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Artigo ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE

Tratamento cirúrgico da doença degenerativa


discal com estabilização dinâmica
Surgical treatment of lumbar degenerative disc
disease with dynamic stabilization
Tratamiento quirúrgico de la enfermedad degenerativa
discal lumbar con estabilización dinámica
Rodrigo Borges Di Ferreira1
Sérgio Daher2
André Luiz Passos Cardoso3
Wilson Eloy Pimenta Júnior4
Zeno Augusto de Sousa Júnior3
Newton Antônio Tristão3

RESUMO ABSTRACT RESUMEN


Objetivo: avaliar os resultados clínicos Objectives: to evaluate clinical results of Objetivo: evaluar los resultados clíni-
dos pacientes com doença degenerati- patients with lumbar degenerative disc cos de los pacientes con enfermedad
va discal (DDD) lombar, submetidos a disease (DDD) who underwent surgery degenerativa discal (EDD) lumbar,
tratamento cirúrgico por meio da esta- with dynamic stabilization. Methods: sometidos al tratamiento quirúrgico
bilização dinâmica. Métodos: estudo prospective observational study of the por estabilización dinámica. Métodos:
prospectivo observacional de uma série treatment with dynamic stabilization, estudio prospectivo por observación
de pacientes, tratados com estabiliza- and at least 12 months follow-up. This de una serie de pacientes tratados con
ção dinâmica, com seguimento de, no patients series includes patients with estabilización dinámica, con un segui-
mínimo, 12 meses. A série consistiu de back pain, or leg and back pain, with miento mínimo de 12 meses. La serie
pacientes com lombalgia ou lombocia- an image study showing DDD. The consistió de pacientes con lumbalgia
talgia, com exame de imagem demons- surgical procedure performed was o lumbociatalgia, con examen de ima-
trando DDD. A técnica cirúrgica utili- dynamic stabilization, by Dynesis®, gen demostrando EDD. La técnica qui-
zada foi a estabilização dinâmica tipo with or without discectomy. The data rúrgica utilizada fue la estabilización
Dynesys®, associada ou não à discecto- analyzed were: return to work, visual dinámica tipo Dynesys®, asociada o no
mia. As variáveis analisadas foram: re- analogical pain scale (VAS) and a la disectomía. Las variables analiza-
torno ao trabalho, escala visual de dor Oswestry functional disability index, at das fueron: regreso al trabajo, escala
(VAS) e questionário de Oswestry, no pre and postoperative (3, 6, 9 and 12 visual de dolor (VAS) y cuestionario
pré e pós-operatório (3, 6, 9 e 12 me- months). Results: thirty-nine patients de Oswestry, en el preoperatorio y en
ses). Resultados: foram incluídos 39 were included, with L4-L5 and L5-S1 el postopertorio (3, 6, 9 y 12 meses).
pacientes com comprometimento dos disease. The surgery was performed in Resultados: fueron incluidos 39 pa-
níveis L4-L5 e L5-S1. A cirurgia foi 19 cases in one level and on 20 cases in cientes con compromiso de los niveles

Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia da Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina
da Universidade Federal de Goiás –UFG – Goiânia (GO), Brasil.

1
Estagiário do Serviço de Cirurgia da Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da
Universidade Federal de Goiás –UFG – Goiânia (GO), Brasil.
2
Chefe do Serviço de Cirurgia da Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da
Universidade Federal de Goiás –UFG – Goiânia (GO), Brasil.
3
Assistente do Serviço de Cirurgia da Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da
Universidade Federal de Goiás –UFG – Goiânia (GO), Brasil.
4
Assistente do Serviço de Cirurgia da Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da
Universidade Federal de Goiás –UFG – Goiânia (GO), Brasil.

Recebido: 20/06/2008 Aprovado: 02/09/2008

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realizada em um nível em 19 pacien- two levels. Discectomy was performed L4-L5 y L5-S1. La cirugía realizada en
tes e dois níveis em 20 deles. A discec- on 16 patients. Improvement of pain un nivel fue en 19 casos y dos niveles
tomia associada foi necessária em 16 was observed demonstrated by decrease en 20. La disectomía asociada fue ne-
pacientes. Houve melhora significativa of VAS from 8.6 to 1.8 at 12 months cesaria en 16 pacientes. Hubo mejora
da dor, demonstrada pelo VAS que, follow-up. Improvement in quality of significativa del dolor demostrada por
inicialmente, apresentava média de 8,6 life was observed, with a decrease in el VAS en el seguimiento de 12 meses
e no seguimento de 12 meses, média Oswestry (preoperative 64.6 and post- de 1.8, siendo que inicialmente pre-
de 1,8. Observamos também melho- operative 22.5). All patients return sentaban un promedio de 8.6. Obser-
ra na qualidade de vida, com redução to work before three months post- vamos también mejora en la cualidad
do índice de Oswestry (pré-operatório operatively. Complications: screw mal- de vida, con reducción del índice de
de 64,6 e 12 meses pós-operatório de positioned (one case), deep infection Oswestry (preoperatorio de 64.6 y 12
22,5). Todos os pacientes retornaram (one case) and one patient with sciatica meses postoperatorio de 22.5). Todos
ao trabalho até o terceiro mês pós-ope- at the follow-up. A second surgery los pacientes regresaron al trabajo
ratório. As complicações foram: mau was performed in all patients with hasta el tercer mes post-operatorio.
posicionamento do parafuso (um caso), complications.Conclusion: dynamic Complicaciones: mal posicionamien-
infecção profunda (um caso) e evolu- stabilization was successful for to del tornillo (1 caso), infección pro-
ção com ciatalgia no seguimento em treatment of degenerative disc disease. funda (1 caso) y en un caso el paciente
um paciente. Todas as complicações Comparative studies between dynamic evolucionó con ciatalgia en el segui-
foram submetidas à novas intervenções stabilization and fusion techniques miento. Todas las complicaciones fue-
cirúrgicas com sucesso. Conclusão: a should be performed, as with another ron sometidas a nuevas intervenciones
estabilização dinâmica foi eficaz no non-fusion techniques. quirúrgicas con éxito. Conclusión: la
tratamento da DDD sintomática. Es- estabilización dinámica fue eficaz para
tudos para comparação das técnicas de el tratamiento de la EDD sintomática.
estabilização dinâmica e artrodese de- Estudios para comparar las técnicas de
vem ser realizados, assim como, com estabilización dinámica y la artrodesis
outras técnicas de não-fusão. deben ser realizados, así como también
con otras técnicas de no fusión.

DESCRITORES: Disco KEYWORDS: Intervertebral DESCRIPTORES: Disco


intervertebral/patologia; disk/pathology; Low back intervertebral/patología;
Dor lombar; Procedimentos pain; Orthopedic procedures/ Dolor de la región lumbar;
ortopédicos/métodos methods Procedimientos ortopédicos
/métodos

INTRODUÇÃO
A dor lombar é um grande problema de saúde pública. são a pseudartrose e dor crônica no local da retirada do
Com grande impacto sócio-econômico. Estudos mostram enxerto ósseo9,10. Fritzell demonstrou o índice de 12% de
que, nos Estados Unidos, 1% da população encontra-se complicações no seguimento de cirurgia de artrodese da
cronicamente incapacitada devido a este tipo de dor1. A coluna lombar para dor lombar crônica, com uma taxa de 14,6
doença degenerativa discal (DDD) é a principal causa de % de reoperação11. Devido a essas complicações da técnica
dor e de incapacidade nos adultos nos Estados Unidos2, e de fusão vertebral, novas intervenções de não-fusão têm sido
dados indicam que pelo menos 80% dos americanos terão propostas, como a estabilização dinâmica e artroplastias12.
no mínimo um episódio importante de dor lombar durante Masuda e An, em levantamento da literatura, fizeram um
sua vida3,4. Inicialmente o tratamento da DDD sintomática sumário das opções atuais para o tratamento invasivo da
consiste em fisioterapia, exercícios físicos, analgésicos, DDD lombar12. Em pacientes com perda da altura discal
antiinflamatórios, acupuntura, entre outros5,6. Porém, em leve a moderada e com facetas saudáveis a opção são as
cerca de 10 a 20 % dos pacientes não responde a tratamento técnica de não-fusão (artroplastia e estabilização dinâmica).
conservador e evoluem para tratamento cirúrgico7. Em casos de degeneração discal grave, instabilidade
O tratamento cirúrgico padrão-ouro na DDD sintomática importante e degeneração facetária a única alternativa é a
para a falha do tratamento conservador é a artrodese fusão vertebral13-14.
lombar. Entretanto, na literatura existem vários relatos Objetivo desse trabalho é avaliar os resultados de
de degeneração dos níveis adjacentes após dez a 15 anos uma dessas técnicas de não-fusão para DDD lombar
da fusão vertebral8. Outras complicações da artrodese sintomática.

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MÉTODOS VAS
Estudo prospectivo observacional de uma série de
pacientes, tratados com estabilização dinâmica de Janeiro
de 2006 a Maio 2007, com seguimento de, no mínimo,12
meses. Os critérios de inclusão foram: pacientes
portadores DDD, com lombalgia ou lombociatalgia com
falha do tratamento conservador. Foi considerada falha
do tratamento conservador a persistência ou piora dos
sintomas, durante um período efetivo de 12 meses, de
tratamento medicamentoso, fisioterápico e exercícios
físicos. Os critérios de exclusão foram: idade acima
de 60 anos, cirurgia prévia na coluna vertebral, déficit
neurológico, presença de degeneração facetária, DDD, Tempo de seguimento
grave, sintomas exclusivamente de ciatalgia e presença Gráfico 1
de degeneração discal em mais de dois níveis. Foram VAS no pré-operatório e no seguimento pós-operatório
realizadas radiografias simples e dinâmicas, sendo aceita Oswestry
a perda leve a moderada da altura discal e sinais de listese
até 25%. O estudo com ressonância magnética foi realizado
em todos os pacientes, comprovando a presença da DDD,
associada ou não protrusão discal, com facetas saudáveis e
em alguns casos presença do sinal do MODIC tipo I.
Nos pacientes que apresentavam lombalgia isolada,
sem protrusão discal ou sinais de instabilidade, foi feita a
discografia provocativa previamente a indicação cirúrgica.
A instrumentação do Dynesys® (Zimmer) foi realizada pela
via de Wiltse, com leve tração para determinar o tamanho
dos espaçadores. Nos casos em que havia necessidade de Tempo de seguimento
discectomia, era realizada uma via acessória através de Gráfico 2
miniincisão para micro-discectomia. Os dados analisados Oswestry no pré-operatório e no seguimento pós-operatório
foram o retorno ao trabalho, a Escala Analógica Visual de
dor (VAS) e o questionário de inabilidade de Oswestry no
pré-operatório e no pós-operatório, com 3, 6, 9, 12 meses.
Foi realizado estudo estatístico através do método t Student,
com a significância estatística indicada por P menor que
0,05 (P < 0,05).

RESULTADOS
Dos 39 pacientes selecionados, 21 eram do sexo feminino
e 18 do sexo masculino. A média de idade foi de 40,11 anos
(18 a 55). O tempo de seguimento foi em média de 19,23
meses, variando de 28 a 12 meses. A DDD lombar estava
presente nos níveis L4-L5 e L5-S1 ou em ambos. Em 20 Figura 1 Figura 2
casos foi realizada a estabilização dinâmica nos dois níveis Radiografia em AP da coluna Radiografia em perfil da
lombar coluna lombar
e em 19 casos foi realizado em apenas um dos níveis (10
L4-L5 e 9 L5-S1). Em 16 pacientes que apresentavam
ciatalgia associado à dor lombar, foi realizada micro-
discectomia, seja por hérnia discal ou protrusão discal.
Houve melhora significativa da dor lombar demonstrada
pela diminuição do VAS (Pré-op: 8,6; 3mPO: 3,6; 6m PO:
2,8; 9m PO: 2,3; 12m PO: 1,8) (P<0,05)* (Gráfico 1). Em
relação à qualidade de vida houve melhora significativa
observada pela redução dos índices de Oswestry (Pré-op:
64,6; 3mPO: 38,5; 6mPO: 29,8; 9m PO: 24,8; 12m PO:
22,5) (P< 0,05)* (Gráfico 2). Figura 3
Caso 1: Paciente V.M.P.S. sexo feminino, 35 anos, DDD Ressonância magnética da
L5-S1. Pré-operatório VAS: 9 e Oswestry: 84. Pós-operatório coluna lombar com doença
(12 meses) VAS: 2 e Oswestry: 16 (Figuras 1 a 6). discal degenerativa (L5-S1)

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Figura 5
Radiografia em AP da
coluna lombar no
pós-operatório

Figura 4 Figura 6
Ressonância magnética da Radiografia em perfil da
coluna lombar L5-S1 coluna lombar no
pós-operatório

Caso 2: Paciente J.C.R., sexo masculino, 44 anos, DDD


L4-L5 (com hérnia extrusa) e L5-S1. Pré-operatório VAS:
10 e Oswestry: 86. Pós-operatório (12 meses) VAS: 2 e
Oswestry: 22 (Figuras 7 a 11).

Figura 7 Figura 8 Em todos os pacientes houve retorno ao trabalho


Ressonância magnética da Ressonância magnética com após o terceiro mês pós-operatório. Nesta série foram
coluna lombar com DDD L4- presença de hérnia discal observadas três complicações. Houve um caso de mau
L5 e L5-S1 paramediana a direita L4-L5 posicionamento de um parafuso, sem déficit neurológico,
sendo reposicionado no segundo pós-operatório, com
evolução assintomática. Um paciente evoluiu com
fístula na ferida operatória no 5º mês de seguimento. Foi
realizada antibioticoterapia durante 60 dias sem sucesso.
Então, optou-se pela retirada do material, com resolução
do quadro infeccioso. Outra complicação observada foi
e de um paciente com quadro de ciatalgia aguda, em
cuja investigação de imagem, evidenciou-se uma hérnia
discal extrusa, sendo submetido à micro-discectomia,
com resolução do quadro clínico. Não houve nenhum
caso de soltura ou quebra de parafuso, apesar do período
Figura 9 curto de seguimento.
Ressonância magnética da
coluna lombar com DDD
L5-S1
DISCUSSÃO
Nos últimos anos, a literatura tem apresentado relatos
Figura 10
sobre as alterações degenerativas precoce nos níveis
Radiografia em AP da coluna
lombar no pós-operatório adjacentes à artrodese, o que vem estimulando a pesquisa
de novas alternativas terapêuticas, visando à preservação do
movimento. Dentro desses novos dispositivos, realizamos
um estudo com sistema Dynesys®, que apresentou o seu
primeiro uso em 199415. A melhora clínica da dor lombar
na DDD é devido à diminuição da pressão intradiscal,
realizado pelo implante do Dynesys®, ocorrendo
Figura 11 diminuição da carga no disco intevertebral16. Schmoelz
Radiografia em perfil da coluna et al. realizaram um estudo biomecânico avaliando o
lombar no pós-operatório comportamento da pressão intradiscal, comparando a

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fixação rígida (parafuso e hastes) e a estabilização dinâmica Utilizamos esse sistema apenas para DDD sintomática e
(Dynesys®), e concluíram quem não houve diferença na consideramos as outras indicações citadas anteriormente
redução da pressão discal17. Porém, nesse trabalho, os são controversas, devido aos resultados conflitantes na
autores utilizaram os implantes sem realização de tração ou literatura. Para esses casos consideramos que a fusão é
compressão. Já Niosi et al., realizaram um estudo no qual ainda a melhor opção. Putzier et al. realizaram um estudo
o uso do espaçador 2mm mais longo gera uma alteração prospectivo de 84 pacientes com DDD lombar, submetidos
no comportamento biomecânico do modelo com sistema à discectomia isolada (49) e discectomia associado ao
Dynesys®, com ganho na rotação axial, extensão, flexão e Dynesys® (35), com seguimento em média de 34 meses.
a inclinação lateral18. Baseando nesses estudos, realizamos Nos dois grupos houve melhora semelhante dos índices
a estabilização dinâmica com uma tração leve, segundo (VAS e Oswestry) aos três meses pós-operatórios, porém
orientação do fabricante, levando a diminuição da pressão tardiamente o grupo estabilizado manteve a melhora
intradiscal do nível degenerado, e evitando maior tração, clínica, enquanto no grupo não estabilizado houve piora
que poderia gerar uma cifose segmentar. dos índices.
Em um estudo prospectivo multicêntrico realizado por Além disso, foi observada uma perda da altura discal
Stoll, Dubois e Schwarzenbach, com 83 pacientes, utilizando maior que 20% em cinco casos submetidos apenas a
o sistema Dynesys®, com seguimento em média de 38 meses, discectomia, o que não aconteceu no grupo estabilizado21.
foi observado melhora do VAS na dor lombar (7,4 para 3,1) Sugerindo que a estabilização dinâmica seria um fator
e na ciatalgia (6,9 para 2,4), e melhora do Oswestry (55,4% protetor da degeneração discal. Na nossa série, não foi
para 22,9%). Além da indicação da estabilização dinâmica observado nenhuma perda adicional da altura discal, nesse
para o tratamento de DDD (24% dos casos), esses autores seguimento.
obtiveram bons resultados, inclusive nos casos de estenose Em relação à radioluscência dos parafusos, Stoll,
lombar (60% dos casos)15. Dubois e Schwarzenbach observaram na sua série dez
Schnake et al. publicaram um estudo prospectivo de 26 casos em 280 parafusos (3,6%), sendo que a maioria
pacientes com espondilolistese degenerativa, tratados com surgiu precocemente (menos seis meses) e nenhum após
descompressão e estabilização dinâmica (Dynesys®), com um ano. E desse apenas um paciente teve de ser reoperado,
mínimo de seguimento de dois anos e demonstraram que enquanto os outros encontravam se assintomáticos15. Nos
os resultados clínicos foram semelhantes ao tratamento nossos casos, com seguimento variando de 28 a 12 meses,
com artrodese e descompressão, com a vantagem de não não foi observado nenhum caso de radioluscência.
apresentar a morbidade do sítio doador19. Por sua vez,
Grob et al. realizaram um estudo no qual obtiveram 60% CONCLUSÃO
de melhora na dor lombar. Considerando um resultado A estabilização dinâmica com sistema Dynesys®
pobre, pois historicamente sua série com artrodese lombar mostrou ser uma boa opção para tratamento da
apresenta melhores resultados. Nessa casuística, os pacientes DDD lombar sintomática em pacientes selecionados.
apresentavam diversas situações clínicas diferentes: Observamos melhora significativa da dor lombar e da
estenose lombar (7), espondilose (11), DDD (7), ``failed qualidade de vida, com base na redução dos índices de
back surgery´´(4), espondilolistese degenerativa (1) e tumor VAS e Oswestry. Todos os pacientes retornaram as suas
extradural (1). Além disso, 11 dos 31 pacientes apresentavam atividades prévias. Entretanto, estudos de longo prazo,
cirurgia prévia na coluna vertebral, incluindo um caso de até comparando as técnicas de não-fusão entre si e com a
três cirurgias prévias20. artrodese, devem ser realizados para melhor definição
Em nossa casuística obtivemos bons resultados das indicações, avaliação do comportamento e dos
clínicos, com melhora de todas as variáveis analisadas. benefícios esperados.

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Correspondência
Rodrigo Borges Di Ferreira
Av. Paranaíba, 652
Goiânia - GO
CEP: 74020-010
Tel: + 62 3945-2500
E-mail:rodrigo_ortopedia@hotmail.com

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