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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Disciplina: Tópicos Especiais em Antropologia 4 – Antropologia da Arte, Parte 1


Quarta-feira / 14:00 às 18:00 (2016-2). 4 Créditos. Carga Horária: 64 horas
Professor: Kleyton Rattes
Correio Eletrônico: rattes.ufc@gmail.com

Ementa/Objetivos: O curso apresentará e debaterá parcela do conhecimento e da empreitada antropológicos sobre arte,
discutindo criticamente o rendimento das categorias “arte” e “estética” na antropologia, em concomitância com manifestações
empírico-etnográficas. O enquadramento do curso basear-se-á no tratamento dado à produção de imagens, narrativas e objetos
por coletivos cuja produção não está relacionada, de modo direto, ao “campo da arte ocidental”. A partir deste pano de fundo,
traçar-se-á comparativos com a produção artística ocidental, visando descentrar a estética e a história da arte por meio da
antropologia, de acordo com o norte fornecido pelas quatro unidades constituintes da disciplina.

Programa:
Unidade 1: Objetos e Agências. Unidade 2: Imagens e Afetos
Unidade 3: Fotografia, Cinematografia, Performance. Unidade 4: Poéticas, Escrituras e Oralidades

Modo de Avaliação: 100 pontos totais (convertidos em 10 pontos finais, pelo sistema de pontuação da UFC)
1º Trabalho: Debate-Seminário.
Esta atividade será realizada por coletivos de alunos, que serão responsáveis por sustentar um debate, a partir
de bibliografia especificada. Após a exibição de um longa, seguir-se-á um debate voltado a questões que
perpassam os filmes e os temas/objetos da disciplina. (40 pontos).
2º Trabalho: Trabalho Final.
Um ensaio de tema livre, porém que estabeleça um claro diálogo com autores e discussões que compõem a
disciplina. (50 pontos).
10 pontos finais referentes à participação.

SESSÕES 1 E 2 (17/08): APRESENTAÇÃO E FILME


Arte, imagem, narrativa / o objeto e a manipulação do não dado

Apresentação do curso.
Exibição do filme:
“Mãe e Filho” (Mat i syn).
Direção de Aleksandr Sokurov. Roteiro de Yuriy Arabov.
Rússia, 1997. Duração: 73 minutos.

SESSÕES 3 E 4 (24/08): ANTESSALA


Uma introdução – Noção de Pessoa & Estética

MAUSS, Marcel. “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de ‘eu’”. In, Antropologia e Sociologia. São Paulo:
CosacNaify, 2003.
SEEGER, A, DaMATTA, R & VIVEIROS de CASTRO, E. “A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras”.
Boletim do Museu Nacional, Série Antropologia, n. 32, p. 2-19, 1979.

Para se ler mais sobre “noção de pessoa”:


DUMONT, L. O individualismo. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
GEERTZ, C. “Pessoa, tempo e conduta em Bali”. In, A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GELL, A. “The distributed person”. In, Art and Agency. Oxford: Claredon Press, 1998.
STRATHERN, M. “A pessoa como um todo e seus artefatos”. In, Efeito Etnográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
WAGNER, Roy. “A pessoa fractal”. In, Ponto Urbe, n8, 2011.

SESSÕES 5 E 6 (31/08): DA ESTÉTICA AINDA


Estética é uma categoria transcultural? Os modos de afecção são universos(ais) da estética?

BOURDIEU, Pierre. “Para uma crítica vulgar das críticas puras”. In, A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EdUsp,
2007.
EAGLETON, Terry. “Particulares livres” & “O imaginário kantiano”. In, A Ideologia da Estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1993.

Sessão contará também com aula expositiva do texto:


WEINER et alli. “Aesthetics is a cross-cultural category”. In, Ingold, T. Key Debates in Anthropology. New York:
Routledge, 1996. (não há tradução)
(Debate organizado na University of Manchester, Out. 1993, com a participação de Howard Morphy, Joanna Overing,
Jeremy Coote, Peter Gow).

SESSÕES 7, 8, 9 E 10 (14/09 & 21/09): OBJETOS E RELAÇÕES SOCIAIS


Agência e Arte-(anti)-Artística da antropologia britânica
GELL, A. “Definição do problema: a necessidade de uma antropologia da arte”. In, Revista Poiésis, n 14, p. 245-261, Dez. de
2009.
______ “A rede Vogel: armadilhas como obra de arte e obras de artes como armadilhas”. In, Revista do programa de pós-
graduação em artes visuais eba. Rio de Janeiro: UFRJ, 2 0 0 1
______ “A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia”. In, Concinnitas. Ano 6, volume 1, número 8, julho 2005.

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INGOLD, T. “Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais”. In, Horizonte Antropologicos.
V18, n37, 2012.
LAGROU, E. “Antropologia e Arte: uma relação de amor e ódio”. In, Revista Ilha. V5, n2, 2003.

Para um contraponto:
MORPHY, H. “Arte como um modo de ação: alguns problemas com Art and Agency de Gell”. In, Proa, V01, n3.
ARNAUT, K. A Pragmatic impulse in the anthropology of art? Alfred Gell and the semiotics of social objects. Journal
des Africanistes, v. 71, n. 2, pp. 191-208, 2001.
LAYTON, R. Art and Agency: a reassessment. The Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 9, n. 3, pp. 447-64,
2003.
WINTER, I. Agency Marked, agency ascribed: the affective object in Ancient Mesopotamia. In: Osborne, R.; Tanner, J.
(Eds.). Art’s agency and art history. Oxford: Blackwell, 2007. pp. 42-69.

SESSÕES 11 E 12 (28/09): UM CASO AMERÍNDIO


Arte e Agência com Arte
LAGROU, E. A Fluidez da Forma. Arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre). Partes:
“Introdução”; “Etnografia do gosto: a ética que é uma estética”; “Trilogia da percepção: desenho (kene), figura (dami), imagem
(yuxin) e suas relações com o corpo” & “Uma perspectiva estética sobre o perspectivismo”. Rio de Janeiro: Topbooks, 2007.

Adendos etnográficos:
STRATHERN, M. O Gênero da Dádiva. Campinas: EdUnicamp, 2006. cap 7.
MÜLLER, Regina Polo. “Tayngava, a noção de representação na arte gráfica Asuriní do Xingu”, in Grafismo indígena:
231-248, 1992.

SESSÕES 13 E 14 (05/10): DEBATE PÓS EXIBIÇÃO DO LONGA “A IMAGEM QUE FALTA”


*** Debate Coletivo: das searas do não-semântico ***
Exibição do filme:
“A Imagem que Falta” (L'image manquante)
Direção e Roteiro: Rithy Pahnh
Camboja, França, 2013. Duração: 92 minutos.

Textos para o debate coletivo:


GINZBURG, C. “Representação. A palavra, a ideia, a coisa”. In, Olhos de madeira. Nove reflexões sobre a distância. São Paulo:
Cia das letras, 2001.
VERNANT, Jean-Pierre. “Do duplo à imagem”, In, Mito e Pensamento entre os Gregos. Pp303-330, 1990.
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das letras, 2003.

SESSÕES 15 E 16 (19/10): ICONOCLASMO: ARTE E RELIGIÃO


As Imagens e o Disparar das Afecções (emoções)
LATOUR, B. “O que é iconoclash? Ou, há um mundo além das guerras de imagem?”. In, Horizontes Antropológicos. Ano14,
n29, 2008.
______ “’Não congelarás a imagem’, ou: como não desentender o debate ciência-religião”. In, Revista Mana. 10(2):349-376,
2004

Para se ler mais sobre:


FREEDBERG, David. The power of images. Studies in the History and Theory of Response. Chicago: The University
of Chicago Press, 1989.
LATOUR, B. “Les anges ne font pas de bons instruments scientifiques”. Berlim: Terrain.
TAUSSIG, Michael. Mimesis and Alterity. A Particular History of the Senses. New York/London: Routledge, 1993.

SESSÕES 17 E 18 (26/10): ARTE-RELIGIÃO


A Troca e a Cosmopolítica
LATOUR, B. Reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiche. Bauru: Edusc, 2002. Parte 1

Para se ler mais sobre:


MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva”. In, Sociologia e Antropologia. SP: Cosac Naif, 2003
PIETZ, William. The problem of fetish I & II. Peabody Museum of Archaeology and Ethnology.
PIRES, Rogério. “Pequena história da ideia de fetiche religioso”. In, Religiao e Sociedade, RJ, 31 (1), 2011

SESSÕES 19 E 20 (09/11): DEBATE PÓS EXIBIÇÃO DO LONGA “IMAGENS DO VELHO MUNDO”


*** Debate Coletivo: Fotografias, Mnemotécnicas e Imagens em Movimento ***

Exibição do filme:
“Imagens do Velho Mundo” (Obrazy starého sveta).
Direção e Roteiro: Dusan Hanák
Checoslováquia, 1972. Duração: 70 minutos.

Textos para o debate coletivo:


BARTHES, R. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BENJAMIN, Walter, “A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução”. In, Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural,
1983.
SONTAG, Susan. Sobre a fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. Cap: 1, 3 e 6.

SESSÕES 21 E 22 (16/11): FOTO-CINEMATOGRAFIA


Objetos para as Ciências Sociais
GINSBURG, Faye. “Não necessariamente o filme etnográfico”. In, Eckert & Monte-Mor (org) Imagens em foco. Novas
Perspectivas em antropologia. Porto Alegre: EdUniversidade.
PIAULT, Marc. “Espaço de uma antropologia audiovisual”. In, Eckert & Monte-Mor (org) Imagens em foco. Novas
Perspectivas em antropologia. Porto Alegre: EdUniversidade.

Para se ler mais sobre:


VARIOS. Antropologia e Cinema: primeiros contatos. Cadernos de Antropologia e Imagem, 1995.
BECKER, Howard. “Explorando a sociedade fotograficamente”. In, Cadernos de antropologia e imagem. N2
CANEVACCI, Massimo. Antropologia do cinema. Brasília: EdBrasiliense, 2a edição.
DELEUZE, Gilles. Imagem-movimento. Cinema 1. Porto: Assirio & Alvim, 2004.
MORIN, Edgar. O cinema ou o homem imaginário. Moraes Editores.
NOVAES, Sylvia C (org). Escrituras da imagem. São Paulo: Edusp, 2004.
PEIXOTO, Clarice. “Antropologia e Filme etnográfico: um travelling no cenário literário da antropologia visual”. In,
BIB. N 48, 2, 1999.
SAMAIN, Etienne. “‘Ver’ e ‘dizer’ na tradição etnográfica: Bronislaw Malinowski e a fotografia”. In, Horizontes
Antropológicos. N2, 1995.

SESSÕES 23 E 24 (23/11): ANTROPOLOGIA E AS RETÓRICAS PERSUASIVAS


A Narrativa é Narrada
CLIFFORD, J. “Sobre o surrealismo etnográfico”. In, A experiência etnográfica. Antropologia e literatura no século XX. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1998.
_____ “Colecionando arte e cultura”. In: Revista do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, n. 23, 1994.
MARCUS, George. O intercambio entre arte e antropologia: como a pesquisa de campo em artes cênicas pode informar a
reinvenção da pesquisa de campo em antropologia. Revista de antropologia, São Paulo, USP, 2004, V.47 nº1.

Para se ler mais sobre:


MARCUS, G & MYERS, F. The traffic in Culture. Refiguring art and anthropology.
PRICE, Sally. Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2000.
STRATHERN, M. “Fora do contexto: as ficções persuasivas da antropologia”. In, O efeito etnográfico. São Paulo:
Cosac Naify, 2014.

SESSÕES 25 E 26 (30/11): DEBATE PÓS EXIBIÇÃO DO LONGA “MOSCOU”


*** Debate Coletivo: Antropologia da Performance, Corpo-Poiesis ***
Exibição do filme:
“Moscou”
Direção: Eduardo Coutinho
Brasil, 2009. Duração: 77 minutos.

Textos para o debate coletivo:


DAWSEY, John. O teatro dos “boias-frias”: repensando a antropologia da performance. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre,
ano 11, n. 24, jul/dez, 2005.
_____ Descrição tensa (Tension-Thick Description): Geertz, Benjamin e Performance. Revista de antropologia, são paulo,
usp, 2013, v. 56 nº 2.
_____ A casa de Joana Dark: drama e montagem. MANA 18(1): 91-119, 2012
DERRIDA, J. “O teatro da crueldade eu o fechamento da representação”. In, A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva,
2002.

SESSÕES 27 E 28 (07/12): ESCRITURAS E POÉTICAS


As Tecnologias de Inscrição e os Desafios ao Logocentrismo
INGOLD, T. “Desenho fazendo escrita”. In, Estar Vivo. Petrópolis: Vozes, 2015.

Para se ler mais sobre:


DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 2002.
______ Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 2004.
DUCROT, Oswald; TODOROV, Tzvetan. Dictionnaire encyclopédique dês sciences Du langage. Paris: Seuil, 1972.
JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. São Paulo: Ed Cultrix.

SESSÕES 29 E 30 (14/12): MÍMESES E CRIAÇÃO


Sobre Linguagens
BAUMAN, R. BRIGGS, C. “Poética e performance como perspectivas críticas sobre a linguagem e a vida social”. Revista Ilha,
vol. 8, n. 1 e 2, Florianópolis, 2008.
LANGDON, E. “A fixação da narrativa: do mito para a poética da literatura oral”. In, Horizontes Antropológicos, ano 5, n. 12,
Porto Alegre, 1999.
FOUCAULT, M. Isto não é um cachimbo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
Sugestão de filme:
“A cópia Fiel” (Copie Conforme).
Direção: Abbas Kiarostami.
Irã, França, 2011. Duração: 106 minutos

Entrega do trabalho final: 14 de dezembro, durante as aulas das sessões 29 e 30

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