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Política

Ministro do Turismo sabia de esquema de ‘laranjas’


em MG, diz ex-candidata
Marcelo Álvaro Antônio era presidente do diretório estadual do PSL quando ocorreram supostos
casos de desvios; MP-MG marca depoimentos sobre o caso
Por Da Redação
 19 fev 2019, 07h58 - Publicado em 19 fev 2019, 02h37

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O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (Reprodução/ Instagram/ Valter Campanato/ Valter


Campanato/Agência Brasil/VEJA)
Candidata a deputada estadual pelo PSL nas últimas eleições, a professora aposentada

Cleuzenir Barbosa declarou que o partido promoveu um esquema de lavagem  de Assine
dinheiro
público em Minas Gerais, que na época tinha o diretório regional presidido pelo hoje ministro do
Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Segundo depoimento de Barbosa para o jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira, 19, o ministro
do governo Jair Bolsonaro sabia das operações. O caso de Cleuzenir seria o de mais uma
“candidatura laranja” da legenda. Na semana passada, a Procuradoria Eleitoral começou a
investigar quatro candidatas mineiras suspeitas de serem laranjas de Marcelo Álvaro.

O diretório do partido em Pernambuco também é investigado por procedimentos semelhantes. O


escândalo foi uma das causas da queda do advogado Gustavo Bebianno, presidente interino do
PSL durante as eleições, do cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

Cleuzenir, que diz não ter aceitado integrar o esquema, não foi eleita (teve 2.097 votos) e hoje
vive em Portugal. Disse ter deixado o Brasil por temor de retaliações por parte dos aliados de
Álvaro Antônio.

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O esquema de desvio
A professora aposentada conta que, dos 60.000 reais que recebeu do fundo eleitoral para sua
candidatura, um valor de 50.000 reais deveria ser devolvido para assessores de  Álvaro
Antônio.  Ela conta que comunicou a situação a outros membros da equipe do hoje ministro e
tentou denunciar o caso diretamente para ele, mas que nada foi feito.

“Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro
viria para mim e retornaria para eles. Dez mil foi o que me falaram que eu poderia ficar, foi aí que
eu vi que tinha erro. Eles falaram que eu poderia fazer o que eu quisesse. Onde já se viu isso?”, 
 a ex-candidata.
relatou  Assine

Na entrevista, ela diz que se filiou ao PSL por influência de Enéias Reis, deputado suplente de
Álvaro Antônio. “Ele [Enéias Reis] estava indo para Brasília e nós fomos. Bolsonaro nos recebeu,
Marcelo também. E aí veio o convite para me filiar no PSL. Jair fez um vídeo pedindo apoio para
a minha candidatura. Até então, estava tudo correndo dentro do script. Não foi falado em
dinheiro, só de apoio.”

A ex-candidata diz que soube dos desvios apenas quando o dinheiro caiu em sua conta.

“Quem ficou responsável pela minha região foi o Haissander de Paula [assessor do ministro],
que começou a falar que ia vir um dinheiro. Ele falava que o Marcelo [ministro] estava muito
apertado, coitadinho, e que a mãe ia doar um dinheiro pra campanha dele. Era uma história
comovente. Que precisava ajudar outros candidatos com esse dinheiro”, explica Barbosa.

“Falaram que a mãe do Marcelo mandaria na minha conta 50.000 reais. E que eu poderia
contratar pessoas, que viria o dinheiro da mãe do Marcelo, para fazer a campanha. Quando caiu
na minha conta, falei: caiu o dinheiro, mas não sei a origem, preciso ver. Quando ligo pro
Robertinho [Soares, outro assessor] falo que não é dinheiro do fundo da mulher nem da mãe do
Marcelo. Ele respondeu: é o mesmo. Aí quando ele falou isso, caiu a ficha”, completa.

Cleuzenir Barbosa diz que teve que viajar para o exterior após fazer as denúncias sobre o
esquema: “Peço para as mulheres que denunciem. Não fiquem caladas, se exponham, sim. Eu
vou entrar com pedido de proteção à vítima. Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma
quadrilha de bandidos”.

O Ministério Público de Minas Gerais expediu, nesta segunda-feira, 18, intimações para ouvir
vinte pessoas em inquérito que investiga o caso dela e outras supostas “laranjas” do PSL no
Estado – todas candidatas mulheres.

Os depoimentos serão prestados a partir desta semana. Em contato com o jornal O Estado de S.
Paulo, o promotor eleitoral Fernando Abreu, responsável pelo caso, declarou que o inquérito pode
evoluir para uma investigação sobre a ocorrência do crime de lavagem de dinheiro. 

“A primeira coisa a fazer é certificar a existência dos candidatos laranja. Se essas pessoas
receberam ou não os recursos e se gastaram em suas campanhas, se houve apropriação
indébita de recursos públicos e falsidade ideológica. Depois, pode ser que se evolua para
lavagem de dinheiro”, disse o promotor. Entre os intimados, estão candidatos, empresários e
possíveis colaboradores de Marcelo Álvaro durante a campanha – só depois será definido se o
ministro também prestará depoimento”, disse.

Outro lado
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), afirmou que tomou conhecimento da

denúncia  foi chamada
por lideranças partidárias e que determinou sua apuração. “A denunciante Assine
a prestar esclarecimentos em diversas ocasiões e nunca apresentou provas ou indícios que
atestassem a veracidade das acusações”, disse.

Ele também afirmou que Cleuzenir não tem credibilidade por ter sido “aposentada por sentença
judicial que reconheceu distúrbios psiquiátricos incapacitantes total e permanentes”. Ele
também disse que ela repassou a familiares dinheiro da campanha e que fez elogio público a ele
um dia antes de registrar o boletim de ocorrência.

Robertinho Soares, assessor do ministro, disse que “nunca houve nenhuma ameaça à senhora
Cleuzenir”. Ele também afirmou que ela se contradisse em suas acusações. Haissander de Paula
não se pronunciou para o jornal Folha de S. Paulo.

Atual presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), em entrevista a VEJA, criticou a
avaliação de que candidatas com poucos votos e muitos recursos públicos sejam “laranjas”.
Segundo ele, com a exigência de 30% de repasses do Fundo Eleitoral para candidatas mulheres,
as legendas, e isso inclui o PSL, foram obrigadas a investir em pessoas com chances incertas de
vitória, o que possibilitou essas “apostas erradas”.

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