior, mesmo tendo sessões todas as sema- autoritarismo e política de grupos, o GOB soube
a roupa com que devemos ir na Loja, numa prova nas, o que não garante suas presenças nas reuniões. destruir a hegemonia maçônica que tinha em nosso
de intervenção na vida pessoal das pessoas, pois Preparar ou não os obreiros, principalmente território. Está no DNA dos dirigentes do GOB
não estamos no exército onde se tenha que usar um Aprendizes e Companheiros vai da capacidade e esse autoritarismo, essa compulsão em intervir na
uniforme, mas sim em uma associação, onde a ves- método da Loja, não das reuniões constantes. Vai liberdade do maçom
timenta, por tradição, usos e costumes, é um aven- do planejamento e execução da tarefa dos Mestres. Lamento por isso. Tenho 39 anos de Maçonaria,
tal de operário, nos faz, ridiculamente usar ternos Garanto que os Aprendizes de nossa Loja sendo 34 deles no GOB onde fundei e iniciei traba-
pretos de agentes funerários ou garçons de canti- sabem mais que muitos Mestres de mais de dez lhos de metodologia de ensino em 3 Lojas, pelo
nas, com todo o respeito aos profissionais que anos de Loja espalhados por esse país, de qualquer menos, e tenho respeito e amor por esse estandarte.
exercem esses trabalhos, que pedem aquele uni- Obediência. É um desafio que proponho a quem Mas vejo que chega a hora de deixar de lado o
forme, agora querem determinar que dia e quantas quiser. aspecto sentimental e ser prático, objetivo, racio-
vezes o maçom deva ir na Loja. Os Aprendizes realizam trabalhos acadêmicos, nal, como nos ensina o rito Moderno e partir para
Inaceitável! O GOB não pode determinar que não copiados da internet como a maioria faz, no outra. Outra situação, não sei se melhor, isso per-
maçons livres se reúnam um determinado numero formato ABNT, com pesquisas, e são 14 trabalhos, tence ao futuro, mas aqui no GOB não serei feliz
de vezes, além do já previsto no RGF, uma vez ao um questionário com perguntas para responderem com esses homens que o dirigem e não que eu seja
mês, o que já é abusivo, posto que a maçonaria, por por escrito, um resumo (redação) do grau. Há covarde para enfrenta-los no campo das ideias,
usos e costumes, na tradição inglesa da GLUI, a encontros fora de Loja (sessão mensal) para instru- mas, sozinho, a luta seria inglória porque os
“mãe” da franquia, como é sempre mencionada ções e acompanhamento pelos Vigilantes ou mes- maçons se acomodam e aceitam tudo e, geralmen-
quando há interesse, exige uma sessão a cada sols- tres designados. te, os inconformados, como eu, que usam de fran-
tício, no mínimo, ou seja, duas sessões por ano. Faz-se telhamento do ritual todo, das instruções queza e contestam, são relegados a meros chatos
Muitas Lojas inglesas se reúnem a cada seis meses, do grau e sobre conhecimentos gerais da Maçona- ou inconvenientes. Então, os incomodados que se
para quem não sabe. ria. mudem.
Muito bem, agora, exigir que se mudem os esta- Tudo depende da Loja, não da frequência, repi-
tutos e as Lojas mensais, e são muitas, principal- to. Poderíamos ir todas as semanas e nos reunir-
mente as Acadêmicas ou Universitárias, e passem mos 3 dessas para um convescote de gastronomia e
a ter reuniões mensais ou quinzenais, por decreto, piadas, jogos, diversões e ninguém iria poder dizer
04 O Malhete

SOZINHO NA FORTALEZA
COMO VIVE O ÚLTIMO CAVALEIRO DE ORDEM MILENAR EM MALTA

A fortaleza Sant'Angelo, em Valletta, abriga um único cavaleiro desde 1998


Ross Kenneth Urken - BBC Travel ele me cumprimentou com um caloroso sor- capital do país, que mais tarde seria descrita
pelo ex-primeiro ministro britânico Benja-
riso e flutuou sua mão para cima. "Por aqui",

E ram 21h de um domingo quando


liguei para Fra John Critien, e ele
não ficou nada contente. Um cavalei-
ro não liga do nada para outro cavaleiro
numa hora tão inoportuna, afirmou. A
disse o cavaleiro, e subimos a muralha.
A Ordem de Malta, fundada por volta de
min Disraeli como "uma cidade construída
por cavaleiros para cavaleiros".
1099 em Jerusalém, é uma sociedade de cava- Fra Critien é hoje o único cavaleiro no
arquipélago que fez os votos da ordem, o que
laria católica romana. Em 1530, a ordem rece-
o torna o último verdadeiro Cavaleiro de
beu as Ilhas Maltesas em uma concessão per-
conversa acabou ali. Malta em Malta.
pétua por Carlos 1º, da Espanha, em troca da
Em seguida enviei-lhe um email explican- promessa de um falcão maltês por ano. Nós caminhamos pela parte alta da Forta-
do que tinha ido a Malta exatamente para leza de Sant'Angelo, um bastião medieval em
O grão-mestre Jean de la Valette, junta-
aprender a me comportar como os célebres tons de mel reconstruído no século 16. Ela
mente com seus cavaleiros, inaugurou a nova
cavaleiros da Soberana Ordem serviu como sede maltesa do chefe da
Hospitaleira Militar de São João ordem e sede da ordem durante o
de Jerusalém de Rodes e Malta, Grande Cerco de Malta em 1565,
também conhecida como a Ordem quando os otomanos tentaram invadir
Militar Soberana de Malta. Na o arquipélago.
manhã seguinte, então, ele me res- A maior parte da fortaleza está sem-
pondeu com mais boa vontade. pre aberta a visitação. No último ano,
"Bem, imagino que ser um cava- exclusivamente, um limitado número
leiro também signifique atender de viajantes também pode visitar a
aos outros mesmo quando se é seção mais isolada da construção, já
pego de surpresa num domingo à que Valletta se tornou a Capital Euro-
noite", ele escreveu. peia da Cultura de 2018. Mas Fra Cri-
E assim eu o encontrei numa tien está negociando com o Malta
terça à tarde no Forte de Heritage Trust para ampliar o acesso
Sant'Angelo, no Grande Porto da de visitantes para além de 2018. E
capital maltesa de Valletta, onde espera inaugurar um pequeno museu
KURT FARRUGIA
ele é o único habitante da isolada dedicado aos recentes projetos dos
fortaleza desde 1998. Vestido com Fra John Critien é o último cavaleiro de Malta com cavaleiros.
camisa polo creme e mocassim, votos de pobreza, castidade e obediência à Ordem
>>>
O Malhete 05

Durante o tour, paramos numa espaçosa sala


de estar cujas paredes eram adornadas com pin-
turas a óleo de grandes mestres, e eu endireitei
os ombros copiando a nobre postura de Fra Cri-
tien. Dada à intenção de la Valette de criar uma
cidade de cavaleiros, perguntei a Fra Critien o
que exatamente significaria ser um cavaleiro
aos olhos da ordem.
O lema oficial da ordem, Tuitio fidei et
obsequium pauperum ("Defesa da fé e assis-
tência aos pobres"), define sua dedicação à
religião e à caridade. "No passado, a defesa da
fé estava andando a cavalo, lutando contra ini-
migos", disse Fra Critien. "Agora defendemos
a fé sendo exemplo para os que nos rodeiam".
Doações, trabalho em hospitais e programas
para jovens são parte das ações dos cavaleiros
de Malta. Segundo Fra Critien, eles seguem
uma característica fundamental: o orgulho
humilde.
"Até espero que haja uma reação de 'uau!' A Ordem Militar Soberana de Malta foi fundada em 1099 em
quando usamos nossos uniformes ou trajes da Jerusalém como uma sociedade de cavalaria católica romana
igreja", afirmou Fra Critien. "Mas rezo para eu
não me levar muito a sério por causa disso". "Todo mundo pensa que ser um cavaleiro é mim, será pisado"), declaração que, de acordo
Hoje, ele explicou, a ordem tem cerca de apenas ser elegante, inteligente ou imponen- com o marquês, é uma ameaça bem-humorada.
cem cavaleiros e damas (como as mulheres- te", disse o marquês ao lado de seu papagaio, Depois de me despedir do marquês, fui
membro são conhecidas) em Malta, porém Kiku, em seu jardim banhado pelo sol. O ver- tomar um drinque no Club The Phoenicia
estes não fizeram os votos da ordem. No mun- dadeiro impacto da Ordem de Malta, enfati- Hotel, onde Pierre 'Pitro' Walton é o barman-
do, de Nova York a Londres e Roma, há em zou, são as ações de caridade. chefe há 30 anos e já serviu nomes como a Rai-
torno de 13.500 cavaleiros e damas na ordem. O comportamento é outra característica sin- nha Elizabeth 2ª e Frank Sinatra. Enquanto ten-
Mas muitos consideram difícil fazer votos de gular dos cavaleiros. E agir mal é um grande tava rever minhas lições de galanteria - orgulho
pobreza, castidade e obediência como fez Fra erro, acrescentou o marquês. Ele citou o exem- humilde, trabalho de caridade, valentia, humor
Critien - por isso ele mantém o status de solitá- plo do pintor Caravaggio, do Renascimento, … -, perguntei o que Walton, um plebeu como
rio cavaleiro em Malta e um dos 55 da ordem que se tornou um cavaleiro da Ordem após che- eu, pensava do legado de cavalheirismo de seu
no mundo. gar à ilha em 1607. país.
"O cavaleiro é uma raça em extinção?", per- Caravaggio vinha de Roma, onde tinha mata- "Para ser um verdadeiro cavaleiro, você tem
guntou retoricamente. "Bem, até certo ponto, do um homem em um duelo. Mesmo assim, os que ter uma espada grande e ir à guerra, mas o
sim". cavaleiros acreditaram em suas boas inten- sangue dos cavaleiros flui pelas veias dos mal-
Mas Fra Critien não acredita que é necessá- ções, e a Corte precisava de um pintor. A cria- teses", disse Walton. É por isso que, continuou,
rio ser um cavaleiro para agir como tal: "Para ção de sua maior e única obra assinada, A Deca- os malteses são conhecidos por sua hospitali-
ser honesto, não vejo grande diferença entre pitação de João Batista, ainda exposta na Cate- dade.
ser cavaleiro e cavalheiro". dral de St John, reforçou seu valor para a O trabalho em hospitais - e por extensão, a
No dia seguinte, quando cheguei à Casa ordem. No entanto, um ano depois, ele foi hospitalidade - é parte inerente dos deveres da
Rocca Piccola, em Valletta, assegurei-me de preso por supostamente se envolver em uma ordem, disse Walton. Inclusive, foi uma unida-
manter minha postura ereta como a de um cava- briga. Os cavaleiros o aprisionaram na fortale- de de saúde para refugiados do século 11 que
leiro. A residência pertence ao Marquês Nico- za e o expulsaram da ordem. marcou o surgimento da ordem. Posteriormen-
lau de Piro, membro da Ordem de Malta e pro- Enquanto visitávamos sua residência, o mar- te, o famoso Hospital Sacra Infermeria, do
cedente de uma das famosas famílias aristocrá- quês revelou outro atributo de um cavaleiro: século 16, em Valletta - agora o Centro de Con-
ticas do país. A construção mantém sua elegân- uma dose de humor. Ele citou a lápide de ferências do Mediterrâneo - acolheu a todos, de
cia barroca do século 16, com uma fachada de Anselme de Cays, famoso cavaleiro da ordem mendigos a nobres. Foi aqui que os cavaleiros
calcário que brilha em tom dourado com o sol do século 18 enterrado na Catedral de São estabeleceram padrões médicos, como trocar a
da tarde. Atualmente, o marquês e sua esposa João. A inscrição de seu túmulo de mármore roupa de cama e usar pratos e utensílios de pra-
abrem o labirinto de quartos à visitação. diz: Qui me calcas calcaberis ("Quem pisa em ta, além criar pomadas inovadoras à base de
mel.
Claro, o remédio de Walton vem em forma
de coquetel. Depois de me contar sobre a hos-
pitalidade maltesa, ele me serviu um St Elmo,
uma lenda de cavalheirismo em forma de elixir
para comemorar o Grande Cerco de Malta. A
bebida é feita de Bajtra (licor de palma-doce,
do lado maltês), gim (pelo inglês), Cointreau
(pelo francês), lima (pela acidez da vida) e
suco de oxicoco (pelo sangue).
"Agora, sente-se", disse ele, endireitando o
guardanapo sobre a mesa à minha frente.
Enquanto bebia meu St Elmo, que brilhava
como um rubi no copo de martini, os ensinamen-
tos da ordem rodavam na minha cabeça. E pela
primeira vez desde que me encontrei com Fra Cri-
tien, senti meus ombros relaxarem.¨¨¨
Os Cavaleiros de Malta já cuidaram de todos - ricos ou pobres -
no Hospital Sacra Infermeria de Valletta, datado do século 16
06 DATAS & FATOS O Malhete

DARWIN DAY
Darwin Day é a data de aniversário do naturalista cujas descobertas mudaram a ciência e o mundo
Por Fernando Inocente – Revista Luzes duraria cinco anos. O objetivo da jornada era plena convicção de que as espécies sofriam
mapear mares e costas do hemisfério sul. mudanças, embora não entendesse como ocor-

D arwin Day é a data de aniversário do


naturalista cujas descobertas mudaram
a ciência e o mundo
Doze de fevereiro de 1809 é uma entre as
tantas datas simbólicas e fundamentais para
Mesmo não tendo o que se poderia chamar
na época de qualificação profissional, o jovem
Darwin foi aceito e, em 27 de dezembro de
1831, aos 22 anos, embarcou, seguindo para o
riam. Darwin observou que existiam animais
com pequenas variações em cada ilha do
arquipélago de Galápagos, percebendo que
cada espécie vinha de um ancestral comum.
arquipélago de Cabo Verde, na costa do Ocea- Nasciam ali as primeiras indicações do que
entender nossas origens. Nascia, em Shrews- no Atlântico. Quando o navio chegou à costa viria a ser seu grande feito para a ciência.
bury, na Inglaterra, o naturalista, grande estu- brasileira, aportou na Bahia e, posteriormente, Autor reconhecido e pai de família Em
dioso e autor da teoria da evolução, Charles no Rio de Janeiro. Por aqui, ele ficou encanta- 1839, publicou o livro A Viagem do Beagle,
Darwin. do com a vegetação e, segundo os registros de um relato sobre a expedição iniciada em 1831.
Filho de um aristocrata, que comandava a seus diários, a comparou com a visão do livro Rapidamente, a obra se tornou um sucesso de
família com pulso firme, Charles conviveu na As Mil e Uma Noites, que traz histórias da vendas, trazendo-lhe reconhecimento. Em
infância com sua mãe adoentada, que não con- região do Oriente Médio e Ásia. Em tempo: 1842, Darwin escreveu um ensaio esboçando
seguia cuidar da família. Com receio de o filho Darwin esteve em terras brasileiras por duas a teoria da evolução, até que, em 1859, lançou
não se tornar uma pessoa respeitável, o pai o vezes, permanecendo por cinco meses e meio A Origem das Espécies, o primeiro de seus
mandou para a Universidade de Edimburgo, no total. livros que explicam a teoria da evolução. O
na Escócia, aos 16 anos, para estudar medici- Em seguida, foi para o sul, onde visitou a sucesso e curiosidade do público foram tão
na. Contudo o jovem Darwin desistiu assim Patagônia, Ilhas Malvinas e Terra do Fogo, na grandes que o livro teve sua primeira edição
que teve de assistir a uma aula de anatomia. Argentina. Conheceu toda a costa ocidental da esgotada em um dia. A obra destituiu a vida
Ao voltar para casa, seu pai o convenceu a cur- América do Sul, do Chile ao Peru, e esteve humana de qualquer superioridade em relação
sar teologia, em Cambridge, na Inglaterra, ainda nas Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífi- aos animais e acabou com o conceito de divin-
com o objetivo de torná-lo um pastor. co, entre outros lugares. dade, abrindo caminho para a ciência moder-
Novos ares Na faculdade, ele conheceu o Durante a viagem, Darwin aproveitou para na.
professor John Stevens Henslow, um apaixo- coletar tudo que era possível: de rochas a fós- Em 1839, o pai da teoria da evolução se
nado pela botânica, que despertou novamente seis, inclusive animais de grande porte, sem- casou com sua prima, Emma Darwin, com
no estudante o amor pela natureza. Logo, Dar- pre registrando tudo em seu diário. Além dis- quem teve 10 filhos. Até que, em 19 de abril de
win se tornou um profundo conhecedor e cole- so, todo esse material era despachado para seu 1882, Charles Darwin faleceu, vítima de um
cionador de espécies, tanto que Henslow o professor, o que garantiu seu reconhecimento ataque cardíaco, em Down, no condado de
indicou para Robert FitzRoy, capitão do navio como naturalista. Kent, na Inglaterra. Seu corpo foi sepultado na
Beagle, que estava precisando de um natura- Em 1836, ele voltou para a Inglaterra com a Abadia de Westminster, em Londres.¨¨¨
lista para participar de uma expedição que
O Malhete OPINIÃO 07

Capitalismo X Socialismo
ou Social-Capitalismo
Carlos Magno Monteiro Freitas
Deputado Estadual PAEL - ES
Marataizes - ES

P áginas Amarelas da VEJA de 06/02/2019 -


Entrevista com Ricardo Vélez Rodrigues,
Ministro da Educação.
“O senhor afirmou em uma entrevista que a
universidade não é para todos. O que isso quer
dizer ?
Em nenhum país a universidade chega a todos.
Ela representa uma elite intelectual, para a qual
nem todo mundo está preparado ou para a qual
nem todo mundo tem disposição ou capacidade.
Universidade não é elite econômica nem elite soci-
ológica.
...
Mas como evitar que a perseguição de esquer-
da seja substituída pela perseguição e direita ?
Doutrinas ideológicas devem ser estudadas
apenas no ensino superior. O dever do professor
universitário é ensinar aos alunos todas as posi- doutrina que leva seu nome, o Keynesianismo. socialismo é o surgimento de uma classe dirigente
ções ideológicas e colocar entre parenteses o seu Sua base era a de que o mercado não conseguiria dominante, geralmente sustentada pela ala mili-
ponto de vista, para não induzir o aluno a adotar se auto regular e que é fundamental a intervenção tar, que acaba tendo acesso a bens de consumo
o ponto de vista do mestre. Se o mestre for muito do Estado na economia. Sua teoria foi muito apli- proibidos para a população em geral. Temos um
bom, o estudante terminará fazendo as escolhas cada nos anos do pós guerra quando foi determi- exemplo aqui do lado, na Venezuela.
certas.” nante a atuação do Estado na economia para O debate entre o tipo de ideologia social e eco-
Embora concorde com a afirmação de que a reconstrução das nações. Plano Marshal é um dos nômica mais efetiva para resolver as desigualda-
universidade não é para todos ou não chega a exemplos. No Brasil o Estado foi o indutor da des sociais vem tomando relevância nas últimas
todos, não aceito a teoria de que doutrinas ideoló- industrialização na Era Vargas. décadas. O Capital não tem escrúpulos, se não
gicas só devem ser estudadas no ensino superior Alguns autores vislumbram o esgotamento do houvessem leis de proteção aos trabalhadores
pois teríamos que admitir que 85% da população modelo capitalista em virtude de suas mazelas com certeza ainda estaríamos vendo crianças cum-
brasileira (sem curso superior) jamais teriam aces- como a financeirização especulativa, economia prindo jornadas de trabalho de 12 ou mais horas
so ao estudo das doutrinas ideológicas. Isso não do desperdício, obsolescência programada, cen- diárias, como ocorria na Inglaterra da Revolução
me parece correto ! Os 15% com curso superior, tralização monopolista da biodiversidade, crimes Industrial. Por outro lado o socialismo também já
que teriam acesso ao estudo das ideologias, vão ambientais, manipulação da consciência pela deu provas que a administração coletiva dos
decidir por si e pelos demais qual a melhor opção mídia, etc. Outros associam o modo de vida capi- meios de produção é ineficiente.
ideológica ??? Mas o motivo de termos iniciado o talista, baseado no consumismo desenfreado, ao Nem um nem outro sozinho conseguirá resol-
artigo com um trecho da entrevista é justamente aquecimento global que temos sentido na pele. Os ver os graves problemas de desigualdades abissais
para ressaltar a polarização entre esquerda e direi- quatro últimos anos estão entre os mais quentes existentes entre o tanto mais rico e a multidão de
ta. Vivemos uma era em que o capitalismo domina desde o início das medições em 1850 e 2019 pare- excluídos. Será necessário uma fusão entre princí-
a cena mundial. O socialismo está restrito a Coreia ce que vai pelo mesmo caminho. pios de uma e outra ideologia naquilo que me atre-
do Norte e Cuba. Alguns dirão: Mas e a China ? O Do outro lado temos a doutrina socialista capi- vo a chamar de social-capitalismo.
Partido que está no poder há anos não se intitula de taneada por Karl Marx. O Marxismo foi formula- Costumo dizer que a humanidade só aprende
Comunista ? Bom, a China pode até se proclamar do no século XIX através da observação das con- pela dor. Seria mais fácil pelo amor, mas o egoís-
comunista, mas preferimos defini-la como uma dições de trabalho e do funcionamento da indús- mo do ser humano não permite. Quando os recur-
ditadura capitalista, extremamente capitalista. Há tria inglesa em plena Revolução Industrial. Uma sos naturais começarem a esgotar entenderão ...
diferenças entre Socialismo e Comunismo, mas das constatações foi de que o capital está mais inte-
isso é tema para outro artigo. ressado em produzir a mais valia (excedente que Vamos a todo custo e nunca a qualquer
O Liberalismo, que teve como precursor no vai acumular mais patrimônio ao capitalista) do custo !!!
século XVIII Adam Smith, prega a doutrina do que em dividir uma parte do lucro com a mão de Carlos Magno Monteiro Freitas – CIM
Laissez-faire (deixai fazer, deixar passar, o obra que o produziu. O resultado é a altíssima con- 162.053
mundo caminha por si mesmo) com um mínimo, centração de renda nas mãos de poucos, enquanto Deputado Estadual ARLS Vale do Itapemirim
de preferência nenhuma, regulação ou interferên- uma multidão vive em condições sub-humanas. – Marataízes (ES)
cia do Estado. O indivíduo é a força motora do Também o socialismo tem suas mazelas, dentre Presidente da PAEL GOB (ES) no Período
crescimento econômico. No século XX despon- elas a insuperável tendência do ser humano de só Legislativo 2007/2011
tou como principal teórico do liberalismo o eco- produzir algo com afinco se for para seu próprio Venerável Mestre da ARLS Vale do Itapemirim
nomista Milton Friedman da Universidade de Chi- proveito. Piada que circulava entre os “camara- de 1999/2003
cago, que é a alma mater do atual Ministro da das” na época da União das Repúblicas Socialis-
Fazenda, Paulo Guedes. tas Soviéticas: “A gente finge que trabalha e eles
John Maynard Keynes, foi o expoente duma fingem que nos pagam !”. Outro grave defeito do
08 O Malhete

CÁTAROS
HERESIA E EXTERMÍNIO
Liderados por ascetas, eles achavam que Satã era o criador do mundo
material — e terminaram tendo uma cruzada convocada para aniquilá-los

A memória do cristianismo nos remete


a um labirinto de crenças, hábitos,
guerras e histórias inimagináveis.
Adentrá-lo é uma instigante viagem pelas
raízes da sociedade ocidental, e deixá-lo é
surgir um movimento que mudaria o curso
da História: as Cruzadas. Nelas, milhares
de cristãos de toda a Europa se uniram para
combater um novo inimigo que surgira no
Oriente Médio, o Islã. Estabelecido no
Em 1096, data de início da Primeira Cru-
zada, Jerusalém estava sob o poder islâmi-
co. Três anos depois, em 1099, os exércitos
cruzados reconquistaram a Terra Santa.
Essa primeira guerra dos cristãos europeus
quase impossível, tamanha a paixão que século 7 por Maomé - profeta árabe que pelo domínio de Jerusalém teve grandes
desperta. Pelas trilhas dessa história pode- teria recebido do anjo Gabriel uma série de perdas materiais e humanas, mas atingiu
se encontrar ataques de reis aos papas, cru- revelações, reunidas no Alcorão -, o isla- seus objetivos, o que não ocorreu em todas
zada contra os próprios cristãos, nascimen- mismo teve um grande crescimento em as outras Cruzadas.
to de seitas hereges e destruição de antigas direção ao norte da África e Península Ibé- Em 1209,o papa Inocêncio II iniciou
crenças. São muitos os caminhos que trou- rica e nos territórios mais ao leste, em dire- uma luta contra os catáros
xeram o cristianismo ao estágio atual. ção à Índia, onde hoje é o Paquistão. Os cruzados geralmente lutavam contra
Hoje há 2 bilhões de cristãos no mundo, um inimigo de outra fé, aquele que não
com seguidores em todos os cantos do pla- acreditava em Jesus Cristo. No entanto, no
neta. Mas nem sempre foi assim. Jesus, o sul da França - numa região autônoma cha-
personagem-chave para a História cristã, mada Languedoc - havia uma seita cristã
foi morto pelos romanos. Seus apóstolos, cujos integrantes eram conhecidos como
discípulos e fiéis foram perseguidos, cujas cátaros. Eles professavam um tipo próprio
mortes muitas vezes serviram de entreteni- de religião, embora se denominassem cris-
mento para a população de Roma. tãos. A religião de poder crescente incomo-
dou o papa Inocêncio III, que a considera-
CRUZADAS va herege. Ele, então, instituiu em 1209
Muito aconteceu até o cristianismo ser a uma luta armada contra o povo cátaro.
religião oficial do Império Romano. O que tinha início a Cruzada Albigense. Uma luta
veio depois se conhece bem: a Igreja Cató- de cristãos contra cristãos.
lica tornou-se a instituição mais importan-
te da Idade Média - ao menos no Ocidente.
O mundo medieval seguia seu rumo até
papa Inocêncio II Continua...
O Malhete 09
AS RAÍZES DO CATARISMO
Nos primeiros séculos após a morte de
Jesus, surgiram muitas comunidades cristãs.
Uma delas foi formada por Mani, persa nasci-
do por volta de 227 na Mesopotâmia (hoje
Iraque). Ao que parece, o cristianismo foi
uma de suas primeiras doutrinas, mas suas
andanças pelo mundo fizeram com que ele
acrescentasse elementos de outras correntes
religiosas, principalmente as orientais (zoro-
astrismo, hinduísmo, budismo, judaísmo),
em sua doutrina. Os seguidores de Mani - os
maniqueístas - pregavam a divisão do mundo
entre dois opostos, o Bem e o Mal.
No final de sua vida, Mani foi perseguido
por sacerdotes persas, que não aceitavam a fé
cristã, e então foi crucificado em nome de sua
religião. Mesmo assim, sua doutrina se difun-
diu pelo Império Romano, e, no século 5, uma
comunidade com fortes traços maniqueístas,
os paulicianos, surgiu na região da Armênia.
Durante os séculos em que permaneceram
nessa região, os paulicianos se fortaleceram a
ponto de incomodar o forte Império Bizanti-
no - como também era chamada a extensão
oriental do Império Romano. Houve uma
grande perseguição, que culminou na migra-
ção desse povo para a região dos Bálcãs, e na
morte de 100 mil seguidores. Um padre cha-
mado Bogomilo, juntamente com os paulici-
anos, fundou o que passou a ser chamado de Cátaros sendo queimados Wikimedia Commons
bogomilismo. Para eles o Deus que criou o compunham a maioria dos cátaros. E havia No início da Cruzada Albigense e no
mundo espiritual era diferente do Deus que também os "ouvintes", no geral os simpati- decorrer das batalhas os cátaros receberam
criou a matéria. A igualdade social e o afasta- zantes da doutrina. abrigo nas propriedades dessas ordens, prin-
mento dos pobres da dominação clerical e da Na doutrina cátara, havia um só sacramen- cipalmente na dos Templários, que, devido à
nobreza eram algumas das ideias que prega- to, o consolamentum, que de certa forma reu- independência do clero - eles respondiam
vam. Uma seita herege em plena Europa cris- nia o batismo, a ordenação e a extrema- diretamente ao papa -, podiam receber até
tã. unção. Eles consideravam a missa - que trans- mesmo excomungados. Ainda assim, não
formava o pão na carne de Cristo - inadequa- podiam ser contrários ao papado e à Igreja
ESTRUTURA CÁTARA da e imprópria. Católica, então seu maior papel foi ficarem
Muitos cruzados que passaram pela região Condenar uma cerimônia cristã era uma neutros.
dos Bálcãs, para chegar ou sair de Jerusalém, heresia na época (entre outras tantas atribuí- Os combates dos cruzados contra a popula-
ao retornar à sua terra natal, principalmente das a eles pelo papa). Proclamou-se, então, a ção do Languedoc foram implacáveis, a popu-
na França, trouxeram consigo as ideias dua- Cruzada Albigense, com o objetivo de ani- lação era queimada viva em fogueiras, sem
listas dos bogomilos. Mas a perseguição con- quilar todos os cátaros. O nome da Cruzada poupar mulheres ou crianças.
tra eles foi extremamente forte, o que resultou deriva da primeira cidade a ser atacada, Albi, As perseguições e os assassinatos só aca-
na sua dissolução. Partes importantes de suas onde se concentrava grande parte da popula- bariam em 1229, quando foi selado um acor-
doutrinas, no entanto, foram assimiladas ção cátara, que por isso também era conheci- do de paz. Mas grande parte dos cátaros já
pelos cátaros no Languedoc, ou a Provença da como albigense. O líder militar do movi- havia sido dizimada, numa evidente demons-
Francesa - a região mais educada, culta e mento foi Simão de Montfort, um nobre da tração do enorme poder dos papas na Europa
hedonista da Europa. região de Toulouse, na França, que lideravam medieval. Um dos resultados da perseguição
Os cátaros se proclamavam cristãos, mas um Exército de 10 mil homens. foi a criação da Santa Inquisição, idealizada
seguiam uma doutrina com características pelo papa Gregório IX, sucessor de Inocêncio
próprias. Pregavam principalmente a simpli- FOGUEIRA COMO DESTINO III, que assumiu em 1227.
cidade e a pureza (Katharos significa "puro" As Ordens monásticas de cavalaria, como A última ação militar contra os cátaros
em grego). Acreditavam na Bíblia, mas basi- a dos Templários e a dos Hospitalários - insti- ocorreu em 1243, na qual o Exército da Santa
camente no Novo Testamento, embora não tuições que nasceram no reino de Jerusalém Inquisição lhes dava a opção de negar sua fé.
acreditassem que Jesus fosse filho de Deus - após a Primeira Cruzada -, tinham considerá- Caso não aceitassem, eram queimados na
seria apenas um profeta importante. veis propriedades na Provença Francesa. fogueira - considerada pela Igreja a única
Para conquistar fiéis, os cátaros apostavam O objetivo inicial de estarem ali era ofere- maneira de salvar suas almas.
na oratória e no contato direto com o povo cer abrigo e proteção aos peregrinos que Em 1321, quase 100 anos depois do iní-
Assim como os discípulos de Mani e os seguiam para a Cidade Santa, no entanto, elas cio da Cruzada Albigense, o último sacerdo-
bogomilos, acreditavam em dois deuses, um se tornaram essenciais nessas Cruzadas. Sem te cátaro de que se tem notícia, Guillaume
bom, que criara o mundo espiritual, e outro as Ordens, grande parte das guerras dos cris- Bélibaste, foi morto na Espanha, onde havia
mau, criador da matéria. Seus sacerdotes, que se escondido. Acabava de uma vez por
tãos na disputa por Jerusalém seria inviável. todas, assim, a História dos cristãos puros e
podiam ser homens ou mulheres, eram Em alguns territórios europeus, como na Pro-
conhecidos como "perfeitos". Havia mais humildes.
vença, elas conviviam em paz com muçulma-
duas divisões da ordem: o nível abaixo dos nos e os cátaros.
perfeitos eram os chamados "crentes", que Fonte: Aventura na História
10 O Malhete

PERCEPÇÕES E CORRELAÇÕES
COM O MUNDO PROFANO
I nstrução, ao que percebo será esta uma pala-
vra permanente na vida maçônica. Estare-
mos sempre envoltos a ensinamentos, bali-
zas, manuais, landmarks e entre eles, uma
forma de instrução velada, porém, de valor
dos, difíceis de serem transpostos, além da
ignorância absoluta, a ausência de luz tornaria
a tarefa impossível, não fosse pelo apoio e a
instrução que nos guarnece conduzindo-nos a
vencer tais dificuldades e alcançar o desejado
sas negociações profanas. Ser livre é vencer
nossas paixões e submeter nossas vontades,
com progresso e continuamente, evoluindo a
cada idade alcançada.
Nascer para a Maçonaria despojado de meta-
inestimado, de caráter prático, e que igual e caminho da luz. E nesse sentido faz-se nova- is, privado da visão, nem nu nem vestido, é
juntamente com as outras ferramentas já cita- mente revelar a grandeza extrema dos valores uma provação que mostra a possibilidade de
das perfazem as instruções necessárias a cons- da maçonaria, não aqueles que estão nos ritos e termos nossas paixões vencidas bem como
trução do aprendiz maçom. A referida forma é instruções, sem suprimir sua serventia, mas os nossas vontades submetidas, é uma amostra da
o reflexo das 3 luzes de nossa loja e também valores praticados, aqueles que deveriam no plena força que temos, apesar de o flagrante
dos demais IIr. Cada um entregando aos dema- dia-a-dia nos mostrar o caminho a seguir, as tentar mostrar o contrário, assim como atra-
is, um exemplo de conduta compatível com vozes das luzes que devem nos clarear o pen- vessar tempestades e caminhar ao som das
nossos landmarks. samento e servir como guia fiel. armas inquietas de forma convicta e honrosa, é
Quando começamos nossa viagem na vida “Homens livres e de bons costumes”, ao também uma prova de coragem e despojamen-
profana, deparamo-nos com a ignorância total, contrário do pretenso significado que a inter- to do próprio orgulho tão comum do homem
não sabemos andar e quando aprendemos pretação profana pode dar a essa expressão, profano. Orgulho esse que atordoa e desorien-
vamos logo tropeçando, não contemos nosso ela é um fortíssimo requisito aos candidatos ta até colocar-nos de joelhos novamente a
próprio corpo, nossa fala não é clara como pen- que se submetem ao desejo de ingressar em prova diante de nossas paixões, do egoísmo de
samos que seja, a visão é turva, indefinida, nos nossa ordem. Ser livre é bem mais do que não nossas vontades. Ao nos percebermos despo-
guiamos pelas vozes que generosamente nos ser escravo, assim como bons costumes é bem jados de metais nos colocamos no mesmo pata-
indicam um caminho, o qual confiamos e tri- mais do que ter um trato polido com quem se mar dos que não tem e precisam, situação
lhamos com coragem, observamos um sorriso relaciona. Ser livre é poder exercer suas con- comum, sobretudo num país em que muitos
ou uma cara fechada que nos dirá se é hora de vicções, orientadas por uma moral sã, significa tem pouco e poucos tem tudo, um clichê, tanto
continuar ou de ficar parado, inerte ou quem poder dizer “não” quando o interlocutor gosta- quanto uma verdadeira chaga da sociedade.
sabe recuar. ria de ouvir o “sim”, significa não entregar-se
Nossa jornada iniciática em Loja possui tam- aos desejos e paixões as quais podemos sentir- >>>
bém inúmeros obstáculos, ruidosos, dolori- nos seduzidos no trabalho em loja ou em nos-
O Malhete 11

Mas como encontrar um caminho, que seja ção, os raios de luz que instantaneamente ofus- de comparação inegável e permanente a qual
justo e perfeito? Viajando. Desbravando a Ter- caram minha visão e me apresentam de forma na verdade é um dos objetivos de nosso traba-
ra, eis a instrução capaz de criar os alicerces moderada uma nova perspectiva de vida. lho, tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo
para edificar a moral humana. Viajar do Oci- Finda a viagem, reconhecer sobre todas as aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerân-
dente ao Oriente percorrendo aquele caminho coisas que ali estamos por crer em uma verda- cia, pela igualdade e pelo respeito a autoridade
escabroso onde reina o caos a insegurança de de comum, faço a ligação definitiva com um e a crença de cada um. Porém na infância, pela
um mundo desordenado, passional, marcado juramento e a consagração. Juramento do qual incapacidade de falar, por não ter uma visão
por excessos primitivos. Ao Sul, a primeira não há traço de arrependimento, e que se reno- clara, por não ter inteligência suficiente para
parada desta jornada, uma porta, onde ao ser va em loja a cada dia trabalhado, agora já para- discernir entre o bem e o mal e nem habilidade
atendido, concederam-me passagem. No mentado, com o avental, tal qual todos os para manusear as demais figuras alegóricas
segundo trecho da viagem, ainda sentindo um demais IIr., para nunca esquecer o motivo que como Esquadro, Compasso, Nível e o Prumo,
pouco do peso gerado por um ambiente tam- aqui nos traz, o trabalho incessante na busca ficamos submetidos aos cuidados e exemplos
bém carregado e ruidoso, porém desta vez do aperfeiçoamento da humanidade, o traba- de nossos genitores, nossos iniciadores que
com um tom agudo tal qual pontas de espadas lho que permitirá nos manter neste caminho precisam estar realmente revestidos de tole-
a me perseguir, riscando próximo a minha distinto, tranquilo e belo, característico de rância, de igualdade, e de amor, pois neles é
vida, soando suave como um alerta de presen- lugares tomados pela disciplina e ordem, sina- que se fundamentará um ser maduro capaz da
ça, e por instantes mais intenso, instigando um lizado pela moral. mesma forma ser um Maçom agindo pelo aper-
possível combate, aquele necessário quando Para todas as coisas existentes entre o céu e feiçoamento da humanidade.
se busca o estado de equilíbrio. Já distancian- a terra, além dos homens, os mais complexos A grande verdade comungada entre nós
do-me, novamente uma porta, desta vez no certamente, uma infindável quantidade de pode ser a chave daquilo que buscamos na
Ocidente, onde percebi que boas intenções símbolos, o Sol, a Lua entre outros astros e vida profana e sobretudo na vida maçônica.
aproximavam-se através da purificação pela constelações necessitam ser desvendados, Encontrar as razões e a moral de tudo, discer-
água. Na terceira viagem a serenidade, a mode- assim como as colunas e seus signos. Por nir entre o bem e o mal, pronunciar ou calar,
ração das paixões características da idade outro lado os 3 pilares já apresentados de tudo deve ser revelado pela inteligência que o
madura. Mas ainda uma outra porta a qual fina- forma mais clara são eles a Sabedoria, a Força Grande Arquiteto, Ente Supremo e Criador do
liza com purificação através do fogo que habi- e a Beleza, difusores de conhecimento. Figu- Universo nos concederá ao longo da infância,
lita-me a receber a luz da verdade. Após con- ras alegóricas que nos cercam, ferramentas de adolescência e maturidade, tudo dirigido por
firmar em alto e bom som a sinceridade de trabalho capazes de transformar coisas brutas uma moral sã, regada com o amor entre os
meus votos, mostrar a coragem desejada e e disformes em peças finas, modelos de com- Irmãos.
empenhar-me perseverantemente na busca da portamento para qualquer Ir., se manuseadas Por Cícero Braz de Bem
luz, entreguei-me ao julgo daqueles que pode- com sabedoria e vigor. Membro efetivo da
riam me dar a luz da verdade. Então recebi atra- E nesse paralelo entre a vida profana e a ARLS "Alferes Tiradentes" Nº 20
vés das espadas empunhadas em minha dire- vida sob a abóboda celeste existe uma relação Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
12 O Malhete

SOBRE O RITO FRANCÊS OU MODERNO


Por Charles Porset - Tradução: J. Filardo segundo seu regime, apoiando-se em patentes Câmara o tomou com calma e não parece ter
verdadeiras ou falsas e, em muitos casos, em pressa em encontrar uma solução para a ques-

A história do Rito Francês ou Moderno,


principalmente a dos Altos Graus está
por ser escrita; sem dúvida, essa página
em branco nada mais é uma historiografia
totalmente centrada no Rito Escocês Antigo e
uma “tradição” incomprovável.
Era necessário que o Grande Oriente colo-
casse ordem no que o historiador Gaston Mar-
tin chamou precisamente de “confusão dos
tão irritante da alta maçonaria.
A lentidão foi, sem dúvida, calculada, mas
colidia com os instituidores do Grande Orien-
te, que perseguiam o espírito Andersoniano, e,
altos graus”. portanto, queriam o Centro de União.
Aceito, REAA ou Rito Caroliniano [1] que se O Grande Oriente poderia ter ficado satisfe- Sua inatividade será corrigida pelo Con-
quis impor, mas que apesar de seu desenvolvi- ito em reconhecê-los sob certas condições, vento dos Filaletes organizado pelos membros
mento contínuo por uma dúzia de anos, a força como faria com o Rito Escocês Retificado de da XI classe da Loja dos Amigos Reunidos de
do preconceito faz com que alguns acreditem Willermoz; mas a solução em todo caso per- que Savalette de Langes foi fundador.
que seria apenas o substituto do REAA, quan- manecia complexa porque significava ao Estudei em outra ocasião [2] esta loja que
do historicamente o precede e o avança. O mesmo tempo reconhecer que a Obediência reagrupava a maioria dos seus quadros entre
Rito Francês ou Moderno é, com efeito, o rito não tinha o controle da sanior pars de seus os financistas da administração real, em seu
de fundação da Maçonaria das Luzes, da qual membros e que a “verdadeira” Maçonaria, a Capítulo (“Os lenços brancos” onde se encon-
o Grande Oriente de França é tanto o institui- dos Sábios, lhe escapava. Sua política foi dife- traram Montmorency-Luxembourg, Roëtiers
dor quanto legítimo conservador. rente e perfeitamente de acordo com o espírito de Montaleau, Savalette de Langes, fundado-
Sabemos que o Grande Oriente foi constitu- latitudinarista da instituição, que sempre foi res do Grande Oriente); o que convém recor-
ído em 1772-1773 sobre as ruínas da Grande “reunir os dispersos”. O assunto não foi ganho dar aqui é que o objetivo final e meta desse
Loja. Os historiadores veem ali a tomada de porque se suspeita que potências maçônicas convento internacional era definir o conteúdo
controle do povo maçônico pela aristocracia independentes não se renderiam alegremente da “ciência” maçônica, fazer a seleção entre
liberal e pela burguesia esclarecida. O gesto ao Grande Oriente sem contrapartidas signifi- os regimes concorrentes, a fim de decidir o
mais simbólico da nova Obediência foi intro- cativas. regime a ser retido de acordo com a tradição
duzir ali o princípio democrático da eleição Sabemos que a Grande Loja de Clermont da Maçonaria Francesa.
dos Mestres de Loja: na noite do 4 de agosto chegará a uma solução somente em 1799. Partindo da constatação de que todos os
maçônico, a Ordem antecipa o que os revolu- Uma câmara de graus foi instalada; seu papel regimes maçônicos repousavam sobre paten-
cionários imporão em nível de Nação. era recenseá-los e unificá-los, determinando tes duvidosas, quando não eram grosseiras
No entanto, se todos os maçons se coloca- um centro comum. Presidida por Bacon de la falsificações (penso na patente do Dr. Gerbi-
ram de acordo sobre os três primeiros graus Chevalerie, mais ligado à Reforma de Lyon do er), o Grande Oriente ratificará em 17 de feve-
simbólicos – Aprendiz, Companheiro, Mestre que aos regimes “filosóficos” que se desenvol- reiro de 1786 um tratado de União e incorpo-
– outra coisa muito diferente foi sobre os vem sob a autoridade da Loja Mãe de Marse- ração do Grande Capítulo Geral como admi-
graus “escoceses” que eram propriedade de lha – revelado em Paris pelo Contrato Social, nistrador dos graus acima de Mestre.
Poderes Maçônicos autônomos ou de indiví- onde em Rennes ao redor de Mangourit, em
duos que faziam negócios com base neles. Rei- Rouen, mesmo com Mathéus, em Lyon, sob os Continua...
nava, portanto, a maior desordem, cada um auspícios do Grande Copta (Cagliostro), etc. a
O Malhete 13
Ao contrário dos regimes que então esta-
vam em andamento e que se estruturavam em
graus (o Rito de Perfeição contava 25), onde o
último e mais alto deste Rito se apresentava
como o nec plus ultra da Maçonaria (“Príncipe
do Real Segredo”), o Rito Francês ou Moder-
no oferecia apenas Ordens (da 1ª à 5ª ) desen-
volvendo o mito de Hiram: a primeira Ordem:
Da vingança à justiça (Eleito); A segunda
ordem: Da união dos homens à reunião dos
valores (Grande Eleito Escocês); A terceira
ordem: Da destruição à construção (Cavaleiro
Maçom); a quarta Ordem: Da libertação à
expansão (Soberano Príncipe).
Assim, a primeira Ordem reunia todas as
variedades de Eleitos, o segundo de todos os
graus escoceses, o terceiro os de Cavaleiro e o
quarto, o de Rosa-cruz. Vemos, pois, que o
Rito Francês ou Moderno não era, de forma
alguma, um regime sincrético, um remendo
que se amalgamava conforme observamos, no
REAA (ou rito Caroliniano) graus templários,
crísticos e alquímicos, sem um conjunto coe-
rente, conjugando tradição e modernidade no
espírito da filosofia do Iluminismo para reunir
homens que, sem a Maçonaria, teriam perma-
necido perpetuamente estranhos, e poder rea-
lizar o Centro da União[3].
Uma Va. ordem coroava o conjunto: “A Va.
Ordem compreenderá todos os graus físicos e
metafísicos e todos os sistemas, particular-
mente aqueles adotados pelas associações
maçônicas em vigor”. “(Biblioteca Nacional
da França, FM4 144, Estatutos e Regulamen-
tos Gerais, art. 29, cópia autenticada por Roët-
tiers de Montaleau em 6 de julho de 1786). Deus e na imortalidade da alma, que não figu- Mestre da Ordem.
Sua originalidade era que tinha que dominar rava nas Constituições de Anderson, tornou- Sem fazer do ateísmo uma virtude maçôni-
todos os regimes e restaurar a coerência ritual se uma condição sine qua non para ser admiti- ca, também devemos reconhecer que a crença
do Grande Oriente enfatizando o parentesco do na Associação. em Deus tampouco o é em maior medida. Não
orgânico que existia entre os graus simbólicos No geral, agora voltava-se as costas a todos exigindo de seus adeptos qualquer ato de fé, o
(particularmente o de Mestre) e os Altos Gra- os princípios que haviam feito da Maçonaria Rito Francês ou Moderno ilustra perfeitamen-
us, abrindo-se a outros regimes entre os quais uma sociabilidade original que fora organiza- te essa abertura inaugural da Maçonaria para
estavam os 81 graus e os graus retidos pelo da em torno dos valores da Liberdade, Igual- os valores desenvolvidos pelo Iluminismo, e
Grande Capítulo Metropolitano em 1787. dade e Fraternidade, deixando a cada um a volta as costas às formas renovadas de obscu-
As circunstâncias não permitirão ao Gran- oportunidade de acreditar ou de não acreditar. rantismo de que certos altos graus místico-
de Capítulo levar a cabo esta política pragmá- Tomou-se o pretexto da exclusão do “ateu estú- esotéricos se fizeram propagadores.
tica e de acordo com a definição da Ordem pido” para dizer que a Ordem rejeitava os não [1] Para uma explicação dessa denomina-
Maçônica como os seus fundadores deseja- crentes e que a Maçonaria era cristã. É inexa- ção ver meu artigo, «De Grasse-Tilly e o mar-
ram. Ao desenvolver uma política de compro- to, porque a expressão Ateu estúpido é keting caroliniano. Verdadeira história do
misso com a Corte de Roma, o Império instru- emprestada de um pastor presbiteriano, John REAA», em Grande Capítulo Geral do Gran-
mentalizará a Maçonaria e dará proteção ao Weemse, contemporâneo de Anderson e Desa- de Oriente de França, Maçonaria do Século
REAA, cuja forte coloração crística combina- guliers, que em seu trabalho Um Tratado dos das luzes. O Regulador do IIIo milênio. Rito
va perfeitamente com o reencantamento do Quatro Degenerados são, a saber o ateu, o idó- Francês, Paris, Ediciones Véga, 2009, p. 202,
mundo, conforme testemunham as obras de latra, os magos e os judeus (London, Thomas n. 1.
Chateaubriand, De Maistre, Lamennais, Bal- Cotes, 1636), distingue quatro categorias de
lanche e Fabre d'Olivet, no início do século ateus: um que nega Deus (“negando Deus”); [2] Charles Porset, Os Filaletes e os Con-
XIX. A simplicidade, a coerência harmoniosa aquele que duvida de sua existência (“ateu que ventos de Paris. Uma política da loucura,
do Rito Francês ou Moderno dos Altos Graus discute”); aquele que acredita apenas no que Paris, Honoré Champion, 1996, 778 p.
cederia lugar ao sincretismo barroco do Rito seus sentidos lhe trazem (“ateu físico”) e final-
Escocês Antigo e Aceito por dois séculos. mente o ateu estúpido que é impermeável às [3] Detalhes de Jacques Georges Plumet, A
São razões políticas que contribuíram para luzes da razão; na verdade, tal ateu não existe; república planetária. Prefácio e comentários
apagar o Rito Francês ou Moderno dos Altos ele atua apenas como um espantalho em sua de Charles Porset, Paris, Ao Oriente, 2007, em
Graus. Por outro lado, o REAA concordava exposição Andersoniana – de apoio para mol- particular cap. 3: “As cinco ordens entre tradi-
perfeitamente com a recristianização do país dar a gosto -. Designando apenas esse de uma ção e modernidade”, e cap. 4: «O desenvolvi-
desenvolvendo uma escala em 33 graus (su- maneira totalmente retórica, Anderson- mento da Quinta Ordem».
põe-se que Cristo tenha morrido aos 33 anos), Desaguliers não excluem as outras três cate-
sua administração foi confiada a um Supremo gorias de ateus, o que concorda perfeitamente Guerra, Victor (In, RITO FRANCÊS OU
Conselho que detinha sozinho a autoridade com o espírito latitudinarista da Maçonaria, e MODERNO – HIstória , reflexões e desenvol-
dogmática e trabalhava com base no modelo explica que Martin Folkes, que era franca- vimento)
despótico do Império. A obrigação de crer em mente ateu, teria podido se tornar Grão-
14 O Malhete

Por Nuno Raimundo (*)


A LUZ Oriente pelo Delta situado acima do
Venerável Mestre.
Painel de um determinado Grau Maçôni-
co, encontrando-se estas localizadas no

N a Maçonaria o conceito de Luz encon-


tra-se presente em permanência.

Já neste espaço fiz uma pequena alusão a


ela e agora passado algum tempo volto a este
Ÿ

Ÿ
As Luzes Maiores da Maçonaria, assim
consideradas por todos, são o Esquadro,
o Compasso e o Volume da Sagrada Lei.
As Luzes Menores, são cargos/ofícios
que se praticam em Loja nomeadamente,
Oriente, Sul e Ocidente do respectivo
Painel de Loja.
Assim, com alguma simplicidade, abordei
sinteticamente o que à Luz, de uma forma mais
técnica, num Templo Maçônico lhe concerne.
tema ... o Venerável Mestre, o Primeiro Vigilante Outras reflexões sobre a mesma( Luz) reme-
De momento não irei proceder a qualquer e o Segundo Vigilante. to para mais tarde…
análise metafisica ou filosófica referente à Ÿ Já as Luzes Litúrgicas, essas são as
Luz, mas apenas abordar alguns aspectos luzes, emanadas, das "estrelas", que se (*) Nuno Raimundo
desta (Luz) no contexto de uma Loja Maçôni- acendem (e apagam) durante o decorrer Loures, Portugal
ca. de um determinado momento da celebra- Iniciado na R.'.L.'. "Mestre Affonso Domin-
Numa Loja Maçônica existem cerca de 5 ção de uma sessão Maçônica, para além gues Nº5"; Peticionário e Fundador da R.'.L.'.
tipos ou classificações referentes à Luz... de que elas mesmas são, também, consi- "O Ganso e a Grelha - Goose and Gridiron"
Ou seja, a Luz que provém do Grande deradas como os "pilares da Loja", Nº129. Actualmente Mestre de Honra e Obrei-
Arquiteto do Universo, as Luzes Maiores, as sendo estas a Sabedoria, a Força e a Bele- ro do Quadro da R.'.L.'. "D.Fernando II
Luzes Menores, as Luzes Litúrgicas e as Luzes za... Estas "luzes" encontram-se também Nº118". Cavaleiro da Ordem Honorífica Gene-
Fixas, para além da luz que é emanada pelas representadas nas secretárias dos seus ral Gomes Freire de Andrade. Presentemente,
várias "estrelas" que se encontram espalhadas respectivos representantes em Loja. Secretário Local do "Quatuor Coronati Cor-
pelo Templo Maçônico: Ÿ E as Luzes Fixas, estas "luzes" são assim respondence Circle" para Portugal.
Ÿ A Luz provinda da presença no Grande designadas por serem as janelas que se
Arquiteto do Universo e representada a encontram presentes e que figuram no
O Malhete 15
16 O Malhete
O Malhete 17

1958-2018
50 ANOS À SERVIÇO DA ARTE REAL
N os dias atuais, tão repletos de imediatismo e
transitoriedade, uma instituição alcançar a
marca de 50 anos é algo digno de celebração.
Quando essa marca é alcançada por uma loja maçô-
nica a dignidade ganha um relevo ainda maior, pois
condomínio, mas dos Oriente de Vila Velha e outros
em torno da região metropolitana da Grande Vitória.
Muita alegria, gratidão e sensação de dever cum-
prido. Esses sentimentos marcaram os eventos, e cer-
tamente preparam os caminhos a serem percorridos
O futuro é uma estrada a frente... desconhecida.
Aqui o estandarte é de coragem quando se tem o
desafio.
Os Obreiros, respiram o destino na esperança da
são 50 anos construindo templos à virtude e cavando nessa jornada que rogamos ao GADU que seja eterna. dignidade,
masmorras aos vícios. São 50 anos lapidando pessoas Abaixo, a poesia comemorativa dos 50 anos, que O mundo, em desatino, vê as próximas gerações
do bem e construindo, em meio a toda superação ima- consta no livro lançado. por um fio.
ginável, uma sociedade melhor, uma sociedade Capi-
xaba melhor. AQUI SEMPRE É MEIO-DIA Avante homem que deixou de sonhar.
Assim pode ser resumida a trajetória da ARBLS Aqui, na Hermínio Blackman, seguimos ao infini-
Professor Hermínio Blackman, no 1761, Oriente de É meio-dia Venerável Mestre! to.
Vila Velha, GOB-ES, que em 05/12/1968 iniciou suas Aqui é sempre meio-dia. Os Obreiros, honram os que vieram e virão.
atividades. Os Obreiros prontos a trabalhar, O mundo, carente de fé, deixa à Maçonaria seu
Os detalhes dessa destaca história podem ser O mundo desnorteado em agonia. grito.
conhecidos em dois livros. O primeiro chamado
“Uma semente de Acácia” lançado na ocasião do ani- A alma não repousa diante da injustiça É meio-dia Venerável Mestre!
versário de 45 anos. O segundo, chamado “Hermínio Aqui elevamos as virtudes. Aqui é sempre meio-dia.
Blackman – Nosso Patrono”. Ambos de autoria do Os Obreiros com a Pedra Bruta a lapidar, Os Obreiros brindam seu jubileu
valoroso Irmão Carlos Guilherme de Oliveira Egito, O mundo cego em banais inquietudes. O mundo, tem hoje, um dia de alegria.
um incansável amante da reconstrução dos fatos his- (Ir Franklin Moura)
tóricos. Estudar, produzir, crescer, evoluir
As comemorações dos 50 anos compreenderam Aqui tudo acontece em um quarto de hora. Avante Obreiros da ARBLS Professor Hermínio
quatro momentos: A compilação biográfica de todos Os Obreiros com a sábia paciência de ouvir, Blackman. Abaixo algumas imagens que registram
Veneráveis Mestres desses 50 anos; O lançamento do O mundo surdo com o supérfluo agora. esse memorável momento da família maçônica.
livro registrando a história do patrono Professor Her-
mínio Blackman e sua família; A festa de gala em Assim, cinco décadas se passaram Franklin dos Santos Moura
comemoração ao jubileu; e inauguração da placa Aqui as páginas estão vitoriosamente preenchi- Obreiro da ARBLS Prof. Hermínio Black-
comemorativa na sala dos Passos Perdidos. das man/1761
Quem já visitou as sessões dessa oficina pode Os Obreiros celebram o suor e a fraternidade, Membro Fundador e Efetivo da AcadGOB-ES,
presenciar o cuidadoso e rigoroso zelo pela ritualísti- O mundo ora é vaidade ora é ferida. Membro da Academia de Letras de Vila Velha –
ca, marca indelével de todas as diretorias que por ali ALVV
passaram. Além disso, ações de beneficência são O brinde tem uma taça nas mãos das cunhadas Membro Correspondente da Academia Maçôni-
contínuas, além de a todo tempo promoverem a inte- Aqui seu incentivo é braço forte. ca de Letras do Leste de Minas - AMLM
gração da convivência maçônica primando por uma Os Obreiros, sem elas, não teriam jornada.
expressiva ação de visitação a lojas não somente do O mundo, sem rumo, está entregue a pobre sorte.
18 O Malhete

HUMANISMO MAÇÔNICO
A
imagem mais tradicional da ação da
Maçonaria sobre o homem é aquela
que vemos o próprio homem se
lavrando e surgindo de um bloco de pedra.
Talvez, o Irmão não se dê conta, mas esta
imagem é exatamente uma contraposição ao
Teocentrismo Medieval, que apregoava serem
a origem, a ação e o destino de tudo e de todos
fundamentados apenas em dogmas religiosos.
Em oposição a esta doutrina surge o Antro-
pocentrismo apresentando a supremacia do
homem, dotado de inteligência e discernimen-
to como ferramentas adequadas para gerar o
bem, manter o que é bom e garantir um futuro
de felicidade.
Nosso foco não é tratarmos de teísmo, deís-
mo, agnóstico ou ateísmo e muito menos um
pensamento anticlerical. Nossa herança Ilu-
minista nos coloca como agentes de transfor-
mação social “.......tornar feliz a humanida- e prumo) as.
de........” e sob ponto de vista material, deve- · A moralidade e a ética dos atos não As idéias produzem sonhos. os sonhos
mos estar no “centro do universo”. devem ser fundamentadas em preceitos transformam a sociedade.”
Ao Maçom cabe posturas éticas e razão, religiosos, mas na honestidade, no Augusto Cury
que lhe darão respeitabilidade e credibilidade amor e no respeito. (esquadro e nível) DEDICO este artigo aos amados Obreiros
para cumprir seu papel de construtor social. · Como unidade base da sociedade, o da ARLS Caminhos da Paz e Virtude 104 do
A Maçonaria, como filosofia moral, inte- homem procura sua realização pessoal Oriente de Nova Ponte e da ARLS Novos Tem-
grou para seu o corpo o Humanismo secular e a ela insere o compartilhamento e a pos 288 do Oriente de Belo Horizonte, Irmãos
que “é a corrente filosófica que tem como ação de sua evolução. (alavanca e tro- sempre prontos para cumprir nossa missão
doutrina a razão humana, a justiça social e lha) social.
ética. O humanismo é uma postura ética, cul- · Não há crenças com verdades absolu- Sinto muito. Me perdoe. Sou grato. Te amo.
tural, filosófica e artística surgida no século tas. Os dogmas restringem as transfor- Vamos em Frente!
XV, na Europa, que enfatiza a importância dos mações naturais do homem e da socie- Neste décimo terceiro ano de compartilha-
próprios seres humanos como fonte de forma- dade. (compasso e transferidor) mento de instruções maçônicas, continuare-
ção de valores.” · Na observação de pontos de vista diver- mos incentivando os Irmãos a enriquecerem o
Sete são os principais pontos de interseção gentes, o homem equaliza as circuns- Quarto de Hora de Estudo. Indiferente de
entre Maçonaria e Humanismo: tâncias que o envolvem para a transfor- graus ou cargos, somos todos responsáveis
mação necessária a evolução. (lápis e pela qualidade dos trabalhos em nossa Ofici-
· O homem é o responsável direto pelos cordel) na.
seus atos e conseqüências. Não credita · O desenvolvimento da sensibilidade, Imprima este trabalho e deixe entre seus
ao sobrenatural as consequências dos seja no campo das artes ou das questões materiais maçônicos, havendo oportunidade
vícios ou a falta de virtude. (malho e sociais, amplia a percepção de sua tor- solicite ao Venerável Mestre sua leitura e pro-
cinzel) peza e lhe traz inspiração para aparar mova o intercambio de idéias.
· O homem é dotado de meios para che- arestas e reconhecer o sublime em ângu- Fraternalmente
gar à solução de um problema por evi- los harmônicos (pedra bruta e pedra Sérgio Quirino
dências claras, aceitáveis e precisas; e cúbica) Grande Primeiro Vigilante
usa, permanentemente, a razão. (régua “O conhecimento humanista produz idéi- GLMMG
O Malhete 19

Inscrições
Dario Baggieri Carmelino Souza Vieira
027 99754-1991 O21 99974-6462
027. 99501-9559 carmekeno@ig.com.br
dariobaggieri@hotmal.com
20 O Malhete

SHRINERS INTERNATIONAL
Em decreto, GOSP reconhece apoio à Shriners International

A partir de agora, o Grande Oriente


de São Paulo (GOSP) reconhece
e apoia oficialmente a Shriners
International como Entidade Parama-
çônica, em especial o Amal Shriners
nenhum dos postulados universais da
Maçonaria.
A Shriners International é uma institu-
ição filantrópica fundada em 1872.
Composta por Maçons, é uma fraterni-
Temple, com sede em São Paulo (SP), dade conhecida no mundo inteiro, que
que passa a contar com o mesmo apoio tem como base o companheirismo, a
que recebem as outras 12 Entidades diversão e os princípios maçônicos de
Paramaçônicas abrigadas pelo Grande amor fraterno, auxílio e verdade. A
Oriente. O decreto de reconhecimento organização tem cerca de 325 mil
foi assinado em 23 de janeiro, pelo membros em 194 Templos na Alema-
Grão-Mestre do GOSP, Sereníssimo nha, Brasil, Canadá, Estados Unidos,
Irmão Kamel Aref Saab. Filipinas, México, Porto Rico e Repú-
O decreto havia sido anunciado pelo blica do Panamá. “Os Shriners são um
Sereníssimo durante a cerimônia de grande exemplo de Irmãos totalmente
posse do DIVAN 2019 Amal Shriners dedicados ao trabalho filantrópico”,
Temple, realizada no dia 19, na sede da afirma Kamel Aref Saab.
Grande Loja Maçônica do Estado de Além dos Shriners, o GOSP reconhece
São Paulo (GLESP), quando o Irmão e apoia atualmente as seguintes Bandeirantes e Os Bodes do Asfalto.
Raul Audi Junior foi empossado como Ordens e Entidades Paramaçônicas: Fra- Segundo o Grande Secretário de Enti-
Potentado. O GOSP reconhece toda ternidade Feminina Paulista, Ordem da dades Paramaçônicas do GOSP, Irmão
Ordem ou Entidade que atue na forma- Estrela do Oriente, As Filhas do Nilo Luciano Rio, o decreto é um reconheci-
ção cidadã, moral e ética de jovens e (em andamento), Lowtons, Ordem mento formal. “Na prática, já apoiamos
adultos, bem como se dedique a tornar Internacional do Arco-Íris para Meni- os Shriners há anos”, diz.
melhor a vida dos menos assistidos e nas, Ordem Internacional das Filhas de
favorecidos e cujos objetivos não firam Jó, Ordem DeMolay, Os Escoteiros, As
O Malhete 21

SESSÃO DE POSSE DO GRÃO-MESTRE


DA GRANDE DO DISTRITO FEDERAL
E m Sessão Magna concorrida, o Sere-
níssimo Irmão Armando Assump-
ção Laurindo da Silva tomou posse
no cargo de Grão-Mestre da Grande Loja
Maçônica do Distrito Federal (GLMDF)
no dia 22/02/2019.
Também foram empossados o Grão-
Mestre Adjunto e os Grandes Oficiais da
Obediência co-irmã.
O Eminente Irmão Lucas Galdeano,
Grão-Mestre Distrital, integrou a comiti-
va do Soberano Irmão Múcio Bonifácio
Guimarães, Grão-Mestre Geral do Gran-
de Oriente do Brasil (GOB).
O Grão-Mestre Geral se fez acompa-
nhar dos Sapientíssimos Irmãos Ademir
Cândido (Grão-Mestre Geral Adjunto) e
Ricardo Carvalho (Presidente da Sobera-
na Assembleia Federal Legislativa), do
Eminente Irmão Walderico de Fontes
Leal (Secretário-Geral de Finanças), e
dos Poderosos Irmãos Eliseu Kadesh (Se-
cretário-Geral Adjunto de Educação e
Cultura), Robson Gouveia (Assessor
Especial do Grão-Mestre Geral) e Getúlio
Gurgel (Assessor Especial do Grão-
Mestre Geral), além de Grão-Mestres
Estaduais.
Acompanharam o Grão-Mestre Distri-
tal os Irmãos Décio Bottechia (Secretário
Adjunto de Educação), Adelino Blanco
de Miguel (Secretário Adjunto de Ritua-
lística para o Rito Brasileiro) e Reginaldo
Gusmão de Albuquerque (ex-Grão-
Mestre Distrital Adjunto). Veneráveis
Mestres e Irmãos da jurisdição também se
fizeram presentes.
O ponto culminante da cerimônia foi a
presença de Grão-Mestres do GOB, das
Grandes Lojas do Brasil (CMSB) e dos
Grandes Orientes Independentes
(COMAB), demonstrando que a maçona-
ria brasileira caminha a passos largos
para a reunião das Potências Regulares.
Registre-se a presença dos Grão-Mestres
Ordem. tacando os projetos em prol da maçonaria
da Pensilvânia-EUA, de Portugal, do
No dia seguinte, 23/02/2019, a do Distrito Federal e do Brasil. O Serenís-
Paraguai, do Uruguai, da Bolívia, além
GLMDF realizou Cerimônia Pública de simo Irmão Armando reafirmou seu com-
do Presidente da CMI e do Soberano
Posse, oportunidade em que o Sereníssi- promisso com o futuro e também agrade-
Grande Comendador do Supremo Conse-
mo Irmão Cassiano Morais transmitiu o ceu a todos.
lho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e
cargo de Grão-Mestre para o Sereníssimo A cerimônia foi seguida de jantar come-
Aceito para a República Federativa do
Irmão Armando Assumpção. Em sua alo- morativo, que contou com autoridades
Brasil.
cução, o Sereníssimo Irmão Cassiano maçônicas, incluindo o Soberano Irmão
A Sessão Magna de Posse foi seguida
agradeceu àqueles que contribuíram para Múcio Bonifácio e o Eminente Irmão
de Banquete Ritualístico (Loja de Mesa),
o engrandecimento da Ordem e fez uma Lucas Galdeano.
onde todos puderam estreitar os laços de
retrospectiva de sua administração, des-
amizade que unem todos os Obreiros da
22 O Malhete

O Grão-Mestre Distrital Lucas Galdeano e o Grão-Mestre Geral do GOB Múcio Bonifácio

GRÃO-MESTRE GERAL PARTICIPA


DA CONGREGAÇÃO DO GODF
A Poderosa Congregação do Grande Oriente do Distrito Federal (GODF) contou, pela
primeira vez em sua história, com a presença de um Grão-Mestre Geral do GOB

N a noite de quarta-feira (20/02/19), realizou-se


no Templo Nobre do Grande Oriente do Distri-
to Federal (GODF), a “Poderosa Congrega-
ção”. O encontro dos Poderes Internos do GODF (Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário) da Obediência Distri-
tos tradicionais da Maçonaria local,
que necessitam de ações desde o início
do ano, para que o trabalho chegue a
bom termo.
Vários Veneráveis se pronuncia-
tal, com os Veneráveis Mestres das Lojas jurisdicio- ram, na palavra destinada aos dirigen-
nadas, recebeu muito honrosa e fraternalmente, o tes das Lojas. A maioria, elogiou o
Soberano Irmão Múcio Bonifácio, Grão-Mestre trabalho proativo e altruísta da admi-
Geral da Obediência Nacional, o Grande Oriente do nistração do Grão-Mestre Distrital e
Brasil. de sua equipe, cujo mandato está che-
O evento, concorrido e muito produtivo, aconteceu gando ao seu final, depois de quase
no Templo Nobre do GODF e a abertura procedeu-se quatro anos de profícuos trabalhos na
por volta das 19h30min com o Grão-Mestre Distrital, nossa Obediência Distrital. O Presi-
Eminente Irmão Lucas Galdeano, dando as boas- dente da Assembleia Distrital Legisla-
vindas aos Veneráveis Mestres e autoridades maçôni- tiva, Eminente Irmão Osvaldo Joa-
c a s . quim, se manifestou, destacando a
A Pauta da Poderosa Congregação constou dos harmonia do Poder Legislativo com o
seguintes assuntos: Poder Executivo e informou sobre a
1. Abertura; “Viagem Fraterna”, que o GODF irá
2. Eleição para Grão-Mestre, em 16.MAR.19; realizar com destino às cidades históri-
3. Baile do Maçom, em 31.AGO.19; cas de Minas Gerais, no período de 26
4. Natal da Solidário, em 14.DEZ.19; à 30 de março/19.
5. Palavra dos Veneráveis Mestres; Um dos altos pontos da reunião, foi
6. Palavra do Grão-Mestre Geral, a palavra do Grão-Mestre Geral, Sobe-
7. Encerramento. rano Irmão Mucio Bonifácio que tam-
No quesito sobre as Eleições, o Presidente do Tri- bém, não poupou elogios ao trabalho
bunal Distrital Eleitoral, Venerável Irmão Inimá da atual gestão do GODF. O Grão-Mestre da Obediên- para a realização dos eventos previstos no calendário
Valente e o Procurador do GODF, Venerável Irmão cia Nacional teceu considerações sobre o plano de anual do GODF.
Nísio Tostes esclareceram, tudo aquilo que poderia governo do Grande Oriente do Brasil destacando a Ao final, houve um coquetel no lounge do sub solo
estar obscuro e responderam perguntas dos Veneráve- importância da Reunião da Maçonaria Brasileira. do GODF, onde os Maçons da Poderosa Congregação
is das Lojas jurisdicionadas. Para a alegria de todos os presentes, o Grão-Mestre puderam estreitar ainda mais, os laços de fraternidade
Foram dados os primeiros passos para planejar e Geral do GOB, colocou à disposição dos Obreiros do que os unem.
executar o Baile do Maçom e o Natal Solidário, even- Distrito Federal, as dependências do Poder Central,
O Malhete 23

JUAN GUAIDÓ VISITA A SEDE DO GOB


E xcelentíssimo Sr. e Irmão Juan Gerar-
do Guaidó Marquez, Presidente Inte-
rino da Venezuela, visita a sede do
Grande Oriente do Brasil, e recebe apoio
incondicional do Soberano Irmão Múcio
les que ferem a dignidade humana, e os ideais
de Liberdade de um povo, nós maçons do Bra-
sil, indignados e inconformados com a con-
dução Tirânica, que o Ditador Maduro, vem
desenvolvendo em nossa querida vizinha
conclamos os maçons brasileiros, dentro dos
princípios democráticos e de paz, que dentro
de suas capacidades políticas e sociais, pos-
sam trabalhar pela estabilidade política na
Venezuela e apoiem o nosso Irmão
Bonifácio Guimarães, em nome dos maçons Venezuela, repudiamos e trabalharemos GUAIDÓ.
do GOB. incansavelmente, para trazer a paz e a estabi- Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guima-
Em momento único da Maçonaria Brasile- lidade, não só ao povo da Venezuela, mas a rães, agradece a visita do Presidente
ira, o Presidente GUAIDÓ, vem ao Grande todos os povos que se avizinham as fronteiras GUAIDÓ, da mesma forma agradece aos
Oriente do Brasil, agradecer o apoio institu- da Venezuela, assim como o Brasil, portanto irmãos que estiveram presentes na visita,
cional e pessoal dos Maçons do entre eles, Grão Mestres de nossas
Brasil, seus ideais libertários de Co-irmãs, tal como nosso Serenís-
uma Venezuela livre da tirania e simo Irmão Armando Assumpção,
da falta de respeito com os princí- Grão Mestre da GLMDF, e conce-
pios humanitários de justiça e equi- de ao Excelentíssimo Sr. e Irmão
dade, bem como uma Pátria Demo- JEAN Geraldo GUAIDÓ Mar-
crática em favor da paz e do quez, Presidente da República Boli-
desenvolvimento humano, o qua- variana da Venezuela, através do
lificaram como o Líder que o povo Ato 28292, a Honraria de Amizade
Venezuelano necessita neste Maçônica, pelos serviços presta-
momento. É dever de todo dos ao bem da Humanidade,
maçom, se posicionar contra aque- Ordem e da Pátria.
24 O Malhete

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