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CENTRO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE MAUÁ

TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS
NITRETAÇÃO

WESLEY ANTONIO MIGUEL, 0911186


INTRODUÇÃO

A tecnologia destinada à melhoria das propriedades mecânicas dos materiais,


exigida pela inovação industrial e aplicações cada vez mais abrangentes,
obteve um salto com o aperfeiçoamento das técnicas de tratamento térmico.
Na elaboração de um projeto, há a necessidade fundamental de se caracterizar
as condições de trabalho que possam gerar esforços e identificar as respostas
dos materiais aplicados.
Por questões de custo, fabricação e viabilidade, materiais que respondem ao
processo de forma insatisfatória são diretamente enviados para tratamentos
que possam alterar sua composição química superficial, de forma que os
mesmos elevem suas propriedades tornando-se aplicáveis para os objetivos
propostos.
Este trabalho objetiva a identificação das principais melhorias que os
tratamentos térmicos proporcionam, enfocando a técnica de Nitretação.
TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS

Os tratamentos termoquímicos, conceitualmente, combinam a ação do calor


com a ação química para modificar parcialmente a composição natural do
material ou através de alterações nas estruturas superficiais, obtendo-se
pequenas camadas enriquecidas, ou até mesmo todo o volume de uma peça
com um elemento metálico ou não metálico (UFSC);
A aplicação do tratamento térmico torna-se altamente eficaz quando há a
necessidade da utilização de materiais com propriedades elevadas como o
aumento da dureza, da resistência, da tenacidade, da oxidação e do desgaste.
Com a vantagem de manter a ductilidade interior do material tratado sem sofrer
alterações, mesmo garantindo uma resistência ao desgaste melhor, materiais
que sofrem constantes solicitações mecânicas como engrenagens, mancais e
eixos passam por diferentes tratamentos termoquímicos.
Há o revestimento dos materiais por disposição de camadas por vapor, de
recobrimento metálico ou até mesmo métodos de endurecimento seletivos,
como o endurecimento por chama ou por indução. No entanto, discutiremos os
tratamentos difusivos que se caracterizam pela disposição de elementos
químicos na superfície do material.
Os tratamentos difusivos que incluem a cementação, a nitretação, a
carbonitretação, a nitrocementação, e a boretação baseiam-se na modificação
química da superfície e necessitam do calor para difundir (espalhar) os
elementos químicos que constituem o tratamento utilizado (Carbono, Nitrogênio
ou Boro).
A nitretação, como exemplo, é uma das técnicas mais utilizadas por possuir um
custo viável e vantagens competitivas com a cementação, como um teor de
dureza alcançado superior que comparado com a cementação.
NITRETAÇÃO

A nitretação é um tratamento termoquímico que possibilita a alteração das


propriedades naturais dos materiais que é aplicada. A dureza superficial, o
desgaste a corrosão e a resistência térmica são modificadas quando o
nitrogênio é introduzido na fase ferrita em temperaturas pouco elevadas (entre
500 e 570 °C) o que não gera a mudança de fase com o resfriamento.
As técnicas de introdução do nitrogênio variam com a ordem de importância no
tratamento de metais ferrosos, refratários e, atualmente, de Alumínio.
A nitretação gasosa é o processo utilizado mais comum, patenteado por Adolph
Machlet, a reação baseia-se no contato do aço com a amônia (NH3), onde a
mesma se dissocia liberando nitrogênio atômico
(N2) que é absorvida pelo aço e dissolvida entre
os átomos de Ferro (Fe), o que gera o
crescimento do material.
A formação das camadas de nitretos, que
alcançam até 0,7mm, costuma levar até 90 horas
para se dispor.
Os aços mais cotados para aplicação da
nitretação gasosa são aqueles que contem
Figura 1 - Absorção de Amônia Dissociada
Alumínio (de 0,85 a 1,50%) e aços com Cromo [THELNING]

4140.
No entanto, a nitretação gasosa é limitada para ser aplicada em aços carbonos,
já que os mesmos apresentam camada composta e quebradiça. A solução
encontrada para sanar esse problema foi o desenvolvimento da nitretação
liquida que consiste na colocação do aço é em meio liquido de cianeto fundido
em temperaturas semelhantes a da nitretação gasosa (550 à 570°C). Não há
dissociação do Carbono o que favorece a formação de poros e a diminuição do
tempo de processamento, no entanto, há a formação de gases altamente
poluentes e tóxicos.
Nos processos convencionais, existe a necessidade de um determinado tempo
para que a concentração do nitrogênio na superfície seja elevada o suficiente
para ocorrer precipitação de nitretos, que só se
formam a partir da elevação da temperatura.
Os aços mais utilizados para a nitretação são os que
contem Alumínio (camada com alta dureza), com
Molibdênio, Vanádio e até 3,5% de Cromo (camada
com boa dureza) e aços de baixa liga de Cromo e
Molibdênio (1% e 0,2%, respectivamente) – camadas
com menor dureza.

Figura 2 - Diagrama de Lehrer

Nos últimos anos, o progresso na


tecnologia utilizada proporcionou o
desenvolvimento da nitretação a vácuo
e métodos de implantação iônica.
Alguns problemas processuais puderam
ser resolvidos com essa técnica como a
distorção dimensional e a baixa
temperatura requerida, já que o

Figura 3 - Energia livre de formação de nitretos. processo é realizado a vácuo.


A obtenção de melhores propriedades
como maior dureza e melhor acabamento são justificados pela solução de
nitrogênio solido intersticial, o que gera a dureza levemente superior a matriz.
As camadas quebradiças geradas pela nitretação gasosa também são
substituídas pela camada densa,
homogênea, dura, não porosa nem
quebradiça, e com baixo coeficiente de
atrito, até mesmo em peças complexas,
da nitretação a plasma, o que causa
ótima resistência ao desgaste.
Figura 4 - Esquema da aparelhagem de Nitretação a plasma
Chega-se a conclusão que a nitretação, por ser uma técnica de tratamento
termoquímico relativamente simples e que proporciona uma vasta lista de
vantagens, pode ser aplicada a diversos materiais em que se necessita a
melhoria de suas propriedades.
O desenvolvimento da tecnologia do processo de nitretação levou a concluir
que aços que possuíam em sua composição ligas de Alumínio, Cromo,
Molibdênio ou Vanádio, tinham a formação de nitretos estáveis a temperatura
ambiente. Esses aços foram denominados Nitralloy e sua aplicação tornou-se
corriqueira no dia a dia industrial.
As ligas de de 0, a 0,45% de Carbono conferem ao aço suporte adequado a
camada nitretada dura e muito fina.
Enquanto as ligas de Alumínio e Cromo (0,85 a 1,2% e 0,9 a 1,8%,
respectivamente) são elementos que favorecem a formação de nitretos
proporcionalmente a sua quantidade, ou seja, quanto maior a quantidade dos
elementos descritos dissolvidos na ferrita, mais fácil a difusão do nitrogênio e
maios a camada formada.
Já a adição de Níquel (de 3,25% a 3,75%) gera a formação de um núcleo de
dureza elevada.
Nitretos que se formam (com Efeito sobre o
Elemento
amônia) endurecimento superficial
Manganês Mn3N5 Quase nulo
Níquel - Sozinho, nulo
Cromo Cr2N, CrN Forte
Alumínio Al3N3 Muito forte
Medíocre; junto com o
Molibdênio - cromo, mais forte (aumenta
a penetração)
Tungstênio Nenhum Nulo
Bastante forte máximo com
Titânio TiN
o Cr
Zircônio ZrN (Zr3N2) Idem
Medíocre ou fraco;
Vanádio VN entretanto, é notável nos
aços contendo Cr e Al.
Silício Si2N3 Quase nulo
Tabela 1 - Influência das ligas na formação de Nitretos

Os aços-carbono não apresentam vantagem de nitretação devido à formação


de nitreto de ferro que mesmo duro, apresenta alta fragilidade. O aço com
cromo apresenta o mesmo problema além de apresentar uma camada mais
frágil do que a nitretação do mesmo material na presença de liga de Alumínio.
Os pré-requisitos de um material a ser nitretado é que ele possua composição
determinada e estrutura adequada, como a sorbítica.
A presença na superfície do aço de carbonetos
em emulsão na ferrita colabora com a formação
da camada nitretada, o que faz que a mesma
adquira ótima tenacidade. Os materiais são
recozidos, temperados, revenidos, usinados e
Figura 5 - Estrutura Sorbítica então nitretados, até mesmo os aços inoxidáveis
são nitretados para aumentar sua resistencia
superficial ao desgaste e prevenção do engripamento.
Aços nitretados são largamente aplicados na indústria aeronáutica e
automotiva como em eixos, pinos, rotores, válvulas de turbina, engrenagens,
etc, já que os teores elevados de Níquel e Cromo possuem alta resistência ao
vapor superaquecido, aos combustíveis fósseis e a corrosão por ácido nítrico
concentrado, resultado dos resíduos das reações que esses materiais
comportam.
BIBLIOGRAFIA

http://www.materiais.ufsc.br/lcm/TratTermoquimicosSuperficiais.pdf

http://www.ifi.unicamp.br/~alvarez/Plasma-LIITS/introducao_a_nitretacao.htm

http://www.inforgel.com.br/si/site/0910

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