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Por.

Semana 4

Eduardo Valladares
(Bruna Basile)

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CRONOGRAMA

06/03 Aula de exercícios


com enfoque em
interpretação
de enunciados e
comandos

09:15
19:15

13/03 Estutura e
Formação de
palavras

09:15
19:15

20/03 Semântica das


palavras variáveis
(substantivo e
artigo)

09:15
19:15

27/03 Semântica das


palavras variáveis
(adjetivo e
numeral)

09:15
19:15
06
Exercícios mar
com enfoque
em interpreta-
ção de enuncia-
dos e coman-
dos

01. Resumo
02. Exercício de Aula
03. Exercício de Casa
04. Questão Contexto
RESUMO
Em todas as provas de vestibulares, principalmen- Dessa forma, como a prova de Linguagens do ENEM
te no ENEM, a interpretação dos enunciados é um apresenta diversos tipos de textos, devemos obser-
fator pode atrapalhar o aluno na hora de responder var com atenção os enunciados e identificar essas
uma questão. Na prova de Linguagens, devido à ex- palavras-chaves. A partir dessa relação entre texto e
tensão dos textos, ao chegarmos à leitura do enun- comando temos o caminho para achar a resposta da
ciado já esquecemos o que o texto abordava. Dessa questão. Observe algumas delas:
forma, é de suma importância estar sempre atento
aos verbos de comando das questões para entender → Dizer a respeito de = No que se refere a.
o direcionamento que a resposta deve ter. Quantas → Decorrente de = Consequência de algo.
vezes você já não leu uma questão e ficou em dúvida → Implicar = Causar, provocar, resultar.
de como começar a pensar em como encaminhar a → Revelar = Evidenciar, expor.
resposta? Vamos solucionar isso na aula de hoje, ok? → Destacar = Realçar, revelar, marcar, enfatizar.
→ Defender = Justificar, sustentar.
Por exemplo:
Observe o enunciado de uma questão do ENEM
→ Analisar: Observar atentamente dados, gráficos, 2012:
tabelas, figuras, desenhos, mapas, opiniões, argu-

Por. 111
mentos, textos. Por meio dessa análise será possível Aquele bêbado
identificar as partes e ideias envolvidas que levam à — Juro nunca mais beber — e fez o sinal da
compreensão do todo. cruz com os indicadores. Acrescentou: — Ál-
cool. O mais ele achou que podia beber. Bebia
→ Concluir/Inferir/Deduzir: Raciocinar a partir de paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de
análise de dados fornecidos e gerar uma informação Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall.
nova em um determinado contexto. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia
Reclinada, de Celso Antônio.
→ Determinar: Indicar com exatidão, precisão as — Curou-se 100% do vício — comentavam os
características próprias de elementos. amigos. Só ele sabia que andava mais bêbado
que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no
→ Diferenciar: Assinalar diferenças, apontar a cada meio de uma carraspana de pôr do sol no Le-
correspondente o seu devido valor. blon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas
de ex-alcoólatras anônimos.
→ Identificar: Reconhecer e apontar elementos
fundamentais, ou seja, as principais características A causa mortis do personagem, expressa no último
de algum elemento. parágrafo, adquire um efeito irônico no texto por-
que, ao longo da narrativa, ocorre uma
→ Resumir: Compreender as ideias centrais do tex-
to para obter a síntese do que foi lido. Mesmo que você não saiba o significado de causa
mortis, você pode analisar as palavras-chaves que
→ Relacionar: Estabelecer relações, confrontar di- possam ajudar na interpretação desse enunciado,
ferentes elementos em um ou mais textos. já que ele também não possui verbos de comando.
Vamos lá: em primeiro lugar temos o indicativo des-
Entretanto, muitas questões não possuem verbos sa causa mortis no ‘último parágrafo’ do texto. Logo
de comando, então deve-se ficar atento às palavras- depois, temos outra palavra-chave, ‘efeito irônico’.
-chaves que elas apresentam. A palavra-chave de Dessa forma, podemos perceber que o texto traz
um enunciado é a principal palavra ou termo que fa- uma quebra de expectativa por causa de um efei-
cilita a interpretação. to irônico apresentado no último parágrafo. Certo?
Vamos agora analisar as alternativas.
Se temos um efeito irônico no último parágrafo, pro-
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”. vavelmente, é em relação ao primeiro, não é? Então,
b) aproximação exagerada da estética abstracionis- ao analisarmos as alternativas a única resposta pos-
ta. sível é a letra ‘a’, pois ao compararmos o sentido ori-
c) apresentação gradativa da coloquialidade da lin- ginal do verbo ‘’beber’’ com as paisagens, as músi-
guagem. cas e versos que ele se embebedava é isso que traz
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras o efeito irônico com o último parágrafo.
coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

EXERCÍCIO DE AULA
1.
O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de
nascimento. De repente, no fim do século XVII, os poetas de Lisboa repa-
raram que não podiam cantar o inseto luminoso, apesar de ele ser um ma-
nancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser
“usado em papéis sérios”: caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael

Por. 112
Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a partir do grego pyr, significan-
do “fogo”, e lampas, “candeia”.
FERREIRA, M. B. Caminhos do português: exposição comemorativa do Ano
Europeu das Linguas. Portugal: Biblioteca Nacional, 2001 (adaptado).

O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de


tabu linguístico. Esse tabu diz respeito à

a) recuperação histórica do significado.


b) ampliação do sentido de uma palavra.
c) produção imprópria de poetas portugueses.
d) denominação científica com base em termos gregos.
e) restrição ao uso de um vocábulo pouco aceito socialmente.

2.
Noites do Bogart

O Xavier chegou com a namorada mas, prudentemente, não a levou para


a mesa com o grupo. Abanou de longe. Na mesa, as opiniões se dividiam.
— Pouca vergonha.
— Deixa o Xavier.
— Podia ser a filha dele.
— Aliás, é colega da filha dele. Na sua mesa, o Xavier pegara na mão da
moça.
— Está gostando?
— Pô. Só.
— Chocante, né? — disse o Xavier. E depois ficou na dúvida. Ainda se
dizia “chocante”?
Beberam em silêncio. E ele disse:
— Quer dançar?
E ela disse, sem pensar:
— Depois, tio.
E Acaram em silêncio. Ela pensando “será que ele ouviu?”. E ele pensando
“faço algum comentário a respeito, ou deixo passar?”. Decidiu deixar pas-
sar. Mas, pelo resto da noite aquele “tio” ficou em cima da mesa, entre os
dois, latejando como um sapo. Ele a levou em casa. Depois voltou. Sentou
com os amigos.
— Aí, Xavier. E a namorada?
Ele não respondeu.
VERISSIMO, L. F O melhor das comédias da vida privada. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2004.

O efeito de humor no texto é produzido com o auxílio da quebra de convenções


sociais de uso da língua. Na interação entre o casal de namorados, isso é decor-
rente

a) do registro inadequado para a interlocução em contexto romântico.


b) da iniciativa em discutir formalmente a relação amorosa.
c) das avaliações de escolhas lexicais pelos frequentadores do bar.
d) das gírias distorcidas intencionalmente na fala do namorado.
e) do uso de expressões populares nas investidas amorosas do homem.

Por. 113
3.
TEXTO I

Mama África
Mama África (a minha mãe)
é mãe solteira
e tem que fazer
mamadeira todo dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas Casas Bahia
Mama África tem tanto o que fazer
além de cuidar neném
além de fazer denguim
filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
mas não se afasta de você
quando Mama sai de casa
seus filhos se olodunzam
rola o maior jazz
Mama tem calos nos pés
Mama precisa de paz
Mama não quer brincar mais
filhinho dá um tempo
é tanto contratempo
no ritmo de vida de Mama
CHICO CÉSAR. Mama África. São Paulo: MZA Music, 1995.
Texto II

A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das famílias brasilei-


ras, também tematizadas pela canção Mama África. Ambos os textos destacam
o(a)

a) preocupação das mulheres com o mercado de trabalho.

Por. 114
b) responsabilidade das mulheres no sustento das famílias.
c) comprometimento das mulheres na reconstituição do casamento.
d) dedicação das mulheres no cuidado com os filhos.
e) importância das mulheres nas tarefas diárias.

4.
Palavras jogadas fora

Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pin-
char e ainda o ouço por lá esporadicamente. O sentido da palavra é o de
“jogar fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar embora” (pincha esse
fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital
do estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se
conhecem esse verbo, comumente escuto respostas como “minha avó fala
isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo é algo do passado,
que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer. As palavras são,
em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá antes
de nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar
adiante, de transmitir (sobretudo valores culturais). O rompimento da tradi-
ção de uma palavra equivale à sua extinção. A gramática normativa muitas
vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva os
falantes a extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados di-
reta ou indiretamente pela visão normativa, a um grupo que julga não ser o
seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e
refinamento citadito, está fadado à extinção?
É louvável que nos preocupemos com a extinção de ararinhas-azuis ou dos
micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhu-
ma comoção, como não nos comovemos com a extinção de insetos, a não
ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção
das palavras é incentivada.
VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (adaptado).
A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma refle-
xão sobre a linguagem e seus usos, a partir da qual compreende-se que:

a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários,


conforme sugere o título.
b) o cuidado com espécies animais em extinção é mais urgente do que a preser-
vação de palavras.
c) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socio-
culturais.
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua.
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas.

5.
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar
a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve
aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve
mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não

Por. 115
existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o
estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes
do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais
não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de
seus colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio
2011 (adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”.
Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber

a) descartar as marcas de informalidade do texto.


b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulga-
dos pela escola.
EXERCÍCIO DE CASA
1.
O hoax, como é chamado qualquer boato ou farsa na internet, pode espa-
lhar vírus entre os seus contatos. Falsos sorteios de celulares ou frases que
Clarice Lispector nunca disse são exemplos de hoax. Trata-se de boatos re-
cebidos por e-mail ou compartilhados em redes sociais. Em geral, são men-
sagens dramáticas ou alarmantes que acompanham imagens chocantes, fa-
lam de crianças doentes ou avisam sobre falsos vírus. O objetivo de quem
cria esse tipo de mensagem pode ser apenas se divertir com a brincadeira
(de mau gosto), prejudicar a imagem de uma empresa ou espalhar uma ide-
ologia política.
Se o hoax for do tipo phishing (derivado de fishing, pescaria, em inglês) o
problema pode ser mais grave: o usuário que clicar pode ter seus dados pes-
soais ou bancários roubados por golpistas. Por isso é tão importante ficar
atento.
VIMERCATE, N.Disponível em: www.techtudo.com.br. Acesso em 1 maio
2013 (adaptado).

Ao discorrer sobre os hoaxes, o texto sugere ao leitor, como estratégia para evi-

Por. 116
tar essa ameaça,

a) recusar convites de jogos e brincadeiras feitos pela internet.


b) analisar a linguagem utilizada nas mensagens recebidas.
c) classificar os contatos presentes em suas redes sociais.
d) utilizar programas que identifiquem falsos vírus.
e) desprezar mensagens que causem comoção.

O que é Web Semântica?

2. Web Semântica é um projeto para aplicar conceitos inteligentes na internet


atual. Nela, cada informação vem com um significado bem definido e não se
encontra mais solta no mar de conteúdo, permitindo uma melhor interação
com o usuário. Novos motores de busca, interfaces inovadoras, criação de
dicionários de sinônimos e a organização inteligente de conteúdos são al-
guns exemplos de aprimoramento. Dessa forma, você não vai mais precisar
minerar a internet em busca daquilo que você procura, ela vai passar a se
comportar como um todo, e não mais como um monte de informação empi-
lhada. A implementação deste paradigma começou recentemente, e ainda
Disponível em: www. vai levar mais alguns anos até que entre completamente em vigor e dê um
tecmundo.com.br. Acesso
em: 6 ago. 2013 (adaptado). jeito em toda a enorme bagunça que a internet se tornou.

Ao analisar o texto sobre a Web Semântica, deduz-se que esse novo paradigma
auxiliará os usuários a

a) armazenar grandes volumes de dados de modo mais disperso.


b) localizar informações na internet com mais precisão.
c) captar os dados na internet com mais velocidade.
d) publicar dados com significados não definidos.
e) navegar apenas sobre dados já organizados.
3.
Riscar o chão para sair pulando é uma brincadeira que vem dos tempos do
Império Romano. A amarelinha original tinha mais de cem metros e era usa-
da como treinamento militar imitações reduzidas do campo utilizado pelos
soldados e acrescentaram numeração nos quadrados que deveriam ser pu-
Disponível em: www. lados. Hoje as amarelinhas variam nos formatos geométricos e na quantida-
biblioteca.ajes.edu.br. de de casas. As palavras “céu” e “inferno” podem ser escritas no começo e
Acesso em: 20 maio 2015
(adaptado). no final do desenho, que é marcado no chão com giz, tinta ou graveto.

Com base em fatos históricos, o texto retrata o processo de adaptação pelo qual
passou um tipo de brincadeira. Nesse sentido, conclui-se que as brincadeiras
comportam o(a)

a) caráter competitivo que se assemelha às suas origens.


b) delimitação de regras que se perpetuam com o tempo.
c) definição antecipada do número de grupos participantes.
d) objetivo de aperfeiçoamento físico daqueles que a praticam.
e) possibilidade de reinvenção no contexto em que é realizada.

Por. 117
4.
Em uma escala de 0 a 10, o Brasil está entre 3 e 4 no quesito segurança da
informação. “Estamos começando a acordar para o problema. Nessa histó-
ria de espionagem corporativa, temos muita lição a fazer. Falta consciência
institucional e um longo aprendizado. A sociedade caiu em si e viu que é uma
coisa que nos afeta”, diz S.P., pós-doutor em segurança da informação. Para
ele, devem ser estabelecidos canais de denúncia para esse tipo de situação.
De acordo com o conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI), o Brasil
tem condições de desenvolver tecnologia própria para garantir a segurança
dos dados do país, tanto do governo quanto da população. “Há uma massa
de conhecimento dentro das universidades e em empresas inovadoras que
podem contribuir propondo medidas para que possamos mudar isso [falta
de segurança] no longo prazo”. Ele acredita que o governo tem de usar o seu
poder de compra de softwares e hardwares para a área da segurança ciber-
nética, de forma a fomentar essas empresas, a produção de conhecimento
na área e a construção de uma cadeia de produção nacional.

SARRES,C.Disponível em: www.ebc.com.br. Acesso em: 22 nov. 2013


(adaptado).

Considerando-se o surgimento da espionagem corporativa em decorrência do


amplo uso da internet, o texto aponta uma necessidade advinda desse impacto,
que se resume em

a) alertar a sociedade sobre os riscos de ser espionada.


b) promover a indústria de segurança da informação.
c) discutir a espionagem em fóruns internacionais.
d) incentivar o aparecimento de delatores.
e) treinar o país em segurança digital.
5.
Para Carr, internet atua no comércio da distração
Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência da tecnologia na men-
te

O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet não estimula


a inteligência de ninguém. O autor explica descobertas científicas sobre o
funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre a influência da internet
em nossa forma de pensar. Para ele, a rede torna o raciocínio de quem na-
vega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. Mais: Carr
afirma que há empresas obtendo lucro com a recente fragilidade de nossa
atenção. “Quanto mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido pas-
samos de uma informação para a outra, mais dinheiro as empresas de inter-
net fazem”, avalia. “Essas empresas estão no comércio da distração e são
experts em nos manter cada vez mais famintos por informação fragmentada
em partes pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar
vantagem da nossa compulsão por tecnologia.”
ROXO, E. Folha de S. Paulo. 18 fev. 2012 (adaptado)

A crítica do jornalista norte-americano que justifica o título do texto é a de que


a internet

Por. 118
a) mantém os usuários cada vez menos preocupados com a qualidade da infor-
mação.
b) torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção
de seus usuários.
c) desestimula a inteligência, de acordo com descobertas científicas sobre o cé-
rebro.
d) influencia nossa forma de pensar com a superficialidade dos meios eletrôni-
cos.
e) garante a empresas a obtenção de mais lucro com a recente fragilidade de
nossa atenção.

6.
TEXTO I

Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se es-
quecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de
entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir
nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de
debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plan-
tas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua,
nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução
moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões
para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote ape-
nas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício,
jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de
galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de tope-
te, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em
pratos limpos, ele abria o arco.

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (frag-


mento).
Texto II

Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de pa-


lavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no portu-
guês brasileiro atual. Esse fenômeno revela que

a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos


e coisas do cotidiano.

Por. 119
b) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente
do português europeu.
c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo
temporal.
d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como
língua independente.
e) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversi-
ficada.

7.
Cabeludinho

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é


meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de
ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dis-
sesse no carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó
entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Por-
que aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste.
E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras e uma solenidade
de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pela-
da um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei nin-
guém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra.
Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas.
Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar
de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que
pelo que elas informam. Por depois ouvir um vaqueiro a cantar com sauda-
de: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao
verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.

BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.


No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de
uso da língua e sobre os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das
expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa re-
flexão, o autor destaca

a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto.


b) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da lín-
gua portuguesa.
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas.
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias.
e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da
linguagem

8.
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrô-
nica me lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de
cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas,
mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Ma-
nuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-

Por. 120
-ROM, em livro eletrônico, em “chips quânticos“, sei lá o quê. O texto é uma
espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página
impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book“ , cópia manuscrita,
arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) for-
matos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê , se é Macbeth
ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.

TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros


suportes em via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defenden-
do que

a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avan-
ço da tecnologia.
b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões
e de valores culturais.
c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em
livros e suportes impressos.
d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias,
mesmo que os livros desapareçam.
e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras
literárias dos mais diversos gêneros.
QUESTÃO CONTEXTO
Moana – Um mar de aventuras

Moana Waialiki é uma corajosa jovem, filha do chefe de uma tribo na Oce-
ania, vinda de uma longa linhagem de navegadores, que é seu maior hobbie
e, também, trabalho. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar
sua família, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de
uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Com a ajuda do lendário semi-
deus Maui, Moana começa sua jornada pelo mar aberto, onde vai enfrentar
https://www3.cinemark.com.
br/filme/moana criaturas marinhas e descobrir antigas histórias do submundo.

Os gêneros textuais são textos encontrados cotidianamente e apresentam uma


função social dentro de um padrão sócio comunicativo. Identifique o gênero
apresentado e sua função social.

Por. 121
GABARITO
01. 03.
Exercício de aula Questão Contexto
1. e Você deve ter percebido que na questão apresen-
2. a tada existem duas palavras-chaves, são elas: ‘gêne-
3. b ro textual’ e ‘função social’. O gênero textual é um
4. c modelo de texto que encontramos diariamente em
5. d jornais, revistas, livros, entre outros. E como foi dito,
todo gênero possui uma função social e mesmo que

02.
você não soubesse o significado dessa expressão
você poderia inferir que seria o objetivo desse texto
Exercício de casa dentro da sociedade.
1. b
2. b Ao lermos o texto podemos identificar que o gêne-
3. e ro textual é uma sinopse e sua função social é apre-
4. b sentar informações por meio de um relato breve ou
5. e resumo sobre uma história de filme ou qualquer ou-
6. e tro tipo de obra que serve como uma estratégia pu-
7. e blicitária para promover esse conteúdo. Além disso,
8. d essas informações poderiam ser inferidas pelo link
apresentado logo após o texto que apresenta o site
de uma rede de cinemas do Brasil.

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