Você está na página 1de 5

AULA EXPERIMENTAL DE QUÍMICA ORGÂNICA - Nº 5

Professora: Graziella Penha Claudino

CLASSIFICAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS

Objetivos
 Estudar a reatividade relativa de diversos grupos funcionais.
 Realizar algumas interconversões funcionais por meio de testes de grupos
funcionais e preparação de derivados.
 Usar a análise orgânica qualitativa clássica na identificação de amostras
desconhecidas.

Teste de Grupos Funcionais

Após classificação da amostra desconhecida em um determinado grupo de


solubilidade, é necessário aplicar testes de funcionalidade adequados. Por meio
deles, funções muito parecidas podem ser facilmente diferenciadas, como por
exemplo: aldeídos de cetonas, acetilenos de olefinas, álcoois de éteres, etc. Em
geral os testes são muito simples e rápidos, mas exigem sempre o uso de
reagentes, muitas vezes agressivos, tóxicos ou dispendiosos. A caracterização de
grupos funcionais por métodos espectrométricos modernos (particularmente IV e
RNM) é muito mais rápida, mas também exigem instrumentação dispendiosa e
nem sempre disponível. De todo modo, muitas vezes os testes químicos de
caracterização de grupos funcionais são ainda indispensáveis na elucidação
questões duvidosas sob o ponto de vista das técnicas espectrométricas.
Cada grupo funcional apresenta certas reações características, que podem ser
usadas para fins de identificação. Testes qualitativos, de fácil execução, permitem
caraterizar determinada funcionalidade observando-se mudanças físicas
provocadas por uma reação química. Algumas mudanças não são facilmente
observáveis, mas ainda úteis em certas circunstâncias. A partir da evidência
experimental acumulada, deduz-se que grupo funcional (ou grupos funcionais),
está (estão) presente(s) na amostra desconhecida. Realizam-se, então, ensaios
por meio de reagentes adequados à uma caracterização mais precisa.
Abaixo enumeramos os mais importantes testes de análise, usados na
caracterização dos grupos funcionais mais comuns.

Atenção: Usar apenas as quantidades recomendadas de reagentes e amostra, e


evitar ensaios desnecessários, reduzindo-se assim o gasto de material, a perda de
tempo e possibilidades de erro.
Sugere-se, além disso, a leitura de obras especializadas nas quais são detalhadas
as limitações de cada teste.

A análise orgânica qualitativa, isto é a identificação de compostos desconhecidos, é


uma parte importante da química orgânica. Em caso de analise de compostos
orgânicos desconhecidos, em primeiro lugar você deverá identificar a que classe o
composto desconhecido pertence, isto é identificar o grupo funcional principal
presente na amostra e posteriormente identifcar o composto específico dentro
daquela classe. Ou você saberá de antemão que o composto pertence a uma das
classes e você só deverá determinar o composto especifico daquela classe que lhe
foi dado. Os experimentos estarão restritos a sete grupos funcionais importantes:
aldeídos; cetonas; aminas; álcoois; ácidos carboxílicos; ésteres e fenóis.
MATERIAIS E REAGENTES:

Hidróxido de sódio (10%; 2%)


FeCl3.6H2O (3%;
Ácido clorídrico concentrado
Etanol
Ácido crômico
Óxido crômico
Ácido sulfúrico
Cloreto de zinco
Dicromato de potássio
nitrito de sódio
hidróxido de potássio (30%
anidrido ftálico
Álcool tert-butílico
Propanona
Formol
Metanol
Etilenoglicol
Papel de tornassol
Fenol
Tubos de ensaio
Suporte para tubos de ensaio

1- FENÓIS
Os fenóis têm características ácidas, com valores de pKa variando conforme a
natureza dos substituintes. Os principais testes para a caracterização de fenóis se
baseam em mudanças de cor.

Teste com hidróxido de sódio - Os fenóis reagem com hidróxido de sódio


aquoso, produzindo soluções de fenóxidos, as quais sofrem fácil oxidação por ar,
dando soluções coloridas (geralmente marrons). Alguns fenóis não se dissovem
facilmente em hidróxido de sódio a 10%, mas o fazem em soluções mais diluídas.

Teste com cloreto férrico - Os fenóis formam complexos coloridos com íon
Fe3+. A coloração pode ser azul, violeta, verde ou vermelha. O teste do cloreto
férrico pode ser efetuado em água, metanol ou diclorometano. Entretanto, o teste
não é positivo para todos os fenóis. Certos enóis também reagem positivamente.

Procedimento Experimental:

1.1- Adicionar uma pequena quantidade da amostra a ser testada a 1 mL de


hidróxido de sódio a 10%. Agitar bem e observar se há desenvolvimento de cor.
Caso isto não ocorra, deixar a solução em repouso por 30 minutos. Se houver
precipitação, diluir a solução com 20 mL de água e agitar.

Reagente: NaOH a 10% em água.


1.2- Dissolver cerca de 10 mg de amostra em 1 mL de água. Adicionar 5 gotas da
solução de cloreto férrico a 3% e observar o desenvolvimento de cor (caso a
amostra seja insolúvel em água, dissolver em etanol).

Reagente: Cloreto férrico (FeCl3.6H2O) a 3% em água, adicionada de 1 gota de


HCl concentrado.

1.3- Teste com ácido nitroso (reação de Liebermann):

Adicione 2 cristais de fenol (cuidado, pois é corrosivo) a 1 mL de ácido sulfúrico


concentrado. Adicione alguns cristais de nitrito de sódio e agite até que a cor se
desenvolva. Adicione 10 mL de água gelada e observe a cor. Alcalinize a solução
com KOH 30% e observe novamente a cor.

1.4- Formação da fenolftaleína:

Num tubo de ensaio coloque 0,1 g de fenol, 0,3 g de anidrido ftálico e 2 gotas de
ácido sulfúrico concentrado. Aqueça até a fusão e deixe esfriar. Adicione
vagarosamente, sob agitação, uma pouco de solução de NaOH 2% até alcalinizar.
Observe a coloração rósea que se forma. Para descorar adicione algumas gotas de
ácido sulfúrico.

2- ÁLCOOIS
A identificação dos álcoois primários e secundários é feita com o teste de Jones e
com o teste de Lucas.

Teste de Jones - O teste de Jones baseia-se na oxidação de álcoois primários e


secundários pelo ácido crômico a ácidos carboxílicos e cetonas, respectivamente.
Álcoois terciários não reagem. A oxidação é acompanhada de formação de
precipitado verde do sulfato crômico. O teste de Jones também dá resultado
positivo para aldeídos e/ou fenóis.

H CrO3 OH
H
R OH R O H2SO4 R O
H CrO3

H2SO4 + Cr2(SO4)3
H
R OH R'
(precipitado verde)
R' R O

Teste de Lucas - O teste de Lucas consiste na formação de cloretos de alquila


por reação de álcoois com uma solução de cloreto de zinco em ácido clorídrico
concentrado.
ZnCl2
ROH + HCl RCl + H 2O
Sob as condições extremante ácidas do teste, os álcoois geram carbocátions
intermediários que reagem com o íon cloreto. Assim, a reatividade aumenta na
ordem álcool primário  secundário  terciário  alílico  benzílico. O teste de Lucas
é muito limitado e indicado somente para álcoois razoavelmente solúveis em
água.

Procedimento Experimental:

2.1 - Dissolver 2 gotas de amostra a ser analisada (ou 0,02 g, se a amostra for
sólida) em 10 gotas de acetona pura, e adicionar com agitação, 5 a 6 gotas da
solução de ácido crômico. O aparecimento imediato de um precipitado verde
confirma a presença de álcool primário ou secundário.
Observação: A acetona usada no teste deve ser realmente pura.

Reagente: Trióxido de cromo (CrO3) a 25% em de H2SO4 diluído em água a 1:3.

2.2 - Misturar, em um tubo de ensaio sêco, 2 mL do reagente de Lucas com 4 ou 5


gotas da amostra a ser analisada. Observar o tempo gasto para a turvação da
solução ou o aparecimento de duas camadas. Os álcoois alílicos, benzílicos e
terciários reagem imediatamente. Os álcoois secundários demoram cerca de 5
minutos para reagir. Se não ocorrer reação em 5 minutos, aquecer cuidadosamente
em banho-maria por 3 minutos. Os álcoois primários não reagem.

Reagente: 77 g de cloreto de zinco [ZnCl 2 (anidro!)] dissolvidos em 50 mL de HCl


concentrado. Manter frasco bem fechado.

2.3- Adicionar 3 a 4 gotas de álcool t-butílico a 30 gotas do reagente de LUCAS em


um tubo de ensaio. Agitar a mistura vigorosamente. Deixar em repouso e observar
o que acontece. Repetir o mesmo processo, usando álcool etílico.

2.4 - Teste de Lucas:

Misture gotas do composto desconhecido a 3 mL do reagente de Lucas (HCl +


ZnCl2). Espere 15 minutos e anote o tempo gasto para a separação do haleto. A
turvação do sistema é o primeiro sinal da reação. Se o composto não reagir, deixe
o tubo na estante por cerca de uma hora.

CH3CH2OH a reação é muito lenta ou pode não ocorrer

CH3CH(OH)CH2CH3 a reação é lenta

(CH3)3OH a reação é muito rápida

2.5 - Oxidação com dicromato de potássio em meio ácido:

Num tubo de ensaio coloque cerca de 1 mL de solução 10% de K 2Cr2O7, 3 gotas de


ácido sulfúrico 20% e 3 gotas do composto testado. Agite o tubo por alguns
minutos e observe os resultados.

CH3CH2OH CH3COOH
CH3CH(OH)CH2CH3 CH3COCH2CH3

(CH3)3OH não ocorre

C6H5OH C6H4O2 (quinona)

3- IDENTIFICAÇÃO DE ÁLCOOIS E FENÓIS

Objetivo: Identificar amostras de etanol, 2-butanol, terc-butanol e fenol.

3.1- Testar a solubilidade em água:

Adicione uma gota do composto a 1 mL de água e verifique a solubilidade de cada


um deles.

3.2- Reação com sódio metálico:

Coloque 5 gotas do composto num tubo de ensaio e adicione um pequeno


fragmento de sódio metálico (cuidado para não deixar o sódio entrar em contato
com a pele, pois é corrosivo). Quando todo o sódio tiver reagido, esfrie a solução,
adicione um pouco de água destilada e teste o pH com papel de tornassol. Tanto o
álcool quanto o fenol reagem com sódio metálico, originando, respectivamente,
alcóxidos e fenóxidos.

CH3CH2OH + Na CH3CH2O Na + 1/2 H2

C6H5OH + Na C6H5O Na + 1/2 H2

Você também pode gostar