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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

Fábio Kenji Suguimoto

Análise Experimental do Escoamento


Líquido-Líquido

CAMPINAS
2016
Agradecimentos

A Deus.

Aos meus pais Yoshiaki e Mirtes, minhas irmãs Flávia e Renata e ao meu amor Amanda
por sempre estarem ao meu lado.

Aos técnicos Alcimar e Adriano que proporcionaram a realização desse trabalho e


principalmente pela amizade construída durante esses anos.

Aos novos amigos que fiz durante minha passagem por Campinas.

Ao meu orientador Ricardo Augusto Mazza por todo o ensinamento e dedicação.

A Petrobras, pelo apoio financeiro no desenvolvimento deste trabalho.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.


Resumo

O interesse nos estudos do escoamento bifásico líquido-líquido aumentou recentemente,


principalmente devido as aplicações na indústria petroquímica, onde esse tipo de escoamento
ocorre comumente no transporte de óleo e água. Neste trabalho foi analisado o escoamento
bifásico de água e querosene em laboratório, visando a obtenção de novos dados experimentais
além de um melhor entendimento do escoamento líquido-líquido. O aparato possui três seções
de testes: uma vertical, uma horizontal e uma transição vertical-horizontal (curva). A linha de
teste é construída inteiramente de acrílico e possui diâmetro de 0,026 m. Foram determinados
os padrões de escoamento da linha vertical e horizontal utilizando técnicas de visualização e da
sonda de impedância local. Os mapas de padrões identificados foram comparados com os mapas
da literatura. As frações de líquido foram determinadas por meio de duas técnicas de medições
diferentes: a primeira utilizando a técnica gravimétrica, na qual os fluidos são aprisionados por
válvulas de fechamento rápido e a segunda por intermédio de uma sonda de impedância local,
utilizada para determinar o perfil de fração de líquido do escoamento. Os gradientes de pressão
foram capturados por transdutores de pressão diferencial nas três seções e ainda uma análise da
inversão de fase foi realizada. Os resultados das frações de líquido e dos gradientes de pressão
foram comparados com modelos unidimensionais. Um estudo qualitativo do escoamento na
curva, por meio de visualização, foi realizado para analisar como esse escoamento pode
interferir no escoamento vertical e horizontal. Por fim, analisou-se um tipo de escoamento
transiente na linha vertical, utilizando visualização e uma sonda de impedância de haste.

Palavras-chave: escoamento bifásico, mapas de padrões de escoamento, fração de líquido,


gradientes de pressão, inversão de fase e escoamento transiente.
Abstract

The study of the liquid-liquid two-phase flow has increased recently, mainly due to the
interest of the petrochemical industry, where this type of flow commonly occurs in the transport
of oil and water. In this work is analyzed the two-phase flow of water and kerosene, in order to
obtain new experimental data and a better understanding of liquid-liquid flow. The apparatus
has three test sections, one vertical, one horizontal and one transition of vertical to horizontal
(curve). The test section is constructed entirely of acrylic and has a diameter of 0.026 m. The
flow patterns were determined for the vertical and horizontal line using images and the local
impedance probe. The flow patterns maps were compared with maps of literature. The holdup
was determined with two different measurement techniques. The first was using the gravimetric
technique, where fluids are trapped by closing valves. The second is by a local impedance probe
used to determine the holdup profile. Pressure gradients were captured by differential pressure
transducers for the three sections, and an analysis of the phase inversion was performed. The
results of pressure gradients were compared with one-dimensional models. A qualitative study
of flow on the curve, through visualization, was conducted to analyze how this flow may
interfere with the vertical and horizontal flow. Finally, a type of transient flow in a vertical line
was analyzed using visualization and a rod impedance probe.

Keywords: two-phase flow, flow patterns maps, liquid holdup, pressure gradients, phase
inversion and transient flow.
Lista de Figuras

Figura 2.1. Padrões de um escoamento líquido-líquido vertical ascendente. Fonte: Govier et al.
(1961) ....................................................................................................................................... 33
Figura 2.2. Padrões de escoamento em um escoamento líquido-líquido horizontal. Fonte:
Trallero et al. (1997) ................................................................................................................. 36
Figura 2.3. Padrões de um escoamento líquido-líquido horizontal em um duto de 0,026 m de
diâmetro. Fonte: Sunder Raj et al. (2005) ................................................................................ 38
Figura 2.4. Padrões de um escoamento água-querosene em um duto horizontal de diâmetro
0,012 m (esquerda) e 0,025 m (direita). Estratificado suave (SS), estratificado ondular (SW),
plug (P), pistonado (S), três camadas (TL), rivulet (R), agitado (C) e dispersão de óleo em água
(DO/W). Fonte: Mandal et al. (2007). ........................................................................................ 40
Figura 2.5. Gradiente de pressão relativa variando com a fração de água. Pico de máxima
pressão determinando o ponto de inversão de fase. Fonte: Angeli e Hewitt (1998). ............... 46
Figura 3.1. Desenho esquemático do aparato experimental. .................................................... 50
Figura 3.2. Linha de suprimento............................................................................................... 52
Figura 3.3. (a) Desenho esquemático do misturador do tipo T; (b) misturador do tipo T instalado
na linha. .................................................................................................................................... 53
Figura 3.4. Desenho esquemático do separador. ...................................................................... 56
Figura 3.5. Separador de água e querosene instalado na linha. ................................................ 57
Figura 3.6. Tela do programa do supervisório para o controle do aparato experimental
(Labview 2011). ....................................................................................................................... 58
Figura 3.7. Tela do programa de aquisição de dados (Labview 2011). .................................... 59
Figura 3.8. Velocidade superficial em função da rotação para a bomba HD 20 C. ................. 62
Figura 3.9. Placa de orifício utilizada para a medição da vazão da bomba WHT 32/F ........... 63
Figura 3.10. Desenho esquemático da placa de orifício. .......................................................... 63
Figura 3.11. Velocidade superficial em função da raiz da diferença de pressão para a água e
querosene. ................................................................................................................................. 64
Figura 3.12. Calibração dos transdutores de pressão usados nas placas de orifício. ................ 66
Figura 3.13. Calibração dos transdutores de pressão usados nos trechos vertical, horizontal e
curva ......................................................................................................................................... 66
Figura 4.1. Desenho esquemático do dispositivo para medição de fração de líquido média (α)
no duto vertical. ........................................................................................................................ 68
Figura 4.2. Desenho esquemático da separação dos fluidos aprisionados no duto horizontal. 69
Figura 4.3. Desenho esquemático da área de seção transversal do duto para os fluidos separados.
.................................................................................................................................................. 70
Figura 4.4. Sonda de impedância local posicionada na seção vertical. .................................... 74
Figura 4.5. Posição dos pontos de medição da sonda de impedância local na seção transversal
do duto. ..................................................................................................................................... 75
Figura 4.6. Sinal obtido da sonda de impedância local posicionada no centro do duto no
escoamento vertical para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s. ............................................................. 76
Figura 4.7. Sinal normalizado da Figura 4.6. ........................................................................... 77
Figura 4.8. Sinal normalizado com fator de corte de 0,7.......................................................... 77
Figura 4.9. Sinal discreto da sonda elétrica. ............................................................................. 78
Figura 4.10. Perfil de fração de querosene local para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s. .................. 79
Figura 4.11. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha vertical. ......................................................................................................... 79
Figura 4.12. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha horizontal. ..................................................................................................... 80
Figura 4.13. Seção de visualização posicionada na linha vertical. ........................................... 83
Figura 4.14. Comprimentos das seções anteriores e posteriores a curva. ................................ 84
Figura 4.15. Desenho esquemático da sonda de impedância de haste. .................................... 87
Figura 4.16. Sonda de impedância de haste instalada na linha vertical.................................... 87
Figura 4.17. Sinal da sonda de impedância de haste ao longo do tempo para o duto preenchido
com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s. .............................................................. 88
Figura 4.18. Sinal da sonda de impedância de haste processada ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s............................................. 88
Figura 5.1. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases separadas
na vertical. ................................................................................................................................ 93
Figura 5.2. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases separadas
na horizontal. ............................................................................................................................ 95
Figura 6.1. Padrões de escoamento na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho; Disperso
(D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular (CA) -
rosa. ........................................................................................................................................ 103
Figura 6.2. Perfil de fração de querosene na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho;
Disperso (D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular
(CA) - rosa. ............................................................................................................................. 104
Figura 6.3. Comparação do mapa de padrões de escoamento obtido neste trabalho com o mapa
de Jana et al. (2006) para a linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de
Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ................................................................................ 108
Figura 6.4. Fração de querosene média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. .................................................................... 109
Figura 6.5. Fração de querosene local média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. .................................................................... 110
Figura 6.6. Comparação entre as frações de querosene média e as frações de querosene locais
médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas
(EWD); Anular (CA). ............................................................................................................ 112
Figura 6.7. Comparação entre as frações volumétricas de injeção de querosene e as frações de
querosene médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA). .......................................................................................... 112
Figura 6.8. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas
de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ............................................................................ 113
Figura 6.9. Parâmetro de distribuição em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 114
Figura 6.10. Velocidade de deslizamento em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 114
Figura 6.11. Razão da velocidade superficial de querosene e a fração de querosene média em
função da velocidade de mistura para cada padrão da linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D);
Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ......................................... 115
Figura 6.12. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT);
Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ................................................................. 117
Figura 6.13. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento no padrão bolhas (B) na linha vertical. ..................... 117
Figura 6.14. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento no padrão agitado (CT) na linha vertical. ................ 118
Figura 6.15. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de fases separadas no padrão anular (CA) na linha vertical................ 118
Figura 6.16. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros determinados
pelo Método I. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 119
Figura 6.17. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros determinados
pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 120
Figura 6.18. Número de Froude modificado para as velocidades superficiais de água e
querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s. ................................................................................... 123
Figura 6.19. Padrões de escoamento na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em água e
água (Do/w&w) - preto; estratificado com mistura na interface (ST&MI) - vermelho; emulsão
de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água em óleo
e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde. ............................................................. 131
Figura 6.20. Perfis da fração de querosene na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em
água e água (Do/w&w) - preto; estratificado com mistura na interface (ST&MI) - vermelho;
emulsão de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água
em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde. ............................................... 132
Figura 6.21. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento com o de
Trallero (1997) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 135
Figura 6.22. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento com o de
Mandal et al. (2007) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 136
Figura 6.23. Fração de querosene média em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ....................................................... 141
Figura 6.24. Imagem da formação de bolsões de querosene com o escoamento aprisionado na
linha horizontal. ...................................................................................................................... 141
Figura 6.25. Fração de querosene local média em função da velocidade superficial de querosene
para cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ............................................... 142
Figura 6.26. Comparação entre a fração de querosene média e a fração de querosene local média
na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 143
Figura 6.27. Comparação entre a fração volumétrica de injeção de querosene e a fração de
querosene local média na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 143
Figura 6.28. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ....................................................... 144
Figura 6.29. Parâmetro de distribuição em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 145
Figura 6.30. Velocidade de deslizamento em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 145
Figura 6.31. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a frações
de querosene obtidas pelo modelo homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água
e água (Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo
(w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 147
Figura 6.32. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de fases separadas. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 148
Figura 6.33. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com parâmetros
determinados pelo Método I. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w);
dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................. 149
Figura 7.1. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical ..................................................................... 151
Figura 7.2. Gradiente pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha horizontal. ................................................................ 152
Figura 7.3. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água no conjunto vertical+curva+horizontal. ................................ 153
Figura 7.4. Queda de pressão na curva em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água. ...................................................................................... 154
Figura 7.5. Imagens do escoamento na curva para JW = 0,8 m/s e JK = 0,4 e 0,6 m/s............ 155
Figura 7.6. Comparação entre os fatores de atrito monofásicos da água e do querosene medidos
e calculados pela equação de Blasius. .................................................................................... 156
Figura 7.7. Comparação entre os fatores de atrito bifásicos medidos e calculados pela equação
de Blasius. ............................................................................................................................... 157
Figura 7.8. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo modelo
homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA). .......................................................................................... 158
Figura 7.9. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo modelo
de deslizamento (bolhas) na linha vertical. Bolhas (B). ......................................................... 159
Figura 7.10. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo
modelo de deslizamento (agitado) na linha vertical. Agitado (CT). ...................................... 160
Figura 7.11. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo
modelo separado na linha vertical. Anular (CA). ................................................................... 160
Figura 7.12. Comparação entre os gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado
(CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ....................................................... 161
Figura 7.13. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado
com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). ................... 163
Figura 7.14. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
separado na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 163
Figura 7.15. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 164
Figura 7.16. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha vertical.
................................................................................................................................................ 166
Figura 7.17. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha vertical. ............................................... 166
Figura 7.18. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha horizontal.
................................................................................................................................................ 167
Figura 7.19. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha horizontal. .......................................... 167
Figura 8.1. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s............................................. 171
Figura 8.2. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s. ........................................... 172
Figura 8.3. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s........................................... 172
Figura 8.4. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s. ......................................... 173
Figura 8.5. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s........................................... 173
Figura 8.6. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s. ......................................... 174
Figura 8.7. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s............................................. 177
Figura 8.8. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s. ........................................... 177
Figura 8.9. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s........................................... 178
Figura 8.10. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s. ......................................... 178
Figura 8.11. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s........................................... 179
Figura 8.12. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s. ......................................... 179
Figura B.1. Padrões de escoamento para a linha vertical. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica. ............................................................................................ 199
Figura B.2. Padrões de escoamento para a linha horizontal. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica ............................................................................................. 200
Figura B.3.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e JK
= 0,1; 0,2 e 0,4 m/s ................................................................................................................. 201
Figura B.4.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e JK
= 0,6; 0,8 e 1,0 m/s ................................................................................................................. 201
Figura B.5.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e JK
= 0,1; 0,2 e 0,4 m/s ................................................................................................................. 202
Figura B.6.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e JK
= 0,6; 0,8 e 1,0 m/s ................................................................................................................. 202
Lista de Tabelas

Tabela 3.1. Propriedades dos fluidos de teste. .......................................................................... 51


Tabela 3.2. Coeficientes A e B da equação de ajuste linear das bombas da linha de suprimento
e o coeficiente de correlação (R). ............................................................................................. 62
Tabela 3.3. Coeficientes B da equação de ajuste linear das placas de orifício e o coeficiente de
correlação (R). .......................................................................................................................... 65
Tabela 4.1. Etapas do processo construtivo da sonda de impedância local. Fonte: Guerra (2010).
.................................................................................................................................................. 72
Tabela 5.1. Parâmetros geométricos para o modelo de fases separadas na vertical. ................ 93
Tabela 5.2. Parâmetros geométricos para o modelo de fases separadas na horizontal............. 95
Tabela 6.1. Comparação entre as imagens e o perfil de fração de querosene local no escoamento
vertical. ................................................................................................................................... 107
Tabela 6.2. Parâmetro de distribuição e velocidade de deslizamento determinados pelos
Métodos I e II para o escoamento vertical. ............................................................................. 115
Tabela 6.3. Comparação entre as imagens da linha vertical e da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais. .............................................................................. 121
Tabela 6.4. Número de Froude, velocidade in situ e fração de querosene de todas as velocidades
superficiais testadas. Números em vermelho são valores de Froude maiores que 1. ............. 125
Tabela 6.5. Comparação entre os números de Froude e as imagens da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais. .............................................................................. 126
Tabela 6.6. Imagens da curva para algumas combinações de velocidades superficiais para
número de Froude ente -1 e 1. ................................................................................................ 127
Tabela 6.7. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene para o escoamento
horizontal. ............................................................................................................................... 134
Tabela 6.8. Comparação entre as imagens do escoamento horizontal e o escoamento na curva
para os padrões Do/w&w e o/w. ............................................................................................ 138
Tabela 6.9. Comparação entre as imagens do escoamento horizontal e o escoamento na curva
para os padrões ST&MI, w/o e Dw/o&Do/w. ....................................................................... 139
Tabela 6.10. Parâmetro de distribuição e velocidade de deslizamento determinados pelo Método
I para o escoamento horizontal. .............................................................................................. 146
Tabela 7.1. Incertezas das medidas experimentais para a queda de pressão na curva. .......... 154
Tabela 8.1. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,2 m/s. ........................................................................................................... 169
Tabela 8.2. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,45 m/s. ......................................................................................................... 170
Tabela 8.3. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,65 m/s. ......................................................................................................... 170
Tabela 8.4. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades na
injeção padrão. ........................................................................................................................ 174
Tabela 8.5. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,2 m/s. ........................................................................................................... 175
Tabela 8.6. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,45 m/s. ......................................................................................................... 176
Tabela 8.7. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,65 m/s. ......................................................................................................... 176
Tabela 8.8. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades na
injeção invertida. .................................................................................................................... 180
Tabela A.1. Menor escala dos instrumentos utilizados nas medições. ................................... 191
Tabela A.2. Incerteza dos instrumentos utilizados nas medidas das densidades e viscosidades
dos fluidos. ............................................................................................................................. 192
Tabela A.3. Incertezas relativas máximas de todas as variáveis utilizadas no experimento. . 196
Tabela A.4. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha vertical para cada
combinação de velocidades superficiais. ................................................................................ 196
Tabela A.5. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha horizontal para
cada combinação de velocidades superficiais. ....................................................................... 196
Tabela A.6. Incertezas relativas (%) da perda de pressão na curva para cada combinação de
velocidades superficiais. ......................................................................................................... 197
Tabela B.1. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,1 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.. ............................................................. 203
Tabela B.2. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/. ................................................................ 204
Tabela B.3. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s ............................................................... 205
Tabela B.4. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,6 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s. .............................................................. 206
Tabela B.5. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,8 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s. .............................................................. 207
Tabela B.6. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 1,0 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.. ............................................................. 208
Tabela B.7. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha horizontal
para JW = 0,1 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.. ............................................................. 209
Tabela B.8. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha horizontal
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/. ................................................................ 210
Tabela B.9. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha horizontal
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s ............................................................... 211
Tabela B.10. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha
horizontal para JW = 0,6 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s. ............................................. 212
Tabela B.11. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha
horizontal para JW = 0,8 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s. ............................................. 213
Tabela B.12. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha
horizontal para JW = 1,0 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.. ............................................ 214
Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras Latinas

A – área do duto [m2]


C – fração volumétrica de injeção [-]
Cf – fator de atrito de Fanning [-]
C0 – parâmetro de distribuição [-]
D – diâmetro do duto [m]
Dh – diâmetro hidráulico [m]
Fr – número de Froude modificado [-]
FC – força centrípeta [N]
Fg – força gravitacional [N]
g – aceleração da gravidade [m/s2]
h – altura não lida pelo transdutor [m]
Δh – diferença de altura entre as tomadas de pressão [m]
H – altura [m]
J – velocidade superficial [m/s]
JKW e JWK – fluxo de deslizamento [m/s]
L – comprimento da linha [m]
m – massa [kg]
n – número de pontos da sonda [-]
N – número total de pontos da sonda [-]
p – pressão [Pa]
dp – diferença de pressão [Pa]
dpf – queda de pressão devido ao atrito [Pa]
(dp/dz) – gradiente de pressão [Pa/m]
Q – vazão volumétrica [m3/s]
rc – raio da curva [m]
R – raio do duto [m]
Re – número de Reynolds [-]
s – deslizamento [-]
S – perímetro [m]
t – tempo [s]
U – tensão [V]
uC – velocidade na linha de centro [m/s]
v – velocidade in situ [m/s]
vM – velocidade de mistura [m/s]
vKW e vWK – velocidade relativa [m/s]
vDW e vDK – velocidade de deslizamento [m/s]
V – volume [m3]
U* - tensão normalizada [-]
W – fluxo de massa [kg/s]

Letras gregas

α – fração de líquido média [-]


α’ – fração de líquido local [-]
β – ângulo entre a horizontal e a posição do fluido na curva [rad]
θ – ângulo de inclinação do duto [rad]
λ – ângulo interno da interface [rad]
μ – viscosidade dinâmica [N.s/m2]
ν – viscosidade cinemática [m2/s]
ρ – densidade [kg/m3]
σ – tensão interfacial [N/m]
τ – tensão de cisalhamento [Pa]
Ω – rotação [RPM]

Subscritos

A – aceleração
F – fricção
g – gás
G – gravitacional
h – horizontal
i – interface
K – querosene
L – líquido
M – mistura
T – total
v – vertical
W – água
max – máximo
min – mínimo

Siglas

2PFG – Two-phase flow group


Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 25

1.1 Objetivos .................................................................................................................... 27

1.2 Organização do trabalho ............................................................................................ 27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 29

2.1 Introdução ao Escoamento Bifásico Líquido-Líquido ............................................... 29

2.2 Primeiros Trabalho em Escoamento Líquido-Líquido .............................................. 32

2.3 Escoamento Vertical .................................................................................................. 33

2.4 Escoamento Horizontal .............................................................................................. 35

2.5 Escoamento em Curva ............................................................................................... 41

2.6 Queda de Pressão ....................................................................................................... 44

2.7 Inversão de Fase ......................................................................................................... 45

2.8 Modelagem Unidimensional ...................................................................................... 47

3 APARATO EXPERIMENTAL........................................................................................ 49

3.1 Descrição do aparato .................................................................................................. 49

3.2 Supervisório de Controle ........................................................................................... 57

3.3 Módulo de Aquisição de Dados ................................................................................. 58

3.4 Calibração de Equipamentos e Instrumentos ............................................................. 60

3.4.1 Calibração da Medição de Vazão ....................................................................... 60

3.4.2 Calibração do Medidor de Pressão ..................................................................... 65

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................... 67

4.1 Método de Medição de Fração de Líquido Média (α) ............................................... 67

4.2 Método de Medição do Perfil de Fração de Líquido Local (α’) e da Fração de Líquido
Local Média (<α’>) .............................................................................................................. 71

4.3 Determinação do Parâmetro de Distribuição e da Velocidade de Deslizamento ...... 80

4.4 Determinação dos Padrões de Escoamento................................................................ 82

4.5 Determinação do Gradiente de Pressão ..................................................................... 83


4.6 Determinação da Inversão de Fase ............................................................................ 85

4.7 Escoamento Transiente Vertical ................................................................................ 86

5 MODELAGEM UNIDIMENSIONAL DO ESCOAMENTO BIFÁSICO ...................... 89

5.1 Modelo de Fases Separadas ....................................................................................... 90

5.2 Modelo Homogêneo .................................................................................................. 96

5.3 Modelo de Deslizamento (Drift-Flux) ....................................................................... 97

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO - PADRÕES DE ESCOAMENTO E FRAÇÃO DE


LÍQUIDO ............................................................................................................................... 100

6.1 Análise do Escoamento na Linha Vertical ............................................................... 100

6.1.1 Padrões de Escoamento .................................................................................... 100

6.1.2 Comparação com o Mapas de Padrão de Escoamento de Jana et al. (2006).... 106

6.1.3 Fração de Líquido ............................................................................................. 109

6.1.4 Comparação da Fração de Líquido Média com Modelos Teóricos .................. 116

6.2 Análise do Escoamento na Curva ............................................................................ 120

6.2.1 Efeito Centrifuga x Gravitacional..................................................................... 122

6.3 Análise do Escoamento na Linha Horizontal........................................................... 127

6.3.1 Comparação com outros Mapas de Padrão de Escoamento ............................. 133

6.3.2 Influência da Transição Vertical-Horizontal no Padrão de Escoamento na Linha


Horizontal ....................................................................................................................... 136

6.3.3 Fração de Líquido ............................................................................................. 140

6.3.4 Comparação da Fração de Líquido Local Média com Modelos Teóricos ........ 146

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO – GRADIENTE DE PRESSÃO E INVERSÃO DE


FASE ...................................................................................................................................... 150

7.1 Gradiente de Pressão ................................................................................................ 150

7.2 Fator de Atrito .......................................................................................................... 155

7.3 Comparação do Gradiente de Pressão com Modelos Teóricos ................................ 157

7.4 Inversão de fase ....................................................................................................... 164

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO - ESCOAMENTO TRANSIENTE VERTICAL ...... 168


8.1 Análise da Injeção Padrão........................................................................................ 168

8.2 Análise Injeção Invertida ......................................................................................... 175

9 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 181

Referências..............................................................................................................................186

APÊNDICE A – ANÁLISE DE INCERTEZA ...................................................................... 191

APÊNDICE B – RESULTADOS ADICIONAIS .................................................................. 198


25

1 INTRODUÇÃO

Escoamentos multifásicos ocorrem com frequência em várias aplicações industriais


como caldeiras, condensadores, evaporadores e outras. Esse tipo de escoamento ocorre quando
duas ou mais fases escoam simultaneamente. As fases podem ser sólidas, líquidas ou gasosas e
são separadas por uma interface. O escoamento bifásico ao longo de um duto, quando apenas
duas fases escoam, pode ser classificado como: (1) gás-líquido, (2) líquido-líquido, (3) gás-
sólido e (4) líquido-sólido. A maioria dos trabalhos realizados e documentados na literatura
analisam o escoamento gás-líquido. O entendimento sobre o escoamento líquido-líquido é
pequeno quando comparado ao escoamento gás-líquido. Escoamentos de fase iguais, como
líquido-líquido são considerados bifásicos quando as fases são imiscíveis. Esse tipo de
escoamento ocorre normalmente nas indústrias de petróleo e química além de processos
alimentícios e farmacêuticos.
No escoamento líquido-líquido, durante a interação dos dois fluidos, a interface
deformável que separa as duas fases pode assumir várias formas características que são
denominadas padrões de escoamento. Em escoamentos bifásicos os padrões variam de acordo
com parâmetros tais como: diâmetro e orientação do duto, as velocidades e frações volumétricas
de cada fase, além das propriedades físicas dos fluidos, tais como densidade e viscosidade. Para
o escoamento líquido-líquido, a molhabilidade do duto, bem como o processo de injeção
também influenciam os padrões.
O material do tubo pode influenciar diretamente na formação dos padrões, dependendo
do material (oleofilico-hidrofóbico ou oleofóbico-hidrofilico) as configurações dos padrões
podem ser alteradas. Nesse trabalho não será realizado o estudo sobre molhabilidade devido à
dificuldade da mudança de material na linha experimental. A linha é construída de acrílico,
material oleofílico-hidrofóbico, devido a necessidade de visualização do escoamento. Outro
fator importante na formação dos padrões é o processo de injeção. Apenas um tipo de injetor é
utilizado, sendo que esse injetor foi determinado mediante a análise do trabalho de
Mandal et al. (2007), como descrito no Capítulo 2.
A determinação dos padrões pode ser realizada experimentalmente por meio de técnicas
de visualização e técnicas de medições de propriedades físicas dos fluidos. Os padrões são
normalmente apresentados na forma de mapas, que podem ser representados de diferentes
formas, sendo as mais usuais aquelas que utilizam os eixos para representar as velocidades
26

superficiais de cada fase. Em escoamento líquido-líquido são poucos os trabalhos na


determinação de mapas de padrões devido a maior dificuldade na visualização, principalmente
em altas velocidades. Portanto, é necessária uma melhor caracterização dos padrões em
escoamento líquido-líquido. Uma das abordagens do trabalho é a determinação de padrões de
escoamento na vertical, onde apenas um mapa de padrão foi identificado na literatura.
Escoamentos horizontais de dois líquidos são encontrados em maior quantidade. Então uma
modificação em relação aos trabalhos de escoamento horizontal é proposta, sendo que a linha
horizontal se encontra após a passagem dos fluidos por uma curva de 90º.
Distinguir cada padrão com precisão é importante, uma vez que há modelos específicos
e ajustados para cada padrão. É realizada uma revisão dos modelos unidimensionais utilizados
na determinação das frações volumétricas e dos gradientes de pressão. Assim, espera-se
determinar quais modelos são melhores aplicados aos casos estudados.
Outro fator que influi diretamente nos padrões são as frações de líquido. Essas frações
podem variar com as frações de injeção dos fluidos e com o deslizamento entre as fases, onde
o deslizamento pode modificar de acordo com os padrões. As frações podem ser determinadas
experimentalmente e algumas técnicas são conhecidas, como a gravimétrica ou por sondas de
medições. Essas técnicas são empregadas e comparadas, no qual espera-se determinar as
diferenças e dificuldades encontradas para cada técnica.
Outra característica específica do escoamento bifásico é o gradiente de pressão. A
determinação do gradiente de pressão em um escoamento líquido-líquido possui maior
complexidade se comparada a um escoamento monofásico devido à interação dos dois fluidos.
Portanto, o gradiente de pressão não é apenas função da vazão volumétrica e das propriedades
dos fluidos e do duto, mas também dos padrões e da proporção de cada fluido na região medida.
A molhabilidade é outro importante fator na determinação dos gradientes de pressão. Devido
ao material influenciar a atração de um determinado fluido para a parede do duto, quando essa
atração é com o fluido de maior viscosidade, a tendência é que os gradientes de pressão
aumentem. Para o fluido de menor viscosidade os gradientes tentem a diminuir. Assim, pelo
método core-flow, injeta-se um fluido, geralmente água, com o objetivo de forma um filme de
água ao redor do fluido de maior viscosidade, diminuindo o atrito do fluido com a parede.
Em alguns padrões de escoamento bifásico uma fase age como o meio contínuo que
envolve a outra fase, chamada de dispersa. A fase dispersa normalmente está associada à de
menor vazão e, com o seu aumento, há a transição para um novo padrão. Esse é o
comportamento típico do escoamento líquido-gás, mas não é o caso do escoamento líquido-
27

líquido. Em um escoamento líquido-líquido, quando há o aumento significativo da vazão do


líquido que se apresenta como gotas dispersas, esse passa a ser a fase contínua e o outro passa
a ser dispersa. Esse fenômeno é denominado de inversão de fase e pode estar associado a uma
elevação ou diminuição repentina da pressão. Desta forma a determinação desse ponto é de
grande importância.

1.1 Objetivos

Estudar o escoamento bifásico líquido-líquido de uma mistura água-querosene nas


posições: vertical ascendente, horizontal e em uma curva de 90º ascendente. O estudo é
realizado apor meio de um aparato experimental na qual é possível obter as frações de líquido,
gradientes de pressão, identificação dos padrões de escoamento, deslizamento entre as fases e
inversão de fase. Ainda é analisado um tipo de escoamento transiente. Esses dados são obtidos
das seguintes formas:
1. Construção e instrumentação do aparato experimental.
2. Determinação da fração de líquido para várias combinações de velocidade utilizando
a técnica de válvulas de fechamento rápido e sonda de impedância local.
3. Identificação dos padrões usando imagens e frações de líquido local para elaboração
de mapas de padrões de escoamento.
4. Determinação dos gradientes de pressão ao longo do duto.
5. Obtenção dos pontos de inversão de fase utilizando sinais de pressão .
6. Estudo do comportamento transiente na linha vertical utilizando câmera de alta
velocidade e um sensor de impedância de haste.

1.2 Organização do trabalho

O trabalho está organizado nos seguintes capítulos:


28

 Capítulo 2: Revisão bibliográfica dos trabalhos relacionados ao estudo de escoamento


bifásico líquido-líquido em dutos verticais, horizontais e curvas, além de trabalhos a
respeito de queda de pressão, inversão de fase e modelagem unidimensional.
 Capítulo 3: Descrição do aparato experimental, supervisório de controle, módulo de
aquisição de dados e calibração de equipamentos.
 Capítulo 4: Métodos de obtenção de dados experimentais realizados no trabalho.
 Capítulo 5: Especificação dos modelos unidimensionais utilizados para a comparação
com os dados experimentais.
 Capítulo 6: Identificação dos padrões de escoamento, comparação das frações
volumétricas de injeção, frações de líquido médias e frações de líquido local médias.
 Capítulo 7: Variação dos gradientes de pressão e inversão de fase.
 Capítulo 8: Estudos do escoamento transiente na linha vertical.
 Capítulo 9: Conclusões.
 Capítulo 10: Referências bibliográficas.
29

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é apresentada uma revisão da literatura sobre escoamentos bifásicos


líquido-líquido. O capítulo é divido em quatro partes principais. Nas duas primeiras seções são
apresentados os termos básicos utilizados nesses estudos e os primeiros trabalhos na área. Nas
seguintes seções são apresentadas as revisões sobre escoamentos líquido-líquido na vertical,
horizontal e em curva. Em seguida, as revisões de trabalho sobre queda de pressão e inversão
de fase e, por fim, uma revisão sobre modelagem de escoamentos unidimensionais líquido-
líquido.

2.1 Introdução ao Escoamento Bifásico Líquido-Líquido

Em escoamentos bifásicos a nomenclatura dos termos nem sempre é padronizada, e


geralmente diferentes autores utilizam formas próprias. Portanto, é importante definir como
será a nomenclatura utilizada neste trabalho.
A fração volumétrica de injeção de uma das fases (C) é a razão entre a vazão volumétrica
de injeção da fase (Q) e a vazão volumétrica de injeção das duas fases juntas. Para este trabalho
há duas frações volumétricas de injeção, definidas por:

QW QK
CW  CK  (2.1)
QW  QK QW  QK

nas quais os subscritos W e K1 representam, respectivamente, água e querosene.


A velocidade superficial (J) é a velocidade média que ocorreria se a fase estivesse
escoando sozinha ao longo do duto, sendo definida como:

QW QK
JW  JK  (2.2)
A A

1
No original em inglês Water e Kerosene
30

sendo A a área da seção transversal do duto.


A velocidade média real ou velocidade in situ (v) é definida como a razão entre a vazão
volumétrica de injeção de cada fase e a área que essa fase ocupa na seção transversal do duto.
A velocidade in situ sempre será maior do que a velocidade superficial para cada fase e é
determinada neste caso como:

QW QK
vW  vK  (2.3)
AW AK

sendo AW e AK as áreas de seção transversal do duto ocupadas, respectivamente, pela água e pelo
querosene.
Fração volumétrica in situ ou holdup (α) é definida como a razão entre o volume
ocupado pela fase em um determinado trecho do tubo e o volume total do tubo neste trecho.
Neste trabalho, as frações volumétricas in situ são definidas como:

VW VK
W  K  (2.4)
VW  VK VW  VK

sendo VW e VK os volumes nos trechos analisados, respectivamente, da água e querosene.


As velocidades in situ e a velocidade superficial de cada fase são relacionadas com a
fração volumétrica in situ por:

JW JK
vW  vK  (2.5)
W K

Velocidade de mistura (vM) é a velocidade média com que a mistura escoa na tubulação,
determinada a partir das vazões volumétricas como:

QW  QK
vM  (2.6)
A
ou pelas velocidades superficiais:

vM  J W  J K (2.7)
31

A velocidade relativa (vKW) entre as fases é definida como:

vKW  vK  vW   vWK (2.8)

As velocidades de deslizamento (vDW e vDK) ou drift velocity é dado pela diferença entre
a velocidade da fase e a velocidade de mistura.

vDW  vW  vM (2.9)

vDK  vK  vM (2.10)

Os fluxos de deslizamento (JKW ou JWK), ou drift flux, representam os fluxos


volumétricos de uma fase em relação ao movimento da interface a uma velocidade média e é
dado por:

J KW   K vW  vM  (2.11)

J WK  1   K vK  vM  (2.12)

Uma relação importante é a Lei Cinemática de Deslizamento dada pela razão entre a
velocidade superficial de cada fase e a fração desta fase (Zuber e Findlay, 1965):

JK
 C0v M  v DK (2.13)
K

na qual o parâmetro de distribuição C0 expressa a influência da distribuição das fases e a


velocidade de deslizamento vDK expressa a magnitude do movimento relativo entre as fases.
Esses parâmetros dependem do padrão de escoamento e podem ser determinados por
correlações experimentais ou por modelos mecanicistas.
Ainda existe o fenômeno de deslizamento das fases, que ocorre devido à diferença de
densidade e/ou viscosidade entre elas. Isso causa uma diferença entre a fração volumétrica de
32

injeção e a fração volumétrica in situ. A “razão de deslizamento entre as fases” (s) pode ser
descrita como a divisão entre razão das frações volumétricas in situ e a razão das frações
volumétricas de injeção, o que é equivalente a razão das velocidades das fases in situ, ou seja:

W
K vK
s  (2.14)
CW vW
CK

No caso do deslizamento querosene-água, e seguindo a definição acima, quando o


deslizamento é maior do que a unidade, o querosene desliza sobre a água e escoa mais
rapidamente, fazendo com que a fração volumétrica in situ de querosene diminua em relação à
fração volumétrica de injeção. Quando o deslizamento é menor do que a unidade ocorre o
inverso.

2.2 Primeiros Trabalho em Escoamento Líquido-Líquido

Um dos primeiros trabalhos realizados sobre escoamento em dutos de dois líquidos foi
feito por Russel et al. (1959). Os autores estudaram o escoamento de água e óleo (viscosidade
de 0,018 N.s/m2 e massa específica de 832 kg/m3) em um duto horizontal com 0,026 m de
diâmetro e 10,6 m de comprimento (L/D ~ 420). As velocidades superficiais variaram de 0,0354
até 1,082 m/s e foram identificados três padrões distintos: misturado, estratificado e de gotas.
Charles et al. (1961) realizaram um experimento semelhante em um duto horizontal com
0,026 m de diâmetro e 7,3 m de comprimento (L/D ~ 277), mas com óleos com massa específica
de 998 kg/m3 e viscosidades de 0,00629, 0,0168 e 0,065 N.s/m2. As velocidades superficiais da
água variaram de 0,03 até 1,07 m/s e do óleo de 0,015 até 0,91 m/s, sendo identificado quatro
padrões: gotas de água em óleo, água no centro com óleo escoando nas bordas, pistões de óleo
em água e gotas de óleo em água. Já Govier et al. (1961) analisaram a queda de pressão e a
fração de líquido no escoamento vertical ascendente de água e três tipos de óleo,
respectivamente, com viscosidades de 0,000936, 0,0201 e 0,15 N.s/m2 e massas específicas de
780, 851 e 880 kg/m3. O duto possuía diâmetro de 0,026 m e extensão de 11 m (L/D ~ 444). As
33

velocidades variaram de 0,03 até 3 m/s sendo identificado os seguintes padrões: gotas de óleo,
pistões, óleo espumoso, gotas de água e emulsão (Figura 2.1).

Figura 2.1. Padrões de um escoamento líquido-líquido vertical ascendente. Fonte:


Govier et al. (1961)

A partir da década de 90, mais estudos em escoamentos bifásicos líquido-líquido foram


realizados. Para simplificar a apresentação dividiu-se a revisão em trabalhos sobre escoamento
vertical, horizontal e curva. Posteriormente são comentados alguns trabalhos sobre a queda de
pressão e inversão de fase e ao final, trabalhos sobre modelagem de escoamento líquido-líquido.

2.3 Escoamento Vertical

Os estudos a respeito de escoamentos verticais líquido-líquido são em sua maioria sobre


as técnicas empregadas nas medições e identificação dos padrões de escoamento e alguns
trabalhos, abordam a determinação de parâmetros locais.
Farrar e Bruun (1996) investigaram o escoamento bifásico da mistura de
água-querosene, em um duto vertical de 0,078 m de diâmetro e 1,5 m de comprimento
(L/D ~ 18), utilizando um anemômetro de filme quente. Os autores apresentaram os perfis de
fração volumétrica e o perfil de velocidade média. O perfil de fração volumétrica apresentou-
34

se uniforme para valores menores que 15% de fração de querosene, no qual os tamanhos das
gotas são praticamente independentes das frações, acima desse valor de fração as gotas crescem
indicando uma mudança de fase. Os perfis de velocidade são uniformes também para valores
de fração abaixo de 15%, quando as gotas crescem de tamanho no centro do duto as velocidades
aumentam e o perfil se apresenta mais inclinado.
Al-Denn e Bruun (1997) realizaram uma comparação entre as sondas de anemômetro
de fio quente simples, tipo X e split-film no mesmo circuito utilizado por Farrar e Brunn (1996).
A compatibilidade das três técnicas de medidas foi demonstrada comparando-se a velocidade
média e a fração volumétrica para frações volumétricas de injeção de 5% até 40% apenas no
padrão bolhas. Para medições da fração volumétrica as três sondas apresentaram resultados
similares para as frações de injeção volumétrica entre 5 e 30%. Para frações de injeção
volumétrica de 40% os resultados apresentaram uma boa concordância no centro do duto, mas
próximo da parede houve até 10% de diferença nas frações. As causas das diferenças não foram
identificadas.
Hamad et al. (1997) desenvolveram uma sonda óptica construída com fibra óptica larga
para aumentar a quantidade de luz enviada para a ponta da sonda. Os testes compararam os
perfis de fração volumétrica obtidas com a nova sonda óptica e com a sondas de anemômetro
de fio quente tipo X. Não há nenhuma descrição sobre o circuito de testes utilizado, exceto que
seus dados foram comparados com os de Al-Dean e Brunn (1997). Foram realizados teste para
o padrão bolhas com frações volumétricas de injeção variando entre 5 e 30%. Os resultados
apresentaram, em geral, boa concordância. Apenas algumas variações na ordem de 5% em
alguns pontos ao longo do diâmetro. A diferença foi creditada as variações das condições dos
fluidos e pelos testes terem sido realizados em dias diferentes. Hamad et al. (2000) elaboraram
uma sonda óptica dupla para a medição das propriedades de um escoamento bifásico
água-querosene. Também não é apresentado as dimensões do circuito de testes utilizado. Foi
medida a fração volumétrica, a velocidade e o tamanho da gota, aumentado consideravelmente
a capacidade de medição da sonda simples proposta por Hamad et al. (1997).
Jana et al. (2006) estudaram experimentalmente a identificação dos padrões de
escoamento em uma mistura bifásica água-querosene em um duto de acrílico vertical de
0,026 m de diâmetro e 4 m de extensão total (L/D ~154). As velocidades superficiais variavam
de 0,05 m/s até 1,5 m/s para os dois líquidos. Para a medição foi utilizado uma sonda de
condutividade de fios paralelos que atravessam o duto, além de observação visual e fotográfica.
A análise dos dados obtidos da sonda foi realizada por dois métodos: a função densidade de
35

probabilidade (PDF) e a transformada de onda (WT). Os resultados mostraram que em baixas


velocidades de querosene (abaixo de JW = 0,2 m/s), o querosene escoa como gotas na água
contínua. Quando a velocidade superficial de água aumenta para cerca de 1 m/s, as gotas de
querosene diminuem de tamanho e tornam-se dispersas devido às forças de cisalhamento
criadas pelo aumento da turbulência. Para altas velocidades de querosene (acima de 0,4 m/s) é
identificado um padrão anular. A transição entre o padrão disperso e o padrão anular se processa
com o surgimento de formas irregulares de bolsões de querosene na água, nomeada de agitado.
Hamad et al. (2013) analisaram o desenvolvimento do escoamento água-querosene
vertical ascendente saindo de uma curva de 90°. O duto possuía 0,0778 m de diâmetro e 4,5 m
de comprimento (L/D ~58). Uma sonda óptica dupla foi utilizada para as medidas de fração
volumétrica, frequência de bolha, concentração da área interfacial, corda de corte de bolha e
velocidade de bolha em L/D =1, 16, 38 e 54. Resultados numéricos foram obtidos no software
ANSYS Fluent 12.0 para comparação com os resultados experimentais. Os resultados
mostraram que o escoamento alcançou o regime plenamente desenvolvido simétrico a
L/D = 54. Uma distribuição bem assimétrica foi obtida para a região de entrada L/D = 1. A
comparação do modelo CFD com os resultados experimentais mostrou uma diferença
significativa na região L/D = 1, mas diminuindo na região L/D = 54.

2.4 Escoamento Horizontal

Assim como no escoamento vertical, a maioria dos trabalhos é focada no estudo dos
padrões de escoamento.
Arirachakaran et al. (1989) obtiveram dados experimentais para um escoamento
horizontal de óleo-água para determinar a influência da viscosidade nos padrões de escoamento.
As faixas de massa específica e de viscosidade do óleo consideradas, foram, respectivamente,
de 868 até 896 kg/m3 e de 0,0047 até 2,116 N.s/m2. A linhas tinham 0,026 e 0,041 m de diâmetro
e, respectivamente, 6,1 (L/D ~ 235) e 12,8 m (L/D ~ 312) de comprimento. Os resultados
mostraram que quando a água é a fase contínua a viscosidade do óleo tem um pequeno efeito
nos padrões de escoamento. Para os padrões anulares a viscosidade do óleo tem uma grande
influência em sua ocorrência, sendo que o padrão anular com a água na parede ocorre apenas
com óleo de alta viscosidade. O padrão anular com a fase de óleo na parede ocorre com óleo de
36

viscosidade intermediária. Quando o óleo possui baixa viscosidade o padrão de escoamento é


o disperso.
Trallero et al. (1997) observaram seis padrões de escoamento distintos: estratificado,
estratificado com mistura na interface, óleo disperso em água sobre uma camada de água,
emulsão de óleo em água, disperso de água em óleo e óleo em água e água em emulsão. O óleo
possuía viscosidade de 0,0296 N.s/m2 e massa específica de 848 kg/m3. A linha teste era
constituída por um tubo de acrílico horizontal de 0,056 m de diâmetro e 15 m (L/D ~ 268) de
comprimento. Os autores utilizaram visualização por câmera de alta velocidade e sonda
condutiva para a identificação dos padrões. A Figura 2.2 mostra uma representação dos padrões
observados.

Figura 2.2. Padrões de escoamento em um escoamento líquido-líquido horizontal.


Fonte: Trallero et al. (1997)

Angeli e Hewitt (2000) estudaram o escoamento bifásico óleo/água em dois dutos


horizontais de 0,026 m de diâmetro e cerca de 9,5 m (L/D ~ 390) de comprimento, um de aço
inoxidável e um de acrílico. Para a identificação dos padrões de escoamento utilizou-se uma
câmera de alta velocidade e uma sonda de impedância de alta frequência. Uma sonda condutiva
de agulha foi utilizada para identificar a fase contínua no padrão disperso. As velocidades de
mistura variavam de 0,2 até 3,9 m/s e a fração de volume de água de 6 até 86%. Os padrões
observados foram de estratificado até totalmente misturado. Os padrões de escoamento
observados foram similares à de outros autores, sendo apenas definido um novo padrão
37

intermediário denominado de três camadas. Nesse padrão há uma camada de mistura entre a
camada superior de óleo e a inferior de água. Ainda se constatou a influência do material da
tubulação na definição dos padrões e na distribuição de fase. No aço inoxidável o escoamento
tem uma maior tendência para a dispersão, fazendo com que a região de mistura comece em
menores velocidades. No acrílico, o óleo tende a ser a fase contínua para uma maior faixa de
velocidades. Esse fenômeno se deve às propriedades da parede do duto como molhabilidade e
rugosidade.
Vara (2001) estudou o transporte de um óleo pesado com a injeção de água em uma
tubulação horizontal de vidro com diâmetro de 0,0284 m e 1,6 m (L/D ~ 56) de comprimento.
O óleo possuía densidade de 946 kg/m3 e viscosidade de 1,193 Pa.s. A água foi injetada
lateralmente para se obter a lubrificação da tubulação pela água. O padrão estratificado
apresentou-se com um filme de água em torno de todo o duto, assim como o padrão anular, isso
devido a molhabilidade do vidro ter preferência pela água. O autor conclui que o padrão
estratificado óleo água é bastante afetado pela gravidade, mas como as densidades são próximas
o efeito da molhabilidade preferencial pela água possibilita a lubrificação completa do núcleo
de óleo. Todos os padrões observados: anular, estratificado, intermitente, bolhas e bolhas
dispersas se apresentaram sempre com a parede molhada pela água.
Sunder Raj et al. (2005) investigaram o escoamento estratificado de líquido-líquido
(água/querosene) em um duto horizontal de 0,0254 m de diâmetro e 2,13 m (L/D ~ 84) de
comprimento. Os autores compararam o escoamento líquido-líquido com o escoamento
estratificado gás-líquido. As velocidades superficiais dos fluidos variavam de 0,03 até 1,6 m/s.
Para a determinação dos padrões foi utilizado técnicas de visualização e para a fração de líquido,
foi utilizada a técnica do aprisionamento por válvulas de fechamento rápido. O estudo mostrou
que o escoamento estratificado existe em uma grande faixa de vazão, com subtipos de padrões
de escoamento estratificados quando comparados ao escoamento gás-líquido. Isso é devido à
tendência de o líquido formar gotas esféricas na interface ao invés de bolhas alongadas, como
ocorre em escoamentos gás-líquido. Assim, os mapas e equações obtidos para gás-líquido não
podem ser utilizados para o escoamento líquido-líquido. O modelo de interface curva de
Brauner et al. (1998) com curvatura da interface na direção radial foi utilizado para estimar a
fração de líquido por meio de parâmetros conhecidos sem nenhuma medida experimental.
Foram negligenciados os efeitos de ondas e outras perturbações. Mesmo assim, o modelo
apresentou melhor capacidade de predição da fração de líquido quando comparado aos modelos
gás-líquido de Taitel-Dukler. Os dados experimentais do trabalho e dados obtidos na literatura
38

foram usados para validar o modelo do trabalho. A Figura 2.3 mostra os padrões observados
pelos autores.

Figura 2.3. Padrões de um escoamento líquido-líquido horizontal em um duto de


0,026 m de diâmetro. Fonte: Sunder Raj et al. (2005)

Chakrabarti et al. (2007) desenvolveram uma sonda óptica não intrusiva para a
identificação dos padrões de escoamento na região estratificada para um escoamento bifásico
líquido-líquido (água/querosene) em um duto horizontal. O duto possuía diâmetro de 0,0254 m
e 2,13 m (L/D ~ 83) de comprimento. As velocidades superficiais testadas variavam de 0,03 até
1,5 m/s. A sonda óptica é composta de um uma fonte de laser monocromática e do lado oposto
um sensor diodo detecta a luz transmitida pelo laser após passar pelo escoamento. O sensor
gera uma voltagem quando a luz é captada, sendo que essa luz varia de acordo com o líquido
que está passando. A análise dos dados foi realizada pela função de densidade de probabilidade
(PDF) e a técnica de transformação de ondas (WT). A sonda óptica obteve uma efetiva detecção
dos variados padrões de escoamento, sendo ele o estratificado suave, estratificado ondular, três
39

camadas, plug e disperso. O mapa obtido foi comparado com outros mapas da literatura
mostrando boa concordância e a efetividade da técnica de medição não intrusiva.
Mandal et al. (2007) analisaram o escoamento horizontal bifásico líquido-líquido
(água/querosene) em dois dutos de acrílico com diferentes diâmetros: 0,0254 m e 0,012 m. Não
há informações sobre o comprimento das seções de testes. Os padrões foram observados por
visualização fotográfica (Figura 2.4) e as velocidades superficiais variaram de 0,03 até 1,5 m/s.
Os autores observaram que o diâmetro possuía grande influência nos padrões. O padrão de três
camadas era comum no duto de 0,0254 m e não houve sua formação no duto menor. Um novo
padrão denominado Rivulet foi identificado no duto de 0,012 m, que se transforma no agitado
para altas velocidade de querosene. Essas diferenças ocorrem devido ao aumento do ângulo de
contato no duto menor. O ângulo de contato está ligado diretamente com a molhabilidade do
material. Os autores mediram os ângulos de contato para a água e querosene com o acrílico e
obtiveram um ângulo de ~0 e 55,7º, respectivamente, mostrando a preferência do querosene
para o acrílico. Entretanto, segundo os autores há a necessidade de um melhor entendimento do
fenômeno. Ainda foi analisada a influência que o misturador possui nos padrões de escoamento.
Verificaram-se três geometrias diferentes de misturador. Foi observado que a geometria
influência nos padrões de escoamento, aumentando ou diminuindo a faixa de ocorrência de um
padrão, ou mesmo extinguindo a ocorrência de um padrão. O misturador com as entradas dos
fluidos pelas laterais e uma placa separando as entradas, apresentou uma maior faixa do padrão
estratificado. Outros dois misturadores foram testados. Os misturadores são do tipo T com
entrada de querosene pelo lado e água pelo centro, sendo que a diferença entre os dois é que
um deles possui diversos furos na tubulação de entrada de água. Os padrões observados com
esses dois misturadores foram praticamente os mesmos e nas mesmas faixas. Os misturadores
do tipo T apresentaram uma maior gama de padrões se comparado ao misturado com placa.
Kumara et al. (2010) estudaram os perfis de velocidade e a turbulência usando Particle
Image Velocimetry (PIV) e Laser Doppler Anemometry (LDA), em um escoamento de água e
óleo em duto de aço inoxidável na horizontal com 0,056 m de diâmetro e 15 m (L/D ~ 268) de
comprimento. As velocidades de mistura variavam até 1,06 m/s para a água e 0,75 m/s para o
óleo. A fração de fase local foi medida por um densímetro gama transversal. Comparando os
dois métodos o PIV foi mais sensível a distúrbios ópticos na região de dispersão próximos a
interface óleo-água. Assim, essa região não pode ser medida com precisão utilizando o método
PIV. O LDA pode ser utilizado para a medição em todo o campo até para altas velocidades de
mistura.
40

Figura 2.4. Padrões de um escoamento água-querosene em um duto horizontal de


diâmetro 0,012 m (esquerda) e 0,025 m (direita). Estratificado suave (SS), estratificado
ondular (SW), plug (P), pistonado (S), três camadas (TL), rivulet (R), agitado (C) e dispersão
de óleo em água (DO/W). Fonte: Mandal et al. (2007).
41

2.5 Escoamento em Curva

Não foi encontrado nenhum trabalho na literatura sobre escoamento líquido-líquido em


curvas de 90º. Os trabalhos existentes são em sua maioria sobre escoamentos gás-líquido em
curvas de 90º ou líquido-líquido em curvas de 180º.
Usui et al. (1980) estudou o comportamento do escoamento ar-água ascendente em uma
curva no formato de C em um plano vertical. As curvas de acrílico variavam de quatro diâmetros
0,09 m, 0,132 m e 0,18 m com raio de curvatura de 0,016 m e 0,024 m de diâmetro com raio de
curvatura de 0,135 m. Para analisar os efeitos das forças gravitacionais e centrífugas no
escoamento nas curvas o número modificado de Froude foi determinado. Esse número foi
obtido realizando-se um balanço de forças para os dois fluidos:

Fc L  Fg L sen  Fc g  Fg g sen (2.15)

 L v L2  g v g2
  L gsen    g gsen (2.16)
RL Rg

nas quais Fc é a força centrífuga, Fg é a força gravitacional, os subscritos L e g são,


respectivamente, líquido e gás e β é o ângulo entre a horizontal e o ponto de localização dos
fluidos. Rearranjando a Eq. (2.16),

v L2   g v g2 R L 
1   1 (2.17)
 L  g  
  L v L2 R g 
  R L gsen
  L 

na qual, define-se o termo do lado esquerdo como o número modificado de Froude:


42

v L2   g v g2 RL 
Fr  1   (2.18)
 L  g  
  L v L2 R g 
  RL gsen
  L 

Considerando que o raio da curva é o mesmo para os dois fluidos R=RL=Rg , tem-se:

v L2   g v g2 
Fr  1   (2.19)
 L  g  
  L v L2 
  Rgsen
 L 

Com as densidades do gás é muito menor que a do líquido a Eq. (2.19) torna-se:

v L2
Fr  (2.20)
Rgsen

a Equação (2.20) mostra que para Fr = 1 tem-se o equilíbrio das forças, Fr > 1 a força centrifuga
prevalece, portanto, a fase da líquida tende a se mover para a região externa da curva e Fr < 1
a força gravitacional prevalece e a fase líquida move-se para a região interna da curva.
Considerando o escoamento de dois líquidos com densidades próximas, deve-se utilizar
a Eq. (2.19), que será adaptada para o escoamento água-querosene para a análise do escoamento
na curva, mostrada no Capítulo 6. Portanto, tem-se:

vW2   K v K2 
Fr  1   (2.21)
 W   K   W vW2 
  Rgsen
 W 

A análise do escoamento água-querosene por meio da Eq. (2.21) é mais complexa, se


𝜌 𝑣2
comparada com o escoamento gás-líquido. Para gás-líquido o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ~1 e desta
𝑊 𝑊

forma quando Fr = 1 há o equilíbrio das forças sobre o liquido e a trajetória do líquido é


43

mantida. Quando Fr >> 1, a força centrifuga sobre o líquido prevalece e esse se desloca para a
parte externa do duto e quando Fr << 1 ocorre o inverso. Para o caso de dois líquidos, o termo
𝜌 𝑣2
[1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ≠ ~1 e da análise fica mais complexa. Quando Fr >> 1 o termo centrifugo sobre
𝑊 𝑊

𝜌 𝑣2
a água é maior que o gravitacional, além [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ~1 o que indica que o centrifugo sobre a
𝑊 𝑊

água é maior que sobre o querosene. Desta forma, espera-se que nesse caso a água seja
𝜌 𝑣2
direcionada para a periferia do duto. Para Fr << 0, o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ≪ 1 que indica que o
𝑊 𝑊

centrifugo sobre a querosene é muito maior que sobre a água. Além disso, os termos centrífugos
são preponderantes e faz com que a querosene seja direcionada para a periferia quando
Fr << -1. Para o -1 < Fr < 1 a análise fica mais complexa e não há uma relação clara entre as
forças envolvidas. Se as forças centrifugas agindo sobre a água e querosene são da mesma
𝜌 𝑣2
ordem de grandeza, o termo −1 < [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] < 1 o que faz com que -1 < Fr < 1.
𝑊 𝑊

Independentemente se o termo gravitacional é preponderante ou não. Ou seja, para -1 < Fr < 1


os fluidos podem manter as trajetórias em que se encontravam ou podem ser direcionados para
o centro.
Spedding e Benard (2007) estudaram a queda de pressão no escoamento água-ar em um
duto de 0,026 m de diâmetro na transição vertical-horizontal passando por uma curva de 90º.
Os resultados mostraram diferenças entre as quedas de pressão obtidas para o escoamento
vertical com curva e um escoamento vertical sem curva. Isso se deve ao choque dos fluidos
com a curva. Para o escoamento horizontal que chega por meio da curva a queda de pressão
não apresentou diferenças com um escoamento horizontal sem curva. A queda de pressão na
curva atingiu valores negativos para baixas velocidades, o que foi atribuído a suave conversão
na curva do escoamento pistonado na vertical para um escoamento estratificado na horizontal.
Sharma et al. (2011) investigaram o escoamento água-querosene através de uma curva
de retorno conectando dois dutos retos. Foram utilizadas duas geometrias diferentes (curva em
U e retangular) e três direções de escoamento (ascendente, descendente e horizontal). Os
padrões observados foram o estratificado, plug, querosene disperso e água dispersa. A
distribuição de fase sofre grande influência da geometria do duto, já a direção do escoamento
praticamente não influencia os padrões. A queda de pressão no duto retangular foi maior do que
na curva em U. Duas correlações para a queda de pressão foram ainda propostas para cada
geometria de curva.
44

Pietrzak (2014) estudou o escoamento líquido-líquido em curvas de 180º com diâmetros


de 0,016; 0,022; e 0,030 m com raio de curvatura de 0,110; 0,154 e 0,210 m, respectivamente.
Os padrões encontrados foram: gotas de óleo em água, plugs de óleo em água, estratificado com
a fase água dominante, ondulatório com fase água dominante, anular-disperso de óleo em água,
gotas de água em óleo, plugs de água em óleo, estratificado com fase de óleo dominante,
ondulatório com fase de óleo dominante e anular-disperso de água em óleo.

2.6 Queda de Pressão

Na literatura encontram-se trabalhos sobre a queda de pressão para escoamento líquido-


líquido em dutos tanto na vertical como na horizontal. Os gradientes de pressão na maioria dos
trabalhos são determinados por transdutores de pressões e analisados e/ou comparados com
teorias de predição.
Angeli e Hewitt (1998) estudaram a perda de pressão em um escoamento bifásico de
óleo-água em dois dutos horizontais de 0,0254 m de diâmetro, feitos, respectivamente, de aço
inoxidável e acrílico. As velocidades de mistura variaram de 0,3 até 3,9 m/s. Para determinar
as pressões utilizaram-se transdutores de pressões diferenciais (Validyne DP45). Os autores
concluíram que as grandes diferenças encontradas nos gradientes de pressão não são causadas
apenas pela rugosidade do material, mas também pela característica de molhabilidade dos
materiais. Foi determinado que em altas velocidades de mistura, nas quais o padrão disperso
prevalece, existe um pico de pressão durante a inversão de fase e um aparente efeito de redução
do arrasto quando o óleo é a fase contínua. Os dados foram comparados com modelos empíricos
e fenomenológicos, mas em geral, não se obtiveram concordância, provavelmente em razão do
fenômeno de molhabilidade.
Jana et al. (2007) estudaram a queda de pressão e a fração de líquido durante um
escoamento água-querosene vertical ascendente, em um duto de 0,026 m de diâmetro. As
velocidades superficiais variaram de 0,05 até 1,2 m/s para ambos os líquidos. As pressões foram
determinadas por transdutores de pressões diferenciais, enquanto a técnica de válvula de
fechamento rápido foi adotada para a medição da fração de líquido. Os resultados foram
comparados com modelos teóricos de acordo com cada padrão existente. A análise mostrou que
o modelo homogêneo é adequado para o escoamento disperso, o modelo de deslizamento para
45

o escoamento bolhas e agitado e o modelo de fases separadas prevê com melhor precisão a
perda de pressão no padrão anular.
Chakrabarti et al. (2005) estudaram a queda de pressão no escoamento líquido-líquido
de água e querosene em um duto horizontal de diâmetro 0,0254 m. As velocidades superficiais
variaram de 0,03 até 2,0 m/s. Os dados foram obtidos por um transdutor de pressão diferencial
ligado à linha. Além disso, um modelo foi desenvolvido com base em duas considerações:
primeiro o princípio da minimização da energia total do sistema e o segundo da equalização da
pressão do sistema nas duas fases. A energia total é composta da energia cinética, energia
potencial e energia de superfície das duas fases. Para simplificar os cálculos a interface foi
assumida plana. O modelo foi comparado com os resultados experimentais além dos dados da
literatura. Os resultados mostraram um desvio de ±10% para padrões com ocorrência de gotas
de uma fase na outra. Para o estratificado suave e estratificado ondular o modelo se mostrou em
concordância com os dados experimentais.

2.7 Inversão de Fase

Outro fenômeno encontrado no escoamento bifásico é a inversão de fase. Isso acontece


quando a fase contínua torna-se dispersa e a fase dispersa torna-se contínua. A importância
desse fenômeno é que ocorrem mudanças significativas nas pressões quando é verificada a
inversão de fase. A Figura 2.5 mostra o pico de pressão que ocorre na inversão de fase
observado por Angeli e Hewitt (1998).
Ioannou et al. (2005) investigaram a inversão de fase em um escoamento disperso
horizontal água-óleo em dois dutos de diferentes materiais (aço e acrílico) e dois dutos de
acrílicos de diferentes diâmetros (0,060 e 0,032 m). O óleo possuía densidade 796 kg/m3 e
viscosidade de 0,017 N.s/m2. Os resultados mostraram que a inversão de fase é precedida por
um aumento e em seguida uma redução acentuada nos gradientes de pressão. Esse pico de
pressão é nítido e maior no acrílico quando comparada com o tubo de aço. Para os estudos de
diferentes diâmetros foi observado que o ponto de inversão depende das condições iniciais,
sendo que a inversão pode ocorrer da água para o óleo ou do óleo para a água. Essa diferença
aumenta com o aumento da velocidade de mistura. Para o duto de diâmetro menor essa condição
inicial não afeta o ponto de inversão.
46

Figura 2.5. Gradiente de pressão relativa variando com a fração de água. Pico de
máxima pressão determinando o ponto de inversão de fase. Fonte: Angeli e Hewitt (1998).

Piela et al. (2006) estudaram experimentalmente a inversão de fase de um escoamento


água/óleo em um duto horizontal. O experimento inicia-se com o escoamento de apenas um dos
fluidos em um sistema em loop. Assim, o segundo fluido é adicionado gradualmente até que
ocorra a inversão. Amostras do escoamento foram retiradas para uma observação por
microscópio. Na inversão água para óleo não foram observadas múltiplas gotas (gotículas de
água dentro de gotas de óleo) antes da inversão. Após a inversão de fase há a presença de
múltiplas gotas (gotículas de óleo dentro de gotas de água). Na inversão óleo para água há a
presença de múltiplas gotas (gotículas de óleo dentro de gotas de água). Após a inversão as
múltiplas gotas (gotículas de água dentro de gotas de óleo) não apareceram. O que é causado
pela influência das propriedades químicas do sistema bifásico na formação das gotas. Tyrode et
al. (2005) introduziu o fator HLD (desvio hidrofílico lipofílico de uma formulação ideal) para
indicar a formulação química. Para HLD < 0 dois tipos de dispersão são possíveis: com
múltiplas gotas consistindo de gotículas de óleo em gotas de água e de gotas de óleo em água.
Para HLD > 0 novamente dois tipos: dispersão com múltiplas gotas, consistindo de gotículas
de água dentro de gotas de óleo, e a dispersão de gotas de água em óleo. Para o caso de HLD <
0 o mecanismo de inversão de água para óleo é diferente do mecanismo de inversão de óleo
para água. Para a inversão água-óleo não são formadas múltiplas gotas antes da inversão, então
a fração da fase dispersa é igual à fração volumétrica de óleo. Portanto, a fração volumétrica
aumenta até que a concentração se torne tão grande que a inversão ocorre. Para a inversão óleo-
água aparecem gotas de água com gotículas de querosene dentro. Assim, a fração da fase
47

dispersa é maior do que a fração de água. Essas múltiplas gotas aumentam em tamanho até que
sua fração volumétrica se torna tão grande que a inversão ocorre.
Hu e Angeli (2006) estudaram a inversão de fase em um escoamento água/óleo vertical
ascendente e vertical descendente em um duto de aço inoxidável de 0,038 m de diâmetro. Duas
rotinas de inversão foram utilizadas: água para óleo e óleo para água e dois tipos de
experimentos: no primeiro, a inversão é obtida variando as velocidades superficiais da água e
do óleo, mantendo a velocidade de mistura constante. No segundo, a fase contínua é mantida
constante e a fase dispersa é aumentada. As medições foram realizadas no centro do duto por
uma sonda condutiva e na parede por uma sonda de filme quente. A sonda de filme quente foi
utilizada pela primeira vez para detectar inversão de fase e os resultados mostraram boa
estabilidade e precisão. A velocidade de bolha e a distribuição do tamanho de bolha são medidas
por uma sonda de impedância dupla. As sondas no centro do duto e na parede mostraram que a
inversão de fase não ocorre ao mesmo tempo em toda a seção transversal do duto. Em ambos
os casos, ascendente e descendente, quando ocorre à inversão de fase, o gradiente de pressão
atinge um valor mínimo. Quando a inversão é detectada na parede significa que a nova fase
contínua se espalhou para toda a seção transversal e definiu o ponto de inversão de fase
completa. Comparando os escoamentos ascendentes e descendentes descobriu-se que os pontos
de inversão de fase são diferentes, entretanto as razões de velocidade adquirem o mesmo valor
constante para as duas direções. Para o caso em que a fase contínua é mantida constante e a fase
dispersa aumenta, o ponto de inversão de fase depende da velocidade de mistura.

2.8 Modelagem Unidimensional

A modelagem do escoamento bifásico líquido-líquido ocorre de acordo com o padrão de


escoamento. Os modelos mais utilizados são o modelo homogêneo, o modelo de deslizamento
(drift flux) e o modelo de fluidos separados ou modelo de dois fluidos. Os modelos serão
apresentados com detalhes no Capítulo 5. Abaixo são apresentados alguns trabalhos na
modelagem para escoamento líquido-líquido.
Brauner (1991) estudou a modelagem do escoamento anular líquido-líquido. O modelo
separado é utilizado para predizer a queda de pressão e a fração de líquido do escoamento
48

anular. As equações de fechamento para as tensões foram modificadas por Ullmann e Brauner
(2006), a comparação com resultados experimentais mostraram boa concordância.
Brauner e Maron (1992) estudaram a transição de vários padrões de escoamento líquido-
líquido utilizando o modelo separado e a teoria da estabilidade linear temporal e propuseram
um modelo para criação de um mapa de padrão de escoamento líquido-líquido na horizontal.
Brauner et al. (1998) desenvolveram um método para a solução do modelo de dois
fluidos quando empregado na análise de escoamento estratificado considerando a interface
curva. O modelo é utilizado para a construção de um gráfico de escoamento que determina a
relação de uma interface curva específica com a fração de líquido. A solução ocorre por meio
do princípio da minimização da energia total do sistema.
Grassi et al. (2008) validaram por meio de experimentos alguns modelos aplicados em
escoamentos líquido-líquido. Os modelos validados foram o de dois fluidos para escoamentos
anular e o modelo homogêneo para o escoamento disperso. Os resultados obtidos pelos dois
modelos apresentaram boa concordância com os dados experimentais dos resultados dos
gradientes de pressão e fração de líquido obtidos.
A partir dessa revisão observa-se que existem pontos poucos abordados, como a
determinação de padrões de escoamento na vertical ascendente, no qual apenas um trabalho
apresentou um mapa de padrões de escoamento. Os padrões na linha horizontal são todos
obtidos de injeções diretamente na horizontal, assim uma análise da influência que uma curva
pode causar nesse mapa será realizada. Além disso, nenhum trabalho de escoamento líquido-
líquido em curvas de 90º foi encontrado. Nota-se que as frações de líquido são determinadas
utilizando-se a técnica gravimétrica, no qual nenhum trabalho compara essa com outras técnicas
existentes. Por fim, os modelos unidimensionais apresentaram-se como uma abordagem útil
para a determinação das frações e dos gradientes de pressão se forem corretamente utilizados.
49

3 APARATO EXPERIMENTAL

Neste capítulo é descrito o aparato experimental utilizado para determinar os principais


parâmetros da mistura bifásica líquido-líquido, bem como as técnicas de controle, medições e
os procedimentos de calibrações. O aparato permite determinar os parâmetros para a mistura
escoando em três trechos: vertical, horizontal e uma curva que une os dois trechos retos. Cada
trecho é instrumentado para determinar os parâmetros do escoamento bifásico, sendo utilizados
transdutores de pressão para determinação do gradiente de pressão, válvula de fechamento
rápido para determinar a fração de líquido média e sonda de impedância local para determinar
os perfis de fração de líquido local. Uma seção de visualização é utilizada para obter imagens
da distribuição de fase em cada trecho através de uma câmera.

3.1 Descrição do aparato

Para o estudo do escoamento de mistura líquido-líquido foi construído o aparato


mostrado esquematicamente na Figura 3.1. O aparato foi concebido para determinar os padrões
de escoamento na mistura líquido-líquido, as frações de líquido e os gradientes de pressão nas
linhas vertical, horizontal e curva. As velocidades superficiais de ambos os líquidos variam de
0,1 m/s até 1,0 m/s. Os fluidos utilizados são água (W) e o querosene (K) e as propriedades, a
101,3 kPa (1 atm) e 303,5 K, são mostradas na Tabela 3.1. A densidade e a viscosidade foram
determinadas por meio de amostras testadas, respectivamente, em um densímetro digital (Anton
Paar DMA 4500) e em um viscosímetro dinâmico (Cambridge ViscoPro 2000) no
LABPETRO/UNICAMP. A tensão superficial foi obtida da literatura (Cumming et al., 2000).
As medidas das propriedades foram realizadas com as amostras colhidas após os testes no
aparato experimental e, portanto, após os fluidos terem sido misturados e separados várias
vezes.
50

Figura 3.1. Desenho esquemático do aparato experimental.


51

Tabela 3.1. Propriedades dos fluidos de teste.


Fluidos Massa Específica Viscosidade Tensão Interfacial
Querosene (K) 793±1 kg/m3 0,0011±0,3%N.s/m2 0,019+N/m
Água (W) 998±1 kg/m3 0,001±0,3%N.s/m2 0,019+ N/m
+
Cumming et al. (2000).

O circuito experimental é divido em cinco partes: a linha de suprimento de água e


querosene; uma linha de teste para o escoamento líquido-líquido vertical; a curva entre as
linhas; uma linha horizontal e o separador água/querosene. O suprimento das linhas é realizado
por meio de uma central de bombeamento com quatro bombas de cavidade progressivas da
GEREMIA, duas para cada fluido, e de um tanque de armazenamento com 160 litros para a
água e outro com 250 litros para o querosene. As linhas de escoamento vertical e horizontal são
construídas de acrílico com diâmetro interno de 0,026 m e possuem, respectivamente,
comprimentos de 4,015 m (L/D = 154) e 9,25 m (L/D = 356). Uma curva com raio de 0,125 m
(r/D = 4,8) une os trechos vertical e horizontal. Na saída da linha horizontal há um separador
líquido-líquido gravitacional que, além de separar os fluidos, direciona cada fluido para seu
respectivo tanque de armazenamento.
A linha de suprimento é mostrada na Figura 3.2, sendo composta de duas outras linhas:
uma para a água e outra para o querosene. A linha de suprimento de querosene é exatamente
igual à linha de água. A linha de água inicia-se no tanque de armazenamento com capacidade
de 160 litros que alimenta duas bombas de cavidade progressiva, modelos HD 20C e WHT 32/F
MR, dispostas em paralelo. A primeira bomba fornece uma vazão de 180 l/h até 630 l/h e a
segunda de 630 l/h até 3600 l/h, resultando em uma velocidade de operação de 0,1 até 1,6 m/s
para ambos os fluidos. Entretanto, em razão das limitações do separador, as velocidades de
trabalho foram de 0,1 m/s até 1,0 m/s. Duas válvulas de retenção estão posicionadas na saída
de cada bomba para que não haja retorno de líquido para a bomba que não está em operação.
As bombas são operadas em conjunto com inversor de frequência modelo WEG-CFW08, um
de 1,0 CV para a bomba HD 20C e outro de 2,0 CV para a bomba WHT 32/F MR. Os inversores
controlam a rotação das bombas que, por serem de cavidade progressiva, permitem a medição
das vazões que estão bombeando pela sua rotação. Portanto, as vazões das bombas HD 20C são
definidas pela curva de calibração vazão volumétrica por rotação de cada bomba. As bombas
WHT 32/F apresentaram flutuações de vazão nas rotações de trabalho menores, sendo
52

necessária a adoção de uma rotação elevada para não prejudicar as medições. Dessa forma foi
necessário utilizar um bypass e as medições de vazões foram realizadas por uma placa de
orifício para cada linha (água/querosene), montada na entrada do misturador. A diferença de
pressão nas placas foi medida por um transdutor de pressão SMAR LD31. Os procedimentos
para a determinação da curva de calibração da bomba e da placa de orifício estão descritos na
Seção 3.4. Como a bomba de deslocamento positivo não tem limite para o aumento da pressão,
uma válvula de alívio (VA) é posicionada na linha após as bombas. Desta forma, caso ocorra
alguma obstrução de linha que faça a pressão aumentar, a VA atuará para garantir a integridade
da linha.

Figura 3.2. Linha de suprimento.


53

As duas linhas se juntam em um misturador do tipo T, mostrado esquematicamente na


Figura 3.3. O projeto do misturador teve como base o trabalho de Mandal et al. (2007) que
estudaram o efeito da geometria de três tipos diferentes de misturadores na geração do
escoamento bifásico líquido-líquido. O misturador escolhido nos proporciona uma maior
variedade de padrões de escoamento e é de simples construção. Ele é constituído por um tubo
de acrílico de diâmetro 0,0508 m e comprimento 0,396 m. A entrada de água é feita por um
tubo de diâmetro 0,026 m, sendo que ele ocupa 0,196 m internamente do tubo de maior
diâmetro, restando um comprimento de 0,2 m sem o tubo interno. A entrada de querosene é
realizada por um tubo de 0,026 m de diâmetro posicionado perpendicularmente ao tubo maior.
Na saída do tubo de 0,0508 m um bocal de policloreto de vinil (PVC) com 0,2 m de
comprimento reduz de 0,0508 m para o tubo de 0,026 m.

(a) (b)

Figura 3.3. (a) Desenho esquemático do misturador do tipo T; (b) misturador do tipo T
instalado na linha.
54

Após passar pelo misturador os fluidos são enviados para a linha de escoamento vertical,
construída de tubos lisos de acrílico transparente de 0,026 m de diâmetro interno e de
comprimento total de 4,015 m (L/D = 154). Duas válvulas de fechamento rápido são
posicionadas em 1,79 m (L/D = 68,8) e 3,24 m (L/D = 124,6) à jusante da saída do misturador.
Essas distâncias são escolhidas em razão da limitação da altura do aparato e estão na faixa de
outros trabalhos. Por exemplo, Jana et al. (2007) e Hu e Angeli (2006) utilizam comprimento
de desenvolvimento aproximadamente de 2,0 m. Entre as válvulas, duas tomadas de pressão
são inseridas, com uma distância de 1,16 m (L/D = 44,6) entre si. Logo após a segunda válvula
de fechamento rápido há uma seção de visualização, para a realização das filmagens, seguida
da seção onde é instalada a sonda de impedância local. A sonda local se localiza a uma distância
de 0,15 m da segunda válvula de fechamento rápido.
A 0,62 m (L/D = 23,8) da sonda local há a curva de junção do trecho vertical e
horizontal. A curva tem um raio de 0,125 m (r/D = 4,8) em sua linha de centro. A linha de
escoamento horizontal é construída também com tubo de acrílico com diâmetro interno de 0,026
m e comprimento total de 9,25 m (L/D = 355,8). Nessa seção também há duas válvulas de
fechamento rápido, posicionados em 2,26 m (L/D = 86,9) e 7,35 m (L/D = 282,7) à jusante da
curva. Entre elas há um conjunto de visualização e de sonda local, posicionado em 6,52 m
(L/D = 250,7). O comprimento adotado é maior que o utilizado por outros autores, a saber:
Suder Raj et al. (2005) L/D = 80; Chakrabarti et al. (2007) L/D = 98; Angeli e Hewitt (1998)
L/D = 160. As tomadas de pressão distanciam-se de 4,51 m. Antes de entrar no separador e
após a última válvula de fechamento rápido há um trecho com 1,90 m (L/D = 73) de
comprimento. As válvulas de fechamento rápido são utilizadas para a determinação da fração
de líquido, devido à separação por gravidade, e são acionadas pelo supervisório de controle.
Uma descrição mais aprofundada do supervisório de controle e da instrumentação será mostrada
na Seção 3.2.
Ao sair da linha horizontal começa o processo de separação da mistura, o qual está
baseado na diferença de densidade entre a água e o querosene. O separador utilizado, mostrado
esquematicamente na Figura 3.4, é composto por um tubo de alimentação com 0,07 m de
diâmetro interno e 1,7 m de comprimento posicionado na vertical e de um grande reservatório
com diâmetro interno de 0,32 m e comprimento 1,9 m. Esse reservatório é dividido em dois
compartimentos por meio de duas placas: uma de divisão outra de separação. Em um dos
compartimentos ocorre a separação e o outro é o reservatório de querosene. A placa de divisão
55

é paralela à base do separador que funciona como suporte para o reservatório de querosene e o
divide ao longo da sua seção transversal posicionada a 1,1 m acima de sua base. O
compartimento onde ocorre a separação ocupa 90% do separador, sendo a parte inferior
utilizada para o acúmulo de água. Um dreno na porção inferior desse reservatório retira a água
do separador e encaminha para o reservatório de alimentação da bomba de água. A placa de
separação é perpendicular à base do separador, posicionada fora da linha de centro, logo acima
da placa de divisão, e tem 0,5 m de comprimento. Essa placa tem a função de estruturar o
reservatório de querosene, além de promover a separação dos fluidos. No reservatório de
querosene há dois drenos, um em sua base e outro 0,01 m acima da base. O dreno inferior2 tem
a função de drenar a água que porventura entrar no reservatório de querosene e o outro para
drenar a querosene de volta ao sistema de alimentação. Há também no separador dois sensores
de níveis, um na região de separação e outro no reservatório de querosene, não mostrados na
Figura 3.4, e duas válvulas de fechamento rápido controladas pelo supervisório. Em ambos os
reservatórios o retorno para a alimentação da bomba ocorre por gravidade e há um dreno de
emergência na tampa superior do reservatório, caso haja algum problema durante a operação
do separador.
A operação do separador é muito simples e o processo de separação inicia-se quando a
mistura deixa o trecho horizontal da linha. Pelo fato da entrada ser tangencial, a fração mais
leve (querosene) tende a se concentrar na região central e a fração mais pesada (água) tende a
escorrer pela parede do tubo de alimentação do separador. Quando a mistura parcialmente
separada adentra a região de separação, a fase mais leve estará na parte superior e a mais pesada
no inferior, sendo essa direcionada para o fundo do separador. A fase mais leve da região de
separação transbordará para o reservatório de querosene transpassando a placa de separação.
Um sistema de medida de nível controla o nível do reservatório de separação, abrindo a válvula
de dreno do reservatório de água, quando o nível de água no reservatório de separação se
aproxima do nível de separação, e fechando a válvula, quando esse nível se aproxima da posição
previamente determinada. Outro controle de nível está posicionado no reservatório de
querosene e é o responsável por abrir a válvula de dreno desse reservatório quando o nível está
alto e fechando-a quando está baixo. Ajuste no nível de cada reservatório deve ser feito para
cada condição de operação da linha e é realizado por meio do supervisório de controle. A Figura
3.5 mostra uma foto do separador utilizado no experimento.

2
Não mostrado na Figura 3.4 por estar no mesmo plano do dreno inferior.
56

Figura 3.4. Desenho esquemático do separador.


57

Figura 3.5. Separador de água e querosene instalado na linha.

3.2 Supervisório de Controle

O supervisório de controle tem como função controlar o aparato experimental, sendo


possível operar e controlar as velocidades superficiais da água e querosene diretamente até
0,3 m/s, a abertura e fechamento das válvulas de dreno do separador, abertura e fechamento das
válvulas de fechamento rápido da linha vertical e horizontal, além de mostrar as pressões das
placas de orifício para o controle das velocidades acima de 0,3 m/s. Esse controle de
velocidades utilizando a placa de orifício é realizado manualmente abrindo ou fechando o
bypass. Um supervisório escrito em LabView 2011, cuja tela é mostrada na Figura 3.6 foi
especialmente desenvolvido para esse controle.
A rotação na bomba é imposta por meio do inversor de frequência, usando uma rede de
controle ADAM-4000 da Advantech em conjunto com o supervisório de operação. Dessa
58

forma, garante-se que a vazão imposta é a vazão que está circulando pela linha para as bombas
HD 20C (velocidade até 0,3 m/s). Devido as flutuações que ocorrem no escoamento utilizando
a bomba WHT 32/F, um bypass é instalado na linha para minimizar esses efeitos. As vazões
utilizando a bomba WHT 32/F (velocidades acima de 0,3 m/s) serão reguladas mantendo uma
rotação constante e abrindo ou fechando o bypass. As velocidades superficiais de cada fluido
são determinadas com o uso de placas de orifício. O supervisório também controla a abertura e
o fechamento das válvulas de dreno dos reservatórios de querosene e de água do separador
usando a mesma rede de controle. A malha de controle faz a leitura do nível de cada fluido nos
respectivos reservatórios, abrindo e fechando as válvulas de dreno quando o nível máximo e
mínimo especificado é atingido. O nível é medido usando um sensor de impedância analógico
desenvolvido pelo 2PFG/DE/FEM/UNICAMP, o qual foi devidamente calibrado. O
procedimento de calibração das placas de orifício é mostrado na Seção 3.4.

Figura 3.6. Tela do programa do supervisório para o controle do aparato experimental


(Labview 2011).

3.3 Módulo de Aquisição de Dados

A função do módulo de aquisição de dados é monitorar e armazenar os sinais para um


pós-processamento. O módulo obtém as pressões diferencias da linha vertical, horizontal e
59

curva e os sinais do sensor de impedância local. Um programa escrito em LabView 2011, cuja
tela é mostrada na Figura 3.7, foi especialmente desenvolvido para a aquisição dos dados.

Figura 3.7. Tela do programa de aquisição de dados (Labview 2011).

Para a determinação das frações de líquido local foi construída uma sonda de
impedância elétrica local (descrita na Seção 4.2) que é posicionada em 3,39 m (L/D = 130,3)
na linha vertical e em 7,35 m (L/D = 283,7) na linha horizontal. A sonda é conectada ao circuito
elétrico desenvolvido na 2PFG/DE/FEM/UNICAMP e é capaz de determinar impedância
elétrica dos fluidos ao seu redor.
As pressões são monitoradas por três transdutores de pressão diferencial SMAR LD301,
posicionados na linha vertical, na linha horizontal e na transição vertical-horizontal (curva),
todos na faixa de -50 a +50 kPa. No trecho vertical as tomadas de pressão estão distanciadas de
0,82 m e no trecho horizontal, de 4,51 m. Para a curva foram utilizadas a última tomada de
pressão do trecho vertical e a primeira tomada de pressão do trecho horizontal (vide Figura 3.1).
A sonda e os transdutores de pressão são conectados ao sistema da National Instruments, NI
(SCXI-1000) que é utilizado para a obtenção dos sinais.
60

3.4 Calibração de Equipamentos e Instrumentos

Todos os equipamentos utilizados no aparato experimental foram calibrados visando


garantir a confiabilidade das grandezas adquiridas. Para cada instrumento foi adotado um
procedimento específico, sendo que todas as grandezas indiretas medidas eram determinadas
por comparação com as obtidas a partir das grandezas fundamentais necessárias.

3.4.1 Calibração da Medição de Vazão

O controle das velocidades superficiais é realizado de dois modos: o primeiro, as


velocidades variando entre 0,1 a 0,3 m/s são medidas diretamente pela rotação das bombas HD-
20C; o segundo, as velocidades entre 0,3 a 1,0 m/s são medidas pelas diferenças de pressão das
placas de orifício instaladas na linha utilizando-se as bombas WHT-32F.

a) Calibração das Bombas (HD-20C)

Como as velocidades superficiais de água e do querosene são medidas pelas rotações de


suas respectivas bombas para as velocidades de 0,1 até 0,3 m/s é necessário determinar as
curvas características de rotação por vazão das bombas para os respectivos fluidos de trabalho.
As grandezas fundamentais utilizadas foram a massa e o tempo, medidos, respectivamente, por
meio de uma balança e de um cronômetro. Dessa forma, a vazão volumétrica é obtida como:

1 m
Q (3.1)
 t
61

no qual Q é a vazão volumétrica, m é a variação de massa medida na balança,  é a massa


específica do fluido e t é o tempo medido para uma variação de massa especificada. O
procedimento utilizado para a calibração é descrito a seguir.
Para uma rotação fixa da bomba, mede-se o tempo necessário para se coletar uma
quantidade de massa pré-estabelecida. Foi utilizada uma balança eletrônica (Marte – UX8200S)
com escala de 0,01 kg para medir a quantidade de massa a ser coletada, sendo que a balança foi
aferida com pesos padrões. Para cada bomba foram estabelecidas três faixas de calibração, uma
inferior com até 25% da vazão máxima, uma intermediária entre 25 e 75% e uma superior a
75%. Para as faixas inferior e superior foram definidas 3 rotações distintas e para a intermediária
duas. Em cada rotação foram especificados dois valores de massa a serem coletadas e cada
medida foi repetida três vezes. Desta forma, para cada rotação há seis medidas de vazão e o
valor da vazão para cada rotação foi tomado como sendo o valor médio das seis medidas. A fim
de evitar efeitos de transição entre as rotações, antes de efetuar a contagem do tempo,
aguardava-se uma a duas vezes o tempo característico da vazão desejada para que o sistema
entrasse em regime. Para a implementação no sistema supervisório é melhor, ao invés da vazão
volumétrica, trabalha-se com as velocidades superficiais de cada fluido na linha, definidas pelas
Eqs. (2.2).
Uma análise detalhada das incertezas, associadas à medição das velocidades
superficiais, pode ser encontrada no APÊNDICE A. A curva de calibração da velocidade
superficial em função da rotação da bomba HD 20C é mostrada na Figura 3.8. Em ambas as
bombas o comportamento da velocidade com a rotação é linear, como era esperado por serem
bombas de cavidade progressiva. Observa-se que as bombas, quando operam com querosene,
tendem a proporcionar uma velocidade menor do que quando operam com água.
Os ajustes lineares aos dados da Figura 3.8 são apresentados na Tabela 3.2, no qual os
coeficientes são tais que:

J  A  B (3.2)

na qual J é a velocidade superficial em [m/s] e  é a rotação da bomba em [rpm]. A Tabela 3.2


apresenta os coeficientes de ajuste linear e o coeficiente de correlação do ajuste.
62

Figura 3.8. Velocidade superficial em função da rotação para a bomba HD 20 C.

Tabela 3.2. Coeficientes A e B da equação de ajuste linear das bombas da linha de


suprimento e o coeficiente de correlação (R).
Bomba Fluidos A (m/s) B (m/s.rpm) R
Água -0,052485 0,000310862 0,99794
HD 20 C
Querosene -0,01133 0,000303173 0,99993
J[m/s] = A+B.Ω [rpm]

b) Calibração Placas de Orifício

Como as vazões proporcionadas pelas bombas WHT 32/F possuíam flutuações e isso
poderia afetar as condições dos testes, as velocidades superficiais são controladas por meio de
um bypass. As medidas de vazão são realizadas por placas de orifício instaladas nas linhas de
água e querosene (Figura 3.9). As placas são calibradas in loco, portando não sendo necessário
seguir normas de placas de orifício.
63

Uma placa de orifício de PVC, com orifício de 0,0091 m, colocada entre duas flanges.
(vide Figura 3.10) é inserida na entrada do misturador. As tomadas de pressão possuem 0,002
m de diâmetro e estão a 0,035 m a montante e a jusante da placa de orifício. Os transdutores de
pressão SMAR (LD301) foram aferidos e o procedimento será descrito posteriormente na Seção
3.4.2.

Figura 3.9. Placa de orifício utilizada para a medição da vazão da bomba WHT 32/F

Figura 3.10. Desenho esquemático da placa de orifício.

Utilizando a bomba WHT 32/F é fixada uma rotação com o bypass totalmente aberto
fazendo com que não haja passagem de fluido pelas placas de orifício e consequentemente pela
64

linha. Assim a diferença de pressão obtida é zero. A calibração consiste em fechar pouco a
pouco o bypass aumentando a vazão na linha. Com uma vazão fixa é medido a diferença de
pressão e a vazão mássica, sendo essa última obtida por uma balança e um cronômetro segundo
o mesmo procedimento descrito na calibração das bombas HD-20C. Foi utilizada uma balança
mecânica (Filizola – 300 kg) com escala de 0,1 kg, que foi aferida com pesos padrões. Esse
procedimento é realizado para várias aberturas da válvula. A Figura 3.11 mostra que a
velocidade superficial varia linearmente com a raiz da diferença de pressão e, dessa forma, as
velocidades serão medidas apenas utilizando a diferença de pressão. Uma análise detalhada de
erro associado à medição de velocidade superficial pode ser encontrada no APÊNDICE A.
Um ajuste linear aos dados da Figura 3.11 é mostrado na Tabela 3.3, no qual os
coeficientes são tais que:

J  B p (3.3)

Δp é a pressão diferencial da placa de orifício em [kPa]. Além dos coeficientes de ajuste, a


Tabela 3.3 apresenta o coeficiente de correlação do ajuste.

Figura 3.11. Velocidade superficial em função da raiz da diferença de pressão para a


água e querosene.
65

Tabela 3.3. Coeficientes B da equação de ajuste linear das placas de orifício e o


coeficiente de correlação (R).
Fluido B (m/s.kPa1/2) R
Querosene 0,14317 0,99959
Água 0,12011 0,9999
J [m/s] = B.√Δp [kPa]

3.4.2 Calibração do Medidor de Pressão

Foram utilizados no experimento cinco transdutores de pressão diferenciais SMAR


(LD301). Dois transdutores para medir as diferenças de pressões nas placas de orifício e três
transdutores para medir as diferenças de pressões na linha vertical, linha horizontal e curva.
As aferições para os dois transdutores utilizados na placa de orifício foram realizadas
na própria linha. Os transdutores e um manômetro em U, com mercúrio e escala de 2 mm, forma
ligados na linha. Ligando-se as bombas e mantendo uma vazão constante são medidas as
diferenças de pressão do transdutor e do manômetro. Esse procedimento foi realizado para 5
pontos e a Figura 3.12 mostra as pressões obtidas nos transdutores e no manômetro.
Para os outros 3 transdutores foi utilizado o mesmo manômetro contendo mercúrio e
uma pequena camada de água com escala de 2 mm, ligados a um circuito pneumático.
Injetando-se ar controlado por uma válvula, mediram-se 5 pontos e as pressões obtidas no
transdutor e no manômetro foram comparadas, como mostra a Figura 3.13.
Para aumentar a sensibilidade dos transdutores, calibra-se para as faixas de pressões
mais próximas das que ocorrem no experimento. Portanto, as faixas de cada transdutor são de
(-3 a +3 kPa) para a vertical, (0 a 15 kPa) para a horizontal e (-10 a +10 kPa) para a curva.
66

Figura 3.12. Calibração dos transdutores de pressão usados nas placas de orifício.

Figura 3.13. Calibração dos transdutores de pressão usados nos trechos vertical, horizontal e
curva
67

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Neste capítulo são descritos os procedimentos realizados para a obtenção dos resultados
experimentais. A fração de líquido média é determinada por meio do aprisionamento dos
fluidos, a fração local pela sonda de impedância e a local média é calculada a partir da fração
local. O gradiente de pressão é medido por transdutores de pressão diferencial e os padrões de
escoamento são definidos a partir de registros das imagens obtidas com uma câmera de alta
velocidade e/ou máquina fotográfica digital. Todas essas medidas foram realizadas para os
escoamentos na vertical e horizontal. Para a curva é realizada apenas a análise das imagens e
gradiente de pressão. No estudo do escoamento transiente na vertical são obtidas as imagens e
os sinais da sonda de impedância de haste.
As velocidades superficiais de cada fluido variaram de 0,1 até 1,0 m/s. Para cada par de
velocidades superficiais esperam-se dois minutos para a estabilização das vazões e em seguida
obtém-se os dados requeridos. No início de todos os testes injeta-se água para limpar o duto.

4.1 Método de Medição de Fração de Líquido Média (α)

Para medição da fração de querosene média na vertical utiliza-se o método gravimétrico


por meio do aprisionamento dos fluidos por válvulas de fechamento rápido. As duas válvulas
são de esfera com acionamento eletropneumático. Com a mistura bifásica escoando, as válvulas
são acionadas, interrompendo o escoamento e aprisionando os fluidos no duto. Em razão da
diferença de densidades, os fluidos se separam, sendo que o querosene ocupa a parte superior e
a água a parte inferior do duto (Figura 4.1). Como o duto possui seção transversal constante, a
razão de volumes pode ser expressa pela razão dos comprimentos:

HK
K  (4.1)
HW  H K
68

na qual αK é a fração de querosene, HK a altura de querosene e HW a altura de água.


Como a separação total dos fluidos aprisionados é difícil de ocorrer, ao invés de medir
a altura das fases, é medida a diferença de pressão entre o início e o fim na coluna dos fluidos
aprisionados. Utiliza-se o mesmo transdutor de pressão posicionado para a leitura dos
gradientes de pressão da linha vertical. Como a instalação do transdutor possui mangueiras
preenchidas somente com água, pode-se medir a diferença de pressão entre uma coluna com
água e a outra com a mistura água/querosene (vide Figura 4.1). A diferença de pressão é
proporcional à altura de querosene ou à fração de querosene.

Figura 4.1. Desenho esquemático do dispositivo para medição de fração de líquido média (α)
no duto vertical.

A altura da coluna de querosene é determinada pela pressão do fluido estático:

dp
HK  (4.2)
  W   K g
69

na qual dp é a diferença de pressão medida no transdutor de pressão, g a aceleração da


gravidade, ρW a densidade da água e ρK a densidade do querosene.
Entretanto, por questões de instalação, a tomada de pressão do transdutor fica deslocada
da face da válvula por uma distância de 0,06 m, denotada por h. Isso faz com que essa altura
não possa ser medida pelo transdutor de pressão (vide Figura 4.1). Considera-se então que essas
alturas na parte inferior e superior estão, respectivamente, sempre cheias de água e querosene.
Assim a fração de querosene é determinada como:

HK  h
K  (4.3)
HT

na qual HT é a altura total corrigida, considerando as alturas h que não são lidas pelo transdutor.
Na linha horizontal, também é realizado o aprisionamento dos fluidos por meio das
válvulas de fechamento rápido. A mistura aprisionada separa-se formando uma camada de
querosene na parte superior e uma camada de água na parte inferior do duto, Figura 4.2.

Figura 4.2. Desenho esquemático da separação dos fluidos aprisionados no duto horizontal.

O comprimento do duto, onde a mistura está aprisionada, é o mesmo para ambos os


fluidos. Assim a fração de querosene é obtida seguindo a relação entre as áreas:

AK
K  (4.4)
AW  AK
70

na qual AK é a área ocupada pelo querosene e AW a área ocupada pela água.


Considerando que a interface entre os fluidos é representada por uma superfície plana,
determina-se a área da seção transversal ocupada pela água e pelo querosene, por meio, de suas
respectivas alturas, como mostra a Figura 4.3.

Figura 4.3. Desenho esquemático da área de seção transversal do duto para os fluidos
separados.

O ângulo interno λ é relacionado com a altura de água por meio da relação


trigonométrica:

 HW 
  2 cos1 1  2  (4.5)
 D 

e a área do segmento circular é:

D2
AW    sen  (4.6)
8
71

na qual D é o diâmetro interno do duto.


Utilizando a Eq.(4.6) determina-se a fração de água pela relação:

  sen
W  (4.7)
2

sendo a fração de querosene dada por:

 K  1  W (4.8)

Determina-se altura da água na seção transversal do duto para os fluidos aprisionados


por meio da sonda de impedância. Após os fluidos aprisionados se separarem completamente,
uma sonda acoplada a um micrômetro é posicionada na interface para medir a altura de água.
A sonda local é calibrada para que em contato com a água o sinal seja máximo e em contato
com o querosene o sinal seja mínimo e assim determina-se a localização da interface. Com a
altura de água, as frações de água e querosene são determinadas. Na Seção 4.2 são descritos
com detalhes a construção e funcionamento da sonda de impedância local.
Os testes para obtenção das frações de líquido média foram repetidos 5 vezes para cada
par de velocidades superficiais a fim de garantir uma boa repetitividade.

4.2 Método de Medição do Perfil de Fração de Líquido Local (α’) e da Fração de


Líquido Local Média (<α’>)

Utiliza-se a sonda de impedância local para determinar os perfis de fração de líquido


local e, a partir desta, calcular a fração líquida local média. O sensor trabalha com a diferença
de impedância entre a água e o querosene. O princípio de funcionamento da sonda se baseia na
diferença de impedância obtida quando ela está em contato com a água ou com o querosene.
Quando um dos fluidos entra em contato com a ponta da sonda, que está isolada, fechasse um
circuito formado pela ponta do fio de ouro e a agulha de aço inoxidável, obtendo-se a
72

impedância característica de cada fluido. Quando a sonda está em contato apenas com a água é
associada uma máxima tensão de 5 V e apenas com querosene uma mínima tensão de 1 V. A
sonda é conectada a um circuito eletrônico que excita a sonda e lê o sinal em tensão,
desenvolvida no 2PFG/DE/FEM/UNICAMP. O circuito eletrônico envia o sinal de tensão à
uma placa da National Instruments (NI SCXI-1000) que digitaliza o sinal com uma frequência
de aquisição de 3 kHz.
Para a construção da sonda de impedância local, um fio de ouro de 0,9 mm de diâmetro
é trefilado até atingir a 108 μm. O ouro é utilizado por ser um metal de difícil oxidação. O fio
de ouro é inserido em uma agulha de aço inoxidável de 0,9 mm de diâmetro externo. A sonda
foi adaptada a um micrômetro que faz seu movimento ao longo do diâmetro do duto, além de
nos dar sua posição. A extremidade do fio de ouro é isolada com cola epóxi, uma vez que é
importante que apenas sua face esteja em contato com o fluido. Essa extremidade em contato
com o fluido possui um comprimento de 0,7 mm. A Tabela 4.1 mostra as etapas do processo
de construção da sonda de impedância local. Mais detalhes sobre o procedimento de construção
dessa sonda estão em Guerra (2010).

Tabela 4.1. Etapas do processo construtivo da sonda de impedância local. Fonte: Guerra
(2010).
73
74

A sonda de impedância local é posicionada ao longo da linha na vertical em 3,39 m


(L/D = 130,3) e na horizontal em 6,52 m (L/D = 250,7). Foi desenvolvido um mecanismo para
o controle da posição da sonda ao longo do diâmetro do duto. A sonda é fixada a um micrômetro
que faz com que seja possível posicionar a sonda ao longo do diâmetro do duto. Devido a
curvatura da sonda, é impossível posicionar a sonda próxima a parede interna e desta forma só
é possível realizar a medição ao longo do raio. Para contornar essa dificuldade, um tarugo de
acrílico foi usinado como uma luva com o mesmo diâmetro do duto. Rebaixos e anéis de
vedação tipo O´ring garantem a vedação da luva com a parede externa do duto e permitem
posicionar a sonda em qualquer posição ao longo dos 360º do duto, como pode ser observado
na Figura 4.4. Desta forma, é possível realizar a medição das frações locais ao longo de toda a
seção transversal do duto.

Figura 4.4. Sonda de impedância local posicionada na seção vertical.

A fração de líquido local foi determinada em 11 pontos ao longo do diâmetro do duto


espaçados de 2,44 mm entre si, como mostra a Figura 4.5. Devido à curvatura da sonda, o maior
raio que é possível captar é o de 12,2 mm. Desta forma, o primeiro ponto de medição da fração
local encontra-se a 0,8 mm da superfície da parede do duto. Para posicionar a sonda em cada
ponto é necessário determinar o centro do duto. O primeiro passo é posicionar a sonda na parede
do duto oposto ao do micrometro, zerando o micrometro nesta posição. Como o diâmetro
externa da sonda e duto é, respectivamente, de 0,9 e 26 mm, deslocando a sonda de 12,55 mm
a partir da parede se obtém o centro do duto. O micrometro é novamente zerado e a partir desse
é possível percorrer o raio até a parede oposta. Após realizar as medidas nesse lado, a luva é
75

rotacionada de 180º para percorrer o lado oposto. Como o centro do duto é considerado o zero,
os valores a esquerda representam valores de raio negativos.

Posição r/R R (mm)


1 -0,928 -12,2
2 -0,751 -9,76
3 -0,563 -7,32
4 -0,375 -4,88
5 -0,188 -2,44
6 0 0
7 0,188 2,44
8 0,375 4,88
9 0,563 7,32
10 0,751 9,76
11 0,928 12,2

Figura 4.5. Posição dos pontos de medição da sonda de impedância local na seção transversal
do duto.

Os testes iniciam-se com a calibração da sonda para a tubulação apenas com água e em
seguida apenas com querosene para estabelecer as voltagens de referências para a água e o
querosene, respectivamente de 5 e 1 V. Após a sonda ser calibrada, iniciam-se os testes com a
mistura bifásica. Para um conjunto de velocidades superficiais de água e do querosene a sonda
é posicionada e adquirem-se os dados com o tempo de aquisição de dois minutos. Com as
mesmas velocidades, muda-se a posição da sonda e novamente adquirem-se os dados. Para cada
conjunto de velocidades pré-definido obtêm-se os sinais da sonda ao longo do diâmetro do duto.
A Figura 4.6 mostra parte de um sinal obtido da sonda posicionada no centro do duto
para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s no escoamento vertical. A abscissa é o tempo e a ordenada a
voltagem. Os valores de voltagem altos representam a passagem de água e os valores baixos a
passagem de querosene.
76

Figura 4.6. Sinal obtido da sonda de impedância local posicionada no centro do duto no
escoamento vertical para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s.

O sinal é normalizado pela equação:

U  U min
U*  (4.9)
U max  U min

na qual U é a voltagem instantânea da sonda, Umax e Umin são, respectivamente, as voltagens


máximas e mínimas obtidas durante todo o sinal e U* é o sinal da voltagem normalizado. Assim,
o sinal é normalizado entre 0 e 1, sendo que 0 significa a passagem de querosene e 1 a passagem
de água. A voltagem máxima e mínima para cada aquisição individual não é necessariamente
1 e 5 V, podendo obter valores acima e abaixo desse valor dependendo das características de
cada aquisição em particular. Por isso é importante realizar a normalização com os valores
mínimos e máximos do sinal adquirido.
A Figura 4.7 mostra o sinal normalizado do gráfico mostrado na Figura 4.6, no qual
pode-se observar que o sinal não apresenta um comportamento binário (0 ou 1). Para tornar o
processo de contabilização da fração é importante com que o sinal seja binário. Para tanto, um
processo de filtragem do sinal deve ser efetuado. Estabelecendo um parâmetro limite (fator de
corte) que faz com que todo o sinal com um valor acima desse limite seja considerado como
sendo 1 e o abaixo como sendo 0, é possível binarizar o sinal. A Figura 4.8 mostra o sinal com
fator de corte de 0,7 para o sinal normalizado da Figura 4.7 e o procedimento para se determinar
o valor do fator de corte selecionado será explicado ao final desta seção
77

Figura 4.7. Sinal normalizado da Figura 4.6.

Figura 4.8. Sinal normalizado com fator de corte de 0,7.

O cálculo da fração de líquido (água ou querosene) em qualquer posição radial do tubo


é realizado por uma média temporal do sinal obtido pelo sensor em cada ponto. A média é
obtida dividindo-se o tempo que cada fluido estava em contato com a sonda pelo tempo total
de amostragem. Então a fração de querosene para um determinado ponto pode ser calculada
como:

r 1 N '
 'K   
R
 ti
t i 1
(4.10)

no qual α’ é a fração de líquido local, t’ é o tempo que o querosene está em contato com a sonda
e Δt o tempo total de amostragem do sinal. Considerando que a aquisição é feita com uma
frequência de 3 kHz, para uma aquisição de dois minutos tem-se o total de 360000 pontos
aquisitados. Como o sinal é discreto (Figura 4.9), pode-se determinar a fração de querosene
78

somando todos os pontos referentes ao querosene e dividindo pelo total de pontos da


amostragem.

r
n K
 'K    i 1
(4.11)
R N

no qual nK são os pontos referentes ao querosene e N o número total de pontos da aquisição.


Determinando a fração de querosene local em cada um dos pontos definidos na Figura
4.5, obtêm-se o perfil de fração de querosene local. A Figura 4.10 mostra um exemplo de perfil
de fração de querosene local determinado na linha vertical para as velocidades de JW = 0,2 m/s
e JK = 0,2 m/s.

Figura 4.9. Sinal discreto da sonda elétrica.

O cálculo da fração de querosene local média é obtido por uma média do perfil de fração
de querosene local. Considerando-se que a fração de querosene local é constante em uma área
em torno de cada um dos pontos, a fração de querosene local média é determinada por:

11
r r

( r / R ) 1
 '   A 
R R
' K
 (4.12)
AT
79

Como no escoamento vertical os padrões observados possuíam simetria radial (será


apresentado no Capítulo 6) é realizada uma média dos pontos simétricos. Então, a área para o
cálculo da fração de querosene local média é considerada uma coroa circular, como mostra na
Figura 4.11.

Figura 4.10. Perfil de fração de querosene local para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s.

Figura 4.11. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha vertical.
80

Para o escoamento horizontal os padrões observados são em sua maioria padrões


separados (será apresentada no Capítulo 6). Portanto, a área é considerada como mostra a Figura
4.12.

Figura 4.12. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha horizontal.

A fração de líquido local média varia com o fator de corte. Portanto, realizou-se um
estudo do fator de corte para definir qual valor utilizar. Como a variação do fator de corte não
convergia para um valor constante de fração de líquido local média, como era o esperado,
definiu-se um fator que mais aproximava a fração de líquido local média da fração de líquido
média, esse valor foi o 0,7.
Os testes para obtenção das frações de líquido local média foram repetidos 2 vezes para
cada par de velocidades superficiais a fim de garantir uma boa repetitividade.

4.3 Determinação do Parâmetro de Distribuição e da Velocidade de Deslizamento

A modelagem do escoamento bifásico segundo o modelo de deslizamento, definido por


Zuber e Findlay (1965), é expressa pela Eq. (2.13). Na determinação da fração de líquido são
necessários o parâmetro de distribuição (C0) e a velocidade de deslizamento (vDK) para o
81

fechamento da equação. Esses parâmetros podem ser determinados experimentalmente, onde


dois métodos podem ser utilizados. No primeiro, Método I, o parâmetro de distribuição é dado
por:

 K vM
C0  (4.13)
 K vM

no qual o operador < > é a média na seção transversal do duto. As frações de querosene e as
velocidades de mistura são determinadas por meio de seus respectivos perfis. O perfil de fração
de querosene é determinado experimentalmente, como descrito na Seção 4.2 e o perfil de
velocidades proposto por Zuber e Findlay (1965) é definido como:

n
u (r ) r
 1   (4.14)
uC R

na qual u é a velocidade definida ao longo do raio, uC a velocidade na linha de cento do perfil


de velocidades e n um número inteiro que pode variar de 5 até 10.
Além disso, outro perfil de velocidades foi analisado, o perfil das velocidades é obtido
de um perfil turbulento em tubo liso representado pela lei da potência. Como o menor número
de Reynolds obtido no nesse trabalho é de 4620, considerando a velocidade de mistura de
0,2 m/s e as propriedades de mistura, nota-se que toda a grade de teste está região turbulenta.
A lei da potência relaciona a velocidade ao longo do raio com a velocidade na linha de centro
do duto:

1/ n
u (r )  r 
 1   (4.15)
uC  R

e a razão entre a velocidade superficial e a velocidade na linha de centro pode ser calculada
como:
82

JK 2n 2
 (4.16)
u C n  12n  1

das Eqs. (4.15) e (4.16), obtém-se:

u ( r )  jK
n  12n  1 1  1/ n
r
  , (4.17)
2n 2  R

Foram testados vários valores de n para o perfil de velocidades, Eq. (4.17), mas como
não houve mudanças significativas nos resultados, optou-se por n = 7, o qual é o valor mais
usual. Nota-se que o perfil de velocidades utilizado por Zuber e Findlay (1965), Eq. (4.14), é
diferente do apresentado na Eq. (4.15), o perfil utilizado será o da lei da potência, Eq. (4.14),
por apresentar uma melhor adaptação ao caso estudado.
Após determinar o parâmetro de distribuição, o valor da velocidade de deslizamento
pode ser calculado da Eq. (2.13). Para cada padrão determinado, obteve-se um valor para o
parâmetro de distribuição e um valor para a velocidade de deslizamento. O segundo método de
determinação do parâmetro de distribuição e da velocidade de deslizamento, Método II, é por
meio das frações de líquido médias. Em um gráfico de JK/αK por vM realiza-se a regressão linear
dos pontos separados por padrões. O C0 é dado pelo coeficiente angular da reta e o vDK pelo
coeficiente linear.

4.4 Determinação dos Padrões de Escoamento

Para determinar os padrões de escoamento, além dos perfis de fração de querosene


obtidos pelo sensor de impedância, realizaram-se filmagens utilizando uma câmera de alta
velocidade (MotionXtra N3) e fotografias com a câmera (Nikon 810). Foram escolhidos três
locais para a obtenção das imagens: nas linhas vertical e horizontal logo após a segunda válvula
de fechamento rápido e na curva. Para diminuir o erro de paralaxe na seção de teste, instalou-
se um recipiente com paredes planas de acrílico preenchido com água no trecho onde ocorreram
83

as filmagens (vide Figura 4.13). Para obter boas imagens com a câmera de alta velocidade a
grande dificuldade foi a iluminação do escoamento. Após alguns testes a melhor forma
encontrada foi a utilização de placas de “leds” posicionadas na parte de trás da seção de
visualização. As filmagens foram aquisitadas com a frequência de 455 Hz. Com a câmera
fotográfica a velocidade do obturador escolhido foi de 1/8000 s. Uma vez que a câmera de alta
velocidade não capta imagens coloridas, a diferenciação da água e do querosene para alguns
casos foi realizada por meio das imagens da câmera fotográfica.

Figura 4.13. Seção de visualização posicionada na linha vertical.

4.5 Determinação do Gradiente de Pressão

O gradiente de pressão foi obtido por meio dos transdutores posicionados na linha
vertical, na curva e na linha horizontal. Para o escoamento vertical e na curva o gradiente de
pressão é determinado pelo termo gravitacional e as pelo termo de atrito. Portanto, para
determinar apenas a o gradiente de pressão devido ao atrito desconta-se o termo gravitacional.
A equação de Bernoulli para o caso de um escoamento bifásico torna-se:

dpF
 g  W   M 
dp
 (4.18)
h h
84

na qual (dp)F é a queda de pressão devido ao atrito, dp a diferença de pressão medida através
do transdutor, g a aceleração da gravidade, Δh a diferença de altura entre as tomadas de pressão
do transdutor, ρW a densidade da água e ρM a densidade de mistura. A densidade de mistura é
definida como:

 M   K K  W 1   K  (4.19)

na qual ρK é a densidade do querosene e αK a fração de querosene. O gradiente de pressão devido


ao atrito na linha horizontal é determinado diretamente por meio do transdutor de pressão, pois
o termo gravitacional é desprezível.
Como o transdutor de pressão não é posicionado diretamente na curva, mas em seções
retas antes do início e depois do final da curva, como mostra a Figura 4.14, para determinar a
queda de pressão apenas na curva é necessário desconsiderar as quedas de pressão que ocorrem
nos trechos vertical (2,91 m) e na horizontal (0,9 m). Para isso os gradientes de pressão na
vertical e horizontal são multiplicados pelos seus respectivos comprimentos e, então, são
subtraídos do valor total da diferença de pressão medido pelo transdutor mostrado na Figura
4.14.

Figura 4.14. Comprimentos das seções anteriores e posteriores a curva.


85

Dessa forma a queda de pressão na curva é calculada por:

dpcurva  dptotal   dp Lv   dp 
  Lh  (4.20)
 dz  vertical  dz  horizontal

na qual (dp)curva é a queda de pressão apenas na curva, (dp)total é a diferença de pressão medida
pelo transdutor posicionado na curva, (dp/dz)vertical é o gradiente de pressão na linha vertical,
(dp/dz)horizontal é o gradiente de pressão na linha horizontal, Lv é o comprimento na linha vertical
entre o transdutor e a curva e Lh é o comprimento da linha horizontal entre a curva e o transdutor
de pressão.
Os testes para obtenção das quedas de pressões nas linhas vertical, horizontal e curva
foram repetidos 5 vezes para cada par de velocidades superficiais a fim de garantir uma boa
repetitividade.

4.6 Determinação da Inversão de Fase

O ponto de inversão de fase é obtido pela análise dos gráficos de gradiente de pressão
nas linhas vertical e horizontal. A inversão de fase tem como característica pontos de máxima
e mínima pressão, respectivamente, para escoamento horizontal e na vertical. Isso pode ser visto
nos trabalhos de Angeli e Hewitt (1998) e Hu e Angeli (2006). O gráfico de gradiente de pressão
é determinado para uma velocidade de mistura constante com a fração de água variando de 0
até 100%. Inicia-se o escoamento apenas com querosene, em seguida diminui-se a velocidade
superficial de querosene e aumenta-se a velocidade superficial de água, mantendo a velocidade
de mistura constante. Os pontos de gradiente de pressão são obtidos para vários valores de
fração de água até atingir um escoamento apenas com água.
86

4.7 Escoamento Transiente Vertical

Uma situação de interesse na indústria petrolífera em relação a escoamentos líquido-


líquido é a injeção de um fluido para se retirar outro de uma linha. Esse procedimento é
utilizado, por exemplo, em partidas de poços, em retirada de fluidos de perfuração, entre outros.
O procedimento consiste em se bombear um fluido com propriedades distintas do que se
encontra originalmente na tubulação até a sua completa retirado do duto. Dessa forma, o
conhecimento do comportamento da interface entre os dois fluidos é de suma importância para
garantir que haja a retirada completa do fluido original. Esse processo é caracterizado por um
transiente e foi estudado na linha vertical.
Para analisar como ocorre esse escoamento transiente na linha vertical utilizou-se a
sonda de impedância de haste e filmagens com a câmera de alta velocidade. Os testes iniciaram-
se com a calibração da sonda de impedância de haste para a tubulação com apenas água e em
seguida com apenas querosene para estabelecer, respectivamente, as referências das voltagens
de 1 e 5 V. Posteriormente, o tubo é preenchido com um dos fluidos e espera-se a estagnação.
Liga-se a bomba do fluido que não está no tubo e inicia-se a aquisição do sinal da sonda, com
o tempo de aquisição de 1 minuto. A aquisição dos dados é realizada por uma placa da National
Instruments NI (SCXI-1000) com uma frequência de 3 kHz. Além do sinal da sonda de
impedância de haste foram realizadas filmagens com a câmera de alta velocidade.
A sonda de impedância de haste possui o mesmo princípio de funcionamento da sonda
de impedância local, sendo que ao invés de uma sonda de agulha é utilizado uma haste metálica
que atravessa o diâmetro do duto (vide Figura 4.15). A haste é inserida em um duto metálico e
é instalada na linha vertical (vide Figura 4.16). O sensor fica em contato direto com os fluidos
e suas extremidades isoladas eletricamente do tubo metálico. A detecção das fases é
determinada pela à diferença de impedância das fases. Quando o sensor está em contato apenas
com a água o sinal é de 5 V e quando está em contato apenas com o querosene é 1 V. Quando
a haste está em contato com os dois fluidos simultaneamente é adquirido um sinal proporcional
à concentração dos fluidos. Mais detalhes sobre essa sonda podem ser obtidos em Mastelari et
al. (2005).
87

Figura 4.15. Desenho esquemático da sonda de impedância de haste.

Figura 4.16. Sonda de impedância de haste instalada na linha vertical.

A Figura 4.17 mostra um sinal obtido pela sonda de impedância de haste quando injeta-
se querosene a uma velocidade superficial de 0,45 m/s no duto preenchido com água. Para uma
melhor análise do sinal é realizado um processamento. O processamento consiste em realizar
uma média móvel para retirada dos ruídos. Essa média consiste em substituir um determinado
número de pontos (N) por uma média desses pontos, no qual os pontos da primeira série não
entram mais nos cálculos, por isso chamada de móvel. Esses pontos (N) são substituídos pela
média, sendo que essa média é realizada com os N pontos mais M pontos à frente. Antes de
realizar a média móvel o sinal é normalizado pela Eq. (4.9). A Figura 4.18 mostra o sinal
normalizado e processado pela média.
88

Figura 4.17. Sinal da sonda de impedância de haste ao longo do tempo para o duto preenchido
com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.

Figura 4.18. Sinal da sonda de impedância de haste processada ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
89

5 MODELAGEM UNIDIMENSIONAL DO ESCOAMENTO


BIFÁSICO

Neste capítulo serão apresentados os modelos matemáticos utilizados para a previsão


dos parâmetros do escoamento líquido-líquido nas linhas vertical e horizontal. Basicamente,
foram utilizados três modelos de escoamento bifásico, homogêneo, de deslizamento (drift-flux)
e o de fases separadas. A modelagem matemática do escoamento é utilizada para a previsão de
parâmetros, tais como as velocidades in situ, fração de líquido ou gradiente de pressão a partir
de parâmetros conhecidos, como velocidades superficiais, propriedades dos fluidos e da
geometria do tubo.
O modelo de dois fluidos ou modelo de multifluido é a forma mais detalhada e precisa
para descrever o escoamento bifásico. As equações de conservação de massa e de quantidade
de movimento são formuladas para as duas fases que são acopladas por meio das condições na
interface. Os termos interfaciais são determinados por relações de fechamento que necessitam
ser modeladas com precisão para uma representação satisfatória do fenômeno físico. No
entanto, as dificuldades em realizar medições nessa interface geram a falta de relações de
fechamento adequadas em muitos casos. Partindo-se então da formulação mais geral, o modelo
de dois fluidos, pode-se utilizar algumas hipóteses para se obter uma formulação mais simples.
A equações da quantidade de movimento, segundo o modelo de dois fluidos, para o
escoamento unidimensional em regime permanente, desprezando as forças interfaciais médias,
para a água e o querosene ao longo de um duto são respectivamente, dados por:

d
   dp  S S
 W W vW2      W W   i i  W gsen (5.1)
dz  dz  AW AW

d
   dp  S S
 K  K v K2      K K   i i   K gsen (5.2)
dz  dz  AK AK
90

na qual SW e SK são os perímetros molhados de cada fase, Si é o perímetro da interface, τW e τK


são as tensões cisalhantes entre cada fase e a parede do duto, τi é a tensão cisalhante na interface,
θ é a inclinação com a vertical.

5.1 Modelo de Fases Separadas

No modelo de fases separadas os fluidos são modelados separadamente e acoplados por


meio dos termos da interface. A hipótese para simplificação do modelo é considerar que a
interface entre os fluidos é aproximadamente plana ou com ondulações periódicas.
Considerando a área da seção transversal do duto e as frações de líquido constantes, o termo
devido à aceleração é nulo e, portanto, as Eqs. (5.1) e (5.2) tornam-se:

 dp 
 AW     W SW   i Si  W AW gsen  0 (5.3)
 dz 

 dp 
 AK     K S K   i Si   K AK gsen  0 (5.4)
 dz 

Considerando que os gradientes de pressão dos dois fluidos individualmente sejam


iguais, subtraindo-se a Eq. (5.3) da Eq. (5.4), obtém-se:

SW S  1 1 
W   K K   i S i      K  W gsen  0 (5.5)
AW AK  AW AK 

O modelo de fases separadas é aplicado a escoamentos com duas fases distintas, nos
quais o conhecimento dos parâmetros de interface é essencial. Portanto, o modelo será utilizado
no escoamento anular identificado na linha vertical e nos escoamentos estratificados na linha
91

horizontal. Para cada caso, as equações de fechamento foram obtidas da literatura e serão
apresentadas a seguir.

a) Vertical (Anular)

Como o padrão anular tem duas fases bem definidas, será utilizado o modelo de fases
separadas com tubo posicionado na vertical (θ = π/2), para a sua análise. Os parâmetros para o
fechamento da Eq. (5.5) são apresentados a seguir.

 Tensões de Cisalhamento

As tensões na parede e na interface são obtidas de acordo com as velocidades in situ dos
fluidos na região central e na região anular. Essas relações foram propostas por Brauner (1991)
e são definidas como:

1
K  Cf  K v K2 (5.6)
2

1
W  C f W vW2 (5.7)
2

C f W vW  Ci v K vW
i  para vK > vW (5.8)
2

C f  K vW  C i v K vW
i  para vK < vW (5.9)
2
92

nas quais os valores da constante Ci são definidos de acordo com o número de Reynolds: para
Re < 2100  Ci = 2, para Re ≥ 2100  Ci = 1,2. Os fatores de atrito são, respectivamente,
definidos como:

16
Cf  para Re < 2100  laminar (5.10)
Re

0,079
Cf  para 2100 < Re < 105  turbulento (5.11)
Re 0, 25

na qual a Eq. (5.11) é a equação de Blasius para escoamento turbulento. Os números de


Reynolds do escoamento de água e de querosene são, respectivamente, definidos como:

W vW DW
ReW  (5.12)
W

 K v K DK  DW 
Re K  (5.13)
K

 Parâmetros Geométricos

São necessários alguns parâmetros geométricos para o fechamento das equações. Esses
parâmetros dependem do tipo de padrão de escoamento. Os parâmetros geométricos são
definidos de acordo com a Figura 5.1 e são apresentadas na Tabela 5.1.
A fração de querosene é determinada iterativamente substituindo os diferentes termos
na Eq. (5.5) e minimizando a equação para se obter o valor exato da fração de líquido. Os
gradientes de pressão são determinados utilizando as Eqs. (5.3) ou (5.4).
93

Figura 5.1. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases
separadas na vertical.

Tabela 5.1. Parâmetros geométricos para o modelo de fases separadas na vertical.


Parâmetros Geométricos
Anular
S K  DK
Si  DW

AK   DK2  DW2 
AW   DW2
DW  DK 1   K

b) Horizontal (Estratificados)

Para os padrões estratificados apresentados na horizontal será utilizado o modelo de


fases separadas (Eq. 5.5) com o tubo posicionado na horizontal (θ = 0), e as equações de
fechamento são definidas a seguir.

 Tensão de Cisalhamento

As tensões de cisalhamento na parede são definidas de acordo com as Eqs. (5.6) e (5.7).
A tensão de cisalhamento na interface é definida por Brauner et al. (1998):
94

C fi  K vW  vK 
2

i  (5.14)
2

Os fatores de atrito da água e querosene são calculados como nas Eqs. (5.10) e (5.11).
O fator de atrito na interface é definido como Cfi = CfK para vK > vW e Cfi = CfW para vW > vK. O
número de Reynolds dos escoamentos de água e de querosene são, respectivamente, dados por:

W vW DW
ReW  (5.15)
W

 K v K DK
Re K  (5.16)
K

 Parâmetros Geométricos

Os diâmetros hidráulicos de cada fase são calculados a partir das frações de áreas e das
circunferências molhadas ocupadas por cada fase:

4 AW 4 AK
DW  ; DK  para vK > vW (5.17)
SW S K  Si

4 AW 4A
DW  ; DK  K para vW > vK (5.18)
SW  Si SK

4 AW 4A
DW  ; DK  K para vW = vK (5.19)
SW SK
95

Os parâmetros geométricos são determinados considerado a interface plana entre os


fluidos (Figura 5.2) e são apresentados na Tabela 5.2. Assim, a fração de querosene é
determinada iterativamente substituindo os diferentes termos na Eq. (5.5) e minimizando para
se obter o valor exato da fração de líquido. Os gradientes de pressão são determinados utilizando
a Eq. (5.4) ou (5.3).

Figura 5.2. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases
separadas na horizontal.

Tabela 5.2. Parâmetros geométricos para o modelo de fases separadas na horizontal.


Parâmetros Geométricos
Interface Plana
 H 
  2 cos1 1  2 W 
 D 
D
SW  
2
S K  D  SW
D2
AW    sen 
8
D2
AK    AW
4
96

5.2 Modelo Homogêneo

O modelo homogêneo permite uma descrição simplificada do escoamento. As hipóteses


consideram que os dois fluidos são combinados em apenas um pseudo-fluido com velocidade
e propriedades médias. Assume-se que não ocorre deslizamento entre as fases. Portanto, o
modelo homogêneo apresenta melhores resultados para escoamentos nos quais o deslizamento
entre as fases é pequeno. Essa mistura pode ser modelada como um escoamento monofásico.
Nesse caso a equação da quantidade de movimento é definida como:

dv dp
M v  A  S  A M gsen (5.20)
dz dz

Para casos em que os termos de aceleração sejam desprezíveis, tem-se:

dp S
   m gsen (5.21)
dz A

no qual, ρM é a densidade de mistura. Calcula-se densidade de mistura é ponderando-se a fração


de líquido de cada fluido de acordo com a relação:

 M   K  K  1   K W (5.22)

Como no modelo homogêneo despreza-se o deslizamento entre as fases, a fração de


querosene é calculada pelas vazões volumétricas de injeção:

QK
 K  CK  (5.23)
QK  QW
97

5.3 Modelo de Deslizamento (Drift-Flux)

O modelo de deslizamento (drift flux), apresentado por Zuber e Findlay (1965), expressa
as variáveis primitivas dos fluidos em termos de variáveis de mistura, simplificando a
modelagem, mas mantendo a interação das fases por meio da velocidade relativa. O modelo de
deslizamento pode ser aplicado a qualquer tipo de escoamento bifásico utilizando as equações
de fechamento adequadas. A equação da quantidade de movimento é a mesma utilizada no
modelo homogêneo, mas os parâmetros são ponderados por meio da fração de líquido obtida
pela relação de deslizamento entre as fases Eq (2.13). Pode-se escreve a Eq. (2.13) em função
do fluxo de deslizamento Eq. (2.12) e assim a fração de líquido é dada por:

vW  J KW
W  (5.24)
vm

no qual vW, JKW e vm são, respectivamente, as velocidades in situ da água, o fluxo de


deslizamento e a velocidade de mistura. Os fluxos de deslizamento são obtidos de correlações
experimentais. Para um escoamento dominado pela gravidade o fluxo de deslizamento foi
apresentado por Peebles e Garbes (1953):

J KW  U Wn 1  W  (5.25)

sendo que os valores de U∞ e n são definidos de acordo com o padrão de escoamento. O modelo
de deslizamento foi utilizado nos padrões em bolhas e agitado para o escoamento vertical. Os
valores U∞ e n foram retirados da tabela obtida por Peebles e Garber (1953).

Para o escoamento em bolhas, n = 2, e:

0, 25
 g 
U   1,18  (5.26)
 W 
98

na qual σ é a tensão superficial e para o escoamento agitado, n = 0, e:

0, 25
 g 
U   1,18  (5.27)
 W 
2

Portanto, definida a fração de líquido, a densidade de mistura é calculada pela Eq. (5.22)
e o gradiente de pressão é calculado pela Eq. (5.21). Encontrou-se na literatura apenas esses
dois parâmetros do fluxo de deslizamento para um escoamento de líquido-líquido.
Para o modelo homogêneo e de deslizamento, as equações de fechamento são
apresentadas a seguir.

 Tensão de Cisalhamento

A tensão de cisalhamento é dada por:

1
w  Cf  M v M2 (5.28)
2

na qual fator de atrito Cf é dado pelas Eqs. (5.10) e (5.11). O número de Reynolds da mistura é
definido como:

 M v M Dh
Re M  (5.29)
M

na qual a viscosidade de mistura (μM) é definida por Dukler et al. (1964):

 M   K  K  1   K W (5.30)
99

O diâmetro hidráulico (Dh) da tubulação é definido como:

4A
Dh  (5.31)
S
100

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO - PADRÕES DE ESCOAMENTO


E FRAÇÃO DE LÍQUIDO

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos experimentalmente


das frações de líquido média e local média para as linhas vertical e horizontal, assim como os
padrões de escoamento observados. Os padrões de escoamento nas linhas vertical e horizontal
foram determinados por visualização e com o auxílio da análise dos perfis de fração de
querosene local. A visualização foi realizada pela câmera de alta velocidade e câmera
fotográfica. Os perfis de fração de líquido local foram obtidos usando-se uma sonda de
impedância local. As frações de líquido média foram determinadas com o aprisionamento dos
fluidos por válvulas de fechamento rápido e as frações de líquido local médias usando-se a
sonda de impedância local. As frações de querosene foram comparadas com modelos teóricos
e os mapas de padrão de escoamento foram comparados com mapas de padrões obtidos na
literatura. Ainda, foi realizada uma análise das forças centrífugas e gravitacionais que
influenciam o escoamento na curva.

6.1 Análise do Escoamento na Linha Vertical

Inicia-se a discussão analisando o escoamento na linha vertical, identificando os padrões


de escoamento segundo as imagens e os perfis de fração de querosene local. Em seguida,
estudam-se as frações de querosene obtidas pela técnica de aprisionamento dos fluidos e pela
técnica da sonda de impedância local.

6.1.1 Padrões de Escoamento

Os padrões de escoamento foram determinados analisando-se as imagens, captadas pela


câmera de alta velocidade e pela câmera fotográfica, e os perfis de fração de querosene local
101

obtidas pela sonda de impedância local. A nomenclatura dos padrões foi baseado em Jana et al.
(2006), e as principais características de cada padrão são:

Bolhas – nesse padrão a fase dispersa é o querosene e se apresenta como gotas em forma
de calotas esféricas ou esferóides oblatas ao longo de toda a seção transversal do duto. A água
é a fase contínua. Neste texto o padrão bolhas, será representado por B3.

Disperso – a fase dispersa é o querosene que se encontra na forma de pequenas gotas


espalhadas ao longo de toda a seção transversal do duto. A fase contínua é a água. A
diferenciação entre os padrões bolhas e disperso é o formato e tamanho das gotas de querosene.
Neste texto, o padrão será representado por D4.

Agitado – nesse padrão há bolsões de querosene escoando no meio contínuo de água e


bolsões de água escoando em um meio contínuo de querosene. Esse padrão é determinado por
ser um escoamento caótico que marca a transição do meio contínuo de água para meio contínuo
de querosene. Neste texto, o padrão será representado por CT5.

Anular – esse padrão é caracterizado por apresentar uma película de querosene na


parede do duto com a água escoando pelo centro. Neste texto, o padrão será representado por
CA6.

Além dos padrões reportados por Jana et al. (2006) e descritos acima, identificou-se um
padrão que não se encaixava nas descrições reportadas na literatura. Esse novo padrão foi
chamado de Gotas de Água Alongadas no qual a fase contínua é o querosene e ocupa
praticamente toda a seção transversal e a fase dispersa é formada por gotas alongadas de água
que escoam no centro do duto. Neste texto, o padrão também será representado por EWD7.
A Figura 6.1 apresenta as imagens obtidas para a grade de testes efetuada para o
escoamento na vertical e a Figura 6.2, os perfis de fração de querosene para cada uma das
imagens mostradas na Figura 6.1. Observa-se que para as velocidades baixas de querosene

3
Adaptado do inglês Bubbly (B). No texto e nas figuras optou-se por utilizar a notação abreviadas da língua
inglesa.
4
Adaptado do inglês Dispersed (D).
5
Adaptado do inglês Churn Turbulent (CT).
6
Adaptado do inglês Core Annular (CA).
7
Adaptado do inglês Elongated Water Drops (EWD).
102

(JK ≤ 0,2 m/s e JW ≤ 0,4 m/s) o padrão dominante é o bolhas (B). Para essa faixa, nota-se na
Figura 6.2 que a fase dispersa é o querosene e que sua fração na região central é sempre maior
do que 0,2 (α’K ≥ 0,2). Além disso, nessa faixa, o perfil de α’K apresenta-se aproximadamente
plano, com um gradiente acentuado na região da parede, onde se apresenta uma película
estritamente delgada de água. Devido à impossibilidade de se posicionar a sonda na parede, não
foi possível determinar a espessura dessa película com precisão. A Figura 6.1 mostra que o
querosene apresenta-se na forma de calotas esféricas ou de esferóides oblatas, como era de se
esperar.
Para essa faixa de velocidade de querosene e com o aumento da velocidade de água
(JW > 0,4 m/s) as gotas de querosene diminuem de tamanho devido à turbulência criada pelas
altas velocidades de água, mudando o padrão para o disperso (D). Nesse padrão o perfil de
fração de querosene mantém-se aproximadamente plano e similar ao padrão bolhas, embora
haja uma redução da fração de querosene para valores menores que 0,2 (α’K ≤ 0,2). Esse
comportamento pode ser observado na Figura 6.2, na qual se observa também uma película de
água junto à parede, similar ao padrão bolhas. A fase dispersa é o querosene que se apresenta
em pequenas gotas uniformemente distribuídas, conforme mostra a Figura 6.1. Com base nesses
dados, pode-se afirmar que as diferenças entre esses dois padrões são sutis.
Para altas velocidades superficiais das duas fases (JK ≥ 0,6 m/s e JW ≥ 0,4 m/s) o padrão
observado é o anular (CA). Nesse padrão o querosene encontra-se distribuído praticamente ao
longo de toda a seção transversal do duto, como um filme na parede e como gotas dispersas na
água que escoa pelo centro. Próximo à parede há a formação de uma película de querosene se
estendendo até cerca de 50% do diâmetro do duto, 25% de cada lado. No restante, a água
comporta-se como um meio contínuo e o querosene disperso, com α’K ~ 0,25. Essas
características podem ser observadas nas Figuras 6.1 e 6.2. Observa-se também que a película
de querosene apresenta-se ligeiramente não simétrica, mas isso pode ter sido fortemente
influenciado pelo processo de injeção.
Com a diminuição da velocidade da água para JW ≤ 0,2 m/s e JK ≥ 0,6 m/s há uma
mudança na região do centro do duto. A fração de querosene aumenta significativamente
(α’K > 0,6) e a água apresenta-se como uma fase dispersa. Nessas condições há a formação de
grandes gotas de água, mas que não possuem a forma das bolhas de Taylor, características do
padrão golfadas do escoamento gás-líquido. Esse novo padrão de comportamento não é
reportado na literatura e foi denominado de gotas alongadas de água (EWD).
103

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)
Figura 6.1. Padrões de escoamento na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho;
Disperso (D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas de Água Alongadas (EWD) - verde;
Anular (CA) - rosa.
104

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)

Figura 6.2. Perfil de fração de querosene na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho; Disperso (D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas
de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular (CA) - rosa.
105

A região entre 0,4 m/s ≤ JK ≤ 0,6 m/s e 0,2 m/s ≤ JW ≤ 1,0 m/s é de transição. Nessa
região há um aumento da fração de querosene na região próxima a parede, o perfil de fração de
querosene deixa de ser plano e ocorre a passagem de grandes gotas de querosene na região
central. Devido a semelhança com o padrão agitado do escoamento gás-líquido, esse padrão é
também nominado de agitado (CT). Nesse padrão a fração de querosene varia
significativamente ao longo da seção transversal com a passagem alternada de grandes gotas de
querosene, conforme se observa, por exemplo, para JK = 0,4 m/s e JW = 0,6 m/s na Figura 6.1.
Na grade de testes não foi possível identificar o padrão intermitente.
Na Tabela 6.1 é apresentada para cada padrão uma imagem característica, a distribuição
da fração de querosene ao longo do diâmetro (α’K), a fração de injeção (CK), a fração de
querosene média (αK) e a fração de querosene local média (<α’K>) para efeito de comparação.
No APÊNDICE B são mostradas a comparação do perfil com sua respectiva imagem para todas
as velocidades. Nota-se no perfil de fração de querosene local do padrão bolhas (B), que a
fração de querosene na parede é praticamente zero, demonstrando que a água é dominante na
parede do tubo e, portanto, é a fase contínua. O centro do duto tem uma fração de querosene
local em torno de 0,3 o que indica que as gotas são de querosene, pois a fase dispersa tende a
ser a de menor fração.
O padrão agitado (CT) não apresentou um perfil de fração de querosene uniforme, o
que é característica desse padrão, no qual ocorre a formação de bolsões de água e querosene.
Assim, o padrão é definido por meio das imagens. Nas imagens observam-se bolsões escoando
com gotas, tanto de água quanto de querosene.
Observa-se na Figura 6.1 que o padrão disperso (D) ocorre apenas para altas velocidades
de água e baixas de querosene. O perfil característico do padrão disperso é semelhante ao padrão
bolhas, mas com uma fração de querosene bem menor ao longo do raio, nunca ultrapassando
valores médios de fração de querosene de 0,2.
Os padrões gotas de água alongadas (EWD) e o anular (CA) possuem perfis
semelhantes, sendo que o que os diferencia é a quantidade de água no centro do tubo. No padrão
gotas alongadas de água e anular há a presença de uma película de querosene na parede do duto.
No padrão gotas alongadas de água a película tende a ser mais espessa do que no padrão anular.
Observa-se que no padão EWD a espessura da película de querosene é aproximadamente 0,5 e
no padrão CA é de 0,25. Outra diferença é a transição querosene/água. No padrão CA essa
transição é mais abrupta, que no padrão EWD, o que indica que no CA a película de querosene
é melhor definido do que no padrão EWD. Outra característica marcante é que no padrão EWD
106

há uma concentração maior de querosene na região central do duto do que no padrão CA. Dessa
forma, não se pode dizer que há de fato um núcleo de água no padrão EWD, e portanto esse
não pode ser definido como sendo um padrão CA.
Nota-se ainda na Tabela 6.1 que para os padrões D e EWD os valores de αK aproximam-
se de CK, nos quais as frações de querosene apresentam valores muito baixos ou muito altos,
caracterizando um menor deslizmento entre as fases. Para os padrões B, CT e CA a diferença
entre αK e CK aumenta, em razão do aumento do deslizamento. O valor de <α’K> é obtido da
média do perfil de fração de querosene. A diferença entre <α’K> e αK deve-se ao reduzido
número de pontos usados na determinação do perfil de fração de querosene, para o qual as
frações de querosene locais médias apresentaram maiores incertezas. As frações de querosene
serão discutidas com mais detalhes na Seção 6.1.3.

6.1.2 Comparação com o Mapas de Padrão de Escoamento de Jana et al. (2006)

Existem poucos trabalhos que determinam os padrões de escoamento ascendente


líquido-líquido em uma linha vertical. O único mapa encontrado foi o de Jana et al. (2006)
mostrado na Figura 6.3 com o mapa de padrões de escoamento obtido neste trabalho.
Comparando-se os dois mapas notam-se semelhanças nas regiões da ocorrência dos padrões
bolhas (B) e disperso (D). Na região do padrão agitado (CT) há alguns pontos em comum, mas
na região no qual ocorre o padrão anular (CA), Jana et al. (2006) obteve tanto o padrão CT
como o B. A região dominada pelo padrão CA no mapa de Jana et al. (2006) é a região
dominada pelo padrão gotas de água alongadas (EWD) neste trabalho. Além disso, o padrão
CA obtido por Jana et al. (2006) é um padrão na qual a água está situada na região anular e o
querosene no centro. O padrão anular obtido neste trabalho possui sempre a região anular com
querosene e o núcleo com água, como observado na Tabela 6.1. A ocorrência do padrão CA
nesse formato pode ser devido a injeção de água ocorre pelo centro e a de querosene pelo lado.
Além da influência da molhabilidade do duto, no qual por ser um duto de acrílico, possui maior
afinidade com o querosene.
107

Tabela 6.1. Comparação entre as imagens e o perfil de fração de querosene local no


escoamento vertical.

JW JK Padrão de Frações de
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s) Escoamento Querosene

CK=0,3333

αK=0,2656
0,2 0,1 Bolhas (B)

<α'>K=0,2288

CK=0,4000

αK=0,3498
0,6 0,4 Agitado (CT)

<α'>K=0,4085

CK=0,0909

αK=0,0894
1,0 0,1 Disperso (D)

<α'>K=0,0520

CK=0,8000

Gotas de Água
αK=0,8140
0,2 0,8 Alongadas
(EWD)
<α'>K=0,9141

CK=0,5000

αK=0,5346
0,8 0,8 Anular (CA)

<α'>K=0,6991
108

Figura 6.3. Comparação do mapa de padrões de escoamento obtido neste trabalho com o
mapa de Jana et al. (2006) para a linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT);
Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).

Em ambos os trabalhos, os fluidos utilizados possuem praticamente as mesmas


propriedades. Os comprimentos de desenvolvimento e o tipo de injeção são iguais. A grande
diferença é o tipo de obtenção dos dados. Jana et al. (2006) utilizaram a visualização e a sonda
de impedância de hastes paralelas. Para velocidades baixas (JK = 0,18 m/s e JW = 0,05 m/s) Jana
et al. (2006) não conseguiram visualizar os padrões formados, sendo alguns padrões definidos
apenas pelas sondas. Determinar padrões apenas considerando o sinal da sonda de haste pode
ser enganoso, pois a sonda de haste obtém um sinal proporcional à quantidade de fluido em
contato, mas não informa a posição dos fluidos ao longo do diâmetro do duto.
109

6.1.3 Fração de Líquido

Utilizando o método do aprisionamento dos fluidos com as válvulas de fechamento


rápido foram determinadas as frações de querosene médias (αK) na linha vertical, para as
velocidades de água e querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s. A Figura 6.4 mostra a fração de
querosene média variando com a velocidade superficial de querosene para cada velocidade
superficial de água constante. Observa-se que a fração de querosene aumenta com a velocidade
superficial de querosene, para cada velocidade de água constante, como é de se esperar. Nota-se
também que, para todas as velocidades de água exceto 1,0, a fração de querosene tem um
comportamento assintótico e a curvatura vai diminuindo de acordo com o aumento da
velocidade de água. Para JW = 1,0 m/s o comportamento é praticamente linear.

Figura 6.4. Fração de querosene média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical.

A fração de querosene local média (<α’>) é determinada por meio do perfil de fração
de querosene obtida pela sonda de impedância local, como descrito na Seção 4.2. A Figura 6.5
mostra a fração de querosene local média em função da velocidade superficial de querosene,
para cada velocidade superficial constante de água. Observa-se que a fração de querosene local
média aumenta com a velocidade de querosene, para cada velocidade de água constante, como
110

ocorre com a fração de querosene média. O comportamento da fração de querosene local média
também se aproxima de um comportamento assintótico, mas com alguns pontos fora da curva.
Nota-se que os valores de fração de querosene local média tendem a ser maiores do que as
frações de querosene médias.

Figura 6.5. Fração de querosene local média por velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha vertical.

A Figura 6.6 mostra a comparação entre as frações de querosene locais médias com as
frações de querosene médias. As frações de querosene médias e locais médias são as frações de
querosene do escoamento determinadas, respectivamente, pela média volumétrica e pela média
temporal. Entretanto, espera-se que as frações de querosene sejam iguais. Observa-se que
ocorrem diferenças entre as medidas para praticamente todos os pontos. Os maiores desvios
(fora da faixa de ±10%) ocorrem para alguns pontos no padrão disperso, bolhas e agitado e
todos os pontos do padrão anular. Essas diferenças nas medidas se devem às incertezas da sonda
de impedância local. O diâmetro mínimo de gota que a sonda consegue detectar é 0,7 mm, que
é o tamanho da extremidade da agulha. Isso faz com que algumas gotas não sejam detectadas
pela sonda. Outro fator é o número de pontos de posição da sonda ao longo do diâmetro do
duto. Quando se aumenta os números de pontos às medidas tornam-se mais precisas, pois as
áreas calculadas para cada ponto da sonda na determinação da fração de querosene diminuem
(vide Figura 4.11).
111

Para o padrão anular todos os pontos estão fora da faixa de ±10%, como mostra a Figura
6.6. Analisando as imagens e os perfis de fração de querosene local (Figuras 6.1 e 6.2), observa-
se que sempre existe uma película bem definida de querosene na parede e um núcleo de água.
Para esse tipo de padrão a posição dos pontos de localização da sonda é muito importante, pois
ocorre uma mudança abrupta da fração de querosene na interface. Portanto, quando se mede a
fração de um ponto utilizando a sonda e considera-se que a fração é a mesma em toda a área,
pode estar ocorrendo um grande erro da medida principalmente quando esse ponto está próximo
da interface.
As análises a seguir serão realizadas com as frações de querosene médias em razão da
maior confiabilidade nos resultados. A Figura 6.7 compara a fração volumétrica de injeção de
querosene (Eq. 2.1) com a fração de querosene média para cada padrão de escoamento
identificado. Nota-se que quanto mais afastado da reta, maior o deslizamento entre as fases. Os
padrões disperso e gotas de água alongadas são os que possuem pontos mais próximos da reta.
Isso ocorre, porque os padrões apresentados são os extremos da fração de querosene (mínimos
e máximos), nos quais a fase contínua em maior quantidade carrega a fase dispersa com a
mesma velocidade. Quando a fração de querosene média está entre 0,3 e 0,7 a fase dispersa se
concentra e ocorre um aumento do escorregamento, como é o caso dos padrões bolhas, agitado
e anular.
Para analisar qual fase tem maior velocidade in situ aplica-se a Eq. (2.14). A Figura 6.8
mostra a razão de deslizamento em função das velocidades superficiais de querosene para cada
padrão de escoamento. Para os pontos acima da linha da unidade, a velocidade in situ de
querosene é maior do que a da água, fazendo que a fase de querosene deslize sobre a fase de
água. Para os pontos abaixo ocorre o inverso. Nota-se que quando a fase contínua é a água o
querosene possui maior velocidade in situ (padrões B, D e CT) e quando a fase contínua é o
querosene (padrões CA e EWD) a água possui maior velocidade in situ. Isso ocorre, porque a
fase dispersa, para o padrão bolhas (B), escoa sempre no centro do duto onde a velocidade é
maior e a velocidade da fase contínua é uma média do perfil de velocidades. Quando as gotas
diminuem de tamanho (padrão D) a tendência é que a fase dispersa escoe na mesma velocidade
que a fase contínua, como mostra a Figura 6.8, onde a razão de deslizamento se aproxima de 1.
Para os padrões CA e EWD o perfil mostra uma concentração da fase de água no centro do
duto (vide Tabela 6.1), onde a velocidade é maior e, portanto, a razão de deslizamento tende a
diminuir e ficar abaixo ou mais próximo da unidade. Para o padrão CT é difícil uma análise
precisa em razão à dificuldade de se estabelecer um comportamento único do padrão.
112

Figura 6.6. Comparação entre as frações de querosene média e as frações de querosene locais
médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas
(EWD); Anular (CA).

Figura 6.7. Comparação entre as frações volumétricas de injeção de querosene e as frações de


querosene médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA).
113

Figura 6.8. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para


cada velocidade superficial de água na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado
(CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).

Os valores do parâmetro de distribuição e da velocidade de deslizamento são


determinados a partir dos valores de fração de querosene, primeiro utilizando o Método I (Seção
4.3). As Figuras 6.9 e 6.10 mostram, respectivamente, os valores de C0 e vDK de todos os pontos
da grade de testes, nos quais os valores destacados são as médias dos valores obtidos para cada
padrão. Observa-se que existe uma tendência de concentração dos valores de C0 e vDK para cada
padrão. Apenas para o padrão CT ocorreu uma maior dispersão em C0 e um ponto do padrão B
deslocado dos demais para vDK.
Usando o Método II, determina-se também o parâmetro de distribuição (C0) e a
velocidade de deslizamento (vDK). A Figura 6.11 mostra a razão da velocidade superficial de
querosene e a fração de querosene média em função da velocidade de mistura para cada padrão.
São obtidos C0 e vDK por uma regressão linear dos valores para cada padrão. A Tabela 6.2
apresenta o parâmetro de distribuição e a velocidade de deslizamento determinados pelos
Métodos I e II. Observa-se que os valores do parâmetro C0 obtido pelos dois métodos utilizados,
são próximos para todos os padrões, exceto para o padrão CA. Já vDK apresentou valores bem
distintos para todos os padrões. Era esperado que os valores fossem iguais independentemente
114

do método usado. Devido às diferenças encontradas nas frações de querosene médias e local
médias, os valores de vDK apresentaram diferenças consideráveis. Os valores dos parâmetros
dos dois métodos serão utilizados na modelagem do escoamento na próxima seção.

Figura 6.9. Parâmetro de distribuição em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA).

Figura 6.10. Velocidade de deslizamento em função velocidade de mistura para cada padrão
da linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA).
115

Figura 6.11. Razão da velocidade superficial de querosene e a fração de querosene média em


função da velocidade de mistura para cada padrão da linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D);
Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).

Tabela 6.2. Parâmetro de distribuição e velocidade de deslizamento determinados pelos


Métodos I e II para o escoamento vertical.
Método I Método II
vDK (m/s) C0 vDK (m/s) C0
Bolhas (B) 0,204 1,069 0,0611 1,069
Agitado (CT) -0,034 1,027 0,122 0,947
Gotas de Água Alongadas (EWD) -0,0877 0,993 0,055 0,939
Anular (CA) -0,292 0,955 0,278 0,765
Disperso (D) 0,551 1,085 0,164 0,976
116

6.1.4 Comparação da Fração de Líquido Média com Modelos Teóricos

Devido às menores incertezas das medidas das frações de querosene médias em relação
as frações de querosene locais médias, utilizam-se as frações de querosene médias para a
comparação com os modelos teóricos. Quatro modelos matemáticos são considerados para a
determinação das frações de querosene. O modelo homogêneo, o modelo de deslizamento com
parâmetros dos padrões bolhas e agitado e o modelo de fases separadas. As Figuras 6.12 a 6.15
mostram as frações de querosene médias comparadas com as frações de querosene dos modelos
teóricos. Para cada caso são realizadas as médias RMS8de cada padrão.
A Figura 6.12 mostra as frações de querosene médias comparadas com as frações de
querosene determinadas com o modelo homogêneo. Observa-se que o modelo homogêneo
conseguiu prever com um erro menor que 10% os padrões EWD, CA e D, respectivamente,
com valores de 1,4; 5,8; e 9,6 %. Como os padrões EWD e D os deslizamentos são menores
(vide Figura 6.7), o modelo homogêneo torna-se uma boa aproximação. Para os padrões bolhas
e agitado o desvio foi maior, respectivamente de 17% e 10,1%
O modelo de deslizamento com parâmetro bolha foi utilizado para comparação apenas
com o padrão bolhas, como mostra a Figura 6.13. Nota-se que o desvio RMS obteve um valor
de 5,9%, representando a melhor aproximação do modelo. Como o modelo considera os
deslizamentos por meio de uma velocidade de deslizamento os resultados mostraram melhora
na modelagem em relação ao modelo homogêneo. Para o padrão agitado utilizou-se o modelo
de deslizamento com parâmetro agitado. A Figura 6.14 mostra que o desvio RMS foi de 10,1%
para 7,5%, apresentando uma pequena melhora em relação ao modelo homogêneo. Para uma
modelagem mais precisa é necessária uma velocidade de deslizamento que se ajuste melhor ao
caso deste experimento.
O padrão CA também apresentou uma boa aproximação com o modelo homogêneo, mas
devido a presença de duas fases bem distintas e separadas por uma interface, o modelo de fases
separadas é o mais indicado. A Figura 6.15 compara as frações de querosene médias do padrão
anular com o modelo de fases separadas. Nota-se que houve uma mudança mínima de 5,8%
para 5,2%. Como o modelo de fases separadas necessita de parâmetros de tensões na interface

 exp  teo 
2
n
8
Root Mean Square D     /n
1  teo 
117

ajustados para cada caso, é necessária uma análise melhor desses parâmetros para que o modelo
seja mais preciso.

Figura 6.12. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT);
Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).

Figura 6.13. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo de deslizamento no padrão bolhas (B) na linha vertical.
118

Figura 6.14. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo de deslizamento no padrão agitado (CT) na linha vertical.

Figura 6.15. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo de fases separadas no padrão anular (CA) na linha vertical.
119

Os resultados obtidos pelo modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com os


parâmetros obtidos experimentalmente por meio dos Métodos I e II, foram ainda comparados
com os resultados experimentais, respectivamente, apresentados nas Figuras 6.16 e 6.17. Nota-
se que o Método I apresentou desvios RMS todos maiores que os desvios obtidos no modelo
homogêneo. Provavelmente, em razão da imprecisão dos valores das frações de querosene local
média. Com o Método II os desvios RMS diminuíram para todos os padrões de escoamento se
comparados com os melhores resultados obtidos pelos outros modelos. Isso era esperado, pois
os valores dos parâmetros do modelo foram determinados a partir dos dados experimentais para
o qual são comparadas.

Figura 6.16. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros
determinados pelo Método I. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA).
120

Figura 6.17. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de


querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros
determinados pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA).

6.2 Análise do Escoamento na Curva

O estudo do escoamento na transição vertical-horizontal por meio de uma curva de 90º


foi feito por filmagens com a câmera de alta velocidade. As imagens foram determinadas para
as mesmas combinações de velocidades superficiais utilizadas nas imagens da linha vertical.
A Tabela 6.3 mostra as imagens na linha vertical e curva para cada um dos padrões
identificados na linha vertical, além dos números modificado de Froude. No APÊNDICE B são
mostradas as imagens para toda a grade de testes. Comparando-se as imagens na curva e na
linha vertical, nota-se que os padrões se mantém. Quando o padrão na linha vertical é o de
bolhas (B), na curva observam-se gotas de querosene escoando em água contínua. Para o padrão
gotas de água alongadas (EWD), na curva têm-se gotas de água escoando em querosene
contínuo. No padrão agitado (CT), observam-se gotas e/ou bolsões de querosene e água em um
meio turbulento. O padrão anular (CA) apresenta um escoamento de água no centro e de
querosene nas extremidades. Portanto, observa-se uma total influência dos padrões do
121

escoamento na vertical no comportamento dos fluidos observados na curva. Desta forma, a


curva não induz uma mudança no padrão do escoamento. A curva somente direciona as fases
em relação a sua seção transversal por meio da força centrifuga que age sob a partícula, como
será discutido a próxima seção. Além disso, a curva direciona as fases na entrada da seção
horizontal em um arranjo específico de acordo com as velocidades in situ e influencia
fortemente o desenvolvimento do escoamento na horizontal, como será apresentado na Seção
6.3.2.

Tabela 6.3. Comparação entre as imagens da linha vertical e da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais.

JW JK Padrão
Visualização Fr
(m/s) (m/s) Vertical

0,2 0,1 -0,22 Bolhas (B)

Disperso
1 0,1 1,19
(D)

Agitado
0,1 0,4 -0,46
(CT)

Gotas de
Água
0,1 0,8 0,78
Alongadas
(EWD)

Anular
0,4 0,6 0,76
(CA)
122

6.2.1 Efeito Centrifuga x Gravitacional

A Figura 6.18 mostra o número modificado de Froude, Eq. (2.21) mostrado abaixo por
conveniência, para as velocidades superficiais de água e querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s.
O ângulo de inclinação considerada é de 45º e as velocidades in situ são calculadas com as
frações de querosene médias da linha vertical. Essa aproximação é considerada, em razão da
dificuldade de se determinar as frações de querosene na curva a 45º. Como a análise da curva
realizada acima mostrou que os padrões na vertical praticamente não mudam quando chegam à
curva, as frações, provavelmente, também não sofrem grandes alterações. Dá analise de escalas
para a Eq. (2.21) apresentada, para valores de Fr = 1 as fases permanecem na mesma região de
entraram na curva, Fr >> 1 a água tende a se mover para a região externa da curva e para
Fr << 1 o querosene tende a se mover para a região externa da curva. Para a -1 < Fr < 1 não se
tem uma definição precisa do comportamento das fases.
Nota-se na Figura 6.18 que em alguns casos, mesmo para velocidades baixas de água e
altas de querosene (Ex: JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s) o número de Froude é maior do que 1. Isso
ocorre, pois é a velocidade in situ que determina o comportamento dos fluidos. Portanto, para
JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s a fração de querosene é alta, fazendo com que a velocidade in situ
de água seja maior que a velocidade in situ de querosene, e assim a água tende a se mover para
a parte externa da curva. Observa-se que para velocidades superficiais de água até 0,4 m/s o
número de Froude está próximo ou abaixo de 1. Para a velocidade superficial de água de 0,6 m/s
o número de Froude possui pontos acima e abaixo de 1 e para as velocidades superficiais de
água acima de 0,6 m/s, praticamente, todos os pontos estão acima de 1. Portanto, para
velocidades superficiais baixas de água, a tendência é com que o número de Froude fique abaixo
de 1. Se o número de Froude for menor do que -1 e o querosene se desloca para a parte externa
da curva e se ficar entre -1 e 1 é necessária uma análise mais aprofundada. Quando se aumenta
a velocidade superficial de água, o número de Froude aumenta, e se for maior que 1, a tendência
é que água se desloque para a parte externa da curva.

vW2   K v K2 
Fr  1   (6.1)
 W   K  W vW2 
  Rgsen 
 W 
123

Figura 6.18. Número de Froude modificado para as velocidades superficiais de água e


querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s.

Para uma análise mais precisa é necessário verificar o valor dos dois termos da Eq.
(2.21), a Tabela 6.4 apresenta todos os valores dos números de Froude calculados em relação
as velocidades in situ, além dos valores de cada um dos dois termos da Eq. (2.21), no qual os
números destacados em vermelho mostram os valores de número de Froude maiores do que 1,
exceto para o valor de JW = 1,0 e JK = 0,1 m/s, em que o número de Froude é 1,19 que é
considerado um valor próximo de 1. A
Tabela 6.5 mostra o número de Froude e as imagens para algumas combinações de
velocidades superficiais.
Observa-se na Tabela 6.4 que quando os valores de Froude são maiores que 1, as
velocidades in situ de água sempre são maiores ou iguais que as velocidades in situ de
querosene, o que não ocorre quando o número de Froude é menor que 1. Isso ocorre em razão
das densidades da água e do querosene serem próximas. Quando o número de Froude é maior
que 1 a água se desloca para a região externa da curva, como mostra a
Tabela 6.5. Para JW = 0,8 m/s; JK = 0,8 m/s o número de Froude é de 6,6 e a água está
toda concentrada na parte externa, enquanto que para JW = 0,2 m/s; JK = 0,8 m/s o número de
124

Froude é de 2,18 e a água preenche parte do centro do duto com algumas gotas levemente
deslocadas para parte externa.
𝜌 𝑣2
Nota-se na Tabela 6.4 que quando o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] é negativo o Froude também é
𝑊 𝑊

negativo, como era o esperado. Esse termo será negativo quando a velocidade in situ de
querosene for maior que a velocidade in situ da água. Para valores de Froude menores que -1 o
querosene se desloca para parte externa da curva como mostra a Tabela 6.5. Para JW = 0,4 m/s;
JK = 0,4 m/s com Fr = -1,37 e JW = 0,6 m/s; JK = 0,4 m/s com Fr = -1,05 o querosene se dirige
para a parte externa da curva e a água para a parte interna da curva. A Tabela 6.5 ainda mostra
que para JW = 1,0 m/s e JK = 0,1 m/s o número de Froude é próximo de 1, ocorrendo o equilíbrio
das forças. Observa-se que há gotas de querosene distribuídas ao longo de toda a seção
transversal do duto. Portanto, a água e o querosene se mantêm na região que entraram na curva.
Quando o número de Froude está entre -1 e 1 essa análise por meio do número
modificado de Froude não apresenta uma definição precisa para escoamentos com fluidos com
densidades próximas. Para o número de Froude entre -1 e 1 ou as velocidades in situ das duas
fases são próximas ou a relação da velocidade in situ da água com os termos gravitacionais são
próximos e, portanto, não é possível saber para onde os fluidos se deslocarão. A Tabela 6.6
mostra os casos onde o número de Froude está entre -1 e 1. Nota-se que para Fr = -0,57 o
querosene está se deslocando para a parte externa da curva. A Tabela 6.4 mostra que para essas
velocidades superficiais, JW = 0,4 m/s e JK = 0,1 m/s a velocidade in situ de querosene é maior
2
𝑣𝑊
que a velocidade in situ de água e o termo 𝜌𝑊 −𝜌𝐾 é próximo de 1. Portanto, com o
( )𝑅𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃
𝜌𝑊

equilíbrio da força centrífuga da água com a força gravitacional, como a velocidade in situ de
querosene é maior que a velocidade in situ de água, o querosene tende a se deslocar para a parte
externa da curva. Nota-se que nos dois outros casos, os números de Froude estão próximos,
0,78 e 0,76, mas com comportamentos diferentes. Para JW = 0,1 m/s e JK = 0,8 m/s a água está
com uma leve tendência a se deslocar para a região externa da curva, mesmo com um Froude
menor do que 1. Para JW = 0,4 m/s e JK = 0,6 m/s as fases permanecem na mesma região de
entrada da curva. Nos dois casos, as velocidades in situ da água e do querosene estão próximas,
𝜌 𝑣2
como mostra a Tabela 6.4, com isso o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] se aproxima de 0 dificultando a
𝑊 𝑊

análise do escoamento na curva. Portanto, quando o Froude está entre -1 e 1 a análise por meio
do número de Froude não apresenta uma definição precisa para escoamento em curvas com
fluidos de densidades próximas.
125

Tabela 6.4. Número de Froude, velocidade in situ e fração de querosene de todas as


velocidades superficiais testadas. Números em vermelho são valores de Froude maiores que 1.
vW2
JW JK vW vK  K v  2

αK 1  
K
 W   K  Fr
(m/s) (m/s) (m/s) (m/s)  W v 
2
  Rgsen

W
 W 
0,1 0,37 0,16 0,27 -1,26 0,14 -0,18
0,2 0,59 0,24 0,34 -0,55 0,33 -0,18
0,4 0,74 0,39 0,54 -0,54 0,84 -0,46
0,1
0,6 0,84 0,63 0,71 -0,02 2,23 -0,04
0,8 0,89 0,89 0,9 0,18 4,41 0,78
1 0,91 1,1 1,1 0,21 6,83 1,43
0,1 0,27 0,27 0,38 -0,52 0,42 -0,22
0,2 0,43 0,35 0,46 -0,34 0,70 -0,24
0,4 0,61 0,51 0,66 -0,34 1,45 -0,49
0,2
0,6 0,69 0,65 0,87 -0,42 2,36 -1
0,8 0,81 1,08 0,98 0,34 6,49 2,18
1 0,85 1,32 1,18 0,37 9,85 3,66
0,1 0,16 0,47 0,64 -0,45 1,26 -0,57
0,2 0,27 0,55 0,73 -0,39 1,70 -0,67
0,4 0,42 0,69 0,95 -0,51 2,67 -1,37
0,4
0,6 0,59 0,98 1,02 0,14 5,36 0,76
0,8 0,67 1,21 1,19 0,23 8,28 1,93
1 0,72 1,43 1,39 0,25 11,51 2,92
0,1 0,12 0,69 0,8 -0,10 2,64 -0,25
0,2 0,21 0,76 0,97 -0,31 3,20 -1,01
0,4 0,35 0,92 1,14 -0,22 4,78 -1,05
0,6
0,6 0,51 1,21 1,19 0,24 8,28 2,01
0,8 0,58 1,44 1,37 0,28 11,63 3,23
1 0,65 1,7 1,55 0,34 16,13 5,45
0,1 0,09 0,88 1,07 -0,16 4,38 -0,69
0,2 0,16 0,95 1,28 -0,44 5,05 -2,21
0,4 0,3 1,15 1,32 -0,05 7,40 -0,37
0,8
0,6 0,45 1,45 1,34 0,32 11,76 3,74
0,8 0,53 1,72 1,5 0,40 16,59 6,6
1 0,59 1,97 1,68 0,42 21,77 9,12
0,1 0,09 1,1 1,11 0,18 6,77 1,19
0,2 0,15 1,18 1,34 -0,04 7,75 -0,29
1 0,4 0,26 1,35 1,54 -0,03 10,25 -0,34
0,6 0,38 1,61 1,59 0,22 14,48 3,19
0,8 0,51 2,04 1,57 0,53 23,28 12,25
126

Tabela 6.5. Comparação entre os números de Froude e as imagens da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais.

JW (m/s) JK (m/s) Fr Visualização

0,8 0,8 6,6

0,2 0,8 2,18

1 0,1 1,19

0,4 0,4 -1,37

0,6 0,4 -1,05


127

Tabela 6.6. Imagens da curva para algumas combinações de velocidades superficiais para
número de Froude ente -1 e 1.

JW (m/s) JK (m/s) Fr Visualização

0,4 0,1 -0,57

0,1 0,8 0,78

0,4 0,6 0,76

6.3 Análise do Escoamento na Linha Horizontal

Assim como na linha vertical, os padrões de escoamento para a linha horizontal foram
identificados por meio das imagens da câmera de alta velocidade e câmera fotografia, além dos
perfis de fração de querosene local. As nomenclaturas utilizadas nos padrões são baseadas no
trabalho de Trallero (1997) devido aos padrões apresentados serem os mais próximos dos
observados nesse trabalho, sendo descrito abaixo as principais características de cada padrão.
128

Estratificado – fase de querosene escoa na parte superior e a fase de água na parte


inferior. Escoamento dominado pela gravidade, pode apresentar ou não ondas na interface, no
qual quando apresenta ondas na interface é denominado estratificado ondulado (SW). Neste
texto o padrão estratificado, será representado por ST9.

Estratificado com mistura na interface – escoamento estratificado com o querosene


contínuo escoando na parte superior e a água contínua na parte inferior. Na interface há gotas
de água e/ou querosene. Neste texto o padrão estratificado com mistura na interface, será
representado por ST&MI10.

Dispersão de óleo em água e água – nesse padrão a água é a fase contínua e o querosene
escoa em forma de gotas ocupando a parte superior do tubo. Neste texto o padrão dispersão de
óleo em água e água, será representado por Do/w&w11.

Dispersão de óleo em água e Dispersão de água em óleo - uma dispersão dupla, na


qual existe uma camada de água com gotas de querosene e uma camada de querosene com gotas
de água. Neste texto o padrão dispersão de óleo em água e dispersão de água em óleo, será
representado por Dw/o&Do/w12.

Emulsão de óleo em água - gotas menores de querosene escoam como a fase dispersa
em uma fase contínua de água. Neste texto o padrão emulsão de óleo em água, será representado
por o/w13.

Emulsão de água em óleo – padrão inverso ao padrão emulsão de óleo em água na qual
gotas menores de água escoam dispersas na fase contínua de querosene. Neste texto o padrão
emulsão de água em óleo, será representado por w/o14.

9
Adaptado do inglês Stratified (ST). No texto e nas figuras optou-se por utilizar a notação abreviadas da
língua inglesa.
10
Adaptado do inglês Stratified with mixing at the interface (ST&MI).
11
Adaptado do inglês Dispersion of oil in water and water (Do/w&w).
12
Adaptado do inglês Dispersion of water in oil and dispersion of oil in water (Dw/o&Do/w).
13
Adaptado do inglês Oil in water Emulsion (o/w).
14
Adaptado do inglês Water in oil emulsion (w/o).
129

A Figura 6.19 apresenta as imagens obtidas para a grade de teste efetuada para o
escoamento na horizontal e a Figura 6.20, os perfis de fração de querosene para cada uma das
imagens mostradas na Figura 6.19. Para as velocidades de JK ≤ 0,2 m/s e JW ≤ 0,6 m/s o padrão
observado é o Do/w&w. Nesse padrão gotas de querosene escoam na parte superior e água
como fase contínua na parte inferior. Na Figura 6.20 notam-se perfis nos quais a fração de
querosene, na parte superior, alcança valores de α’K = 1 e na parte inferior α’K = 0. As gotas de
querosene dominam praticamente toda a região superior, sendo que não foi detectado água
nessa faixa. Na região central do duto, em uma pequena faixa, a fração varia entre esses dois
valores, sendo essa região a interface entre as duas fases. Para alguns casos (JW = 0,4 m/s e
JK = 0,1 m/s), com o aumento da velocidade de água, observa-se a presença de água na região
superior (r/R = 1,0), como mostra a Figura 6.20. No qual não é possível verificar essa presença
de água nas imagens. Além disso, com o aumento das velocidades, mas ainda na região do
padrão Do/w&w, nota-se o aumento da região de mistura na parte central do duto, sendo
causado pela presença de ondulações na interface. Para as velocidades de JW = 0,6 m/s e JK = 0,1
e 0,2 m/s, observa-se a região dominada pelo querosene muito pequena, pois com o aumento
da velocidade de água a tendência é com que essa região diminua, marcando assim, uma região
de transição entre os padrões Do/w&w e o/w.
Aumentando-se a velocidade de água para JW ≥ 0,6 m/s e JK ≤ 0,6 m/s as gotas de
querosene tornam-se menores, devido à alta turbulência do escoamento, e ficam dispersas na
fase de água (o/w), como mostra a Figura 6.19. As gotas de querosene tendem a preencher uma
grande área do duto. Essas gotas não são detectadas pela sonda, em razão da limitação da sonda
de impedância em captar pequenas gotas. O perfil observado na Figura 6.20 mostra a região
inferior do duto, que vai de r/R = 0 até r/R = -1, dominada pela água (α’K = 0). Essa região
diminui conforme ocorre o aumento de JK. Na parte superior do duto tem-se uma mistura, sendo
que a fração de querosene não atinge o valor máxima (α’K = 1), podendo apresentar valores
entre α’K = 0,5 e 0,9. Nota-se ainda pelos perfis, que na região da parede superior, a
concentração de água aumenta. Isso pode indicar a presença de um filme de água junto a parede,
mas o filme não foi visualizado nas imagens.
Quando se aumenta a velocidade de querosene para JK = 0,6 m/s e JK ≤ 0,2 m/s, as gotas
de querosene se concentram e coalecem, formando uma fase contínua na parte superior do duto
com uma interface ondular, mas ainda com gotas de querosene e água na interface (ST&MI),
vide Figura 6.19. Na Figura 6.20, o perfil mostra a região dominada pela água bem menor
130

(apenas r/R = -1,0) e com um formato na transição com uma característica linear, indicando a
presença de gotas na interface.
Para velocidades altas de água e querosene, JW ≥ 0,4 m/s e JK ≥ 0,6 m/s as duas fases
escoam de forma estratificada, mas com pequenas gotas de água na fase de querosene e gotas
de querosene na fase de água, como no padrão Dw/o&Do/w, mostrado na Figura 6.19. Os perfis
da fração de querosene se assemelham aos perfis do padrão Do/w&w e suas diferenças podem
ser bem observadas nas imagens. Assim, como no padrão o/w, essas pequenas gotas não foram
detectadas pela sonda e, portanto, não são apresentadas nos perfis de fração de querosene local.
Sendo detectadas apenas nas imagens.
Observa-se na Figura 6.19, que para as altas velocidades de querosene e baixas de água
JW ≤ 0,2 m/s e JK ≥ 0,8 m/s, o padrão disperso de água em querosene pode ser notado (w/o). A
dispersão de água ocorre na parte inferior do duto, não sendo notado água na região superior,
nem pelas imagens nem pela sonda. Notam-se perfis nos quais não ocorrem regiões
predominadas pela água, com frações de querosene ao longo de todo o duto acima de 0,4.
Na Tabela 6.7 é apresentada para cada padrão uma imagem característica, a distribuição
de querosene ao longo do diâmetro (α’K), a fração de injeção (CK) e a fração de querosene local
média (<α’K>) para efeito de comparação. No APÊNDICE B são mostradas as comparações
entre os perfis com suas respectivas imagens para todas as velocidades. Nota-se que para os
padrões Do/w&w e Dw/o&Do/w, os perfis de querosene possuem praticamente o mesmo
comportamento, nos quais a água ocupa a parte inferior e o querosene a parte superior do duto.
Ao longo do diâmetro, a fração de querosene varia entre os valores máximo e mínimo com uma
forma característica. Em razão das variações das velocidades essa curva se desloca para a
esquerda, onde há maior quantidade de água e para a direita, onde há maior quantidade de
querosene. A grande diferença entre os dois padrões pode ser observada nas imagens, nos quais
no padrão Do/w&w a fase de querosene escoa como um conjunto de gotas na parte superior e
no padrão Dw/o&Do/w a fase de querosene escoa como uma fase contínua. Além disso, no
padrão Dw/o&Do/w notam-se pequenas gotas de água na fase de querosene e pequenas gotas
de querosene na fase de água. Para o padrão ST&MI os perfis de fração de querosene são muito
parecidos com os perfis dos padrões Do/w&w e Dw/o&Do/w, mas nota-se que a variação da
fração de querosene local tem um comportamento mais linear, além de uma região dominada
pela água muito pequena. Esse comportamento linear pode ser causado pela presença de gotas
na região da interface, típicas desse tipo de escoamento.
131

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)
Figura 6.19. Padrões de escoamento na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em água e água (Do/w&w) - preto; estratificado com mistura na
interface (ST&MI) - vermelho; emulsão de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água em óleo e dispersão de
óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde.
132

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)

Figura 6.20. Perfis da fração de querosene na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em água e água (Do/w&w) - preto; estratificado com
mistura na interface (ST&MI) - vermelho; emulsão de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água em óleo e
dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde.
133

Os padrões o/w e w/o apresentaram perfis mais característicos. No padrão o/w nota-se
que a fração de querosene não atinge o valor máximo de α’K = 1. Observa-se que na parte
superior da parede ocorre uma queda da fração de querosene, devido, provavelmente, a um
aumento da concentração de gotas de água. No padrão w/o ocorre o inverso. O querosene
predomina ao longo de todo o duto, sendo que a fração de querosene não atinge o valor mínimo,
α’K = 0. Nota-se que na região superior do duto a concentração de querosene é praticamente
total e na parte inferior escoam gotas de água com querosene.
Os valores de <α’K> são determinados por uma média do perfil de fração de querosene.
Nota-se na Tabela 6.7 que os valores de <α’K> e CK não se aproximam tanto quanto era o
esperado. Essas diferenças ocorrem principalmente para os casos em que a fase de querosene é
contínua. As frações de querosene serão discutidas com mais detalhes na Seção 6.3.3. Em razão
das diferenças serem sutis a classificação dos padrões na horizontal é mais complexa,
principalmente nas regiões de transição entre os padrões.

6.3.1 Comparação com outros Mapas de Padrão de Escoamento

O mapa de padrão de escoamento para a linha horizontal foi determinado e comparado


com o mapa de Trallero (1997), como mostra a Figura 6.21. O mapa determinado neste trabalho
mostrou-se bem diferente do mapa de Trallero (1997). Apenas os padrões Dw/o&Do/w e
ST&MI apresentaram alguns pontos em comum. Para os demais padrões as regiões são
completamente diferentes, além de não ter sido identificado o padrão estratificado (ST). Nota-
se que as linhas de transição de Trallero (1997) e as apresentadas nesse trabalho estão próximas,
mas para padrões diferentes. Isso provavelmente, ocorre em razão do tipo de injeção, uma vez
que nos trabalhos encontrados na literatura sobre escoamento na horizontal, a injeção dos
fluidos ocorre na horizontal. Neste trabalho a injeção é realizada na vertical, antes da curva de
90º. Ainda o diâmetro da seção de teste de Trallero (1997) é de 0,056 m, que pode ocasionar
diferenças no comportamento das fases e consequentemente na definição dos padrões.
134

Tabela 6.7. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene para o


escoamento horizontal.
JW JK Padrão de Frações de
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s) Escoamento Querosene

CK=0,6667
0,1 0,2 Do/w&w
<α'>K=0,5682

CK=0,8571
0,1 0,6 ST&MI
<α'>K=0,9639

CK=0,5000
0,6 0,6 Dw/o&Do/w
<α'>K=0,6597

CK=0,091
1,0 0,1 o/w
<α'>K=0,0521

CK=0,8333
0,2 1,0 w/o
<α'>K=0,9345
135

A Figura 6.22 compara o mapa de padrão obtido nesse trabalho como o mapa de Mandal
et al. (2007). O experimento realizado por Mandal et al. (2007) apresenta praticamente as
mesmas características do experimento realizado nesse trabalho. Os fluidos são água e
querosene escoando em um duto de acrílico com 0,026 m de diâmetro, posicionado na
horizontal, sendo o comprimento a linha não informado. A grande diferença entre os
experimentos está na presença da curva. Os padrões observados por Mandal et al. (2007) são:
estratificado suave (smooth stratified), estratificado ondular (wavy stratified), emulsão branca
(white emulsion), plug, dispersão de óleo em água (oil dispersed in water) e o três camadas
(three layers). Esses padrões podem ser relacionados com os padrões de Trallero (1997).
Portanto, o padrão estratificado suave e estratificado ondular é o padrão ST, o padrão emulsão
branca é o padrão w/o, o padrão dispersão de óleo em água o padrão o/w, o padrão três camadas
o padrão ST&MI e o padrão plug não é mencionado por Trallero (1997). Os padrões Do/w&w
e Dw/o&Do/w não são apresentados por Mandal et al. (2007).

Figura 6.21. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento


com o de Trallero (1997) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
136

Assim como na comparação com o mapa de Traller (1997), observa-se na Figura 6.22
que as regiões dos padrões de escoamento são completamente diferentes, apenas alguns pontos
do padrão w/o se encaixa na dispersão óleo em água de Mandal et al. (2007). Além disso, não
foram observados padrões plug e estratificado suave. Portanto, nota-se que as diferenças de
padrões ocorrem em razão da presença da curva no escoamento, que podem necessitar de um
maior comprimento de desenvolvimento para tornar-se um escoamento completamente
desenvolvido.

Figura 6.22. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento


com o de Mandal et al. (2007) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).

6.3.2 Influência da Transição Vertical-Horizontal no Padrão de Escoamento na Linha


Horizontal

Após realizar as análises separadas dos escoamentos na vertical, na curva e na horizontal


dos padrões de escoamento e frações de querosene, estuda-se a influência que a curva tem no
137

escoamento na horizontal. Determinou-se que houve diferenças entre os mapas de padrões deste
trabalho com os de Trallero (1997) e Mandal et al. (2007). Credita-se a diferença,
principalmente a presença da curva. Em todos os trabalhos encontrados na literatura a injeção
do escoamento na horizontal ocorre diretamente na horizontal, e nesse trabalho os fluidos são
injetados na vertical e depois encaminhados para a linha horizontal ao longo de uma curva de
90º. Portanto, realiza-se uma análise da influência da curva sobre os padrão de escoamento
observados na linha horizontal.
A Tabela 6.8 compara as imagens identificadas na curva com as imagens identificadas
na linha horizontal, além dos perfis de fração de querosene local, para alguns casos dos padrões
Do/w&w e o/w. As imagens são as mesmas utilizadas para a determinação do mapa de padrão
de escoamento. Nota-se que para os 3 primeiros casos apresentados na Tabela 6.8, na curva, o
querosene se encontra na forma de gotas na parte superior e o padrão observado na horizontal
é o padrão Do/w&w, no qual, tem-se querosene escoando na forma de gotas na parte superior.
Portanto, observa-se que o padrão Do/w&w ocorre como gotas na parte superior apenas porque
na injeção (curva), o querosene estava na forma de gotas. Observa-se também, que para
JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s o padrão na horizontal apresenta uma fina camada de querosene
contínuo. Esse comportamento deve-se, provavelmente, pois as gotas de querosene coalesceram
formando uma fase contínua. Assim, se o comprimento da linha fosse maior, a tendência é que
o escoamento se torne um padrão estratificado suave, como apresentado por Mandal et al.
(2007). Para JW = 0,2 m/s e JW = 0,4 m/s com JK = 0,1 m/s, como a velocidade de mistura é
maior, a tendência é que a comprimento de desenvolvimento seja maior, portanto as imagens
não apresentam uma camada de querosene contínuo. Provavelmente, as gotas de querosene se
coalesceriam se o comprimento fosse maior, e o padrão se tornaria o estratificado suave ou
estratificado ondular. Nota-se a presença de uma leve ondulação na interface, além do sinal da
sonda mostrar um aumento na região de mistura, que pode indicar ondas na interface.
Para JW = 1,0 m/s e JK = 0,1, m/s, na curva, gotas de querosene escoam ao longo de todo
o diâmetro do duto e na linha horizontal o padrão observado é o o/w, no qual tem-se querosene
escoando na forma dispersa por todo o duto. Observa-se ao longo do comprimento do duto, que
o querosene se concentrou, em sua maior parte, na região superior do duto e algumas gotas de
querosene escoam na parte inferior. O perfil de fração de querosene local apresenta uma
predominância de água em um ponto na região superior do duto, r/R = 1, isso pode indicar a
formação de um filme de água. Analisando-se o escoamento na curva, nota-se que água é
138

injetada na parte superior do duto horizontal, no qual ela se mantém na parede em razão das
altas velocidades de água.

Tabela 6.8. Comparação entre as imagens do escoamento horizontal e o escoamento na curva


para os padrões Do/w&w e o/w.

Perfil de fração de
JW JK Padrão
Visualização querosene
(m/s) (m/s) Horizontal
(Sonda)

0,1 0,1 Do/w&w

0,2 0,1 Do/w&w

0,4 0,1 Do/w&w

1 0,1 o/w

A Tabela 6.9 compara as imagens identificadas na curva com as imagens identificadas


na linha horizontal, além dos perfis de fração de querosene local, para alguns casos específicos
dos padrões ST&MI, Dw/o&Do/w e w/o. Para o caso JW = 0,1 m/s e JK = 0,4 m/s, a água na
curva, tende a se deslocar para a região interna, sendo assim, injetado na região inferior do duto
horizontal. Portanto, o padrão é formando na região inferior por uma camada de água contínua.
O querosene se apresenta na forma de bolsões junto com gotas de água e querosene. Observa-
se que na linha horizontal o querosene escoa de forma contínua na parte superior, em razão da
139

coalescência desses bolsões. Na interface, são observadas gotas de água e querosene, devido as
gotas que escoam junto com os bolsões na curva, formando o padrão ST&MI.
Para JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s, por causa do aumento da velocidade de querosene, na
curva, a água se apresenta na forma de gotas escoando em querosene contínuo. Nota-se que as
gotas de água se deslocam para a parte externa da curva, injetando a água na região superior na
linha horizontal. Em razão da densidade da água ser maior, ela desce para a região inferior do
duto com o querosene preenchendo praticamente todo o duto, apenas com uma concentração
de gotas de água na parte inferior, formando o padrão w/o.

Tabela 6.9. Comparação entre as imagens do escoamento horizontal e o escoamento na curva


para os padrões ST&MI, w/o e Dw/o&Do/w.

Perfil de fração de
JW JK Padrão
Visualização querosene
(m/s) (m/s) Horizontal
(Sonda)

0,1 0,4 ST&MI

0,1 1 w/o

0,4 0,6 Dw/o&Do/w

0,8 0,8 Dw/o&Do/w

Para a água e o querosene, na curva, escoando como fases contínuas (JW = 0,4 m/s;
JK = 0,6 m/s e JW = 0,8 m/s; JK = 0,8 m/s), o padrão observado é o Dw/o&Do/w. O querosene
140

na parte superior e água na parte inferior escoam continuamente, junto com gotas de querosene
na água e gotas de água no querosene. Observa-se a tendência de formar um escoamento
estratificado, mas em virtude das altas velocidades pequenas gotas de água aparecem no
querosene contínuo e pequenas gotas de querosene aparecem na água contínua. Essas gotas não
são detectadas pela sonda, como mostra o perfil de fração de querosene local. Assim, como no
caso de JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/, observa-se que a água na curva tende a se mover para a parte
externa, com o comprimento de desenvolvimento suficiente na linha horizontal, a água desce
para a região inferior do duto e o querosene sobe por causa das diferenças de densidade.

6.3.3 Fração de Líquido

Utilizando o método gravimétrico foram determinadas as frações de querosene médias


na linha horizontal para as velocidades de água e querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s. A
Figura 6.23 mostra a fração de querosene média em função da velocidade superficial de
querosene, para cada velocidade superficial de água constante. Observa-se que as frações não
variam como no escoamento vertical, apresentando uma tendência linear com baixo coeficiente
angular e valores máximos muito baixos.
Foram encontrados alguns problemas na obtenção da fração de querosene utilizando o
método gravimétrico. Para escoamentos nas quais as velocidades do querosene eram baixas e a
de água eram altas, não são formadas duas camadas separadas, mas formam-se configurações
de bolsões de querosene na água, como mostra a Figura 6.24. Com isso, não foi possível medir
a fração de querosene para todos os pontos. Outro problema apresentado foi a dificuldade em
se determinar a interface entre a água e o querosene com a sonda. Existe uma região próxima à
interface que faz com que o sinal de tensão varie com a posição da sonda e não ocorre um salto,
como era o esperado. Como essa região de variação da tensão cria uma grande incerteza da
posição da interface os resultados de fração de querosene apresentaram um erro elevado.
As frações de querosene locais médias foram determinadas por meio dos perfis de fração
de querosene locais para as velocidades de água e querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s. A
Figura 6.25 mostra a variação da fração de querosene local média com as velocidades
superficiais de querosene para cada velocidade superficial constante de água. Observa-se que a
fração de querosene local média aumenta com o aumento da velocidade superficial de
141

querosene, como ocorre na linha vertical. Nota-se que a fração de querosene local média, assim
como a fração de querosene média na vertical, tem uma tendência assintótica. A curva
assintótica apresenta uma descontinuidade principalmente para as velocidades de água de 0,2;
0,4 e 0,6 m/s quando a velocidade de querosene aumenta de 0,4 para 0,6 m/s. Isso é causada
pela mudança de querosene disperso para querosene contínuo (vide Figura 6.19). Com essa
mudança de padrão há uma alteração do deslizamento das fases, que influencia na fração de
querosene. Os resultados das razões de deslizamento entre as fases serão apresentados a seguir.

Figura 6.23. Fração de querosene média em função da velocidade superficial de querosene


para cada velocidade superficial de água na linha horizontal.

Figura 6.24. Imagem da formação de bolsões de querosene com o escoamento aprisionado na


linha horizontal.

A Figura 6.26 compara a fração de querosene local média com a fração de querosene
média na linha horizontal. Observa-se um grande desvio entre as duas técnicas de medidas.
Como descrito acima, a técnica utilizando as válvulas de fechamento rápido possui um grande
142

erro na medição e assim, utiliza-se apenas a fração de querosene local média para descrever o
escoamento.

Figura 6.25. Fração de querosene local média em função da velocidade superficial de


querosene para cada velocidade superficial de água na linha horizontal.

A Figura 6.27 compara a fração de querosene local média com a fração volumétrica de
injeção de querosene. Observa-se que para valores de fração de querosene abaixo de 0,6 os
pontos apresentaram desvios acima de ±10%. Para valores acima de 0,6, a maioria dos pontos
está dentro da faixa de ±10%. Os dois padrões predominantes na faixa abaixo de 0,6 são o
Do/w&w e o/w, nos quais tem-se gotas de querosene escoando em água contínua. Essa
diferença entre as duas frações pode ser causada pelo deslizamento entre as fases. Como o
padrão o/w é considerado um padrão disperso, o deslizamento deveria ser menor. Assim como
o padrão ST&MI que deveria apresentar deslizamentos maiores, por ser um padrão
estratificado. Portanto, deve-se considerar que a fração de querosene local média foi obtida pela
sonda de impedância local, que contém incertezas nas medições, principalmente para a detecção
de pequenas gotas, o que é o caso do padrão o/w ou a detecção da interface que é o caso do
padrão ST&MI. Assim, considera-se que os valores das frações de querosene locais médias
para a linha horizontal apresentam valores aproximados, apenas para uma visão mais geral do
comportamento do escoamento.
143

Figura 6.26. Comparação entre a fração de querosene média e a fração de querosene local
média na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).

Figura 6.27. Comparação entre a fração volumétrica de injeção de querosene e a fração de


querosene local média na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
144

A Figura 6.28 apresenta a razão de deslizamento entre as fases (Eq. 2.14). Comparando
as Figuras 6.25 e 6.28 nota-se que a queda na fração de querosene ocorre quando a razão de
deslizamento entre as fases diminui (mais próximo de 1) ou é invertido (muda de valores
menores do que 1 para valores maiores do que 1), fazendo com que a concentração de água
aumente e diminuindo a fração de querosene.

Figura 6.28. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para


cada velocidade superficial de água na linha horizontal.

O parâmetro de distribuição (C0) e a velocidade de deslizamento (vDK) são obtidos


utilizando apenas o Método I, em razão das frações de querosene médias, determinadas pelo
método gravimétrico, não apresentarem resultados consistentes. As Figuras 6.29 e 6.30
mostram, respectivamente, C0 e vDK em função da velocidade de mistura de todos os pontos. Os
valores destacados são as médias obtidas para cada padrão. Observa-se na Figura 6.29 que para
os padrões Do/w&w e o/w os valores de C0 estão dispersos ao longo de toda a faixa do gráfico,
mas nota-se que essa faixa é pequena, sendo a diferença entre o máxima e o mínima valores de
C0 de 0,08. Para a vDK o mesmo ocorre para os padrões Do/w&w, o/w e Dw/o&Do/w, mas com
uma faixa bem maior, como mostra a Figura 6.30. Portanto, o valor da velocidade de
deslizamento média pode não ser uma boa representação para todos os pontos desses padrões.
A Tabela 6.10 mostra os valores de C0 e vDK definido para cada padrão.
145

Figura 6.29. Parâmetro de distribuição em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura
na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w);
dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).

Figura 6.30. Velocidade de deslizamento em função da velocidade de mistura para cada


padrão da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
146

Tabela 6.10. Parâmetro de distribuição e velocidade de deslizamento determinados pelo


Método I para o escoamento horizontal.
vDK C0
Do/w&w -0,168 1,001
o/w -0,405 0,986
ST&MI 0,015 1,014
Dw/o&Do/w -0,199 1,011
w/o -0,069 1,003

6.3.4 Comparação da Fração de Líquido Local Média com Modelos Teóricos

As frações de querosene locais médias são comparadas com alguns modelos que
preveem as frações de querosene por meio das velocidades superficiais, propriedades físicas e
parâmetros geométricos. São utilizados três modelos matemáticos: o modelo homogêneo, o de
fases separadas e o modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com os parâmetros C0
e vDK. O modelo de fases separadas foi escolhido, uma vez que os padrões identificados formam
praticamente padrões estratificados, nos quais se tem querosene na parte superior e água na
parte inferior. O modelo homogêneo é utilizado por ser um modelo simples e de fácil
implementação, além do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) o qual os
parâmetros foram obtidos na Seção 6.3.3.
A Figura 6.31 mostra a fração de querosene local média contra o modelo homogêneo.
Para cada padrão foram calculadas as médias RMS. Nota-se que para os padrões ST&MI e w/o
o modelo homogêneo apresentou os menores desvios, com desvio RMS, respectivamente, de
3,1% e 8,2%. Esse comportamento era esperado, pois são os padrões que apresentaram os
menores deslizamentos entre as fases, como mostra a Figura 6.27. O padrão Do/w&w,
Dw/o&Do/w e o/w apresentaram desvios RMS de 50,2, 32,3 e 55,8%, respectivamente. Esses
padrões se apresentam como em fases separadas e um modelo mais apropriado para esse padrão
de comportamento será utilizado.
A Figura 6.32 mostra a comparação das frações de querosene local média dos padrões
Do/w&w, Dw/o&Do/w e o/w com o modelo de fases separadas. Observa-se o valor RMS para
o padrão Do/w&w de 50,2%, modelo homogêneo, para 35,1%, o que pode ser considerada uma
boa melhora, mais ainda bastante elevados. O padrão o/w foi de 55,8% para 40%, também
apresentando uma considerável melhora. Para o padrão Dw/o&Do/w, nota-se que houve um
147

deslocamento dos pontos, mas o valor RMS praticamente não se alterou. Isso é porque o modelo
de fase separada possui melhor aplicação para padrões nos quais as duas fases estão
estratificadas com a interface bem definida e sem gotas. Como os padrões observados são
padrões estratificados, mas com muitas gotas de uma fase na outra, o modelo não apresentou
um desempenho satisfatório. Além disso, o modelo separado foi implementado considerando a
interface plana, o que pode não ser uma boa aproximação para escoamento líquido-líquido, no
qual a interface geralmente é curva. Outro problema pode ser os dados obtidos
experimentalmente da fração de querosene local médio. Como já mencionado, as incertezas das
medições da sonda de impedância estão relacionadas ao tamanho das gotas e a posição da sonda
ao longo do duto. Portanto, é necessária uma técnica mais precisa para a determinação das
frações de querosene na horizontal.

Figura 6.31. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com
a frações de querosene obtidas pelo modelo homogêneo na linha horizontal. Dispersão
de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI);
emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em
óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).

A Figura 6.33 apresenta a comparação entre as frações de querosene locais médias


experimentais e calculadas pelo modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965). Observa-
148

se que os padrões w/o e ST&MI apresentaram os melhores resultados. Para os padrões


Do/w&w, Dw/o&Do/w e o/w os desvios RMS ainda não se apresentaram dentro da faixa de
10%. Observa-se que os padrões que não foram bem ajustados para o modelo, são os que
apresentaram a maior dispersão dos valore dos parâmetros C0 e vDK (vide Figuras 6.29 e 6.30).
Mesmo assim, os resultados apresentados na Figura 6.33, foram os melhores para todos os
padrões observados, chegando a valores máximos de RMS de 25,1% para o padrão
Dw/o&Do/w. Esse alto valor de desvio RMS pode estar ligado, devido à dificuldade de
classificação dos padrões. Como o modelo é realizado de acordo com a separação dos padrões
de escoamento, se algum ponto não pertencer ao padrão classificado, a tendência é que o cálculo
dos parâmetros C0 e vDK tornem-se mais dispersos, alterando o valor médio, assim como ocorre
nas Figuras 6.29 e 6.30.

Figura 6.32. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de fases separadas. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
149

Figura 6.33. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com parâmetros
determinados pelo Método I. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
150

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO – GRADIENTE DE PRESSÃO E


INVERSÃO DE FASE

Os resultados dos gradientes de pressão nas linhas vertical, curva e horizontal são
discutidos nesse capítulo, além da análise da inversão de fase. Os gradientes de pressão nas
linhas foram obtidos com transdutores de pressões diferenciais e comparadas com modelos
teóricos. Também é apresentada uma análise do fator de atrito.

7.1 Gradiente de Pressão

A variação do gradiente de pressão devido ao atrito para diferentes combinações de


velocidades superficiais de água e querosene para as linhas vertical, horizontal e curva são
analisados a seguir. A Figura 7.1 mostra o gradiente de pressão vertical para a grade de teste
em função de JK para JW constante. Observa-se que o gradiente aumenta com a velocidade de
mistura, independentemente se o aumento é devido a JK ou JW. Observa-se também para todos
os casos, que há uma descontinuidade na variação do gradiente de pressão. Para JW = 1,0 m/s
essa variação ocorre em JK = 0,4 m/s e corresponde à mudança no padrão do escoamento de
bolhas/disperso para agitado/anular. Nessa transição de padrão o querosene deixa de ser a fase
dispersa, conforme mostrado na Seção 6.1.1. Algo semelhante ocorre quando JW = 0,1 e 0,2 m/s
como mostrado na Figura 7.1. Pode afirmar que a mudança de fase contínua ocorre sem que
haja um aumento no gradiente de pressão, mas com o aumento da velocidade de mistura. Como
a viscosidade dos dois fluidos é semelhante, a mudança da fase contínua não deve alterar
significativamente as tensões interfaciais entre os dois fluidos. Uma vez que os gradientes de
pressão ficam constantes com o aumento da velocidade de mistura, há uma diminuição
acentuada do fator de atrito e esse comportamento deve ser incorporado em modelos
unidimensionais, caso se deseje capturar com exatidão o comportamento do gradiente de
pressão. Para 0,4 m/s ≤ JW ≤ 0,8 m/s não há esse tipo de comportamento. De acordo com a
Figura 7.1, pode-se afirmar que para esses casos o gradiente de pressão é praticamente constante
até JK ≤ 0,2 m/s. A partir dessa velocidade superficial de querosene o gradiente de pressão
151

cresce a uma taxa constante e independe de JW. Assim, para JK ≥ 0,2 m/s e 0,4 m/s ≤ JW ≤ 0,8
m/s a taxa de crescimento do gradiente de pressão é a mesma.
A Figura 7.2 mostra o gradiente de pressão horizontal para a grade de teste em função
de JK para JW constante. Observa-se que o gradiente aumenta com a velocidade de mistura,
independentemente se o aumento é devido a JK ou JW. Observa-se também para todos os casos,
exceto para JW = 1,0 m/s, que há uma descontinuidade na variação do gradiente de pressão.
Essa descontinuidade ocorre para JK = 0,4 m/s e é causada pela mudança de padrão de
escoamento. Para JK ≤ 0,4 m/s o querosene escoa na forma de gotas e para JK > 0,4 m/s o
querosene escoa na forma contínua (vide Figura 6.19). As maiores quedas de pressão ocorrem
em razão da grande turbulência causada pelas gotas e quando o querosene se torna contínuo o
gradiente de pressão diminui. Apesar dessas descontinuidades, a taxa de crescimento do
gradiente de pressão para JW ≥ 0,6 m/s são iguais, antes e depois da descontinuidade. Para JW =
0,4 m/s e JK ≤ 0,4 m/s a taxa de crescimento é igual à taxa de JW ≥ 0,6 m/s. Assim como para
JW ≤ 0,2 m/s as taxas de crescimento antes e depois da descontinuidade são iguais.

Figura 7.1. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para


cada velocidade superficial de água na linha vertical
152

Figura 7.2. Gradiente pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha horizontal.

Os gradientes de pressão na transição vertical-horizontal (curva) foram determinados


entre os pontos de localização do transdutor de pressão. Considera-se esse conjunto como uma
junção de parte das linhas vertical, curva e horizontal. A Figura 7.3 mostra os gradientes de
pressão nessa seção. Nota-se que os gradientes de pressão para a curva são muito semelhantes
aos da linha horizontal (Figura 7.2). Isso ocorre devido à maior influência da variação da
pressão entre os pontos ser na linha horizontal, linha horizontal maior que linha vertical, como
mostra a Figura 4.14.
Para uma análise apenas da influência da curva no gradiente de pressão, retira-se a perda
de pressão devido à linha vertical e à linha horizontal, utilizando a Eq. (4.20). Dessa forma são
obtidas apenas as variações da pressão localizadas na curva. As incertezas das medições de
quedas de pressão apenas na curva são mostradas na Tabela 7.1. Como as incertezas obtidas
para alguns pontos são excessivamente grandes, consideram-se apenas as perdas de pressão
com incertezas abaixo de 20%, sendo esses valores destacados em vermelho na Tabela 7.1.
A Figura 7.4 mostra a queda de pressão na curva de 90º para cada par de velocidades
superficiais dentro da incerteza obtida. Nota-se que as perdas de pressão com incertezas abaixo
153

de 20% são apenas para as velocidades de mistura altas. Isso ocorre porque para altas
velocidades a curva mostra uma influência significativa na perda de pressão que pode chegar
até 1,1 kPa para a velocidade de mistura de 1,8 m/s. Observa-se que o gradiente aumenta com
a velocidade de mistura, independentemente se o aumento é devido a JK ou JW. Nota-se ainda
uma diminuição da pressão para a velocidade superficial de água de 0,8 m/s e a velocidade
superficial de querosene variando de 0,4 para 0,6 m/s. Esse comportamento é causado pela
mudança do padrão de escoamento na curva, como mostra a Figura 7.5. Para JW = 0,8 m/s e
JK = 0,4 m/s o padrão identificado é o de gotas de querosene escoando em água contínua. Essas
gotas aumentam a turbulência do escoamento aumentando a queda de pressão. Para JW = 0,8
m/s e JK = 0,6 m/s nota-se um padrão no qual o querosene escoa como uma fase contínua com
poucas gotas escoando na água, assim a queda de pressão sofre uma redução. Devido aos
poucos pontos da Figura 7.4 uma análise do comportamento para as velocidades superficiais de
água de 0,1; 0,2; 0,4 e 0,6 m/s torna-se complicado.

Figura 7.3. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água no conjunto vertical+curva+horizontal.
154

Tabela 7.1. Incertezas das medidas experimentais para a queda de pressão na curva.
Incerteza - dp curva (%)
1,0 13,3 12,0 9,9 8,5 6,6
0,8 27,4 23,3 16,9 20,5 11,6 7,5
0,6 54,0 42,5 87,1 19,1 12,8 9,4
JW (m/s)

0,4 103,4 127,6 2252,6 25,3 17,8 10,7


0,2 101,1 269,9 180,3 46,7 27,3 13,0
0,1 1304,3 4120,4 2576,6 68,5 28,9 14,2
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)

Figura 7.4. Queda de pressão na curva em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água.
155

JW = 0,8 m/s JW = 0,8 m/s


JK = 0,4 m/s JK = 0,6 m/s

Figura 7.5. Imagens do escoamento na curva para JW = 0,8 m/s e JK = 0,4 e 0,6 m/s.

7.2 Fator de Atrito

Para analisar a precisão dos transdutores foi determinado o fator de atrito do escoamento
monofásico, apenas para a água e apenas para o querosene. As pressões foram obtidas para a
linha vertical e horizontal para os dois fluidos escoando separadamente. A Figura 7.6 mostra o
fator de atrito monofásico comparado com a equação de Blasius. Nota-se que a curva ajustada
confere com a equação de Blasius, observando-se uma leve dispersão dos pontos para número
de Reynolds abaixo de 104 devido às incertezas das medidas para baixas velocidades.
O fator de atrito bifásico é calculado para as linhas vertical e horizontal. Para o cálculo
dos fatores de atrito bifásico são necessários os gradientes de pressão bifásicos, apresentados
na Seção 7.1, e as frações de querosene. As frações de querosene na vertical foram determinadas
pelo método gravimétrico (fração de querosene média) e na horizontal determinadas com a
sonda de impedância local (fração de querosene local média). O fator de atrito de Fanning para
o escoamento bifásico, Cf, é calculado por.
156

1 p D
Cf  (7.1)
2  M v M2 L

A Figura 7.7 mostra os fatores de atrito para cada ponto da grade de testes das linhas
vertical e horizontal, comparados com aqueles obtidos pela equação de Blasius ajustada para
escoamentos bifásicos, Eqs. (5.11) e (5.29). A equação de Blasius é escolhida por ter sido
utilizada no cálculo dos modelos unidimensionais. Observa-se que para pontos acima de
Reynolds de 104 os dados experimentais se aproximam aqueles calculados pela equação de
Blasius. Para pontos abaixo dessa faixa os valores, principalmente da horizontal, se afastam
daqueles fornecidos pela equação de Blasius. Observa-se, então, que a equação de Blasius não
prediz com precisão os fatores de atrito bifásicos para os casos testados, principalmente para
Reynolds abaixo de 104.

Figura 7.6. Comparação entre os fatores de atrito monofásicos da água e do querosene


medidos e calculados pela equação de Blasius.
157

Figura 7.7. Comparação entre os fatores de atrito bifásicos medidos e calculados pela equação
de Blasius.

7.3 Comparação do Gradiente de Pressão com Modelos Teóricos

Os resultados experimentais de gradiente de pressão nas linhas vertical e horizontal são


comparados com os resultados dos modelos teóricos. Os modelos utilizados são: homogêneo,
deslizamento, fases separadas e o modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com os
parâmetros experimentais.

a) Linha Vertical

Os modelos: homogêneo, deslizamento bolhas, deslizamento agitado e de fases


separadas são utilizados para determinar os gradientes de pressão por atrito e compará-los com
os resultados experimentais. As incertezas das medidas de pressão são apresentadas no
158

APÊNDICE A. Os valores de gradiente de pressão para baixas velocidades não são


apresentados nos gráficos em razão de suas elevadas incertezas. Somente os valores para o
gradiente de pressão com incertezas inferiores a 15% são apresentados.
A Figura 7.8 mostra a comparação dos resultados experimentais de gradiente de pressão
com os resultados do modelo homogêneo. Observa-se que o modelo homogêneo apresentou
bons resultados para os padrões D e EWD como era o esperado, por apresentar um padrão no
qual o deslizamento entre as fases é menor. Observou-se também boa concordância entre os
resultados para o padrão CA. Isso ocorre, pois, o modelo homogêneo já havia obtido bons
resultados para a fração de querosene desses padrões (vide Figura 6.12).

Figura 7.8. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo


modelo homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA).

Como o modelo homogêneo apresentou os piores resultados para os padrões bolhas e


agitado, esses padrões foram comparados usando o modelo de deslizamento com os parâmetros
bolhas e agitado, Eqs. (5.26) e (5.27). A Figura 7.9 mostra os resultados da comparação com
do modelo de deslizamento com parâmetro bolhas e a Figura 7.10 com o modelo de
deslizamento com parâmetro agitado. O modelo não mostrou melhoria significativa em relação
ao modelo homogêneo para nenhum dos dois padrões. Para o padrão B o desvio RMS foi de
159

16,7% para 17% e no caso do padrão CT o desvio RMS foi de 39,9% para 38,2%. Esse valor
de 17% e 38,2% podem ser atribuídos às elevadas incertezas, que ocorrem para às baixas
velocidades superficiais na medida do gradiente de pressão e em razão da dificuldade da
modelagem das tensões interfaciais que possuem forte influência no gradiente de pressão.

Figura 7.9. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo


modelo de deslizamento (bolhas) na linha vertical. Bolhas (B).

Os resultados do padrão CA são comparados com aqueles do modelo de fases separadas.


Nota-se na Figura 7.11 que ocorre um aumento do desvio em relação ao modelo homogêneo.
Apesar do modelo servir bem para a determinação das frações de querosene, como foi mostrado
anteriormente, não conseguiu prever os gradientes de perda de pressão com boa precisão. Isso
ocorre, pois, as equações de fechamento do modelo, como as tensões interfaciais e atrito, não
são boas aproximações para o caso experimental realizado.
O modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com os parâmetros obtidos na
Seção 6.1.3 foi utilizado na determinação do gradiente de pressão e os resultados são mostrados
na Figura 7.12. Foi utilizado apenas o Método II por apresentar uma melhor aproximação com
as frações de querosene, como discutido anteriormente. Observa-se na Figura 7.12 que os
desvios RMS apresentam praticamente os mesmos valores obtidos no modelo homogêneo.
160

Figura 7.10. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo


modelo de deslizamento (agitado) na linha vertical. Agitado (CT).

Figura 7.11. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo


modelo separado na linha vertical. Anular (CA).
161

Figura 7.12. Comparação entre os gradientes de pressão experimental e calculados pelo


modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D);
Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).

Nota-se que a mudança de modelo não apresenta mudanças significativas na


determinação dos gradientes de pressão. Isso ocorre, em razão da modelagem das tensões, que
possuem alta influência nos valores obtidos. Para todos os modelos utilizou-se o a equação de
Blasius (Eq. 5.11) na determinação do fator de atrito, que como visto não é uma correlação
ideal para o caso testado.

b) Linha Horizontal

Para determinar os gradientes de pressão na linha horizontal foi utilizado o modelo


homogêneo e o de fases separadas. A Figura 7.13 compara os gradientes de pressão
162

experimental com aqueles obtidos pelo modelo homogêneo. Nota-se que o modelo mostrou boa
concordância com os dois padrões dispersos (o/w e w/o) e o padrão Dw/o&Do/w e apenas um
ponto do padrão ST&MI está fora da faixa de ±10%, fazendo com que o desvio RMS aumente
para 101%. O padrão Do/w&w apresentou todos os pontos fora da faixa de ±10%. O modelo
homogêneo é ideal para os padrões o/w e w/o por serem padrões nos quais o deslizamento é
menor, que se mostrou uma boa aproximação.
Para os padrões Do/w&w, ST&MI e Dw/o&Do/w o modelo separado é o mais indicado
uma vez que considera as duas fases estratificadas. A Figura 7.14 compara o gradiente de perda
de pressão dos padrões Do/w&w, ST&MI e Dw/o&Do/w com o modelo de fases separadas.
Observa-se que para os padrões Do/w&w e ST&MI ocorre uma pequena melhora em relação
ao modelo homogêneo, mas ainda mostrando valores altos de desvio RMS. Para o padrão
Dw/o&Do/w nota-se um leve aumento do desvio RMS. Na Figura 7.14 os maiores desvios
ocorrem para os menores gradientes de pressão, sendo que os resultados experimentais para
esses casos são maiores que os determinados teoricamente. Isso pode estar relacionado com as
diferenças de padrões observados. O padrão esperado para baixas vazões de injeção é o padrão
estratificado suave, na qual o gradiente de pressão é baixo devido às baixas turbulências e baixas
velocidades. O padrão observado no presente trabalho é um padrão no qual gotas de querosene
escoam na parte superior do duto. Isso faz com que a turbulência devido às gotas seja maior,
aumentando os gradientes de pressão. Outra causa pode ser a influência do fator de atrito do
escoamento bifásico. Como visto na Figura 7.7 o fator de atrito bifásico apresenta valores
superiores aos determinados pela equação de Blasius, principalmente para os baixos valores de
velocidade. Além disso, a modelagem das tensões interfaciais no modelo de fases separadas
tem grande influência nos resultados. Portanto, faz-se necessária uma análise mais aprofundada
de correlações de tensões mais apropriadas para o caso.
A Figura 7.15 compara o gradiente de pressão experimental com o modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Observa-se que para alguns padrões
houve uma melhora, como o padrão Do/w&w cujo desvio RMS diminui de 195% para 132%.
Para todos os outros padrões os desvios RMS estão muito próximos dos obtidos no modelo
homogêneo. Portanto, percebe-se que o modelo utilizado não possui tanta influência se as
correlações utilizadas para os fatores de atrito não forem bem analisadas.
163

Figura 7.13. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado
com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em
água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).

Figura 7.14. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
separado na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
164

Figura 7.15. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).

7.4 Inversão de fase

Para determinar a inversão de fase foi escolhida a velocidade de 1,2 m/s, pois assim
tem-se maior quantidade de imagens para comparação. Essa velocidade de mistura é mantida
constante para cada configuração de mistura das fases. As Figuras 7.16 e 7.18 mostram os
gradientes de pressão normalizados em função da fração de injeção de água, respectivamente,
para as linhas vertical e horizontal. Os gradientes de pressão normalizados são determinados
dividindo os gradientes de pressão bifásicos pelos gradientes de pressão que resultariam caso
165

apenas querosene escoasse pelo duto. Os gradientes de pressão para o escoamento de apenas
querosene foram obtidos experimentalmente para a velocidade de 1,2 m/s.
No escoamento vertical ascendente a inversão de fase apresenta um ponto de mínimo
do gradiente de pressão. A Figura 7.16 mostra que esse ponto de mínimo ocorre entre 60 - 80 %
de fração de água, que provavelmente define a mudança da predominância do querosene para
a predominância da água. A Figura 7.17 mostra os padrões que ocorrem para a velocidade de
mistura de 1,2 m/s e suas respectivas frações volumétricas de injeção. Observa-se que os
padrões vão de anular até o disperso. No padrão anular o querosene está na forma contínua e
no padrão disperso o querosene se encontra disperso, mostrando que ocorreu a inversão de fase.
Observa-se que a inversão ocorre em 60 – 80% de fração de água na Figura 7.16 e entre 50 e
83% de fração de água na Figura 7.17, mostrando que o ponto de mínimo gradiente de pressão
está de acordo com a ocorrência da inversão de fase. Nota-se que para a fração de água de 100%
o gradiente de pressão normalizado é maior que para a fração de água de 0%. Como as
viscosidades dinâmica dos fluidos são praticamente as mesmas e a densidade do querosene é
menor do que a densidade da água, a viscosidade cinemática do querosene é maior do que a
viscosidade cinemática da água. Portanto, devido a essa diferença na viscosidade cinemática do
querosene e da água, o gradiente de pressão normalizado para o escoamento apenas de água é
maior que o escoamento apenas de querosene.
Ao contrário do escoamento vertical, a inversão de fase em escoamentos horizontais é
geralmente acompanhada por um ponto máximo de gradiente de pressão. A Figura 7.18 mostra
um pico de gradiente de pressão entre 60 - 80% da fração de água. A Figura 7.19 apresenta os
padrões que ocorrem para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas frações
volumétricas de injeção. Nota-se que o padrão inicia-se como Dw/o&Do/w e vai até o o/w. Em
Dw/o&Do/w o querosene se encontra na forma contínua, escoando na parte superior do duto.
Para o/w o querosene se torna disperso. Essa mudança de contínuo para disperso é considera
como inversão de fase. Na Figura 7.18 a inversão ocorre em 60 – 80% da fração de água e na
Figura 7.19 a inversão ocorre em 50 – 66%. Portanto, a inversão deve ocorre entre 60 – 66%
da fração de água.
166

Figura 7.16. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha


vertical.

Cora Annular Cora Annular Churn Turbulent Dispersed

JK = 0,8 m/s JK = 0,6 m/s JK = 0,4 m/s JK = 0,2 m/s


JW = 0,4 m/s JW = 0,6 m/s JW = 0,8 m/s JW = 1,0 m/s
CW = 0,33 CW = 0,5 CW = 0,66 CW = 0,83

Figura 7.17. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha vertical.
167

Figura 7.18. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha


horizontal.

Dw/o & Do/w Dw/o & Do/w o/w o/w

JK = 0,8 m/s JK = 0,6 m/s JK = 0,4 m/s JK = 1,0 m/s


JW = 0,4 m/s JW = 0,6 m/s JW = 0,8 m/s JW = 0,2 m/s
CW = 0,33 CW = 0,5 CW = 0,66 CW = 0,83

Figura 7.19. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha horizontal.
168

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO - ESCOAMENTO TRANSIENTE


VERTICAL

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos experimentalmente


para o escoamento transiente na vertical. Os testes realizados consistiram em preencher o tubo
vertical com apenas um dos fluidos e aguardar a estagnação. Em seguida a bomba do fluido
oposto era ligada com uma determinada velocidade. As velocidades utilizadas foram 0,2; 0,45
e 0,65 m/s. Depois de ligada a bomba o sinal da sonda de impedância de haste era obtido, assim
como a filmagem com a câmera de alta velocidade. Para determinar se o tipo de injeção está
influenciando o escoamento, foram realizadas modificações na linha de testes para que as
injeções fossem invertidas. Primeiro com a água injetada pelo centro e o querosene pelo lado e
em seguida com o querosene pelo centro e a água pelo lado.

8.1 Análise da Injeção Padrão

A injeção será considerada padrão quando a água é injetada pelo centro e o querosene
pelo lado. As Tabelas 8.1 a 8.3 mostram o comportamento do escoamento em uma sequência
de imagens de 1 a 5 para uma injeção padrão. As imagens mostram os padrões que descrevem
o escoamento, lembrando que as imagens de 1 a 5 para a injeção de querosene não ocorrem no
mesmo tempo que as imagens com a injeção de água. Nota-se que existem diferenças para a
injeção de querosene em água e a injeção de água em querosene. Quando se injeta querosene
em água, o querosene inicia escoando na forma de gotas e com o aumento da quantidade de
querosene no duto essas gotas se juntam formando bolsões. Esses bolsões inicialmente escoam
no centro do duto até que o querosene preenche o tubo por completo. Quando injeta-se água no
querosene, a água se acumula no início da injeção e tende a escoar como um pistão com algumas
gotas em sua frente. A água carrega todo o querosene e observam-se algumas gotas de
querosene dispersas no pistão de água. Essa diferença no processo ocorre provavelmente pela
diferença de densidade dos dois fluidos. Como a água é a fase mais densa, a tendência é que ela
se concentre antes de escoar pelo duto, ao contrário do querosene que escoa no momento em
169

que é realizado a injeção. Esse mesmo procedimento ocorre independentemente da velocidade


de injeção. Observa-se que para baixos JW a interface possui melhor definição, como mostra as
Tabelas 8.1 a 8.3.

Tabela 8.1. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,2 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,2 m/s

JW = 0,2 m/s
JK = 0
170

Tabela 8.2. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,45 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,45 m/s

JW = 0,45 m/s
JK = 0

Tabela 8.3. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,65 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,65 m/s

JW = 0,65 m/s
JK = 0
171

As Figuras 8.1 e 8.2 mostram o comportamento do sinal da sonda de impedância de


haste ao longo do tempo para velocidade de injeção de 0,2 m/s, respectivamente, de querosene
e de água. Nota-se uma nítida diferença no sinal para cada tipo de fluido injetado. Quando se
injeta querosene ocorre um declínio gradativo do sinal e injetando-se água a variação do sinal
é abrupta. Observa-se que quando a injeção é realizada com querosene, o fluido demora um
tempo maior para retirar a água do duto. Nessa retirada tem-se uma mistura dos dois fluidos,
pois o sinal possui valores intermediários entre 0 e 1. Utilizando a injeção com água, a retirada
ocorre em um tempo bem menor, pois a água tende a se concentrar e assim retirar praticamente
todo o querosene como se fosse um pistão. Nota-se na Figura 8.1 que o sinal na injeção de
querosene não fica completamente constante no valor de 0, significando que o tempo de 40
segundos não foi o suficiente para a retirada total da água do duto.
As Figuras 8.3 a 8.6 mostram o sinal para as velocidades de 0,45 e 0,65 m/s,
respectivamente, para o querosene e água. Observa-se que os sinais obtidos têm o mesmo
comportamento que o sinal para a velocidade de 0,2 m/s, sendo que a diferença é o tempo de
declínio do sinal que diminui devido ao aumento da velocidade.

Figura 8.1. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s.
172

Figura 8.2. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s.

Figura 8.3. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
173

Figura 8.4. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s.

Figura 8.5. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s.
174

Figura 8.6. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s.

A Tabela 8.4 mostra a comparação dos tempos necessários para que ocorra a retirada
completa do fluido estagnado no duto. Os tempos são definidos durante o declínio ou o salto
do sinal. Observa-se que para todos os casos o tempo necessário para a limpeza do duto é
sempre menor quando ocorre a injeção de água, sendo que a diferença diminui com o aumento
das velocidades apenas para o querosene. Para o aumento da velocidade da água nota-se que os
tempos são praticamente os mesmos, uma vez que a retirada ocorre quase que instantaneamente.

Tabela 8.4. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades
na injeção padrão.
JW (m/s) JK (m/s) Tempo (s)
0 0,2 21,9
0,2 0 0,5
0 0,45 6,5
0,45 0 0,5
0 0,65 3,4
0,65 0 0,8
175

8.2 Análise Injeção Invertida

Para analisar se o tipo de injeção influencia a retirada do fluido do duto as injeções


foram invertidas. A injeção invertida é realizada com o querosene sendo injetado pelo centro e
a água pelo lado. As Tabelas 8.5 a 8.7 mostram o comportamento do escoamento em uma
sequência de imagens de 1 a 5 para a injeção invertida. Nota-se que mesmo invertendo as
injeções as sequências de padrões do escoamento praticamente não se modificam. A injeção de
querosene inicia-se com gotas de querosene e em seguida, com o aumento do querosene, são
formados bolsões, até que o duto fique completamente preenchido. Para a injeção de água o
fluido se acumula e passa pelo duto na forma de um pistão alongado preenchendo assim todo o
duto com água.

Tabela 8.5. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,2 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,2 m/s

JW = 0,2 m/s
JK = 0
176

Tabela 8.6. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,45 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,45 m/s

JW = 0,45 m/s
JK = 0

Tabela 8.7. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,65 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5

JW = 0
JK = 0,65 m/s

JW = 0,65 m/s
JK = 0
177

As Figuras 8.7 a 8.12 mostram o sinal da sonda de impedância de haste ao longo do


tempo para as velocidades de 0,2; 0,45 e 0,65 m/s, respectivamente, para o querosene e para a
água. Analisando-se o sinal da sonda de impedância para a injeção invertida os perfis foram
aproximadamente os mesmos que os apresentados com a injeção padrão. O querosene necessita
de um tempo maior para a retirada do fluido do duto e a água um tempo bem menor. Isso ocorre
para as três velocidades.

Figura 8.7. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s.

Figura 8.8. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s.
178

Figura 8.9. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.

Figura 8.10. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s.
179

Figura 8.11. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s.

Figura 8.12. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s.
180

A Tabela 8.8 mostra a comparação dos tempos que são necessários para a limpeza do
duto. Assim como na injeção padrão o tempo necessário para a limpeza do duto é sempre menor
quando ocorre a injeção de água, sendo que diferença diminui com o aumento das velocidades
apenas para o querosene. Para o aumento da velocidade da água nota-se que os tempos são
praticamente os mesmos, assim como ocorre na injeção padrão.

Tabela 8.8. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades
na injeção invertida.
JW (m/s) JK (m/s) Tempo (s)
0 0,2 14,8
0,2 0 0,7
0 0,45 5
0,45 0 0,8
0 0,65 4,8
0,65 0 0,7

A análise realizada mostra que o tipo de fluido tem grande influência na retirada do
fluido do duto. Além disso a forma como os fluidos são injetados praticamente não modifica
esse comportamento.
181

9 CONCLUSÕES

Para a análise do escoamento água-querosene foi construído um aparato no qual


medidas experimentais foram realizadas. O aparato consiste de uma linha vertical, uma
transição vertical-horizontal (curva) e uma linha horizontal. Foram identificados os padrões de
escoamento nas linhas vertical e horizontal, além de uma análise do escoamento na curva. As
frações de líquido foram obtidas por duas técnicas diferentes: método gravimétrico e sonda de
impedância local. Os gradientes de pressão foram determinados por transdutores de pressão
diferencial. Além disso, para o escoamento transiente, realizou-se um estudo da retirada de um
fluido estagnado no duto, utilizando uma haste de impedância e filmagem com a câmera de alta
velocidade.
O presente trabalho levou às seguintes conclusões:

 Os padrões de escoamento observados na linha vertical foram: bolhas (B), agitado (CT),
gotas de água alongadas (EWD), anular (CA) e o disperso (D). Um novo padrão pode ser
identificado, o gotas de água alongadas (EWD), no qual gotas de água alongadas escoam em
um meio contínuo de querosene. O mapa de padrão de escoamento obtido foi comparado com
o mapa de Jana et al. (2006) e mostrou boa concordância, mas com algumas diferenças
específicas. Essas diferenças, podem estar relacionadas principalmente com o tipo de medição
usada por Jana et al. (2006).

 Os padrões observados no escoamento horizontal foram: dispersão de óleo em água e


água (Do/w&w), estratificado com mistura na interface (ST&MI), emulsão de água em óleo
(w/o), emulsão de óleo em água (o/w), dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). O mapa de padrões de escoamento foi comparado com os mapas de Trallero
(1997) e de Mandal et al. (2007) e mostrou diferenças nos padrões obtidos para os dois mapas.
Essas diferenças são causadas em pelo tipo de injeção. No presente trabalho o escoamento é
injetado na vertical passa por uma curva de 90º e depois encaminhado para a linha horizontal.
Nos trabalhos de Trallero (1997) e de Mandal et al. (2007) a injeção ocorre diretamente na
horizontal.
182

 Comparando os números modificado de Froude com as imagens obtidas na curva


observou-se que o número de Froude consegue prever quando os fluidos se deslocam para a
parte externa ou interna da curva quando os números de Froude é maior que 1 ou menor que -1.
Como as densidades dos dois fluidos são próximas, quando o número modificado de Froude se
encontra entre -1 e 1 essa análise não funciona com eficiência.

 A técnica gravimétrica utilizando as medidas de pressão para medição de fração de


querosene média na linha vertical mostrou-se adequada para o experimento. Os modelos
unidimensionais aproximaram-se dos resultados experimentais. O modelo homogêneo obteve
um desvio RMS de 9,6% e 1,4%, respectivamente, para os padrões disperso (D) e gotas de água
alongadas (EWD). O modelo de deslizamento, utilizando o parâmetro de bolhas, obteve um
desvio de 5,9% para o padrão bolhas (B) e com o parâmetro agitado o desvio foi de 7,5% para
o padrão agitado (CT). Para o modelo de fases separadas o desvio foi de 5,2% para o padrão
anular (CA). Desta forma uma modelagem específica para cada padrão determina melhores
resultados para as frações de querosene. O modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965)
determinados pelo Método II apresentou os melhores resultados para todos os padrões. Isso era
o esperado, pois os parâmetros foram determinados com as frações de querosene médias, ao
qual são comparadas.

 Observou-se que os menores deslizamentos entre as fases ocorrem quando a fração de


querosene ou é pequena (de 0 até 0,3) ou muito alta (de 0,7 até 1). Quando uma fase está em
maior quantidade, ela carrega a outra fase fazendo com que a mistura escoe com a mesma
velocidade. Para as frações de querosene em uma faixa intermediária, as fases possuem
quantidades próximas. Assim, as fases escoam com velocidades diferentes, ocorrendo o
deslizamento. Quando a fase contínua é a água, o querosene escoa com maior velocidade, e
quando ocorre a inversão, a água escoa com maior velocidade. Isso é devido à fase considerada
dispersa escoar no centro do duto, onde a velocidade é maior, enquanto a velocidade da fase
contínua é dada por uma média do perfil de velocidades ao longo do diâmetro de todo o duto.

 Foram determinadas as frações de querosene local médias na linha vertical. A


comparação entre as frações de querosene local médias e as frações de querosene médias
apresentou um grande desvio. Tal desvio é causado pelas incertezas nas medições da sonda de
impedância. Incertezas causadas pelo tamanho da menor gota que pode ser medida e pela
183

quantidade de pontos da sonda ao longo da seção transversal do duto. Portanto, o método de


sonda de impedância local mostrou-se muito útil para a determinação dos padrões, mas não foi
satisfatório para a obtenção das frações de líquido do escoamento.

 A técnica gravimétrica na linha horizontal não foi satisfatória para a determinação das
frações de líquido. A técnica mostrou-se insatisfatória para baixas vazões de querosene devido
a não formação de uma camada completa de querosene. Além disso, a sonda utilizada na
determinação da interface teve uma grande variação no sinal, fazendo com que as incertezas
das medidas aumentassem. Outro fator é a dificuldade da separação completa das duas fases.

 As frações de querosene locais médias foram comparadas com modelos teóricos. O


modelo homogêneo mostrou boa concordância com os padrões ST&MI e w/o, chegando a um
desvio máximo de 8,2% para o padrão w/o. O modelo de fases separadas melhorou os resultados
dos padrões Do/w&w e o/w, mas ainda apresentando desvios significativos. Essas diferenças
provavelmente são causadas pelas incertezas das medições das frações de querosene locais
médias. Como foi mencionada, a sonda de impedância não é um método preciso para a
determinação das frações de querosene. O modelo de Zuber e Findlay (1965) apresentou uma
melhora de todos os desvios RMS, mas com valores de 23, 25 e 15%, respectivamente, para os
padrões Do/w&w, Dw/o&Do/w e o/w. Esses três padrões são os que apresentaram as maiores
dispersões nos cálculos dos parâmetros C0 e vDK.

 Analisando-se os gradientes de pressão vertical, para JW = 0,1; 0,2 e 1,0 m/s nota-se uma
descontinuidade no gradiente de pressão, ocasionado pela mudança de padrão de escoamento.
Esse padrão muda de bolhas/disperso para agitado/anular/gotas de água alongadas. Além das
taxas de variações serem muito semelhantes, independente das velocidades de água.

 Para os gradientes de pressão horizontal, observa-se que quando ocorre a mudança de


um padrão onde há ocorrência de gotas para um padrão onde as gotas se coalescem tornando-se
uma fase contínua, os gradientes de pressão apresentam uma queda. Isso é devido à turbulência
que as gotas criam no escoamento. As taxas de variações também são semelhantes,
independente das velocidades de água.
184

 A queda de pressão localizada na curva foi pequena para baixas velocidades de mistura.
Sendo que apenas para altas velocidades de mistura, a curva tem uma grande influência na perda
de pressão. Essa queda pode chegar até 1,1 kPa para velocidades de JW =1,0 e JK = 0,8 m/s.

 Os gradientes de pressão na vertical foram comparados com modelos teóricos. O


modelo homogêneo apresentou bons resultados para os padrões EDW, D e CA chegando a um
desvio máximo de 12%. Para os padrões B e CT a modelagem de deslizamento não mostrou
uma melhora significativa em relação ao modelo homogêneo. O modelo de fases separadas
obteve um grande desvio para o padrão CA. O modelo de Zuber e Findlay (1965) apresentou
praticamente os mesmos resultados do modelo homogêneo. Os gradientes de pressão na
horizontal foram comparados com os modelos teóricos. O modelo homogêneo apresentou bons
resultados para os gradientes de pressão para os padrões o/w, w/o e Dw/o&Do/w. Para os outros
padrões os desvios RMS chegaram a valores máximos de 202%. Para o modelo separado não
houve melhora nos valores comparados com o modelo homogêneo. O modelo de Zuber e
Findlay (1965) apresentou o melhor resultado para o padrão Do/w&w e para os outros os
valores não modificaram em comparação com o modelo homogêneo. Os gradientes de pressão
têm grande dependência das equações de fechamento. As tensões de cisalhamento, tanto na
parede quanto na interface, assim como os fatores de atrito interferem nos gradientes de pressão.
O fator de atrito de Blasius, como mostrado, apresenta uma grande diferença em relação aos
fatores de atrito medidos. Portanto, é necessário um estudo mais aprofundado das equações de
fechamento para os casos estudados.

 A inversão de fase na linha vertical foi determinada para a velocidade de mistura de


1,2 m/s. Essa inversão ocorre com 60 a 80% de fração de água que é a localização da queda do
gradiente de pressão (ponto mínimo). Nas imagens essa inversão ocorre entre 50% a 83%,
mostrando concordância do ponto de mínimo com a inversão de fase. No escoamento horizontal
a análise foi feita para a velocidade de mistura de 1,2 m/s. A análise dos gradientes de pressão
nos mostrou que a inversão ocorre quando a fração de água está entre 60 e 80%. As imagens
mostram que essa inversão ocorre quando o padrão muda de querosene contínuo para querosene
em forma de gotas, que estão entre 50 a 66%.

 O escoamento transiente foi estudado injetando-se um fluido na tubulação para a


retirada do fluido que está estagnado no duto. Quando se injeta um fluido com maior densidade,
185

como no nosso caso a água, a limpeza ocorre em menor tempo. Isso ocorre, pois, o fluido se
concentra no fundo do duto e quando atinge uma determinada concentração é empurrado em
forma de um pistão alongado retirando praticamente todo o querosene do duto. Determinou-se
ainda que a injeção, sendo feita pelo centro ou pelo lado, não influencia nesse tipo de
comportamento dos fluidos.

Para futuros trabalhos recomenda-se utilizar maiores linhas de teste, tanto na vertical
como na horizontal. É necessário obter resultados experimentais para maiores velocidades de
mistura, diferentes diâmetros de tubos e inclinações. Utilizar outras técnicas de medições para
as frações de líquido na linha horizontal, assim como utilizar a técnica da sonda de impedância
local para uma maior quantidade de pontos ao longo da seção transversal do duto. Além da
determinação da fração de líquido na curva. Para os modelos unidimensionais é necessário
realizar um estudo aprofundado das correlações, principalmente dos fatores de atrito bifásicos,
que possuem grande influência na determinação dos gradientes de pressão. É necessário um
estudo do escoamento transiente na linha horizontal assim como sua modelagem. Além da
análise da inversão de fase para maiores quantidades de pontos e a inversão pelo caminho
inverso.
186

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191

APÊNDICE A – Análise de Incerteza

O apêndice apresenta as incertezas das medidas de todo o experimento. São mostradas


as incertezas dos instrumentos utilizados na captação dos dados e em seguida os cálculos
utilizados nas propagações das incertezas de medidas indiretas. O cálculo da incerteza é
realizado para todos os dados coletados e no final do apêndice a Tabela A.1 mostra a maior
incerteza obtida para cada parâmetro.

A.1. Incerteza dos Instrumentos

Para determinar a incerteza de uma medida direta, divide-se a medida pela menor escala
do instrumento utilizado, sendo ui a incerteza relativa de cada parâmetro medido
independentemente. Assim as incertezas de medidas são dadas pelos instrumentos utilizados
para sua e medição. Os instrumentos utilizados foram às balanças, cronômetro, paquímetro,
trena e o manômetro. As menores escalas dos instrumentos são mostradas na Tabela A.1.

Tabela A.1. Menor escala dos instrumentos utilizados nas medições.


Instrumento Menor escala
Balança (Filizola – 300 kg) 0,1 kg
Balança (Marte – UX8200S) 0,01 kg
Cronômetro 0,01 s
Paquímetro 0,1 mm
Trena 1 mm
Manômetro 2 mm

Ainda algumas propriedades foram definidas através de instrumentos específicos como


a densidade e a viscosidade dos fluidos (água e querosene) e possuem as respectivas incertezas
Tabela A.2.
192

Tabela A.2. Incerteza dos instrumentos utilizados nas medidas das densidades e viscosidades
dos fluidos.
Propriedade Incerteza
Densidade ±1 kg/m3
Viscosidade ±0,3%

A densidade do mercúrio foi obtida do livro CRC Handbook of Chemistry and Physics
assim a incerteza da densidade do mercúrio é o erro da tabela (±0,1 kg/m3). A incerteza de
constantes como o número pi e a aceleração da gravidade são desprezíveis.
Para a medição de pressão foi utilizado um transdutor de pressão SMAR LD301 que
possui uma incerteza definida pelo instrumento de ±0,04% do spam.

A.2. Propagação da Incerteza

Se a medida utilizada não é direta, então é necessário um cálculo de propagação de


incerteza relativa. Sendo R a quantidade requerida e x1, x2, x3 ,..., xn as variáveis medidas. Então
R=R(x1, x2, x3,..., xn). Determina-se a incerteza que se propaga por:

1/ 2
 x R 2  x R 2  xn R  
2

uR    1
u1    2
u2   ...   un   (A.1)
 R x1   R x2   R xn  

As incertezas relativas foram calculadas para todos os dados coletados sendo


apresentada apenas a maior incerteza obtida. As incertezas das medidas são mostradas na
Tabela A.3 no final do apêndice.

A.2.1.Velocidade

As incertezas das velocidades superficiais dos fluidos injetados pelas bombas HD 20C
são definidas por quatro medidas: massa, tempo,densidade do fluido e área do duto. A
velocidade pode ser calculada por:
193

.
Q m  m
J    (A.2)
A A A t

Sendo todas as variáveis medidas apenas para o escoamento monofásico. Assim a


incerteza da velocidade superficial é dada por:


uJ   um  ut  u  4u A
2 2 2

2 1/ 2
(A.3)

As velocidades superficiais dos fluidos para as bombas WHT32/F MR são determinadas


pela curva de calibração da placa de orifício dada pela equação:

J  B p (A.4)

A incerteza do coeficiente B é determinada pela equação:

v
B (A.5)
p

assim a propagação da incerteza é dada pela equação:

1/ 2
 1 2
u J    u m  u t  u   4 u A  u p 
2 2 2 2
(A.6)
 2 

A.2.2. Fração de Líquido Média

A altura de querosene utilizada para a obtenção da fração de líquido é determinada por:

dp
HK  (A.7)
W   K g
194

sendo que a incerteza é dada por:

2 1/ 2
  W
2
    K   
 udp   
 
uH K
2
uW    u K   (A.8)
  W   K    W   K   

então a fração de líquido é definida por:

HK  h
K  (A.9)
HT

e a incerteza:

1/ 2
  H  
2
 H K  
2

u K

   K

uH K   

 
uh   uH T 2
 (A.10)

  H K h     H K h   

A.2.3. Perda de Pressão (Vertical e Curva)

Para o cálculo da perda de pressão por atrito nas linhas vertical e curva é necessário
descontar o termo de pressão devido à gravidade, assim a equação de Bernoulli se torna:

dp f  dp  ghW   M  (A.11)

e a propagação da incerteza relativa é:


195

2 1/ 2
   hg W   K 
2 2
  W gh
2
   M gh  
 dp  
uh f   udp  
uh   uW   u M   (A.12)
 dp f  
  dp   dp f
 
  dp f
 

 
 f

A.2.4. Densidade de Mistura

Para o cálculo da perda de pressão a densidade de mistura é necessária sendo ela dado
por:

 M   K H K  W 1  H K  (A.13)

e a incerteza relativa:

2 1/ 2
      K  K  W 
2
  W 1   K 
2
 
u M   K K
u K    u K    uW   (A.14)
  M   M   M  

A.3. Resultados das Incertezas Relativas

A Tabela A.3 mostra as máximas incertezas relativas das variáveis obtidas nos cálculos
de propagação de incerteza relativa exceto para os gradientes de perda de pressão que são
mostradas nas Tabelas A.4 a A.6. São mostradas as perdas de pressão para todos os pontos na
linha vertical, horizontal e curva respectivamente..
196

Tabela A.3. Incertezas relativas máximas de todas as variáveis utilizadas no experimento.


Variável Incerteza Relativa (%)
Velocidade (HD 20C) 1,28 %
Velocidade (WHT 32/F MR) 1,27 %
Altura de querosene 18,2 %
Fração de líquido média 8,7 %
Densidade de mistura 0,41%

Tabela A.4. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha vertical para
cada combinação de velocidades superficiais.

JW (m/s) Incerteza – dp/dz vertical


1,0 3,50266 3,08299 2,54002 2,81918 2,19206
0,8 4,79946 4,66897 3,64379 2,99522 2,54629 2,23562
0,6 7,50602 7,09974 4,44047 3,57063 3,1701 2,88166
0,4 14,0369 13,3752 8,1433 5,67912 4,3215 3,8067
0,2 30,5927 18,327 11,5756 13,6842 7,04681 5,87571
0,1 190,502 25,8789 12,1431 12,1624 8,91411 6,89082
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)

Tabela A.5. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha horizontal para
cada combinação de velocidades superficiais.
JW (m/s) Incerteza – dp/dz horizontal
1,0 3,89866 3,2541 2,4666 2,03576 1,66552
0,8 5,28532 4,11309 2,87778 2,7043 2,22404 1,83711
0,6 7,16039 5,20589 3,53886 4,06701 3,17725 2,53369
0,4 10,1397 6,63437 4,04263 5,31597 4,13132 3,26764
0,2 12,3362 8,11916 5,17087 8,09415 5,89597 4,31749
0,1 15,3588 9,34917 5,7984 11,1865 7,05784 5,00787
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)
197

Tabela A.6. Incertezas relativas (%) da perda de pressão na curva para cada combinação de
velocidades superficiais.
JW (m/s) Incerteza - dp curva
1,0 13,3473 12,0033 9,9141 8,59357 6,66864
0,8 27,422 23,3921 16,902 20,5443 11,6935 7,50976
0,6 54,067 42,5838 87,1745 19,1368 12,8831 9,4667
0,4 103,468 127,685 2252,6 25,3562 17,8901 10,7522
0,2 101,157 269,992 180,362 46,7279 27,3831 13,0489
0,1 1304,33 4120,45 2576,68 68,5341 28,9796 14,2545
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)
198

APÊNDICE B - Resultados Adicionais

Neste apêndice são mostradas as imagens obtidas com a câmera fotográfica (Nikon 810)
juntos com as imagens obtidas com a câmera de alta velocidade (MotionXtra N3). A Figura B.1
mostra as imagens para a linha vertical e a Figura B.2 para a linha horizontal. É apresentada
também as imagens do escoamento na curva e seus respectivos números de Froude, Figura B.3
a B.6.
Ainda são apresentadas as comparações entre as imagens e os perfis de fração de
querosene para cada combinação de velocidades. As Tabelas B.1 até B.12 mostram essas
comparações para o escoamento na linha vertical e horizontal respectivamente.
199

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)
Figura B.1. Padrões de escoamento para a linha vertical. Imagens com câmera de alta velocidade e câmera fotográfica.
200

1,0

0,8

0,6
JW (m/s)

0,4

0,2

0,1

0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


JK (m/s)

Figura B.2. Padrões de escoamento para a linha horizontal. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica
201

0,4
Fr=-0,57 Fr=-0,67 Fr=-1,37

0,2
JW (m/s)

Fr=-0,22 Fr=-0,24 Fr=-0,49

0,1
Fr=-0,18 Fr=-0,18 Fr=-0,46

0 0,1 0,2 0,4


JK (m/s)

Figura B.3.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e
JK = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s

0,4
Fr=0,76 Fr=1,93 Fr=2,92

0,2
JW (m/s)

Fr=-1,00 Fr=2,18 Fr=3,66

0,1
Fr=-0,04 Fr=0,78 Fr=1,43

0,6 0,8 1
JK (m/s)

Figura B.4.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e
JK = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s
202

1
Fr=1,19 Fr=-0,29 Fr=-0,34

0,8
JW (m/s)

Fr=-0,69 Fr=-2,21 Fr=-0,37

0,6
Fr=-0,25 Fr=-1,01 Fr=-1,05

0 0,1 0,2 0,4


JK (m/s)

Figura B.5.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e
JK = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s

1
Fr=3,19 Fr=12,2

0,8
JW (m/s)

Fr=3,74 Fr=6,60 Fr=9,12

0,6
Fr=2,01 Fr=3,23 Fr=5,44

0 0,6 0,8 1
JK (m/s)

Figura B.6.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e
JK = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s
203

Tabela B.1. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,1 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)

0,1 0,1

0,1 0,2

0,1 0,4

0,1 0,6

0,1 0,8

0,1 1
204

Tabela B.2. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW
JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s)

0,2 0,1

0,2 0,2

0,2 0,4

0,2 0,6

0,2 0,8

0,2 1
205

Tabela B.3. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)

0,4 0,1

0,4 0,2

0,4 0,4

0,4 0,6

0,4 0,8

0,4 1
206

Tabela B.4. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,6 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)

0,6 0,1

0,6 0,2

0,6 0,4

0,6 0,6

0,6 0,8

0,6 1
207

Tabela B.5. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,8 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)

0,8 0,1

0,8 0,2

0,8 0,4

0,8 0,6

0,8 0,8

0,8 1
208

Tabela B.6. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 1,0 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)

1 0,1

1 0,2

1 0,4

1 0,6

1 0,8
209

Tabela B.7. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha


horizontal para JW = 0,1 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

0,1 0,1

0,1 0,2

0,1 0,4

0,1 0,6

0,1 0,8

0,1 1
210

Tabela B.8. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

0,2 0,1

0,2 0,2

0,2 0,4

0,2 0,6

0,2 0,8

0,2 1
211

Tabela B.9. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

0,4 0,1

0,4 0,2

0,4 0,4

0,4 0,6

0,4 0,8

0,4 1
212

Tabela B.10. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha


vertical para JW = 0,6 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

0,6 0,1

0,6 0,2

0,6 0,4

0,6 0,6

0,6 0,8

0,6 1
213

Tabela B.11. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha


vertical para JW = 0,8 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

0,8 0,1

0,8 0,2

0,8 0,4

0,8 0,6

0,8 0,8

0,8 1
214

Tabela B.12. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha


vertical para JW = 1,0 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)

1,0 0,1

1,0 0,2

1,0 0,4

1,0 0,6

1,0 0,8

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