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Manual Elementar de Direitos Romanos - Status Libertatis
Manual Elementar de Direitos Romanos - Status Libertatis
AS PESSOAS
(PARTE I – INTRODUÇÃO. STATUS LIBERTATIS)
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A atual vigência do direitos estatais abstratos, com seus igualmente
abstratos conceitos de “personalidade” e “capacidade jurídica de gozo” (que
freqüentemente ainda excluem ou restringem os direitos de muitas pessoas
como, por exemplo, os imigrantes e os nascituros) dificulta, mas não
impede, que os juristas modernos resistam a essa exclusão.
O estudo do direito romano com a utilização das categorias abstratas e
restritivas (de “personalidade”, “capacidade de direito” e “capacidade de
fato” etc.), já parte de um pressuposto lógico equivocado, que fere a sua
realidade.
Por isso, só podemos admiti-lo didaticamente e com muita reserva,
como forma de aproximar-se do direito romano com os mesmos termos dos
Códigos Civis Modernos, que utilizam essa terminologia abstrata.
Mas não se deve perder o senso crítico de que se trata de uma projeção
inicial falsa, que deve ser superada posteriormente com o estudo direto das
fontes latinas, especialmente com a leitura do primeiro livro do Digesto de
Justiniano.
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A capacidade de fato, também conhecida como capacidade de agir ou de
praticar atos jurídicos, só é concedida àqueles que podem bem discernir e
bem declarar suas vontades. Por isso são reputados incapazes de fato os
menores, os mentalmente insanos e, em Roma, as mulheres. Os incapazes
de fato, conforme veremos, serão representados ou assistidos por tutores
ou curadores.
TÍTULO I
O STATUS LIBERTATIS
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intermediária (os semilivres), dentre os quais as pessoas in mancipio e os
colonos.
CAPÍTULO I – OS ESCRAVOS
§ 1º - Fontes da escravidão
a) Nascimento
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para estabelecer a condição jurídica do filho.
Porém Justiniano decidiu em favor da liberdade ao filho que nascia livre,
quando a mãe tivesse sido livre em um momento qualquer entre a
concepção e o parto. (Inst.1,4.).
1º. No direito antigo. - Ao tempo da Lei das XII Tábuas, havia no ius
civile quatro tipos de escravos, conforme o fato que lhe causou a
escravidão: a) aquele que, não inscrito nos registros do censo (incensus), é
vendido como escravo pelo Estado romano; b) o soldado desertor; c) o
devedor insolvente e condenado (addictus), vendido como escravo pelo seu
credor; d) o ladrão encontrado em flagrante delito (fur manifestus); e) a
criança vendida no estrangeiro pelo seu paterfamilias.
Em todos os casos, o cidadão romano só poderia ser vendido como
escravo fora dos limites de Roma, além do rio Tibre (trans Tiberim), pois
não era concebível que um cidadão se tornasse escravo na mesma cidade
onde tivesse antes sido livre.
a) O direito antigo.
b) As reformas do final da República e do Alto Império.
c) As reformas dos imperadores cristãos no Baixo Império.
a) Direito antigo
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religiosas) da cidade e da família de seu dono.
Até o século IV a.C. a escravidão não tem grande relevância na
economia romana.
Condição de direito. - Princípio: o escravo é uma coisa. - O
escravo, para o direito, era uma coisa e não uma pessoa. Era desprovido de
toda personalidade1.
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protegê-lo e para estabelecer uma importante limitação à dominica
potestas.
c) Baixo Império.
§ 3º - Cessação da escravidão.
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escravo: volta a ser dono de seus bens, a exercer a patria postestas sobre
os filhos etc.
§ 1º - Formas de manumissão
a) O direito antigo
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era livre (addictio libertatis).
b) O direito clássico
c) Baixo Império
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Formas Solenes. – Mantêm-se as formas anteriores (vindicta ou
testamento). A manumissio vindicta podia ser uma simples declaração
perante o magistrado ou o conselho imperial.
Nova forma. – Constantino estabeleceu uma nova forma de
manumissão, a manumissio in sacrosanctis ecclesiis (manumissão nas
sacrossantas igrejas), por meio de uma declaração feita pelo padre diante
do dono e dos fiéis.
Lex Aelia Sentia. - Foi uma lex rogata em 4 d.C. pelos cônsules Aelius
Cato e Sextius Saturnius, na tentativa de sanar a corrupção social.
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na manumissio testamento, vetando aos domini de libertar por testamento
mais de uma certa quota de sua familia servil.
a) O direito antigo
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O vínculo de patronato também gerava o direito de o patrono, caso
estivesse reduzido à miséria, reclamar alimentos de seu liberto. Por outro
lado, a obrigação de prestar alimentos em caso de miséria era recíproca,
em razão do vínculo da fides que os unia.
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2ª classe: libertos latinos junianos. – São principalmente os libertos
que foram alforriados por modos não solenes (segundo a lex Julia
Norbana); ou aqueles que foram libertados com idade inferior a de 30 anos
(segundo a lex Aelia Sentia). Além disso eram aqueles que foram libertados
por um dono que tivesse sobre ele somente a chamada “propriedade
bonitária” (uma espécie inferior de propriedade que será estudada mais
adiante).
Condição jurídica. - Do ponto de vista político eles não possuem direito
algum, nem o ius suffragii (direito de votar), nem o ius honorum (direito de
ser eleito às magistraturas).
Em relação aos direitos privados, eles não tinham o ius connubii (direito
de se casar em justas núpcias). Mas tinha o ius commercii, o direito de
praticar os atos jurídicos segundo o direito civil dos romanos. Em suma, a
situação deles era semelhante àquela dos colonos Latinos, de onde se
originou o nome.
Incapacidade testamentária. – Todavia, do ponto de vista do
testamento, eles submetem-se a uma dupla incapacidade:
1º Não podiam fazer testamento. Não tinham, portanto, a factio
testamenti ativa: os seus bens retornavam necessariamente ao seu antigo
dono, como o pecúlio do escravo. Por isso é que se costuma dizer que eles
“viviam como livres, mas morriam como escravos”.
2º Eles podiam ser instituídos herdeiros ou legatários em um
testamento, ou seja, tinham a factio testamenti passiva. Mas não tinham
direito de receber o benefício (não tinham o ius capiendi), salvo se se
tornassem cidadãos romanos no prazo de 100 dias a contar da morte do
testador. Nesse caso a concessão da cidadania lhes era facilitada para esse
fim.
c) Baixo Império
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(veja a seção seguinte, sobre o status civitatis)
APÊNDICE II – OS COLONOS
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Origem histórica. - A época precisa em que apareceu o colonato é
muito discutida. A opinião mais corrente é de que esta instituição dataria da
primeira metade do século IV. A primeira constituição imperial que se refere
a ela é 332.
Razão do seu aparecimento. – Ela teria por fim fixar os produtores em
suas terras, para assegurar ao Império o pão e os impostos.
No Dominato, era habitual o procedimento de limitação da liberdade das
pessoas em razão do forte dirigismo econômico da administração imperial,
que freqüentemente vinculava hereditariamente cada homem a uma função
econômica ou administrativa.
Como alguém deixa de ser colono. – São raras as causas que fazem
cessar o colonato. A manumissão e a prescrição extintiva não se aplicam ao
colonato, pois o colono é uma coisa pertencente à terra.
O colonato se extinguia, todavia, se o colono adquirisse a propriedade da
terra da qual ele era servo. Igualmente se ele fosse elevado à condição de
episcopus.
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