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12 a 15 de outubro
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia
1. INTRODUÇÃO:
O mundo hoje vive um “boom” de imagens e produções audiovisuais. Dentre
elas estão as produções de videoclipes que agora conseguem ter um alcance ainda maior
pela internet. As emoções desse tipo de mídia que já era muito “popularizada” com a
televisão, agora com a internet tem a chance de passar sua mensagem para um publico
ainda maior.
O videoclipe vale a pena ser estudado a fundo pois desde seu inicio vem como
uma ação transgressora e de inovação perante o resto das produções audiovisuais. Sua
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Trabalho realizado na disciplina de Teorias da Imagem I (Orientado pela Profª Msª?Dr.ª? Camila Craveiro) e
apresentado na VI FEICOM: Mídia, Imagem e Imaginário. De 12 a 15 de outubro 2011, em Goiânia – GO.
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Aluno de Graduação em Publicidade e Propaganda, da UFG (4° Perído) E-mail <natamourafaria@gmail.com>
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Aluno de Graduação em Publicidade e Propaganda, da UFG (4° Perído)
E-mail < lucasmariano12@hotmail.com>
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liberdade é infinita, podendo usar moldes tanto da televisão e do cinema como de “coisa
alguma” como os videoclipes abstratos e surrealistas que possuem apenas “estímulos
visuais”.
Esse artigo busca esclarecer os movimentos que giram em torno desse tipo de
mídia e o que a banda inglesa Coldplay está produzindo em clipes. Usaremos aqui
conceitos da Teoria da Comunicação e Teoria da imagem para explicar a história desse
tipo de material audiovisual e analisar o videoclipe Don't Panic(Coldplay) junto aos
aspectos semiológicos envolvidos na produção de sentido.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
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relativamente modestos se comparados com os de outras mídias como de um filme ou
programas de televisão, e tem também um amplo potencial de distribuição.
O videoclipe também possui uma grande vantagem perante as grandes mídias
pois deu a possibilidade de a primeira vez que certas atitudes transgressivas no plano da
invenção audiovisual encontrarem finalmente um público de massa. Isso se torna
importante em um quadro totalmente de “uniformidade” de programas, novelas e filmes
totalmente comerciais e que seguem padrões pré-estabelecidos, sem que se possa abrir
qualquer brecha para expressões artísticas inovadoras. O videoclipe que geralmente
seguia estes moldes “tradicionalmente associados ao gosto e comportamento de
teenager”, chega a uma fase mais amadurecida em que usa novos moldes e propostas.
2.2 Videoclipe
Nos primeiros 50 anos do século 20, o homem teve consciência do poder da
imagem e o quanto a televisão poderia auxiliar no âmbito da informação e do
entretenimento. E com a popularização desse meio houve uma mudança de hábitos que
mudou irreversivelmente o modo de vida das pessoas. As relações agora eram, quase
sempre, mediadas por imagens ou por conceitos que a televisão introduzia na sociedade.
Aproveitando-se disso os grandes empresários acharam nesse meio um modo de vender
mais eficiente do que em qualquer outro meio. A venda agora não estava somente
centrada em produtos, mas em modos de vida, comportamentos, etc.
Inicialmente criado por um apelo mercadológico o videoclipe vem mudando a
alguns anos essa visão. Ao invés de vídeos “tradicionalmente associado ao gosto e ao
comportamento de teenagers” e apenas idolatrando a vida de “pop stars”, os videoclipes
assumem agora uma identidade mais artística.
“O videoclipe antes de qualquer coisa, serve para materializar a música.” É o
que pontua o grupo de pesquisa de ISCA, instituição de Limeira, SP. O videoclipe
propõe uma harmonia entre letra, musica e imagem, fazendo com que o entendimento
da mensagem seja muitas vezes facilitado.
Esse processo é baseado na idéia de “o que o diretor quis transmitir” e o que “o
que o receptor filtrou desse conteúdo”. É um processo de capacidade semiótica, aonde o
diretor quer mostrar um novo ângulo de vida através dos conceitos, letras e estilo da
banda e que o receptor filtra de acordo com o que está passando no momento, de sua
cultura ou de uma interpretação diversa.
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Esse meio de criação que mescla vídeo e musica também abrange outros
conceitos de interpretação. “Ao se juntar visão e audição é criado todo um plano
sensorial ativado e percepção neurológica, essa capacidade é chamada de sinestesia.”
Ou seja, o clipe musical é perceptível a todos e não só a uma minoria
“intelectual”. O entendimento é pautado apenas por seus sentidos no seu filtro
“cultural”.
Como já dito esse tipo de material audiovisual surgiu com um grande apelo
mercadológico. Contudo posteriormente ficou marcado por seus exemplos de atitudes
transgressivas e inovadoras diante do que estava sendo feito no cinema e na televisão.
Como disse Arlindo Machado:
“(...) o velho clichê publicitário segundo o qual o clipe se constrói a partir da
exploração da imagem glamorosa de astros e bandas da musica pop vai
sendo aos poucos superado e substituído por um tratamento mais livre da
iconografia”.
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que todo e qualquer pessoa era capaz de conhecer através do fenômeno, comum à tudo e
a todos. O fenômeno seria o canal de entrada do conhecimento para os signos. Ou seja,
é através da consciência, (esta, que foge o pensamento racional). O conhecimento é
adquirido instantaneamente através de uma escala de três momentos distintos:
Qualidade, Reação e Mediação, ou Primeiridade, Secundidade e Terceiridade.
Cada qual desses estágios, referindo-se ao sentimento primordial do que é novo:
(Primeiridade) ou seja, aquilo que é perceptível pela primeira vez. Que é novidade, que
existe pelo fato de ser, que tem nossa percepção imediata sem consultarmos o nosso
intelecto racional. Quando passamos dessa fase, atribuímos então o significado da
existência (Secundidade) pois, ela apresenta-nos com carga de valor, quando
compreendemos o signo e conhecemos seu conteúdo. Quando representamos o que nos
rodeia através dos signos e propomos então um significado (Terceiridade).
Este rápido pano de fundo para o conhecimento acerca da semiótica mostra sua
importância quando nos deparamos com a música e seu contexto na realidade social e
midiática que nos auxilia a compreender e contextualizar o que se quer traduzir em
audiovisual, no videoclipe.
Não podemos esquecer que o videoclipe também é pode ser percebido como
produto cultural de uma industria cultural e fonográfica. O fenômeno da indústria
cultural – um produto da Revolução Industrial, capitalismo liberal, economia de
mercado e sociedade de consumo – surge no cenário da produção cultural. A partir do
século XX, os meios de comunicação de massa (como a TV e o rádio) deram as bases
para a cultura de massa, que é produto da indústria cultural: a massificação da cultura, o
fazer em série para grande número de pessoas. A indústria cultural impede a formação
de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir
conscientemente.
Na perspectiva de Adorno, o termo “indústria” se deve à racionalização das
técnicas de distribuição, e não estritamente ao processo de produção, em que a cultura é
consumida e comercializada como uma coisa qualquer. A reedificação, ou coisificação”
do homem – o valor absoluto das coisas, dos bens, acima de qualquer coisa – resulta na
alienação, em que o ser humano se limita a um mero instrumento de trabalho e de
consumo, ou seja, um objeto. E os jovens, dentro dessa ótica, passaram a receber
passivamente uma mensagem divulgada pelos meios de comunicação através de uma
linguagem jovial, atrativa e que representava um novo estilo: o estilo MTV.
Dentro do conceito proposto por Adorno, o consumidor não precisa se dar ao
trabalho de pensar: é só escolher. O sistema da indústria cultural reorienta as massas e
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não permite que ela saia de seu contexto, para tanto, os esquemas do comportamento
são expostos incessantemente – e a massa absorve esses esquemas como que por
osmose.
Portanto, o adolescente nesse contexto engoliria e reproduziria o que o meio
propagasse, sem permitir uma crítica de si e da sociedade. Os videoclipes lançam
modas, sejam com fins artísticos ou comerciais, induzindo o expectador a se vestir e
agir conforme sua banda preferida, a consumir os seus produtos e ter determinado
estilo. Nessa ótica, poderia se afirmar que é o sistema capitalista comandando a cultura.
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His Friends”. Dentre esses álbuns estão algumas das músicas sucesso da banda como
“In my Place”, “Clocks” , “The Scientist”, “Talk”, “Fix You” e a música a qual o
videoclipe analisaremos aqui, “Don‟t Panic”.
O estilo musical do Coldplay foi definido como rock alternativo, sendo
comparado muitas vezes a bandas como Radiohead e Oasis. O som da banda é imerso
em uma atmosfera “romântica” carregado de solos de piano e palavras de um lirismo
único. O pop melódico da banda é conduzido por composições do pianista e vocalista
Chris Martin com todas as suas “esperanças, medos, duvidas e amores”.
Conduzindo os olhares para seus videoclipes podemos ver que seguem a sua
linha “art rock”, com clipes mais artísticos que “comerciais”. Quanto a isso cabe falar
também a posição da banda diante da “comercialização” de suas músicas, pois a banda
já recusou contratos milionários para usarem suas canções alegando “não vender os
significados de suas músicas”.
A banda possui clipes feitos em “stopmotion”(como a nova música “Every
Teardrop Is A Waterfall”), também podemos encontrar o grande plano sequência de
“Yellow” e a fotografia dos clipes de modo geral com uma paleta de cores sempre entre
o azul e cinza, sempre “segurando” as cores.O Coldplay, não sabemos se pela “frieza”
britânica, deixa transparecer toda essa melancolia em seus clipes e músicas.
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS
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Site <www.youtube.com>
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O videoclipe de "Don't Panic" foi dirigido por Tim Hope. O vídeo começa com
um diagrama animado do ciclo hidrológico, em seguida, retrata a banda como dois
recortes de papel tridimensionais fazendo tarefas domésticas, quando de repente uma
catástrofe atinge a Terra sob as formas de inundações, vulcões e choques elétricos. Tal
como nos vídeos anteriores do Coldplay, "Don't Panic" também apresenta o globo
amarelo da capa de Parachutes.
Partindo do pressuposto de que o videoclipe é muito mais que uma canção com
imagem para promover uma banda, e sim um espaço aberto para experimentações tanto
estéticas quanto lingüísticas no campo do audiovisual, "Don't Panic" explora bem as
simbologias e signos carregados de ironia, mostrado pela não identificação exata da
imagem com a letra da música e muito menos a melodia.
Essa riqueza em linguagem não torna o videoclipe algo pesado e confuso, mas é
carregado de significado e não de forma gratuita de mostrar a destruição e sim nos
mostrar que o nosso belo mundo, onde as coisas são tão boas não é bem assim; de forma
leve a música nos passa a impressão de segurança e aconchego, mas em suas imagens a
destruição e o modo que tudo é destruído nos espanta, pois até os participantes do clipe,
que são a própria banda, não estão reagindo a nada que passam e sim a uma adaptação
fácil ao ambiente.
Essa metáfora poderia ser aplicada aos dias atuais, pois tudo se transforma ou se
destrói mas sempre achamos uma maneira de sobreviver ou nos adaptar as mudanças e
nossas próprias destruições, continuando apáticos e inertes. Assim o videoclipe passa de
mera obra onde se veicula em TVs de salas de esperas lanchonetes e afins, para uma
significação profunda de uma obra contestadora e irônica de forma artística.
Mesmo que se tenha fins de lucro em qualquer videoclipe, não são obras isentas
e assim como em "Don't Panic" são super elaboradas não só no sentido imagético mas
ideológico também . Assim obras audiovisuais como os videoclipes tem poder de
questionar e transformar a arte em linguagem que é capaz de nos fazer refletir.
Sobre a questão de se poder experimentar em um videoclipe, aqui podemos
encontrar uma representação bem interessante para toda essa ironia e linguagem e
significado desta situação de destruição. O recurso de animação e colagens digitais
juntamente com imagens „reais‟ formam um ambiente fictício porem de identificação.
Pois a destruição está presente mas de forma inovadora e não de forma tradicional que
imagens „reais‟ de catástrofes são usadas.
É criado um mundo novo, um novo ambiente para esse videoclipe. A
apropriação do real na linguagem audiovisual é muito rica podendo mostrá-lo de formas
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estilizadas fragmentadas e o videoclipe permite uma maior contestação pois o que é
considerado muitas vezes erro em outras produções aqui e em "Don't Panic" é
considerado recurso estético belo e ousado. A realidade de um videoclipe é a própria
duração dele, ou seja, o mundo é inventado, questionado mas dura somente o tempo de
videoclipe podendo variar para cada um e criar novos mundos.
"Don't Panic" em sua apropriação diferenciada de acontecimentos reais, traz um
distanciamento também e interpretar que isso não é em nosso mundo e sim no
imaginativo, mas alguns elementos nos remetem a essa identificação: o rosto dos
personagens, o uso do ciclo hidrológico, o indicação do planeta terra e as construções de
cidades e a destruição do meio ambiente e o fato da letra e o vídeo dizer que tudo está
afundando.
E é essa a ligação mais coerente, pois a musica diz que tudo está acabando mas
no refrão ele já ironiza e contradiz com isso. O vídeo retrata muito bem essa ligação de
uma hora concordar com a letra e hora discordar por meio da destruição e inerte dos
personagens. E é onde o vídeo e musica se encontram na letra :
BIBLIOGRAFIA
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