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1. Identificação do Projeto
x
Recém-Doutor
Aluno
Robson Lincon Passos dos Santos
SIM NÃO
X
Resumo (Liberado)
Sumário (Liberado)
Introdução (Liberado)
Justificativa (Liberado)
Objetivos (geral e especifico) (Liberado)
Revisão bibliográfica (Liberado)
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RELATÓRIO PARCIAL PIBIC/PAIC 2018-2019
1. Introdução
A Leishmaniose é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a
segunda doença mais importante causada por protozoários. Ela ocorre nove estados no
Brasil e a região Norte apresenta um total de 34,9% dos casos. Na Amazônia brasileira
ocorrem diferentes espécies do protozoário do gênero Leishmania responsáveis pela
Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). O atual status da LTA baseados nos registros
do Ministério de Saúde e Saneamento revelou uma incidência de 10.45 a 22.9 pessoas a
cada 100,000 habitantes, indicando claramente uma expansão geográfica da doença
(COSTA, 2005; MS, 2011; TELES, 2011).
De acordo com os dados da OMS, 65 a 80% da população nos países em
desenvolvimento dependem exclusivamente das práticas tradicionais de medicamentos
provenientes de plantas medicinais (WHO, 2011). O estudo das plantas medicinais permite
o entendimento das bases racionais para o uso medicinal de algumas espécies vegetais,
desenvolvimento de fitoterápicos a baixo custo e a descoberta de novas drogas
(EMBRAPA, 1994).
Em relação à biodiversidade vegetal a Floresta Amazônica é detentora da maior
reserva de plantas medicinais do mundo, tendo em mãos a oportunidade para estabelecer
um modelo de desenvolvimento próprio e soberano na área de saúde e uso de plantas
medicinais e fitoterápicos, que prime pelo uso sustentável dos componentes da
biodiversidade. Esta Política tem como premissas o respeito aos princípios de segurança e
eficácia na saúde pública e a conciliação de desenvolvimento socioeconômico e
conservação ambiental, tanto no âmbito local como em escala nacional (DIAS, 1995;
AGRIANUAL, 2002; BRASIL, 2006).
O país apresenta um quadro epidemiológico de urgente atenção para que haja
melhoria na média da saúde pública nacional. Embora ainda escassos, os avanços nos
estudos de desenvolvimento de novos tratamentos mais efetivos e seguros contra a
leishmaniose, usando agentes terapêuticos naturais, estão sendo revisados os últimos
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anos, o que garante segurança na utilização das mesmas como medicamento (CHAN-
BACAB, 2001; ROCHA et al., 2005). Devido aos efeitos adversos, a toxicidade, a
internação prolongada, e ao alto custo do tratamento atual, há necessidade da busca de
novas drogas, entre elas os fitoterápicos. Alguns estudos indicam que, se a seleção das
plantas é feita baseada no uso tradicional, as possibilidades de sucesso da pesquisa são
maiores (TROTTER et al., 1982; ELISABETSKY, WANNMACHER, 1993).
Seguindo esta vertente algumas espécies vegetais começaram a ser utilizadas
experimentalmente no desenvolvimento de pesquisas para o tratamento de leishmaniose
cutânea (PAULA et al., 2003; NAKAMURA et al., 2006; MONZOTE et al., 2007). Estudos
comprovam que todos os espécimes vegetais apresentam propriedades de resistência. O
metabolismo secundário das plantas apresenta ação biológica direta contra patógenos ou
na indução de resistência de plantas, devido características elicitoras, presente nos
princípios ativos de plantas da flora brasileira. Os óleos essenciais das plantas são
especialmente ricos em metabólitos secundários por isso são largamente utilizados na
medicina tradicional através de diferentes processos de extração (NIERO et al., 2003;
SCHWAN-ESTRADA et al., 2003). Isolados de extratos vegetais, diversos compostos
químicos têm comprovada atividade antileishmania sobre formas promastigotas e/ou
amastigotas de Leishmania em ensaios in vitro. Ainda existem muitas espécies vegetais
com potencial atividade leishmanicida que devem ser avaliadas, apesar dos diversos
estudos nessa área (BEZERRA et al., 2006).
A família Rutaceae apresenta 150 gêneros e 1.500 espécies, distribuídas em regiões
tropicais, subtropicais e temperadas do mundo, sendo mais abundante na América tropical,
Sul da África e Austrália. No Brasil, a família está representada por aproximadamente 29
gêneros e182 espécies, com algumas de importância medicinal, ecológica e econômica. os
óleos cítricos são muito versáteis e são principalmente utilizados como aromatizantes em
bebidas, sabonetes, cosméticos, produtos domésticos entre outros. Esses óleos são
também bastante usados em tratamentos médicos e são conhecidos por exibir
propriedades antimicrobianas, como antifúngica, antibacteriana, antiviral e antiparasitária
(SEVERINO et al., 2015; REHMAN et al., 2007; ESTEVAM et al., 2016).
O potencial leishmanicida de óleos essenciais tem sido bastante estudado e óleos
essenciais das espécies de Citrus, em especial, são muito versáteis pois são utilizados
para diversos fins como: aromatizante em bebibas, sabonetes, cosméticos, produtos
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domésticos entre outros. Os óleos também são bastante empregados para tratamentos
médicos e já apresentaram atividades sedativas, hipnóticas, antitumoral, antibiótica,
antibacteriano, antifúngico, antitripanossoma, citotóxico, hemolítico, antioxidantes e
principalmente antileishmanicida (HAMMER et al., 1999; LIMA, 2006; REHMAN, 2007;
ARRUDA et al., 2009; MICHELETTI, BEATRIZ, 2012; YORK et al., 2012; CAMPELO,
2013; . GOMES, 2014; CARNEIRO et al., 2015; ESTEVAM, 2016).
A disponibilidade de acesso a estas espécies, aliada a potencialidade química
farmacológica da família Rutaceae levaram à investigação das espécies Citrus aurantifolia
e Citrus lemon. No presente estudo será realizada avaliação da ação leishmanicida in vitro
das espécies Citrus aurantifolia e Citrus lemon frente a formas promastigotas de L.
amazonensis, que é uma das espécies causadoras de Leishmaniose Tegumentar
Americana (LTA).
2. Justificativa
As doenças tropicais negligenciadas são um grupo de 17 doenças consideradas
infecções crônicas comuns em pessoas mais carentes, de países menos desenvolvidos. A
leishmaniose é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por protozoários do
gênero Leishmania e que afeta mais de 12 milhões de pessoas mundialmente.
O tratamento é feito à base de antimoniais pentavalentes, anfotericina B e
pentamidinas, as quais são tóxicas, de custo elevado, difícil administração e podem gerar
resistência do parasito. (BEZERRA et al., 2006; HOTEZ et al., 2016). Muitas plantas dos
biomas brasileiros, tais como o cerrado, a floresta amazônica e a mata atlântica têm sido
utilizadas como fármacos naturais pelas populações locais no tratamento de várias
doenças tropicais, incluindo esquistossomose, leishmaniose, malária, infecções fúngicas e
bacterianas (ALVES et al., 2000; MOREIRA et al., 2002; ROCHA et al., 2005). Porém,
esses tratamentos são empíricos e pouco se sabe sobre sua real eficácia, uma vez que
pode ocorrer a cura espontânea das lesões (MARSDEN, 1994; COSTA et al., 1990).
A utilização da flora com propósito terapêutico é tão antiga quanto o aparecimento da
civilização humana, que procurava no reino vegetal alimentos, abrigos e meios para alívio e
cura de suas dores. Porém, logo após a Segunda Guerra Mundial, houve a difusão do uso
de fármacos sintéticos, o avanço dos antimicrobianos e da vacinação em massa,
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3. Objetivos
3.1. Objetivo geral
Avaliar a atividade biológica de Citrus aurantifolia e Citrus lemon frente a formas
promastigotas de Leishmania amazonenses, visando contribuir com subsídios científicos
para o desenvolvimento de novos fármacos e/ou como fonte de matérias-primas
farmacêuticas, potencialmente eficazes, no combate à leishmaniose.
3.2. Objetivos específicos
Avaliar o efeito leishmanicida in vitro dos extratos de Citrus aurantifolia e Citrus
lemon em formas promastigotas de L. amazonenses; Identificação da concentração
inibitória do crescimento parasitário (IC50) dos extratos.
4. Revisão Bibliográfica
4.1. Leishimaniose
A leishmaniose é uma doença infecto-parasitária que atinge o homem, sendo
causadas por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania (CROFT E COOMBS,
2003). O gênero Leishmania compreende os protozoários com um ciclo de vida digenético
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sinensis (Laranja), Citrus paradisi (Toranja), Citrus deliciosa (Mandarim), Citrus lemon
(Limão) e Citrus aurantifolia (Lima) (SAÏDANI; DHIFI; MARZOUK, 2004).
Os frutos deste gênero são produzidos em vários países . Os Estados Unidos lidera
o mundo com um rendimento médio de 30 toneladas por hectare seguido pelo Brasil e
China, com 20-25 e 18-20 toneladas, respectivamente (ANWAR et al., 2008). São
originários da Ásia, devido às condições favoráveis para seu desenvolvimento foram
introduzidas no Brasil pelos portugueses (COSTA, 2000).
Citrus são reconhecidas como uma das mais importantes fruteiras do mundo. São
colhidas em muitos países com clima tropical ou subtropical e os principais produtores são
Brasil, China, Japão, México, Paquistão, E.U.A. e os países da região do Mediterrâneo. A
produção citrícola mundial é de cerca de 105 milhões T / ano (ANWAR et al., 2008).
Tanto no cultivo quanto no processamento de citros podem ser gerados grandes
volumes de resíduos. No manejo dos pomares de citros é realizado o raleio, que é a
remoção e o descarte de parte dos frutos verdes para atingir melhor qualidade final de
frutos. Já na extração de suco de citros, praticamente 50% do fruto é considerado
subproduto (CHON e CHON, 1997).
Atualmente, os resíduos de suco de laranja são aproveitados na forma de farelo de
polpa cítrica peletizada, polpa congelada, melaço, d-limoneno, suco extraído da polpa (Pulp
Wash), óleos essenciais, essência oleosa e essência aquosa (DARROS-BARBOSA e
CURTOLO, 2005).
A casca de citros, folhas e frutos possuem diversos metabólitos secundários,
responsáveis por sua proteção contra fatores bióticos e abióticos, como terpenoides,
carotenoides, cumarinas, furanocumarinas e flavonoides, principalmente flavononas e
flavonas polimetoxiladas, raras em outras plantas (AHMAD et al., 2006). Esses compostos
estão presentes em extratos e óleos de citros, e têm despertado interesse em diversas
áreas em virtude da bioatividade, como atividade antibacteriana (FRIEDMANN, 2004;
ASHOK KUMAR, 2011), antifúngica (LIU, 2012), antioxidante (PATIL, 2009), inseticida
(SISKOS, 2008), antiinflamatória (MABRY e ULUBELEN, 1980), entre outras atividades.
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5. Metodologia
5.1. Coleta e preparação do material botânico.
O material botânico (cascas, folha e galhos finos) foi coletado na fazenda
Experimental da Universidade Federal do Amazonas (FAEXP/UFAM, Rodovia BR-174, Km
922, antigo Km 38), contidas numa área de 1.443 m2 (Figura 1).
As exsicatas das plantas foram identificadas por especialistas e posteriormente
depositadas no herbário da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus – AM.
Depois de coletadas, as diferentes partes das plantas (cascas, folhas e galhos) foram pré-
secas à sombra em temperatura ambiente, e após foram postas em estufa de ar circulante,
a 65 ºC por 72 horas, após isso foram processadas em moinho quatro facas MSSL-304
polido, de propriedade do Centro de dinâmica ambiental – CDAM do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia- INPA, passadas em peneira de 1mm e armazenadas em sacos
plásticos identificados e armazenados no laboratório de Parasitologia e Microbiologia
animal.
microscópico óptico com aumento de 400X. A média aritmética de duas contagens será
utilizada para calcular o número de parasitas contidos em 1 mL de cultura.
Os dados obtidos serão analisados segundo a fórmula: nº de parasitas = nº de
parasitas contados x inverso da diluição x 10 4 (SILVA-JARDIM, 2001). Conforme o
protocolo proposto por Silva-Jardim (2001), o número de leishmanias na forma
promastigota será avaliado em material codificado por dois observadores independentes.
Os parasitas corados em vermelho serão considerados mortos e os birrefringentes e
móveis considerados vivos. O Cálculo será realizado considerando apenas o número de
parasitas vivos.
5.6. Avaliação da atividade leishmanicida in vitro – formas promastigotas
A avaliação da atividade leishmanicida será realizada no laboratório de microbiologia
e parasitologia animal da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA/UFAM), sob a orientação
da Profª. Drª. Janaína Paolucci Sales de Lima. A avaliação da viabilidade das promastigotas
na presença das amostras será realizada segundo o protocolo proposto por Fumarola e
colaboradores (2004, p. 225-227).
As culturas de promastigotas serão mantidas a 24 ºC em meio NNN enriquecido com
RPMI 1640, suplementado com soro fetal bovino inativado a 10% (SIGMA), L-glutamina 2
mM (GIBCO) e os antibióticos penicilina (100 U/mL) e estreptomicina (100 μg/mL) (SIGMA).
Antes de cada experimento será observado no microscópio a motilidade flagelar dos
parasitos. Para os ensaios, os extratos serão diluídos cinco vezes em meio RPMI completo,
obtendose a concentração de 1 mg/mL. Deste, serão retirados 100 μL os quais serão
diluídos seriadamente, em placas de 96 poços de fundo chato (Costar), na proporção de
1:2, resultando nas concentrações finais de 100, 50, 25, 12 e 6 μg/mL. Em cada poço serão
adicionados 10 μL da suspensão contendo 5 x 106 formas promastigotas de L.
amazonensis por mL. Pentamidina, droga utilizada no tratamento das leishmanioses, será
utilizada nas mesmas concentrações dos extratos. Como controle serão utilizadas as
formas promastigotas cultivadas em meio RPMI completo.
A atividade leishmanicida dos extratos serão avaliadas pela inibição do crescimento
de formas promastigotas após 24, 48, 72, 96 e 120 h de incubação a 24 ºC, pela contagem
do número total de promastigotas vivas, levando-se em consideração a motilidade flagelar,
utilizando-se câmara de Neubauer e microscópio ótico de luz comum. A contagem será
comparada com o controle positivo (crescimento das formas promastigotas sem o látex),
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controle do solvente e controle negativo. Cada concentração dos extratos serão analisadas
em triplicata. Os resultados serão expressos como concentração inibitória do crescimento
parasitário (IC50), baseado em Schmeda-Hirschman e colaboradores (1996) e Camacho e
colaboradores (2003).
Os cálculos de IC50 foram realizados utilizando modelo de regressão não-linear
através da curva dose-resposta de inibição (Log [inibidor] x resposta), descrevendo a
relação existente entre as várias concentrações das amostras e o número de leishmania
obtidos nas curvas de crescimento. As amostras foram classificadas como altamente ativa
(IC50 < 10 µg/mL), ativo (10 µg/mL < IC 50 < 50 µg/mL), moderadamente ativo (50 µg/mL <
IC50 < 100 µg/mL) e não-ativo (IC50 > 100 µg/mL) (OSÓRIO et al., 2007).
5.7. Análise estatística
A análise estatística dos dados obtidos será efetuada no programa Graph Pad Prism
5.0 pelos métodos tradicionais de análise de variância (ANOVA) e de comparação de
médias. A curva de crescimento de formas promastigotas de L. amazonensis será efetuada
através da diferença entre as médias do número de promastigotas/dia nas diferentes
concentrações de uma mesma droga em relação aos controles pela ANOVA de um fator,
utilizando o teste de StudentNewman-Keuls.
L. amazonensis
Promastigotas/mL 10 9
10 7
10 5
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (Dias)
10 7 Controle
DMSO 10%
Promastigotas/mL
DMSO 5%
DMSO 2,5%
DMSO 1%
*
* DMSO 0,7%
* DMSO 0,5%
10 5 DMSO 0,2%
DMSO 0,1%
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (Dias)
10 7
Promastigotas/mL
Controle
100 g/mL
50 g/mL
10 5 *** ***
*** 25 g/mL
*** 12 g/mL
***
6 g/mL
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (Dias)
7. Referências
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8. Cronograma
Nº Descrição 2017 2018
Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul
1 Revisão bibliográfica x x x x x x x x x x x
2 Coleta de material vegetal x x
3 Preparação e identificação das x x
exsicatas
4 Preparação dos extratos x
5 Obtenção e manutenção das culturas x x x x x x x x x x
de L amazonensis
Curva de crescimento x x x
6
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