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A fascinação como sintoma da evolução.

A palavra fascinação geralmente é utilizada para falar de


sedução ou de atração. Por sua vez, o termo atrair quer
dizer puxar para si e também fascinar ou seduzir. Já
temos aí uma idéia a respeito do que ocorre conosco
quando nos sentimos fascinados. Vamos de um
pensamento para outro repassando-os vezes incontáveis,
ficando cada vez mais enredados nas mesmas idéias.

O Livro dos Médiuns aponta a fascinação como uma das


formas clássicas de obsessão, explicando que “trata-se de
uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no
pensamento do médium”, deixando claro uma
interferência de fora para dentro, distorcendo os

caminhos da mente.

No sentido psicológico quando uma pessoa está


fascinada, trata-se de uma admiração, encantamento,
êxtase, um interesse desmedido por uma pessoa ou pelo

objeto de fascinação. Pode ser pela sua aparência física,


traços, cor da pele, inteligência e outras características,
como também por qualidades ou perfil da personalidade
que ela apresente.
Mas, por quê nos sentimos fascinados? Temos alguma

responsabilidade nisso?

Não há dúvida de que somos responsáveis pela nossa


fascinação. Sócrates pode ter sido implacável com a
afirmação “o que não temos, o que não somos, o que
nos falta, eis os objetos do desejo e do amor”, porém
traz sobre a consciência de cada um a responsabilidade e
a conseqüência dos nossos atos. Se sofremos pelo que
nos falta, disso resulta que vamos querer aquilo que não
possuímos. Incomoda muito perceber que alguém possui

o que nos falta. Por isso, queremos para nós também o


que vemos no outro.

Procurando fazer uma síntese do que nos explica o Livro

dos Médiuns e o que a Psicologia nos ensina a respeito


do comportamento humano, quando ficamos fascinados
ou atraídos por algo ou alguém, quer dizer que estamos
vulneráveis e desejosos para suprir a falta da qualidade
que vemos na outra pessoa e que nos causa fascinação.
Entendendo as conseqüências da fascinação na dimensão
espiritual, podemos dizer que, sem grande esforço por
parte dos espíritos que nos assediam, será fácil causar a
influência, uma vez que, emocionalmente já estamos

sensibilizados e nos tornamos frágeis por idéias que nos


fazem querer os objetos de desejo. É isso que chamamos
de estar propenso, predisposto ou inclinado a fazer
alguma coisa.

Então quer dizer que somos imaturos como crianças,


queremos justamente o que não temos?

Não é tão simples assim. O que nos falta, é exatamente o


que nos atrai impulsionando-nos para a frente. Podemos
dizer que vivemos perseguindo satisfazer pequenas
ilusões. Enquanto vivemos, sofremos e nos esforçamos
buscando realizar e esperar conquistas nas nossas vidas,
temos oportunidades para que as verdadeiras

transformações íntimas possam acontecer nessa


trajetória. Progredir é legítimo e harmoniza-se com a lei
natural do progresso. Por exemplo, quando você faz um
enorme esforço para adquirir um bem muito desejado
através de um plano de pagamento a prestações, está ao
mesmo tempo, correndo atrás de uma ilusão, porque os
bens materiais não vão embora conosco, e passando por
experiências que ajudam a moldar e aprimorar o Espírito.
Afinal de contas é preciso paciência, tenacidade,

honestidade e outras qualidades para que sejamos


capazes de manter as nossas dívidas em dia e desfrutar
do conforto e alegria proporcionada pelos bens
adquiridos visando satisfazer nossas ambições. Muitas
coisas que desejamos possuir são apenas meios para o

nosso aprimoramento. O que nos modifica não é o que


conquistamos mas é a luta e perseverança em chegar ao
objetivo.

Sendo práticos e menos filosóficos, por quê somos

possuídos pelas ilusões ?

Antes de mais nada é uma coisa muito fácil de deixar


acontecer. É confortável sentir-se e deixar-se atrair.

Atende aos desejos, à imaginação, à criatividade, à


fantasia e uma enorme demanda de satisfação de
necessidades e prazer que possuímos. O ser humano é
propenso ao prazer das recompensas. Sentimo-nos
atraídos e cedemos muito fácil às tentações. Nisso
pautamos a nossa vida. Como apanhar laranjas no pomar
quando nem o dono e nem o seu cão de guarda estão
por perto. Atraentes e atraídos somos todos. São forças
que se complementam dentro de nós compondo a nossa

maneira de ser e de agir. Uma pseudo felicidade nos


invade todas as vezes que encontramos afinidades com
as pessoas. Sentimo-nos interessados e facilmente
atraídos para ouvir dizer que estamos certos, aprovados
na maneira de pensar e até mesmo queridos e amados.

Na realidade, o ser humano é o mais carente de todos os


seres. Pesa sobre os humanos porém, a inteligência,
maior que dos animais, como atribuição ética, a realidade
do viver consciente das suas carências. Essa condição de
seres éticos, atrai também a angústia e a ansiedade que,

muitas vezes, podem nos causar culpas e dúvidas


surgidas das nossas ações.

Mas é conflituoso gostar e não poder fazer . . . Além


disso causa muitas culpas . . .

Conflituoso é mesmo. Quanto às culpas é a nossa


herança do que aprendemos a respeito de que quem
erra merece ser castigado, em certos casos eternamente.
Esta compreensão perde a validade com a Doutrina
Espírita. Não há inferno futuro, a não ser o que já está
presente nas culpas pelo que ainda não realizamos
conforme o que nós mesmos achamos certo e justo. Já

falamos do ser ético que somos. Daí nos tornamos


ansiosos e angustiados. O Espírito vivente que se
aperfeiçoa sempre, é, por assim dizer, em escala reduzida,
um exemplo prático das Leis de Deus em funcionamento.
Para sermos sábios, buscamos ser virtuosos. Assim

promovemos em nossas vidas a ordem, a harmonia e o


equilíbrio. A virtude também é uma purificação, através
da qual o ser humano, esse Espírito em desenvolvimento,
aprende a desprender-se do corpo, com tudo o que ele
tem de terreno, da condição de matéria densa que se

transforma, para estar em busca do Sumo Bem, através


da prática das virtudes como a coisa mais preciosa que
podemos fazer. Estamos assim, ao buscar a virtude,
imitando Deus para conseguir assimilar Deus em nossa
compreensão da trajetória eterna da vida. Ser virtuoso é
a necessidade que o Espírito humano tem de

manutenção e desenvolvimento. O Espírito não se torna


virtuoso e pronto. A virtude tem que surgir como história
desse Ser. É a condição virtuosa do ser humano que vai
fazer de nós seres excelentes, isto é, os Espíritos que,
uma vez criados simples e ignorantes, cumprem a sua
finalidade de serem perfeitos. Para Aristóteles a virtude

deve ser adquirida e duradoura e, enquanto vivemos


nesta dimensão planetária, buscando o equilíbrio,
cumprimos a condição de humanização. Saímos da
condição de hominídeos, isto é, de projetos de homens e
mulheres, para atingir a humanização. A virtude pois, é

uma disposição adquirida de fazer o bem. É o esforço


para se portar bem. Esses esforços constituem os nossos
valores morais. Pode ser explicada como uma disposição
de coração, de natureza ou de caráter de uma pessoa.
Um provérbio, para terminar no mesmo tom que

começamos, diz assim “ainda que enterrem a verdade,


não sepultem a virtude”.

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