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UNIVERSIDADE POSITIVO

JEAN GUILHERME DA SILVA


LETICIA NATHALY FABREGAT

CINESIOFOBIA E CATASTROFIZAÇÃO NA DOR


LOMBAR

Curitiba

2021
UNIVERSIDADE POSITIVO

JEAN GUILHERME DA SILVA


LETICIA NATHALY FABREGAT

CINESIOFOBIA E CATASTROFIZAÇÃO NA DOR


LOMBAR

Artigo apresentado como requisito à conclusão do curso

de Graduação em Fisioterapia da Universidade Positivo

Orientadora: Profª Dra. Rúbia Márcia Benatti.

Curitiba

2021
CINESIOFOBIA E CATASTROFIZAÇÃO NA DOR LOMBAR: REVISÃO DE
LITERATURA
Kinesiophobia and catastrophization in low back pain: literature review

Jean Guilherme da Silva¹


Leticia Nathaly Fabregat¹
Rúbia Marcia Benatti²

1. Graduandos do Curso de Fisioterapia pela Universidade Positivo - Curitiba (PR) – Brasil.


E-mail: jeanguilherme21@hotmail.com leticia.nathaly.99@hotmail.com
2. Fisioterapeuta, Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo – Curitiba – (PR)
– Brasil. E-mail: rubiabenatti360@gmail.com

RESUMO
Introdução: As disfunções musculoesqueléticas, sobretudo da coluna lombar, têm importante
repercussão na saúde físico-funcional. Em um modelo biopsicossial nem todos pacientes
respondem bem aos tratamentos, apresentando insegurança, medo, fobia, catastrofização e
cinesiofobia. Objetivos: Verificar através da revisão sistemática a influência da cinesiofobia e
catastrofização na evolução e no tratamento fisioterapêutico da dor lombar. Metodologia:
Revisão sistematica utilizando as bases de dados PUB MED, GOOGLE ACADEMICO E
SCIELO com os descritores catastrofização, cinesiofobia na dor lombar, Dor lombar e Medo.
Resultados: Foram revisados 12 artigos, sendo eles publicados entre os anos de 2006 à 2021,
nos idiomas português ou inglês. Artigos que relataram a cinesiofobia ou catastrofização na dor
lombar. Conclusão: A cinesiofobia e catastrofização da dor influenciam negativamente no
tratamento fisioterapêutico e evolução da dor lombar.

PALAVRAS-CHAVE: Catrastrofização, Cinesiofobia e Dor Lombar.

ABSTRACT
Introduction: Musculoskeletal disorders, especially in the lumbar spine, have an important
impact on physical and functional health. In a biopsychosial model not all patients respond well
to treatments, showing insecurity, fear, phobia, catastrophizing and kinesiophobia. Objectives:
To verify, through a systematic review, the influence of kinesiophobia and catastrophizing on
the evolution and physical therapy treatment of low back pain. Methodology: Systematic
review using PUB MED, GOOGLE ACADEMICO AND SCIELO databases with the
descriptors catastrophizing, kinesiophobia in low back pain, low back pain and fear. Results:
Twelve articles were reviewed, published between 2006 and 2021, in Portuguese or English.
Articles reporting kinesiophobia or catastrophizing in low back pain. Conclusion:
Kinesiophobia and pain catastrophizing negatively influence physical therapy treatment and
evolution of low back pain.

KEY WORDS: Catatrophizing, Kinesiophobia e Back Pain.


1. INTRODUÇÃO crônicas, que podem alterar a anatomia e a
fisiologia, sobretudo por episódios
A dor pode ser determinada
traumáticos e/ou degenerativos da coluna
exclusivamente pela atividade dos
lombar (FERREIRA et al., 2011).
neurônios sensitivos. Através das suas
A etiologia da dor lombar quase
experiências de vida, as pessoas aprendem
sempre é multifatorial, podendo ser causada
o conceito de dor. O relato de uma pessoa
por doenças inflamatórias, degenerativas,
sobre uma experiência de dor deve ser
neoplásicas, condições congênitas,
respeitado. Embora a dor geralmente
desequilíbrios musculares, predisposições
cumpra um papel adaptativo, ela pode ter
reumáticas, processos de degeneração
efeitos diversos na função e no bem-estar
articular ou discos intervertebrais,
social e psicológico. A descrição verbal é
alterações neurológicas, dentre outros
apenas um dos vários comportamentos para
(MATOS et al., 2008).
expressar a dor. A incapacidade de
Assim, somos direcionados a novas
comunicação não invalida a possibilidade
formas de pensar sobre aspectos físicos,
de um ser humano ou animal sentir dor
psicológicos, biomecânicos e sociais, ou
(JORNAL DA DOR, 2020).
seja, um modelo biopsicossocial. Nem
Dentro da dor pode-se existir um
todos pacientes se adaptam bem ou
medo que está relacionado com a
respondem aos tratamentos, apresentando
cinesiofobia, onde é definida como medo
insegurança, medo, fobia, catastrofização e
excessivo, irracional e debilitante do
cinesiofobia (SILVA, 2013).
movimento e da atividade física que resulta
Tais condições reforçam
em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou
comportamentos negativos que afetam a
em medo de reincidência da lesão
evolução, esteriotipam padrões de
(SWEETS, 2001).
movimento, intensificam aspectos
Dados epidemiológicos evidenciam
psicossoais de dor e afetam diretamente a
que as disfunções musculoesqueléticas,
qualidade de vida destes indivíduos
sobretudo da coluna lombar, têm importante
(VILAR, 2012). A catastrofização da dor é
repercussão na saúde físico-funcional, bem
referida pela intensificação de sentimentos
como nos parâmetros sociais e psicológicos
sobre a dor e pensamentos constantes sobre
de indivíduos por elas acometidos (HOY et
situações dolorosas. Pensamentos
al., 2012). Esta condição tende a se acentuar
e modificar o corpo ao longo dos anos e a catastróficos podem ser definidos como
processos mentais direcionados a uma
concomitante ocorrência de doenças
exagerada orientação negativa com relação
a um estímulo nocivo (FIGUEIRO, 1995). inglês, que relataram a cinesiofobia ou
Os aspectos de castratofização e catastrofização na dor lombar. Foram
cinesiofobia são fatores significativos na excluídos artigos de revisão que
abordagem do paciente com dor lombar, e apresentavam outras patologias na
precisam ser melhores entendidos quanto a cinesiofobia e catastrofização e que
associação com gênero, faixa etária, nível mostravam inconsistência no conteúdo.
educacional, dentre outros parâmetros
3. LIMITAÇÃO DO TRABALHO
modificáveis e não modificáveis (SMEETS,
Não existe concordância entre os
2001).
autores em relação a metodologia dos
Portanto, o objetivo neste estudo foi
trabalhos, instrumentos de avaliação e
realizar uma revisão de literatura a fim de
amostras .
verificar a influência da cinesiofobia e
catastrofização na avaliação, evolução e no
4. RESULTADOS
tratamento fisioterapêutico da dor lombar.
Foram encontrados 15 artigos no
2. METODOLOGIA período analisado e selecionados somente
os estudos que seguiam critérios de inclusão
Este estudo caracteriza-se como do
(Figura 1). Desta forma, identificaram-se 12
tipo descritivo de revisão de literatura e foi
artigos publicados sobre o tema no período
realizado nas bases de dados (Scielo, Pub
analisado, dentre eles ouve a participação
Med, Google Acadêmico) com os seguintes
de ambos os sexos e as idades das amostras
descritores: catastrofização, cinesiofobia na
variaram entre 18 e 75 anos. Os principais
dor lombar, dor lombar e medo, e seus
instrumentos de avaliação utilizados na
respectivos homônimos no idioma inglês:
cinesiofobia são: Tampa scale of
catastrophizing, kinesiophobia in low back
kinesiophobia, Fear avoidance beliefs
pain, backache e fear.
questionnairee e Phoda-Sev; para analisar a
A amostra foi composta por 12
catastofrização da dor os mais utilizados são
artigos científicos selecionados conforme
Pain catastrophizing scale e Escala de
os critérios de inclusão e exclusão.
Catastrofização da Dor que se encontram
Os critérios de inclusão foram:
sumarizados na tabela 1.
artigos publicados entre os anos de 2006 à
2021, publicados nos idiomas português ou
BASE DE DADOS

Pub med- 3 artigos

Scielo- 3 artigos

Google acadêmico- 9 artigos

ARTIGOS EXCLUÍDOS APÓS


APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS
DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
3 artigos

Critérios de Inclusão:
Artigos publicados entre Critérios de Exclusão:
ano de 2006 à 2021, - Revisões que apresentavam
publicados nos idiomas outras patologias na cinesiofobia
português ou inglês, artigos e catastrofização.
que relataram a - Artigos que mostravam
cinesiofobia ou inconsistência no conteúdo.
catastrofização na dor
lombar.

Estudos incluídos 12
artigos.

Figura 1. Resultado de seleção dos artigos.

Tabela 1: Resultado dos artigos revisados. (em anexo)


5. DISCUSSÃO que se cria uma hierarquia pessoal de
atividades que eliciam medo (hierarquia de
Branco et al, (2021) relatam que o
medo), foi mais efetivo na redução do medo
termo cinesiofobia é definido como medo
e da catastrofização frente à dor, do que o
excessivo, irracional e debilitante do
tratamento com Atividades Graduais que
movimento e da atividade física, que resulta
visa a melhora da capacidade funcional, por
em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou
meio do aumento gradual das atividades e
em medo de reincidência da lesão. Estudou
reforço positivo de comportamentos
a dor por meio da Escala Visual Analógica
saudáveis.
para avaliar a intensidade da dor lombar
(DL) e o questionário Internacional de No estudo de Moraes, et al. (2019)
Atividade Física e Roland Morris-Brasil foi realizada uma exposição ao vivo em 27
para analisar o nível de atividade física e pacientes com dor lombar com o objetivo de
grau de incapacidade funcional. Por último, promover situações nas quais o paciente
a Escala Tampa para cinesiofobia-Brasil foi executa os movimentos que teme de modo
aplicada para avaliar a presença e grau de semelhante à exposição utilizada nas fobias,
cinesiofobia. No estudo foi verificada alta de modo gradativo e assistido, de forma
prevalência (78,2%) de cinesiofobia nos individual. O PHODA-Sev (é um programa
110 indivíduos com diagnóstico de DL que de computador que utiliza 40 fotos e um
estavam procurando atendimento termômetro para graduar percepção do
fisioterapêutico, dos quais 60% paciente do prejuízo advindo da realização
apresentaram grau moderado. Ainda, os de cada movimento.) Correlacionou-se
maiores escores de cinesiofobia estavam significativamente com a Escala Tampa de
associados ao nível de atividade física, Cinesiofobia, com o Questionário de
incapacidade funcional e IMC dos Incapacidade de Rolland e intensidade da
participantes. dor atual no término do tratamento em
Salvetti et al. (2012), visaram a relação ao outro grupo. Observou-se que
restauração da funcionalidade e diminuição pacientes com dor lombar crônica tinham
das limitações, utilizando técnicas de altos escores de medo e ansiedade para
terapia cognitiva e comportamental. realizar movimentos, o que, embora
Verificou-se que na Intervenção frequente nesse grupo, é muito deletério à
“Exposição ao Vivo” que visa melhorar a funcionalidade dos doentes. A exposição a
funcionalidade pela redução da percepção movimentos altamente temidos foi capaz de
de que algumas atividades são nocivas, em reduzir drasticamente o medo e a ansiedade
justificado no trabalho de (MORAES, et participantes com coleta de dados no
al.2019). ambulatório de fisioterapia da prefeitura de
São José do Rio Pardo /SP. A segunda
Silveira et al. (2014), apresentaram
pesquisa (P2) contém uma amostra de 22
o estudo feito com 57 idosos com uma
participantes com coleta de dados realizada
associação de um ciclo vicioso dor-
na clínica escola de fisioterapia da
depressão-dor, por meio dos seguintes
Universidade Paulista (UNIP) da mesma
testes: Mini Exame do Estado Mental,
cidade. Foi selecionada amostra de 52
Escala de Catastrofização da Dor, Escala de
indivíduos, sendo 18 sexo masculino e 34
Tampa de Cinesiofobia, Escala de Locus de
do sexo feminino, com idade média de 42,8
Controle da Dor, Escala de Depressão
anos. Para avaliar a incapacidade física
Geriátrica, Teste do Desempenho Físico
foram utilizados os questionários de
Modificado e Questionário de Incapacidade
Oswestry Disability Index (OID) e Roland
Roland Morris que apontam a relevância de
Morris (RM). Para avaliar o medo e crenças
se considerar a relação entre dor lombar
sobre trabalho e atividade física foi
crônica, fatores psicossociais e capacidade
utilizado o questionário Fear Avoidance
física no contexto da reabilitação. Por outro
Beliefs Questionnaire (FABQ). Foi
lado, não foi encontrado correlação entre
analisada a correlação do coeficiente de
intensidade de dor lombar, cinesiofobia e
Pearson (r). Evidenciou-se com a pesquisa
locus de controle da dor. Destaca-se que,
uma correlação positiva moderada
pela natureza do estudo, não podemos
estatisticamente significante entre a
inferir sobre causalidade entre fatores
variável, idade, incapacidade física, medo e
psicossociais, capacidade física e dor
crenças relacionadas ao trabalho nos
lombar.
pacientes com dor lombar crônica. A
pesquisa revela pontos favoráveis à
Edwards et al. (2017), afirmam que
importância da equipe multidisciplinar no
os indivíduos com grande medo relacionado
tratamento de pessoas com dor lombar
à dor, são inclinados a pensamentos
crônica, a partir da premissa de avaliar
catastróficos em resposta à dor e
fatores biopsicossociais. Pesquisas que
pensamentos relativos à piora da dor.
relacionam e propõem este tipo de
Blasi et al. (2021) realizaram duas abordagem são de suma necessidade, uma
pesquisas analíticas com amostra vez compreendido que o fator biomecânico
proveniente da base de dados. A primeira (alterações) não está diretamente
pesquisa (P1) contém uma amostra de 30 relacionado à dor, que pode surgir e se
cronifica por outras vias como as aumentam a hiperexcitabilidade central
emocionais e sociais. através da ativação de regiões límbicas do
cérebro, envolvendo a dor e sintomas do
No artigo de Antonelli et al. (2021),
paciente. Foi realizado um estudo onde
foi realizado um ensaio clínico com 59
foram selecionados 107 voluntários,
pacientes divididos em dois grupos:
estudantes da área da saúde, entre 18 e 35
Controle (GC) e Pilates (GP), durante 12
anos, de ambos os sexos, com queixa de dor
semanas. Os resultados apontaram que o
lombar inespecífica há 3 meses, praticantes
treinamento com Pilates reduziu dor e
e não praticantes de atividade física. No
cinesiofobia em ambos os subgrupos com
entanto este estudo apontou baixa
SBST-Brasil (questionário STarT Back
correlação entre cinesiofobia,
Screening Tool) Baixo e Médio.
catastrofização e dor lombar crônica.
Contrariamente, os participantes de médio
Estudantes sedentários apresentaram maior
risco, com mau prognóstico do GC
indício de dor lombar relacionada a
(Controle), o GP (Pilates) com médio risco
sensibilização central. Entretanto, a prática
apresentou melhora significativa pós
de atividade física não pareceu ser um fator
intervenção (P<0,05) da capacidade
significativo para alterar o desfecho da
funcional. A intervenção farmacológica
intensidade da dor lombar. Além disso, a
também se mostrou eficiente (P<0,05) na
dor lombar crônica em estudantes
redução da catastrofização da dor e
praticantes e não praticantes de atividades
cinesiofobia, no GC classificados com
físicas pode gerar incapacidade moderada
médio risco de mau prognóstico. Os
ao longo da vida.
resultados apontam para a necessidade de
uma classificação de risco para Siqueira, et al. (2007) demonstraram
incapacidade e catastrofização da dor, existir fraca correlação entre a intensidade
prévias a intervenção como ferramentas de de dor e os graus de incapacidade sugeriram
auxílio ao planejamento terapêutico em que uma abordagem biopsicossocial pode
indivíduos com DLCI. oferecer melhor compreensão sobre a
cronicidade da dor. Utilizaram a versão
Smeets, et al. (2006) estudaram
adaptada da Escala Tampa para
também os instrumentos de avaliação da
Cinesiofobia (ETC), com 50 pessoas com
cinesiofobia, afirmam que a cinesiofobia e
dor lombar crônica não especificada. A
catastrofização podem estar relacionadas a
ETC apresentou um padrão estável de
sensibilização central, uma vez que,
respostas e uma boa confiabilidade teste-
reteste para os indivíduos com dor lombar estradiol foram analisados pelo método de
crônica. A Análise Rasch (revelou um quimiluminescência. A cinesiofobia, a
coeficiente de fidedignidade de 0,95 para os percepção de dor e a incapacidade funcional
itens da ETC, indicando excelente validade lombar foram determinadas pela Tampa
de construto) detectou uma porcentagem de Scale for Kinesiophobia, escala analógica
itens erráticos superior a 5%, o que visual e Roland Morris Questionnaire,
compromete a validade de constructo da respectivamente. Mostraram a correlação
escala. Os pacientes foram divididos em positiva entre o resultado de cinesiofobia e
dois níveis de cinesiofobia, não atendendo à a percepção de incapacidade funcional
expectativa do modelo de Rasch. Não foi lombar. Isso indicou que quanto maiores os
detectado "efeito teto" para os indivíduos níveis de cinesiofobia, maior é a percepção
em estudo, sugerindo que a ECT pode ser de incapacidade funcional lombar. Não
utilizada em pessoas com níveis mais altos foram encontradas correlações
de cinesiofobia. A ETC apresenta potencial significativas entre as variáveis de força
de aplicabilidade clínica em indivíduos com muscular, estradiol e percepção de dor
DLC, porém é preciso ter cautela na lombar.
interpretação dos resultados, Souto et al. (2021) com no seu
principalmente nas respostas nos itens artigo, discutem a dor lombar, considerada
considerados problemáticos (SIQUEIRA, et como a principal causa de anos perdidos por
al.2007). incapacidade, é uma das condições
Silva, et al. (2020) citam que a dor dolorosas mais experienciadas pelos
lombar é a principal causa de incapacidade indivíduos, onde a catastrofização, pode
global e possui prevalência em mulheres, envolver três componentes: amplificação
tendendo a aumentar após a menopausa. (exagero na percepção e intensidade da
Nessa fase da vida, a mulher apresenta dor), ruminação (predomínio de
níveis reduzidos de hormônios, como o pensamentos negativos relacionados com a
estradiol, que pode ser um fator de risco dor), desamparo aprendido (caracterizado
para a degeneração dos discos pela ausência de apoio, sentindo-se
intervertebrais da coluna lombar. Neste “desamparado”, “bloqueado” pela dor),
estudo foram avaliadas 22 mulheres na pós- utilizaram o programa Rehmove (programa
menopausa diagnosticadas com dor lombar utilizado para indivíduos com dor lombar
crônica. A força abdominal e dos extensores crônica) durante seis semanas, constituído
da coluna foi avaliada por meio de testes por 12 sessões, que relativamente às
isométricos. Os níveis séricos basais de variáveis catastrofização e qualidade de
vida, o GFM (grupo de fisioterapia decrescente foi observado no domínio da
multimodal) melhorou significativamente competência ocupacional, onde 75 sujeitos
quer na análise intergrupo, como na (82%) foram classificados como nível 1 e 7
intragrupo. No que diz respeito à percepção sujeitos como nível 3 (8,0%). LBP
global, o GFM apresentou melhorias relacionado ao trabalho geralmente resultou
clínicas no follow-up (80%), enquanto o em ausência por doença, com 68,2% dos
GEE (grupo de exercício estruturado) indivíduos em um estado de ausência por
manteve os valores do fim da intervenção doença por em menos um dia em
(40%). O GFM apresentou avanços comparação com 31,8% que relataram
significativos nos outcomes intensidade da trabalhar apesar de sua condição. O
dor e catastrofização, nas restantes variáveis acompanhamento foi feito de forma
(qualidade de vida e percepção global de independente no afastamento de cada
melhoria) não se verificaram diferenças paciente por doença até o retorno ao
significativas entre grupos. trabalho e todos os sujeitos voltaram ao seu
Toronjo et al. (2020) afirmam que trabalho. Não houve, portanto, nenhuma
num contexto de acidente de trabalho, onde desistência por este motivo em qualquer um
conta-se com diferentes sistemas de saúde, dos participantes do acompanhamento. A
verifica-se que o monitoramento é idade média dos participantes foi de 41,6
geralmente mais específico e ágil, essas anos (DP = 8,40). A duração da ausência
variáveis não estritamente clínicas parecem por doença foi de 17,71 (23,02) dias. Na
estar relacionados à recuperação e à duração maioria dos casos, o grau de deficiência
da ausência por doença e devem ser declarado no primeiro contato médico foi de
considerados nas abordagens terapêuticas 46,64%. A pontuação média no Tampa
com o objetivo de reduzir o tempo de Kinesiophobia escala foi 30,20 (7,43). A
incapacidade ocupacional. O estudo inclui pontuação média na escala de
88 indivíduos com dor lombar relacionada catastrofização da dor foi 27,35 (11,82) para
ao trabalho, dos quais 58 eram homens todos os assuntos. A pontuação média na
(65,9%) e 30 mulheres (34,1%). Sujeitos escala de medo-esquiva foi de 44,67 (12,71)
com ensino fundamental (58%) era a na dimensão geral, 17,85 (5,79) na
maioria. Outros níveis educacionais foram dimensão atividade física e 26,81 (9,03) na
responsáveis por proporções decrescentes dimensão trabalho. A pontuação média na
da amostra, com sujeitos com formação escala numérica de dor foi 7,09 (1,88) para
universitária constituindo o menor grupo todos os pacientes.
(6,8%). De forma semelhante padrão
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS catastofrização da dor os mais utilizados são
Após análise dos artigos Pain catastrophizing scale e Escala de
selecionados pode-se concluir que a Catastrofização da Dor. O Método mais
cinesiofobia e catastrofização da dor utizado no controle da cinesiofobia foi
influenciam negativamente no tratamento “exposição ao vivo” seguido de Pilates. Os
fisioterapêutico e evolução da dor lombar. fatores que mais influenciam na
Ambos os sexos estavam incluídos nos cinesiofobia e catastrofização da dor lombar
artigos revisados e as idades das amostras são atividades repetitivas e as de atividades
variaram entre 18 e 75 anos. Os principais de vida diária. Portanto ainda a uma
instrumentos de avaliação utilizados na necessidade da realização de novos estudos
cinesiofobia são: Tampa scale of devido à baixa quantidade de artigos
kinesiophobia, Fear avoidance beliefs encontrados a respeito do tema.
questionnairee e Phoda-Sev; para analisar a
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