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TUTELAS COLETIVAS
AULA 01
22/08/2018
Bloco 6
O olhar aqui é voltado para o direito processual. Esse princípio vai dizer
basicamente que na tutela coletiva e nos outros meios de tutela, nós devemos sempre
buscar maior abrangência dessa tutela. Essa proteção deve ser a mais ampla possível,
não se preocupando em restringir os tipos de tutela que podem decorrer dessa ação
coletiva.
A ideia aqui é permitir de fato que aquela ação deva ser a mais efetiva possível.
Tem doutrinadores que inserem esse princípio no princípio falado anteriormente, da não
taxatividade, mas o professor prefere tratar como um princípio autônomo.
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Na própria legislação existe uma certa confusão ou falta de precisão em
selecionar o termo direito e o termo interesse. Logo temos que ficar mais tranquilo
sobre esses termos pois há divergências, alguns falam que não são direitos pois remete
ao patrimônios subjetivo de uma pessoa, e a tutela coletiva veio para mostrar que
existem bens, questões jurídicas, que transcendem o patrimônio de uma pessoa, por
isso alguns preferem usar o termo interesse, pois interesse não diz respeito ao direito
subjetivo. Tem alguns que falam que o termo é direito, pois não há finalidade em
distinguir esses termos. A própria legislação mistura os termos, como exemplo a própria
CF/88 que usa os dois. Mas se algum examinador perguntar sobre esse assunto, deve
ser lembrado que parte da doutrina considera o conceito de direito, como direito
subjetivo, esse conceito não seria compatível com a ideia dos interesses difusos e
coletivos em sentido estrito, por isso o uso do termo interesse seria melhor.
OBS: STJ já disse que seria possível a cumulação de mais de um tipo de direito coletivo
em sentido amplo na mesma ação coletiva, isso é o que se convencionou chamar de
tutela coletiva hibrida, prestigiando o princípio da máxima amplitude da tutela coletiva,
gerando economia processual.
Lembrar sempre que quando falamos das espécies dos direitos coletivos
devemos observar o art. 81 do CDC, que seria o nosso parâmetro legal, em seu
parágrafo único ele conceitua cada uma dessas espécies.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Transindividualidade
Natureza indivisível
Titulares indeterminados e indetermináveis
Os titulares estão ligados por uma situação de fato
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Vamos analisar cada um desses ponto:
Por conta disso, doutrinadores como Rodolfo Mancuso, Edilson Vitoreli, afirmam
que existe uma alta conflitualidade interna nos direitos difusos, isso porque se os
titulares são indetermináveis, se é indivisível aquele direito, se há uma natureza
transindividual, um grupo de pessoas interessadas naquele direito difuso é enorme, logo
dentre desse grupo pode haver um grau de conflitualidade interna, exemplo, uma
discussão em uma ACP se deve instalar uma usina hidrelétrica em um determinado rio.
Isso vai gerar conflitos entras as comunidades atingidas, os interesses de cada
município, logo dentro desse grupo pode haver pessoas que terão conflitos internos.
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Edilson Vitoreli, vai ponderar, em sua tese de doutorado, se realmente o MP, por
exemplo, tem legitimidade tão ampla assim para os direitos difusos, pois o promotor não
tem a consciência de quais são os interesses das habitantes do município. No caso da
DP esse problema é mitigado pois a defensoria pública tem um viés comunicativo, de
abertura social, e também uma natureza de representação de grupos vulneráveis.
2º. Direito coletivo em sentido estrito, art. 81, parágrafo único, II do CDC:
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Sobre a ligações entre esses sujeitos, aqui, nos direitos coletivos, temos sim uma
relação jurídica base, anterior aquele litigio, logo já existia algum vínculo jurídico entre
esses sujeitos, art. 81, parágrafo único, II do CDC, que pode se dar, ou pode existir:
entre os membros daquele grupo, categoria ou classe, ou pode se da entre os membros
e a parte contrária (sujeito que violou os direitos do grupo, seria a parte que vai ser ré
nesse processo coletivo). Um exemplo seria alguns alunos de uma faculdade que tem
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um elo entre eles e a faculdade, se houver algum desrespeito perante esses alunos,
todos serão prejudicados, tendo seus direitos violados.
A relação jurídica base não necessariamente coincide com a relação jurídica que
está sendo alvo do processo, a relação jurídica base existe antes do processo. Seria
por exemplo a relação dos alunos com a faculdade. A relação jurídica base deve ser
anterior a controvérsia e existe antes da relação controvertida, e que vai dar inicio a lide.
Art.81 [...]
São direitos:
A questão do acesso à justiça aqui não é idêntica ao acesso a justiça nos direitos
difusos e coletivos. Todo mudo que é titular de um direito pode levar individualmente a
questão ao judiciário. A questão do acesso à justiça aqui se dá por outro viés, que é o
de otimização da tutela desses direitos, viés motivado a questão da isonomia pois todos
terão a mesma decisão, questão ligada a segurança jurídica pois a decisão será aquela
decidida pelo juízo coletivo, haverá economia macroscópica, pois terá uma resposta
para todos os litígios, e também o principio da eficiência, pois haverá diminuição de
todos os gastos, aumentando a produtividade.
A lógica aqui não é acesso à justiça, mas sim uma otimização dos meio,
operacionalização dos meios. Para compreensão deve lembrar que aqui é um direito
individual.
Direito individual
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os direitos coletivos, já os direitos acidentalmente coletivos são aqueles direitos
individuais que são, por autorização legal, tuteláveis de maneira conjunta.
Outra classificação é a de Teori Zawaski, que fala que existe uma defesa de
direitos coletivos e uma defesa coletiva de direitos. Esse jogo de palavras que o ministro
utilizava vai lembrar que na primeira a defesa é de direitos propriamente coletivos e na
segunda a ideia é de uma defesa em conjunto de direitos individuais.
Direitos com natureza divisível, pois pode ser fracionado por cada um.
Eles já são divididos, já existe uma pertença individual.
São direitos que detém uma origem comum, que pode ser jurídica ou
fática. Todos eles decorrem de uma mesma relação jurídica ou de um
mesmo fato.
Deve haver uma prevalência objetiva entre esses sujeitos, bem como
uma prevalência subjetiva entre eles. Deve existir uma natureza comum
entre esses direitos que justifiquem a tutela conjunta entre eles. O que há
de comum deve ser maior do que há de diferente, ex: acidente de avião
onde a lesão foi parecida para todos, e o que há de comum é maior. Ou
caso seria em uma relação de consumo na compra de algum produto, o
que há de comum é pequena em relação ao que há individualmente, aqui
nós teríamos direitos individuais heterogêneos. Além dessa prevalência
objetiva, que tem relação com o direito em si, deve haver uma prevalência
subjetiva, ou seja, deve haver um número relevante de pessoas que vão
ser beneficiadas por essa tutela.
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Também são direitos individuais, mas a questão aqui é que esse fato de
pertenceram uma só pessoa, pode autorizar a tutela pela via da ação civil pública, do
processo coletivo. Ex: ECA, art. 201, V e o Estatuto do idoso, no art. 74, I.
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses
individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive
os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e
interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais
homogêneos do idoso;
Não são direitos individuais idênticos, aqui pode ser um caso de um mero direito
individual. O STJ já admitiu isso em alguns casos, como no caso de tutela de idoso,
indígenas, também de um deficiente, ou de um grupo de deficientes. O STJ permite a
tutela de um único sujeito pela via da tutela coletiva. Sua justificativa é que existe um
conceito quantitativo de tutela coletiva e um conceito qualitativo de tutela coletiva.
Nesses casos, a questão é qualitativa e não quantitativa, pois alguns direitos têm muita
importância, autorizando o ajuizamento das tutelas coletivas de grupo hiper vulnerável.
OBS: quanto a competência por prerrogativa de função, o STF acabou de reafirmar, que
nas ações de improbidade administrativa, inexiste a competência por prerrogativa de
função.
Sobre o tema, temos que ter em mente que há uma competência absoluta,
entendimento reiterado do STJ, o próprio art. 2 da Lei de Ação Civil Pública para o
julgamento. Na doutrina há discussão se seria uma competência territorial ou funcional,
mas adotando qualquer teoria, sempre terá natureza absoluta.
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer
o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
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O mosaico que nós vamos ter é essa do art. 2 Lei de Ação Civil Pública mais o
art. 93 do CDC.
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
O art. 2 da Lei de Ação Civil Pública traz o primeiro critério que é o da local do
dano, e o segundo critério acrescentado pelo CDC é o da extensão do dano. O STJ
considera essa art. 93 do CDC como regra geral.
Temos que saber que será o local que já ocorreu o dano ou aonde deva ocorrer
o dano, se for uma tutela de natureza coletiva.
Primeira corrente vai dizer que é um dano que atinge uma região inteira, em um
conceito geográfico, exemplo: norte, sudeste e etc.
A segunda considera que o dano regional é o dano que atinge um Estado inteiro,
posição de Ricardo de Barros Leonel.
Uma terceira corrente vai dizer que é aquele que atinge mais de uma comarca,
ainda que não atinja a capital daquele estado.
A quarta corrente afirma que seria aquele que atinge mais de 3 comarcas.
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A jurisprudência não tem uma resposta definitiva sobre isso.
Existe uma certa critica doutrinaria, por exemplo do Hugo Nigro Mazilli, do
Hermes Zanetti, Didier, Elton Venturini, que vão apresentar uma critica sobre esse
dispositivo. Será que é razoável a capital julgar sobre um dano que não mesmo a atingiu.
Alguns ainda afirmam que o melhor lugar seria aonde estariam a maior quantidade de
provas, facilitando a fase probatória, tentando levar esse processo para onde realmente
houve o dano, prestigiando o primeiro critério que seria o local do dano.
III - do lugar:
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b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a
pessoa jurídica contraiu;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir
o cumprimento;
a) de reparação de dano;
O STJ aplica essas regras para ação de improbidade administrativa, mas como
já falamos, para a ação popular ele sai desse microssistema e segue o regramento do
CPC. Logo na ação popular vai seguir a regra das quais sejam parte a União, os
Estados, Municípios e DF, que é: se forem autores será o domicílio do Réu, ou local do
fato, e se forem réus, vai ser o domicilio do autor.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.
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A legitimidade para o processo coletivo tem natureza de legitimidade
extraordinária. Esse é o entendimento majoritário e é adotado pelos tribunais superiores.
Outra corrente, Ada Pellegrini, considera que seria uma legitimidade ordinária
das formações social, aqueles grupos representados no processo coletivo ou eventual
associações atuaria com legitimidade ordinária, mas não clássica e sim dessas tais
formações sociais.
Lembrar também que como regra a legitimidade na tutela coletiva vai ser plúrima,
vai ser mista. Plúrima pois vai trazer como regra, mais de um legitimado concorrente,
isso é o que acontece quase sempre na tutela coletiva. A única exceção que nós temos
é a ação popular, onde não é um rol, mas apenas um que é o cidadão. Já a legitimidade
mista diz respeito ao fato desses legitimados concorrentes envolverem tanto Pessoas
jurídicas de direito público como privado. A exceção aqui fica por conta da ação de
improbidade administrativa.
Hipóteses:
Tem como legitimado exclusivo o cidadão. O art. 1 da lei de ação popular deixa
isso claro. Existe uma pretensão doutrinária de autorizar a tutela desses interesses da
ação popular por uma ação civil pública.
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Para essa doutrina não faria sentindo restringir o rol de legitimados para ação
popular se o rol em uma ação civil pública é bem mais amplo, mas isso ainda está no
plano doutrinário. A única vedação que podemos enxergar está a súmula 365 STF que
diz que a PJ não tem legitimidade para o ajuizamento da ação popular.
Súmula 365: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Exemplo seria o DPVAT e a súmula 470 do STJ, que dizia que o MP não possuía
legitimidade para ações coletivas que versavam sobre o DPVAT. Mas o STF em pleno,
cancelou essa sumula e disse que pode sim pois há repercussão social. Outros
entendimentos pacificados recentemente, súmula 601 do STJ, vai lembrar que o MP
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tem legitimidade quando se tratar sobre direitos do consumir ainda relativos a serviços
públicos. Esses direitos guardam interesse social, presumida. O STJ quando editou
essa súmula, falou que essa proteção foi assumida pelo próprio constituinte, por ser
garantia fundamental. Além disso há indicativos como por exemplo, o ADCT que institui
o prazo para a edição do CDC.
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V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de
2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído
pela Lei nº 11.448, de 2007).
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