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FARMACOGNOSIA

POLISSACARÍDEOS

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POLISSACARÍDEOS
 INTRODUÇÃO:
 Definição  polímeros de alto peso
molecular resultantes da condensação de
um grande número de moléculas de
aldoses e cetoses.
 Cada molécula de açúcar é ligada à vizinha
por intermédio de uma ligação osídica
formada pela ligação da hidroxila
hemiacetálica em C-1 com qualquer das
hidroxilas da outra molécula glicídica, com
eliminação de uma molécula de água.
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POLISSACARÍDEOS
 Atividades  antitumoral,
imunoestimulante, anticomplemento,
antiinflamatório, anticoagulante,
antiviral, hipoglicêmica e
hipocolesterolemiante.
Outras  redução dos níveis de uréia
plasmática de pacientes portadores de
insuficiência renal crônica.
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POLISSACARÍDEOS
 Nomenclatura:
o “fibras alimentares” (polissacarídeos
resistentes à digestão pelas enzimas do
trato gastrintestinal humano e que
apresentam algum efeito laxativo), nessa
categoria são incluídos ainda a lignina
(molécula de natureza fenólica) e certos
oligossacarídeos não-digeríveis.
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POLISSACARÍDEOS
 CLASSIFICAÇÃO:
 Homogêneos ou homoglicanos  resultantes
da condensação de um grande número de
moléculas do mesmo açúcar (amido, celulose);
 Heterogêneos ou heteroglicanos  formados
pela condensação de diferentes tipos de
açúcares (gomas, mucilagens e pectinas).
 Classificação:
 Solúveis (gomas, mucilagens e pectinas) e
 Insolúveis. (celulose e algumas hemiceluloses).

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POLISSACARÍDEOS
 PRINCIPAIS TIPOS DE POLISSACARÍDEOS:
 Polissacarídeos de Bactérias:
 Dextranos  polímeros ramificados de glicose,
(bactérias dos gêneros Leuconostoc, Lactobacillus e
Streptococcus). Dispersões aquosas de dextrano são
atóxicas, totalmente eliminadas pelo organismo e
apresentam viscosidade e osmolaridade
semelhantes às do plasma sanguíneo sendo, assim,
utilizadas como sucedâneas do plasma em estados
de choque hipovolêmicos. Os dextranos são também
empregados como espessantes na formulação de
colírios;

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POLISSACARÍDEOS
 Goma xantana: bactéria Xanthomonas campestris;
 polissacarídeo constituído por uma cadeia de
glicose com ramificações de ácido glicurônico e
manose.
 Esses dois tipos de polímeros são os estabilizantes
de primeira escolha para a formulação de
suspensões e emulsões na indústria farmacêutica e
são também largamente utilizados na indústria
alimentícia como estabilizante e geleificante em
sopas e geléias. Suas aplicações industriais são
múltiplas: tintas, explosivos, pesticidas, tecidos, etc.

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POLISSACARÍDEOS
 Polissacarídeos de algas:
 Ácidos algínicos e alginatos  polissacarídeos obtidos
dos gêneros Laminaria, Macrocystis e Fucus,
especialmente, Fucus vesiculosus. O ácido algínico é um
polímero linear constituído de dois tipos de ácidos
urônicos: os ácidos manurônico e gulurônico unidos
através de ligações β (1  4). O ácido algínico, insolúvel
em água, possui caráter aniônico acentuado, que permite
a formação de sais insolúveis de sódio, potássio e amônio
e sais insolúveis de cálcio.
 O ácido algínico e os alginatos formam géis viscosos e,
dessa forma, atuam como protetores da mucosa gástrica,
sendo incorporados em preparações destinadas ao
tratamento sintomático de problemas como refluxo gastro-
esofágico, hérnias de hiato e esofagites.

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POLISSACARÍDEOS
 Alguns alginatos são empregados
como adjuvantes em regime
hipocalóricos. Também são utilizados
como anti-hemorrágicos de uso
externo por formarem géis fibrilares,
provocando rápida homeostase. Além
disto, atuam como espessantes e
estabilizantes em produtos
farmacêuticos e alimentícios.
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POLISSACARÍDEOS
 Carragenanos  polímeros de galactose
fortemente sulfatados são obtidos de diferentes
espécies de algas rodofíceas do gênero
Chondrus. Esses polissacarídeos têm aplicação
terapêutica e dietética: tratamento sintomático
da constipação, mucoprotetor em proctologia e
adjuvante em dietas hipocalóricas. Nas
indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia
são utilizados como espessantes, gelificantes e
estabilizantes.
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POLISSACARÍDEOS
 Agar-ágar: galactano complexo obtido de
algas rodofíceas dos gêneros Gellidium,
Gracilaria, Gelidiella e Pterocladia. Dispersam-
se coloidalmente em meio aquoso a quente,
formando, por resfriamento, um gel espesso
não-absorvível, não-fermentável e atóxico,
utilizado como laxativo mecânico devido à
capacidade de aumentar o volume e
hidratação do bolo fecal, regularizando o
trânsito intestinal. Contudo, a principal
utilização desse produto é como base para
meios de cultura.

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POLISSACARÍDEOS
 Polissacarídeos de vegetais superiores:
 Polissacarídeos homogêneos:
homogêneos
 Amido: substância de reserva constituída por
moléculas de glicose, ligadas através de ligações α
(1  4), para formar um polímero linear (amilose) ou
através de ligações α (1  4) e α (1  6), formando
amilopectina, altamente ramificada. O aquecimento
em água torna os grânulos de amido intumescidos,
rompendo a estrutura cristalina, num processo
denominado gelificação, o que torna os polímeros
mais vulneráveis ao ataque da α-amilase. O
resfriamento permite que parte do amido recristalize,
formando amido resistente, que passa inalterado
através do intestino delgado.
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POLISSACARÍDEOS
 Amido resistente: é o amido que aparece em certos
alimentos (batatas, milho e banana) que resiste
parcialmente à hidrólise enzimática, não sendo
totalmente digerido no intestino delgado. O amido
resistente é constituído por amilose “retrógrada” , na
qual a molécula é dobrada sobre si mesma
tornando as ligações α (1  4) inacessíveis às α-
amilases, e amilopectina “retrógrada”. Essa última é
parcialmente digerível no intestino delgado,
enquanto que a primeira é totalmente resistente. O
amido que resiste à ruptura no intestino delgado
passa ao intestino grosso onde atua de maneira
similar aos polissacarídeos solúveis.

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POLISSACARÍDEOS
 Amido resistente contribui para a manutenção da função
normal do cólon. Mais recentemente, foi demonstrado
que a ingestão de amido contendo elevados teores de
amilose, diminui significativamente a glicemia pós-
prandial e a secreção de insulina e promove maior
saciedade em relação ao amido com alto percentual de
amilopectina. Esses resultados sugerem que a restrição
na densidade energética, na dieta ou em alimentos
específicos, promovida pelo amido resistente, e citado
também para fibras alimentares, é um dos modos pelos
quais agem sobre certas doenças. Assim a ingestão por
um longo tempo de amido resistente poderia ser
benéfica na prevenção de doença relacionadas com
obesidade, tais como, câncer de mama e Diabetes
mellitus não insulino-dependente.

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POLISSACARÍDEOS
 Celulose: ligada fortemente a outros
constituintes da parede celular, sendo o
principal constituinte das plantas; é
formada por um polímero linear de
glicose, constituído em média por 10.000
unidades, insolúvel em água e com
limitada capacidade de retenção hídrica.
As moléculas glicídicas na celulose
apresentam um arranjo das ligações de
forma a resistirem à hidrólise enzimática.
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POLISSACARÍDEOS
 Hemicelulose: são polímeros complexos,
não-pécticos e não-celulósicos, homo ou
heteropolissacarídeos (arabinoxilanos,
galactomananos, galactanos ácidos,
glicuronoarabinogalactanos).
Macromoléculas extremamente
complexas e quimicamente variáveis,
muito menos resistentes à digestão do
que a celulose.
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POLISSACARÍDEOS
 Polissacarídeos heterogêneos:
 Gomas: compostos de alto peso molecular, de
natureza polissacarídica, parcial ou totalmente
dispergíveis em água e insolúveis em solventes
apolares. Essas substâncias ocorrem em certos
órgãos da planta, como caule e raízes e são
resultantes de lesões sofridas pelo vegetal devido a
traumatismos e ação de microorganismos. Em outros
casos, a formação de gomas parece estar relacionada
a um processo de adaptação vegetal a certas
condições climáticas, constituindo a chamada
“gomose fisiológica”.

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POLISSACARÍDEOS
 Quimicamente  ácidos urônicos, além de açúcares
comuns.
 Principais gomas (ponto de vista econômico e
industrial)  goma arábica (produzida por Acacia
senegal (L.) Willd., outras famílias do gênero, família
Mimosaceae), goma caraia (extraída de Sterculia
tomentosa Guill. et Perr. e S. urens Roxb., família
Sterculiaceae ou do Cochlospermum gossypium DC,
família Bixaceae), goma gati obtida de Anogeissus
latifólia Wall., família Combretaceae, e goma
adraganta extraída de Astragalus gummifer Labill.,
família Fabaceae.

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POLISSACARÍDEOS
 Goma arábica  constituinte majoritário
 polissacarídeo ácido, com ramificações
complexas, constituído de D-galactose
(32%), L-arabinose (38%), ácido D-
glicurônico (18%) e L-ramnose (12%).

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POLISSACARÍDEOS
 Mucilagem: constituintes naturais do vegetal, não
sendo indicativas de alterações patológicas da planta.
 Função  reter água para auxiliar na germinação, mas
podem ocorrer também em outros órgãos do vegetal.
 Classificação:
a) Neutras (guar, são compostas por açúcares comuns) e
b) Ácidas (semelhança das gomas, ácidos urônicos em
sua composição).
 Podem ser obtidas de algas ou de vegetais superiores.

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POLISSACARÍDEOS
 Outra mucilagem bastante utilizada é a “goma”
carouba, retirada das sementes de Ceratonia siliqua L.,
família Cesalpiniaceae. Tem a propriedade de
intumescer em presença de água e formar um gel que
não é absorvido pelo organismo, diminuindo a
assimilação dos alimentos , por formar uma película
densa em volta dos mesmos e impedir a ação de
enzimas responsáveis pela digestão (tripsina,
quimiotripsina, amilase e lipase). Quando administrada
antes das refeições, diminui a sensação de fome por
suas propriedades espessantes, dando a sensação de
plenitude gástrica. É também usada em casos de
vômitos de recém-nascidos.
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POLISSACARÍDEOS
 Pectinas (do latim pectos = geléia)  macromoléculas
glicídicas, constituintes da lamela média das paredes
celulares do vegetal abundantes em frutos,
principalmente, cítricos.
 Quimicamente  polímeros de ácido galacturônico,
podendo apresentar intercalações de ramnose,
ramificações contendo galactose, arabinose ou xilose e,
ainda, podem estar esterificadas por metanol.
 Apresentam considerável capacidade retentora de água,
são facilmente gelificáveis e, em virtude de seus grupos
carregados negativamente, ligam-se a cátions e ácidos
biliares.

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POLISSACARÍDEOS
 São utilizadas especialmente como
reguladores do sistema gastrintestinal e,
na indústria alimentícia, como
estabilizante e gelificante. A utilização
regular de pectinas tem demonstrado sua
eficácia no controle de glicemia e
colesterolemia e na prevenção de
doenças cardiovasculares.

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POLISSACARÍDEOS
 4. PROPRIEDADES DOS
POLISSACARÍDEOS:
 Degradação bacteriana  não podem ser
enzimaticamente degradados no intestino
delgado de mamíferos  fermentação é o
processo pelo qual a molécula sofre a ação
das enzimas bacterianas, sendo parcial ou
completamente degradada no intestino
grosso, que possui cerca de 1011
microorganismos por grama de bolo fecal.
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POLISSACARÍDEOS
 Esses microorganismos contribuem
para a formação de gases (H2, O2,
CO2, CH4 e NH3), ácidos (lático,
acético e outros) e ácidos graxos de
cadeia curta (AGCC), que são
absorvidos no cólon e utilizados
como fonte de energia, seguindo pela
circulação entero-hepática.
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POLISSACARÍDEOS
 Ácidos graxos de cadeia curta  hexoses  clivadas
a piruvato  reduzido  propionato ou convertido a
acetil-CoA, num processo que gera NADH.
 Acetil-CoA  reduzida  butirato;
  hidrolisada  acetato.
 Ramnose, arabinose e xilose tendem a produzir mais
propionato, enquanto que o sorbitol, ribose, ácido
galacturônico e ácido glicurônico produzem mais
butirato. A predominância de um determinado ácido
graxo de cadeia curta vai influenciar nos efeitos
metabólicos dos polissacarídeos.

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POLISSACARÍDEOS
 Capacidade de retenção hídrica  presença de
açúcares com grupamentos polares livres.
 As pectinas, as mucilagens e, em menor extensão, as
hemiceluloses, apresentam, todas, uma grande
capacidade de retenção hídrica.
 A hidratação das moléculas resulta na formação de
uma matriz gelatinosa, o que pode conduzir a uma
viscosidade do conteúdo do intestino delgado a
apresentar, então, efeitos críticos na absorção de
nutrientes. Presumivelmente, esta absorção é
retardada pela difusão desses nutrientes
hidrossolúveis na matriz gelatinosa e pelo aumento da
viscosidade do conteúdo intestina.
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POLISSACARÍDEOS
 Adsorção de moléculas orgânicas  ácidos
biliares, o colesterol e alguns compostos
tóxicos são adsorvidos, especialmente, pelas
pectina e outros polissacarídeos ácidos.
 Troca de cátions  a disponibilidade
reduzida de alguns minerais e a baixa
absorção de eletrólitos associadas à ingestão
de alguns polissacarídeos estão diretamente
relacionadas com a capacidade em trocar
cátions, apresentada por essas moléculas.
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POLISSACARÍDEOS
 IMPACTO FISIOLÓGICO DOS
POLISSACARÍDEOS:
 A tabela 1 mostra o efeito fisiológico dos
polissacarídeos em diversos órgãos.

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POLISSACARÍDEOS
TABELA 1
Impacto fisiológico dos polissacarídeos em diversos órgãos
Efeitos Fisiológicos
Órgãos
Estômago e duodeno Retardamento do esvaziamento gástrico,
redução do pH do suco duodenal;
aumento da viscosidade do suco
duodenal e aumento da saciedade
pós-prandial.
Intestino delgado e cólon Alteração da velocidade do trânsito
intestinal; diminuição da absorção de
Zn, Fe, Ca, Mg e P; aumento do
volume fecal; aumento do número de
bactérias; redução da pressão do
lúmen intestinal e alterações em
atividades enzimáticas.
Pâncreas Redução da secreção da lipase e da
amilase.
Fígado Aumento da excreção de sais biliares e
redução dos níveis de colesterol.

Fonte: Waitzberg, 1995.


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POLISSACARÍDEOS
 APLICAÇÕES CLÍNICAS DE
POLISSACARÍDEOS:
 Supressão do apetite: alimentos fibrosos
são digestão mais lenta e resultam numa
maior e mais duradoura sensação de
saciedade. Essa característica tem sido
aproveitada terapeuticamente na adição de
algumas gomas, mucilagens e pectinas à
dieta.

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POLISSACARÍDEOS
 Retardamento do esvaziamento gástrico: procedimentos
como gastrectomia (excisão parcial do estômago) ou
gastroenterostomia (excisão parcial do estômago e do
intestino) podem, num pequeno número de pacientes,
produzir uma síndrome caracterizada por um esvaziamento
rápido do conteúdo gástrico, associada a uma rápida
elevação da glicose sanguínea e seguida por uma
hipoglicemia “rebote”. A entrada precipitada de glicose e
outras moléculas de baixo peso molecular no intestino
delgado está também associada ao rápido influxo de fluidos
para o jejuno, seguindo gradientes osmóticos e levando a
uma perda de fluido do compartimento plasmático.
Retardar o esvaziamento gástrico e diminuir a absorção de
glicose dos alimentos, através da ingestão de pectinas,
pode prevenir esta hipoglicemia e, através do retardamento
do trânsito par o ceco, prevenir a má absorção de glicose.
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POLISSACARÍDEOS
 Prevenção de câncer colo-retal: a alta incidência de
câncer de intestino em populações submetidas a
dietas pobres em fibras tem estimulado a proposição
de muitas teorias. Inicialmente, a ação de certos
polissacarídeos na prevenção de câncer colo-retal era
atribuída à diluição e redução do tempo de
permanência de potentes substâncias carcinogênicas
no intestino e à diminuição, por degradação
bacteriana, da concentração de ácido biliares, como
potencial ação carcinogênica. Mais recentemente as
atenções têm sido direcionadas para a alteração na
biodisponibilidade do butirato (AGCC) luminal, que tem
importante influência sobre a proliferação os
colonócitos (células do cólon).

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POLISSACARÍDEOS
 Efeitos hipocolesterolêmico: um dos efeitos
potencialmente mais importantes de dietas
ricas em polissacarídeos heterogêneos é a
capacidade de redução dos níveis séricos de
colesterol. Esse efeito se deve à aceleração
do trânsito colônico e ao aumento da excreção
de ácidos biliares. Além disso, a fermentação
leva à produção de AGCC, que podem
(particularmente o propionato) inibir a síntese
hepática de colesterol.
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POLISSACARÍDEOS
 Efeito hipoglicêmico: o efeito
hipoglicêmico observado pela
administração de polissacarídeos
complexos deve-se, especialmente, à
formação de uma matriz gelatinosa, que
reduz a ação das amilases na hidrólise
do amido e também impede a absorção
da glicose presente no bolo alimentar.

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POLISSACARÍDEOS
 Redução dos níveis de uréia plasmática na
insuficiência renal crônica: na insuficiência renal
crônica (IRC), a excreção urinária de uréia, creatinina,
ácido úrico e outros metabólitos é deficiente,
desenvolvendo-se uremia. Entre as intervenções que
podem retardar a evolução da doença destacam-se,
além de um rigoroso controle da pressão arterial, a
dieta hipoproteica e, mais recentemente, o uso de
alguns polissacarídeos fermentáveis. O emprego
desses últimos propicia a diminuição das
concentrações de uréia, atenuando os sintomas
clínicos e retardando a progressão da doença.

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POLISSACARÍDEOS
 A utilização de polissacarídeos mostra-se eficiente na
redução da azotemia, por impedir a absorção de
metabólitos protéicos e servir como veículo para a
eliminação destes nas fezes e, especialmente, por
promover a fermentação, processo através do qual as
bactérias colônicas utilizam o nitrogênio endógeno e
exógeno para sua síntese protéica. Esse procedimento,
entretanto, é mais efetivo quando os polissacarídeos são
administrados concomitantemente a uma dieta
hipoprotéica, uma vez que, na ausência de excedentes
de proteínas, as bactérias utilizam a uréia plasmática
como fonte de nitrogênio. Dessa forma, uma dieta rica
em polissacarídeos fermentáveis, visando a aumentar a
excreção fecal de metabólitos nitrogenados em pacientes
com IRC, pode ser uma terapia adjunta benéfica.

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POLISSACARÍDEOS
 EFEITOS ADVERSOS:
 Embora não sejam digeridos pelo aparelho digestivo humano,
os polissacarídeos não são desprovidos de efeitos adversos.
Tais efeitos manifestam-se, de modo geral, como distúrbios no
trato gastrintestinal, principalmente, dores abdominais,
náuseas e flatulência, provocadas pelos produtos de
degradação microbiana dos polissacarídeos (AGCC, gás
carbônico, hidrogênio e metano). A capacidade desses
polissacarídeos em trocar íons, além de importante para
explicar a teoria de ligação dos ácidos biliares, que promove
seu efeito hipocolesterolemiante, pode também estar
relacionada à reduzida biodisponibilidade de alguns minerais,
tais como, zinco, ferro e cálcio, e à diminuição da absorção de
alguns eletrólitos, conduzindo a elevada excreção fecal destes
compostos. Vitaminas, tais como ácido ascórbico (vitamina C)
e a cianocobalamina (vitamina B12), podem ter sua absorção
prejudicada de forma considerável.
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POLISSACARÍDEOS
 A propriedade dos polissacarídeos de modular a
resposta glicêmica pode provocar, em indivíduos não-
diabéticos, hipoglicemia. A absorção de proteínas pode,
também, ser prejudicada. O uso de modo indevido de
polissacarídeos que formam dispersões viscosas, por
exemplo em dosagem acima daquela recomendada,
pode originar obstruções esofagiana, gástrica ou do
intestino delgado.
 Efeitos como flatulência, desconforto abdominal e
náuseas, apesar de transitórios, desaparecendo à
medida que o tratamento prossegue, podem fazer com
que a terapia seja interrompida ou que a quantidade
administrada de polissacarídeos seja reduzida, em
virtude da intensidade dos mesmos.

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POLISSACARÍDEOS
 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
 Os polissacarídeos não-amiláceos interagem com vários
fármacos, tais como paracetamol, clindamicina e
bumetanida (antiinflamatório não-esteroidal), retardando a
absorção dos mesmos. Além disso, alguns outros fármacos
como fenoximetilpenicilina, metformina (hipoglicemiante
oral do grupos das biguanilas), contraceptivos orais,
propanolol e algumas formas farmacêuticas contendo
glibenclamida (hipoglicemiante oral do grupo das
sulfoniluréias) podem ter sua absorção reduzida. Estudos
demonstraram que, uma mistura contendo caulim e
pectina, ao ser administrada simultaneamente com
tetraciclina ou digoxina, leva uma redução da
biodisponibilidade destes fármacos (20 a 50% e cerca de
60%, respectivamente).

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POLISSACARÍDEOS
 A lincomicina parece ser adsorvida, irreversivelmente,
por uma suspensão de caulim e pectina, a julgar pela
redução de 90% da biodisponibilidade relativa deste
antibiótico.
 A administração simultânea de goma guar e de
trimetropima provoca uma redução da absorção desse
fármaco. A quinidina também pode ter sua absorção
diminuída quando for administrada concomitantemente
com suspensão contendo caulim e pectina. Nesse caso,
acredita-se que o principal responsável seja o caulim,
embora a pectina aumente a eficiência do fenômeno de
adsorção do fármaco. A amoxicilina tem sua velocidade
de absorção alterada, sendo, quantitativamente,
absorvida em menor grau quando administrada
juntamente com pectinas.
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POLISSACARÍDEOS
 Embora as interações entre polissacarídeos e
outros fármacos não sejam poucas e, em alguns
casos, dotadas de certo significado terapêutico,
a maior parte delas, por envolverem processos
de adsorção, pode ser evitada através da
ingestão intercalada dos medicamentos e dos
polissacarídeos. Em alguns outros casos, como
por exemplo, com a digoxina, a substituição da
forma farmacêutica pode diminuir esse efeito
dos polissacarídeos. A redução de 6 a 7% na
absorção de digoxina em cápsulas é menor do
que aquela relatada para comprimidos.

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