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1 OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS PARA A MISSÃO

A prática missionária exige um profundo olhar para o modelo e referência de missão. A


missão da qual participamos, provêm do próprio Deus, Verbo Encarnado, que assumiu a condição
humana e se encarnou no tempo e na história, convivendo com os homens e ensinando-os a seguir o
caminho desbravado por Ele.
O relato bíblico é essa preciosidade do registro de alguns ensinamentos e práticas deixados
pelo próprio Deus. O Espírito que pairava sobre as águas, que suscitou profetas, que habitou no seio
da Virgem Maria e que conduz a Igreja, é o mesmo que agiu através de homens para redigir estes
fortes textos que perpetuam até os nossos dias e que marcam a essência de uma História de Salvação.
O ato de enviar, mandar, dispensar, refere-se a missão deixada pelo próprio Cristo aos
homens, aos batizados, à sua Igreja, àqueles que aderiram a fé cristã e se decidiram por ela, tornando-
se anunciadores do Reino, “embaixadores de Cristo” (2Co 5,20). O próprio Deus convoca homens e
mulheres para anunciarem o Reino de Deus por todo o mundo. Dá-lhes uma ordem: “Ide, portanto, e
fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”1, sendo esta a base do mandato missionário.
O verbo latino mittere2 relaciona-se profundamente com duas passagens bíblicas que
descortinam a realidade bíblica missionária, tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo
Testamento. No livro do Êxodo o Senhor Deus apresenta o motivo do seu olhar, e eleição pelo povo:
“O Senhor disse: ‘Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por
causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios
e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel”3. E no
Evangelho de São Mateus o mesmo Senhor sente compaixão: “Ao ver a multidão teve compaixão
dela, porque estava cansada e abatida como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A
messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários
para sua messe.”4
A partir dessas duas passagens, constata-se a existência de um Deus que se move ao ter
conhecimento do sofrimento do seu povo, que sai e vai ao encontro, que se faz próximo para auxiliar
e se fazer presente por ser Deus. A dimensão missionária apresentada pelo Senhor, mostra que Ele
entra na vida do outro, toma a dor, a história, a vida e sente compaixão.
No Antigo Testamento não há indícios bíblicos de um envio missionário. Não é possível
mensurar uma saída missionária para outras realidades geográficas ou uma busca pelo outro para lhe

1
Mt 28,19.
2
“Enviar”, “mandar”, “dispensar”.
3
Ex 3,7-8a.
4
Mt 9,36-38.
3

anunciar uma Verdade libertadora, como vemos no Novo Testamento. Dado isso, poderia existir uma
fundamentação bíblica missionária no Antigo Testamento? É óbvio que no Antigo Testamento não
teremos uma noção cristã missionária, mas vemos elementos fortes e essenciais para a missão.
Em todo o AT vemos um Deus que se move, que vem ao encontro do seu povo. Um Deus
que sendo adorado pelo povo, traz em si um movimento de salvação: sai de si para salvar o outro.
O Deus de Israel é um Deus ativo, dinâmico, que se move, e que busca alcançar o homem
para salvá-lo. É um Deus que entra na história e suscita homens, pessoas para fazer ecoar a sua força,
a sua mensagem. É um Deus que entra na história e se empenha em fazer a História! Muda e
transforma a história, não só das pessoas, mas de um povo.
A partir dessa realidade histórica, onde Deus realiza promessas, lançando o povo para um
futuro, realizam-se duas alianças: uma com Noé5 e outra com Abraão6. Com Noé há uma aliança
universal, com toda a humanidade; e com Abrão há uma aliança étnica, pois a partir dele Deus gera
uma relação pessoal com o povo, escolhe e separa Israel como seu povo. E isso o faz não por ser o
melhor dos povos, mas, ao contrário, por ser o menor, o mais frágil. Deus já ensina a predileção pelos
pobres, pequenos, frágeis; não havendo uma separação dos demais povos, mas uma predileção por
Israel. “Deus escolheu Israel, afirmam as Escrituras, não por causa de sua bravura ou status ou
realizações, mas como demonstração do amor gratuito de Deus por aqueles que nada têm7”.
Israel, povo eleito, não se tornará o melhor dos povos, mas o sinal do que Deus faz com os
que Ele escolhe, tornando-se luz do mundo. Essa escolha particular, antes de ser uma realidade
exclusivista, quer ser universal, pois Deus quer salvar e alcançar a todos, partindo deste povo, desta
nação.
As nações esperam pelo Senhor e têm confiança nele (Is 51,5). A Sua glória será revelada a
todas as nações (Is 40, 5). Todos os confins da terra são chamadas a voltarem-se para Deus e
serem salvos (Is 45,22). Ele faz de seu servo Israel, luz para os gentios (Is 42,6;49,6). É
construída uma grande estrada, do Egito e da Assíria até Jerusalém (Is 19,23); as nações se
incentivam umas às outras a percorrerem-na até ao monte do Senhor (Is 2, 5), levando os
seus dons preciosos (Is 18, 7). O objetivo de tudo isso é a adoração no Templo de Jerusalém,
santuário do mundo inteiro, junto do povo da Aliança (Sl 96,9). O Egito será abençoado como
povo de Deus, a Assíria como obra de Suas mãos, Israel como Sua herança (Is 19, 25). A
expressão visível desta reconciliação global será o banquete messiânico sobre o monte de
Deus; as nações contemplarão Deus sem véus sobre a face e a morte será vencida para sempre
(Is 25,6-8)8.

Também é visto no Antigo Testamento o chamado que Deus faz aos homens para ecoar a
Revelação que foi confiada a este povo. Sacerdotes, Reis e Profetas, conduzidos pelo Espírito irão
anunciar a Palavra deste Deus e relembrar o povo da aliança que fora feita.

5
Gn 9,8-11;20-22.
6
Gn 12,1-3.
7
Donald SENIOR; Carrol STHULMUELLER, Os fundamentos bíblicos da missão, p. 474.
8
David J. BOSCH, Missão transformadora: mudanças no paradigma da teologia da missão, p. 36-37.
4

No AT, portanto, encontramos vários elementos significativos, cruciais para a missão: a


soberania universal de Deus sobre todos os povos e sobre toda a história; a eleição amorosa de Israel,
para formá-lo como Luz das nações e a projeção da história futura, num fim escatológico, onde as
nações constituiriam um único povo eleito junto com Israel, ao aclamarem a Deus. Contudo, esses
elementos não se aglutinaram numa posição missionária ativa. Israel não foi chamado para ir até as
nações. Na verdade, consentia-se às nações virem até Israel. Existindo já aqui um movimento de
atração que será confirmado no Novo Testamento.
O Novo Testamento vem como cumprimento da promessa realizada ao povo de Israel,
nasceu Jesus para dar continuidade a história de Salvação. Jesus é o Deus que tem como característica
a compaixão gratuita. É um Deus que olha, enxerga, toca e se compadece. Sai de si para ir até o outro,
às margens, às periferias existenciais. Ele dá continuidade a dimensão profética, presente no AT. A
realidade do Cristo que tem compaixão pelo seu povo é característica essencial no anúncio
missionário.
O Novo Testamento tem diversos paradigmas missiológicos que nos dão diferentes
perspectivas de missão, segundo David J. Bosch. Um exemplo claro disso são os Evangelhos, que
não sendo relatos biográficos, mas testemunhais, se complementam e se relacionam como fios que
formam uma grande malha de verdades.
O mandato missionário que dá sentido e perpetua a missão da Igreja, está presente nos quatro
Evangelhos e também nos Atos dos Apóstolos9.
Em Mateus a missão consiste em formar discípulos. O mandato missionário apresentado por
ele traz consigo a autoridade de Jesus, dada pelo Pai; a partilha do discipulado e a transmissão dos
ensinamentos deixados pelo Cristo a todas as nações; e a promessa de que Jesus continuaria todos os
dias com os seus seguidores.
Em Marcos há o desejo da continuação da Missão de Jesus acontecer com a vida dos homens.
O mandato missionário fecha o capítulo dezesseis do livro para dar aos homens a incumbência de
propagar e testemunhar o Evangelho, a força da ressurreição com as vossas vidas. Diferentes daquelas
mulheres a beira do sepulcro, o homem de hoje não pode se deixar vencer pelo medo, mas pela força
e ousadia da mensagem que impulsiona e o faz ir além.
A presença e a força do Espírito Santo na ação missionária são descritas por São Lucas. Nele,
Cristo envia o Seu Espírito, revela as Escrituras e faz descobrir a missão apostólica de cada um. Faz-
se necessário a abertura ao Espírito para ir anunciar, para propagar a mensagem deixada pelo Senhor.
São João é aquele que revela o medo que existia em sair. A ressureição é a força que os
impele a abrir as portas e superar o medo! O relato pós-pascal10 apresenta a iniciativa de Jesus em se

9
Mt 28,1720; Mc 16,15; Lc 24,46-49; Jo, 20-21; At 1,8.
10
Jo 20,19-23.
5

colocar no meio dos seus discípulos, a entrar em suas histórias, fortalece-los! Mostra também que Ele
foi reconhecido pelos seus, e ainda, que Jesus os confia uma missão: “Como o Pai me enviou, assim
eu também vos envio a vós!”11
O medo, presente com frequência no Evangelho de São João, e explicitado no relato pós-
pascal, perpetua até hoje. A força do ressuscitado traz a abertura e o impulso missionário! É preciso
sair para anunciar! Ser enviado para fortalecer os fracos, animar os tristes e libertar os presos! É
preciso deixar o medo de perder a casa, a família, os amigos, por causa de Cristo.
Também se vê em João dois textos em chave missionária: Jo 17,1812 e 15,1613. No primeiro,
Jesus dá continuidade a Missão de Deus. Da mesma forma que Ele foi enviado pelo Pai, agora ele
envia com a autoridade que Lhe fora dada, deixando-O como modelo, pois Ele é o Missionário do
Pai. E no segundo versículo há a força da eleição, da escolha, do chamado que Ele faz ao seus e
também a finalidade do chamado: produzirdes frutos!
Por fim, é cara aos sinóticos, a dinâmica missionária de enviar e de atrair. A missão não se
dá somente pelo envio, mas o testemunho dado pelos fiéis também atrai. A graça de Deus que
impulsiona para fora, também atrai homens, incomoda, chama, suscita: “Jesus Cristo, com sua morte,
atraiu todos a si”14; “A comunidade de Jerusalém atraia as pessoas”15.
Pode-se afirmar biblicamente que há motivos para uma prática missionária! Muito mais do
que motivos, há ensinamentos deixados pelo próprio Deus para que haja missão, envio, saída! A ação
do Pai foi ratificada pelo Filho, impulsionada pelo Espírito e dada aos homens. Nós participamos da
Missão que é de Deus!
Que a experiência vivida com o Cristo leve-nos a sair a anunciar aos outros as maravilhas
que Ele realizou em nós. Se não há anúncio precisa-se questionar se houve um encontro. A experiência
de salvação nos leva a ir para fora, a sair, para se encontrar com os outros e narrar as maravilhas que
Ele fez em nós.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOSCH, David J. Missão transformadora: mudança de paradigma na teologia da missão.


BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo, Paulus, 2010.
SENIOR, Donald; STUHLMUELLER, Carrol. Os Fundamentos Bíblicos da Missão.
Tradução de Anacleto Alvarez. Santo André, SP: Academia Cristã; São Paulo: Paulus, 2010.

11
Jo 20,21.
12
“Como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo”.
13
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para
que o vosso fruto permaneça”.
14
Jo 12,32.
15
At 2,42-48.
6

2. JESUS CRISTO, MISSIONÁRIO DO PAI

A SANTÍSSIMA TRINDADE: ORIGEM DA MISSÃO

No início da missão que a Igreja tem que cumprir, não há um imperativo de ordem
simplesmente terrena ou prática, mas que se encontra justamente no ser de Deus, que é Trindade, e
que se manifesta a nós em seu infinito amor. Diz o Decreto Ad Gentes, do Concílio Vaticano II: “A
Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de
Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”16.
A Igreja, que tem seu fundamento na Pessoa de Jesus Cristo e na continuidade da sua missão
pela pregação dos apóstolos e demais missionários, existe unicamente para evangelizar todos os
povos, em todos os tempos e lugares, porque este é o desígnio do próprio Deus. A Trindade é
comunidade de amor, um amor infinito, que “transborda” e é comunicado às criaturas, especialmente
a nós, seres humanos, que somos a meta da revelação divina.

Este desígnio brota do amor fontal, isto é, da caridade de Deus Pai, que, sendo o Princípio
sem Princípio de quem é gerado o Filho e de quem procede o Espírito Santo pelo Filho, quis
derramar e não cessa de derramar ainda a bondade divina, criando-nos livremente pela sua
extraordinária e misericordiosa benignidade, e depois chamando-nos gratuitamente a
partilhar da sua própria vida e glória17.

Deus Pai se doa totalmente no seu Filho, para a salvação da humanidade, que se afastou,
pelo pecado, do seu plano de amor, de vida plena para todos. E, quando do retorno do Filho ao seio
do Pai em sua Ascenção aos céus, não deixou sozinhos aqueles que foram chamados a cooperar com
a missão dele, mas nos enviou o Paráclito, o Espírito Santo, que guia e sustenta esta missão. Deus
não se fecha em si mesmo, em sua separação do ser humano e das demais criaturas, mas se comunica,
se revela a si mesmo, a fim de doar-nos a sua própria vida, a eternidade.

A MISSÃO DE JESUS CRISTO

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes
dias que são últimos, falou-nos por meio do Filho”18. Vimos que o próprio Deus, em sua unidade na
Trindade, é um ser de relação, dialogal, que não está fechado em si mesmo, mas que se revela às suas
criaturas, a fim de doar-nos a vida em plenitude. Criados à sua imagem e semelhança, nós carregamos
a marca do pecado, que nos priva desta vida plena. Aprouve ao desígnio de salvação de Deus, que

16
Ad gentes, n. 02.
17
Ibidem, n. 02.
18
Hb 1,1-2a.
7

fôssemos resgatados não por nossos méritos, que não podem salvar, mas pela sua ação misericordiosa,
pela Encarnação de seu Filho único na pessoa de Jesus de Nazaré.

Para estabelecer a paz ou a comunhão com ele e uma sociedade fraterna entre os homens,
apesar de pecadores, Deus determinou entrar de modo novo e definitivo na história dos
homens, enviando seu Filho na nossa carne para arrancar, por meio dele, os homens ao poder
das trevas e de satanás e nele reconciliar o mundo consigo. [...] De fato, Jesus Cristo foi
enviado ao mundo como verdadeiro mediador entre Deus e os homens. 19

Na pessoa de Jesus Cristo encontra-se o “[...] rosto da misericórdia do Pai. [...] Com a sua
palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus”20. Ele
assumiu a condição humana a fim de nos mostrar o caminho de reconciliação com Deus, com os
irmãos e com toda a criação, relações estas que estão feridas pelo pecado. Em sua passagem por este
mundo, como relatam os Evangelhos, Jesus acolheu, curou, promoveu e incentivou todos aqueles que
estavam à margem, vítimas da exclusão, da indiferença e da intolerância. Seus sinais e prodígios
demonstram a proximidade da salvação, que o próprio Deus esteve entre nós.
Disse Jesus no evangelho segundo Lucas, citando o profeta Isaías: “O Espírito do Senhor
está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos
oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”21. Jesus é o Cristo, o Ungido, enviado por
Deus para uma missão: resgatar os perdidos, afastados de Deus22, menosprezados e excluídos,
empobrecidos, doentes e pessoas tidas como “impuras”. A sua entrega total na cruz, consequência da
sua fidelidade ao plano do Pai, e a sua ressurreição abrem para todos as portas da eternidade, de modo
que o pecado e a morte não têm mais poder absoluto sobre a criação, pois foram vencidos pelo amor
radical e incondicional de Deus, pregado e manifestado por Jesus.
Quem é crente nessa verdade de fé, de que o Filho de Deus nos resgata de nossos pecados e
nos introduz no Reino de Deus, não o é por comprovação empírica ou argumentativa, pois não fomos
atraídos por ideias, mas pelo encontro com uma Pessoa, que mudou totalmente as nossas vidas, que
é Jesus Cristo23. Conscientes da realidade desta pessoa, os cristãos não podemos nos calar, mas somos
chamados a proclamar, a anunciar a salvação trazida por Jesus, como Ele mesmo fez pelos caminhos
da Palestina. Diz o decreto Ad gentes: “Aquilo que uma vez foi pregado pelo Senhor ou aquilo que
nele se operou pela salvação do gênero humano, deve ser proclamado e espalhado até os confins da

19
Ad gentes, n. 03.
20
FRANCISCO, Misericordiae vultus, n. 01.
21
Lc 4,18-19.
22
Cf. Lc 15.
23
Cf. BENTO XVI, Deus caritas est, n. 01.
8

terra”24. Jesus é o missionário que faz novos missionários, sujeitos do processo evangelizador,
continuadores da sua missão na terra.

JESUS E O REINO DE DEUS

A centralidade da mensagem de Jesus está no Reino de Deus, como Ele anuncia no início de
seu ministério, segundo o evangelho de Marcos: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”25. Esta breve mensagem inicial de Jesus resume toda
a sua missão. Ele não veio em nome próprio, mas para anunciar a soberania de Deus Pai, que quer
atrair todos a si. Jesus é o enviado do Pai para restaurar a humanidade, é ao Pai que Ele refere toda a
sua missão: “Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim
se alimenta viverá por mim”26.
O Reino de Deus, que “[..] não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no
Espírito Santo”27, não possui um princípio ou finalidade material e/ou humano (comida e bebida),
mas vai além, trata-se da instauração da justiça de Deus, que é a superação de toda divisão provocada
pelo pecado. Jesus é Ele mesmo o cumprimento do Reino, na sua totalidade como Deus e homem.

Mais ainda: o próprio Jesus é a “Boa Nova”, como afirma logo no início da missão, na
sinagoga da Sua terra natal, aplicando a Si próprio as palavras de Isaías, sobre o Ungido,
enviado pelo Espírito do Senhor (cf. Lc 4, 14-21). Sendo Ele a “Boa Nova”, então em Cristo
há identidade entre mensagem e mensageiro, entre o dizer, o fazer e o ser. A força e o segredo
da eficácia da Sua ação estão na total identificação com a mensagem que anuncia: proclama
a “Boa Nova” não só por aquilo que diz ou faz, mas também pelo que é.28

Jesus não é apenas um mensageiro do Reino de Deus, como se fosse possível prescindir de
sua pessoa para compreendê-lo. Ele é a própria mensagem de salvação, é o iniciador do Reino de
Deus, pois em seu próprio corpo uniu o divino e o humano, resgatando os seres humanos de sua
condição, levando-os ao conhecimento de Deus e ao acesso à sua divindade pela ressurreição. Como
afirma São Paulo aos efésios:

Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação e
suprimido em sua carne a inimizade – a Lei dos mandamentos expressa em preceitos –, a fim
de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, e de reconciliar ambos com
Deus em um só Corpo, por meio da cruz.29

24
Ad gentes, n. 03.
25
Mc 1,15.
26
Jo 6,57.
27
Rm 14,17.
28
JOÃO PAULO II, Redemptoris missio, n. 13.
29
Ef 2,14-16.
9

Não se pode separar o Reino de Deus da pessoa de Jesus Cristo, pois Ele é único mediador
entre Deus e os homens.

Cristo é o único mediador entre Deus e os homens: “há um só Deus e um só mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo Homem, que se deu em resgate por todos. Tal é o testemunho
que foi dado no tempo devido, e do qual eu fui constituído pregador, apóstolo e mestre dos
gentios na fé e na verdade. Digo a verdade, não minto” (1Tim 2,5-7; cf. Hb 4,14-16). Os
homens, portanto, só poderão entrar em comunhão com Deus através de Cristo, e sob a ação
do Espírito. Esta Sua mediação única e universal, longe de ser obstáculo no caminho para
Deus, é a via estabelecida pelo próprio Deus, e disso, Cristo tem plena consciência. 30

Não se excluem, porém, outras vias pelas quais os seres humanos podem chegar à salvação,
desconhecendo ou ignorando sem culpa a mediação de Jesus Cristo, pois Deus possui meios
desconhecidos para levar todos a fazerem parte do seu Reino. Contudo, nós cristãos proclamamos
essa fé, que todos se salvam por meio de Jesus Cristo, inclusive os que não creem, pois a missão e a
mediação dele são universais. Mais que uma ideia ou um projeto de libertação humano, o Reino de
Deus é uma realidade que já está presente no mundo, através da ação do Espírito Santo, e que os
discípulos de Jesus devem fazer germinar31 em todas as terras e culturas, no coração de cada homem
e mulher que é objeto e sujeito da evangelização.

30
JOÃO PAULO II, Redemptoris missio, n. 05.
31
Cf. Mt 13,31-33.
10

3 A ESSÊNCIA MISSIONÁRIA DA IGREJA

O PENTECOSTES

No capítulo anterior foi exposto que Jesus Cristo é o por excelência o missionário do Pai,
que em nenhum momento anuncia a si mesmo, sendo autorreferencialista, mas que a sua missão é a
instauração do Reino de Deus. A ressurreição é o elemento que dá legitimidade à esta verdade de fé,
pois comprova que o pecado e a morte não têm poder sobre a vida que renasce da entrega total por
amor. No momento da ascensão, é o próprio Jesus Ressuscitado que envia os seus discípulos a pregar
o Evangelho a todas as nações: “Ide, portanto, e fazei com que todas as nações se tornem discípulos,
batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos
ordenei”, e afirma, “e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”32. Esta
presença viva, que sustenta os discípulos de Jesus, é efetivada pela ação do Espírito Santo.
Narram os Atos dos Apóstolos, que, depois da ascensão, os discípulos estavam reunidos,
perseverando na oração, junto com a Mãe de Jesus, algumas mulheres e seus irmãos 33. Eles não
tinham ainda a “força” necessária para anunciar o Reino de Deus, pois ainda não tinham sido
revestidos pelo Espírito Santo prometido por Jesus34. No dia de Pentecostes, contam os Atos, que o
Espírito desceu sobre os presentes em forma de línguas de fogo e em um grande vendaval e que todos
passaram a falar e a entender as mais diversas línguas, indicando a sua prontidão para anunciar o
Evangelho a todos os povos. Por isso, a Igreja sempre teve consciência que o grande sujeito da missão
é o Espírito Santo, porque é Ele que indica o caminho e dá a força para o anúncio do Reino de Deus.

Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha
esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de
Cornélio (cf. At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos (cf. At 15), e pela escolha
dos territórios e povos (cf. At 16, 6 s). O Espírito Santo age através dos Apóstolos, mas, ao
mesmo tempo, opera nos ouvintes: “pela Sua ação a Boa Nova ganha corpo nas consciências
e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é o Espírito Santo que dá
a vida”.35

O Espírito é que move os evangelizadores além das fronteiras, rumo aos lugares mais
inusitados, como acontecia no princípio da evangelização. Não há como deter esta força divina, que
quebra todas as barreiras territoriais, culturais e existenciais, para que, de fato, a salvação chegue a
todos, conforme o desejo do Pai e o que foi revelado em Jesus Cristo. É a presença do Espírito que
santifica os evangelizados, que são batizados, confirmados pela imposição das mãos e passam a

32
Mt 28,19-20.
33
Cf. At 1,12-14;2,1.
34
Cf. Lc 24,49
35
JOÃO PAULO II, Redemptoris missio, n. 21.
11

formar comunidade36, como o que aconteceu na casa do centurião Cornélio. É a clareza de que Jesus
permanece com os seus discípulos-missionários, através da ação do Espírito Santo, que permite
evangelizar sem a pretensão de buscar a vanglória, como se tudo dependesse somente dos agentes
humanos. O Espírito é livre, sopra a barca da Igreja orientando-a através da compreensão dos sinais
dos tempos e dando força para testemunhar Jesus até os confins da terra.

A IGREJA: COMUNIDADE MISSIONÁRIA

Como afirmamos anteriormente, a missão não é uma atividade de origem humana, mas
provém do Pai, que envia o Filho e o Espírito Santo para doar fazer a humanidade participante de sua
divindade. Na sua origem, portanto, a missão é obra de uma comunidade, a Trindade. Em sua
execução, continuando a obra de Jesus, ela também não é obra de indivíduos isolados que anunciam
o que mais lhes convêm, mas também depende de uma comunidade, que é a Igreja. Os primeiros
cristãos não viviam separados, mas punham tudo em comum, partilhando o pão da Eucaristia, rezando
nas casas e no Templo e mantendo-se fieis ao ensinamento dos apóstolos37. Logo, quem evangeliza,
não evangeliza em nome de si mesmo, mas em nome da Igreja.
Afirma o decreto Ad gentes: “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária, visto que
tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”38. Em
outras palavras: não é a Igreja que tem uma missão, mas a missão que tem uma Igreja. Esta, Povo de
Deus e Corpo Místico de Cristo, somente existe por causa da missão de Jesus Cristo e porque Ele
quis que seus discípulos continuassem a sua missão. Missão e Igreja são inseparáveis. Tudo o que a
Igreja faz e anuncia deve estar voltado para que mais pessoas possam encontrar-se com Jesus e
cheguem ao conhecimento da verdade, que é o Verbo de Deus feito carne para a salvação do mundo.

Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda
identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da
graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa,
que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição. 39

A Igreja anuncia o cumprimento das promessas do Pai, feitas pelos profetas, o advento da
salvação ao gênero humano e à toda a criação ferida pelo pecado. Anuncia que isto se cumpriu em
Jesus Cristo, Deus e homem, a verdadeira Boa Notícia, e o Reino de Deus presente no meio de nós.
A Igreja não é o Reino de Deus, mas é o meio pelo qual ele se torna conhecido pela humanidade.
Afirma São João Paulo II:

36
Cf. At 10, 44-48.
37
Cf. At 2,42.
38
Cf. Ad gentes, n. 02.
39
PAULO VI, Evangelii nuntiandi, n. 14.
12

De igual modo, não podemos separar o Reino da Igreja. Com certeza esta não é fim em si
própria, uma vez que se ordena ao Reino de Deus, do qual é princípio, sinal e instrumento.
Mesmo sendo distinta de Cristo e do Reino, a Igreja todavia está unida indissoluvelmente a
ambos. Cristo dotou a Igreja, Seu Corpo, da plenitude de bens e de meios da salvação; o
Espírito Santo reside nela, dá-lhe a vida com os Seus dons e carismas, santifica, guia e renova-
a continuamente.40

Portanto, a Igreja é um meio necessário para a salvação, não um instrumento que possa ser
descartado. Mesmo que a missão, o Reino de Deus, seja maior do que ela, e, como já dito
anteriormente, Deus possui outros modos pelos quais aqueles que não acreditam em Jesus e não
pertençam visivelmente à Igreja, possam chegar à salvação, ela é o meio ordinário pelo qual as
pessoas são incorporadas a Cristo mediante o batismo e participantes da sua missão. Mesmos
separados por seus erros e falhas, os cristãos fazem parte da única e santa Igreja de Jesus Cristo, o
que faz com que necessitem buscar mais intensamente a plena unidade.
Por ser católica e apostólica, a Igreja é enviada a cada pessoa e à humanidade toda e não
pode conformar-se somente com aqueles que são cristãos engajados, muito menos com os que
possuem uma mera pertença religiosa, mas estar em estado contínuo de saída, em movimento em
direção à humanidade. Diz o Pe. José Comblin:

Uma Igreja estática perde de vista a sua razão de ser: o sistema que ela elabora para si mesma
oculta a sua razão de ser; ela acaba pensando que tem em si mesma a sua razão de ser. Por
isso, a verdadeira Igreja existe somente no ato da missão [...] A missão não é, antes de tudo,
uma expansão da Igreja e sim um processo de busca de origem, de volta à realidade, processo
que a Igreja não pode realizar ficando fechada em si mesma; precisa sair de si mesma para
se encontrar.41

Todas as ações da Igreja precisam estar voltadas para a missão: a pregação, a catequese, a
liturgia, os atos de devoção, o serviço da caridade, entre outros. Ela não existe para perpetuar a sua
estrutura humana no mundo, mas para que o Reino de Deus seja acolhido e vivido pelas pessoas e
cheguem a formar comunidades, Igrejas locais. Os discípulos de Jesus não podem estar alheios à
situação em que se encontram, à vida das pessoas e aos problemas sociais que as atingem, como se
isso não importasse para a missão, mas é justamente a partir da realidade em que se faz presente, que
a Igreja deve anunciar o Evangelho da conversão, do mesmo modo como fez o próprio Jesus.

A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf.
Mt 9,35-36). Ele, sendo o Senhor se fez servidor e obediente até à morte de cruz (cf. Fl 2,8);
sendo rico, escolheu ser pobre por nós (cf. 2Cor 8,9), ensinando-nos o caminho de nossa
vocação de discípulos e missionários. [...] No rosto de Jesus Cristo, morto e ressuscitado,
maltratado por nossos pecados e glorificado pelo Pai, nesse rosto sofredor e glorioso, com o
olhar da fé podemos ver o rosto humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos e,

40
JOÃO PAULO IIRedemptoris missio, n. 18.
41
José COMBLIN, Teologia da missão, p. 72.
13

ao mesmo tempo, sua vocação à liberdade dos filhos de Deus, à plena realização de sua
dignidade pessoal e à fraternidade entre todos. A Igreja está à serviço de todos os seres
humanos, filhos e filhas de Deus. 42

O mundo é o espaço de missão da Igreja, onde os agentes evangelizadores, os batizados


conscientes de seu chamado à santidade e ao anúncio do Reino de Deus, realizam o seu apostolado.
A missão não é algo uniforme, como a Igreja não é uma massa uniforme, mas é cheia dos mais
diversos matizes. Os cristãos são chamados a iluminar as mais distintas realidades com a luz do
Evangelho. Possuem grande responsabilidade nesta tarefa os bispos, sucessores dos apóstolos e
pastores das Igrejas locais. Para isso eles contam com todos os cristãos que estão sob os seus cuidados,
entre eles, de forma mais direta, os presbíteros e diáconos, seus cooperadores pelo sacramento da
Ordem. Todos os católicos, porém, devem ter consciência da vocação missionária da Igreja e
empenhar-se nela.
A formação dos pastores e demais agentes necessita ter a missão como o seu pano de fundo,
pois não são formados para garantir a estabilidade de um corpo institucional, mas para que a Igreja
possa estar em todos os lugares, inculturando o Evangelho. As estruturas não podem sufocar o
Evangelho da Vida, mas precisam ser os meios pelos quais a Igreja possa anuncia-lo. Como enfatiza
o Papa Francisco: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os
costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal
proporcionado mais à evangelização do mundo atual do que à autopreservação”43, e também: “[...]
prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter a saído pelas estradas, a uma Igreja enferma
pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”44.
A Igreja só se realiza na doação, em abertura para o mundo que está sedento de Deus,
confundido pelas estruturas contaminadas pelo pecado. Jesus não agiu fora da realidade e é na
atualidade que os seus discípulos continuam a sua missão. Membros da Igreja pelo batismo, futuros
pastores do Povo de Deus e evangelizadores da humanidade, os seminaristas precisam conhecer,
aprofundar e assimilar em sua opção de vida e espiritualidade a missionariedade da Igreja, pois ela
não é um algo a mais ao lado das tarefas cotidianas, mas é o seu ser. Sem ela a Igreja perde a sua
“alma” e a sua pastoral não passa de manutenção ou, muitas vezes, de exclusão.

42
CELAM, Documento de Aparecida, n. 31-32.
43
FRANCISCO, Evangelii gaudium, n. 27.
44
Ibidem, n. 49.
14

4 COOPERAÇÃO MISSIONÁRIA: ENTIDADES, ORGANISMOS, SIGLAS.

O COMISE conta com o apoio de vários grupos eclesiais de amparo e auxílio missionário.
Neste capítulo buscar-se-á apresentar os diversos organismos de cooperação missionária. Eles
colocam-se na articulação e no desenvolvimento das atividades missionárias da Igreja, no “espírito
de saída” pedido pelo Papa Francisco.

CONSELHO MISSIONÁRIO NACIONAL

O Conselho Missionário Nacional (Comina) é um organismo da Conferência Nacional dos


Bispos do Brasil (CNBB), criado em 1972 com o objetivo de unir os organismos e instituições
envolvidos na animação e cooperação missionária. Tal conselho tem a tarefa de programar, executar
e rever as principais atividades de cooperação em nível nacional. O Comina se articula em todos os
regionais através dos Conselhos Missionários Regionais (Comire), e em cada diocese por meio do
Conselho Missionário Diocesano (Comidi). Em nível diocesano se dinamiza a sensibilidade
missionária pelos Conselhos Missionários Paroquiais (Comipa). Cada um destes conselhos fomenta
o espírito missionário através de suas instâncias, seja com congressos, missões, formações etc. O
COMISE, organismo da Pontifícia União Missionária, se articula em unidade com estes Conselhos.
Integrado ao Comina está o Centro Cultural Missionário (CCM), Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), meios de comunicação missionários como sites, revistas, projetos missionários
ad gentes e a Pastoral dos Brasileiros no Exterior (PBE).

CENTRO CULTURAL MISSIONÁRIO

O CCM é um organismo da CNBB, criado em 1982 como desejo da sua XVII Assembleia
Geral Ordinária do ano de 1979. Possui o intuito de formar e acompanhar a dimensão missionária de
forma mais consistente. O CCM está ligado ao Comina e às Pontifícias Obras Missionárias (POM).
Este organismo tem por finalidade: oferecer um percurso de iniciação à missão no Brasil
para missionários e missionárias que chegam do exterior; promover cursos de formação missionária
para brasileiros e brasileiras enviados a outra região ou país como missionários; realizar eventos de
estudo e aprofundamento sobre teologia, espiritualidade e prática de missão para diversos segmentos
eclesiais, fomenta o surgimento e a capacitação específica de animadores missionários na Igreja no
Brasil.45

45
Disponível em: http://www.ccm.org.br/origem-e-historia/ Acesso em 20 mar. 2018.
15

O CCM dispõe de uma sede própria em Brasília, lugar no qual estabelece anualmente um
calendário com os respetivos encontros de animação missionária46.

PONTIFÍCIAS OBAS MISSIONÁRIAS

As POM, como hoje são conhecidas em todo o mundo, foram se formando a partir de
pequenos movimentos locais. Estes retomaram a sensibilidade missionária na Igreja. As Pontifícias
Obras Missionárias são quatro, a saber: a Obra para a Propagação da Fé; a Infância e Adolescência
Missionária; a Obra de São Pedro Apóstolo; e a União Missionária.

OBRA PARA A PROPAGAÇÃO DA FÉ

Esta obra foi iniciada por Paulina Jaricot (1799-1862), que nasceu em Lião, França, filha de
fabricantes de seda. Desde pequena entrou em contato com as missões na China e na Ásia oriental
conhecendo suas imensas necessidades. Concebeu um plano de ajuda aos missionários e o expôs às
colegas operárias da fábrica onde trabalhava. Apresentou-o também ao vigário geral da diocese de
Lião que lhe respondeu: “adiantaria mais você encontrar um bom marido ou entrar num convento...”.
Mas Paulina continuou sua obra com o grupo de amigas.
Esta obra visa suscitar o interesse pela evangelização universal em todas as camadas do povo
de Deus e promover nas Igrejas locais a ajuda, tanto espiritual, como material e o intercâmbio de
pessoas no serviço apostólico. Pio XI, em 1922, no centenário da fundação desta obra, por meio de
um Motu Proprio transferiu sua sede de Lião para Roma, ao Palácio da Propagação da Fé,
constituindo-a como organismo oficial da Santa Sé para a cooperação missionária, recolhendo as
ofertas dos fiéis de todo o mundo e repartindo-as conforme as necessidades missionárias.
Ele realiza sua atividade no Brasil através de diversos organismos, entre eles: Grupos
Missionários, Juventude Missionária, Famílias Missionárias (no Brasil, iniciou-se no ano de 2012 a
articulação Nacional, logo, ainda está em implantação), Enfermos e Idosos Missionários (surgida em
Paris no ano de 1928 através do espírito missionário de Margarita Godet, que queria ser missionária,
mas, impossibilitada pela doença, ofereceu sua enfermidade como sacrifício pelas missões) e o Dia
Mundial das Missões, que tem como objetivo principal dar a conhecer a todos os católicos a atividade
missionária da Igreja, em seu mais amplo sentido, tanto evangelizador como de ajuda e promoção
humana, convidando todos a contribuir para o Fundo Mundial de Solidariedade para as Missões,

46
Os cursos oferecidos pelo CCM podem ser visualizados no endereço: <http://www.ccm.org.br/categoria/cursos/>.
Acesso em 26 fev. 2018.
16

mediante a coleta deste dia. Foi instituído em 14 de abril de 1926, pelo Papa Pio XI, a pedido do
Conselho Superior Geral da Obra da Propagação da Fé, e é celebrado desde 1927.

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA MISSIONÁRIA

A Infância e Adolescência Missionária (IAM) possui hoje cerca de três mil projetos
envolvendo crianças e adolescentes em 130 países. Fundada pelo bispo francês Dom Carlos Forbin-
Janson, em 19 de maio de 1843, na cidade de Nancy, na França, a IAM nasceu do olhar sensível do
bispo para com as crianças chinesas da época, que viviam em situação de miséria e sofrimento.
Dom Carlos propôs à Paulina Jaricot, responsável pelo início da Obra da Propagação da Fé,
a ideia de incentivar as crianças da França a ajudarem outras crianças, recitando uma Ave-Maria por
dia e contribuindo financeiramente por mês, para auxiliar as crianças necessitadas. Era a primeira vez
na história que a Igreja confiava às crianças um papel missionário específico: salvar crianças
inocentes, para fazer delas pequenos discípulos missionários.47

OBRA SÃO PEDRO APÓSTOLO

A Obra São Pedro Apóstolo nasceu na França, em 1889, por sugestão de Dom Cousin,
Vigário Apostólico de Nagasaki, no Japão. D. Cousin, bispo missionário, desejava formar sacerdotes
indígenas, capazes de anunciar o Evangelho e fazer crescer a Igreja no meio do seu próprio povo. Por
isso, era necessário construir e ajudar seminários nas terras de Missão. Para realizar este projeto, foi
ter com Jeanne Bigard e com a sua mãe Stefanie, uma família abastada da Normandia.
Quando o seu pai faleceu, Jeanne vendeu todos os seus bens, destinando-os para as missões.
Depois, retirou-se com a mãe num pequeno apartamento de dois quartos, dedicando-se totalmente à
organização de orações e de angariação de fundos para a construção do seminário japonês de Dom
Cousin. A sua extensa correspondência com os numerosos missionários presentes em vários países,
levou-a a desejar comprometer outros grupos de pessoas para procurar apoio financeiro e espiritual a
outros projetos missionários. É da organização destes grupos de leigos católicos que nasce, de 1889
a 1896, uma associação que depois se tornou a Obra São Pedro Apóstolo.48 A Obra constituiu um
Fundo Mundial de Solidariedade alimentado pelas ofertas enviadas todos os anos pelas comunidades
cristãs dos 120 países em que desenvolve a ação de sensibilização que lhe é própria.

47
Disponível em: http://www.revistamissoes.org.br/2013/05/a-origem-da-infancia-e-adolescencia-missionaria/ Acesso
em 20 mar. 2018.
48
Disponível em: http://www.poomm.va/index.php?mnu=opere&chLang=PT&opera=POSPA Acesso em 20 mar. 2018.
17

UNIÃO MISSIONÁRIA

O Bem-aventurado Padre Paulo Manna, missionário do Pontifício Instituto para as Missões


Estrangeiras (PIME), nasceu em Avellino (Itália), em 16 de janeiro de 1872 e faleceu em 1952.
Ordenado padre na Catedral de Milão, em 1894, partiu para a Missão na Birmânia (atual Mianmar),
em 1895, onde trabalhou em três períodos ao longo de uma década, até que, em 1907, por doença
grave, regressou definitivamente à Itália. A partir de 1909, por mais de quarenta anos, dedicou-se,
com todas as suas forças, com os escritos e com as obras, a difundir a ideia missionária entre o povo
e o clero. Fundou a União Missionária com o objetivo de proporcionar uma sólida espiritualidade e
formação missionária capaz de enfrentar os desafios da missão na pastoral, na nova evangelização e
na missão ad gentes – além-fronteiras.49
Afirmou São João Paulo II no 75° aniversário da Obra, que Padre Manna “consumiu a inteira
existência pela causa missionária. Em todas as páginas dos seus escritos sobressai viva a pessoa de
Jesus, centro da vida e razão de ser da missão. Em uma das suas cartas aos missionários, ele afirma:
“O missionário, de fato, não é nada, se não se revestir da pessoa de Jesus Cristo […]. Só o missionário
que copia fielmente Jesus Cristo em si mesmo […] pode reproduzir a Sua imagem nas almas dos
outros”. O papa Paulo VI afirmou que a União é “a alma das demais Obras Missionárias” e “apta para
fomentar principalmente uma intensa espiritualidade missionária”.

49
Disponível em: http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20011104_beat-manna_po.html
Acesso em 20 mar. 2018.
18

5 A REALIDADE MISSIONÁRIA E A FORMAÇÃO PRESBITERAL

Como temos demonstrado ao longo dos capítulos anteriores, não é possível pensar a Igreja
sem a missão. Portanto, também não é possível pensar o ministério ordenado sem ela. “A Ordem é o
sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida, na
Igreja, até o fim dos tempos”50. Trata-se do sacramento do ministério apostólico. A Igreja reconhece
três graus de ministério ordenado: diaconado, presbiterado e episcopado. Os dois últimos participam
da função sacerdotal de Cristo, enquanto o primeiro destina-se a ajudá-los e servi-los. Assim, a missão
do ministro ordenado não se limita a uma determinada realidade particular, mas ultrapassa os limites
geográficos e se abre para a universalidade da salvação, pois o sacerdócio ministerial age em nome
de toda a Igreja51. O bispo não pode se fechar na realidade da Igreja Particular que lhe foi confiada,
mas deve se solidarizar com toda a missão apostólica da Igreja 52. Da mesma forma, o presbítero,
enquanto cooperador do bispos, deve estar disponível para anunciar o Evangelho em toda parte 53.
Igualmente, o diácono, uma vez configurado a Cristo, que se fez servidor de todos, não pode
conceber seu ministério fora dessa perspectiva missionária própria da identidade da Igreja54.
A nova Ratio Fundamentalis Instutionis Sacerdotalis reconhece a missão da Igreja de cuidar
do nascimento, discernimento e acompanhamento das vocações ao sacerdócio55. Cada candidato ao
ministério ordenando, deve receber todos os meios e condições necessários para discernir e
amadurecer sua vocação a fim de poder vivê-la com alegria e fidelidade. O processo formativo nos
seminários e casas de formação deve ser um verdadeiro caminho de configuração a Cristo.

O presbítero é então chamado a formar-se para que o seu coração e sua vida sejam
conformados ao Senhor Jesus, de modo a tornar-se um sinal do amor de Deus por cada
homem. Unido intimamente a Cristo, ele poderá: anunciar o Evangelho e tornar-se
instrumento da misericórdia de Deus; guiar e corrigir; interceder e ter a seu cuidado a vida
espiritual dos fiéis que lhe estão confiados; escutar e acolher, correspondendo também às
exigências e às questões profundas do nosso tempo 56.

O presbiterado é um dom na vida da Igreja. Através do sacramento da ordem, o presbítero é


assinalado com um caráter especial e configurado a Cristo, agindo, a partir de então, na pessoa Dele57.
O presbítero deve cultivar os mesmos sentimentos e atitudes de Jesus. Por isso, a missão é um
elemento fundamental na vida do ministro ordenando. “O dom espiritual, recebido pelos presbíteros

50
Catecismo da Igreja Católica, n. 1536.
51
Cf. Ibidem, n. 1552.
52
Cf. Ibidem, n. 1560.
53
Cf. Ibidem, n. 1564.
54
Cf. Ibidem, n. 1570.
55
Cf. Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, n. 13.
56
Ibidem, n. 40
57
Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1548.
19

na Ordenação, não os prepara para uma missão limitada e determinada, mas sim para uma missão
imensa e universal de salvação ‘até os confins da terra’ (At 1,8). Com efeito, todo o ministério
sacerdotal participa da amplitude universal da missão confiada por Cristo aos Apóstolos”58.
O documento da Congregação para o Clero chama a atenção para as necessidades da Igreja
Universal. Os serviços de animação e promoção vocacional não devem visar a penas as vocações a
serviço da própria diocese, pois Deus também chama alguns a viverem o ministério ordenando de
outra forma, seja dentro dum Instituto de Vida Consagrada ou numa Sociedade de Vida Apostólica
ou numa experiência de misso ad gentes59. Jesus é o enviado do Pai. Ele não viveu seu ministério
numa única região, mas não mediu esforços para anunciar a Boa Nova da Salvação nas mais diversas
regiões de Israel. Da mesma forma, o presbítero não pode se fechar numa única realidade pastoral.
Ele deve estar com o coração aberto e disponível para viver seu ministério nas mais diversas
realidades que marcam a sociedade de seu tempo60. “O presbítero, membro do povo santo de Deus, é
chamado a cultivar o seu espírito missionário, exercendo com humildade a função pastoral de guia
dotado da autoridade, mestre da Palavra e ministro dos sacramentos, ao mesmo tempo em que pratica
uma fecunda paternidade espiritual”61.
A partir da Exortação Pós-Sinodal Pastoris Dabo Vobis, a Ratio Fundamentalis Institutionis
Sacerdotalis reconhece quatro dimensões que devem interagir simultaneamente no processo
formativo e na vida dos ministros ordenados: a dimensão humana, a dimensão espiritual, a dimensão
comunitária e a dimensão pastoral62. Cada uma dessas dimensões tem como objetivo ajudar o
seminarista a configurar seu coração e sua vida ao coração à vida do Cristo Bom Pastor. Jesus se
comoveu diante das necessidades humanas63, foi a procura das ovelhas perdidas64 e ofereceu a sua
própria vida pela humanidade65. Ele não veio para ser servido, mas para servir66. Um autêntico
presbítero deve assimilar todas essas realidades em sua vida cotidiana e os seminários, institutos e
casas de formação devem oferecer todos os meios necessários para a construção dessa identidade
presbiteral.
A dimensão pastoral é a responsável por habilitar o seminarista para um serviço eclesial
responsável e profícuo. Os bispos do Brasil destacam a formação pastoral-missionária como princípio
unificador de todo o processo formativo67. Ele deve ajudar o seminarista a crescer na assimilação das

58
Presbyterorum ordinis, n. 10.
59
Cf. Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, n. 15.
60
Cf. Optatam totius, n. 04.
61
Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, n. 33.
62
Cf. Ibidem, n. 89.
63
Cf. Mt 9,35-36.
64
Cf. Mt 18,12-14.
65
Cf. Jo 10,11.
66
Cf. Mt 20,24-28.
67
Cf. CNBB. Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, n. 300.
20

atitudes do Cristo Bom Pastor, no compromisso pessoal com o Povo de Deus e na caridade pastoral.
A Igreja é missionária por sua própria natureza e seus ministros devem ser formados com “verdadeiro
espírito católico” para “se habituarem a ultrapassar os limites da diocese, da nação ou do rito, e ajudar
as necessidades de toda a Igreja, dispostos a pregar o Evangelho em toda a parte”68. Por isso, as
Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil orienta que a pastoral dos
seminaristas se desenvolva numa diversidade de espaços que possibilitem a vivência do discipulado
e da missão69.
A Conferência de Aparecida fez um apelo à conversão pastoral e renovação missionária de
toda a Igreja70. Da mesma forma, o Papa Francisco propõe colocar todas as atividades de
evangelização em chave missionária para formar uma Igreja em saída71. A grande proposta do Sumo
Pontífice é a transformação missionária da Igreja. Como toda instituição humana e terrena, a Igreja
também necessita de uma constante conversão. Não podemos deixar as coisas como estão. Algumas
estruturas estão obsoletas e não respondem aos desafios do mundo contemporâneo. É preciso sermos
uma Igreja em saída. Irmos além da mera administração ou conservação pastoral. É preciso garantir
uma formação missionária aos candidatos ao ministério ordenando, de modo que “não exista um só
clérigo em que não arda este sagrado fogo de caridade pelo apostolado missionário (RE 9)72”.
A partir do magistério do Papa Francisco, podemos identificar algumas características
fundamentais de um presbítero em saída. O presbítero deve ser alguém que não tem medo de ir ao
encontro das diversas realidades que marcam o mundo contemporâneo. É alguém que deve romper
as correntes do comodismo, que acolhe a todos e não exclui ninguém. É alguém que deve saber
aquecer o coração das pessoas, escutar sobre a vida, os sofrimentos e as esperanças do povo. É alguém
que deve saber encorajar as pessoas diante dos desafios e dificuldades da vida. É alguém que deve
cultivar uma intimidade itinerante com Jesus e uma comunhão essencialmente missionária com o
Mestre. O presbítero é alguém que deve anunciar o amor e a misericórdia de Deus aos pobres, aos
pecadores e a todos os que perderam o sentido da vida.
Sem dúvida, a Igreja vive um verdadeiro kairós com o pontificado papa Francisco e sua
proposta de conversão pastoral. No entanto, é preciso tomar cuidado para não fazermos do pontificado
do Papa Francisco um mero fenômeno ou “show”. O discurso e o testemunho de Francisco deve
suscitar uma resposta que nos faça tomar uma posição diante da realidade que nos cerca. Diante disso,
uma pergunta deve nos inquietar: como transformamos nossos seminários numa verdadeira escola de
missionários presbíteros? A resposta parece clara. Tudo isso nos aponta para a necessidade de um

68
Optatam totius, n. 20.
69
Cf. CNBB. Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, n. 173.
70
Cf. Documento de Aparecda, n. 365-366.
71
Cf. Evangelii gaudium, n. 20.
72
CNBB. Missão e Cooperação Missionária, n. 34.
21

itinerário formativo capaz de integrar todas as dimensões da vida do vocacionado e ordenar sua
história para Deus73.
O segredo para a formação de um missionário presbítero está justamente aí. Precisamos de
um projeto pastoral missionário que nos coloque em contato com as diversas realidades das nossas
paróquias. Um projeto pastoral que nos leve além das capelas, sacristias e centros de pastorais. Um
projeto pastoral que nos leve ao encontro das pessoas nos grandes centros urbanos, nas periferias e
nos campos; que nos leve ao encontro dos pobres, dos estudantes e dos universitários, nas escolas e
universidades, dos enfermos nos hospitais, dos encarcerados, das mulheres marginalizadas, entre
outros. Um projeto pastoral que desperte em nós a sensibilidade para com o outro e suscite e renove
em nosso coração o desejo de sermos uma igreja em saída e que nos ajude a dialogarmos com o
mundo moderno. Sem um projeto formativo genuinamente missionário não é possível formar um
presbítero conforme as necessidades da Igreja em nossos dias. Daí a importância do COMISE nas
dioceses e institutos de vida consagrada ou apostólica. Ele é um precioso auxílio a formação
presbiteral. Um COMISE bem articulado pode ajudar na elaboração dum projeto pastoral missionário
capaz de levar o vocacionado a uma autentica configuração ao Cristo Bom Pastor através de
experiências pastorais e missionárias substantivas e bem vividas.

73
Cf. Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, n. 41.
22

6 O CONSELHO MISSIONÁRIO DE SEMINARISTAS (COMISE)

Para colaborar com a tarefa de formação e animação missionária nos seminários e casas de
formação religiosa, a Pontifícia União Missionária conta com o Conselho Missionário de
Seminaristas (COMISE). O primeiro COMISE surgiu na década de 80 no Seminário Interdiocesano
Sagrado Coração de Jesus de Teresina no Piauí, através da iniciativa do Pe. Fábio Bertagnoli,
missionário comboniano. Nos últimos anos, o COMISE se expandiu pelas dioceses e regionais graças
à realização de formações, congressos e experiências missionárias de seminaristas.

ATIVIDADES

 Organizar encontros periódicos com os membros do COMISE para refletir e estudar


temas de espiritualidade e formação missionária;
 Promover para todos os seminaristas, formação missionária (FORMISE), simpósios,
congressos e retiros sobre os desafios da missão;
 Participar de cursos, formações, eventos e congressos missionários diocesanos,
regionais e nacionais, bem como continentais (CAM).
 Divulgar, junto aos seminaristas, publicações sobre a missão, tais como documentos,
livros, informativos, revistas, portais, redes sociais, notícias e postagens sobre
situações missionárias;
 Organizar experiências missionárias para seminaristas dentro e fora da diocese;
 Insistir junto à faculdade para que a missiologia tenha um lugar de destaque nos
programas de estudo;
 Estabelecer contatos com os missionários e missionárias além fronteiras; convidá-
los a partilhar suas experiências;
 Cooperar com os organismos e instituições missionárias na diocese (COMIRE,
COMIDI, COMIPA, grupos de animação missionária, CIMI, centros de formação).
 Favorecer a criação dos COMIPA’S nas paróquias onde os seminaristas fazem
pastoral;
 Apoiar os grupos de Infância e Adolescência Missionária (IAM), Juventude
Missionária (JM), Famílias Missionárias (FM), Idosos e Enfermos Missionárias;
 Realizar, em seminários e casas de formação, a Campanha Missionária do mês de
outubro com a Novena e a coleta do Dia Mundial das Missões;
 Organizar o Cofrinho Missionário para a oferta pessoal e comunitária.
23

Portanto, através do COMISE, a Pontifícia União Missionária proporciona aos futuros


presbíteros e candidatos à Vida Religiosa Consagrada uma sólida espiritualidade e formação
missionária capaz de enfrentar os desafios da missão universal da Igreja.

Organização do COMISE

Os membros do COMISE são os seminaristas que desejam coordenar a animação


missionária do Seminário, com o conhecimento do reitor. A coordenação do COMISE é composta
pelo coordenador, secretário, tesoureiro e assessor de comunicação. Recomenda-se a participação de
seminaristas oriundos das várias etapas acadêmicas. O COMISE pode ser organizado no âmbito do
Seminário, Diocese, Província Eclesiástica ou Regional, unindo várias casas. O coordenador do
COMISE faz parte da Equipe Executiva do COMIDI (na sua diocese) e do COMIRE (em âmbito
regional). Para acompanhar o COMISE é conveniente dispor de um assessor ou diretor espiritual
escolhido em coordenação com a equipe de formação.
O secretário nacional da Pontifícia União Missionária oferece assessoria e acompanha a
organização e as atividades dos COMISE’S. É importante que o trabalho seja feito em comunhão e
colaboração com as equipes de formação, os Conselhos Missionários e bispos referenciais para a
missão. Recomenda-se que as atividades sejam realizadas em comunhão com a Organização dos
Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) e as Comissões Episcopais para a Ação Missionária e a dos
Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, em âmbito nacional e regional.
É importante destacar que a atenção aos grandes problemas da missão e da humanidade não
dispensa os membros do COMISE de um generoso engajamento na vida do Seminário. Pelo contrário,
essa visão universal deve multiplicar a corajosa dedicação aos problemas domésticos. A missão possui
um caráter pedagógico ao longo do processo formativo.

COMISSÃO NACIONAL DE COMISE’S

Para criar unidade e ajudar na coordenação dos trabalhos em âmbito nacional, o 2º Congresso
Missionário Nacional de Seminaristas criou, em julho de 2015, a Comissão Nacional de COMISE’S
também conhecida como COMISE Nacional.

Objetivo
24

Comprometidos com a missão de Jesus Cristo, animar, criar e articular o trabalho dos
COMISE’S no Brasil, em sintonia como os organismos que atuam na formação e a Pontifícia União
Missionária.

Objetivos específicos

 Motivar a criação de COMISE’S nas dioceses, regionais e comunidades religiosas;


 Criar comunhão entre os COMISE’S espalhados pelo Brasil e os organismos de
formação.
 Auxiliar as iniciativas de formação missionárias nas dioceses e regionais que
enviolvem seminaristas.
 Incentivar experiências missionárias dentro e fora das dioceses regionais.
 Organizar e coordenar Assembleias e Formises Nacionais, bem como Congressos
Missionários Nacionais de Seminaristas.
 Divulgar informações sobre as atividades dos COMISE’S junto aos meios de
comunicação.

Organização

A Comissão Nacional dos COMISE’S é constituída pelo coordenador, secretário, dois


assessores de comunicação, e o secretário da União Missionária. É composta por cinco seminaristas,
sendo um de cada macrorregião do país, a qual elege o seu próprio representante. Devem ser
escolhidos seminaristas membros de COMISE’S e que estejam entre o 2º ano de Filosofia e o 2º ano
de Teologia para um mandato de três anos. O coordenador da Comissão é escolhido por seus membros
para um mandato de três anos.

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