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COMO NASCE UM CARRO?

SAIBA EM DETALHES
http://caranddriverbrasil.uol.com.br/carros/especial/como-nasce-um-carro-saiba-em-detalhes/9993

Publicado em 10-03-15 às 11h19 por Car and Driver COMENTE!


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Entramos na maternidade da Volkswagen para dar a resposta mais


completa
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Por Rodrigo Machado // Fotos: Bruno Guerreiro


Você certamente se lembra daquela conversa com seus pais sobre a origem
dos bebês, não é? Apesar de constrangedora, seguramente foi um papo
essencial para o resto da sua vida. Não temos a pretensão de te apresentar um
processo tão importante – e prazeroso – quanto esse, mas vamos fazer o nosso
papel. Fomos até a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP)
para mostrar todo o processo de criação do design de um carro. Desde a ideia
embrionária – as essenciais preliminares – até o modelo que você compra – o
êxtase – e leva para casa para mimar como um recém-nascido.
1º Passo: Estudo

Antes de qualquer linha riscada no papel, uma reunião dita as diretrizes do


projeto. Nela, a fábrica expõe as premissas básicas sobre o novo carro
(segmento, preço e proposta). A partir daí, a equipe de design busca
referências e realiza umbrainstorm (discussão de ideias) sobre o que se espera
do veículo, inclusive com a presença de modelos concorrentes. Depois,
inspirações de arte, arquitetura, tecnologia e até músicas são expostas e
debatidas.
2º Passo: Sketches

Aqui que aparece a mais clássica função de um designer. Cada membro da


equipe cria diversas propostas sobre a ideia discutida anteriormente. Mesmo
com pouca preocupação com a função do veículo em si, o carro precisa ter a
identidade visual da marca. “Desenhar no papel é mais divertido, mas não há
como voltar atrás. Mesmo com lápis, uma borrachada estraga o desenho. O
computador te dá mais liberdade. Afinal, o Control + Z é infinito. Sem falar
de diversas ferramentas que ajudam a chegar ao resultado desejado”, opina
Carlos Fernando Souza Leal, designer da VW que você vê aí em cima
desenhando um conceito no papel.
3º Passo: Package

Também é função da equipe de design criar o conjunto de dimensões e


medidas que vão formar o carro no futuro. Nesse gráfico estão inclusos dados
como altura de abertura do porta-malas, distância do braço do motorista até o
câmbio e ângulo de visão para o painel de instrumentos.
No total, são mais de 400 pontos de referência e análise que serão
desenvolvidos por três anos e usados pelas outras equipes que vão continuar a
gestação do carro. “O primeiro ponto definido é o H, o lugar onde fica o
quadril do motorista. Já a partir dele é possível descobrir que tipo de
automóvel será e qual a sua proposta”, conta o diretor de Design
da Volkswagen do Brasil, Luiz Alberto Veiga

4º Passo: Clay
A combinação dos sketches aprovados e o package dá origem ao clay, um
carro – às vezes até em escala 1:1 – feito de uma massa especial de barro.
Existe, inclusive, uma equipe especializada em modelar a argila, com
ferramentas e técnicas próprias. “Usamos muito 3D hoje em dia, mas digo
que, na Volkswagen, o clay não será aposentado. Existem alguns elementos
que só podem ser observados em escala real e sob a luz do sol”, aponta Veiga.

5º Passo: Mocape

Depois de o clay ser aprovado na sua forma original, o veículo recebe


acabamento e pintura para simular as superfícies do carro que será produzido.
Faróis, grades, vidros e rodas são aplicados para criar uma maquete real, só
que sem mecânica e interior do modelo. A ideia, mais uma vez, é observar
aspectos que só são possíveis sob tamanho e iluminação naturais. Na VW,
existem três fases do mocape, que variam em relação às especificações dadas
pelo package. Na última, o carro apresentado tem de ser absolutamente viável
tecnicamente. Muitos dão as caras em Salões com o objetivo de analisar a
recepção do público ao modelo, em fase final de desenvolvimento.
6º Passo: Color and Trim

Ao mesmo tempo que o exterior é desenhado, modelado em argila e pintado, o


interior também passa pelos mesmos processos. Além do clay, ele recebe
elementos menores, feitos em impressoras 3D. Quando tudo está terminado e
aprovado, a equipe de Color and Trim aparece para “decorar” a cabine com
influências externas, como da moda, por exemplo. “É preciso tomar cuidado,
pois o carro é um bem durável e não efêmero. Sem falar que o que estamos
projetando agora só chega às lojas em três, quatro anos, quando as tendências
atuais já serão passado”, lembra Marilia Biill, supervisora de Color and Trim
da VW.
7º Passo: Aprovação

Com exterior e interior feitos no Brasil, a maquete vai para a matriz da


Volkswagen, em Wolfsburg, na Alemanha. É lá que o italiano Walter de
Silva, chefe de Design do Grupo, aprova todos os veículos das oito marcas da
empresa. Ultimamente, além de Wolfsburg, os carros do Grupo também têm
sido mostrados em Barcelona, na Espanha. “O de Silva acha que os modelos
também precisam ser apresentados sob o sol do Mediterrâneo”, revela Veiga.
“Fiz as contas outro dia e percebei que em 38 anos de empresa, eu já passei
1,5 ano dentro de aviões só fazendo o trajeto entre São Paulo e Alemanha para
aprovar os desenhos”, lembra o diretor de Design.
8º Passo: Modelo matemático e viabilidade técnica

Após a aprovação das linhas pela matriz, a equipe de design parte para criar o
modelo matemático e gerar uma versão virtual do carro. Depois de estudos de
viabilidade técnica e financeira por equipes de engenharia, planejamento
industrial e produção, o futuro modelo é completamente criado em ambiente
virtual. Lá, a equipe pode colocá-lo em cenários e situações diferentes. É a
partir deste modelo matemático e virtual que o ferramental da fábrica é
produzido para poder, finalmente, colocar o carro que você conhece nas ruas.
AMASSANDO O BARRO
Pro inferno com o photoshop! Conheça a melhor ferramenta para criar design de automóveis

Por Michael Frank

O trabalho de Shawn Fairall, funcionário da Lincoln Motor Company com 13


anos de estrada, começa com um monte de argila e termina com um modelo
detalhado de um possível novo modelo da marca. Nesse meio tempo ele
colabora com os designers durante o longo processo de transformar rascunhos
a lápis e renderizações 3D em realidade. Conversamos com o escultor sobre o
papel da tecnologia no estúdio de design, as regras de segurança cada vez
mais rigorosas e conhecemos o seu trabalho mais de perto. Veja as melhores
frases do bate-papo.
- A primeira coisa que você faz ao chegar na empresa é trocar suas calças e
calçados. É um trabalho sujo.
- A argila é bem quente — cerca de 65º C. É preciso usar luvas. É crucial que
as camadas intermediárias estejam bem aquecidas enquanto você trabalha,
senão algumas partes podem se deformar ou até quebrar quando a argila curar.
- O escultor trabalha com os designers para modelar o carro como eles o
imaginaram. O esboço é um gesto do que o designer está procurando, mas
com traços menos refinados.
- Um designer pode dizer “Estou quebrando a cabeça nesse canto, você pode
me ajudar? “ É por isso que vamos para a terceira dimensão, para podermos
ver como ele ficará visualmente, como será a interação com a luz.
- Em uma mesma maquete, pode haver duas propostas de design. Um lado
pode ser mais rígido, mais formal; enquanto o outro é mais esportivo. Você
não está apenas interpretando um sketch, você está trabalhando com ideia.
- Antigamente você trabalhava em um lado do carro até ficar contente, mas
depois sofria para espelhar a outra metade. Hoje nós os escaneamos e o
replicamos virtualmente
- Tecnologia é uma ferramenta importante, mas é apenas uma ferramenta. Ela
não consegue substituir o toque humano.
- Meu carro dos sonhos é a Ferrari 330 P4. O Ford GT40 está quase lá. E há
algo de atraente nos antigos Jaguar — o capô longo, aquelas linhas...
- Para fazer este trabalho é preciso entender as formas, respeitar a história
automotiva e o design de produto. A experiência nesse ramo e os fundamentos
ajudam a encontrar as soluções que os designers estão procurando.
- Todos estão encarando as mesmas leis que restringem o design. Portanto, nas
ruas eu presto atenção como os concorrentes, com os mesmos desafios,
encontraram soluções.
- Todos estão encarando as mesmas leis que restringem o design. Portanto, nas
ruas eu presto atenção como os concorrentes, com os mesmos desafios,
encontraram soluções.
- Fazer um carro parecer musculoso é um verdadeiro desafio. Você quer que
ele pareça a estátua de Davi de Michelangelo, com a percepção dos músculos
sob a superfície, ainda que aquilo seja esculpido em mármore.
- Você pode descobrir muito sobre um escultor olhando as suas ferramentas.
Quando aprendiz, você faz as suas próprias. Não dá pra entrar na loja e
comprar prontas.
- Estas são ferramentas tradicionais e antigas. Trabalhei com escultores
japoneses e alemães, e todos eles têm suas próprias tradições e soluções. Cada
um faz isso ao seu modo.

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