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Suguimoto FabioKenji D PDF
Suguimoto FabioKenji D PDF
CAMPINAS
2016
Agradecimentos
A Deus.
Aos meus pais Yoshiaki e Mirtes, minhas irmãs Flávia e Renata e ao meu amor Amanda
por sempre estarem ao meu lado.
Aos novos amigos que fiz durante minha passagem por Campinas.
The study of the liquid-liquid two-phase flow has increased recently, mainly due to the
interest of the petrochemical industry, where this type of flow commonly occurs in the transport
of oil and water. In this work is analyzed the two-phase flow of water and kerosene, in order to
obtain new experimental data and a better understanding of liquid-liquid flow. The apparatus
has three test sections, one vertical, one horizontal and one transition of vertical to horizontal
(curve). The test section is constructed entirely of acrylic and has a diameter of 0.026 m. The
flow patterns were determined for the vertical and horizontal line using images and the local
impedance probe. The flow patterns maps were compared with maps of literature. The holdup
was determined with two different measurement techniques. The first was using the gravimetric
technique, where fluids are trapped by closing valves. The second is by a local impedance probe
used to determine the holdup profile. Pressure gradients were captured by differential pressure
transducers for the three sections, and an analysis of the phase inversion was performed. The
results of pressure gradients were compared with one-dimensional models. A qualitative study
of flow on the curve, through visualization, was conducted to analyze how this flow may
interfere with the vertical and horizontal flow. Finally, a type of transient flow in a vertical line
was analyzed using visualization and a rod impedance probe.
Keywords: two-phase flow, flow patterns maps, liquid holdup, pressure gradients, phase
inversion and transient flow.
Lista de Figuras
Figura 2.1. Padrões de um escoamento líquido-líquido vertical ascendente. Fonte: Govier et al.
(1961) ....................................................................................................................................... 33
Figura 2.2. Padrões de escoamento em um escoamento líquido-líquido horizontal. Fonte:
Trallero et al. (1997) ................................................................................................................. 36
Figura 2.3. Padrões de um escoamento líquido-líquido horizontal em um duto de 0,026 m de
diâmetro. Fonte: Sunder Raj et al. (2005) ................................................................................ 38
Figura 2.4. Padrões de um escoamento água-querosene em um duto horizontal de diâmetro
0,012 m (esquerda) e 0,025 m (direita). Estratificado suave (SS), estratificado ondular (SW),
plug (P), pistonado (S), três camadas (TL), rivulet (R), agitado (C) e dispersão de óleo em água
(DO/W). Fonte: Mandal et al. (2007). ........................................................................................ 40
Figura 2.5. Gradiente de pressão relativa variando com a fração de água. Pico de máxima
pressão determinando o ponto de inversão de fase. Fonte: Angeli e Hewitt (1998). ............... 46
Figura 3.1. Desenho esquemático do aparato experimental. .................................................... 50
Figura 3.2. Linha de suprimento............................................................................................... 52
Figura 3.3. (a) Desenho esquemático do misturador do tipo T; (b) misturador do tipo T instalado
na linha. .................................................................................................................................... 53
Figura 3.4. Desenho esquemático do separador. ...................................................................... 56
Figura 3.5. Separador de água e querosene instalado na linha. ................................................ 57
Figura 3.6. Tela do programa do supervisório para o controle do aparato experimental
(Labview 2011). ....................................................................................................................... 58
Figura 3.7. Tela do programa de aquisição de dados (Labview 2011). .................................... 59
Figura 3.8. Velocidade superficial em função da rotação para a bomba HD 20 C. ................. 62
Figura 3.9. Placa de orifício utilizada para a medição da vazão da bomba WHT 32/F ........... 63
Figura 3.10. Desenho esquemático da placa de orifício. .......................................................... 63
Figura 3.11. Velocidade superficial em função da raiz da diferença de pressão para a água e
querosene. ................................................................................................................................. 64
Figura 3.12. Calibração dos transdutores de pressão usados nas placas de orifício. ................ 66
Figura 3.13. Calibração dos transdutores de pressão usados nos trechos vertical, horizontal e
curva ......................................................................................................................................... 66
Figura 4.1. Desenho esquemático do dispositivo para medição de fração de líquido média (α)
no duto vertical. ........................................................................................................................ 68
Figura 4.2. Desenho esquemático da separação dos fluidos aprisionados no duto horizontal. 69
Figura 4.3. Desenho esquemático da área de seção transversal do duto para os fluidos separados.
.................................................................................................................................................. 70
Figura 4.4. Sonda de impedância local posicionada na seção vertical. .................................... 74
Figura 4.5. Posição dos pontos de medição da sonda de impedância local na seção transversal
do duto. ..................................................................................................................................... 75
Figura 4.6. Sinal obtido da sonda de impedância local posicionada no centro do duto no
escoamento vertical para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s. ............................................................. 76
Figura 4.7. Sinal normalizado da Figura 4.6. ........................................................................... 77
Figura 4.8. Sinal normalizado com fator de corte de 0,7.......................................................... 77
Figura 4.9. Sinal discreto da sonda elétrica. ............................................................................. 78
Figura 4.10. Perfil de fração de querosene local para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s. .................. 79
Figura 4.11. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha vertical. ......................................................................................................... 79
Figura 4.12. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha horizontal. ..................................................................................................... 80
Figura 4.13. Seção de visualização posicionada na linha vertical. ........................................... 83
Figura 4.14. Comprimentos das seções anteriores e posteriores a curva. ................................ 84
Figura 4.15. Desenho esquemático da sonda de impedância de haste. .................................... 87
Figura 4.16. Sonda de impedância de haste instalada na linha vertical.................................... 87
Figura 4.17. Sinal da sonda de impedância de haste ao longo do tempo para o duto preenchido
com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s. .............................................................. 88
Figura 4.18. Sinal da sonda de impedância de haste processada ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s............................................. 88
Figura 5.1. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases separadas
na vertical. ................................................................................................................................ 93
Figura 5.2. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases separadas
na horizontal. ............................................................................................................................ 95
Figura 6.1. Padrões de escoamento na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho; Disperso
(D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular (CA) -
rosa. ........................................................................................................................................ 103
Figura 6.2. Perfil de fração de querosene na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho;
Disperso (D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular
(CA) - rosa. ............................................................................................................................. 104
Figura 6.3. Comparação do mapa de padrões de escoamento obtido neste trabalho com o mapa
de Jana et al. (2006) para a linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de
Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ................................................................................ 108
Figura 6.4. Fração de querosene média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. .................................................................... 109
Figura 6.5. Fração de querosene local média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. .................................................................... 110
Figura 6.6. Comparação entre as frações de querosene média e as frações de querosene locais
médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas
(EWD); Anular (CA). ............................................................................................................ 112
Figura 6.7. Comparação entre as frações volumétricas de injeção de querosene e as frações de
querosene médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA). .......................................................................................... 112
Figura 6.8. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas
de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ............................................................................ 113
Figura 6.9. Parâmetro de distribuição em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 114
Figura 6.10. Velocidade de deslizamento em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 114
Figura 6.11. Razão da velocidade superficial de querosene e a fração de querosene média em
função da velocidade de mistura para cada padrão da linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D);
Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ......................................... 115
Figura 6.12. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT);
Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ................................................................. 117
Figura 6.13. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento no padrão bolhas (B) na linha vertical. ..................... 117
Figura 6.14. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento no padrão agitado (CT) na linha vertical. ................ 118
Figura 6.15. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de fases separadas no padrão anular (CA) na linha vertical................ 118
Figura 6.16. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros determinados
pelo Método I. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 119
Figura 6.17. Comparação da fração de querosene média (experimental) com a fração de
querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) com parâmetros determinados
pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA). ........................................................................................................................... 120
Figura 6.18. Número de Froude modificado para as velocidades superficiais de água e
querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s. ................................................................................... 123
Figura 6.19. Padrões de escoamento na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em água e
água (Do/w&w) - preto; estratificado com mistura na interface (ST&MI) - vermelho; emulsão
de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água em óleo
e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde. ............................................................. 131
Figura 6.20. Perfis da fração de querosene na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em
água e água (Do/w&w) - preto; estratificado com mistura na interface (ST&MI) - vermelho;
emulsão de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água
em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde. ............................................... 132
Figura 6.21. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento com o de
Trallero (1997) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 135
Figura 6.22. Comparação do mapa de padrão de escoamento obtido no experimento com o de
Mandal et al. (2007) para a linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 136
Figura 6.23. Fração de querosene média em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ....................................................... 141
Figura 6.24. Imagem da formação de bolsões de querosene com o escoamento aprisionado na
linha horizontal. ...................................................................................................................... 141
Figura 6.25. Fração de querosene local média em função da velocidade superficial de querosene
para cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ............................................... 142
Figura 6.26. Comparação entre a fração de querosene média e a fração de querosene local média
na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 143
Figura 6.27. Comparação entre a fração volumétrica de injeção de querosene e a fração de
querosene local média na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de
óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
................................................................................................................................................ 143
Figura 6.28. Razão de deslizamento em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha horizontal. ....................................................... 144
Figura 6.29. Parâmetro de distribuição em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 145
Figura 6.30. Velocidade de deslizamento em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na
interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão
de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................................. 145
Figura 6.31. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a frações
de querosene obtidas pelo modelo homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água
e água (Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo
(w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 147
Figura 6.32. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de fases separadas. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 148
Figura 6.33. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com parâmetros
determinados pelo Método I. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w);
dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). .............................. 149
Figura 7.1. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical ..................................................................... 151
Figura 7.2. Gradiente pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha horizontal. ................................................................ 152
Figura 7.3. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água no conjunto vertical+curva+horizontal. ................................ 153
Figura 7.4. Queda de pressão na curva em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água. ...................................................................................... 154
Figura 7.5. Imagens do escoamento na curva para JW = 0,8 m/s e JK = 0,4 e 0,6 m/s............ 155
Figura 7.6. Comparação entre os fatores de atrito monofásicos da água e do querosene medidos
e calculados pela equação de Blasius. .................................................................................... 156
Figura 7.7. Comparação entre os fatores de atrito bifásicos medidos e calculados pela equação
de Blasius. ............................................................................................................................... 157
Figura 7.8. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo modelo
homogêneo na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água
Alongadas (EWD); Anular (CA). .......................................................................................... 158
Figura 7.9. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo modelo
de deslizamento (bolhas) na linha vertical. Bolhas (B). ......................................................... 159
Figura 7.10. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo
modelo de deslizamento (agitado) na linha vertical. Agitado (CT). ...................................... 160
Figura 7.11. Comparação entre os gradientes de pressão experimentais e calculados pelo
modelo separado na linha vertical. Anular (CA). ................................................................... 160
Figura 7.12. Comparação entre os gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado
(CT); Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA). ....................................................... 161
Figura 7.13. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado
com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w). ................... 163
Figura 7.14. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
separado na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 163
Figura 7.15. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w). ....................................................................................................................... 164
Figura 7.16. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha vertical.
................................................................................................................................................ 166
Figura 7.17. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha vertical. ............................................... 166
Figura 7.18. Gradiente de pressão normalizado em função da fração de água na linha horizontal.
................................................................................................................................................ 167
Figura 7.19. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha horizontal. .......................................... 167
Figura 8.1. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s............................................. 171
Figura 8.2. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s. ........................................... 172
Figura 8.3. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s........................................... 172
Figura 8.4. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s. ......................................... 173
Figura 8.5. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s........................................... 173
Figura 8.6. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s. ......................................... 174
Figura 8.7. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s............................................. 177
Figura 8.8. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s. ........................................... 177
Figura 8.9. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s........................................... 178
Figura 8.10. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s. ......................................... 178
Figura 8.11. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s........................................... 179
Figura 8.12. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s. ......................................... 179
Figura B.1. Padrões de escoamento para a linha vertical. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica. ............................................................................................ 199
Figura B.2. Padrões de escoamento para a linha horizontal. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica ............................................................................................. 200
Figura B.3.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e JK
= 0,1; 0,2 e 0,4 m/s ................................................................................................................. 201
Figura B.4.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e JK
= 0,6; 0,8 e 1,0 m/s ................................................................................................................. 201
Figura B.5.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e JK
= 0,1; 0,2 e 0,4 m/s ................................................................................................................. 202
Figura B.6.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e JK
= 0,6; 0,8 e 1,0 m/s ................................................................................................................. 202
Lista de Tabelas
Letras Latinas
Letras gregas
Subscritos
A – aceleração
F – fricção
g – gás
G – gravitacional
h – horizontal
i – interface
K – querosene
L – líquido
M – mistura
T – total
v – vertical
W – água
max – máximo
min – mínimo
Siglas
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 25
3 APARATO EXPERIMENTAL........................................................................................ 49
4.2 Método de Medição do Perfil de Fração de Líquido Local (α’) e da Fração de Líquido
Local Média (<α’>) .............................................................................................................. 71
6.1.2 Comparação com o Mapas de Padrão de Escoamento de Jana et al. (2006).... 106
6.1.4 Comparação da Fração de Líquido Média com Modelos Teóricos .................. 116
6.3.4 Comparação da Fração de Líquido Local Média com Modelos Teóricos ........ 146
Referências..............................................................................................................................186
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
QW QK
CW CK (2.1)
QW QK QW QK
QW QK
JW JK (2.2)
A A
1
No original em inglês Water e Kerosene
30
QW QK
vW vK (2.3)
AW AK
sendo AW e AK as áreas de seção transversal do duto ocupadas, respectivamente, pela água e pelo
querosene.
Fração volumétrica in situ ou holdup (α) é definida como a razão entre o volume
ocupado pela fase em um determinado trecho do tubo e o volume total do tubo neste trecho.
Neste trabalho, as frações volumétricas in situ são definidas como:
VW VK
W K (2.4)
VW VK VW VK
JW JK
vW vK (2.5)
W K
Velocidade de mistura (vM) é a velocidade média com que a mistura escoa na tubulação,
determinada a partir das vazões volumétricas como:
QW QK
vM (2.6)
A
ou pelas velocidades superficiais:
vM J W J K (2.7)
31
As velocidades de deslizamento (vDW e vDK) ou drift velocity é dado pela diferença entre
a velocidade da fase e a velocidade de mistura.
vDW vW vM (2.9)
vDK vK vM (2.10)
J KW K vW vM (2.11)
J WK 1 K vK vM (2.12)
Uma relação importante é a Lei Cinemática de Deslizamento dada pela razão entre a
velocidade superficial de cada fase e a fração desta fase (Zuber e Findlay, 1965):
JK
C0v M v DK (2.13)
K
injeção e a fração volumétrica in situ. A “razão de deslizamento entre as fases” (s) pode ser
descrita como a divisão entre razão das frações volumétricas in situ e a razão das frações
volumétricas de injeção, o que é equivalente a razão das velocidades das fases in situ, ou seja:
W
K vK
s (2.14)
CW vW
CK
Um dos primeiros trabalhos realizados sobre escoamento em dutos de dois líquidos foi
feito por Russel et al. (1959). Os autores estudaram o escoamento de água e óleo (viscosidade
de 0,018 N.s/m2 e massa específica de 832 kg/m3) em um duto horizontal com 0,026 m de
diâmetro e 10,6 m de comprimento (L/D ~ 420). As velocidades superficiais variaram de 0,0354
até 1,082 m/s e foram identificados três padrões distintos: misturado, estratificado e de gotas.
Charles et al. (1961) realizaram um experimento semelhante em um duto horizontal com
0,026 m de diâmetro e 7,3 m de comprimento (L/D ~ 277), mas com óleos com massa específica
de 998 kg/m3 e viscosidades de 0,00629, 0,0168 e 0,065 N.s/m2. As velocidades superficiais da
água variaram de 0,03 até 1,07 m/s e do óleo de 0,015 até 0,91 m/s, sendo identificado quatro
padrões: gotas de água em óleo, água no centro com óleo escoando nas bordas, pistões de óleo
em água e gotas de óleo em água. Já Govier et al. (1961) analisaram a queda de pressão e a
fração de líquido no escoamento vertical ascendente de água e três tipos de óleo,
respectivamente, com viscosidades de 0,000936, 0,0201 e 0,15 N.s/m2 e massas específicas de
780, 851 e 880 kg/m3. O duto possuía diâmetro de 0,026 m e extensão de 11 m (L/D ~ 444). As
33
velocidades variaram de 0,03 até 3 m/s sendo identificado os seguintes padrões: gotas de óleo,
pistões, óleo espumoso, gotas de água e emulsão (Figura 2.1).
se uniforme para valores menores que 15% de fração de querosene, no qual os tamanhos das
gotas são praticamente independentes das frações, acima desse valor de fração as gotas crescem
indicando uma mudança de fase. Os perfis de velocidade são uniformes também para valores
de fração abaixo de 15%, quando as gotas crescem de tamanho no centro do duto as velocidades
aumentam e o perfil se apresenta mais inclinado.
Al-Denn e Bruun (1997) realizaram uma comparação entre as sondas de anemômetro
de fio quente simples, tipo X e split-film no mesmo circuito utilizado por Farrar e Brunn (1996).
A compatibilidade das três técnicas de medidas foi demonstrada comparando-se a velocidade
média e a fração volumétrica para frações volumétricas de injeção de 5% até 40% apenas no
padrão bolhas. Para medições da fração volumétrica as três sondas apresentaram resultados
similares para as frações de injeção volumétrica entre 5 e 30%. Para frações de injeção
volumétrica de 40% os resultados apresentaram uma boa concordância no centro do duto, mas
próximo da parede houve até 10% de diferença nas frações. As causas das diferenças não foram
identificadas.
Hamad et al. (1997) desenvolveram uma sonda óptica construída com fibra óptica larga
para aumentar a quantidade de luz enviada para a ponta da sonda. Os testes compararam os
perfis de fração volumétrica obtidas com a nova sonda óptica e com a sondas de anemômetro
de fio quente tipo X. Não há nenhuma descrição sobre o circuito de testes utilizado, exceto que
seus dados foram comparados com os de Al-Dean e Brunn (1997). Foram realizados teste para
o padrão bolhas com frações volumétricas de injeção variando entre 5 e 30%. Os resultados
apresentaram, em geral, boa concordância. Apenas algumas variações na ordem de 5% em
alguns pontos ao longo do diâmetro. A diferença foi creditada as variações das condições dos
fluidos e pelos testes terem sido realizados em dias diferentes. Hamad et al. (2000) elaboraram
uma sonda óptica dupla para a medição das propriedades de um escoamento bifásico
água-querosene. Também não é apresentado as dimensões do circuito de testes utilizado. Foi
medida a fração volumétrica, a velocidade e o tamanho da gota, aumentado consideravelmente
a capacidade de medição da sonda simples proposta por Hamad et al. (1997).
Jana et al. (2006) estudaram experimentalmente a identificação dos padrões de
escoamento em uma mistura bifásica água-querosene em um duto de acrílico vertical de
0,026 m de diâmetro e 4 m de extensão total (L/D ~154). As velocidades superficiais variavam
de 0,05 m/s até 1,5 m/s para os dois líquidos. Para a medição foi utilizado uma sonda de
condutividade de fios paralelos que atravessam o duto, além de observação visual e fotográfica.
A análise dos dados obtidos da sonda foi realizada por dois métodos: a função densidade de
35
Assim como no escoamento vertical, a maioria dos trabalhos é focada no estudo dos
padrões de escoamento.
Arirachakaran et al. (1989) obtiveram dados experimentais para um escoamento
horizontal de óleo-água para determinar a influência da viscosidade nos padrões de escoamento.
As faixas de massa específica e de viscosidade do óleo consideradas, foram, respectivamente,
de 868 até 896 kg/m3 e de 0,0047 até 2,116 N.s/m2. A linhas tinham 0,026 e 0,041 m de diâmetro
e, respectivamente, 6,1 (L/D ~ 235) e 12,8 m (L/D ~ 312) de comprimento. Os resultados
mostraram que quando a água é a fase contínua a viscosidade do óleo tem um pequeno efeito
nos padrões de escoamento. Para os padrões anulares a viscosidade do óleo tem uma grande
influência em sua ocorrência, sendo que o padrão anular com a água na parede ocorre apenas
com óleo de alta viscosidade. O padrão anular com a fase de óleo na parede ocorre com óleo de
36
intermediário denominado de três camadas. Nesse padrão há uma camada de mistura entre a
camada superior de óleo e a inferior de água. Ainda se constatou a influência do material da
tubulação na definição dos padrões e na distribuição de fase. No aço inoxidável o escoamento
tem uma maior tendência para a dispersão, fazendo com que a região de mistura comece em
menores velocidades. No acrílico, o óleo tende a ser a fase contínua para uma maior faixa de
velocidades. Esse fenômeno se deve às propriedades da parede do duto como molhabilidade e
rugosidade.
Vara (2001) estudou o transporte de um óleo pesado com a injeção de água em uma
tubulação horizontal de vidro com diâmetro de 0,0284 m e 1,6 m (L/D ~ 56) de comprimento.
O óleo possuía densidade de 946 kg/m3 e viscosidade de 1,193 Pa.s. A água foi injetada
lateralmente para se obter a lubrificação da tubulação pela água. O padrão estratificado
apresentou-se com um filme de água em torno de todo o duto, assim como o padrão anular, isso
devido a molhabilidade do vidro ter preferência pela água. O autor conclui que o padrão
estratificado óleo água é bastante afetado pela gravidade, mas como as densidades são próximas
o efeito da molhabilidade preferencial pela água possibilita a lubrificação completa do núcleo
de óleo. Todos os padrões observados: anular, estratificado, intermitente, bolhas e bolhas
dispersas se apresentaram sempre com a parede molhada pela água.
Sunder Raj et al. (2005) investigaram o escoamento estratificado de líquido-líquido
(água/querosene) em um duto horizontal de 0,0254 m de diâmetro e 2,13 m (L/D ~ 84) de
comprimento. Os autores compararam o escoamento líquido-líquido com o escoamento
estratificado gás-líquido. As velocidades superficiais dos fluidos variavam de 0,03 até 1,6 m/s.
Para a determinação dos padrões foi utilizado técnicas de visualização e para a fração de líquido,
foi utilizada a técnica do aprisionamento por válvulas de fechamento rápido. O estudo mostrou
que o escoamento estratificado existe em uma grande faixa de vazão, com subtipos de padrões
de escoamento estratificados quando comparados ao escoamento gás-líquido. Isso é devido à
tendência de o líquido formar gotas esféricas na interface ao invés de bolhas alongadas, como
ocorre em escoamentos gás-líquido. Assim, os mapas e equações obtidos para gás-líquido não
podem ser utilizados para o escoamento líquido-líquido. O modelo de interface curva de
Brauner et al. (1998) com curvatura da interface na direção radial foi utilizado para estimar a
fração de líquido por meio de parâmetros conhecidos sem nenhuma medida experimental.
Foram negligenciados os efeitos de ondas e outras perturbações. Mesmo assim, o modelo
apresentou melhor capacidade de predição da fração de líquido quando comparado aos modelos
gás-líquido de Taitel-Dukler. Os dados experimentais do trabalho e dados obtidos na literatura
38
foram usados para validar o modelo do trabalho. A Figura 2.3 mostra os padrões observados
pelos autores.
Chakrabarti et al. (2007) desenvolveram uma sonda óptica não intrusiva para a
identificação dos padrões de escoamento na região estratificada para um escoamento bifásico
líquido-líquido (água/querosene) em um duto horizontal. O duto possuía diâmetro de 0,0254 m
e 2,13 m (L/D ~ 83) de comprimento. As velocidades superficiais testadas variavam de 0,03 até
1,5 m/s. A sonda óptica é composta de um uma fonte de laser monocromática e do lado oposto
um sensor diodo detecta a luz transmitida pelo laser após passar pelo escoamento. O sensor
gera uma voltagem quando a luz é captada, sendo que essa luz varia de acordo com o líquido
que está passando. A análise dos dados foi realizada pela função de densidade de probabilidade
(PDF) e a técnica de transformação de ondas (WT). A sonda óptica obteve uma efetiva detecção
dos variados padrões de escoamento, sendo ele o estratificado suave, estratificado ondular, três
39
camadas, plug e disperso. O mapa obtido foi comparado com outros mapas da literatura
mostrando boa concordância e a efetividade da técnica de medição não intrusiva.
Mandal et al. (2007) analisaram o escoamento horizontal bifásico líquido-líquido
(água/querosene) em dois dutos de acrílico com diferentes diâmetros: 0,0254 m e 0,012 m. Não
há informações sobre o comprimento das seções de testes. Os padrões foram observados por
visualização fotográfica (Figura 2.4) e as velocidades superficiais variaram de 0,03 até 1,5 m/s.
Os autores observaram que o diâmetro possuía grande influência nos padrões. O padrão de três
camadas era comum no duto de 0,0254 m e não houve sua formação no duto menor. Um novo
padrão denominado Rivulet foi identificado no duto de 0,012 m, que se transforma no agitado
para altas velocidade de querosene. Essas diferenças ocorrem devido ao aumento do ângulo de
contato no duto menor. O ângulo de contato está ligado diretamente com a molhabilidade do
material. Os autores mediram os ângulos de contato para a água e querosene com o acrílico e
obtiveram um ângulo de ~0 e 55,7º, respectivamente, mostrando a preferência do querosene
para o acrílico. Entretanto, segundo os autores há a necessidade de um melhor entendimento do
fenômeno. Ainda foi analisada a influência que o misturador possui nos padrões de escoamento.
Verificaram-se três geometrias diferentes de misturador. Foi observado que a geometria
influência nos padrões de escoamento, aumentando ou diminuindo a faixa de ocorrência de um
padrão, ou mesmo extinguindo a ocorrência de um padrão. O misturador com as entradas dos
fluidos pelas laterais e uma placa separando as entradas, apresentou uma maior faixa do padrão
estratificado. Outros dois misturadores foram testados. Os misturadores são do tipo T com
entrada de querosene pelo lado e água pelo centro, sendo que a diferença entre os dois é que
um deles possui diversos furos na tubulação de entrada de água. Os padrões observados com
esses dois misturadores foram praticamente os mesmos e nas mesmas faixas. Os misturadores
do tipo T apresentaram uma maior gama de padrões se comparado ao misturado com placa.
Kumara et al. (2010) estudaram os perfis de velocidade e a turbulência usando Particle
Image Velocimetry (PIV) e Laser Doppler Anemometry (LDA), em um escoamento de água e
óleo em duto de aço inoxidável na horizontal com 0,056 m de diâmetro e 15 m (L/D ~ 268) de
comprimento. As velocidades de mistura variavam até 1,06 m/s para a água e 0,75 m/s para o
óleo. A fração de fase local foi medida por um densímetro gama transversal. Comparando os
dois métodos o PIV foi mais sensível a distúrbios ópticos na região de dispersão próximos a
interface óleo-água. Assim, essa região não pode ser medida com precisão utilizando o método
PIV. O LDA pode ser utilizado para a medição em todo o campo até para altas velocidades de
mistura.
40
L v L2 g v g2
L gsen g gsen (2.16)
RL Rg
v L2 g v g2 R L
1 1 (2.17)
L g
L v L2 R g
R L gsen
L
v L2 g v g2 RL
Fr 1 (2.18)
L g
L v L2 R g
RL gsen
L
Considerando que o raio da curva é o mesmo para os dois fluidos R=RL=Rg , tem-se:
v L2 g v g2
Fr 1 (2.19)
L g
L v L2
Rgsen
L
Com as densidades do gás é muito menor que a do líquido a Eq. (2.19) torna-se:
v L2
Fr (2.20)
Rgsen
a Equação (2.20) mostra que para Fr = 1 tem-se o equilíbrio das forças, Fr > 1 a força centrifuga
prevalece, portanto, a fase da líquida tende a se mover para a região externa da curva e Fr < 1
a força gravitacional prevalece e a fase líquida move-se para a região interna da curva.
Considerando o escoamento de dois líquidos com densidades próximas, deve-se utilizar
a Eq. (2.19), que será adaptada para o escoamento água-querosene para a análise do escoamento
na curva, mostrada no Capítulo 6. Portanto, tem-se:
vW2 K v K2
Fr 1 (2.21)
W K W vW2
Rgsen
W
mantida. Quando Fr >> 1, a força centrifuga sobre o líquido prevalece e esse se desloca para a
parte externa do duto e quando Fr << 1 ocorre o inverso. Para o caso de dois líquidos, o termo
𝜌 𝑣2
[1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ≠ ~1 e da análise fica mais complexa. Quando Fr >> 1 o termo centrifugo sobre
𝑊 𝑊
𝜌 𝑣2
a água é maior que o gravitacional, além [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ~1 o que indica que o centrifugo sobre a
𝑊 𝑊
água é maior que sobre o querosene. Desta forma, espera-se que nesse caso a água seja
𝜌 𝑣2
direcionada para a periferia do duto. Para Fr << 0, o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] ≪ 1 que indica que o
𝑊 𝑊
centrifugo sobre a querosene é muito maior que sobre a água. Além disso, os termos centrífugos
são preponderantes e faz com que a querosene seja direcionada para a periferia quando
Fr << -1. Para o -1 < Fr < 1 a análise fica mais complexa e não há uma relação clara entre as
forças envolvidas. Se as forças centrifugas agindo sobre a água e querosene são da mesma
𝜌 𝑣2
ordem de grandeza, o termo −1 < [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] < 1 o que faz com que -1 < Fr < 1.
𝑊 𝑊
o escoamento bolhas e agitado e o modelo de fases separadas prevê com melhor precisão a
perda de pressão no padrão anular.
Chakrabarti et al. (2005) estudaram a queda de pressão no escoamento líquido-líquido
de água e querosene em um duto horizontal de diâmetro 0,0254 m. As velocidades superficiais
variaram de 0,03 até 2,0 m/s. Os dados foram obtidos por um transdutor de pressão diferencial
ligado à linha. Além disso, um modelo foi desenvolvido com base em duas considerações:
primeiro o princípio da minimização da energia total do sistema e o segundo da equalização da
pressão do sistema nas duas fases. A energia total é composta da energia cinética, energia
potencial e energia de superfície das duas fases. Para simplificar os cálculos a interface foi
assumida plana. O modelo foi comparado com os resultados experimentais além dos dados da
literatura. Os resultados mostraram um desvio de ±10% para padrões com ocorrência de gotas
de uma fase na outra. Para o estratificado suave e estratificado ondular o modelo se mostrou em
concordância com os dados experimentais.
Figura 2.5. Gradiente de pressão relativa variando com a fração de água. Pico de
máxima pressão determinando o ponto de inversão de fase. Fonte: Angeli e Hewitt (1998).
dispersa é maior do que a fração de água. Essas múltiplas gotas aumentam em tamanho até que
sua fração volumétrica se torna tão grande que a inversão ocorre.
Hu e Angeli (2006) estudaram a inversão de fase em um escoamento água/óleo vertical
ascendente e vertical descendente em um duto de aço inoxidável de 0,038 m de diâmetro. Duas
rotinas de inversão foram utilizadas: água para óleo e óleo para água e dois tipos de
experimentos: no primeiro, a inversão é obtida variando as velocidades superficiais da água e
do óleo, mantendo a velocidade de mistura constante. No segundo, a fase contínua é mantida
constante e a fase dispersa é aumentada. As medições foram realizadas no centro do duto por
uma sonda condutiva e na parede por uma sonda de filme quente. A sonda de filme quente foi
utilizada pela primeira vez para detectar inversão de fase e os resultados mostraram boa
estabilidade e precisão. A velocidade de bolha e a distribuição do tamanho de bolha são medidas
por uma sonda de impedância dupla. As sondas no centro do duto e na parede mostraram que a
inversão de fase não ocorre ao mesmo tempo em toda a seção transversal do duto. Em ambos
os casos, ascendente e descendente, quando ocorre à inversão de fase, o gradiente de pressão
atinge um valor mínimo. Quando a inversão é detectada na parede significa que a nova fase
contínua se espalhou para toda a seção transversal e definiu o ponto de inversão de fase
completa. Comparando os escoamentos ascendentes e descendentes descobriu-se que os pontos
de inversão de fase são diferentes, entretanto as razões de velocidade adquirem o mesmo valor
constante para as duas direções. Para o caso em que a fase contínua é mantida constante e a fase
dispersa aumenta, o ponto de inversão de fase depende da velocidade de mistura.
anular. As equações de fechamento para as tensões foram modificadas por Ullmann e Brauner
(2006), a comparação com resultados experimentais mostraram boa concordância.
Brauner e Maron (1992) estudaram a transição de vários padrões de escoamento líquido-
líquido utilizando o modelo separado e a teoria da estabilidade linear temporal e propuseram
um modelo para criação de um mapa de padrão de escoamento líquido-líquido na horizontal.
Brauner et al. (1998) desenvolveram um método para a solução do modelo de dois
fluidos quando empregado na análise de escoamento estratificado considerando a interface
curva. O modelo é utilizado para a construção de um gráfico de escoamento que determina a
relação de uma interface curva específica com a fração de líquido. A solução ocorre por meio
do princípio da minimização da energia total do sistema.
Grassi et al. (2008) validaram por meio de experimentos alguns modelos aplicados em
escoamentos líquido-líquido. Os modelos validados foram o de dois fluidos para escoamentos
anular e o modelo homogêneo para o escoamento disperso. Os resultados obtidos pelos dois
modelos apresentaram boa concordância com os dados experimentais dos resultados dos
gradientes de pressão e fração de líquido obtidos.
A partir dessa revisão observa-se que existem pontos poucos abordados, como a
determinação de padrões de escoamento na vertical ascendente, no qual apenas um trabalho
apresentou um mapa de padrões de escoamento. Os padrões na linha horizontal são todos
obtidos de injeções diretamente na horizontal, assim uma análise da influência que uma curva
pode causar nesse mapa será realizada. Além disso, nenhum trabalho de escoamento líquido-
líquido em curvas de 90º foi encontrado. Nota-se que as frações de líquido são determinadas
utilizando-se a técnica gravimétrica, no qual nenhum trabalho compara essa com outras técnicas
existentes. Por fim, os modelos unidimensionais apresentaram-se como uma abordagem útil
para a determinação das frações e dos gradientes de pressão se forem corretamente utilizados.
49
3 APARATO EXPERIMENTAL
necessária a adoção de uma rotação elevada para não prejudicar as medições. Dessa forma foi
necessário utilizar um bypass e as medições de vazões foram realizadas por uma placa de
orifício para cada linha (água/querosene), montada na entrada do misturador. A diferença de
pressão nas placas foi medida por um transdutor de pressão SMAR LD31. Os procedimentos
para a determinação da curva de calibração da bomba e da placa de orifício estão descritos na
Seção 3.4. Como a bomba de deslocamento positivo não tem limite para o aumento da pressão,
uma válvula de alívio (VA) é posicionada na linha após as bombas. Desta forma, caso ocorra
alguma obstrução de linha que faça a pressão aumentar, a VA atuará para garantir a integridade
da linha.
(a) (b)
Figura 3.3. (a) Desenho esquemático do misturador do tipo T; (b) misturador do tipo T
instalado na linha.
54
Após passar pelo misturador os fluidos são enviados para a linha de escoamento vertical,
construída de tubos lisos de acrílico transparente de 0,026 m de diâmetro interno e de
comprimento total de 4,015 m (L/D = 154). Duas válvulas de fechamento rápido são
posicionadas em 1,79 m (L/D = 68,8) e 3,24 m (L/D = 124,6) à jusante da saída do misturador.
Essas distâncias são escolhidas em razão da limitação da altura do aparato e estão na faixa de
outros trabalhos. Por exemplo, Jana et al. (2007) e Hu e Angeli (2006) utilizam comprimento
de desenvolvimento aproximadamente de 2,0 m. Entre as válvulas, duas tomadas de pressão
são inseridas, com uma distância de 1,16 m (L/D = 44,6) entre si. Logo após a segunda válvula
de fechamento rápido há uma seção de visualização, para a realização das filmagens, seguida
da seção onde é instalada a sonda de impedância local. A sonda local se localiza a uma distância
de 0,15 m da segunda válvula de fechamento rápido.
A 0,62 m (L/D = 23,8) da sonda local há a curva de junção do trecho vertical e
horizontal. A curva tem um raio de 0,125 m (r/D = 4,8) em sua linha de centro. A linha de
escoamento horizontal é construída também com tubo de acrílico com diâmetro interno de 0,026
m e comprimento total de 9,25 m (L/D = 355,8). Nessa seção também há duas válvulas de
fechamento rápido, posicionados em 2,26 m (L/D = 86,9) e 7,35 m (L/D = 282,7) à jusante da
curva. Entre elas há um conjunto de visualização e de sonda local, posicionado em 6,52 m
(L/D = 250,7). O comprimento adotado é maior que o utilizado por outros autores, a saber:
Suder Raj et al. (2005) L/D = 80; Chakrabarti et al. (2007) L/D = 98; Angeli e Hewitt (1998)
L/D = 160. As tomadas de pressão distanciam-se de 4,51 m. Antes de entrar no separador e
após a última válvula de fechamento rápido há um trecho com 1,90 m (L/D = 73) de
comprimento. As válvulas de fechamento rápido são utilizadas para a determinação da fração
de líquido, devido à separação por gravidade, e são acionadas pelo supervisório de controle.
Uma descrição mais aprofundada do supervisório de controle e da instrumentação será mostrada
na Seção 3.2.
Ao sair da linha horizontal começa o processo de separação da mistura, o qual está
baseado na diferença de densidade entre a água e o querosene. O separador utilizado, mostrado
esquematicamente na Figura 3.4, é composto por um tubo de alimentação com 0,07 m de
diâmetro interno e 1,7 m de comprimento posicionado na vertical e de um grande reservatório
com diâmetro interno de 0,32 m e comprimento 1,9 m. Esse reservatório é dividido em dois
compartimentos por meio de duas placas: uma de divisão outra de separação. Em um dos
compartimentos ocorre a separação e o outro é o reservatório de querosene. A placa de divisão
55
é paralela à base do separador que funciona como suporte para o reservatório de querosene e o
divide ao longo da sua seção transversal posicionada a 1,1 m acima de sua base. O
compartimento onde ocorre a separação ocupa 90% do separador, sendo a parte inferior
utilizada para o acúmulo de água. Um dreno na porção inferior desse reservatório retira a água
do separador e encaminha para o reservatório de alimentação da bomba de água. A placa de
separação é perpendicular à base do separador, posicionada fora da linha de centro, logo acima
da placa de divisão, e tem 0,5 m de comprimento. Essa placa tem a função de estruturar o
reservatório de querosene, além de promover a separação dos fluidos. No reservatório de
querosene há dois drenos, um em sua base e outro 0,01 m acima da base. O dreno inferior2 tem
a função de drenar a água que porventura entrar no reservatório de querosene e o outro para
drenar a querosene de volta ao sistema de alimentação. Há também no separador dois sensores
de níveis, um na região de separação e outro no reservatório de querosene, não mostrados na
Figura 3.4, e duas válvulas de fechamento rápido controladas pelo supervisório. Em ambos os
reservatórios o retorno para a alimentação da bomba ocorre por gravidade e há um dreno de
emergência na tampa superior do reservatório, caso haja algum problema durante a operação
do separador.
A operação do separador é muito simples e o processo de separação inicia-se quando a
mistura deixa o trecho horizontal da linha. Pelo fato da entrada ser tangencial, a fração mais
leve (querosene) tende a se concentrar na região central e a fração mais pesada (água) tende a
escorrer pela parede do tubo de alimentação do separador. Quando a mistura parcialmente
separada adentra a região de separação, a fase mais leve estará na parte superior e a mais pesada
no inferior, sendo essa direcionada para o fundo do separador. A fase mais leve da região de
separação transbordará para o reservatório de querosene transpassando a placa de separação.
Um sistema de medida de nível controla o nível do reservatório de separação, abrindo a válvula
de dreno do reservatório de água, quando o nível de água no reservatório de separação se
aproxima do nível de separação, e fechando a válvula, quando esse nível se aproxima da posição
previamente determinada. Outro controle de nível está posicionado no reservatório de
querosene e é o responsável por abrir a válvula de dreno desse reservatório quando o nível está
alto e fechando-a quando está baixo. Ajuste no nível de cada reservatório deve ser feito para
cada condição de operação da linha e é realizado por meio do supervisório de controle. A Figura
3.5 mostra uma foto do separador utilizado no experimento.
2
Não mostrado na Figura 3.4 por estar no mesmo plano do dreno inferior.
56
forma, garante-se que a vazão imposta é a vazão que está circulando pela linha para as bombas
HD 20C (velocidade até 0,3 m/s). Devido as flutuações que ocorrem no escoamento utilizando
a bomba WHT 32/F, um bypass é instalado na linha para minimizar esses efeitos. As vazões
utilizando a bomba WHT 32/F (velocidades acima de 0,3 m/s) serão reguladas mantendo uma
rotação constante e abrindo ou fechando o bypass. As velocidades superficiais de cada fluido
são determinadas com o uso de placas de orifício. O supervisório também controla a abertura e
o fechamento das válvulas de dreno dos reservatórios de querosene e de água do separador
usando a mesma rede de controle. A malha de controle faz a leitura do nível de cada fluido nos
respectivos reservatórios, abrindo e fechando as válvulas de dreno quando o nível máximo e
mínimo especificado é atingido. O nível é medido usando um sensor de impedância analógico
desenvolvido pelo 2PFG/DE/FEM/UNICAMP, o qual foi devidamente calibrado. O
procedimento de calibração das placas de orifício é mostrado na Seção 3.4.
curva e os sinais do sensor de impedância local. Um programa escrito em LabView 2011, cuja
tela é mostrada na Figura 3.7, foi especialmente desenvolvido para a aquisição dos dados.
Para a determinação das frações de líquido local foi construída uma sonda de
impedância elétrica local (descrita na Seção 4.2) que é posicionada em 3,39 m (L/D = 130,3)
na linha vertical e em 7,35 m (L/D = 283,7) na linha horizontal. A sonda é conectada ao circuito
elétrico desenvolvido na 2PFG/DE/FEM/UNICAMP e é capaz de determinar impedância
elétrica dos fluidos ao seu redor.
As pressões são monitoradas por três transdutores de pressão diferencial SMAR LD301,
posicionados na linha vertical, na linha horizontal e na transição vertical-horizontal (curva),
todos na faixa de -50 a +50 kPa. No trecho vertical as tomadas de pressão estão distanciadas de
0,82 m e no trecho horizontal, de 4,51 m. Para a curva foram utilizadas a última tomada de
pressão do trecho vertical e a primeira tomada de pressão do trecho horizontal (vide Figura 3.1).
A sonda e os transdutores de pressão são conectados ao sistema da National Instruments, NI
(SCXI-1000) que é utilizado para a obtenção dos sinais.
60
1 m
Q (3.1)
t
61
J A B (3.2)
Como as vazões proporcionadas pelas bombas WHT 32/F possuíam flutuações e isso
poderia afetar as condições dos testes, as velocidades superficiais são controladas por meio de
um bypass. As medidas de vazão são realizadas por placas de orifício instaladas nas linhas de
água e querosene (Figura 3.9). As placas são calibradas in loco, portando não sendo necessário
seguir normas de placas de orifício.
63
Uma placa de orifício de PVC, com orifício de 0,0091 m, colocada entre duas flanges.
(vide Figura 3.10) é inserida na entrada do misturador. As tomadas de pressão possuem 0,002
m de diâmetro e estão a 0,035 m a montante e a jusante da placa de orifício. Os transdutores de
pressão SMAR (LD301) foram aferidos e o procedimento será descrito posteriormente na Seção
3.4.2.
Figura 3.9. Placa de orifício utilizada para a medição da vazão da bomba WHT 32/F
Utilizando a bomba WHT 32/F é fixada uma rotação com o bypass totalmente aberto
fazendo com que não haja passagem de fluido pelas placas de orifício e consequentemente pela
64
linha. Assim a diferença de pressão obtida é zero. A calibração consiste em fechar pouco a
pouco o bypass aumentando a vazão na linha. Com uma vazão fixa é medido a diferença de
pressão e a vazão mássica, sendo essa última obtida por uma balança e um cronômetro segundo
o mesmo procedimento descrito na calibração das bombas HD-20C. Foi utilizada uma balança
mecânica (Filizola – 300 kg) com escala de 0,1 kg, que foi aferida com pesos padrões. Esse
procedimento é realizado para várias aberturas da válvula. A Figura 3.11 mostra que a
velocidade superficial varia linearmente com a raiz da diferença de pressão e, dessa forma, as
velocidades serão medidas apenas utilizando a diferença de pressão. Uma análise detalhada de
erro associado à medição de velocidade superficial pode ser encontrada no APÊNDICE A.
Um ajuste linear aos dados da Figura 3.11 é mostrado na Tabela 3.3, no qual os
coeficientes são tais que:
J B p (3.3)
Figura 3.12. Calibração dos transdutores de pressão usados nas placas de orifício.
Figura 3.13. Calibração dos transdutores de pressão usados nos trechos vertical, horizontal e
curva
67
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Neste capítulo são descritos os procedimentos realizados para a obtenção dos resultados
experimentais. A fração de líquido média é determinada por meio do aprisionamento dos
fluidos, a fração local pela sonda de impedância e a local média é calculada a partir da fração
local. O gradiente de pressão é medido por transdutores de pressão diferencial e os padrões de
escoamento são definidos a partir de registros das imagens obtidas com uma câmera de alta
velocidade e/ou máquina fotográfica digital. Todas essas medidas foram realizadas para os
escoamentos na vertical e horizontal. Para a curva é realizada apenas a análise das imagens e
gradiente de pressão. No estudo do escoamento transiente na vertical são obtidas as imagens e
os sinais da sonda de impedância de haste.
As velocidades superficiais de cada fluido variaram de 0,1 até 1,0 m/s. Para cada par de
velocidades superficiais esperam-se dois minutos para a estabilização das vazões e em seguida
obtém-se os dados requeridos. No início de todos os testes injeta-se água para limpar o duto.
HK
K (4.1)
HW H K
68
Figura 4.1. Desenho esquemático do dispositivo para medição de fração de líquido média (α)
no duto vertical.
dp
HK (4.2)
W K g
69
HK h
K (4.3)
HT
na qual HT é a altura total corrigida, considerando as alturas h que não são lidas pelo transdutor.
Na linha horizontal, também é realizado o aprisionamento dos fluidos por meio das
válvulas de fechamento rápido. A mistura aprisionada separa-se formando uma camada de
querosene na parte superior e uma camada de água na parte inferior do duto, Figura 4.2.
Figura 4.2. Desenho esquemático da separação dos fluidos aprisionados no duto horizontal.
AK
K (4.4)
AW AK
70
Figura 4.3. Desenho esquemático da área de seção transversal do duto para os fluidos
separados.
HW
2 cos1 1 2 (4.5)
D
D2
AW sen (4.6)
8
71
sen
W (4.7)
2
K 1 W (4.8)
impedância característica de cada fluido. Quando a sonda está em contato apenas com a água é
associada uma máxima tensão de 5 V e apenas com querosene uma mínima tensão de 1 V. A
sonda é conectada a um circuito eletrônico que excita a sonda e lê o sinal em tensão,
desenvolvida no 2PFG/DE/FEM/UNICAMP. O circuito eletrônico envia o sinal de tensão à
uma placa da National Instruments (NI SCXI-1000) que digitaliza o sinal com uma frequência
de aquisição de 3 kHz.
Para a construção da sonda de impedância local, um fio de ouro de 0,9 mm de diâmetro
é trefilado até atingir a 108 μm. O ouro é utilizado por ser um metal de difícil oxidação. O fio
de ouro é inserido em uma agulha de aço inoxidável de 0,9 mm de diâmetro externo. A sonda
foi adaptada a um micrômetro que faz seu movimento ao longo do diâmetro do duto, além de
nos dar sua posição. A extremidade do fio de ouro é isolada com cola epóxi, uma vez que é
importante que apenas sua face esteja em contato com o fluido. Essa extremidade em contato
com o fluido possui um comprimento de 0,7 mm. A Tabela 4.1 mostra as etapas do processo
de construção da sonda de impedância local. Mais detalhes sobre o procedimento de construção
dessa sonda estão em Guerra (2010).
Tabela 4.1. Etapas do processo construtivo da sonda de impedância local. Fonte: Guerra
(2010).
73
74
rotacionada de 180º para percorrer o lado oposto. Como o centro do duto é considerado o zero,
os valores a esquerda representam valores de raio negativos.
Figura 4.5. Posição dos pontos de medição da sonda de impedância local na seção transversal
do duto.
Os testes iniciam-se com a calibração da sonda para a tubulação apenas com água e em
seguida apenas com querosene para estabelecer as voltagens de referências para a água e o
querosene, respectivamente de 5 e 1 V. Após a sonda ser calibrada, iniciam-se os testes com a
mistura bifásica. Para um conjunto de velocidades superficiais de água e do querosene a sonda
é posicionada e adquirem-se os dados com o tempo de aquisição de dois minutos. Com as
mesmas velocidades, muda-se a posição da sonda e novamente adquirem-se os dados. Para cada
conjunto de velocidades pré-definido obtêm-se os sinais da sonda ao longo do diâmetro do duto.
A Figura 4.6 mostra parte de um sinal obtido da sonda posicionada no centro do duto
para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s no escoamento vertical. A abscissa é o tempo e a ordenada a
voltagem. Os valores de voltagem altos representam a passagem de água e os valores baixos a
passagem de querosene.
76
Figura 4.6. Sinal obtido da sonda de impedância local posicionada no centro do duto no
escoamento vertical para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s.
U U min
U* (4.9)
U max U min
r 1 N '
'K
R
ti
t i 1
(4.10)
no qual α’ é a fração de líquido local, t’ é o tempo que o querosene está em contato com a sonda
e Δt o tempo total de amostragem do sinal. Considerando que a aquisição é feita com uma
frequência de 3 kHz, para uma aquisição de dois minutos tem-se o total de 360000 pontos
aquisitados. Como o sinal é discreto (Figura 4.9), pode-se determinar a fração de querosene
78
r
n K
'K i 1
(4.11)
R N
O cálculo da fração de querosene local média é obtido por uma média do perfil de fração
de querosene local. Considerando-se que a fração de querosene local é constante em uma área
em torno de cada um dos pontos, a fração de querosene local média é determinada por:
11
r r
( r / R ) 1
' A
R R
' K
(4.12)
AT
79
Figura 4.10. Perfil de fração de querosene local para JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s.
Figura 4.11. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha vertical.
80
Figura 4.12. Área de cada ponto da sonda de impedância local na área de seção transversal do
duto para a linha horizontal.
A fração de líquido local média varia com o fator de corte. Portanto, realizou-se um
estudo do fator de corte para definir qual valor utilizar. Como a variação do fator de corte não
convergia para um valor constante de fração de líquido local média, como era o esperado,
definiu-se um fator que mais aproximava a fração de líquido local média da fração de líquido
média, esse valor foi o 0,7.
Os testes para obtenção das frações de líquido local média foram repetidos 2 vezes para
cada par de velocidades superficiais a fim de garantir uma boa repetitividade.
K vM
C0 (4.13)
K vM
no qual o operador < > é a média na seção transversal do duto. As frações de querosene e as
velocidades de mistura são determinadas por meio de seus respectivos perfis. O perfil de fração
de querosene é determinado experimentalmente, como descrito na Seção 4.2 e o perfil de
velocidades proposto por Zuber e Findlay (1965) é definido como:
n
u (r ) r
1 (4.14)
uC R
1/ n
u (r ) r
1 (4.15)
uC R
e a razão entre a velocidade superficial e a velocidade na linha de centro pode ser calculada
como:
82
JK 2n 2
(4.16)
u C n 12n 1
u ( r ) jK
n 12n 1 1 1/ n
r
, (4.17)
2n 2 R
Foram testados vários valores de n para o perfil de velocidades, Eq. (4.17), mas como
não houve mudanças significativas nos resultados, optou-se por n = 7, o qual é o valor mais
usual. Nota-se que o perfil de velocidades utilizado por Zuber e Findlay (1965), Eq. (4.14), é
diferente do apresentado na Eq. (4.15), o perfil utilizado será o da lei da potência, Eq. (4.14),
por apresentar uma melhor adaptação ao caso estudado.
Após determinar o parâmetro de distribuição, o valor da velocidade de deslizamento
pode ser calculado da Eq. (2.13). Para cada padrão determinado, obteve-se um valor para o
parâmetro de distribuição e um valor para a velocidade de deslizamento. O segundo método de
determinação do parâmetro de distribuição e da velocidade de deslizamento, Método II, é por
meio das frações de líquido médias. Em um gráfico de JK/αK por vM realiza-se a regressão linear
dos pontos separados por padrões. O C0 é dado pelo coeficiente angular da reta e o vDK pelo
coeficiente linear.
as filmagens (vide Figura 4.13). Para obter boas imagens com a câmera de alta velocidade a
grande dificuldade foi a iluminação do escoamento. Após alguns testes a melhor forma
encontrada foi a utilização de placas de “leds” posicionadas na parte de trás da seção de
visualização. As filmagens foram aquisitadas com a frequência de 455 Hz. Com a câmera
fotográfica a velocidade do obturador escolhido foi de 1/8000 s. Uma vez que a câmera de alta
velocidade não capta imagens coloridas, a diferenciação da água e do querosene para alguns
casos foi realizada por meio das imagens da câmera fotográfica.
O gradiente de pressão foi obtido por meio dos transdutores posicionados na linha
vertical, na curva e na linha horizontal. Para o escoamento vertical e na curva o gradiente de
pressão é determinado pelo termo gravitacional e as pelo termo de atrito. Portanto, para
determinar apenas a o gradiente de pressão devido ao atrito desconta-se o termo gravitacional.
A equação de Bernoulli para o caso de um escoamento bifásico torna-se:
dpF
g W M
dp
(4.18)
h h
84
na qual (dp)F é a queda de pressão devido ao atrito, dp a diferença de pressão medida através
do transdutor, g a aceleração da gravidade, Δh a diferença de altura entre as tomadas de pressão
do transdutor, ρW a densidade da água e ρM a densidade de mistura. A densidade de mistura é
definida como:
M K K W 1 K (4.19)
dpcurva dptotal dp Lv dp
Lh (4.20)
dz vertical dz horizontal
na qual (dp)curva é a queda de pressão apenas na curva, (dp)total é a diferença de pressão medida
pelo transdutor posicionado na curva, (dp/dz)vertical é o gradiente de pressão na linha vertical,
(dp/dz)horizontal é o gradiente de pressão na linha horizontal, Lv é o comprimento na linha vertical
entre o transdutor e a curva e Lh é o comprimento da linha horizontal entre a curva e o transdutor
de pressão.
Os testes para obtenção das quedas de pressões nas linhas vertical, horizontal e curva
foram repetidos 5 vezes para cada par de velocidades superficiais a fim de garantir uma boa
repetitividade.
O ponto de inversão de fase é obtido pela análise dos gráficos de gradiente de pressão
nas linhas vertical e horizontal. A inversão de fase tem como característica pontos de máxima
e mínima pressão, respectivamente, para escoamento horizontal e na vertical. Isso pode ser visto
nos trabalhos de Angeli e Hewitt (1998) e Hu e Angeli (2006). O gráfico de gradiente de pressão
é determinado para uma velocidade de mistura constante com a fração de água variando de 0
até 100%. Inicia-se o escoamento apenas com querosene, em seguida diminui-se a velocidade
superficial de querosene e aumenta-se a velocidade superficial de água, mantendo a velocidade
de mistura constante. Os pontos de gradiente de pressão são obtidos para vários valores de
fração de água até atingir um escoamento apenas com água.
86
A Figura 4.17 mostra um sinal obtido pela sonda de impedância de haste quando injeta-
se querosene a uma velocidade superficial de 0,45 m/s no duto preenchido com água. Para uma
melhor análise do sinal é realizado um processamento. O processamento consiste em realizar
uma média móvel para retirada dos ruídos. Essa média consiste em substituir um determinado
número de pontos (N) por uma média desses pontos, no qual os pontos da primeira série não
entram mais nos cálculos, por isso chamada de móvel. Esses pontos (N) são substituídos pela
média, sendo que essa média é realizada com os N pontos mais M pontos à frente. Antes de
realizar a média móvel o sinal é normalizado pela Eq. (4.9). A Figura 4.18 mostra o sinal
normalizado e processado pela média.
88
Figura 4.17. Sinal da sonda de impedância de haste ao longo do tempo para o duto preenchido
com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
Figura 4.18. Sinal da sonda de impedância de haste processada ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
89
d
dp S S
W W vW2 W W i i W gsen (5.1)
dz dz AW AW
d
dp S S
K K v K2 K K i i K gsen (5.2)
dz dz AK AK
90
dp
AW W SW i Si W AW gsen 0 (5.3)
dz
dp
AK K S K i Si K AK gsen 0 (5.4)
dz
SW S 1 1
W K K i S i K W gsen 0 (5.5)
AW AK AW AK
O modelo de fases separadas é aplicado a escoamentos com duas fases distintas, nos
quais o conhecimento dos parâmetros de interface é essencial. Portanto, o modelo será utilizado
no escoamento anular identificado na linha vertical e nos escoamentos estratificados na linha
91
horizontal. Para cada caso, as equações de fechamento foram obtidas da literatura e serão
apresentadas a seguir.
a) Vertical (Anular)
Como o padrão anular tem duas fases bem definidas, será utilizado o modelo de fases
separadas com tubo posicionado na vertical (θ = π/2), para a sua análise. Os parâmetros para o
fechamento da Eq. (5.5) são apresentados a seguir.
Tensões de Cisalhamento
As tensões na parede e na interface são obtidas de acordo com as velocidades in situ dos
fluidos na região central e na região anular. Essas relações foram propostas por Brauner (1991)
e são definidas como:
1
K Cf K v K2 (5.6)
2
1
W C f W vW2 (5.7)
2
C f W vW Ci v K vW
i para vK > vW (5.8)
2
C f K vW C i v K vW
i para vK < vW (5.9)
2
92
nas quais os valores da constante Ci são definidos de acordo com o número de Reynolds: para
Re < 2100 Ci = 2, para Re ≥ 2100 Ci = 1,2. Os fatores de atrito são, respectivamente,
definidos como:
16
Cf para Re < 2100 laminar (5.10)
Re
0,079
Cf para 2100 < Re < 105 turbulento (5.11)
Re 0, 25
W vW DW
ReW (5.12)
W
K v K DK DW
Re K (5.13)
K
Parâmetros Geométricos
São necessários alguns parâmetros geométricos para o fechamento das equações. Esses
parâmetros dependem do tipo de padrão de escoamento. Os parâmetros geométricos são
definidos de acordo com a Figura 5.1 e são apresentadas na Tabela 5.1.
A fração de querosene é determinada iterativamente substituindo os diferentes termos
na Eq. (5.5) e minimizando a equação para se obter o valor exato da fração de líquido. Os
gradientes de pressão são determinados utilizando as Eqs. (5.3) ou (5.4).
93
Figura 5.1. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases
separadas na vertical.
b) Horizontal (Estratificados)
Tensão de Cisalhamento
As tensões de cisalhamento na parede são definidas de acordo com as Eqs. (5.6) e (5.7).
A tensão de cisalhamento na interface é definida por Brauner et al. (1998):
94
C fi K vW vK
2
i (5.14)
2
Os fatores de atrito da água e querosene são calculados como nas Eqs. (5.10) e (5.11).
O fator de atrito na interface é definido como Cfi = CfK para vK > vW e Cfi = CfW para vW > vK. O
número de Reynolds dos escoamentos de água e de querosene são, respectivamente, dados por:
W vW DW
ReW (5.15)
W
K v K DK
Re K (5.16)
K
Parâmetros Geométricos
Os diâmetros hidráulicos de cada fase são calculados a partir das frações de áreas e das
circunferências molhadas ocupadas por cada fase:
4 AW 4 AK
DW ; DK para vK > vW (5.17)
SW S K Si
4 AW 4A
DW ; DK K para vW > vK (5.18)
SW Si SK
4 AW 4A
DW ; DK K para vW = vK (5.19)
SW SK
95
Figura 5.2. Descrição geométrica da seção transversal do duto para o modelo de fases
separadas na horizontal.
dv dp
M v A S A M gsen (5.20)
dz dz
dp S
m gsen (5.21)
dz A
M K K 1 K W (5.22)
QK
K CK (5.23)
QK QW
97
O modelo de deslizamento (drift flux), apresentado por Zuber e Findlay (1965), expressa
as variáveis primitivas dos fluidos em termos de variáveis de mistura, simplificando a
modelagem, mas mantendo a interação das fases por meio da velocidade relativa. O modelo de
deslizamento pode ser aplicado a qualquer tipo de escoamento bifásico utilizando as equações
de fechamento adequadas. A equação da quantidade de movimento é a mesma utilizada no
modelo homogêneo, mas os parâmetros são ponderados por meio da fração de líquido obtida
pela relação de deslizamento entre as fases Eq (2.13). Pode-se escreve a Eq. (2.13) em função
do fluxo de deslizamento Eq. (2.12) e assim a fração de líquido é dada por:
vW J KW
W (5.24)
vm
J KW U Wn 1 W (5.25)
sendo que os valores de U∞ e n são definidos de acordo com o padrão de escoamento. O modelo
de deslizamento foi utilizado nos padrões em bolhas e agitado para o escoamento vertical. Os
valores U∞ e n foram retirados da tabela obtida por Peebles e Garber (1953).
0, 25
g
U 1,18 (5.26)
W
98
0, 25
g
U 1,18 (5.27)
W
2
Portanto, definida a fração de líquido, a densidade de mistura é calculada pela Eq. (5.22)
e o gradiente de pressão é calculado pela Eq. (5.21). Encontrou-se na literatura apenas esses
dois parâmetros do fluxo de deslizamento para um escoamento de líquido-líquido.
Para o modelo homogêneo e de deslizamento, as equações de fechamento são
apresentadas a seguir.
Tensão de Cisalhamento
1
w Cf M v M2 (5.28)
2
na qual fator de atrito Cf é dado pelas Eqs. (5.10) e (5.11). O número de Reynolds da mistura é
definido como:
M v M Dh
Re M (5.29)
M
M K K 1 K W (5.30)
99
4A
Dh (5.31)
S
100
obtidas pela sonda de impedância local. A nomenclatura dos padrões foi baseado em Jana et al.
(2006), e as principais características de cada padrão são:
Bolhas – nesse padrão a fase dispersa é o querosene e se apresenta como gotas em forma
de calotas esféricas ou esferóides oblatas ao longo de toda a seção transversal do duto. A água
é a fase contínua. Neste texto o padrão bolhas, será representado por B3.
Além dos padrões reportados por Jana et al. (2006) e descritos acima, identificou-se um
padrão que não se encaixava nas descrições reportadas na literatura. Esse novo padrão foi
chamado de Gotas de Água Alongadas no qual a fase contínua é o querosene e ocupa
praticamente toda a seção transversal e a fase dispersa é formada por gotas alongadas de água
que escoam no centro do duto. Neste texto, o padrão também será representado por EWD7.
A Figura 6.1 apresenta as imagens obtidas para a grade de testes efetuada para o
escoamento na vertical e a Figura 6.2, os perfis de fração de querosene para cada uma das
imagens mostradas na Figura 6.1. Observa-se que para as velocidades baixas de querosene
3
Adaptado do inglês Bubbly (B). No texto e nas figuras optou-se por utilizar a notação abreviadas da língua
inglesa.
4
Adaptado do inglês Dispersed (D).
5
Adaptado do inglês Churn Turbulent (CT).
6
Adaptado do inglês Core Annular (CA).
7
Adaptado do inglês Elongated Water Drops (EWD).
102
(JK ≤ 0,2 m/s e JW ≤ 0,4 m/s) o padrão dominante é o bolhas (B). Para essa faixa, nota-se na
Figura 6.2 que a fase dispersa é o querosene e que sua fração na região central é sempre maior
do que 0,2 (α’K ≥ 0,2). Além disso, nessa faixa, o perfil de α’K apresenta-se aproximadamente
plano, com um gradiente acentuado na região da parede, onde se apresenta uma película
estritamente delgada de água. Devido à impossibilidade de se posicionar a sonda na parede, não
foi possível determinar a espessura dessa película com precisão. A Figura 6.1 mostra que o
querosene apresenta-se na forma de calotas esféricas ou de esferóides oblatas, como era de se
esperar.
Para essa faixa de velocidade de querosene e com o aumento da velocidade de água
(JW > 0,4 m/s) as gotas de querosene diminuem de tamanho devido à turbulência criada pelas
altas velocidades de água, mudando o padrão para o disperso (D). Nesse padrão o perfil de
fração de querosene mantém-se aproximadamente plano e similar ao padrão bolhas, embora
haja uma redução da fração de querosene para valores menores que 0,2 (α’K ≤ 0,2). Esse
comportamento pode ser observado na Figura 6.2, na qual se observa também uma película de
água junto à parede, similar ao padrão bolhas. A fase dispersa é o querosene que se apresenta
em pequenas gotas uniformemente distribuídas, conforme mostra a Figura 6.1. Com base nesses
dados, pode-se afirmar que as diferenças entre esses dois padrões são sutis.
Para altas velocidades superficiais das duas fases (JK ≥ 0,6 m/s e JW ≥ 0,4 m/s) o padrão
observado é o anular (CA). Nesse padrão o querosene encontra-se distribuído praticamente ao
longo de toda a seção transversal do duto, como um filme na parede e como gotas dispersas na
água que escoa pelo centro. Próximo à parede há a formação de uma película de querosene se
estendendo até cerca de 50% do diâmetro do duto, 25% de cada lado. No restante, a água
comporta-se como um meio contínuo e o querosene disperso, com α’K ~ 0,25. Essas
características podem ser observadas nas Figuras 6.1 e 6.2. Observa-se também que a película
de querosene apresenta-se ligeiramente não simétrica, mas isso pode ter sido fortemente
influenciado pelo processo de injeção.
Com a diminuição da velocidade da água para JW ≤ 0,2 m/s e JK ≥ 0,6 m/s há uma
mudança na região do centro do duto. A fração de querosene aumenta significativamente
(α’K > 0,6) e a água apresenta-se como uma fase dispersa. Nessas condições há a formação de
grandes gotas de água, mas que não possuem a forma das bolhas de Taylor, características do
padrão golfadas do escoamento gás-líquido. Esse novo padrão de comportamento não é
reportado na literatura e foi denominado de gotas alongadas de água (EWD).
103
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
Figura 6.2. Perfil de fração de querosene na linha vertical. Legenda: Bolhas (B) - vermelho; Disperso (D) - amarelo; Agitado (CT) - azul; Gotas
de Água Alongadas (EWD) - verde; Anular (CA) - rosa.
105
A região entre 0,4 m/s ≤ JK ≤ 0,6 m/s e 0,2 m/s ≤ JW ≤ 1,0 m/s é de transição. Nessa
região há um aumento da fração de querosene na região próxima a parede, o perfil de fração de
querosene deixa de ser plano e ocorre a passagem de grandes gotas de querosene na região
central. Devido a semelhança com o padrão agitado do escoamento gás-líquido, esse padrão é
também nominado de agitado (CT). Nesse padrão a fração de querosene varia
significativamente ao longo da seção transversal com a passagem alternada de grandes gotas de
querosene, conforme se observa, por exemplo, para JK = 0,4 m/s e JW = 0,6 m/s na Figura 6.1.
Na grade de testes não foi possível identificar o padrão intermitente.
Na Tabela 6.1 é apresentada para cada padrão uma imagem característica, a distribuição
da fração de querosene ao longo do diâmetro (α’K), a fração de injeção (CK), a fração de
querosene média (αK) e a fração de querosene local média (<α’K>) para efeito de comparação.
No APÊNDICE B são mostradas a comparação do perfil com sua respectiva imagem para todas
as velocidades. Nota-se no perfil de fração de querosene local do padrão bolhas (B), que a
fração de querosene na parede é praticamente zero, demonstrando que a água é dominante na
parede do tubo e, portanto, é a fase contínua. O centro do duto tem uma fração de querosene
local em torno de 0,3 o que indica que as gotas são de querosene, pois a fase dispersa tende a
ser a de menor fração.
O padrão agitado (CT) não apresentou um perfil de fração de querosene uniforme, o
que é característica desse padrão, no qual ocorre a formação de bolsões de água e querosene.
Assim, o padrão é definido por meio das imagens. Nas imagens observam-se bolsões escoando
com gotas, tanto de água quanto de querosene.
Observa-se na Figura 6.1 que o padrão disperso (D) ocorre apenas para altas velocidades
de água e baixas de querosene. O perfil característico do padrão disperso é semelhante ao padrão
bolhas, mas com uma fração de querosene bem menor ao longo do raio, nunca ultrapassando
valores médios de fração de querosene de 0,2.
Os padrões gotas de água alongadas (EWD) e o anular (CA) possuem perfis
semelhantes, sendo que o que os diferencia é a quantidade de água no centro do tubo. No padrão
gotas alongadas de água e anular há a presença de uma película de querosene na parede do duto.
No padrão gotas alongadas de água a película tende a ser mais espessa do que no padrão anular.
Observa-se que no padão EWD a espessura da película de querosene é aproximadamente 0,5 e
no padrão CA é de 0,25. Outra diferença é a transição querosene/água. No padrão CA essa
transição é mais abrupta, que no padrão EWD, o que indica que no CA a película de querosene
é melhor definido do que no padrão EWD. Outra característica marcante é que no padrão EWD
106
há uma concentração maior de querosene na região central do duto do que no padrão CA. Dessa
forma, não se pode dizer que há de fato um núcleo de água no padrão EWD, e portanto esse
não pode ser definido como sendo um padrão CA.
Nota-se ainda na Tabela 6.1 que para os padrões D e EWD os valores de αK aproximam-
se de CK, nos quais as frações de querosene apresentam valores muito baixos ou muito altos,
caracterizando um menor deslizmento entre as fases. Para os padrões B, CT e CA a diferença
entre αK e CK aumenta, em razão do aumento do deslizamento. O valor de <α’K> é obtido da
média do perfil de fração de querosene. A diferença entre <α’K> e αK deve-se ao reduzido
número de pontos usados na determinação do perfil de fração de querosene, para o qual as
frações de querosene locais médias apresentaram maiores incertezas. As frações de querosene
serão discutidas com mais detalhes na Seção 6.1.3.
JW JK Padrão de Frações de
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s) Escoamento Querosene
CK=0,3333
αK=0,2656
0,2 0,1 Bolhas (B)
<α'>K=0,2288
CK=0,4000
αK=0,3498
0,6 0,4 Agitado (CT)
<α'>K=0,4085
CK=0,0909
αK=0,0894
1,0 0,1 Disperso (D)
<α'>K=0,0520
CK=0,8000
Gotas de Água
αK=0,8140
0,2 0,8 Alongadas
(EWD)
<α'>K=0,9141
CK=0,5000
αK=0,5346
0,8 0,8 Anular (CA)
<α'>K=0,6991
108
Figura 6.3. Comparação do mapa de padrões de escoamento obtido neste trabalho com o
mapa de Jana et al. (2006) para a linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT);
Gotas de Água Alongadas (EWD); Anular (CA).
Figura 6.4. Fração de querosene média por velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha vertical.
A fração de querosene local média (<α’>) é determinada por meio do perfil de fração
de querosene obtida pela sonda de impedância local, como descrito na Seção 4.2. A Figura 6.5
mostra a fração de querosene local média em função da velocidade superficial de querosene,
para cada velocidade superficial constante de água. Observa-se que a fração de querosene local
média aumenta com a velocidade de querosene, para cada velocidade de água constante, como
110
ocorre com a fração de querosene média. O comportamento da fração de querosene local média
também se aproxima de um comportamento assintótico, mas com alguns pontos fora da curva.
Nota-se que os valores de fração de querosene local média tendem a ser maiores do que as
frações de querosene médias.
Figura 6.5. Fração de querosene local média por velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água na linha vertical.
A Figura 6.6 mostra a comparação entre as frações de querosene locais médias com as
frações de querosene médias. As frações de querosene médias e locais médias são as frações de
querosene do escoamento determinadas, respectivamente, pela média volumétrica e pela média
temporal. Entretanto, espera-se que as frações de querosene sejam iguais. Observa-se que
ocorrem diferenças entre as medidas para praticamente todos os pontos. Os maiores desvios
(fora da faixa de ±10%) ocorrem para alguns pontos no padrão disperso, bolhas e agitado e
todos os pontos do padrão anular. Essas diferenças nas medidas se devem às incertezas da sonda
de impedância local. O diâmetro mínimo de gota que a sonda consegue detectar é 0,7 mm, que
é o tamanho da extremidade da agulha. Isso faz com que algumas gotas não sejam detectadas
pela sonda. Outro fator é o número de pontos de posição da sonda ao longo do diâmetro do
duto. Quando se aumenta os números de pontos às medidas tornam-se mais precisas, pois as
áreas calculadas para cada ponto da sonda na determinação da fração de querosene diminuem
(vide Figura 4.11).
111
Para o padrão anular todos os pontos estão fora da faixa de ±10%, como mostra a Figura
6.6. Analisando as imagens e os perfis de fração de querosene local (Figuras 6.1 e 6.2), observa-
se que sempre existe uma película bem definida de querosene na parede e um núcleo de água.
Para esse tipo de padrão a posição dos pontos de localização da sonda é muito importante, pois
ocorre uma mudança abrupta da fração de querosene na interface. Portanto, quando se mede a
fração de um ponto utilizando a sonda e considera-se que a fração é a mesma em toda a área,
pode estar ocorrendo um grande erro da medida principalmente quando esse ponto está próximo
da interface.
As análises a seguir serão realizadas com as frações de querosene médias em razão da
maior confiabilidade nos resultados. A Figura 6.7 compara a fração volumétrica de injeção de
querosene (Eq. 2.1) com a fração de querosene média para cada padrão de escoamento
identificado. Nota-se que quanto mais afastado da reta, maior o deslizamento entre as fases. Os
padrões disperso e gotas de água alongadas são os que possuem pontos mais próximos da reta.
Isso ocorre, porque os padrões apresentados são os extremos da fração de querosene (mínimos
e máximos), nos quais a fase contínua em maior quantidade carrega a fase dispersa com a
mesma velocidade. Quando a fração de querosene média está entre 0,3 e 0,7 a fase dispersa se
concentra e ocorre um aumento do escorregamento, como é o caso dos padrões bolhas, agitado
e anular.
Para analisar qual fase tem maior velocidade in situ aplica-se a Eq. (2.14). A Figura 6.8
mostra a razão de deslizamento em função das velocidades superficiais de querosene para cada
padrão de escoamento. Para os pontos acima da linha da unidade, a velocidade in situ de
querosene é maior do que a da água, fazendo que a fase de querosene deslize sobre a fase de
água. Para os pontos abaixo ocorre o inverso. Nota-se que quando a fase contínua é a água o
querosene possui maior velocidade in situ (padrões B, D e CT) e quando a fase contínua é o
querosene (padrões CA e EWD) a água possui maior velocidade in situ. Isso ocorre, porque a
fase dispersa, para o padrão bolhas (B), escoa sempre no centro do duto onde a velocidade é
maior e a velocidade da fase contínua é uma média do perfil de velocidades. Quando as gotas
diminuem de tamanho (padrão D) a tendência é que a fase dispersa escoe na mesma velocidade
que a fase contínua, como mostra a Figura 6.8, onde a razão de deslizamento se aproxima de 1.
Para os padrões CA e EWD o perfil mostra uma concentração da fase de água no centro do
duto (vide Tabela 6.1), onde a velocidade é maior e, portanto, a razão de deslizamento tende a
diminuir e ficar abaixo ou mais próximo da unidade. Para o padrão CT é difícil uma análise
precisa em razão à dificuldade de se estabelecer um comportamento único do padrão.
112
Figura 6.6. Comparação entre as frações de querosene média e as frações de querosene locais
médias na linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas
(EWD); Anular (CA).
do método usado. Devido às diferenças encontradas nas frações de querosene médias e local
médias, os valores de vDK apresentaram diferenças consideráveis. Os valores dos parâmetros
dos dois métodos serão utilizados na modelagem do escoamento na próxima seção.
Figura 6.9. Parâmetro de distribuição em função velocidade de mistura para cada padrão da
linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA).
Figura 6.10. Velocidade de deslizamento em função velocidade de mistura para cada padrão
da linha vertical. Bolhas (B); Disperso (D); Agitado (CT); Gotas de Água Alongadas (EWD);
Anular (CA).
115
Devido às menores incertezas das medidas das frações de querosene médias em relação
as frações de querosene locais médias, utilizam-se as frações de querosene médias para a
comparação com os modelos teóricos. Quatro modelos matemáticos são considerados para a
determinação das frações de querosene. O modelo homogêneo, o modelo de deslizamento com
parâmetros dos padrões bolhas e agitado e o modelo de fases separadas. As Figuras 6.12 a 6.15
mostram as frações de querosene médias comparadas com as frações de querosene dos modelos
teóricos. Para cada caso são realizadas as médias RMS8de cada padrão.
A Figura 6.12 mostra as frações de querosene médias comparadas com as frações de
querosene determinadas com o modelo homogêneo. Observa-se que o modelo homogêneo
conseguiu prever com um erro menor que 10% os padrões EWD, CA e D, respectivamente,
com valores de 1,4; 5,8; e 9,6 %. Como os padrões EWD e D os deslizamentos são menores
(vide Figura 6.7), o modelo homogêneo torna-se uma boa aproximação. Para os padrões bolhas
e agitado o desvio foi maior, respectivamente de 17% e 10,1%
O modelo de deslizamento com parâmetro bolha foi utilizado para comparação apenas
com o padrão bolhas, como mostra a Figura 6.13. Nota-se que o desvio RMS obteve um valor
de 5,9%, representando a melhor aproximação do modelo. Como o modelo considera os
deslizamentos por meio de uma velocidade de deslizamento os resultados mostraram melhora
na modelagem em relação ao modelo homogêneo. Para o padrão agitado utilizou-se o modelo
de deslizamento com parâmetro agitado. A Figura 6.14 mostra que o desvio RMS foi de 10,1%
para 7,5%, apresentando uma pequena melhora em relação ao modelo homogêneo. Para uma
modelagem mais precisa é necessária uma velocidade de deslizamento que se ajuste melhor ao
caso deste experimento.
O padrão CA também apresentou uma boa aproximação com o modelo homogêneo, mas
devido a presença de duas fases bem distintas e separadas por uma interface, o modelo de fases
separadas é o mais indicado. A Figura 6.15 compara as frações de querosene médias do padrão
anular com o modelo de fases separadas. Nota-se que houve uma mudança mínima de 5,8%
para 5,2%. Como o modelo de fases separadas necessita de parâmetros de tensões na interface
exp teo
2
n
8
Root Mean Square D /n
1 teo
117
ajustados para cada caso, é necessária uma análise melhor desses parâmetros para que o modelo
seja mais preciso.
Tabela 6.3. Comparação entre as imagens da linha vertical e da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais.
JW JK Padrão
Visualização Fr
(m/s) (m/s) Vertical
Disperso
1 0,1 1,19
(D)
Agitado
0,1 0,4 -0,46
(CT)
Gotas de
Água
0,1 0,8 0,78
Alongadas
(EWD)
Anular
0,4 0,6 0,76
(CA)
122
A Figura 6.18 mostra o número modificado de Froude, Eq. (2.21) mostrado abaixo por
conveniência, para as velocidades superficiais de água e querosene variando de 0,1 até 1,0 m/s.
O ângulo de inclinação considerada é de 45º e as velocidades in situ são calculadas com as
frações de querosene médias da linha vertical. Essa aproximação é considerada, em razão da
dificuldade de se determinar as frações de querosene na curva a 45º. Como a análise da curva
realizada acima mostrou que os padrões na vertical praticamente não mudam quando chegam à
curva, as frações, provavelmente, também não sofrem grandes alterações. Dá analise de escalas
para a Eq. (2.21) apresentada, para valores de Fr = 1 as fases permanecem na mesma região de
entraram na curva, Fr >> 1 a água tende a se mover para a região externa da curva e para
Fr << 1 o querosene tende a se mover para a região externa da curva. Para a -1 < Fr < 1 não se
tem uma definição precisa do comportamento das fases.
Nota-se na Figura 6.18 que em alguns casos, mesmo para velocidades baixas de água e
altas de querosene (Ex: JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s) o número de Froude é maior do que 1. Isso
ocorre, pois é a velocidade in situ que determina o comportamento dos fluidos. Portanto, para
JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s a fração de querosene é alta, fazendo com que a velocidade in situ
de água seja maior que a velocidade in situ de querosene, e assim a água tende a se mover para
a parte externa da curva. Observa-se que para velocidades superficiais de água até 0,4 m/s o
número de Froude está próximo ou abaixo de 1. Para a velocidade superficial de água de 0,6 m/s
o número de Froude possui pontos acima e abaixo de 1 e para as velocidades superficiais de
água acima de 0,6 m/s, praticamente, todos os pontos estão acima de 1. Portanto, para
velocidades superficiais baixas de água, a tendência é com que o número de Froude fique abaixo
de 1. Se o número de Froude for menor do que -1 e o querosene se desloca para a parte externa
da curva e se ficar entre -1 e 1 é necessária uma análise mais aprofundada. Quando se aumenta
a velocidade superficial de água, o número de Froude aumenta, e se for maior que 1, a tendência
é que água se desloque para a parte externa da curva.
vW2 K v K2
Fr 1 (6.1)
W K W vW2
Rgsen
W
123
Para uma análise mais precisa é necessário verificar o valor dos dois termos da Eq.
(2.21), a Tabela 6.4 apresenta todos os valores dos números de Froude calculados em relação
as velocidades in situ, além dos valores de cada um dos dois termos da Eq. (2.21), no qual os
números destacados em vermelho mostram os valores de número de Froude maiores do que 1,
exceto para o valor de JW = 1,0 e JK = 0,1 m/s, em que o número de Froude é 1,19 que é
considerado um valor próximo de 1. A
Tabela 6.5 mostra o número de Froude e as imagens para algumas combinações de
velocidades superficiais.
Observa-se na Tabela 6.4 que quando os valores de Froude são maiores que 1, as
velocidades in situ de água sempre são maiores ou iguais que as velocidades in situ de
querosene, o que não ocorre quando o número de Froude é menor que 1. Isso ocorre em razão
das densidades da água e do querosene serem próximas. Quando o número de Froude é maior
que 1 a água se desloca para a região externa da curva, como mostra a
Tabela 6.5. Para JW = 0,8 m/s; JK = 0,8 m/s o número de Froude é de 6,6 e a água está
toda concentrada na parte externa, enquanto que para JW = 0,2 m/s; JK = 0,8 m/s o número de
124
Froude é de 2,18 e a água preenche parte do centro do duto com algumas gotas levemente
deslocadas para parte externa.
𝜌 𝑣2
Nota-se na Tabela 6.4 que quando o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] é negativo o Froude também é
𝑊 𝑊
negativo, como era o esperado. Esse termo será negativo quando a velocidade in situ de
querosene for maior que a velocidade in situ da água. Para valores de Froude menores que -1 o
querosene se desloca para parte externa da curva como mostra a Tabela 6.5. Para JW = 0,4 m/s;
JK = 0,4 m/s com Fr = -1,37 e JW = 0,6 m/s; JK = 0,4 m/s com Fr = -1,05 o querosene se dirige
para a parte externa da curva e a água para a parte interna da curva. A Tabela 6.5 ainda mostra
que para JW = 1,0 m/s e JK = 0,1 m/s o número de Froude é próximo de 1, ocorrendo o equilíbrio
das forças. Observa-se que há gotas de querosene distribuídas ao longo de toda a seção
transversal do duto. Portanto, a água e o querosene se mantêm na região que entraram na curva.
Quando o número de Froude está entre -1 e 1 essa análise por meio do número
modificado de Froude não apresenta uma definição precisa para escoamentos com fluidos com
densidades próximas. Para o número de Froude entre -1 e 1 ou as velocidades in situ das duas
fases são próximas ou a relação da velocidade in situ da água com os termos gravitacionais são
próximos e, portanto, não é possível saber para onde os fluidos se deslocarão. A Tabela 6.6
mostra os casos onde o número de Froude está entre -1 e 1. Nota-se que para Fr = -0,57 o
querosene está se deslocando para a parte externa da curva. A Tabela 6.4 mostra que para essas
velocidades superficiais, JW = 0,4 m/s e JK = 0,1 m/s a velocidade in situ de querosene é maior
2
𝑣𝑊
que a velocidade in situ de água e o termo 𝜌𝑊 −𝜌𝐾 é próximo de 1. Portanto, com o
( )𝑅𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃
𝜌𝑊
equilíbrio da força centrífuga da água com a força gravitacional, como a velocidade in situ de
querosene é maior que a velocidade in situ de água, o querosene tende a se deslocar para a parte
externa da curva. Nota-se que nos dois outros casos, os números de Froude estão próximos,
0,78 e 0,76, mas com comportamentos diferentes. Para JW = 0,1 m/s e JK = 0,8 m/s a água está
com uma leve tendência a se deslocar para a região externa da curva, mesmo com um Froude
menor do que 1. Para JW = 0,4 m/s e JK = 0,6 m/s as fases permanecem na mesma região de
entrada da curva. Nos dois casos, as velocidades in situ da água e do querosene estão próximas,
𝜌 𝑣2
como mostra a Tabela 6.4, com isso o termo [1 − 𝜌 𝐾 𝑣2𝐾 ] se aproxima de 0 dificultando a
𝑊 𝑊
análise do escoamento na curva. Portanto, quando o Froude está entre -1 e 1 a análise por meio
do número de Froude não apresenta uma definição precisa para escoamento em curvas com
fluidos de densidades próximas.
125
αK 1
K
W K Fr
(m/s) (m/s) (m/s) (m/s) W v
2
Rgsen
W
W
0,1 0,37 0,16 0,27 -1,26 0,14 -0,18
0,2 0,59 0,24 0,34 -0,55 0,33 -0,18
0,4 0,74 0,39 0,54 -0,54 0,84 -0,46
0,1
0,6 0,84 0,63 0,71 -0,02 2,23 -0,04
0,8 0,89 0,89 0,9 0,18 4,41 0,78
1 0,91 1,1 1,1 0,21 6,83 1,43
0,1 0,27 0,27 0,38 -0,52 0,42 -0,22
0,2 0,43 0,35 0,46 -0,34 0,70 -0,24
0,4 0,61 0,51 0,66 -0,34 1,45 -0,49
0,2
0,6 0,69 0,65 0,87 -0,42 2,36 -1
0,8 0,81 1,08 0,98 0,34 6,49 2,18
1 0,85 1,32 1,18 0,37 9,85 3,66
0,1 0,16 0,47 0,64 -0,45 1,26 -0,57
0,2 0,27 0,55 0,73 -0,39 1,70 -0,67
0,4 0,42 0,69 0,95 -0,51 2,67 -1,37
0,4
0,6 0,59 0,98 1,02 0,14 5,36 0,76
0,8 0,67 1,21 1,19 0,23 8,28 1,93
1 0,72 1,43 1,39 0,25 11,51 2,92
0,1 0,12 0,69 0,8 -0,10 2,64 -0,25
0,2 0,21 0,76 0,97 -0,31 3,20 -1,01
0,4 0,35 0,92 1,14 -0,22 4,78 -1,05
0,6
0,6 0,51 1,21 1,19 0,24 8,28 2,01
0,8 0,58 1,44 1,37 0,28 11,63 3,23
1 0,65 1,7 1,55 0,34 16,13 5,45
0,1 0,09 0,88 1,07 -0,16 4,38 -0,69
0,2 0,16 0,95 1,28 -0,44 5,05 -2,21
0,4 0,3 1,15 1,32 -0,05 7,40 -0,37
0,8
0,6 0,45 1,45 1,34 0,32 11,76 3,74
0,8 0,53 1,72 1,5 0,40 16,59 6,6
1 0,59 1,97 1,68 0,42 21,77 9,12
0,1 0,09 1,1 1,11 0,18 6,77 1,19
0,2 0,15 1,18 1,34 -0,04 7,75 -0,29
1 0,4 0,26 1,35 1,54 -0,03 10,25 -0,34
0,6 0,38 1,61 1,59 0,22 14,48 3,19
0,8 0,51 2,04 1,57 0,53 23,28 12,25
126
Tabela 6.5. Comparação entre os números de Froude e as imagens da curva para algumas
combinações de velocidades superficiais.
1 0,1 1,19
Tabela 6.6. Imagens da curva para algumas combinações de velocidades superficiais para
número de Froude ente -1 e 1.
Assim como na linha vertical, os padrões de escoamento para a linha horizontal foram
identificados por meio das imagens da câmera de alta velocidade e câmera fotografia, além dos
perfis de fração de querosene local. As nomenclaturas utilizadas nos padrões são baseadas no
trabalho de Trallero (1997) devido aos padrões apresentados serem os mais próximos dos
observados nesse trabalho, sendo descrito abaixo as principais características de cada padrão.
128
Dispersão de óleo em água e água – nesse padrão a água é a fase contínua e o querosene
escoa em forma de gotas ocupando a parte superior do tubo. Neste texto o padrão dispersão de
óleo em água e água, será representado por Do/w&w11.
Emulsão de óleo em água - gotas menores de querosene escoam como a fase dispersa
em uma fase contínua de água. Neste texto o padrão emulsão de óleo em água, será representado
por o/w13.
Emulsão de água em óleo – padrão inverso ao padrão emulsão de óleo em água na qual
gotas menores de água escoam dispersas na fase contínua de querosene. Neste texto o padrão
emulsão de água em óleo, será representado por w/o14.
9
Adaptado do inglês Stratified (ST). No texto e nas figuras optou-se por utilizar a notação abreviadas da
língua inglesa.
10
Adaptado do inglês Stratified with mixing at the interface (ST&MI).
11
Adaptado do inglês Dispersion of oil in water and water (Do/w&w).
12
Adaptado do inglês Dispersion of water in oil and dispersion of oil in water (Dw/o&Do/w).
13
Adaptado do inglês Oil in water Emulsion (o/w).
14
Adaptado do inglês Water in oil emulsion (w/o).
129
A Figura 6.19 apresenta as imagens obtidas para a grade de teste efetuada para o
escoamento na horizontal e a Figura 6.20, os perfis de fração de querosene para cada uma das
imagens mostradas na Figura 6.19. Para as velocidades de JK ≤ 0,2 m/s e JW ≤ 0,6 m/s o padrão
observado é o Do/w&w. Nesse padrão gotas de querosene escoam na parte superior e água
como fase contínua na parte inferior. Na Figura 6.20 notam-se perfis nos quais a fração de
querosene, na parte superior, alcança valores de α’K = 1 e na parte inferior α’K = 0. As gotas de
querosene dominam praticamente toda a região superior, sendo que não foi detectado água
nessa faixa. Na região central do duto, em uma pequena faixa, a fração varia entre esses dois
valores, sendo essa região a interface entre as duas fases. Para alguns casos (JW = 0,4 m/s e
JK = 0,1 m/s), com o aumento da velocidade de água, observa-se a presença de água na região
superior (r/R = 1,0), como mostra a Figura 6.20. No qual não é possível verificar essa presença
de água nas imagens. Além disso, com o aumento das velocidades, mas ainda na região do
padrão Do/w&w, nota-se o aumento da região de mistura na parte central do duto, sendo
causado pela presença de ondulações na interface. Para as velocidades de JW = 0,6 m/s e JK = 0,1
e 0,2 m/s, observa-se a região dominada pelo querosene muito pequena, pois com o aumento
da velocidade de água a tendência é com que essa região diminua, marcando assim, uma região
de transição entre os padrões Do/w&w e o/w.
Aumentando-se a velocidade de água para JW ≥ 0,6 m/s e JK ≤ 0,6 m/s as gotas de
querosene tornam-se menores, devido à alta turbulência do escoamento, e ficam dispersas na
fase de água (o/w), como mostra a Figura 6.19. As gotas de querosene tendem a preencher uma
grande área do duto. Essas gotas não são detectadas pela sonda, em razão da limitação da sonda
de impedância em captar pequenas gotas. O perfil observado na Figura 6.20 mostra a região
inferior do duto, que vai de r/R = 0 até r/R = -1, dominada pela água (α’K = 0). Essa região
diminui conforme ocorre o aumento de JK. Na parte superior do duto tem-se uma mistura, sendo
que a fração de querosene não atinge o valor máxima (α’K = 1), podendo apresentar valores
entre α’K = 0,5 e 0,9. Nota-se ainda pelos perfis, que na região da parede superior, a
concentração de água aumenta. Isso pode indicar a presença de um filme de água junto a parede,
mas o filme não foi visualizado nas imagens.
Quando se aumenta a velocidade de querosene para JK = 0,6 m/s e JK ≤ 0,2 m/s, as gotas
de querosene se concentram e coalecem, formando uma fase contínua na parte superior do duto
com uma interface ondular, mas ainda com gotas de querosene e água na interface (ST&MI),
vide Figura 6.19. Na Figura 6.20, o perfil mostra a região dominada pela água bem menor
130
(apenas r/R = -1,0) e com um formato na transição com uma característica linear, indicando a
presença de gotas na interface.
Para velocidades altas de água e querosene, JW ≥ 0,4 m/s e JK ≥ 0,6 m/s as duas fases
escoam de forma estratificada, mas com pequenas gotas de água na fase de querosene e gotas
de querosene na fase de água, como no padrão Dw/o&Do/w, mostrado na Figura 6.19. Os perfis
da fração de querosene se assemelham aos perfis do padrão Do/w&w e suas diferenças podem
ser bem observadas nas imagens. Assim, como no padrão o/w, essas pequenas gotas não foram
detectadas pela sonda e, portanto, não são apresentadas nos perfis de fração de querosene local.
Sendo detectadas apenas nas imagens.
Observa-se na Figura 6.19, que para as altas velocidades de querosene e baixas de água
JW ≤ 0,2 m/s e JK ≥ 0,8 m/s, o padrão disperso de água em querosene pode ser notado (w/o). A
dispersão de água ocorre na parte inferior do duto, não sendo notado água na região superior,
nem pelas imagens nem pela sonda. Notam-se perfis nos quais não ocorrem regiões
predominadas pela água, com frações de querosene ao longo de todo o duto acima de 0,4.
Na Tabela 6.7 é apresentada para cada padrão uma imagem característica, a distribuição
de querosene ao longo do diâmetro (α’K), a fração de injeção (CK) e a fração de querosene local
média (<α’K>) para efeito de comparação. No APÊNDICE B são mostradas as comparações
entre os perfis com suas respectivas imagens para todas as velocidades. Nota-se que para os
padrões Do/w&w e Dw/o&Do/w, os perfis de querosene possuem praticamente o mesmo
comportamento, nos quais a água ocupa a parte inferior e o querosene a parte superior do duto.
Ao longo do diâmetro, a fração de querosene varia entre os valores máximo e mínimo com uma
forma característica. Em razão das variações das velocidades essa curva se desloca para a
esquerda, onde há maior quantidade de água e para a direita, onde há maior quantidade de
querosene. A grande diferença entre os dois padrões pode ser observada nas imagens, nos quais
no padrão Do/w&w a fase de querosene escoa como um conjunto de gotas na parte superior e
no padrão Dw/o&Do/w a fase de querosene escoa como uma fase contínua. Além disso, no
padrão Dw/o&Do/w notam-se pequenas gotas de água na fase de querosene e pequenas gotas
de querosene na fase de água. Para o padrão ST&MI os perfis de fração de querosene são muito
parecidos com os perfis dos padrões Do/w&w e Dw/o&Do/w, mas nota-se que a variação da
fração de querosene local tem um comportamento mais linear, além de uma região dominada
pela água muito pequena. Esse comportamento linear pode ser causado pela presença de gotas
na região da interface, típicas desse tipo de escoamento.
131
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
Figura 6.20. Perfis da fração de querosene na linha horizontal. Legenda: dispersão de óleo em água e água (Do/w&w) - preto; estratificado com
mistura na interface (ST&MI) - vermelho; emulsão de água em óleo (w/o) - azul; emulsão de óleo em água (o/w) - rosa; dispersão de água em óleo e
dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w) - verde.
133
Os padrões o/w e w/o apresentaram perfis mais característicos. No padrão o/w nota-se
que a fração de querosene não atinge o valor máximo de α’K = 1. Observa-se que na parte
superior da parede ocorre uma queda da fração de querosene, devido, provavelmente, a um
aumento da concentração de gotas de água. No padrão w/o ocorre o inverso. O querosene
predomina ao longo de todo o duto, sendo que a fração de querosene não atinge o valor mínimo,
α’K = 0. Nota-se que na região superior do duto a concentração de querosene é praticamente
total e na parte inferior escoam gotas de água com querosene.
Os valores de <α’K> são determinados por uma média do perfil de fração de querosene.
Nota-se na Tabela 6.7 que os valores de <α’K> e CK não se aproximam tanto quanto era o
esperado. Essas diferenças ocorrem principalmente para os casos em que a fase de querosene é
contínua. As frações de querosene serão discutidas com mais detalhes na Seção 6.3.3. Em razão
das diferenças serem sutis a classificação dos padrões na horizontal é mais complexa,
principalmente nas regiões de transição entre os padrões.
CK=0,6667
0,1 0,2 Do/w&w
<α'>K=0,5682
CK=0,8571
0,1 0,6 ST&MI
<α'>K=0,9639
CK=0,5000
0,6 0,6 Dw/o&Do/w
<α'>K=0,6597
CK=0,091
1,0 0,1 o/w
<α'>K=0,0521
CK=0,8333
0,2 1,0 w/o
<α'>K=0,9345
135
A Figura 6.22 compara o mapa de padrão obtido nesse trabalho como o mapa de Mandal
et al. (2007). O experimento realizado por Mandal et al. (2007) apresenta praticamente as
mesmas características do experimento realizado nesse trabalho. Os fluidos são água e
querosene escoando em um duto de acrílico com 0,026 m de diâmetro, posicionado na
horizontal, sendo o comprimento a linha não informado. A grande diferença entre os
experimentos está na presença da curva. Os padrões observados por Mandal et al. (2007) são:
estratificado suave (smooth stratified), estratificado ondular (wavy stratified), emulsão branca
(white emulsion), plug, dispersão de óleo em água (oil dispersed in water) e o três camadas
(three layers). Esses padrões podem ser relacionados com os padrões de Trallero (1997).
Portanto, o padrão estratificado suave e estratificado ondular é o padrão ST, o padrão emulsão
branca é o padrão w/o, o padrão dispersão de óleo em água o padrão o/w, o padrão três camadas
o padrão ST&MI e o padrão plug não é mencionado por Trallero (1997). Os padrões Do/w&w
e Dw/o&Do/w não são apresentados por Mandal et al. (2007).
Assim como na comparação com o mapa de Traller (1997), observa-se na Figura 6.22
que as regiões dos padrões de escoamento são completamente diferentes, apenas alguns pontos
do padrão w/o se encaixa na dispersão óleo em água de Mandal et al. (2007). Além disso, não
foram observados padrões plug e estratificado suave. Portanto, nota-se que as diferenças de
padrões ocorrem em razão da presença da curva no escoamento, que podem necessitar de um
maior comprimento de desenvolvimento para tornar-se um escoamento completamente
desenvolvido.
escoamento na horizontal. Determinou-se que houve diferenças entre os mapas de padrões deste
trabalho com os de Trallero (1997) e Mandal et al. (2007). Credita-se a diferença,
principalmente a presença da curva. Em todos os trabalhos encontrados na literatura a injeção
do escoamento na horizontal ocorre diretamente na horizontal, e nesse trabalho os fluidos são
injetados na vertical e depois encaminhados para a linha horizontal ao longo de uma curva de
90º. Portanto, realiza-se uma análise da influência da curva sobre os padrão de escoamento
observados na linha horizontal.
A Tabela 6.8 compara as imagens identificadas na curva com as imagens identificadas
na linha horizontal, além dos perfis de fração de querosene local, para alguns casos dos padrões
Do/w&w e o/w. As imagens são as mesmas utilizadas para a determinação do mapa de padrão
de escoamento. Nota-se que para os 3 primeiros casos apresentados na Tabela 6.8, na curva, o
querosene se encontra na forma de gotas na parte superior e o padrão observado na horizontal
é o padrão Do/w&w, no qual, tem-se querosene escoando na forma de gotas na parte superior.
Portanto, observa-se que o padrão Do/w&w ocorre como gotas na parte superior apenas porque
na injeção (curva), o querosene estava na forma de gotas. Observa-se também, que para
JW = 0,1 m/s e JK = 0,1 m/s o padrão na horizontal apresenta uma fina camada de querosene
contínuo. Esse comportamento deve-se, provavelmente, pois as gotas de querosene coalesceram
formando uma fase contínua. Assim, se o comprimento da linha fosse maior, a tendência é que
o escoamento se torne um padrão estratificado suave, como apresentado por Mandal et al.
(2007). Para JW = 0,2 m/s e JW = 0,4 m/s com JK = 0,1 m/s, como a velocidade de mistura é
maior, a tendência é que a comprimento de desenvolvimento seja maior, portanto as imagens
não apresentam uma camada de querosene contínuo. Provavelmente, as gotas de querosene se
coalesceriam se o comprimento fosse maior, e o padrão se tornaria o estratificado suave ou
estratificado ondular. Nota-se a presença de uma leve ondulação na interface, além do sinal da
sonda mostrar um aumento na região de mistura, que pode indicar ondas na interface.
Para JW = 1,0 m/s e JK = 0,1, m/s, na curva, gotas de querosene escoam ao longo de todo
o diâmetro do duto e na linha horizontal o padrão observado é o o/w, no qual tem-se querosene
escoando na forma dispersa por todo o duto. Observa-se ao longo do comprimento do duto, que
o querosene se concentrou, em sua maior parte, na região superior do duto e algumas gotas de
querosene escoam na parte inferior. O perfil de fração de querosene local apresenta uma
predominância de água em um ponto na região superior do duto, r/R = 1, isso pode indicar a
formação de um filme de água. Analisando-se o escoamento na curva, nota-se que água é
138
injetada na parte superior do duto horizontal, no qual ela se mantém na parede em razão das
altas velocidades de água.
Perfil de fração de
JW JK Padrão
Visualização querosene
(m/s) (m/s) Horizontal
(Sonda)
1 0,1 o/w
coalescência desses bolsões. Na interface, são observadas gotas de água e querosene, devido as
gotas que escoam junto com os bolsões na curva, formando o padrão ST&MI.
Para JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/s, por causa do aumento da velocidade de querosene, na
curva, a água se apresenta na forma de gotas escoando em querosene contínuo. Nota-se que as
gotas de água se deslocam para a parte externa da curva, injetando a água na região superior na
linha horizontal. Em razão da densidade da água ser maior, ela desce para a região inferior do
duto com o querosene preenchendo praticamente todo o duto, apenas com uma concentração
de gotas de água na parte inferior, formando o padrão w/o.
Perfil de fração de
JW JK Padrão
Visualização querosene
(m/s) (m/s) Horizontal
(Sonda)
0,1 1 w/o
Para a água e o querosene, na curva, escoando como fases contínuas (JW = 0,4 m/s;
JK = 0,6 m/s e JW = 0,8 m/s; JK = 0,8 m/s), o padrão observado é o Dw/o&Do/w. O querosene
140
na parte superior e água na parte inferior escoam continuamente, junto com gotas de querosene
na água e gotas de água no querosene. Observa-se a tendência de formar um escoamento
estratificado, mas em virtude das altas velocidades pequenas gotas de água aparecem no
querosene contínuo e pequenas gotas de querosene aparecem na água contínua. Essas gotas não
são detectadas pela sonda, como mostra o perfil de fração de querosene local. Assim, como no
caso de JW = 0,1 m/s e JK = 1,0 m/, observa-se que a água na curva tende a se mover para a parte
externa, com o comprimento de desenvolvimento suficiente na linha horizontal, a água desce
para a região inferior do duto e o querosene sobe por causa das diferenças de densidade.
querosene, como ocorre na linha vertical. Nota-se que a fração de querosene local média, assim
como a fração de querosene média na vertical, tem uma tendência assintótica. A curva
assintótica apresenta uma descontinuidade principalmente para as velocidades de água de 0,2;
0,4 e 0,6 m/s quando a velocidade de querosene aumenta de 0,4 para 0,6 m/s. Isso é causada
pela mudança de querosene disperso para querosene contínuo (vide Figura 6.19). Com essa
mudança de padrão há uma alteração do deslizamento das fases, que influencia na fração de
querosene. Os resultados das razões de deslizamento entre as fases serão apresentados a seguir.
A Figura 6.26 compara a fração de querosene local média com a fração de querosene
média na linha horizontal. Observa-se um grande desvio entre as duas técnicas de medidas.
Como descrito acima, a técnica utilizando as válvulas de fechamento rápido possui um grande
142
erro na medição e assim, utiliza-se apenas a fração de querosene local média para descrever o
escoamento.
A Figura 6.27 compara a fração de querosene local média com a fração volumétrica de
injeção de querosene. Observa-se que para valores de fração de querosene abaixo de 0,6 os
pontos apresentaram desvios acima de ±10%. Para valores acima de 0,6, a maioria dos pontos
está dentro da faixa de ±10%. Os dois padrões predominantes na faixa abaixo de 0,6 são o
Do/w&w e o/w, nos quais tem-se gotas de querosene escoando em água contínua. Essa
diferença entre as duas frações pode ser causada pelo deslizamento entre as fases. Como o
padrão o/w é considerado um padrão disperso, o deslizamento deveria ser menor. Assim como
o padrão ST&MI que deveria apresentar deslizamentos maiores, por ser um padrão
estratificado. Portanto, deve-se considerar que a fração de querosene local média foi obtida pela
sonda de impedância local, que contém incertezas nas medições, principalmente para a detecção
de pequenas gotas, o que é o caso do padrão o/w ou a detecção da interface que é o caso do
padrão ST&MI. Assim, considera-se que os valores das frações de querosene locais médias
para a linha horizontal apresentam valores aproximados, apenas para uma visão mais geral do
comportamento do escoamento.
143
Figura 6.26. Comparação entre a fração de querosene média e a fração de querosene local
média na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
A Figura 6.28 apresenta a razão de deslizamento entre as fases (Eq. 2.14). Comparando
as Figuras 6.25 e 6.28 nota-se que a queda na fração de querosene ocorre quando a razão de
deslizamento entre as fases diminui (mais próximo de 1) ou é invertido (muda de valores
menores do que 1 para valores maiores do que 1), fazendo com que a concentração de água
aumente e diminuindo a fração de querosene.
Figura 6.29. Parâmetro de distribuição em função da velocidade de mistura para cada padrão
da linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura
na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w);
dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
As frações de querosene locais médias são comparadas com alguns modelos que
preveem as frações de querosene por meio das velocidades superficiais, propriedades físicas e
parâmetros geométricos. São utilizados três modelos matemáticos: o modelo homogêneo, o de
fases separadas e o modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com os parâmetros C0
e vDK. O modelo de fases separadas foi escolhido, uma vez que os padrões identificados formam
praticamente padrões estratificados, nos quais se tem querosene na parte superior e água na
parte inferior. O modelo homogêneo é utilizado por ser um modelo simples e de fácil
implementação, além do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965) o qual os
parâmetros foram obtidos na Seção 6.3.3.
A Figura 6.31 mostra a fração de querosene local média contra o modelo homogêneo.
Para cada padrão foram calculadas as médias RMS. Nota-se que para os padrões ST&MI e w/o
o modelo homogêneo apresentou os menores desvios, com desvio RMS, respectivamente, de
3,1% e 8,2%. Esse comportamento era esperado, pois são os padrões que apresentaram os
menores deslizamentos entre as fases, como mostra a Figura 6.27. O padrão Do/w&w,
Dw/o&Do/w e o/w apresentaram desvios RMS de 50,2, 32,3 e 55,8%, respectivamente. Esses
padrões se apresentam como em fases separadas e um modelo mais apropriado para esse padrão
de comportamento será utilizado.
A Figura 6.32 mostra a comparação das frações de querosene local média dos padrões
Do/w&w, Dw/o&Do/w e o/w com o modelo de fases separadas. Observa-se o valor RMS para
o padrão Do/w&w de 50,2%, modelo homogêneo, para 35,1%, o que pode ser considerada uma
boa melhora, mais ainda bastante elevados. O padrão o/w foi de 55,8% para 40%, também
apresentando uma considerável melhora. Para o padrão Dw/o&Do/w, nota-se que houve um
147
deslocamento dos pontos, mas o valor RMS praticamente não se alterou. Isso é porque o modelo
de fase separada possui melhor aplicação para padrões nos quais as duas fases estão
estratificadas com a interface bem definida e sem gotas. Como os padrões observados são
padrões estratificados, mas com muitas gotas de uma fase na outra, o modelo não apresentou
um desempenho satisfatório. Além disso, o modelo separado foi implementado considerando a
interface plana, o que pode não ser uma boa aproximação para escoamento líquido-líquido, no
qual a interface geralmente é curva. Outro problema pode ser os dados obtidos
experimentalmente da fração de querosene local médio. Como já mencionado, as incertezas das
medições da sonda de impedância estão relacionadas ao tamanho das gotas e a posição da sonda
ao longo do duto. Portanto, é necessária uma técnica mais precisa para a determinação das
frações de querosene na horizontal.
Figura 6.31. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com
a frações de querosene obtidas pelo modelo homogêneo na linha horizontal. Dispersão
de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI);
emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em
óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
Figura 6.32. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de fases separadas. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
149
Figura 6.33. Comparação das frações de querosene locais médias (experimental) com a fração
de querosene do modelo de deslizamento de Zuber e Findlay (1965), com parâmetros
determinados pelo Método I. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em água
(o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
150
Os resultados dos gradientes de pressão nas linhas vertical, curva e horizontal são
discutidos nesse capítulo, além da análise da inversão de fase. Os gradientes de pressão nas
linhas foram obtidos com transdutores de pressões diferenciais e comparadas com modelos
teóricos. Também é apresentada uma análise do fator de atrito.
cresce a uma taxa constante e independe de JW. Assim, para JK ≥ 0,2 m/s e 0,4 m/s ≤ JW ≤ 0,8
m/s a taxa de crescimento do gradiente de pressão é a mesma.
A Figura 7.2 mostra o gradiente de pressão horizontal para a grade de teste em função
de JK para JW constante. Observa-se que o gradiente aumenta com a velocidade de mistura,
independentemente se o aumento é devido a JK ou JW. Observa-se também para todos os casos,
exceto para JW = 1,0 m/s, que há uma descontinuidade na variação do gradiente de pressão.
Essa descontinuidade ocorre para JK = 0,4 m/s e é causada pela mudança de padrão de
escoamento. Para JK ≤ 0,4 m/s o querosene escoa na forma de gotas e para JK > 0,4 m/s o
querosene escoa na forma contínua (vide Figura 6.19). As maiores quedas de pressão ocorrem
em razão da grande turbulência causada pelas gotas e quando o querosene se torna contínuo o
gradiente de pressão diminui. Apesar dessas descontinuidades, a taxa de crescimento do
gradiente de pressão para JW ≥ 0,6 m/s são iguais, antes e depois da descontinuidade. Para JW =
0,4 m/s e JK ≤ 0,4 m/s a taxa de crescimento é igual à taxa de JW ≥ 0,6 m/s. Assim como para
JW ≤ 0,2 m/s as taxas de crescimento antes e depois da descontinuidade são iguais.
Figura 7.2. Gradiente pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água na linha horizontal.
de 20% são apenas para as velocidades de mistura altas. Isso ocorre porque para altas
velocidades a curva mostra uma influência significativa na perda de pressão que pode chegar
até 1,1 kPa para a velocidade de mistura de 1,8 m/s. Observa-se que o gradiente aumenta com
a velocidade de mistura, independentemente se o aumento é devido a JK ou JW. Nota-se ainda
uma diminuição da pressão para a velocidade superficial de água de 0,8 m/s e a velocidade
superficial de querosene variando de 0,4 para 0,6 m/s. Esse comportamento é causado pela
mudança do padrão de escoamento na curva, como mostra a Figura 7.5. Para JW = 0,8 m/s e
JK = 0,4 m/s o padrão identificado é o de gotas de querosene escoando em água contínua. Essas
gotas aumentam a turbulência do escoamento aumentando a queda de pressão. Para JW = 0,8
m/s e JK = 0,6 m/s nota-se um padrão no qual o querosene escoa como uma fase contínua com
poucas gotas escoando na água, assim a queda de pressão sofre uma redução. Devido aos
poucos pontos da Figura 7.4 uma análise do comportamento para as velocidades superficiais de
água de 0,1; 0,2; 0,4 e 0,6 m/s torna-se complicado.
Figura 7.3. Gradiente de pressão em função da velocidade superficial de querosene para cada
velocidade superficial de água no conjunto vertical+curva+horizontal.
154
Tabela 7.1. Incertezas das medidas experimentais para a queda de pressão na curva.
Incerteza - dp curva (%)
1,0 13,3 12,0 9,9 8,5 6,6
0,8 27,4 23,3 16,9 20,5 11,6 7,5
0,6 54,0 42,5 87,1 19,1 12,8 9,4
JW (m/s)
Figura 7.4. Queda de pressão na curva em função da velocidade superficial de querosene para
cada velocidade superficial de água.
155
Figura 7.5. Imagens do escoamento na curva para JW = 0,8 m/s e JK = 0,4 e 0,6 m/s.
Para analisar a precisão dos transdutores foi determinado o fator de atrito do escoamento
monofásico, apenas para a água e apenas para o querosene. As pressões foram obtidas para a
linha vertical e horizontal para os dois fluidos escoando separadamente. A Figura 7.6 mostra o
fator de atrito monofásico comparado com a equação de Blasius. Nota-se que a curva ajustada
confere com a equação de Blasius, observando-se uma leve dispersão dos pontos para número
de Reynolds abaixo de 104 devido às incertezas das medidas para baixas velocidades.
O fator de atrito bifásico é calculado para as linhas vertical e horizontal. Para o cálculo
dos fatores de atrito bifásico são necessários os gradientes de pressão bifásicos, apresentados
na Seção 7.1, e as frações de querosene. As frações de querosene na vertical foram determinadas
pelo método gravimétrico (fração de querosene média) e na horizontal determinadas com a
sonda de impedância local (fração de querosene local média). O fator de atrito de Fanning para
o escoamento bifásico, Cf, é calculado por.
156
1 p D
Cf (7.1)
2 M v M2 L
A Figura 7.7 mostra os fatores de atrito para cada ponto da grade de testes das linhas
vertical e horizontal, comparados com aqueles obtidos pela equação de Blasius ajustada para
escoamentos bifásicos, Eqs. (5.11) e (5.29). A equação de Blasius é escolhida por ter sido
utilizada no cálculo dos modelos unidimensionais. Observa-se que para pontos acima de
Reynolds de 104 os dados experimentais se aproximam aqueles calculados pela equação de
Blasius. Para pontos abaixo dessa faixa os valores, principalmente da horizontal, se afastam
daqueles fornecidos pela equação de Blasius. Observa-se, então, que a equação de Blasius não
prediz com precisão os fatores de atrito bifásicos para os casos testados, principalmente para
Reynolds abaixo de 104.
Figura 7.7. Comparação entre os fatores de atrito bifásicos medidos e calculados pela equação
de Blasius.
a) Linha Vertical
16,7% para 17% e no caso do padrão CT o desvio RMS foi de 39,9% para 38,2%. Esse valor
de 17% e 38,2% podem ser atribuídos às elevadas incertezas, que ocorrem para às baixas
velocidades superficiais na medida do gradiente de pressão e em razão da dificuldade da
modelagem das tensões interfaciais que possuem forte influência no gradiente de pressão.
b) Linha Horizontal
experimental com aqueles obtidos pelo modelo homogêneo. Nota-se que o modelo mostrou boa
concordância com os dois padrões dispersos (o/w e w/o) e o padrão Dw/o&Do/w e apenas um
ponto do padrão ST&MI está fora da faixa de ±10%, fazendo com que o desvio RMS aumente
para 101%. O padrão Do/w&w apresentou todos os pontos fora da faixa de ±10%. O modelo
homogêneo é ideal para os padrões o/w e w/o por serem padrões nos quais o deslizamento é
menor, que se mostrou uma boa aproximação.
Para os padrões Do/w&w, ST&MI e Dw/o&Do/w o modelo separado é o mais indicado
uma vez que considera as duas fases estratificadas. A Figura 7.14 compara o gradiente de perda
de pressão dos padrões Do/w&w, ST&MI e Dw/o&Do/w com o modelo de fases separadas.
Observa-se que para os padrões Do/w&w e ST&MI ocorre uma pequena melhora em relação
ao modelo homogêneo, mas ainda mostrando valores altos de desvio RMS. Para o padrão
Dw/o&Do/w nota-se um leve aumento do desvio RMS. Na Figura 7.14 os maiores desvios
ocorrem para os menores gradientes de pressão, sendo que os resultados experimentais para
esses casos são maiores que os determinados teoricamente. Isso pode estar relacionado com as
diferenças de padrões observados. O padrão esperado para baixas vazões de injeção é o padrão
estratificado suave, na qual o gradiente de pressão é baixo devido às baixas turbulências e baixas
velocidades. O padrão observado no presente trabalho é um padrão no qual gotas de querosene
escoam na parte superior do duto. Isso faz com que a turbulência devido às gotas seja maior,
aumentando os gradientes de pressão. Outra causa pode ser a influência do fator de atrito do
escoamento bifásico. Como visto na Figura 7.7 o fator de atrito bifásico apresenta valores
superiores aos determinados pela equação de Blasius, principalmente para os baixos valores de
velocidade. Além disso, a modelagem das tensões interfaciais no modelo de fases separadas
tem grande influência nos resultados. Portanto, faz-se necessária uma análise mais aprofundada
de correlações de tensões mais apropriadas para o caso.
A Figura 7.15 compara o gradiente de pressão experimental com o modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Observa-se que para alguns padrões
houve uma melhora, como o padrão Do/w&w cujo desvio RMS diminui de 195% para 132%.
Para todos os outros padrões os desvios RMS estão muito próximos dos obtidos no modelo
homogêneo. Portanto, percebe-se que o modelo utilizado não possui tanta influência se as
correlações utilizadas para os fatores de atrito não forem bem analisadas.
163
Figura 7.13. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
homogêneo na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado
com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o); emulsão de óleo em
água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água (Dw/o&Do/w).
Figura 7.14. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo
separado na linha horizontal. Dispersão de óleo em água e água (Do/w&w); estratificado com
mistura na interface (ST&MI); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
164
Figura 7.15. Comparação dos gradientes de pressão experimental e calculados pelo modelo de
deslizamento de Zuber e Findlay (1965) pelo Método II. Dispersão de óleo em água e água
(Do/w&w); estratificado com mistura na interface (ST&MI); emulsão de água em óleo (w/o);
emulsão de óleo em água (o/w); dispersão de água em óleo e dispersão de óleo em água
(Dw/o&Do/w).
Para determinar a inversão de fase foi escolhida a velocidade de 1,2 m/s, pois assim
tem-se maior quantidade de imagens para comparação. Essa velocidade de mistura é mantida
constante para cada configuração de mistura das fases. As Figuras 7.16 e 7.18 mostram os
gradientes de pressão normalizados em função da fração de injeção de água, respectivamente,
para as linhas vertical e horizontal. Os gradientes de pressão normalizados são determinados
dividindo os gradientes de pressão bifásicos pelos gradientes de pressão que resultariam caso
165
apenas querosene escoasse pelo duto. Os gradientes de pressão para o escoamento de apenas
querosene foram obtidos experimentalmente para a velocidade de 1,2 m/s.
No escoamento vertical ascendente a inversão de fase apresenta um ponto de mínimo
do gradiente de pressão. A Figura 7.16 mostra que esse ponto de mínimo ocorre entre 60 - 80 %
de fração de água, que provavelmente define a mudança da predominância do querosene para
a predominância da água. A Figura 7.17 mostra os padrões que ocorrem para a velocidade de
mistura de 1,2 m/s e suas respectivas frações volumétricas de injeção. Observa-se que os
padrões vão de anular até o disperso. No padrão anular o querosene está na forma contínua e
no padrão disperso o querosene se encontra disperso, mostrando que ocorreu a inversão de fase.
Observa-se que a inversão ocorre em 60 – 80% de fração de água na Figura 7.16 e entre 50 e
83% de fração de água na Figura 7.17, mostrando que o ponto de mínimo gradiente de pressão
está de acordo com a ocorrência da inversão de fase. Nota-se que para a fração de água de 100%
o gradiente de pressão normalizado é maior que para a fração de água de 0%. Como as
viscosidades dinâmica dos fluidos são praticamente as mesmas e a densidade do querosene é
menor do que a densidade da água, a viscosidade cinemática do querosene é maior do que a
viscosidade cinemática da água. Portanto, devido a essa diferença na viscosidade cinemática do
querosene e da água, o gradiente de pressão normalizado para o escoamento apenas de água é
maior que o escoamento apenas de querosene.
Ao contrário do escoamento vertical, a inversão de fase em escoamentos horizontais é
geralmente acompanhada por um ponto máximo de gradiente de pressão. A Figura 7.18 mostra
um pico de gradiente de pressão entre 60 - 80% da fração de água. A Figura 7.19 apresenta os
padrões que ocorrem para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas frações
volumétricas de injeção. Nota-se que o padrão inicia-se como Dw/o&Do/w e vai até o o/w. Em
Dw/o&Do/w o querosene se encontra na forma contínua, escoando na parte superior do duto.
Para o/w o querosene se torna disperso. Essa mudança de contínuo para disperso é considera
como inversão de fase. Na Figura 7.18 a inversão ocorre em 60 – 80% da fração de água e na
Figura 7.19 a inversão ocorre em 50 – 66%. Portanto, a inversão deve ocorre entre 60 – 66%
da fração de água.
166
Figura 7.17. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha vertical.
167
Figura 7.19. Sequência de imagens para a velocidade de mistura de 1,2 m/s e suas respectivas
frações volumétricas de injeção de água para a linha horizontal.
168
A injeção será considerada padrão quando a água é injetada pelo centro e o querosene
pelo lado. As Tabelas 8.1 a 8.3 mostram o comportamento do escoamento em uma sequência
de imagens de 1 a 5 para uma injeção padrão. As imagens mostram os padrões que descrevem
o escoamento, lembrando que as imagens de 1 a 5 para a injeção de querosene não ocorrem no
mesmo tempo que as imagens com a injeção de água. Nota-se que existem diferenças para a
injeção de querosene em água e a injeção de água em querosene. Quando se injeta querosene
em água, o querosene inicia escoando na forma de gotas e com o aumento da quantidade de
querosene no duto essas gotas se juntam formando bolsões. Esses bolsões inicialmente escoam
no centro do duto até que o querosene preenche o tubo por completo. Quando injeta-se água no
querosene, a água se acumula no início da injeção e tende a escoar como um pistão com algumas
gotas em sua frente. A água carrega todo o querosene e observam-se algumas gotas de
querosene dispersas no pistão de água. Essa diferença no processo ocorre provavelmente pela
diferença de densidade dos dois fluidos. Como a água é a fase mais densa, a tendência é que ela
se concentre antes de escoar pelo duto, ao contrário do querosene que escoa no momento em
169
Tabela 8.1. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,2 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,2 m/s
JW = 0,2 m/s
JK = 0
170
Tabela 8.2. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,45 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,45 m/s
JW = 0,45 m/s
JK = 0
Tabela 8.3. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção padrão para as
velocidades de 0,65 m/s.
Injeção Normal
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,65 m/s
JW = 0,65 m/s
JK = 0
171
Figura 8.1. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s.
172
Figura 8.2. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s.
Figura 8.3. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
173
Figura 8.4. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s.
Figura 8.5. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s.
174
Figura 8.6. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s.
A Tabela 8.4 mostra a comparação dos tempos necessários para que ocorra a retirada
completa do fluido estagnado no duto. Os tempos são definidos durante o declínio ou o salto
do sinal. Observa-se que para todos os casos o tempo necessário para a limpeza do duto é
sempre menor quando ocorre a injeção de água, sendo que a diferença diminui com o aumento
das velocidades apenas para o querosene. Para o aumento da velocidade da água nota-se que os
tempos são praticamente os mesmos, uma vez que a retirada ocorre quase que instantaneamente.
Tabela 8.4. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades
na injeção padrão.
JW (m/s) JK (m/s) Tempo (s)
0 0,2 21,9
0,2 0 0,5
0 0,45 6,5
0,45 0 0,5
0 0,65 3,4
0,65 0 0,8
175
Tabela 8.5. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,2 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,2 m/s
JW = 0,2 m/s
JK = 0
176
Tabela 8.6. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,45 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,45 m/s
JW = 0,45 m/s
JK = 0
Tabela 8.7. Sequência de imagens do escoamento transiente com injeção invertida para as
velocidades de 0,65 m/s.
Injeção Invertida
Sequência 1 2 3 4 5
JW = 0
JK = 0,65 m/s
JW = 0,65 m/s
JK = 0
177
Figura 8.7. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,2 m/s.
Figura 8.8. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,2 m/s.
178
Figura 8.9. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,45 m/s.
Figura 8.10. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,45 m/s.
179
Figura 8.11. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com água e injeção de querosene com JK = 0,65 m/s.
Figura 8.12. Sinal da sonda de impedância de haste processado ao longo do tempo para o duto
preenchido com querosene e injeção de água com JW = 0,65 m/s.
180
A Tabela 8.8 mostra a comparação dos tempos que são necessários para a limpeza do
duto. Assim como na injeção padrão o tempo necessário para a limpeza do duto é sempre menor
quando ocorre a injeção de água, sendo que diferença diminui com o aumento das velocidades
apenas para o querosene. Para o aumento da velocidade da água nota-se que os tempos são
praticamente os mesmos, assim como ocorre na injeção padrão.
Tabela 8.8. Tempo necessário para a limpeza do duto para cada combinação de velocidades
na injeção invertida.
JW (m/s) JK (m/s) Tempo (s)
0 0,2 14,8
0,2 0 0,7
0 0,45 5
0,45 0 0,8
0 0,65 4,8
0,65 0 0,7
A análise realizada mostra que o tipo de fluido tem grande influência na retirada do
fluido do duto. Além disso a forma como os fluidos são injetados praticamente não modifica
esse comportamento.
181
9 CONCLUSÕES
Os padrões de escoamento observados na linha vertical foram: bolhas (B), agitado (CT),
gotas de água alongadas (EWD), anular (CA) e o disperso (D). Um novo padrão pode ser
identificado, o gotas de água alongadas (EWD), no qual gotas de água alongadas escoam em
um meio contínuo de querosene. O mapa de padrão de escoamento obtido foi comparado com
o mapa de Jana et al. (2006) e mostrou boa concordância, mas com algumas diferenças
específicas. Essas diferenças, podem estar relacionadas principalmente com o tipo de medição
usada por Jana et al. (2006).
A técnica gravimétrica na linha horizontal não foi satisfatória para a determinação das
frações de líquido. A técnica mostrou-se insatisfatória para baixas vazões de querosene devido
a não formação de uma camada completa de querosene. Além disso, a sonda utilizada na
determinação da interface teve uma grande variação no sinal, fazendo com que as incertezas
das medidas aumentassem. Outro fator é a dificuldade da separação completa das duas fases.
Analisando-se os gradientes de pressão vertical, para JW = 0,1; 0,2 e 1,0 m/s nota-se uma
descontinuidade no gradiente de pressão, ocasionado pela mudança de padrão de escoamento.
Esse padrão muda de bolhas/disperso para agitado/anular/gotas de água alongadas. Além das
taxas de variações serem muito semelhantes, independente das velocidades de água.
A queda de pressão localizada na curva foi pequena para baixas velocidades de mistura.
Sendo que apenas para altas velocidades de mistura, a curva tem uma grande influência na perda
de pressão. Essa queda pode chegar até 1,1 kPa para velocidades de JW =1,0 e JK = 0,8 m/s.
como no nosso caso a água, a limpeza ocorre em menor tempo. Isso ocorre, pois, o fluido se
concentra no fundo do duto e quando atinge uma determinada concentração é empurrado em
forma de um pistão alongado retirando praticamente todo o querosene do duto. Determinou-se
ainda que a injeção, sendo feita pelo centro ou pelo lado, não influencia nesse tipo de
comportamento dos fluidos.
Para futuros trabalhos recomenda-se utilizar maiores linhas de teste, tanto na vertical
como na horizontal. É necessário obter resultados experimentais para maiores velocidades de
mistura, diferentes diâmetros de tubos e inclinações. Utilizar outras técnicas de medições para
as frações de líquido na linha horizontal, assim como utilizar a técnica da sonda de impedância
local para uma maior quantidade de pontos ao longo da seção transversal do duto. Além da
determinação da fração de líquido na curva. Para os modelos unidimensionais é necessário
realizar um estudo aprofundado das correlações, principalmente dos fatores de atrito bifásicos,
que possuem grande influência na determinação dos gradientes de pressão. É necessário um
estudo do escoamento transiente na linha horizontal assim como sua modelagem. Além da
análise da inversão de fase para maiores quantidades de pontos e a inversão pelo caminho
inverso.
186
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Para determinar a incerteza de uma medida direta, divide-se a medida pela menor escala
do instrumento utilizado, sendo ui a incerteza relativa de cada parâmetro medido
independentemente. Assim as incertezas de medidas são dadas pelos instrumentos utilizados
para sua e medição. Os instrumentos utilizados foram às balanças, cronômetro, paquímetro,
trena e o manômetro. As menores escalas dos instrumentos são mostradas na Tabela A.1.
Tabela A.2. Incerteza dos instrumentos utilizados nas medidas das densidades e viscosidades
dos fluidos.
Propriedade Incerteza
Densidade ±1 kg/m3
Viscosidade ±0,3%
A densidade do mercúrio foi obtida do livro CRC Handbook of Chemistry and Physics
assim a incerteza da densidade do mercúrio é o erro da tabela (±0,1 kg/m3). A incerteza de
constantes como o número pi e a aceleração da gravidade são desprezíveis.
Para a medição de pressão foi utilizado um transdutor de pressão SMAR LD301 que
possui uma incerteza definida pelo instrumento de ±0,04% do spam.
1/ 2
x R 2 x R 2 xn R
2
uR 1
u1 2
u2 ... un (A.1)
R x1 R x2 R xn
A.2.1.Velocidade
As incertezas das velocidades superficiais dos fluidos injetados pelas bombas HD 20C
são definidas por quatro medidas: massa, tempo,densidade do fluido e área do duto. A
velocidade pode ser calculada por:
193
.
Q m m
J (A.2)
A A A t
uJ um ut u 4u A
2 2 2
2 1/ 2
(A.3)
J B p (A.4)
v
B (A.5)
p
1/ 2
1 2
u J u m u t u 4 u A u p
2 2 2 2
(A.6)
2
dp
HK (A.7)
W K g
194
2 1/ 2
W
2
K
udp
uH K
2
uW u K (A.8)
W K W K
HK h
K (A.9)
HT
e a incerteza:
1/ 2
H
2
H K
2
u K
K
uH K
uh uH T 2
(A.10)
H K h H K h
Para o cálculo da perda de pressão por atrito nas linhas vertical e curva é necessário
descontar o termo de pressão devido à gravidade, assim a equação de Bernoulli se torna:
dp f dp ghW M (A.11)
2 1/ 2
hg W K
2 2
W gh
2
M gh
dp
uh f udp
uh uW u M (A.12)
dp f
dp dp f
dp f
f
Para o cálculo da perda de pressão a densidade de mistura é necessária sendo ela dado
por:
M K H K W 1 H K (A.13)
e a incerteza relativa:
2 1/ 2
K K W
2
W 1 K
2
u M K K
u K u K uW (A.14)
M M M
A Tabela A.3 mostra as máximas incertezas relativas das variáveis obtidas nos cálculos
de propagação de incerteza relativa exceto para os gradientes de perda de pressão que são
mostradas nas Tabelas A.4 a A.6. São mostradas as perdas de pressão para todos os pontos na
linha vertical, horizontal e curva respectivamente..
196
Tabela A.4. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha vertical para
cada combinação de velocidades superficiais.
Tabela A.5. Incertezas relativas (%) do gradiente de perda de pressão na linha horizontal para
cada combinação de velocidades superficiais.
JW (m/s) Incerteza – dp/dz horizontal
1,0 3,89866 3,2541 2,4666 2,03576 1,66552
0,8 5,28532 4,11309 2,87778 2,7043 2,22404 1,83711
0,6 7,16039 5,20589 3,53886 4,06701 3,17725 2,53369
0,4 10,1397 6,63437 4,04263 5,31597 4,13132 3,26764
0,2 12,3362 8,11916 5,17087 8,09415 5,89597 4,31749
0,1 15,3588 9,34917 5,7984 11,1865 7,05784 5,00787
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)
197
Tabela A.6. Incertezas relativas (%) da perda de pressão na curva para cada combinação de
velocidades superficiais.
JW (m/s) Incerteza - dp curva
1,0 13,3473 12,0033 9,9141 8,59357 6,66864
0,8 27,422 23,3921 16,902 20,5443 11,6935 7,50976
0,6 54,067 42,5838 87,1745 19,1368 12,8831 9,4667
0,4 103,468 127,685 2252,6 25,3562 17,8901 10,7522
0,2 101,157 269,992 180,362 46,7279 27,3831 13,0489
0,1 1304,33 4120,45 2576,68 68,5341 28,9796 14,2545
0 0,1 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
JK (m/s)
198
Neste apêndice são mostradas as imagens obtidas com a câmera fotográfica (Nikon 810)
juntos com as imagens obtidas com a câmera de alta velocidade (MotionXtra N3). A Figura B.1
mostra as imagens para a linha vertical e a Figura B.2 para a linha horizontal. É apresentada
também as imagens do escoamento na curva e seus respectivos números de Froude, Figura B.3
a B.6.
Ainda são apresentadas as comparações entre as imagens e os perfis de fração de
querosene para cada combinação de velocidades. As Tabelas B.1 até B.12 mostram essas
comparações para o escoamento na linha vertical e horizontal respectivamente.
199
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
1,0
0,8
0,6
JW (m/s)
0,4
0,2
0,1
Figura B.2. Padrões de escoamento para a linha horizontal. Imagens com câmera de alta
velocidade e câmera fotográfica
201
0,4
Fr=-0,57 Fr=-0,67 Fr=-1,37
0,2
JW (m/s)
0,1
Fr=-0,18 Fr=-0,18 Fr=-0,46
Figura B.3.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e
JK = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s
0,4
Fr=0,76 Fr=1,93 Fr=2,92
0,2
JW (m/s)
0,1
Fr=-0,04 Fr=0,78 Fr=1,43
0,6 0,8 1
JK (m/s)
Figura B.4.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s e
JK = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s
202
1
Fr=1,19 Fr=-0,29 Fr=-0,34
0,8
JW (m/s)
0,6
Fr=-0,25 Fr=-1,01 Fr=-1,05
Figura B.5.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e
JK = 0,1; 0,2 e 0,4 m/s
1
Fr=3,19 Fr=12,2
0,8
JW (m/s)
0,6
Fr=2,01 Fr=3,23 Fr=5,44
0 0,6 0,8 1
JK (m/s)
Figura B.6.Imagens com a câmera de alta velocidade na curva para JW = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s e
JK = 0,6; 0,8 e 1,0 m/s
203
Tabela B.1. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,1 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
0,1 0,1
0,1 0,2
0,1 0,4
0,1 0,6
0,1 0,8
0,1 1
204
Tabela B.2. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW
JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s)
0,2 0,1
0,2 0,2
0,2 0,4
0,2 0,6
0,2 0,8
0,2 1
205
Tabela B.3. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
0,4 0,1
0,4 0,2
0,4 0,4
0,4 0,6
0,4 0,8
0,4 1
206
Tabela B.4. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,6 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
0,6 0,1
0,6 0,2
0,6 0,4
0,6 0,6
0,6 0,8
0,6 1
207
Tabela B.5. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,8 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
0,8 0,1
0,8 0,2
0,8 0,4
0,8 0,6
0,8 0,8
0,8 1
208
Tabela B.6. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 1,0 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW (m/s) JK (m/s) Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
1 0,1
1 0,2
1 0,4
1 0,6
1 0,8
209
0,1 0,1
0,1 0,2
0,1 0,4
0,1 0,6
0,1 0,8
0,1 1
210
Tabela B.8. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,2 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)
0,2 0,1
0,2 0,2
0,2 0,4
0,2 0,6
0,2 0,8
0,2 1
211
Tabela B.9. Comparação entre as imagens e os perfis de fração de querosene na linha vertical
para JW = 0,4 m/s e JK variando entre 0,1 e 1,0 m/s.
JW JK
Visualização Perfil Fração de Querosene (Sonda)
(m/s) (m/s)
0,4 0,1
0,4 0,2
0,4 0,4
0,4 0,6
0,4 0,8
0,4 1
212
0,6 0,1
0,6 0,2
0,6 0,4
0,6 0,6
0,6 0,8
0,6 1
213
0,8 0,1
0,8 0,2
0,8 0,4
0,8 0,6
0,8 0,8
0,8 1
214
1,0 0,1
1,0 0,2
1,0 0,4
1,0 0,6
1,0 0,8