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Universidade Federal do Paraná

Setor de Ciências Exatas


Departamento de Química
CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica

Roteiros de aulas práticas

Prof. Dr. Bruno José Gonçalves da Silva (Turma N1)


Prof. Dr. Gilberto Abate (Turma N2)

Curitiba
2018
CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 2

Prática 1 – Solubilidade e Mascaramento

1 - Fundamentos

A análise qualitativa de uma substância tem por objetivo determinar a identidade dos
constituintes presentes. Para tal, são observadas as características físicas da amostra e as
diversas evidências de transformação química.

Características Físicas

A observação das características físicas de uma substância pode revelar indícios que
auxiliam durante a análise qualitativa. São elas: estado físico, coloração, odor, solubilidade,
etc.

Evidências de Transformação Química:


a) Formação de um eletrólito fraco
Quando a combinação de íons em solução aquosa dá origem a compostos solúveis com
baixo grau de dissociação (eletrólitos fracos), a ocorrência da reação pode ser indicada por
alguma propriedade organoléptica, i.e., propriedade que impressiona os sentidos e o
organismo, da substância produzida, como no caso da formação de sulfeto de hidrogênio na
reação abaixo:
S2-(aq) + 2H3O+(aq)  H2S(aq) + 2H2O(l)

O sulfeto de hidrogênio é um gás incolor, solúvel em água, que possui odor bastante
desagradável. É este cheiro que impressiona o olfato e que evidencia imediatamente a
formação do eletrólito fraco na mistura da reação. Sem esta propriedade a ocorrência da
reação poderia passar despercebida ao observador, uma vez que não há outra indicação
macroscópica da transformação.

b) Obtenção de produtos insolúveis


Outro aspecto a considerar quando se verifica a ocorrência de uma determinada
transformação é solubilidade de todos os compostos que podem ser formados a partir dos
reagentes. A precipitação de um sólido pouco solúvel é uma das evidências mais comuns de
reação química. As seguintes regras gerais de solubilidade em água são utilizadas para a
previsão de formação de precipitados:
 Todos os ácidos inorgânicos são solúveis.
 Todos os sais de metais alcalinos são solúveis, com exceção do perclorato de potássio, que é
pouco solúvel.
Todos os sais de amônio são solúveis.
Todos os sais contendo nitrato, clorato, perclorato e acetato são solúveis.Exceções: acetato
de prata e acetato de mercúrio.
Todos os cloretos, brometos e iodetos são solúveis, exceto os de Ag +, Pb2+ e Hg2+. O cloreto
de chumbo (II) é ligeiramente solúvel.
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 Todos os sulfatos são solúveis, exceto os de chumbo (II), estrôncio e bário. Os sulfatos de
cálcio e de prata são pouco solúveis.
 Todos os óxidos metálicos são insolúveis, exceto os de metais alcalinos e os de cálcio,
estrôncio e bário.
 Todos os hidróxidos são insolúveis, exceto os de metais alcalino e os de bário e estrôncio. O
hidróxido de cálcio é ligeiramente solúvel.
Todos os carbonatos, fosfatos, sulfetos e sulfitos são insolúveis, exceto os de amônio e os de
metais alcalino.

c) Outras evidências de transformação química


Além do fenômeno de precipitação, outros sinais da ocorrência de reações químicas
em solução aquosa são a obtenção de compostos gasosos, a mudança de coloração, a
mudança de temperatura e a dissolução de sólidos, com formação de sais simples ou de
complexos solúveis. São exemplos desses processos:

Formação de gás:
HSO3-(aq) + H+(aq)  SO2(g) + H2O (l)

Mudança de coloração (com formação de íon complexo:


Fe 3+ (aq) + 6SCN-(aq)  [Fe(SCN-)6]3- (aq)

Amarelo incolor vermelho

Mudança de temperatura:
H2SO4 (l) + H2O (l)  HSO4- (aq) + H3O+ (aq)+ calor (H<0)

Dissolução de precipitado (com formação de íon complexo):


Al(OH)3(s) + OH-(aq)  [Al(OH)4]-(aq)
2 – Objetivos
Através de ensaios químicos e físico-químicos, inferir a identidade das soluções
apresentadas.

2 – Materiais, equipamentos e reagentes


Cada equipe receberá seis soluções aquosas (0,1 mol L-1), em tubos de ensaio
numerados, sem conhecer a ordem de distribuição destas soluções. As soluções para o
experimento serão:

solução de hidróxido de sódio; solução de hidróxido de amônio;


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solução de carbonato de sódio;


solução de ácido sulfúrico;
solução de sulfato de cobre (II);
solução de acetato de zinco.

3 – Parte Experimental

Misture alíquotas (de cerca de 1mL) das soluções, duas a duas, observando se há
diferença entre os estados inicial e final de cada mistura de reação.
Obs.: Uma vez que o experimento a ser realizado tem caráter qualitativo, não é necessário
medir volumes com precisão. Por outro lado, é importante minimizar o consumo de reagentes
e a produção de resíduos.
Anote em uma tabela todas as observações referentes a cada mistura de reação
(formação de precipitado, cor do precipitado, produção de gás, etc). Escreva as equações
químicas (global e iônica simplificada) correspondentes a cada transformação ocorrida. Analise
os resultados obtidos para os diversos sistemas químicos e associe o número do tubo de
ensaio à solução correspondente.

4 - Bibliografia
KOTZ, J. C.;TREICHEL, P. M. Química Geral e Reações Químicas, vol. 1 e 2. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.
BACCAN, N.; ALEIXO, L. M.; STEIN, E.; GODINHO, O. E. S. Introdução à Semimicroanálise
Qualitativa. Campinas: Editora UNICAMP, 7a ed., 1997.
VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa; São Paulo: Editora MestreJou, 1981.
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Prática 2 – Separação e Identificação dos Cátions do Grupo I:

Ag+, Hg22+ e Pb2+

1 - Introdução

A análise de cátions se faz necessária para a determinação qualitativa das


espécies presentes em uma amostra, ou seja, através da sua peculiaridade em relação
a certas reações, os cátions podem ser identificados e separados em diferentes grupos.
A análise química qualitativa se dá em problemas químicos onde é necessário
confirmar ou não, a presença de determinadas espécies na amostra de interesse.

Os métodos qualitativos para a determinação de cátions são sistemáticos: os


mesmos são agrupados em cinco grandes grupos e essa classificação é feita conforme
a semelhança do comportamento químico dessas espécies. Por exemplo, o grupo de
cátions desse experimento possui uma característica em comum: formam cloretos dos
respectivos cátions insolúveis, e por isso a análise para esses cátions se dá no mesmo
protocolo analítico, conhecido também como marcha analítica.

Nas práticas 4 e 5 serão apresentados dois grupos de cátions a serem


identificados, de modo a expor o funcionamento e a dinâmica da análise qualitativa de
cátions. Os protocolos para os outros grupos podem ser facilmente encontrados nas
referências descritas ao final desse experimento.

2 – Objetivos

Separar e identificar os cátions do grupo I

3 - Parte Experimental

Procedimento para separação e identificação dos cátions

Colocar em um tubo de ensaio cerca de 10 gotas da solução contendo os cátions deste


grupo, adicionar cerca de 10 gotas de HCl 0,2 mol L-1, agitar e centrifugar. Decantar e verificar
se a precipitação foi completa pela adição de 1-2 gotas de HCl 0,2 mol L-1 ao líquido
sobrenadante. Decantar o sobrenadante e lavar o precipitado com 2 mL de água contendo 3
gotas de HCl 6 mol L-1. Agitar bem. Centrifugar e desprezar o líquido sobrenadante. Denominar
o precipitado de Precipitado I.

Ao Precipitado I adicionar 4 mL de água destilada. Aquecer em banho-maria pelo


menos durante 3 min, agitando constantemente. Centrifugar rapidamente e decantar o líquido
sobrenadante, que pode conter Pb2+, em um tubo de ensaio, adicionando a seguir 2 gotas de
ácido acético 6 mol L-1 e 4 gotas de K2CrO4. A formação de um precipitado amarelo de PbCrO4
confirma a presença de Pb2+. A centrifugação pode auxiliar a identificação do sólido, pois a fase
líquida é de cor alaranjada. O precipitado que eventualmente restar nesta etapa após a adição
de água destilada e aquecimento pode ser chamado de Precipitado II e pode conter AgCl e
Hg2Cl2.
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Lavar o Precipitado II com 4 mL de água destilada e aquecer em banho-maria.


Centrifugar e testar a presença de Pb2+ no líquido sobrenadante. Continuar a lavagem até que
não ocorra reação positiva para chumbo. Ao precipitado lavado adicionar cerca de 2 mL de NH3
6 mol L-1 e agitar bem. O aparecimento de um precipitado de cor negra ou cinza escuro indica
a presença de Hg22+. Centrifugar e decantar o líquido sobrenadante, que pode conter
Ag(NH3)2+, em um tubo de ensaio. A presença de Ag+ pode ser confirmada pela adição a esse
líquido de cerca de 3 mL de HNO3 6 mol L-1. Verificar com o papel tornassol se a solução está
ácida. A formação de um precipitado branco de AgCl indica a presença de Ag +.

3 - Resumo das reações

Reagente Ag+ Hg22+ Pb2+

HCl AgCl ppt branco Hg2Cl2 ppt branco PbCl2 ppt branco

Aquecimento da
suspensão obtida no AgCl Hg2Cl2 solúvel
teste anterior

NH3 Solúvel Hg(NH2)Cl + Hgo(s) Pb(OH)2

Ag(NH3)2+ ppt castanho ppt branco

3 - Referências Bibliográficas

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M. Química Geral e Reações Químicas, vol. 1 e 2. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.

BACCAN, N.; ALEIXO, L. M.; STEIN, E.; GODINHO, O. E. S. Introdução à Semimicroanálise


Qualitativa. Campinas: Editora UNICAMP, 7a ed., 1997.

VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa; São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981.
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Prática 3 – Identificação e Separação dos cátions do grupo II e III


1 – Objetivos

Separar e identificar os cátions dos grupos II e III.

2 – Parte Experimental

Procedimento para a determinação dos cátions do grupo III : Fe 3+, Cr3+, Al+3, Mn2+

Colocar em um tubo de ensaio cerca de 20 gotas da mistura de cátions do grupo III,


adicionar 10 gotas de HCl 6 mol L-1 e em seguida adicione NH3 6 mol L-1 gota a gota com
agitação, até o meio ficar básico (verifique com papel tornassol). Colocar mais duas gotas de
NH3 6 mol L-1 em excesso. Aquecer com cuidado durante 1 minuto, centrifugar e retirar o
sobrenadante rapidamente, colocando-o em outro tubo falcon. Lavar o precipitado duas vezes
com cerca de 2 mL de NH4Cl 2 mol L-1 (não esquecer de agitar a solução com o vórtex e depois
centrifugar). O precipitado conseguido será denominado Precipitado I e o líquido
sobrenadante poderá ser descartado.

O Precipitado I deverá conter Fe(OH)3, Cr(OH)3, Al(OH)3 e Mn(OH)2.

Precipitado I

Adicionar ao precipitado I 1 mL de NaOH 4 mol L-1 e 1 mL de H2O2 3%, agitar bem e


aquecer em banho-maria durante 5 minutos até cessar o desprendimento de O2. Centrifugar e
transferir o líquido sobrenadante a outro tubo falcon. Nessa etapa, o Precipitado II deverá
conter Fe(OH)3 e MnO(OH)2, enquanto o Sobrenadante II deverá conter os íons CrO42- e
Al(OH)4-. Crômio e Alumínio podem ser identificados no líquido Sobrenadante II, onde a cor
amarela da solução serve para identificar a presença de Crômio, na forma de CrO4-. Para a
identificação do Al3+, adicionar HCl 6 mol L-1 à solução até o meio ficar ácido (use papel
tornassol), em seguida adicionar algumas gotas de NH3 6 mol L-1 até o meio ficar alcalino,
agitar bem e aquecer com cuidado. A formação de um precipitado branco gelatinoso indica a
presença de Alumínio. Para melhor verificar a presença do precipitado branco gelatinoso de
Al(OH)3(s), centrifugar a solução.

Precipitado II

Para identificar Fe3+ e Mn2+, lavar o Precipitado II duas vezes com água destilada
quente e desprezar o sobrenadante. Dividir o precipitado em duas porções, e a uma delas
adicionar cerca de 3 gotas de HCl 6 mol L-1 e juntar 2 gotas de solução de NH4SCN 1 mol L-1. O
aparecimento de uma cor vermelha intensa deve-se ao complexo[ Fe(SCN)6]3-, o que indica a
presença de Ferro. À outra porção do precipitado, adicionar HNO3 6 mol L-1 até dissolvê-lo e
em seguida adicionar uma pequena quantidade de PbO2 sólido. Agitar e aquecer
cuidadosamente a solução diretamente na chama do bico de bunsen durante 1-2 minutos.
Diluir a solução com água e deixar em repouso. O aparecimento de uma cor violeta na solução
indica a presença de Mn7+, na forma de MnO4- .
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Procedimento para a determinação dos cátions do grupo II: Mg2+, Ca2+, Sr2+, Ba2+

Colocar em um tubo de ensaio cerca de 20 gotas da mistura de cátions do grupo II,


adicionar 5 gotas de HCl 6 mol L-1 e em seguida adicionar NH3 6 mol L-1 gota a gota com
agitação até o meio se tornar básico. Primeiramente aqueça a solução em banho-maria e
então adicione cerca de 15 gotas de solução de (NH4)2CO3 1,5 mol L-1. Agitar vigorosamente a
solução para homogeneizar, aquecer o tubo novamente por 5 minutos e centrifugar o
precipitado (Precipitado I). Testar se a precipitação foi quantitativa juntando algumas gotas de
(NH4)2CO3 1,5 mol L-1 ao líquido sobrenadante (Sobrenadante I). Se ainda houver precipitação,
repetir esse procedimento até não haver mais precipitação pela adição de carbonato de
amônio ao sobrenadante.

Sobrenadante I

O líquido Sobrenadante I deve conter Mg2+ e sua presença deve ser confirmada pela
reação com fosfato de amônio formando um precipitado branco cristalino de MgNH4PO4.6H2O.

Precipitado I

Lavar o precipitado que deve conter os carbonatos de cálcio, estrôncio e bário, com
cerca de 2 mL de água quente, centrifugar e desprezar o sobrenadante. Ao precipitado
adicionar ácido acético 6 mol L-1 gota a gota até completa dissolução. A seguir, juntar 5 gotas
de acetato de sódio 3 mol L-1 e 10 gotas de K2Cr2O7 0,2 mol L-1 e agitar a solução. Aquecer em
banho-maria, centrifugar e verificar se a precipitação foi completa. Após a precipitação
quantitativa, centrifugar e separar o Sobrenadante II. O precipitado amarelo (Precipitado II)
formado deve ser o BaCrO4, enquanto o Sobrenadante II deve conter os íons Ca2+ e Sr2+.

Precipitado II

Lavar o precipitado várias vezes com água destilada, centrifugar e desprezar o


sobrenadante. Dissolver o resíduo com algumas poucas gotas de HCl concentrado e confirmar
a presença de Ba2+ pelo teste de chama, cuja coloração deverá ser verde-amarelada.

Sobrenadante II

Ao líquido sobrenadante, adicionar 3 gotas de NH4OH 6 mol L-1, cerca de 10 gotas de


(NH4)2SO4 2,5 mol L-1, agitar e aquecer até a ebulição. Centrifugar o Precipitado III e testar se a
precipitação foi quantitativa adicionando-se mais uma gota de sulfato de amônio 2,5 mol L-1 ao
sobrenadante. Se houver formação de mais precipitado, agitar, aquecer até ebulição e
centrifugar. O precipitado branco formado deve ser o sulfato de estrôncio e o Sobrenadante III
deve conter os íons Ca2+.

Precipitado III

Lavar o precipitado diversas vezes com água destilada quente, centrifugar e desprezar
o sobrenadante. Dissolver o resíduo com algumas poucas gotas de HCl concentrado e fazer o
teste de chama, cuja coloração vermelho-carmim confirma a presença de estrôncio.
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Sobrenadante III

Ao líquido sobrenadante, adicionar 3 gotas de (NH4)2C2O4 0,25 mol L-1, agitar e deixar o
repousar cerca de 2 minutos. A formação de um precipitado branco de CaC 2O4, confirma a
presença de cálcio. Centrifugar e desprezar o sobrenadante. Lavar o precipitado várias vezes
com água destilada e desprezar a água de lavagem. Dissolver o resíduo com algumas poucas
gotas de HCl concentrado e fazer o teste de chama, cuja coloração vermelho-tijolo, indica a
presença de cálcio.

3 - Referências Bibliográficas

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M. Química Geral e Reações Químicas, vol. 1 e 2. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.

BACCAN, N.; ALEIXO, L. M.; STEIN, E.; GODINHO, O. E. S. Introdução à Semimicroanálise


Qualitativa. Campinas: Editora UNICAMP, 7a ed., 1997.

VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa; São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981.
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Prática 4 - Análise Qualitativa de Ânions: Classificação dos ânions de


acordo com sua reatividade frente ao cloreto de bário e nitrato de prata,
e solubilidade frente ao ácido nítrico.

Grupos
Reagentes
I II III IV V VI
Branco Branco
ou ou
AgNO3
amarelo branco Branco Coloridos - -
pálido que
escurece
BaCl2 - - Branco Branco Branco
Sulfato:
HNO3 Insolúvel Insolúvel insolúvel;
- - -
Fluoreto:
solúvel.

Ânions do grupo I: Cl-, SCN- e [Fe(CN)6]4-

A característica principal destes ânions é formar sais de bário solúveis quando


em contato com solução de cloreto de bário. Além disso, formam sais de prata,
insolúveis em HNO3 diluído. O cloreto, sulfocianeto e ferrocianeto de prata são
brancos, enquanto que o brometo e o iodeto de prata são amarelo-pálidos.

Reagir 1 mL da solução de análise com AgNO 3 e com BaCl2, separadamente.


Haverá precipitação com nitrato de prata. Testar a solubilidade destes precipitados
com o dobro do volume de HNO3. Não haverá dissolução do precipitado.

Reações de confirmação:

Cloreto: tomar em um tubo de ensaio cerca de 1 mL da solução análise e reagir


com nitrato de chumbo. A formação de um precipitado branco confirma a presença de
cloreto (esta reação não se processa em soluções diluídas).

Pb2+ + 2Cl-  PbCl2(s)

Tiocianato (sulfocianeto): tomar em um tudo de ensaio cerca de 0,20 g do


material sólido ou cerca de 2,00 mL da solução de tiocianato e reagir com nitrato de
cobalto, agitar e adicionar gotas de álcool amílico. A formação de um anel azul
sobrenadante na superfície da solução confirma a presença de tiocianato.

2 Na+ + 4 SCN- + Co2+  Na2[Co(SCN)4](aq) (anel azul)


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Ferrocianeto: tomar em um tubo de ensaio uma pequena porção da solução de


análise e reagir com solução de cloreto férrico. A formação de um precipitado azul
caracteriza a presença de ferrocianeto.

[Fe(CN)6]4- + 4Fe3+  Fe4[Fe(CN)6]3(s) (azul-da-prússia)


nome do composto?

Também poderá ocorrer a formação de uma coloração vermelho intensa, na


solução se houver a presença de íons de tiocianato:

3Na+ + 6CN- + Fe3+  Na3[FeSCN)6](aq)


nome do composto?

Ânions do grupo II: NO2-, CH3COO- e S2O32-

O reconhecimento destes ânions é baseado no fato de formarem sais de bário


solúveis quando em contato com solução de cloreto de bário. Quando em contato com
solução de prata e em meio reacional contendo ácido nítrico diluído, esses ânions
também formam sais de prata solúveis. O acetato, quando em soluções diluídas, não
reage com nitrato de prata. Assim, sempre que uma solução de análise não reagir com
AgNO3 e BaCl2 (o que a classificaria como sendo do grupo VI), deve-se concentrar a
solução de análise adicionando-se mais sal à solução e reagindo novamente com o
nitrato de prata e cloreto de bário.

Diferenciação entre nitrito, acetato e tiossulfato:

Tomar em um tudo de ensaio parte do sal de análise ou da solução de análise.


Juntar 2 a 3 mL de ácido sulfúrico diluído, ferver se necessário e observar:

a) Desprendimento de gás avermelhado indica nitrito.

2NO2- + 2H+  2HNO2

2HNO2  NO2(g) + NO(g) + H2O

b) Desprendimento de gás incolor com odor característico de vinagre (ácido


acético) indica a presença de acetato.

CH3COO- + H2SO4  CH3COOH(g) + HSO4-

c) Desprendimento de gás incolor com odor característico de enxofre queimado


(cheiro de ovo) indica a presença de tiocianato.

S2O32- + H2SO4  SO2(g) + S(s) + SO42- + H2O


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Reações de confirmação:

Nitrito: tomar em um tudo de ensaio parte da solução de análise e reagir com


solução de sulfato de cobre. A formação de uma solução de coloração verde confirma
a presença de nitrito.

2NO2- + Cu2+  Cu(NO2)2(aq)

Acetato: tomar em um tubo de ensaio grande parte do sal sólido ou da solução


de análise e juntar com cuidado, agitando, cerca de 1 mL de álcool etílico. Com o
máximo cuidado acrescentar 2-3 mL de ácido sulfúrico diluído, agitar e aquecer
suavemente até a fervura por apenas alguns segundos. O desprendimento de acetato
de etila, reconhecido por um aroma frutado, confirma a presença de acetato.

NaCH3COO + C2H5OH + H2SO4  Na+ + SO42- + H2O + CH3COOC2H5(g)

A presença de acetato também pode ser confirmada por um segundo método.


Tomar em um tubo de ensaio grande entre 1 e 2 mL da solução de análise. Juntar com
cuidado cerca de 3 gotas de solução de cloreto férrico, acrescentar a esta mistura
cerca de 3 vezes o volume de água destilada e aquecer até a fervura. A formação de
um precipitado marrom avermelhado confirma a presença de acetato.

3CH3COO- + Fe3+  Fe(CH3COO)3

Fe(CH3COO)3 + 2H2O  2CH3COOH + FeCH3COO(OH)2(s)

Tiossulfato: tomar em um tubo de ensaio entre 1 e 2 mL de solução alcoólica de


iodo e sobre esta juntar igual quantidade do sal ou da solução de análise. O
descoramento imediato da solução de iodo confirma a presença de tiossulfato.

2S2O32- + I2  S4O62- + 2I-

Ânions do grupo III: CO32- e HCO3-

Os ânions deste grupo reagem tanto com cloreto de bário quanto com nitrato
de prata, formando sais insolúveis.

Testes para carbonato e bicarbonato

Reagir, em tubos de ensaio separados, 1 mL da solução de análise com AgNO3 e


BaCl2. Haverá formação de precipitados brancos "sujos" em ambos os casos.
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Tomar parte da solução de análise e reagir com ácido sulfúrico diluído. O


desprendimento de gás, caracterizado por rápida efervescência, indica a presença de
carbonato e bicarbonato.

HCO3- + H2SO4  CO2(g) + HSO4- + H2O

CO32- + H2SO4  CO2(g) + SO42- + H2O

Diferenciação entre carbonato e bicarbonato:

1. Tomar, em um tubo de ensaio, parte da solução de análise e reagir com sulfato


de magnésio. Observar.

a. Formação imediata de precipitado branco confirma a presença de carbonato.

CO32- + MgSO4  MgCO3(s) + SO42-

b. Não ocorre reação. No entanto, através de fervura por alguns minutos, ocorre
formação de precipitado branco. Neste caso, confirma a presença de
bicarbonato.

2HCO3- + MgSO4  Mg(HCO3)2 +SO42-

Mg(HCO3)2 (aquecimento)  MgCO3(s) + H2O + CO2(g)

2. Tomar em um tubo de ensaio pequeno, parte da solução de análise e juntar,


com o auxílio de uma pipeta, sem encostarno tubo de ensaio, uma a duas gotas
de solução alcoólica de fenolftaleína. Observar.

a. Formação imediata de coloração vermelha confirma carbonato.


b. Nada ocorre ou então ocorre formação de leve coloração ou precipitado de cor
rosa (ou ainda uma turvação branca da solução), confirma bicarbonato.

Ânions do grupo IV: PO43-

O ânion fosfato forma um sal de bário insolúvel, de coloração branca


(Ba(HPO4)). Ao reagir com nitrato de prata, forma um sal insolúvel de cor amarela forte
(Ag3PO4).

Reagir separadamente 1 mL da solução de análise com nitrato de prata e


cloreto de bário. Observar.

Confirmação do fosfato:
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Tomar uma alíquota da solução de análise em um tubo de ensaio e reagir com o


reagente nitromolíbdico (0,2 g de molibdato de sódio + 2 mL de HNO 3 concentrado,
65% m/m). A formação de um precipitado amarelo claro confirma a presença de
fosfato.

HPO42- + 3NH4+ + 12MoO42- + 23H+  (NH4)3PO4.12MoO3(s) + 12 H2O


nome do composto?

Ânions do grupo V: SO42- e F-

O reconhecimento destes ânions baseia-se na formação de sais de bário


insolúveis e da não reatividade frente ao nitrato de prata. Uma exceção é o sulfato,
que no caso de soluções concentradas, também precipita na presença de íons prata.

Reagir, em tubos de ensaio separados, 1 mL da solução de análise com AgNO3 e


BaCl2. Deve ocorrer formação de precipitado branco apenas no caso da reação com
cloreto de bário. Testar a solubilidade do precipitado através da adição de ácido nítrico
diluído (duas vezes o volume contido no tudo de ensaio). Neste teste, o sulfato deve
permanecer insolúvel, ao contrário do fluoreto, que se solubiliza.

Caracterização do F-:

Tomar uma alíquota da solução de análise e reagir com cloreto de cálcio. A


formação de um precipitado gelatinoso indica a presença de fluoreto.

F- + Ca2+  CaF2(s)

Caracterização do SO42-:

Tomar uma outra alíquota da solução de análise, diluir duas vezes o seu volume
com água destilada e reagir novamente com cloreto de cálcio. Nada deve ocorrer.
Junte então 1 mL de álcool etílico e observe a formação de um precipitado branco.

SO42- + Ca2+  CaSO4(s) (presença de EtOH)

Reações de confirmação

Sulfato: Tomar uma alíquota da solução de análise e reagir com nitrato de


chumbo. A formação imediata de um precipitado branco confirma a presença do íon
sulfato.

SO42- + Pb2+  PbSO4(s)


CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 15

Ânions do grupo VI: NO3- e MnO4-

A característica principal deste grupo se baseia na elevada solubilidade dos sais


de bário e prata. Portanto, os ânions nitrato e permanganato não formam precipitados
através da reação com nitrato de prata e cloreto de bário.

Diferenciação entre nitrato e permanganato

Tomar parte da solução de análise e juntar COM CUIDADO, 2 a 3 mL de ácido


sulfúrico concentrado. Limpar a boca do tubo de ensaio interna e externamente.
Prender um pedaço de papel tornassol azul na boca do tudo e aquecer o mesmo,
cuidadosamente, até a fervura e observar.

ATENÇÃO: Na forma sólida, estes sais são EXPLOSIVOS sob a ação de ácidos
concentrados. Portanto, trabalhe sempre com sais dissolvidos!!!

a. Ocorrendo o desprendimento de um gás incolor (HNO 3), que irá provocar a


mudança de coloração do papel de tornassol para vermelho, fica evidenciada a
presença de nitrato.

NO3- + H2SO4  HNO3(g) + HSO4-

b. Nada ocorrendo, com a permanência de uma coloração violeta da solução, fica


evidenciada a presença de permanganato.

Confirmação para nitrato

Tomar uma alíquota da solução de análise, adicionar cerca de 2 mL de ácido


sulfúrico e em seguida mergulhar, na solução resultante, um pedaço de fio de cobre. A
liberação de vapores de cor marrom, gás NO2 confirma a presença de nitrato.

Obs: se necessário, adicionar mais solução de análise à mistura e aquecer levemente.

NO3- + Cu + H2SO4  NO2(g) + Cu2+ + SO42- + H2O

Confirmação para permanganato

Diluir a solução de análise em um béquer de 100 mL até que a mesma


apresente uma cor rosa clara. Transferir 1 a 2 mL desta solução para um tubo de
ensaio e juntar igual volume de NaOH. Ferver por alguns minutos. A mudança de cor
de rosa para verde indica a presença de permanganato.

4 MnO4- + 4OH-  4MnO42- + O2(g) + 2H2O


(manganato)
CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 16

Prática 5: Solução-Tampão

1 - Introdução

Uma solução tampão é aquela que dentro de certos limites sofre apenas
ligeiras variações de pH quando recebe a adição de pequenas quantidades de íons H +
ou OH-. É constituída por um ácido fraco e sua base conjugada ou por uma base fraca e
seu ácido conjugado, em concentrações aproximadamente próximas.

Exemplos: NaC2H3O2 e HC2H3O2; NH3 e NH4Cl; Na2HPO4 e Na3PO4.

1) Considerando o equilíbrio existente entre um ácido fraco genérico (HA) e a água,


temos uma pequena concentração do íon A -, bem como de H3O+ no meio,
predominando a espécie HA na forma molecular.

HA(aq) + H2O(l)  A-(aq) + H3O+(aq) (eq. 1)

Admitindo que a essa solução seja adicionada uma dada quantidade da base
conjugada [A-], as concentrações de [HA] e [A-] serão predominantes, ao passo que a
concentração de [H3O+] será ainda menor do que antes da adição de A -.

Se uma pequena concentração de um ácido forte é adicionada a esse meio, a


quantidade de ácido adicionado será consumido pela base conjugada, formando maior
quantidade de [HÁ] e água, mantendo dessa forma o pH da solução relativamente
constante.

H3O+(aq) + A-(aq) HA(aq) + H2O(l) (eq. 2)

Analogamente, se uma pequeno volume de base forte é adicionado a esse


meio, a [OH-] será consumida pelo ácido do tampão, fazendo com que uma maior
quantidade de HA seja dissociado a fim de se repor a quantidade de [H3O+] consumido
(eq.1) e o pH é mantido relativamente constante:

OH-(aq)+ H3O+(aq) 2H2O(l) (eq. 3)

Na solução tampão está em equilíbrio o ácido e sua base conjugada segundo a


equação 4:
CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 17

HA (aq)+ H2O(l) A-(aq) + H3O+(aq) (eq. 4)

Ácido Base Conjugada

E a constante de equilíbrio ácida (Ka) desta reação será:

Ka = [A-] [H3O+] / [HA] (eq. 5)

Dessa forma, de posse do valor de Ka e conhecendo-se as concentrações de


[HA] e [A-], pode-se determinar a concentração de [H3O+] e o valor de pH da solução
tampão formada, com base na equação 5. Além disso, pode-se calcular a variação de
pH em decorrência da adição de uma certa concentração de um ácido ou uma base
forte.

2)Considerando agora a base conjugada A-, derivada de um ácido fraco (HA):

A-(aq) + H2O(l)  HA(aq)+ OH-(aq) (eq. 6)

De forma similar ao caso 1, se uma certa quantidade do ácido fraco HA é


adicionada ao meio, haverá o predomínio de maiores concentrações de [HA] e[ A-] e
consequente diminuição da [OH-]. Se um pequeno volume de ácido forte é adicionado
ao meio, esse reagirá com os íons [OH-] livres. Desta forma maior quantidade de [A-]
reagirá com a água a fim de se repor a concentração de [OH-] que foi consumida, e
assim o pH se manterá relativamente constante. De modo semelhante, ao adicionar
íons OH- provenientes de uma base forte ao meio, esses íons irão reagir com o HA
presente, sendo o pH também mantido constante. De forma análoga a equação 5,
obtém-se a expressão envolvendo a constante de basicidade (Kb), com base na
equação 6:

Kb = [HA] [OH-]/ [A-] (eq. 7)

Normalmente os valores de Ka são tabelados, podendo facilmente ser obtido o


valor de Kb com base no produto iônico da água (Kw) = 1,00 x 10-14, onde:

Kw = K a x K b (eq. 8)
CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 18

Assim é possível calcular a [OH-], utilizando o valor de Kb e as concentrações de


[HA] e [A-], e consequentemente determinar o valor de pH da solução tampão
formada. Além disso, pode-se calcular a variação de pH em decorrência da adição de
uma certo volume de ácido ou de uma base forte.

2 – Objetivos
Preparar uma solução tampão e verificar a alteração de pH pela adição de um ácido
forte.

3 – Procedimento experimental

Parte A) - Preparo das soluções

Em quatro béqueres de 100 mL, adicione as seguintes substâncias:

- béquer A: 75 mL de solução de ácido clorídrico (HCl) 0,01 mol L -1 .


- béquer B: 75 mL de solução de ácido acético (CH3COOH) 0,01 mol L-1.
- béquer C: 1,5 g de cloreto de sódio (NaCl)
- béquer D: 1,5g de acetato de sódio (CH3COONa)

Adicione 3 gotas da solução de “mistura de indicadores” aos béqueres A e B.


Determine o pH das soluções consultando a Tabela 1. Anote os resultados na Tabela 2.

Transfira metade da solução do béquer A para o béquer C. Observe se houve mudança


de coloração e anote o pH da solução resultante na Tabela 2.

Transfira metade da solução do béquer B para o D e verifique se há alteração de pH.


Anote na Tabela 2.

Tabela 1. Cores observadas na “mistura de indicadores” a ser utilizada:


Cores: vermelho laranja amarelo amarelo verde azul
esverdeado

pH aproximado 1,5 1,8 2,3 4,6 5,2 7,6


CQ 119 – Fundamentos da Química Analítica 19

Tabela 2.pH das soluções preparadas


Béquer Solução presente pH medido com a “mistura de indicadores”

Parte B) Teste da Capacidade de Tamponamento (β) das soluções acima preparadas:

Adicione 5 gotas de solução HCl 6,0 mol L-1 a cada um dos quatro béqueres acima
Observe o que ocorre com as cores dos indicadores e anote o pH na Tabela 3. Entre
todas as soluções verifique aquela que não apresentou mudança de pH após a adição
de HCl 6,0 mol L-1. A este béquer adicione HCl 6,0 mol L-1, gota a gota, até que a
mistura de indicadores mude de cor. Conte o número de gotas que foram adicionadas.

Tabela 3. pH das soluções preparadas após a adição de HCl 6,0 mol L -1


Béquer Solução presente pH medido com a “mistura de indicadores”

3 – Referências Bibliográficas
RUSSEL, J.B., Química Geral, Soluções Aquosas: Equilíbrios Ácido-Base, 1982.
SKOOG, D. A., WEST, D. M., HOLLER, J. F., Crouch, S.R. Fundamentos de Química Analítica,
tradução da 8a edição norte-americana, Thomson, 2006.

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