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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

São Paulo
2005
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo – IPT, para obtenção do título de
Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia.

Área de Concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios

Orientador: Prof. Dr. Roberto Katumi Nakaguma

São Paulo
Julho de 2005

128
À Regina, Sofia e Julia

129
AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.

130
RESUMO

Motivado pelas freqüentes ocorrências de fissuras em paredes de vedação, e sabendo-se que a


principal causa é a deformação de elementos estruturais, este trabalho tem como objetivo avaliar o
comportamento de paredes de alvenaria, sem aberturas, submetidas à influência de deslocamentos de
vigas e lajes, através de ensaios em escala real.
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.

Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.

ABSTRACT

Influence of beams and slabs displacement in panel walls –


Experimental analysis

131
Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.

Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.

LISTA DE FIGURAS

132
Figura 1 Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva 11
deformabilidade de vigas e lajes: diferentes configurações em
função da magnitude das flechas desenvolvidas. A - deformações
idênticas dos componentes estruturais superior e inferior; B -
deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior.
(Fonte: ABCI. Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Figura 2 Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 30


14 cm x 39 cm.

Figura 3 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3. 32


Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 4 Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de 33


carregamento e instrumentação

Figura 5 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. 34


Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 6 Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de 38


carregamento e instrumentação

Figura 7 Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema 41


de montagem do ensaio

Figura 8 Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da 44


instrumentação e do sistema aplicação de carga

Figura 9 Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação e 45

133
do sistema de aplicação de carga.

Figura 10 Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da 46


montagem e sistema de carregamento

Figura 11 Projeto piloto - Quadro metálico 52

Figura 12 Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de 57


Engenharia Civil do IPT (Prédio 34). Quadro 1 - Vista frontal

Figura 13 Quadro 1 - Vista frontal 58

Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59


138)

Figura 15 Quadro 2 – Vista frontal 60

Figura 16 Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro) 66

Figura 17 Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas 66

Figura 18 Quadro 2 – defletômetro 67

Figura 19 Quadro 1 – A – defletômetro; B – bases para alongâmetro 67

Figura 20 Quadro 2 – elevação da alvenaria 68

Figura 21 Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio 69

134
Figura 22 Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 71
14 cm x 19 cm

Figura 23 Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 71


14 cm x 4 cm x 19 cm

Figura 24 Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1 72

Figura 25 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT) 73

Figura 26 Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 75


(BS / APC)

Figura 27 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC) 76

Figura 28 Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com 78


poliuretano na parede do Ensaio 4 (BIC /EPC)

Figura 29 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC) 79

Figura 30 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1 81

Figura 31 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2 82

Figura 32 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3 82

Figura 33 Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1 84

135
Figura 34 Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 85

Figura 35 Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 86


2 (MB / APT - SB)

Figura 36 Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB) 86

Figura 37 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 87


(BIC / APC – SB)

Figura 38 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 87


(BS / APC – SB)

Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96


APC)

Figura 40 Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação 97


(E2 – BS / APC)

Figura 41 Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação 97


(E7 – BIC / EPC)

Figura 42 Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento 106


(E6 – BIC / EPC -SB)

136
Figura 43 Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / 107
APC -SB)

Figura 44 Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos 108


(E1 – MB / APC -CB)

Figura 45 Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm) 115

Figura 46 Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm) 115

137
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às 20


solicitações indicadas

Tabela 2 Dimensões e desaprumos dos painéis de parede 35

Tabela 3 Deslocamentos verticais dos painéis de paredes 36

Tabela 4 Dimensões dos painéis de parede 39

Tabela 5 Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de 44


ruptura nos painéis de parede estudados

Tabela 6 Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de 45


ruptura e módulo de elasticidade transversal

Tabela 7 Média e valores individuais obtidos para tensão de ruptura 46


argamassa – bloco

Tabela 8 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 9 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 10 Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48


para prismas ocos

138
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos

Tabela 12 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 13 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 14 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para blocos seccionados

Tabela 15 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga 70


superior)

Tabela 16 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas 83


superior e inferior)

Tabela 17 Quadro 1 – Síntese dos resultados 88


Valores médios

Tabela 18 Quadro 2 – Síntese dos resultados 89

Valores médios

Tabela 19 Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências 99


Valores médios

Tabela 20 Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2 103

139
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios

140
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

φ Letra do alfabeto grego – “phi” – símbolo de diâmetro

# Malha

> Símbolo matemático – maior

< Símbolo matemático – menor

τr Tensão de cisalhamento de ruptura

A Alongâmetro

ABCI Associação Brasileira da Construção Industrializada

Abl,b Área bruta do bloco cerâmico

Abl,l Área líquida do bloco cerâmico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APC Argamassa “podre” em cordões

APT Argamassa “podre” total

Ar Argamassa

ASTM American Standard Test Methods

BI Bloco inteiro

BIC Bloco inteiro cortado

BL Bloco

BS Bloco seccionado

C Clinômetro

Cm Unidade de comprimento - Centímetro

CP Corpo de Prova

CPqCC Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Construção Civil

D Defletômetro

DEC Divisão de Engenharia Civil

EPC Espuma de poliuretano em cordões

141
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

F Fissurômetro

G Módulo de elasticidade transversal

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

kN Unidade de carga – kiloNewton

L Vão teórico

MB Meio-bloco

mm Unidade de comprimento – Milímetro

mm2 Unidade de área – Milímetro quadrado

MPa Unidade de tensão – MegaPascal

N Unidade de carga – Newton

NBR Norma Brasileira Registrada

Pn Painel de parede

PR Prisma

S Unidade de rotação - segundo

Sgk Solicitação devida a cargas permanentes características

Sqk Solicitação devida a cargas acidentais características

142
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE BLOCOS CERÂMICOS..................................................................................... 28
3.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 28
3.2 Ensaios realizados................................................................................................ 28
3.3 Descrição dos ensaios........................................................................................... 30
3.3.1 Compressão simples de painéis de parede........................................................ 30
3.3.2 Cisalhamento de painéis de parede................................................................... 37
3.3.3 Aderência argamassa – bloco............................................................................ 40
3.3.4 Resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas............................. 42
3.4 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 43

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO


ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA.......................................................... 50
4.1 Projeto piloto – estudo preliminar.......................................................................... 51
4.1.1 Montagem do quadro metálico........................................................................... 51
4.1.2 Construção da parede........................................................................................ 53
4.1.3 Carregamentos e ensaios................................................................................... 53
4.2 Projeto dos quadros metálicos.............................................................................. 55
4.2.1 Quadro 1............................................................................................................. 55
4.2.2 Quadro 2............................................................................................................. 56

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62

143
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS..................................................... 90


6.1 Ensaios no Quadro 1............................................................................................. 94
6.1.1 Ensaios no Quadro 1, em vazio ......................................................................... 94
6.1.2 Ensaios no Quadro 1, com preenchimento de alvenaria.................................... 95
6.2 Ensaios no Quadro 2.............................................................................................. 104
6.2.1 Ensaios no Quadro 2, em vazio.......................................................................... 102
6.2.2 Ensaios no Quadro 2, com preenchimento de alvenaria.................................... 105

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 120

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 125

144
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A construção civil, acostumada por décadas a produzir estruturas de grande rigidez e


executar vedações tradicionais de alvenaria, passou em curto espaço de tempo a associar
estruturas muito mais esbeltas aos mais variados materiais e sistemas de vedação vertical.

145
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação

146
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS

O principal objetivo desta pesquisa é estudar o comportamento de paredes de alvenaria


de vedação de blocos cerâmicos, sem aberturas, inseridas em estrutura reticulada formada por
pilares e vigas, submetidas a deformações estruturais verticais, considerando diversos tipos de
fixação na borda superior da alvenaria, na interface com a viga.
Objetiva-se, também, analisar os limites de deformação especificados em normas
para as estruturas de concreto de edifícios multipavimentos à luz da interação com as
alvenarias de vedação.
Pretende-se que os resultados obtidos contribuam para a elaboração de
procedimentos quanto às formas de fixação superior da alvenaria de vedação, que possam
melhor protegê-las quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido de minimizar

147
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.

148
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:

• paredes com blocos cerâmicos de 14 cm de largura, sem revestimentos e sem


aberturas
• paredes com ligações laterais às estruturas através de telas metálicas
• quatro tipos de fixação na borda superior:

meio-blocos cerâmicos (furos na horizontal) e argamassa podre total e em cordões


3 fiadas de blocos seccionáveis (furos na horizontal) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e espuma de poliuretano em cordões

A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.

149
2 REVISÃO DA LITERATURA

Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.

Buscando entender a evolução do processo de concepção das alvenarias, patologias


conseqüentes e detalhes construtivos visando sua prevenção, esta revisão bibliográfica foi
concebida em ordem cronológica dos trabalhos.

Ao analisar o comportamento mecânico das alvenarias, Thomaz 1986, coloca que as


alvenarias apresentam bom comportamento às cargas verticais centradas (compressão axial),
o que não ocorre com as tensões de cisalhamento ou tensões de tração (carregamentos
verticais excêntricos). Sobre a resistência à compressão das alvenarias, cita Pereira da Silva
relatando: alvenarias de tijolos maciços – a argamassa de assentamento deformando-se
transversalmente mais que os tijolos, introduz nos mesmos um estado triaxial de tensões:
compressão vertical e tração no plano horizontal nas duas direções e quando a resistência à
tração dos tijolos é ultrapassada, fissuras verticais na parede começam a manifestar-se;
alvenarias de blocos vazados – além das tensões precedentes, outras poderão ser
adicionadas: flambagens e destacamentos entre nervuras para o caso de blocos com furos
verticais e solicitações de flexão nas nervuras horizontais para blocos com furos horizontais.
Thomaz observa que, além da forma geométrica do componente da alvenaria, outros fatores
interferem na resistência de uma parede aos esforços de compressão, tais como: módulos de
deformação longitudinal e transversal dos componentes e argamassa de assentamento da
alvenaria; rugosidade superficial e porosidade dos blocos ou tijolos; aderência, retenção de
água, elasticidade, resistência e índice de retração da argamassa de assentamento;
espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e esbeltez da parede. Embasado na
literatura, o autor conclui: a resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade
150
de juntas; juntas em amarração resultam em alvenaria com resistência maior do que as
executadas com juntas aprumadas; a espessura ideal das juntas (horizontais e verticais) situa-
se ao redor de 10 mm; a introdução de taxa mínima (0,2 %) de armadura melhora
consideravelmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, aumentando muito
pouco sua resistência à compressão; a resistência da parede não varia linearmente com a
resistência do componente e nem com a resistência da argamassa; a resistência da argamassa
de assentamento pouco influi na resistência final da parede. Ainda de acordo com a literatura,
o autor coloca que a resistência da parede situa-se entre 25% e 50% da resistência do
componente da alvenaria. Relata também que, nas alvenarias com função portante ou de
vedação, a padronização dos blocos, sem grandes desvios de forma ou variações
dimensionais, evitam o excessivo consumo de argamassa de assentamento e a
desuniformidade das juntas que acarretaram tensões concentradas e diminuição da
resistência global da parede. Recomenda para as pequenas construções os traços de 1:2:9 e
1:1:6 (cimento, cal e areia, em volume), para alvenaria de vedação e portante,
respectivamente, esclarecendo que a cal hidratada confere à argamassa maior poder de
acomodação às variações dimensionais da alvenaria reduzindo a possibilidade de ocorrência
de fissuras e destacamentos.

Com o objetivo de desenvolver um processo construtivo de alvenaria estrutural que


resultasse uma evolução tecnológica, Sabbatini 1989, subdividiu o desempenho funcional de
paredes resistentes: desempenho estrutural – restrito ao comportamento sob esforços de
compressão (resistência à compressão) e desempenho como vedação – comportamento da
parede submetida às ações do fogo, térmicas, acústicas e da água de chuva (resistência ao
fogo, isolamentos térmico e acústico e estanqueidade). Para o autor, em um processo
construtivo racionalizado, a construção de uma alvenaria “é uma operação de simples
montagem de componentes industrializados” e para possibilitar um conjunto coeso, utiliza-se
um material (geralmente argamassa) com a propriedade de aderir a esses componentes.
Dentre todas as técnicas construtivas desenvolvidas, pode-se destacar a técnica básica de
assentamento de alvenaria: moldagem das fiadas horizontais – moldagem por extrusão
(utilização de bisnaga) de dois cordões contínuos de argamassa, facilitando o assentamento do
bloco no nível e no prumo (uniformidade dos cordões). Visando otimizar a estanqueidade e o
isolamento térmico, além do menor consumo de argamassa, não são colocados cordões nos
septos transversais; juntas verticais – executadas a “posteriori”, com argamassa extrudada sob
pressão por bisnaga, preenchendo o espaço entre os blocos; execução do plano vertical – para
racionalizar a técnica, recomenda o uso de escantilhões que, além de estabelecer a galga com
precisão, controla o prumo. Também entre as conclusões de Sabbatini, pode-se destacar
151
aquela em que relata a importância de considerar todos os condicionantes, premissas e
critérios para essa metodologia, prevendo-se mecanismos de realimentação, através de
protótipos e etapas de avaliação, para que as soluções possam evoluir.

Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.

Ao analisar as ligações entre estrutura e paredes de vedação, de modo a prevenir a


fissuração, Thomaz, 1989 (Cap. 9), explana que, ao haver incompatibilidade entre as
deformações impostas e as admitidas pela parede, resultado de tensões introduzidas por
deflexões de elementos estruturais, principalmente vigas e lajes, uma série de cuidados devem
ser tomados. Dessa forma, recomenda que a montagem
das paredes seja realizada do topo para a base do prédio, e quando não for possível, o
“encunhamento” dessas paredes, executado com materiais de baixo módulo de deformação,
seja efetuado “a posteriori”. Para estruturas muito flexíveis e/ou paredes muito rígidas, com
base na literatura, recomenda a introdução de material deformável, poliuretano expandido, por
exemplo, no topo da parede. Ao se empregar esse tipo de ligação, o contraventamento lateral
da parede poderá ser garantido por paredes transversais ou por ganchos de aço chumbados
na parede e no componente estrutural. Para o autor, as alvenarias apresentam bom
comportamento à compressão axial, o mesmo não ocorrendo com a tração e o cisalhamento,
sendo muito sensíveis às distorções e deflexões. Assim, alguns cuidados durante sua
152
execução devem ser tomados, iniciando-se pelo controle de qualidade dos blocos, pois a
utilização de componentes com grandes variações dimensionais resultarão em juntas
horizontais irregulares, ocasionando concentração de tensões em determinados blocos. A
efetividade da ligação componente/argamassa é fator determinante no comportamento das
alvenarias, portanto a escolha da argamassa de assentamento influirá decisivamente no
melhor ou pior comportamento da alvenaria. Levando-se em conta seu poder de acomodação
e relativa importância na resistência à compressão da parede, deve-se sempre utilizar
argamassas mistas. Segundo o autor, praticamente todas as especificações técnicas
recomendam argamassas proporcionadas com um volume de aglomerante (cimento e cal
misturados) para três volumes de areia, proporção ideal para que a areia possa ter seus grãos
totalmente recobertos pela pasta de aglomerante.

De acordo com Tango, 1990, as propriedades dos blocos determinam as principais


propriedades da alvenaria, entre elas, as mecânicas. Dentre as principais propriedades dos
blocos e tijolos que o autor destaca, três influem diretamente na capacidade portante da
parede, são elas: dimensões, esquadro e planeza e a resistência à compressão. Ressalta,
porém, que a resistência à compressão de uma alvenaria não é a mesma que a do bloco ou
tijolo que a compõe, pois os blocos ao serem ensaiados, sofrem um cintamento devido ao atrito
com os pratos da prensa que não ocorre ao serem ensaiados dentro de uma parede. Esse
fenômeno, nos ensaios de resistência à compressão, resulta em valores muito maiores para o
bloco quando comparado aos de uma parede feita com o mesmo bloco, fruto de relações
altura/espessura diferentes. Para o autor, a argamassa além de unir os blocos entre si
transmitindo os esforços na alvenaria, é o fator de acomodação para as deformações que
possam vir a ocorrer. Tem influência na resistência mecânica da parede quando sua
resistência à compressão no estado endurecido é muito alta ou muito baixa, e o seu módulo de
deformação afeta diretamente a deformabilidade da parede quando da acomodação da
alvenaria a pequenas movimentações ou variações dimensionais. Coloca que, nas alvenarias
de vedação utiliza-se normalmente a dosagem empírica ou não experimental para estabelecer
o traço da argamassa, baseado na tradição, intuição ou cópia de outras obras. Com relação às
alvenarias estruturais relata que, adota-se o prisma, corpo-de-prova formado por dois ou mais
blocos justapostos com argamassa, como índice de qualidade da alvenaria. Nos ensaios de
compressão, esses prismas costumam romper com tensões mais altas que as que causam a
ruptura das paredes compostas com os mesmos materiais.

Para Thomaz, 1990, as alvenarias de vedação, inseridas em vãos das estruturas


reticuladas ou do tipo pilar/laje, são projetadas para resistirem ao próprio peso e pequenas
153
cargas de ocupação, não sendo consideradas a atuação de cargas verticais provenientes da
deformação de componentes estruturais horizontais (vigas e lajes). Nesses casos, o
“encunhamento” rígido da parede no encontro com a viga ou laje a sobrecarregará originando
fissuras. Segundo o autor, essas solicitações podem provocar diversificadas formas de fissuras
decorrentes da combinação das deformações dos componentes estruturais. Assim,
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Fig.1A), solicitarão a
parede predominantemente ao cisalhamento acarretando fissuras inclinadas nas proximidades
dos cantos inferiores. Já para o caso onde a deformação do componente inferior é maior que a
do superior, resultarão em fissuras inclinadas nas proximidades dos cantos superiores
associadas à fissura horizontal nas proximidades da base (o efeito de arco desviando a fissura
horizontal na direção dos cantos inferiores ocorrerá quando o comprimento da parede for
superior a sua altura – Fig. 1B). No caso da terceira e última possibilidade, a flecha do
componente inferior menor que a do superior, a parede computar-se-á como viga de grande
altura, provocando fissura vertical no terço médio da parede (em sua base) e inclinadas nos
cantos superiores, fissuras essas características de flexão (Fig.1C). Os esquemas descritos
podem ser visualizados na Figura 1.

A B

FIGURA 1 – Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva deformabilidade de vigas e


lajes: diferentes configurações em função da magnitude das flechas
desenvolvidas. A - deformações idênticas dos componentes estruturais superior e

154
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Roman, 1991, relata que o tamanho, a forma e a homogeneidade da unidade


cerâmica de alvenaria são fatores determinantes na resistência à compressão. Assim, quanto
maior a altura em relação à espessura da junta, maior a resistência da parede, e ainda a
homogeneidade de suas dimensões aliada a planeza das superfícies evitam a concentração de
tensões nas juntas que contribuem para a ruptura da parede. O autor descreve os problemas
mais comuns nas construções de alvenaria relativos à mão-de-obra: juntas horizontais
incompletas reduzem a resistência da alvenaria em até 33% e a falta de preenchimento das
juntas verticais afeta a resistência à flexão, alterando pouco a resistência à compressão; a
espessura das juntas afeta sobremaneira a resistência das alvenarias - juntas de 16 a 19 mm
produzem resistência à compressão 30% menor que juntas de 10 mm; a argamassa deve ter
um traço que se mantenha inalterado durante a obra e atenda as exigências de resistência,
trabalhabilidade e retenção de água, sendo que as alvenarias fora de prumo produzem cargas
excêntricas com conseqüente redução da resistência.

Para Cavalheiro, 1991, variabilidade é a palavra que caracteriza o material cerâmico,


devido à qualidade das argilas, tecnologias de fabricação, tamanho das peças e características
de desempenho. Cita que no volume geral de alvenarias do país, há predominância dos tijolos
e blocos cerâmicos de vedação. O autor salienta que a melhor forma de avaliação da
resistência à compressão de uma alvenaria se faz através de ensaios de paredes com altura
de um pé direito e uma base com largura da ordem da terça parte de sua altura, ensaio este
que poucos laboratórios realizam por ser muito dispendioso. Menciona também que os
prismas, para a formulação da tensão admissível de uma parede, necessitam do ajuste de um
maior coeficiente de segurança, porém, esses ensaios têm boa confiabilidade, principalmente
quando se têm correlações com ensaios de paredes que utilizem os mesmos componentes ou
similares.

Costa et al, 1994, avaliaram a capacidade de absorção de deformação das


alvenarias de vedação, inseridas em pórticos, através de carregamentos vertical e horizontal e
da caracterização simultânea dos blocos e argamassas (estado fresco e endurecido) que as
compuseram. Os pórticos, quadros de concreto armado (2,75 m x 1,87 m), foram preenchidos
com blocos de concreto celular autoclavados assentados com argamassas convencionais
155
(1:2:9 e 1:3:7,5) e argamassas industrializadas. Foram moldados e ensaiados 20 pórticos
preenchidos com diversos tipos e dimensões de blocos (para efeito comparativo em alguns
pórticos utilizaram-se blocos cerâmicos), dosagem das argamassas e com o preenchimento ou
não de juntas verticais. A interface pórtico/alvenaria foi chapiscada com argamassa colante
objetivando maior rigidez no sistema. Nos ensaios com carga vertical, estas foram aplicadas
em dois pontos da viga superior. Já para o carregamento horizontal, a carga foi aplicada no
canto superior direito mantendo-se uma carga vertical nesse mesmo canto e um suporte
metálico no canto inferior esquerdo para impedir o escorregamento do conjunto. Os ensaios
foram executados em ciclos de carregamentos controlando-se a deformação imposta ao
conjunto. Os autores constataram que os painéis que foram assentados com o preenchimento
ou não de juntas verticais não apresentaram, para carga vertical, diferenças significativas. Por
sua vez, os ensaios com carga horizontal apresentaram sempre valores significativamente
inferiores aos de carga vertical para o início de fissuração nas paredes. Observaram também
que o traço 1:3:7,5, comparativamente ao traço 1:2:9, beneficiou o comportamento da parede
ao aumentar seu limite para surgimento de fissuras de descolamento da ordem de 50% e para
fissuras diagonais em 100%. Destacaram que o módulo de deformação da argamassa de
traço 1:3:7,5 é da ordem de 33% maior que a argamassa de traço 1:2:9. Ao compararem os
valores obtidos nos ensaios das alvenarias de blocos cerâmicos com os de bloco de concreto
celular autoclavado, utilizando-se a mesma argamassa 1:2:9, concluíram que apresentam
comportamentos não muito diferentes.

Thomaz em 1995a, conceituou alvenaria de vedação como aquela destinada a


compartimentar espaços, não sendo concebidas, portanto, a suportar carregamentos. Porém,
com a flexibilização das estruturas torna-se necessário compatibilizar as deformações
impostas, transmitindo tensões às alvenarias, desde a fase do projeto de modo a evitar fissuras
e outras patologias. O autor coloca que além da aderência entre componentes e argamassa
de assentamento ou revestimento, aspectos técnicos que influem diretamente no desempenho
da parede acabada, outras características na escolha dos blocos que deverão ser
consideradas, entre elas: tamanho do bloco – quanto maior a dimensão do bloco, menor o
número de juntas de assentamento, resultando em menor poder de absorção de
movimentações; peso próprio das paredes - blocos mais leves resultam em elementos
estruturais menores, e a partir de certa flexibilização da estrutura, a adoção de detalhes para
vincular a alvenaria à estrutura se faz necessário. Observa que as juntas em amarração
facilitam a redistribuição de tensões induzidas por deformações estruturais, oposto da
concentração dessas tensões que as juntas aprumadas produzem (as paredes tendem a
trabalhar como uma sucessão de pilaretes). Acrescenta que a ausência de argamassa nas
156
juntas verticais pode prejudicar o desempenho das paredes na capacidade de redistribuição de
tensões nelas introduzidas por deformações impostas, além do desempenho termoacústico, de
resistência ao fogo e resistência a cargas laterais, podendo, no entanto ser adotada em
paredes internas e de pequenas dimensões. Quanto às ligações com pilares, recomenda o
emprego de dois ferros Φ 6 mm a cada 40 cm ou 50 cm e transpasse em torno de 50
centímetros, além da aplicação de chapisco 1:3 nessas faces. O emprego de canaletas,
preenchidas com microconcreto, nas posições desses ferros-cabelo reforça a ligação
absorvendo diferenças significativas nessas posições. Para vãos consideravelmente grandes
e/ou estruturas relativamente deformáveis, os destacamentos alvenaria/pilar não serão
impedidos pela aplicação do chapisco associado aos ferros-cabelo. Assim, orienta a inserção
de tela metálica na argamassa de revestimento ou acabamento da junta com selante
elastomérico. Com relação ao “encunhamento” com lajes ou vigas, o autor apresenta três
situações: assentamento inclinado de tijolos de barro cozido utilizando-se argamassa
relativamente fraca (“massa podre”) para criar um amortecedor das deformações; para blocos
vazados, em projetos modulares, compor a última fiada com meios-blocos assentados com
argamassa fraca em cimento e com furos na horizontal; nas ligações com estruturas muito
deformáveis e no caso de paredes muito extensas e/ou enfraquecidas por aberturas, constituir
uma junta composta por material deformável e contraventada por insertos metálicos fixados
nas lajes ou vigas.

Segundo Thomaz, 1995b, deve-se priorizar a utilização de blocos de produtores com


sistemas de controle de qualidade e marca de conformidade concedida por terceiro. Especifica
entre as principais exigências que os blocos de vedação devem atender, a resistência à
compressão entre 1,0 e 2,5 MPa. Relaciona diversas recomendações para os componentes
dos chapiscos e argamassas como se segue: chapiscos – evitar cimentos de alto forno,
pozolânico e com adição de escória de alto-forno ou pozolana (a rápida evaporação da água
devido à fina camada de aplicação não permite as reações de hidratação da escória e da
pozolana); cal hidratada – evitar produtos “substitutos”: mistura de cal e filito argiloso - embora
proporcionem grande plasticidade no estado fresco devido às argilas, produzem perda de
aderência, de deformação e aumento da retração por secagem e aditivos incorporadores de ar
– reduzem o poder de acomodação das argamassas; areias – grossas (módulo de finura em
torno de 4) para chapisco, médias (módulo de finura em torno de 3) para argamassas de
assentamento e areias com porcentagens consideráveis de material silto-argiloso poderão ser
utilizadas somente em paredes internas revestidas e impermeabilizadas posteriormente,
evitando-se seu uso em “encunhamentos” e ligações com pilares. Propõe os seguintes traços
em volume para os sistemas tradicionais de construção: chapisco – 1: 3 (cimento: areia);
157
argamassa de assentamento – 1: 2: 9 a 12 (cimento: cal: areia) e argamassa de encunhamento
– 1: 3: 12 a 15 (cimento: cal: areia). Para o caso de emprego da argamassa de assentamento
através de bisnagas, deverá ser utilizada areia um pouco mais fina (módulo de finura entre 2,0
e 2,5) e seu traço enriquecido com maior teor de aglomerantes, passando por exemplo para
1:2: 7 a 9. Para as faces dos pilares, recomenda ainda que, no caso de chapisco rolado
(argamassa dosada com adição de resina PVA) , sua aplicação deverá ser simultânea à
elevação da parede, uma vez que a “vitrificação” da superfície após a polimerização da resina,
prejudica a aderência à argamassa de assentamento. Com relação ao levantamento das
paredes, o autor estabelece que, para blocos vazados, a argamassa de assentamento seja
aplicada em cordões a partir da segunda fiada, empregando-se preferencialmente a bisnaga ou
desempenadeira estreita (10 cm de largura e comprimento de 30 a 40 cm). Os blocos deverão
sofrer ligeiro umedecimento se estiverem ressecados, já as superfícies chapiscadas dos
elementos estruturais deverão estar sempre umedecidas. A argamassa de assentamento
deverá sempre ser aplicada em excesso para que possa atingir a espessura desejada, em
geral 1 cm, através da condução do bloco para a posição definitiva mediante forte pressão para
baixo e para o lado, principalmente nos encontros com pilares, onde a compactação e o refluxo
da argamassa são imprescindíveis. Para os “encunhamentos”, o pesquisador apresenta três
possibilidades, deixando claro que em hipótese alguma poderão ser executados imediatamente
após o assentamento da última fiada: encunhamentos rígidos – executados com o máximo
retardo possível após a conclusão das alvenarias em cada pavimento (nunca antes de dez dias
após essa finalização) e preferencialmente após a instalação de todas as cargas mortas mais
importantes do pavimento superior. Com o chapisco aplicado, curado e umedecido,
empregando-se a “massa podre”, assentar de forma inclinada, tijolos maciços ou outros
componentes deformáveis, aplicando a máxima pressão possível para que sobrem
quantidades consideráveis de argamassa; rejuntamento com argamassa – com espessura
máxima de 3 cm, esse rejuntamento deve ser aplicado com o menor teor de umidade
(consistência de ”farofa”) e apiloada energicamente no interior da junta; rejuntamento flexível –
nesse caso não se aplica chapisco na base do elemento estrutural e o material deformável
(poliestireno expandido, por exemplo) deve ser introduzido sob pressão nessa junta. O
acabamento da junta pode, por exemplo, ser realizado com selante elastomérico ou mata-
juntas.

Nos procedimentos para execução de alvenaria de vedação em blocos cerâmicos,


Souza & Mekbekian, 1996, indicaram que o traço adequado das argamassas de cimento, cal e
areia, para assentamento dos blocos, deve ser definido a partir de testes em obras para
avaliação de sua trabalhabilidade e das características técnicas desejáveis (aderência,
158
capacidade de deformação e retenção de água). Para isso, recomendam iniciar com traços
básicos em volume como se segue: 1 : 1 a 3 : 5 a 12 (cimento:cal:areia). Antes de iniciar-se o
assentamento dos blocos, os autores preconizam galgar as fiadas da elevação nas faces dos
pilares, que em estruturas de concreto deverão estar chapiscadas, e posicionar os ferros-
cabelo ou telas de aço galvanizado de malha quadrada (15 x 15) mm2. Em geral, esses
elementos de fixação da alvenaria aos pilares são posicionados a cada duas fiadas a partir da
segunda fiada, chumbando-os com adesivo à base de resina epóxi no caso dos ferros-cabelo e
com pinos de aço por meio de sistema de fixação à pólvora para as telas galvanizadas. Para o
assentamento dos blocos, recomendam ainda que a argamassa, aplicada por bisnagas ou por
desempenadeira estreita, forme cordões com cerca de 15 mm de diâmetro dos dois lados dos
blocos e em suas laterais. Deve-se assentar primeiramente os blocos de cada extremidade
pressionando-os firmemente contra os pilares e com aplicação de argamassa entre a face dos
blocos e a face dos pilares. Através de linhas de náilon fixadas nas galgas, assentar os blocos
intermediários garantindo o nivelamento das fiadas e o alinhamento e o prumo das paredes.
Ressaltam que, durante a elevação das fiadas, deve-se atentar para a correta espessura das
juntas horizontais que deverá situar-se entre 8 mm a 14 mm. Para a fixação da alvenaria, cujo
vão deve ser de 1,5 cm a 3,5 cm, indicam o emprego de argamassa com o mesmo traço
utilizado na elevação, garantido-se o total preenchimento da largura do bloco. Observam não
se tratar de “encunhamento”, pois este se refere à fixação com tijolos maciços inclinados ou
utilização de argamassa expansiva.

No projeto EPUSP / MORLAN, 1997, Medeiros at al estudaram o emprego de telas


de arame soldado e galvanizado como reforços de juntas horizontais de paredes de alvenaria e
como dispositivo de ligação entre estas paredes e os pilares de estruturas reticuladas de
concreto armado. Verificaram experimentalmente o uso e desempenho dessas telas como
elemento de ligação objetivando evitar o aparecimento de fissuras na interface parede/pilar.
Como procedimento para aplicação de telas soldadas como dispositivo de ancoragem entre
parede e pilar, os autores recomendam: preparação do pilar – limpeza da superfície e
aplicação de chapisco tradicional ou rolado 72 horas antes do início do assentamento dos
blocos; escolha ou corte da tela – pode-se definir, como regra geral, o tamanho da tela com
largura inferior a 10, 15 e 20 mm da largura do bloco (90, 120, e 140 mm respectivamente),
400 mm de comprimento horizontal no mínimo e 100 mm do total da tela devem ficar embutidos
na junta vertical de argamassa entre parede e pilar; fixação da tela no pilar – garantir que a tela
fique posicionada no centro da junta horizontal em pelo menos todas as fiadas pares, fixadas à
estrutura através de cantoneira de aba de largura mínima de 20 mm e espessura da chapa de
pelo menos 1,2 mm. Não dobrar a tela até o assentamento da fiada (evitar acidente com a
159
extremidade cortante do arame) e cravar as cantoneiras com um ou dois pinos de aço zincado
(diâmetro de 6 a 8 mm), com uma penetração mínima de 20 mm e observando um
afastamento mínimo de 50 mm para garantir uma força de arrancamento de pelo menos 300 N
para concreto com resistência à compressão de 20 MPa; colocação da tela na parede - após a
aplicação da argamassa de assentamento sobre os blocos da fiada inferior, abaixar a tela até
que a mesma fique perpendicular à parede para que a argamassa penetre na malha de arame.
Procurar eliminar a curvatura inicialmente na dobra, garantindo uma adequada dobra a 900. O
preenchimento com argamassa da junta vertical parede/pilar na malha da tela que ficou voltada
para cima (dobra de 100 mm), permite que esta parte da tela auxilie na ancoragem de modo a
redistribuir os esforços logo que ocorrerem os primeiros deslocamentos. Os autores
relacionam ainda as vantagens do uso da tela soldada comparativamente ao uso de ferro
cabelo para a ligação parede/pilar, dentre elas maior homogeneidade da aderência ao
arrancamento, maior capacidade de ancoragem à argamassa e maior capacidade de
redistribuição de tensões (efeito de difusibilidade da armadura no interior da junta de
argamassa).

Massetto & Sabbatini, 1998, estudaram a resistência das alvenarias de vedação de


blocos utilizados na região de São Paulo com o principal objetivo de correlacionar a resistência
à compressão simples de componentes e paredinhas de alvenaria. Os autores selecionaram
16 tipos de componentes de alvenaria diferentes (blocos ou tijolos) disponíveis na região de
São Paulo, ensaiando para cada tipo 6 corpos-de-prova. Dessa forma totalizaram 96 ensaios
de resistência à compressão simples, tanto de paredinhas como de componentes.
Descrevendo sobre a evolução das alvenarias, citaram que a esbeltez das atuais estruturas
reticuladas que, por possuírem menor grau de rigidez e elementos estruturais mais
deformáveis, introduzem maiores deformações com conseqüente aumento de tensões nas
vedações verticais. Ressaltaram que as alvenarias, por serem denominadas de vedação, não
são dimensionadas às solicitações, sejam elas devido à ação do vento ou deformações de
origem estrutural. Analisando as interações estrutura-vedações verticais, apontaram a
deformação instantânea, fenômeno reversível que na prática se estabiliza ao término do
edifício, solicitado pelas cargas de utilização, e a deformação lenta, fenômeno irreversível que
ocorre continuamente com efeito considerável nos primeiros anos, como os mais
significativos. Segundo os autores, as normas técnicas fixam limites aceitáveis para as
deformações estruturais, mas é de suma importância o conhecimento de quanto a estrutura irá
se deformar e constatar se a tensão induzida por essa deformação será suportada pela
alvenaria. Relacionaram os fatores que afetam a resistência à compressão das alvenarias:
160
esbeltez; resistência dos materiais que a compõe; seção transversal; qualidade de execução;
resistência de aderência do conjunto; propriedades geométricas das paredes; tipo de fixação
da alvenaria à estrutura. Observaram ainda que a resistência dos componentes é maior que a
das paredinhas, e que estas têm resistência superior à das paredes em escala real. Nos
ensaios, as paredinhas eram formadas por dois elementos de base e por três fiadas de altura,
exceto nas que utilizavam tijolos de barro que possuíam cinco fiadas de altura. No
capeamento dos componentes, utilizou-se enxofre com adição de pozolana e nas paredinhas a
argamassa de assentamento na espessura média de 5 mm. As juntas verticais e horizontais
das paredinhas foram preenchidas, com espessura variando de 8 mm a 13 mm, e para regular
a velocidade de ruptura, o tempo de duração do ensaio foi fixado de forma a não ser inferior a 1
minuto nem superior a 2 minutos. Os pesquisadores comprovaram a queda da resistência das
paredinhas quando comparadas com a resistência dos componentes. Para os blocos
cerâmicos de primeira linha, o coeficiente de correlação (tensão de ruptura da
paredinha/tensão de ruptura do componente) variou de 12,78% a 17,18% (média de 14,28%).
Deixaram como sugestão que os valores mínimos de resistência das paredinhas se situem
entre 0,7 a 1,0 MPa.

Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:

• nenhuma parte deve ruir ou ter seu funcionamento prejudicado


• as deformações de quaisquer elementos do edifício não devem provocar sensação
de insegurança aos usuários
• as eventuais deformações dos elementos do edifício não devem prejudicar a
manobra de partes móveis, tais como portas e janelas.

O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1

161
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300

Sgk =solicitação devida a cargas permanentes características


Sqk = solicitação devida a cargas acidentais características

Dentre as exigências dos usuários, Mitidieri Filho coloca a exigência de segurança


estrutural em primeiro plano. Segundo o autor, os critérios e requisitos de desempenho para
os elementos da habitação devem ser fixados de modo a não atingirem o estado limite último,
ou seja, que por ruptura ou deformação excessiva, causem a ruína destes elementos ou parte
deles.
Ressalta que, os métodos de avaliação para verificação do atendimento aos requisitos e
critérios de desempenho incluem, além da análise do projeto estrutural, a realização de ensaios
físicos e mecânicos e ainda a inspeção em protótipos.

Segundo Franco 1998, a importância da capacidade de acomodar deformações das


alvenarias é decorrência das mudanças ocorridas na concepção das estruturas e da utilização
de novos materiais. Dessa forma, a maior incidência de problemas patológicos é resultado da
incompatibilidade entre as condições de deformação das estruturas e a resistência das
vedações verticais associada a sua capacidade de acomodar-se a essas deformações. Os
modelos adotados na concepção estrutural das estruturas de concreto armado levam, na
maioria dos casos a previsões que não condizem com a real deformação dos elementos, uma
vez que os valores do módulo de deformação, pouco controlados, podem se situar muito
aquém dos previstos, além da adoção de critérios que contemplam seu funcionamento
162
unicamente como estrutura, sem levar em conta o enrijecimento provocado pelas paredes. Os
critérios impostos para os limites de deformação das estruturas atuais cada vez mais esbeltas,
continuam de maneira geral, os mesmos das estruturas convencionais e raramente são
consideradas as significativas parcelas de carregamento absorvidas pela grande rigidez das
paredes de alvenaria como conseqüência das limitações que essas vedações impõe à
estrutura. As limitações das flechas para os elementos estruturais em L/300 ou L/500 (L = vão
livre) estabelecidas pela norma brasileira e adotadas como parâmetro pelos projetistas, são
incompatíveis com a grande maioria dos sistemas de vedação vertical hoje empregados. Em
ensaios realizados em estruturas de edifícios através de provas de carga em lajes sobre
parede, pode constatar-se que as paredes chegaram a fissurar com uma deformação de
apenas 1,5mm, correspondendo a uma limitação de cerca de L/4000. Assim, evidencia-se que
frente aos sistemas de vedação disponíveis, os critérios tradicionais para limitação de
deformação estrutural não representam as adequadas respostas. Quanto às novas técnicas
construtivas, onde o aumento da velocidade de execução da estrutura associada a menores
períodos de escoramento, além da antecipação do início das vedações verticais, acaba por
solicitar a estrutura em idades iniciais de cura, tornando maiores as deformações iniciais. A
análise não deve ser restrita às primeiras idades, devendo ainda abranger as deformações
causadas pela deformação lenta do concreto, fenômeno natural e irreversível. Para situações
onde se prevêem deslocamentos estruturais consideráveis, o autor salienta que, entre as
medidas possíveis para reduzir o efeito nocivo dessas deformações sobre as vedações
verticais, deve-se evitar ligações rígidas como a utilização de tijolos maciços inclinados ou
argamassas expansivas. Em estruturas deformáveis, esse tipo de ligação provocará nas
paredes uma tensão inicial que deverá ser majorada pela deformação lenta da estrutura ao
longo do tempo. Quanto ao desempenho, o autor destaca uma vez mais a deformabilidade
das alvenarias, definindo-a como “a capacidade que a parede de alvenaria possui de manter-
se íntegra ao longo do tempo, distribuindo as deformações internas ou externas impostas em
microfissuras não prejudiciais ao seu desempenho”. Fatores elencados que interferem na
capacidade de acomodar deformações:

• módulo de deformação da alvenaria – associado ao módulo de deformação dos blocos


e da argamassa de assentamento. Argamassas com elevada resistência e rigidez
produzem alvenaria com pouca capacidade de absorção de deformação.
• resistência de aderência entre juntas de argamassa e os componentes da alvenaria –
fator que distribui as tensões pelo painel. Devem transmitir os esforços sem surgimento
de fissuras nas interfaces.

163
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.

Para Sabbatini, 1998, os problemas nas vedações em alvenaria de edifícios


multipavimentos que até alguns anos atrás se limitavam a fissuras, hoje se transformaram em
esmagamentos e ruptura da alvenaria, chegando em alguns casos ao colapso da parede. O
autor compara várias características desses edifícios construídos durante a década de 60 com
os da década de 90, iniciando pelos subsistemas de vedação e estrutura em concreto,
concluindo que as novas estruturas, mais esbeltas, com menor grau de rigidez e mais
deformáveis, trouxeram para a alvenaria maiores deformações produzidas pela estrutura e
seus elementos e por conseqüência maiores tensões. Estabelece também a comparação
entre as características dos elementos horizontais e observa que as flechas potencialmente
admitidas no mínimo dobraram, principalmente devido ao aumento dos vãos médios, alterando

164
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
165
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.

Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
166
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.

Na análise da qualidade no projeto e execução de alvenarias, Thomaz, 2001, destaca


entre as propriedades gerais dos componentes e das alvenarias que, o tamanho do bloco está
diretamente ligado `a flexibilidade da parede (capacidade em absorver deformações impostas),
pois quanto maior a dimensão do bloco, menor o número de juntas, além do que essas
dimensões devem ser compatíveis com os vãos estruturais, tamanho dos caixilhos, etc. Deixa
claro também que, blocos mais leves acarretam redução de seção dos elementos estruturais e
que a partir de uma certa flexibilidade da estrutura, deve-se levar em conta o papel de
contraventamento das alvenarias e dessa forma adotar uma série de detalhes de vinculação.
Entre esses detalhes pode-se destacar as ligações com pilares e os “encunhamentos”, já
detalhados em Thomaz, 1995 b.

Martins & Barros, 2002, ao proporem as diretrizes para um sistema de vedação


modular de alvenaria, relataram que a alvenaria ainda será por muito tempo a principal
alternativa para a vedação vertical em edifícios, levando-se em conta o parque industrial
montado no país. Referiram entre os principais resultados após dois anos de pesquisa, a
criação de uma família de componentes de acordo com os estudos relativos a modularidade.
O sistema é composto por: componentes de alvenaria – conjunto composto por blocos inteiros,
frações e canaletas; argamassas – são utilizados dois tipos, uma para assentamento da fiada
de marcação e a outra para assentamento das demais fiadas, inclusive a de fixação da
alvenaria à estrutura; pré-fabricados – vergas (disponíveis para vãos de portas) e contravergas
(com comprimento igual a 60 ou 90 cm, assentadas nas extremidades das aberturas); pinos e
espoletas – utilizados em conjunto com uma pistola de fixação para fixar as telas à estrutura;
telas – utilizadas para ancorar as alvenarias à estrutura além de amarrar paredes entre si.

Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
167
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE


VEDAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

168
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.

3.1 INFRA-ESTRUTURA

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Ensaios do Agrupamento de


Estruturas da Divisão de Engenharia Civil e no Laboratório de Concreto do Agrupamento de
Materiais de Construção Civil DEC, ambos do IPT.

Foram realizados ensaios estruturais de caracterização (compressão simples,


cisalhamento e aderência argamassa-bloco) de elementos de alvenaria de vedação, utilizando
blocos cerâmicos de 14 cm x 19 cm x 39 cm e de 14 cm x 19 cm x 19 cm, assentados com
argamassa.
Também foram realizados ensaios à compressão de blocos cerâmicos, prismas
e corpos de prova cilíndricos da argamassa utilizada para assentamento.
Os painéis e prismas foram construídos por pedreiro com larga experiência na execução
de paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

3.2 ENSAIOS REALIZADOS

Foram realizados no Laboratório do Agrupamento de Estruturas DEC do IPT, os


seguintes ensaios:
a) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1, Pn2, Pn3), com dimensões nominais
de 1,20 m x 2,60 m.
b) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1A, Pn2A, Pn3A), com dimensões
nominais de 1,20 m x 2,42 m.
c) compressão simples de 1 painel de parede (Pn4) com dimensão nominal de 2,40 m x
2,65 m.
d) cisalhamento de 3 painéis de parede (Pn5, Pn6, Pn7), com dimensões nominais de 1,20
m x 1,20 m.

169
e) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.

Coube ao Laboratório de Concreto do Agrupamento de Materiais de Construção Civil os


seguintes ensaios:

a) compressão de 6 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm) com os furos posicionados


na vertical.
b) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
c) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 14 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
d) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 4cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
e) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de assentamento com traço
de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).
f) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de fixação com traço de 1:
3 : 12 (cimento: cal: areia, em volume).
g) compressão de 4 prismas ocos, compostos por 2 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39
cm) superpostos com furos posicionados na vertical, assentados com argamassa de
traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).

Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.

170
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm

3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.3.1 COMPRESSÃO SIMPLES DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn1, Pn2, Pn3, Pn4, Pn1A, Pn2A, Pn3A)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.

a) Construção

Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.

171
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.

172
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação

173
LEGENDA:

D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação

174
LEGENDA:

- D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação

175
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.

Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede

Dimensão (cm) Desaprumo (mm)

Painel Largura Altura Espessura


Aresta Aresta
esq. dir.
Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn1 120,0 119,8 266,0 266,0 14,2 14,2 2,0 0,0

Pn2 120,4 120,0 265,2 265,0 14,0 14,0 0,0 0,0

Pn3 120,2 119,8 265,0 265,5 14,0 14,0 2,0 0,0

Pn4 239,0 240,0 265,0 265,0 14,2 14,2 5,0 2,0

Pn1A 120,0 - 243,0 243,0 14,2 - - -

Pn2A 120,4 - 242,2 242,0 14,0 - - -

Pn3A 120,2 - 242,0 242,0 14,0 - - -


Nota: Sinal positivo de desaprumo indica inclinação da aresta vertical para frente, no sentido da
entrada do Laboratório de Ensaios. Sinal negativo indica inclinação da aresta para trás.
(-) medidas não tomadas para os Painéis Pn1A, Pn2A, Pn3A.

b) Instrumentação

Os deslocamentos verticais dos painéis foram determinados por meio de defletômetros,


com sensibilidade de 0,01 mm, situados nas laterais e região central dos painéis. Para
determinação dos deslocamentos horizontais, instalou-se um defletômetro com sensibilidade
de 0,1 mm no meio do terço superior da parede. Essa situação está indicada nas Figuras 3, 4
e 8 e descrita resumidamente na Tabela 3.

Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes

176
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal

Pn1, Pn2, Pn3 D1, D2 D4, D5 D3

Pn1A - D4, D5 -

Pn2A, Pn3A D1, D2 D4, D5 -

Pn4 D1, D2 D4, D5, D6, D7 D3

c) Carregamento e ensaios

Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga uniformemente


distribuída, utilizando-se 5 macacos hidráulicos igualmente espaçados, conforme mostrado nas
Figuras 3, 4 e 8.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 9,0 kN nos
painéis Pn1, Pn2 e Pn3; de 25 kN no painel Pn4 e de 27 kN nos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Foram realizados dois carregamentos preliminares com cargas máximas de 27 kN e 54
kN nos painéis Pn1, Pn2 e Pn3 e de 75 kN e 150 kN no painel Pn4. Nos painéis Pn1A, Pn2A e
Pn3A não foram realizados carregamentos preliminares, pois já haviam sido ensaiados
anteriormente.
Atingido certo nível de carga, os instrumentos de medição foram retirados, sendo então
o carregamento aumentado até atingir a ruptura.

3.3.2 CISALHAMENTO DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn5, Pn6, Pn7)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 14.321/99 da ABNT


(“Paredes de alvenaria estrutural. Determinação de resistência ao cisalhamento. Método de
ensaio”), referente ao método de preparo e ensaio de paredes estruturais submetidas ao
cisalhamento.

177
a) Construção

Os painéis, com juntas amarradas e dimensões nominais de 1,20 m x 1,20 m, foram


construídos com blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na
vertical, assentados com argamassa no traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e
espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada apenas nas duas paredes longitudinais
externas dos blocos.
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), com a
finalidade de garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.
Os meio-blocos situados nos vértices a serem carregados foram reforçados através de
enchimento com argamassa, para evitar danos localizados durante os ensaios.
Posteriormente, os painéis foram posicionados no pórtico de reação, com a diagonal a
ser comprimida na vertical, de acordo com a Figura 6.

178
LEGENDA:

V1, V2, H1, H2 = Bases de alongamento.

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação

179
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.

Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede

Dimensão (cm)

Painel Largura Altura Espessura

Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn5 120,2 120,4 120,1 120,0 14,0 14,0

Pn6 120,0 120,0 120,5 120,4 14,0 14,0

Pn7 120,5 120,3 120,0 120,0 14,0 14,0

b) Instrumentação

Os alongamentos horizontais e encurtamentos verticais dos painéis foram determinados


por meio de quatro bases de alongamento de 500 mm, instaladas deforma centrada nas duas
faces do painel, segundo as direções de suas diagonais. A sensibilidade do alongâmetro é de
0,001 mm, e o posicionamento das bases para sua instalação também pode ser visualizado
nas Figuras 6 e 9.

c) Carregamento e ensaios

180
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.

3.3.3 ADERÊNCIA ARGAMASSA – BLOCO

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.

a) Construção

Foram construídos corpos-de-prova superpondo-se 5 blocos cerâmicos (14cm x 19 cm x


39 cm, com furos posicionados na vertical), assentados com argamassa com traço de 1: 2: 9
(cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada
apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
Essas pilhas foram construídas entre duas guias (pontaletes de madeira), de forma a
garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.

b) Carregamento e ensaios

Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.

181
OBS: medidas em centímetros

FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio

c) Tensão de ruptura na ligação bloco – argamassa

A tensão máxima de tração na ligação bloco – argamassa é calculada pela expressão


fornecida pela norma ASTM E518-00 a,

σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W

onde,

182
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)

3.3.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE BLOCOS, ARGAMASSA E PRISMAS

Os métodos de preparo e de ensaio de corpos-de-prova foram realizados de acordo


com as seguintes normas:

a) Blocos: NBR-7184/92 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação


da resistência à compressão.
Foram ensaiados 6 blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura,
190 mm de altura e 390 mm de comprimento, com os furos posicionados na vertical.
Foram ensaiados também 3 meio-blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 190 mm de altura e 190 mm de comprimento, com os furos posicionados na
horizontal (utilizados como “encunhamento” nos ensaios de painéis), além de 3 meio-blocos
cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura, 140 mm de altura e 190 mm de
comprimento, com furos posicionados na horizontal (utilizados como fiada de fixação nos
ensaios das paredes – Cap. 5)
Ensaiaram-se ainda 3 corpos-de-prova de blocos cerâmicos seccionados, com
dimensões nominais de 140 mm de largura, 40 mm de altura e 190 mm de comprimento, com
furos posicionados na horizontal, utilizados como outro tipo de fiada de fixação nos ensaios de
paredes descritos no Capítulo 5.

b) Argamassa: NBR-7215/96 – Cimento Portland – Determinação da resistência à


compressão.
Para este ensaio, foram utilizados 6 corpos-de-prova cilíndricos para cada tipo de
argamassa (traços 1: 2: 9 e 1: 3: 12, ambos em volume) com dimensões nominais de 50 mm
de diâmetro por 100 mm de altura.

c) Prismas: NBR-8215/83 – Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria –


Preparo e ensaio à compressão
183
Os prismas deste ensaio foram construídos com a justaposição de 2 blocos cerâmicos,
utilizando argamassa com o mesmo traço ensaiado no item b e aplicado apenas nos dois
septos longitudinais externos desses blocos, com cerca de 1 cm de espessura.
Foram ensaiados 4 prismas ocos de blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 390 mm de comprimento e 390 mm de altura.

3.4 RESULTADO DOS ENSAIOS

Os resultados obtidos nos ensaios estão apresentados no Anexo A na seguinte ordem:

• Ensaios de compressão simples de painéis de parede


• Ensaios de cisalhamento de painéis de parede
• Ensaios de aderência argamassa – bloco
• Ensaios de resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas.

Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede

Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados

Dimensões Carga de ruptura Tensão de ruptura (MPa)


Painel
(m)
(kN) (kN/m) Na área bruta Na área líquida
Pn1 1,20 x 2,66 126,0 105,0 0,8 2,1

Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7

Pn3 1,20 x 2,65 162,0 135,0 1,0 2,8

Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9

Pn1A 1,20 x 2,43 306,0 255,0 1,8 5,2

Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2

Pn3A 1,20 x 2,42 339,0 282,5 2,0 5,8

- Média - Média - Média - Média


Nota: Em todos os painéis não ocorreram fissuras prévias.
Painéis Pn1 a Pn4: última fiada de meios blocos com furos na horizontal.
Painéis Pn1A a Pn3A: sem a última fiada dos painéis Pn1 a Pn3.

184
B
A
A

FIGURA 8 
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.

b) Ensaios de cisalhamento de painéis de parede

Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal

P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal

185
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.

c) Ensaios de aderência argamassa – bloco

Tabela 7 - Média e valores individuais


obtidos para tensão de ruptura
argamassa – bloco.

Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo

186
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama

FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.

Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9

Ar13 3,0

Ar14 3,4
Ar16 4,0

Ar17 4,4

Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9

187
Ar02 2,3

Ar03 2,2

Ar04 2,1

Ar05 1,8

Ar06 2,0

Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos

Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7

PR09 395,0 140,0 390,0 2,0 5,7

PR10 395,0 140,0 390,0 2,4 6,9


Média 2,6 7,4

Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7

BL03 190,0 140,0 391,0 11,5

BL04 190,0 140,0 391,0 11,4

188
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5

BL06 190,0 140,0 391,0 12,7

Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta

Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8

BL09 190,0 140,0 193,0 3,0

Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4

BL03 140,0 141,5 190,0 3,1

Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7

189
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4

BL06 42,0 139,0 188,0 3,4

Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA

190
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA

O presente capítulo apresenta o projeto para execução de pórticos retangulares


metálicos e mistos (concreto armado/metálico) em verdadeira grandeza, denominados quadros
nesta dissertação, para ensaios de deformabilidade de alvenaria de vedação.
A escolha dessa abordagem - análise experimental considerando modelos em
verdadeira grandeza - leva em conta, como afirma Franco, 1998, que as alterações propostas
nos materiais e técnicas construtivas para as vedações verticais, quase nunca são
acompanhadas por pesquisas de desenvolvimento tecnológico, o que acarreta, por melhor que
sejam as qualidades desses novos produtos, problemas patológicos que os comprometem por
serem utilizados de forma inadequada.
Por outro lado, como constatado na revisão bibliográfica (capítulo 2), os ensaios
desenvolvidos para avaliação da capacidade das paredes de vedação de absorver as
deformações transmitidas pela estrutura têm sido realizados através de paredinhas, painéis ou
utilizando-se pórticos em escalas reduzidas, cujos resultados nem sempre são diretamente, ou
facilmente, correlacionáveis aos casos reais.
Considere-se, além disso, como sugere Massetto, 2001, que o estudo do
comportamento conjunto de pórticos estruturais preenchidos com alvenaria, é um dos
caminhos efetivos para o desenvolvimento tecnológico a ser trilhado, no que se refere a
estudos de deformabilidade da alvenaria de vedação, apesar das dificuldades maiores
envolvidas na construção de protótipos em verdadeira grandeza.
Por esses motivos, buscou-se projetar pórticos em escala real que simulassem as
movimentações que ocorrem em alvenarias de vedação de prédios com estruturas reticuladas,
em ensaios controlados e monitorados, decorrentes de carregamentos e deformações ao longo
do tempo.

4.1 PROJETO PILOTO − ESTUDO PRELIMINAR

191
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.

4.1.1 MONTAGEM DO QUADRO METÁLICO

A montagem do quadro metálico iniciou-se pela inserção dos pilares laterais,


compostos por perfis H (262 x 147 x 6,6 x 11,2) mm, entre a laje de cobertura e o piso em
concreto armado. O travamento desses pilares na estrutura de concreto deu-se através de
fixação com chumbadores ao longo de seu comprimento e pelo “encunhamento”, em suas
bases, através de chapas metálicas com dimensões de (200 x 200 x 10) mm. O afastamento
entre os pilares, permitiu uma largura útil para a execução da parede de 4,0 m.
O quadro foi completado com a colocação de vigas metálicas horizontais na parte
superior e inferior, simulando, respectivamente, as estruturas deformáveis de fixação e suporte
da alvenaria. Essas vigas, em perfil metálico do tipo H (160 x 152 x 6 x 9) mm, foram ligadas
aos pilares metálicos através de apoios articulados.
A mesa superior da viga metálica de respaldo ficou afastada 90 mm da laje de
cobertura, permitindo assim, a instalação do sistema de aplicação de carga. Da mesma forma,
a mesa inferior da viga de suporte ficou afastada do piso de concreto em 50 mm, espaço
suficiente para acomodar a deformação imposta ao quadro. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 11.

192
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico

4.1.2 CONSTRUÇÃO DA PAREDE

Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.

193
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.

4.1.3 CARREGAMENTO E ENSAIOS

Utilizando-se a laje como estrutura de reação e aplicando-se carga centralizada no


quadro, através de um macaco hidráulico, impôs deslocamentos verticais da seguinte forma:
apenas na viga superior; apenas na viga inferior; nas duas vigas simultaneamente, conforme
sugerido por Thomaz, 1990 (Figura 1).
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, até a ruptura / esmagamento da
alvenaria, fazendo-se o monitoramento de deslocamentos verticais e horizontais no plano do
quadro e perpendicularmente a este.
Pôde-se observar que os perfis adotados não possuíam a necessária rigidez para esse
tipo de ensaio, pois ao se deformarem apresentavam além da esperada flexão, uma torção
indesejada.

Dessa forma, o painel de alvenaria sofria deslocamentos no sentido perpendicular ao


seu plano, com tendência a soltar-se dos elementos do quadro.
Realizou-se, então, uma tentativa para minimizar esses efeitos, travando-se os dois
perfis laterais à metade de sua altura, reduzindo a esbeltez desses pilares. Ainda assim, as
flexões e torções persistiram, prejudicando as ideais condições de contorno pretendidas.
Com esse projeto piloto pode-se constatar:

• a necessidade de aumento significativo da rigidez dos elementos do quadro metálico


para simularem as condições de deformações planas, como ocorre de forma
predominante em estruturas reticuladas de concreto armado, além da necessidade de
fixação dos montantes verticais em elementos estruturais rígidos de concreto armado
existentes no laboratório, para evitar distorções em níveis indesejáveis .

• a necessidade, já esperada, do emprego de elementos de fixação da alvenaria com os


pilares.
194
• com a imposição de deslocamentos verticais apenas na viga superior (ou inferior), a
viga inferior (ou superior) também sofre deslocamentos verticais com magnitude
semelhante à imposta.
Assim, para que não haja deslocamentos verticais em uma das vigas é necessário
bloqueá-la.
Com o bloqueamento da viga superior e imposição de deslocamentos na viga inferior,
deverá ocorrer descolamento entre a alvenaria e a viga superior, fenômeno que está
fora do escopo do presente trabalho. Desta forma, optou-se por analisar apenas dois
casos, nos quais impõe-se deslocamentos verticais apenas na viga superior. Em um
caso, mantém-se a viga inferior imóvel (bloqueada) e em outro, deixa-se a viga inferior
livre para movimentação, ou seja, sem bloqueio.

4.2 PROJETO DOS QUADROS METÁLICOS

Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:

− Quadro 1: para imposição de deformações apenas na viga superior mantendo-se o restante


do quadro imóvel. Nesse caso, pretende-se simular painéis de alvenaria instalados sobre
vigas de transição de rigidez muito superior à da viga de respaldo ou no térreo, em piso
rígido, sendo as deformações impostas correspondentes às deformações da laje/viga
superior do prédio.
− Quadro 2: para imposição de deformações na viga superior, deixando a viga inferior livre
para movimentação, e mantendo-se os montantes verticais imóveis. Nesse caso, pretende-
se simular, deformações de painéis de alvenaria instalados em andares superiores, sendo
as deformações impostas correspondentes às deformações das lajes/ vigas superior e
inferior do prédio.

Nos dois casos, os montantes verticais/pilares foram mantidos imóveis, na tentativa de


minimizar as deformações indesejáveis na direção perpendicular ao quadro e maior controle
quanto a repetibilidade do campo de deslocamentos impostos aos quadros.

4.2.1 QUADRO 1

195
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.

Para tornar-se possível a aplicação de deslocamentos verticais na borda superior,


instalou-se 25,0 cm abaixo da laje de reação uma viga metálica composta por dois perfis do
tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados, possuindo em suas extremidades apoios
articulados.
Assim, o Quadro 1 permite a análise das ligações alvenaria / concreto nas bordas
verticais e ao impor deslocamento vertical na borda superior com a borda inferior indeslocável,
verificar o comportamento da parede submetida à deformações diferenciadas dos elementos
estruturais de suporte e de fixação.
Deve-se ressaltar que, para a execução desse experimento, foi
necessária a abertura de uma porta externa nesse local, pois a execução
da parede a ser ensaiada ocupando todo o vão existente, impedia o
acesso a sua parte posterior. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 13.

4.2.2 QUADRO 2

O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.

196
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.

OBS: medidas em metros

FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
197
OBS: medidas em metros

FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal

198
OBS: medidas em metros

FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)

199
OBS: medidas em metros

FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL

200
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.

(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.

Segundo Téchne, 2004, há alguns anos a espessura do revestimento, cerca de 4 cm


ou mais, absorvia parte da carga transferida e, com a redução de sua espessura, esse fato não
pode mais ser considerado. Portanto, adotou-se paredes de vedação sem revestimento,
inclusive para poder relacioná-las com os ensaios de caracterização de seus componentes.
No presente capítulo descrevem-se os ensaios realizados segundo as concepções
descritas no item 4.2, as condições de contorno / fixações junto à viga superior do quadro

201
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.

5.1 INFRA - ESTRUTURA

Todos os experimentos que foram realizados, utilizaram-se das instalações do


Laboratório de Ensaios do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT.

Nesta fase, utilizaram-se os quadros dos tipos 1 e 2, descritos no capítulo 4, para a


realização dos ensaios.

O dispositivo de acionamento hidráulico utilizado para a aplicação de carga, situado no


centro da viga metálica superior dos pórticos, possui capacidade para carregamentos de até
200 kN.

Os quadros em questão foram ensaiados em vazio (sem preenchimento de alvenaria)


e preenchidos com alvenaria utilizando-se quatro tipos de fixação superior.
As paredes, de forma similar aos painéis e prismas dos ensaios de caracterização
(Capítulo 3), foram construídas por pedreiro com boa experiência prática na construção de
paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

5.2 COMPONENTES UTILIZADOS

Para a execução das paredes de vedação foram utilizados blocos cerâmicos de 14 cm


(largura) x 19 cm (altura) x 39 cm (comprimento) associados a meio-blocos de 14 cm (largura) x
19 cm (altura) x 19 cm (comprimento) e para as fixações, blocos de 14 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 19 cm (comprimento) e de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento), do
mesmo lote descrito na caracterização dos elementos de alvenaria de vedação (Capítulo 3).
Como elemento de ligação lateral, alvenaria / pilar, foram utilizadas telas soldadas nas
dimensões de 120 mm x 500 mm, malha # 16,5 mm (transversal) x 17,5 mm (longitudinal) e fios
de 1,65 mm de diâmetro.

202
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)

A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.

5.3 ENSAIOS EM VAZIO DOS QUADROS

Em função dos problemas encontrados no ensaio preliminar realizado, conforme


relatado no item 4.1, os Quadros 1 e 2 foram ensaiados em vazio com o objetivo de analisar
seus comportamentos e principalmente para verificar ⎯com o novo projeto de quadro, com
elementos metálicos mais rígidos e montantes laterais imóveis⎯ o nível de redução das
movimentações transversais ao plano do quadro. Dessa forma, foram medidos os
deslocamentos verticais e rotações da viga superior (Quadros 1 e 2) e deslocamentos
verticais da viga inferior (Quadro 2).
Assim, para o Quadro 2, foram realizados ensaios com três tipos diferenciados de
deformações, conforme objetivo inicial do experimento já descrito no projeto piloto, e o Quadro
1 ensaiado somente para a deformação possível (viga superior).

5.4 ALVENARIA DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS

Em todos os ensaios realizados, o preenchimento do Quadro 1 com dimensões


nominais de 4,97 m x 2,40 m (largura x altura) e Quadro 2 com dimensões nominais de 4,60 m
x 2,60 m (largura x altura), foi feito seguindo a mesma metodologia.
As paredes foram construídas com blocos (14 cm x 19 cm x 39 cm) e meio-blocos (14
cm x 19 cm x 19 cm) cerâmicos, com os furos posicionados na vertical, assentados em juntas
amarradas com argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume) e espessura
de cerca de 1,0 cm. A argamassa foi aplicada em cordões com desempenadeira estreita (10

203
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.

5.5 DEFORMAÇÕES IMPOSTAS AOS QUADROS

Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.

5.6 INSTRUMENTAÇÃO EMPREGADA E TRATAMENTO DE DADOS

Para o monitoramento dos quadros foram empregados os seguintes instrumentos:

204
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.

FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)

205
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas

FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro

206
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro

FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria

5.7 ENSAIOS REALIZADOS

5.7.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

No Quadro 1 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

207
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetros): D1 a D11


− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1

FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio

b) Ensaios de 1 a 9

208
i) Características dos tipos de fixação ensaiados

De acordo com a Tabela 15 a seguir.

Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)

Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm

E2 BS APC j = 20 mm

E3 MB APC j = 20 mm

E4 BIC EPC j = 15 mm

E5 BIC APC j = 20 mm

E6 BS APC j = 20 mm

E7 BIC EPC j = 20 mm

E8 MB APT j = 20 mm

E9 BIC APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

O bloco inteiro - BI (14x19x39), assentado com os furos na vertical, está apresentado na


Figura 2 (Cap. 3). O meio-bloco – MB (14X14X19), assentado com os furos na horizontal na
fixação superior, pode ser visualizado na Figura 22.
209
FIGURA 22
Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 14 cm x 19 cm

A Figura 23 apresenta o bloco seccionado – BS (14X4X19), também conhecido como


“bloco compensador”, utilizado nos ensaios como fixação superior assentado em 3 fiadas com
os furos na horizontal.

FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 24)


210
− deslocamentos verticais da viga superior: D1 e D2, posicionados na seção transversal do
meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal: C1, junto a apoio da viga superior;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.

5.7.1.1 ENSAIO 1 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM


FUROS NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento total da junta bloco / viga) – MB / APT
A utilização de meio-blocos assentados com furos na horizontal, nos projetos
modulados, segundo Thomaz, 2001, facilita sobremaneira a execução da fixação, devendo
empregar-se argamassa fraca em cimento. Como esse tipo de “encunhamento”, inserido em

211

OBS: medidas em metros


manuais de fabricantes de blocos cerâmicos, tem sido largamente empregado, adotou-se
como primeiro tipo de fixação a ser ensaiado.

Fixação superior da alvenaria:


A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), sobre a qual preencheu-se totalmente, na espessura de
cerca de 2,0 cm , a interface bloco-viga metálica com argamassa no traço 1 : 3 : 12 (cimento :
cal : areia, em volume), conforme Figura 25.

FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)

5.7.1.2 ENSAIO 2 - ALVENARIA FIXADA COM TRÊS FIADAS DE BLOCOS CERÂMICOS


SECCIONÁVEIS DEITADOS E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BS / APC

Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).

Fixação superior da alvenaria:


No ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última fiada (meio-
blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal), permanecendo

212
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.

preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc

blocos seccionáveis cerâmicos


4 cmc
14 cm (larg
(larg)) x 4 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)

213
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC

Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.

Fixação superior da alvenaria:


Novamente, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura dos blocos do
“encunhamento” (três fiadas de blocos seccionáveis cerâmicos de 14 cm x 4 cm x 19 cm
com furos na horizontal), permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras,
deformações ou esmagamentos visíveis. Portanto, como no procedimento anterior, retirou-se
com o máximo cuidado o conjunto de fiadas de respaldo de modo a não afetar o restante da
parede que pode ser aproveitada uma vez mais.
A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), e a argamassa de fixação na interface bloco-viga metálica
com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume) aplicada em cordões, apenas nas
paredes longitudinais externas dos blocos, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 27).

214
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

meio –blocos cerâmicos


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 19 cm (compr)

FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)

5.7.1.4 ENSAIO 4 - ALVENARIA FIXADA COM ESPUMA DE POLIURETANO


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / EPC

A utilização de materiais flexíveis e versáteis como a espuma de poliuretano, além de


atuar como elemento de fechamento, minimiza a resistência à movimentação da alvenaria.
Segundo Franco (Téchne, 2004), a “massa podre” ao ser comprimida pode estourar o
revestimento, o que não ocorre com a espuma de poliuretano, porém sua utilização fica
condicionada à possibilidade de criar juntas de movimentação – inclusive no revestimento – na
posição da fixação.
Nos ensaios anteriores, a estratégia foi introduzir na fiada do respaldo blocos (com os
furos na horizontal) e argamassa (podre) mais flexíveis e menos resistentes que os elementos
correspondentes utilizados no restante da alvenaria, de modo que a ruptura ocorresse nessa
fiada, a qual sendo o elo mais fraco, funcionaria como uma espécie de fusível à ruptura.
A alvenaria toda, com a exclusão da fiada do respaldo, com blocos com furos na
vertical, com maior rigidez e confinada lateral e inferiormente, sofre deslocamentos bem
menores que essa fiada superior composta por blocos com furos na horizontal, de modo a
instalar nessa fiada um estado predominantemente de compressão, que acaba por esmagar
seus blocos.

215
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.

Fixação superior da alvenaria:


Uma vez mais, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última
fiada (meio-blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal),
permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos
visíveis. Retirou-se novamente com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não
afetar o restante da parede.

Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas blocos de 14 cm (largura) x 14,5


cm (altura) x 39 cm (comprimento) com furos na vertical, assentados com argamassa 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume); junta entre a alvenaria e viga superior, com espessura de
cerca de 1,5 cm preenchida com espuma de poliuretano em cordões, ao longo de todo o
comprimento (Figura 28).
A espessura de 1,5 cm para a junta de fixação foi adotada em função da capacidade de
deformação elástica da viga metálica, evitando a ocorrência de deformações permanentes
nessa viga.

216
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*

14,5 cm
14

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

* capacidade de deformação elástica


da viga metálica

FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)

5.7.1.5 ENSAIO 5 - ALVENARIA FIXADA COM ARGAMASSA “PODRE”


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / APC

O objetivo de ensaio segue a justificativa do ensaio 4, substituindo-se a fixação através


de espuma de poliuretano da alvenaria por cordões de argamassa “podre”, mantendo-se a
uniformidade de rigidez da parede de blocos assentados com furos na
vertical. Com a realização desse experimento, será possível comparar os dois materiais de
fixação pela magnitude das deformações da viga superior e as implicações na alvenaria.

Fixação superior da alvenaria:


Assentamento de blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 39 cm (comprimento)
com furos na vertical com argamassa 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume); argamassa de
fixação na viga horizontal com traço de 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume), aplicada
em cordões, apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos, na junta entre a
alvenaria e viga superior, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 29).

217
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 39 cm (compr)

FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)

5.7.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

No Quadro 2 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

Para o ensaio em vazio no Quadro 2, sem preenchimento com alvenaria, a forma


adotada para aplicação do carregamento ora na viga superior, ora na inferior e em ambas ao
mesmo tempo, foi a instalação de duas barras rosqueáveis, localizadas nas laterais das vigas
no centro do vão, com diâmetro de 2” interligando a viga de suporte com a de respaldo.
Esse esquema permitiu que o macaco hidráulico, utilizando a viga de reação superior,
aplicasse ao mesmo tempo a carga às duas vigas metálicas.

Carregamento 1 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga superior, sem o uso das barras de interligação das duas
vigas.

Carregamento 2 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga inferior, sem o uso das barras de interligação das duas vigas.

218
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.

ii) Instrumentação (conforme Figuras 30, 31 e 32)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1.

OBS: medidas em metros

FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1

219
b)
Ens
aios
de 1
a9

i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s

2 βαρρασ δε α⎜ο χιλ⎨νδριχασD


φ = 50μμ e
acor
do
com
a
Tab
ela
OBS: medidas em metros 16 a
segu
ir.
FIGURA 32
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3
Tab
ela 16
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas superior e inferior)

220
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm

E2-SB MB APT j = 20 mm

E3-CB BIC EPC j = 15 mm

E4-SB BIC APC j = 20 mm

E5-SB BS APC j = 20 mm

E6-SB BIC EPC j = 20 mm

E7-SB MB APT j = 20 mm

E8-SB BIC APC j = 20 mm

E9-SB BS APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

CB - com barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2


SB - sem barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 33)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
221
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

FIGURA 33

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.

222
viga de reação

argamassa “podre” em cordões

barra de ligação

FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)

meio-bloco (14 x 14 x 19)


furos na horizontal

argamassa “podre” com


preenchimento total

FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)

223
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)

20 mm

14,5 cm

argamassa “podre” em cordões


bloco cerâmico cortado
14 x 14,5 x 39

FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)

224
4 cm

4 cm blocos seccionados (14 x 4 x 39)


furos na horizontal
4 cm

argamassa “podre” em cordões

FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)

5.8 RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.

Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).

Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
Fixação
Ensaio  superior Carga (kN) (flecha)
(mm)

225
– – –
Vazio 

E1, E8 129,55 0,69


MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 0,68

E2, E6 BS/APC 148,66 1,17

E5, E9 BIC/APC 121,21 0,66

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84

Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm

Vazio – – – – –

E2,  MB/APT- SB 139,93 2,17 1,74 1,96


E7 
E1 MB/APC- CB 105,00 1,17 1,27 1,22

1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23

E4, E8 BIC/APC- SB 167,97 2,47 1,65 2,06

BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25

226
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.

Os ensaios de caracterização dos elementos de alvenaria de vedação no


Capítulo 3, demonstraram o que se segue:

• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.

• a média da resistência à compressão dos painéis de parede Pn1A a Pn3A (sem a


última fiada de meio-blocos com furos na horizontal) representou 15% da
resistência à compressão do bloco cerâmico, muito abaixo da faixa, entre 25% e
50%, encontrada na literatura por Thomaz,1986, resultado esse obtido devido à
elevada resistência à compressão do bloco cerâmico de vedação empregado nos
ensaios.

• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
227
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).

A seguir, apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios realizados para os


Quadros 1 e 2, descritos no Capítulo 5.

Deve-se notar inicialmente que foram verificadas dispersões consideráveis nos


resultados dos ensaios de fixações semelhantes, para os Quadros 1 e 2 (Tabelas 1.10 do
Anexo B e 2.10 do Anexo C), as quais de forma geral podem ser atribuídas a:

• desaprumos e desalinhamentos existentes nos painéis de alvenaria;


• variação das dimensões (espessura e altura) dos cordões de argamassa de
assentamento dos blocos e principalmente da argamassa podre (na junta contígua à
viga superior), bem como das características mecânicas (quanto à resistência e
deformabilidade) e do grau de compactação destas argamassas;
• excentricidade no carregamento vertical dos quadros que, acrescidos das
irregularidades acima citadas, induziram solicitações como flexão e torção no painel
de alvenaria.

As variações construtivas, em maior ou menor escala, são inerentes a obras em


alvenaria. Também, as solicitações espúrias nos painéis de alvenaria submetidos a ensaios,
como flexão e torção, sempre coexistem com as solicitações principais, compressão axial no
caso. No presente trabalho, como a alvenaria e os ensaios foram feitos em laboratório de forma
cuidadosa e controlada, esses fatores foram minimizados, mas não puderam ser eliminados.
Assim, o ideal seria aumentar o número de ensaios para cada caso de fixação considerado,
visando ampliar a confiabilidade da representação estatística dos resultados, o que não foi

228
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.

i) Deslocamento vertical no centro da viga (flecha).

Critério: quanto maior a flecha atingida, associada ao aparecimento do dano crítico,


melhor será o desempenho da fixação; neste caso, o objetivo é absorver deslocamentos
decorrentes, por exemplo, de carregamento, de deformação lenta de vigas ou lajes, ou
de variação de temperatura. Este critério (“básico”) é o mais adequado para a análise
pretendida, já que neste trabalho procuram-se sistemas de fixação superior com
melhores características de deformabilidade. Os critérios a seguir apresentados, exceto
(ii) que é equivalente a (i), serão usados apenas como referência e complementação
(“critérios de referência”).

ii) Razão “flecha / vão” da viga.

Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.

229
iii) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.

Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.

iv) Flexibilidade (razão “flecha / carga”).

Critério: quanto maior a flexibilidade, referida ao aparecimento do dano crítico, melhor


será o desempenho da fixação.

Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.

v) Produto “carga x flecha”.

Critério: quanto maior o produto “carga x flecha”, associado ao aparecimento do dano


crítico, melhor será o desempenho da fixação. Deve ser observado que este produto
está relacionado à energia envolvida no processo de deformação do sistema estrutural.

Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.

vi) Carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de fixação.

Critério: quanto maior a carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de


fixação, melhor será considerado o desempenho da fixação.

Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:

• flecha/ vão = 1/500, ou flecha de 10 mm


230
• rotação = 0,0017 rd = 350 s

Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.

Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.

6.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

6.1.1 ENSAIO NO QUADRO 1, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 1, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.1.a e na Figura 21. Os resultados detalhados obtidos
no ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

a) No ensaio em vazio do Quadro 1, o deslocamento máximo atingido no centro da viga


superior foi de 10,19 mm (D11), o que representa cerca de 1/490 do vão (vão de 4,97 m). A
rotação longitudinal no apoio da viga, correspondente a essa flecha, foi de 1146 segundos
− Tabela 1 / Anexo B.

b) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.

c) Os deslocamentos D4, D10 e D11, posicionados na seção transversal correspondente ao


meio do vão, com D4 em seu eixo central e D10 e D11 em extremidades opostas das abas
laterais da viga, apresentaram valores muito próximos entre si − Gráfico 1 / Anexo B.
Também, a relação entre as rotações transversais e longitudinais foi muito pequena, cerca
de um décimo, indicando que foi desprezível a flexão lateral ocorrida na viga − Gráfico 2 /
Anexo B.

d) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o

231
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.

6.1.2 ENSAIOS NO QUADRO 1, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 1, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.1.b e na Figura 24. A descrição das fixações está relatada nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

a) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 1 tem caráter


predominantemente de compressão vertical, tendo em vista as condições de contorno do
quadro, ou seja, a base inferior e as colunas verticais laterais são praticamente imóveis,
com movimentações desprezíveis durante os ensaios. Foram impostos apenas
deslocamentos verticais na viga superior, cujas extremidades são articuladas, através da
aplicação de carga concentrada.

b) Os danos verificados em todos os ensaios ocorreram apenas na região de fixação da


alvenaria, da seguinte forma:

• Para as fixações BS/APC, MB/APT e MB/APC:

b1) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).

b2) Esmagamento da argamassa “podre” de fixação, na região central, com início na


interface com a viga superior. Esse esmagamento prosseguiu até a ruptura da
argamassa (esmagamento total), seguido da (ou simultaneamente à) ruptura de
alguns blocos de fixação (Figura 40).

232
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)

FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)

• Para as fixações BIC/APC e BIC/EPC:

b3) Pequenos danos localizados (lascamentos) em cantos de alguns blocos de fixação,


sem atingir ruptura da argamassa ou desses blocos (Figura 41).

233
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.

c) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.

234
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

d) Análise dos resultados do Quadro 1, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 19,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Deve-se notar, nesta tabela, que os
desempenhos das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando respectivamente
avaliações em ordem decrescente.
Tabela 19
Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
Ocorrência do dano crítico (1) ruptura da
Fixação argamassa
Ensaio Deslocamento Carga x
superior Carga Flexibilidade Rotação ou de bloco
(flecha) Dm/vão (2) -3 flecha de fixação
(kN) (10 mm/kN) (s)
Dm (mm) (kN.mm) (kN)

– – – – 297,62 – – –
Vazio 

E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]

E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]

E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84 1/458 108,99 1078,15 1213 (3)

235
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.

d1) Critérios básicos

• Flecha (i): BS/APC (1,17mm), MB/APT (0,69mm), MB/APC (0,68mm), BIC/APC


(0,66mm).
• Razão “flecha / vão” (ii): BS/APC (1/4248), MB/APT (1/7203), MB/APC (1/7309),
BIC/APC (1/7530).

Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.

d2) Critérios de referência

• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).

236
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, também BS/APC apresentou


o melhor desempenho, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.
• Não há uma diferenciação clara quanto ao desempenho do restante das fixações
sob o ponto de vista da aplicação dos critérios de referência, o que de maneira geral
está também de acordo com a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.

e) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 19

• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.

f) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/7530 (correspondente à flecha de 0,66mm, BIC/APC) a 1/4248

237
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma NBR 6118/03 descritos no início do presente
capítulo.
Já os valores referentes aos ensaios com juntas preenchidas com espuma de poliuretano, o
valor da rotação, na situação do dano crítico, foi superior ao da norma, porém o valor de
flecha foi próximo do admissível pela norma
Apesar de haver a possibilidade de se considerar como “dano crítico” danos de maior
monta que o considerado (início do esmagamento da argamassa de fixação), como já foi
mencionado no item c , conclui-se que os valores admissíveis da norma NBR 6118/03
estão longe se serem adequados para proteção da alvenaria com fixações de argamassa.
De outra forma, verificou-se que apenas fixações com junta contígua à viga superior
preenchida com materiais bem deformáveis, como espuma de poliuretano, atenderiam aos
requisitos da norma. Parece claro não existirem argamassas de cimento/cal/areia com
essas propriedades.

g) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 1

• Um resumo dos deslocamentos D1 e D2, relativos ao dano crítico, está apresentado na


Tabela 20, com base nas Tabelas 1.1 a 1.9 do Anexo B.

Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2

Ocorrência do dano crítico (flecha em mm)


Ensaio Fixação superior
D1 D2 D1/D2

E1 MB/APT 1,02 0,62 1,65

E2 BS/APC 0,73 1,59 0,46

238
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29

E4 BIC/EPC 11,72 12,56 0,93

E5 BIC/APC 0,63 0,70 0,90

E6 BS/APC 0,69 0,91 0,76

E7 BIC/EPC 11,35 11,36 1,00

E8 MB/APT 0,51 0,61 0,84

E9 BIC/APC 0,34 0,96 0,35

Os deslocamentos verticais D1 e D2, dos pontos situados no meio do vão da viga


superior e em faces opostas da parede, foram sensivelmente diferentes entre si, exceto
para os casos BIC/EPC, conforme mostra as relações D1/D2 na tabela acima, indicando
ocorrência de flexão lateral da viga, causada possivelmente por fatores como assimetria
na geometria do sistema quadro − parede e no sistema de aplicação de carga.
Este fato não invalida a análise pretendida, pois assimetrias no comportamento de
paredes de edificações certamente ocorrem na prática, até com maior intensidade; além
disso, é praticamente impossível de evitá-las nos ensaios.

• Os resultados para os tipos de fixação MB/APT e MB/APC, que se diferenciam apenas


no preenchimento da junta contígua à viga superior com argamassa “podre”, não
apresentam diferenças significativas, embora deva-se notar que foi realizado apenas um
ensaio para o caso MB/APC − Tabela 19

6.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

6.2.1 ENSAIOS NO QUADRO 2, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 2, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.2.a e nas Figuras 30, 31 e 32. Os resultados obtidos no
ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

a) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
239
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

b) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

c) Os pares de deslocamentos (D1, D2) e (D3, D4), posicionados na seção transversal do


meio de vão, em extremidades opostas das abas laterais da viga, apresentaram valores
idênticos entre si, indicando que foi desprezível a flexão ocorrida na viga − Gráficos 1 /
Anexo C.

d) Desta forma, com a imposição de campo variável de deslocamentos verticais no ensaio em


vazio, conclui-se que foi adequado o comportamento das vigas superior e inferior do
Quadro 2, que pode ser considerado elástico linear.

6.2.2 ENSAIOS NO QUADRO 2, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 2, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.2.b e na Figura 33. A descrição das fixações estão relatadas nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

a) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 2 tem caráter


predominantemente de flexão no plano da parede, tendo em vista as condições de contorno
do quadro, ou seja, as colunas verticais laterais são praticamente imóveis, com
movimentações desprezíveis durante os ensaios.
Na situação “com ligação entre as vigas superior e inferior”, foram impostos
simultaneamente deslocamentos verticais de magnitudes semelhantes nas duas vigas,

240
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.

b) Os danos verificados na alvenaria do Quadro 2 durante os ensaios realizados, com


indicações de seu desenvolvimento em função do carregamento aplicado, estão mostrados
nos Desenhos de 1 a 9 do Anexo D. Podem ser resumidos, na ordem de ocorrência, da
seguinte forma:

b1) Descolamento, com formação de fissura, na interface entre a argamassa e viga


superior, na região de suas extremidades, e entre a argamassa e os montantes
laterais. Em geral, essas fissuras surgiram com abertura em torno de 0,1 mm, ou
menor, progrediram em comprimento durante os ensaios, mas tiveram suas aberturas
pouco aumentadas.

b2) Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento da alvenaria, desenvolvendo-se


de modo geral do ponto de aplicação da carga na direção dos apoios da viga inferior
(Figura 42). Também, essas fissuras que surgiram com abertura em torno de 0,1 mm,
ou menor, progrediram em comprimento com o acréscimo do carregamento, mas
somente tiveram aumento sensível de abertura no final dos ensaios, pouco antes da
ocorrência dos eventos b3 e/ou b4.

241
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)

b3) Em alguns casos, esmagamento da argamassa de fixação, junto à viga superior, na


região central (Figura 43).

242
argamassa “podre”em cordões

FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)

b4) Em alguns casos, fissuras na argamassa de assentamento entre a primeira e a


segunda fiadas de blocos, na região central (Figura 44), e descolamento na interface
entre a argamassa e a viga inferior, na região de suas extremidades e também na
região central.

243
barra de ligação

fissura entre 1a e 2a fiadas

FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)

Observações:

• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.

c) Em todos os ensaios realizados no Quadro 2 foi considerado dano crítico o correspondente


ao início da fissuração inclinada na alvenaria.

244
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

d) Análise dos resultados do Quadro 2, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 21,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Note-se, nesta tabela, que os níveis
de desempenho das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando ordem decrescente de
avaliação.

Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios

Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio  superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)

Vazio – – – – – – – 255,10 – –

139,93 2,17 1,74 1,96 1/2115


E2, E7 MB/APT- SB 214 [2] 15,51 [1] 303,65 [2] 225,35 [2]
[2] [2] [1] [2] [2]

245
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)

D12 = (D1+D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm = (D1+D2+D3+D4)/4.


j = junta preenchida com espuma de poliuretano (EPC), em cordão.
(1) Vão = 4,60m.
(2) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.

As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo


os vários critérios descritos.

d1) Critérios básicos

• Flecha da viga superior (i): BIC/APC−SB (2,47mm), MB/APT−SB (2,17mm),


BS/APC−SB (1,28mm), MB/APC−CB (1,17mm).
• Razão “flecha da viga superior / vão” (ii): BIC/APC−SB (1/1858), MB/APT−SB
(1/2115), BS/APC−SB (1/3585), MB/APC−CB (1/3923).

Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:

− os casos BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentam deslocamentos da viga


superior D12 (2,47mm e 2,17mm, respectivamente) semelhantes entre si; da
mesma forma são semelhantes entre si os deslocamentos referentes à viga
inferior D34 (1,65mm e 1,74mm, respectivamente);
− os casos BS/APC−SB e MB/APC−CB também apresentam deslocamentos da
viga superior D12 (1,28mm e 1,17mm, respectivamente) e inferior D34 (1,19mm
e 1,27mm, respectivamente) semelhantes entre si.

246
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.

Análise:

• Os tipos de fixação BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentaram desempenhos


semelhantes entre si e melhores, de forma nítida, que os tipos BS/APC−SB e
MB/APC−CB, com desempenhos também semelhantes entre si.
• As fixações de melhor desempenho (BIC/APC e MB/APT) possuem características
de maior rigidez do que as outras duas fixações (BS/APC e MB/APC). Assim,
quanto ao bloco, BIC é mais rígido que MB ou BS; quanto à argamassa, APT,
devido ao preenchimento total da junta, é mais rígido que APC.
• Os fenômenos principais envolvidos no comportamento estrutural da alvenaria
podem ser resumidos como:
− Maior deformabilidade do sistema de fixação superior permite maior
movimentação livre da viga, transferindo portanto menos energia ao painel de
alvenaria.
− A estrutura quadro – parede é submetida à flexão, o que levará ao
desenvolvimento de tensões de tração na alvenaria.
− Maior deformabilidade da fixação superior implica em concentração maior do
carregamento na região central do topo da alvenaria, devido à “deformada do
tipo parabólica da viga”, aumentando os efeitos da flexão. Ao contrário, maior
rigidez da fixação distribui mais o carregamento aplicado, reduzindo
relativamente os efeitos da flexão.

Estes fenômenos relacionados à deformabilidade das fixações, atuando de forma


oposta quanto a produzir tensões de tração na alvenaria, poderiam justificar de,
modo geral, os resultados encontrados, ou seja, maior deformabilidade da fixação
superior da alvenaria no Quadro 2 não resulta necessariamente em maior proteção
à alvenaria quanto à formação de fissuras inclinadas.

• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.

d2) Critérios de referência

247
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, com exceção do referente à


carga de ruptura, os melhores desempenhos também foram atribuídos a BIC/APC e
MB/APT, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios básicos.

e) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.

• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.

f) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/3923 (correspondente à flecha de 1,17 mm, MB/APC) a
248
1/1858 (correspondente à flecha de 2,47 mm, BIC/APC) e as rotações de 138s (BS/APC)
a 255s (BIC/APC), conforme a Tabela 21.
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão foram de 1/430 (correspondente à flecha de
10,68mm) e 1/269 (correspondente à flecha de 17,06mm); a rotação média foi de 1301s
e 2024s, conforme a Tabela 21, para os caso com juntas de 15mm e 20mm,
respectivamente.

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma.
Já os valores referentes aos ensaios com fixações preenchidas com espuma de
poliuretano, o valor da rotação, na situação de dano crítico, foi superior ao da norma, porém
o valor de flecha foi próximo do admissível pela norma.
Portanto, para o Quadro 2 também são válidas as mesmas considerações feitas para o
Quadro1, no item 6.1.2.

g) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 2

• As mesmas observações quanto às diferenças entre os deslocamentos D1 e D2,


medidos na viga superior feitas para o Quadro 1 (item 6.1.2.), são válidas para o Quadro
2, para os deslocamentos medidos em suas duas vigas.
• No ensaio 3 (BIC/EPC, J=15 mm, CB), foram impostos campos de deslocamento
aproximadamente iguais nas duas vigas, superior e inferior, através da barra de ligação,
como se pode notar na Figura 45.
No Ensaio 6 (BIC/EPC, J=20 mm, SB), o campo de deslocamento foi imposto apenas na
viga superior, notando-se que, em função da existência da junta preenchida com espuma
de poliuretano na interface com a viga, foi transmitida para a viga inferior uma fração
(em torno de 8,5 %) dos deslocamentos impostos na viga superior, conforme Figura 46.

M (D3,D4)
M (D1,D2) 249
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)

8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)

FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)

Deve-se observar que, apesar de a espuma de poliuretano, quando solta, ter


consistência que pode ser classificada de “bastante deformável” (do tipo “ïsopor”),
quando confinada na junta apresenta rigidez considerável, conforme pode-se observar
nos Gráficos 2.3.A, 2.6.A, 2.11 e 2.15 do Anexo C, ou seja, praticamente a partir do
início do carregamento (ou da imposição de deslocamentos) a espuma de poliuretano
apresenta resistência à deformação, segundo comportamento “carga x deslocamento”
bastante próximo do linear. Assim, esta junta não pode ser tratada como mera fresta
livre, mas preenchida por material de considerável rigidez.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

250
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

São Paulo
2005

251
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo – IPT, para obtenção do título de
Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia.

Área de Concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios

Orientador: Prof. Dr. Roberto Katumi Nakaguma

São Paulo
Julho de 2005

252
À Regina, Sofia e Julia

AGRADECIMENTOS

253
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.

RESUMO

Motivado pelas freqüentes ocorrências de fissuras em paredes de vedação, e sabendo-se que a


principal causa é a deformação de elementos estruturais, este trabalho tem como objetivo avaliar o
comportamento de paredes de alvenaria, sem aberturas, submetidas à influência de deslocamentos de
vigas e lajes, através de ensaios em escala real.

254
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.

Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.

ABSTRACT

Influence of beams and slabs displacement in panel walls –


Experimental analysis

Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and

255
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.

Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva 11


deformabilidade de vigas e lajes: diferentes configurações em
função da magnitude das flechas desenvolvidas. A - deformações
idênticas dos componentes estruturais superior e inferior; B -
deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior.
(Fonte: ABCI. Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Figura 2 Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 30


14 cm x 39 cm.

Figura 3 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3. 32

256
Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 4 Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de 33


carregamento e instrumentação

Figura 5 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. 34


Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 6 Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de 38


carregamento e instrumentação

Figura 7 Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema 41


de montagem do ensaio

Figura 8 Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da 44


instrumentação e do sistema aplicação de carga

Figura 9 Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação e 45


do sistema de aplicação de carga.

Figura 10 Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da 46


montagem e sistema de carregamento

Figura 11 Projeto piloto - Quadro metálico 52

Figura 12 Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de 57


Engenharia Civil do IPT (Prédio 34). Quadro 1 - Vista frontal

Figura 13 Quadro 1 - Vista frontal 58

257
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)

Figura 15 Quadro 2 – Vista frontal 60

Figura 16 Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro) 66

Figura 17 Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas 66

Figura 18 Quadro 2 – defletômetro 67

Figura 19 Quadro 1 – A – defletômetro; B – bases para alongâmetro 67

Figura 20 Quadro 2 – elevação da alvenaria 68

Figura 21 Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio 69

Figura 22 Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 71


14 cm x 19 cm

Figura 23 Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 71


14 cm x 4 cm x 19 cm

Figura 24 Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1 72

Figura 25 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT) 73

Figura 26 Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 75


258
(BS / APC)

Figura 27 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC) 76

Figura 28 Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com 78


poliuretano na parede do Ensaio 4 (BIC /EPC)

Figura 29 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC) 79

Figura 30 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1 81

Figura 31 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2 82

Figura 32 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3 82

Figura 33 Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1 84

Figura 34 Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 85

Figura 35 Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 86


2 (MB / APT - SB)

Figura 36 Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB) 86

Figura 37 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 87


(BIC / APC – SB)

Figura 38 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 87


(BS / APC – SB)

259
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)

Figura 40 Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação 97


(E2 – BS / APC)

Figura 41 Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação 97


(E7 – BIC / EPC)

Figura 42 Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento 106


(E6 – BIC / EPC -SB)

Figura 43 Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / 107


APC -SB)

Figura 44 Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos 108


(E1 – MB / APC -CB)

Figura 45 Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm) 115

Figura 46 Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm) 115

260
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às 20


solicitações indicadas

Tabela 2 Dimensões e desaprumos dos painéis de parede 35

Tabela 3 Deslocamentos verticais dos painéis de paredes 36

Tabela 4 Dimensões dos painéis de parede 39

Tabela 5 Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de 44


ruptura nos painéis de parede estudados

Tabela 6 Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de 45


ruptura e módulo de elasticidade transversal

Tabela 7 Média e valores individuais obtidos para tensão de ruptura 46


argamassa – bloco

Tabela 8 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 9 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 10 Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48


para prismas ocos

261
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos

Tabela 12 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 13 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 14 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para blocos seccionados

Tabela 15 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga 70


superior)

Tabela 16 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas 83


superior e inferior)

Tabela 17 Quadro 1 – Síntese dos resultados 88


Valores médios

Tabela 18 Quadro 2 – Síntese dos resultados 89

Valores médios

Tabela 19 Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências 99


Valores médios

Tabela 20 Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2 103

262
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios

263
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

φ Letra do alfabeto grego – “phi” – símbolo de diâmetro

# Malha

> Símbolo matemático – maior

< Símbolo matemático – menor

τr Tensão de cisalhamento de ruptura

A Alongâmetro

ABCI Associação Brasileira da Construção Industrializada

Abl,b Área bruta do bloco cerâmico

Abl,l Área líquida do bloco cerâmico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APC Argamassa “podre” em cordões

APT Argamassa “podre” total

Ar Argamassa

ASTM American Standard Test Methods

BI Bloco inteiro

BIC Bloco inteiro cortado

BL Bloco

BS Bloco seccionado

C Clinômetro

Cm Unidade de comprimento - Centímetro

CP Corpo de Prova

CPqCC Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Construção Civil

D Defletômetro

DEC Divisão de Engenharia Civil

EPC Espuma de poliuretano em cordões

264
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

F Fissurômetro

G Módulo de elasticidade transversal

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

kN Unidade de carga – kiloNewton

L Vão teórico

MB Meio-bloco

mm Unidade de comprimento – Milímetro

mm2 Unidade de área – Milímetro quadrado

MPa Unidade de tensão – MegaPascal

N Unidade de carga – Newton

NBR Norma Brasileira Registrada

Pn Painel de parede

PR Prisma

S Unidade de rotação - segundo

Sgk Solicitação devida a cargas permanentes características

Sqk Solicitação devida a cargas acidentais características

265
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE BLOCOS CERÂMICOS..................................................................................... 28
3.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 28
3.2 Ensaios realizados................................................................................................ 28
3.3 Descrição dos ensaios........................................................................................... 30
3.3.1 Compressão simples de painéis de parede........................................................ 30
3.3.2 Cisalhamento de painéis de parede................................................................... 37
3.3.3 Aderência argamassa – bloco............................................................................ 40
3.3.4 Resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas............................. 42
3.4 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 43

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO


ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA.......................................................... 50
4.1 Projeto piloto – estudo preliminar.......................................................................... 51
4.1.1 Montagem do quadro metálico........................................................................... 51
4.1.2 Construção da parede........................................................................................ 53
4.1.3 Carregamentos e ensaios................................................................................... 53
4.2 Projeto dos quadros metálicos.............................................................................. 55
4.2.1 Quadro 1............................................................................................................. 55
4.2.2 Quadro 2............................................................................................................. 56

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62

266
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS..................................................... 90


6.1 Ensaios no Quadro 1............................................................................................. 94
6.1.1 Ensaios no Quadro 1, em vazio ......................................................................... 94
6.1.2 Ensaios no Quadro 1, com preenchimento de alvenaria.................................... 95
6.2 Ensaios no Quadro 2.............................................................................................. 104
6.2.1 Ensaios no Quadro 2, em vazio.......................................................................... 102
6.2.2 Ensaios no Quadro 2, com preenchimento de alvenaria.................................... 105

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 120

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 125

267
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A construção civil, acostumada por décadas a produzir estruturas de grande rigidez e


executar vedações tradicionais de alvenaria, passou em curto espaço de tempo a associar
estruturas muito mais esbeltas aos mais variados materiais e sistemas de vedação vertical.

268
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação

269
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS

O principal objetivo desta pesquisa é estudar o comportamento de paredes de alvenaria


de vedação de blocos cerâmicos, sem aberturas, inseridas em estrutura reticulada formada por
pilares e vigas, submetidas a deformações estruturais verticais, considerando diversos tipos de
fixação na borda superior da alvenaria, na interface com a viga.
Objetiva-se, também, analisar os limites de deformação especificados em normas
para as estruturas de concreto de edifícios multipavimentos à luz da interação com as
alvenarias de vedação.
Pretende-se que os resultados obtidos contribuam para a elaboração de
procedimentos quanto às formas de fixação superior da alvenaria de vedação, que possam
melhor protegê-las quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido de minimizar

270
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.

271
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:

• paredes com blocos cerâmicos de 14 cm de largura, sem revestimentos e sem


aberturas
• paredes com ligações laterais às estruturas através de telas metálicas
• quatro tipos de fixação na borda superior:

meio-blocos cerâmicos (furos na horizontal) e argamassa podre total e em cordões


3 fiadas de blocos seccionáveis (furos na horizontal) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e espuma de poliuretano em cordões

A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.

272
3 REVISÃO DA LITERATURA

Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.

Buscando entender a evolução do processo de concepção das alvenarias, patologias


conseqüentes e detalhes construtivos visando sua prevenção, esta revisão bibliográfica foi
concebida em ordem cronológica dos trabalhos.

Ao analisar o comportamento mecânico das alvenarias, Thomaz 1986, coloca que as


alvenarias apresentam bom comportamento às cargas verticais centradas (compressão axial),
o que não ocorre com as tensões de cisalhamento ou tensões de tração (carregamentos
verticais excêntricos). Sobre a resistência à compressão das alvenarias, cita Pereira da Silva
relatando: alvenarias de tijolos maciços – a argamassa de assentamento deformando-se
transversalmente mais que os tijolos, introduz nos mesmos um estado triaxial de tensões:
compressão vertical e tração no plano horizontal nas duas direções e quando a resistência à
tração dos tijolos é ultrapassada, fissuras verticais na parede começam a manifestar-se;
alvenarias de blocos vazados – além das tensões precedentes, outras poderão ser
adicionadas: flambagens e destacamentos entre nervuras para o caso de blocos com furos
verticais e solicitações de flexão nas nervuras horizontais para blocos com furos horizontais.
Thomaz observa que, além da forma geométrica do componente da alvenaria, outros fatores
interferem na resistência de uma parede aos esforços de compressão, tais como: módulos de
deformação longitudinal e transversal dos componentes e argamassa de assentamento da
alvenaria; rugosidade superficial e porosidade dos blocos ou tijolos; aderência, retenção de
água, elasticidade, resistência e índice de retração da argamassa de assentamento;
espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e esbeltez da parede. Embasado na
literatura, o autor conclui: a resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade
273
de juntas; juntas em amarração resultam em alvenaria com resistência maior do que as
executadas com juntas aprumadas; a espessura ideal das juntas (horizontais e verticais) situa-
se ao redor de 10 mm; a introdução de taxa mínima (0,2 %) de armadura melhora
consideravelmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, aumentando muito
pouco sua resistência à compressão; a resistência da parede não varia linearmente com a
resistência do componente e nem com a resistência da argamassa; a resistência da argamassa
de assentamento pouco influi na resistência final da parede. Ainda de acordo com a literatura,
o autor coloca que a resistência da parede situa-se entre 25% e 50% da resistência do
componente da alvenaria. Relata também que, nas alvenarias com função portante ou de
vedação, a padronização dos blocos, sem grandes desvios de forma ou variações
dimensionais, evitam o excessivo consumo de argamassa de assentamento e a
desuniformidade das juntas que acarretaram tensões concentradas e diminuição da
resistência global da parede. Recomenda para as pequenas construções os traços de 1:2:9 e
1:1:6 (cimento, cal e areia, em volume), para alvenaria de vedação e portante,
respectivamente, esclarecendo que a cal hidratada confere à argamassa maior poder de
acomodação às variações dimensionais da alvenaria reduzindo a possibilidade de ocorrência
de fissuras e destacamentos.

Com o objetivo de desenvolver um processo construtivo de alvenaria estrutural que


resultasse uma evolução tecnológica, Sabbatini 1989, subdividiu o desempenho funcional de
paredes resistentes: desempenho estrutural – restrito ao comportamento sob esforços de
compressão (resistência à compressão) e desempenho como vedação – comportamento da
parede submetida às ações do fogo, térmicas, acústicas e da água de chuva (resistência ao
fogo, isolamentos térmico e acústico e estanqueidade). Para o autor, em um processo
construtivo racionalizado, a construção de uma alvenaria “é uma operação de simples
montagem de componentes industrializados” e para possibilitar um conjunto coeso, utiliza-se
um material (geralmente argamassa) com a propriedade de aderir a esses componentes.
Dentre todas as técnicas construtivas desenvolvidas, pode-se destacar a técnica básica de
assentamento de alvenaria: moldagem das fiadas horizontais – moldagem por extrusão
(utilização de bisnaga) de dois cordões contínuos de argamassa, facilitando o assentamento do
bloco no nível e no prumo (uniformidade dos cordões). Visando otimizar a estanqueidade e o
isolamento térmico, além do menor consumo de argamassa, não são colocados cordões nos
septos transversais; juntas verticais – executadas a “posteriori”, com argamassa extrudada sob
pressão por bisnaga, preenchendo o espaço entre os blocos; execução do plano vertical – para
racionalizar a técnica, recomenda o uso de escantilhões que, além de estabelecer a galga com
precisão, controla o prumo. Também entre as conclusões de Sabbatini, pode-se destacar
274
aquela em que relata a importância de considerar todos os condicionantes, premissas e
critérios para essa metodologia, prevendo-se mecanismos de realimentação, através de
protótipos e etapas de avaliação, para que as soluções possam evoluir.

Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.

Ao analisar as ligações entre estrutura e paredes de vedação, de modo a prevenir a


fissuração, Thomaz, 1989 (Cap. 9), explana que, ao haver incompatibilidade entre as
deformações impostas e as admitidas pela parede, resultado de tensões introduzidas por
deflexões de elementos estruturais, principalmente vigas e lajes, uma série de cuidados devem
ser tomados. Dessa forma, recomenda que a montagem
das paredes seja realizada do topo para a base do prédio, e quando não for possível, o
“encunhamento” dessas paredes, executado com materiais de baixo módulo de deformação,
seja efetuado “a posteriori”. Para estruturas muito flexíveis e/ou paredes muito rígidas, com
base na literatura, recomenda a introdução de material deformável, poliuretano expandido, por
exemplo, no topo da parede. Ao se empregar esse tipo de ligação, o contraventamento lateral
da parede poderá ser garantido por paredes transversais ou por ganchos de aço chumbados
na parede e no componente estrutural. Para o autor, as alvenarias apresentam bom
comportamento à compressão axial, o mesmo não ocorrendo com a tração e o cisalhamento,
sendo muito sensíveis às distorções e deflexões. Assim, alguns cuidados durante sua
275
execução devem ser tomados, iniciando-se pelo controle de qualidade dos blocos, pois a
utilização de componentes com grandes variações dimensionais resultarão em juntas
horizontais irregulares, ocasionando concentração de tensões em determinados blocos. A
efetividade da ligação componente/argamassa é fator determinante no comportamento das
alvenarias, portanto a escolha da argamassa de assentamento influirá decisivamente no
melhor ou pior comportamento da alvenaria. Levando-se em conta seu poder de acomodação
e relativa importância na resistência à compressão da parede, deve-se sempre utilizar
argamassas mistas. Segundo o autor, praticamente todas as especificações técnicas
recomendam argamassas proporcionadas com um volume de aglomerante (cimento e cal
misturados) para três volumes de areia, proporção ideal para que a areia possa ter seus grãos
totalmente recobertos pela pasta de aglomerante.

De acordo com Tango, 1990, as propriedades dos blocos determinam as principais


propriedades da alvenaria, entre elas, as mecânicas. Dentre as principais propriedades dos
blocos e tijolos que o autor destaca, três influem diretamente na capacidade portante da
parede, são elas: dimensões, esquadro e planeza e a resistência à compressão. Ressalta,
porém, que a resistência à compressão de uma alvenaria não é a mesma que a do bloco ou
tijolo que a compõe, pois os blocos ao serem ensaiados, sofrem um cintamento devido ao atrito
com os pratos da prensa que não ocorre ao serem ensaiados dentro de uma parede. Esse
fenômeno, nos ensaios de resistência à compressão, resulta em valores muito maiores para o
bloco quando comparado aos de uma parede feita com o mesmo bloco, fruto de relações
altura/espessura diferentes. Para o autor, a argamassa além de unir os blocos entre si
transmitindo os esforços na alvenaria, é o fator de acomodação para as deformações que
possam vir a ocorrer. Tem influência na resistência mecânica da parede quando sua
resistência à compressão no estado endurecido é muito alta ou muito baixa, e o seu módulo de
deformação afeta diretamente a deformabilidade da parede quando da acomodação da
alvenaria a pequenas movimentações ou variações dimensionais. Coloca que, nas alvenarias
de vedação utiliza-se normalmente a dosagem empírica ou não experimental para estabelecer
o traço da argamassa, baseado na tradição, intuição ou cópia de outras obras. Com relação às
alvenarias estruturais relata que, adota-se o prisma, corpo-de-prova formado por dois ou mais
blocos justapostos com argamassa, como índice de qualidade da alvenaria. Nos ensaios de
compressão, esses prismas costumam romper com tensões mais altas que as que causam a
ruptura das paredes compostas com os mesmos materiais.

Para Thomaz, 1990, as alvenarias de vedação, inseridas em vãos das estruturas


reticuladas ou do tipo pilar/laje, são projetadas para resistirem ao próprio peso e pequenas
276
cargas de ocupação, não sendo consideradas a atuação de cargas verticais provenientes da
deformação de componentes estruturais horizontais (vigas e lajes). Nesses casos, o
“encunhamento” rígido da parede no encontro com a viga ou laje a sobrecarregará originando
fissuras. Segundo o autor, essas solicitações podem provocar diversificadas formas de fissuras
decorrentes da combinação das deformações dos componentes estruturais. Assim,
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Fig.1A), solicitarão a
parede predominantemente ao cisalhamento acarretando fissuras inclinadas nas proximidades
dos cantos inferiores. Já para o caso onde a deformação do componente inferior é maior que a
do superior, resultarão em fissuras inclinadas nas proximidades dos cantos superiores
associadas à fissura horizontal nas proximidades da base (o efeito de arco desviando a fissura
horizontal na direção dos cantos inferiores ocorrerá quando o comprimento da parede for
superior a sua altura – Fig. 1B). No caso da terceira e última possibilidade, a flecha do
componente inferior menor que a do superior, a parede computar-se-á como viga de grande
altura, provocando fissura vertical no terço médio da parede (em sua base) e inclinadas nos
cantos superiores, fissuras essas características de flexão (Fig.1C). Os esquemas descritos
podem ser visualizados na Figura 1.

A B

FIGURA 1 – Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva deformabilidade de vigas e


lajes: diferentes configurações em função da magnitude das flechas
desenvolvidas. A - deformações idênticas dos componentes estruturais superior e

277
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Roman, 1991, relata que o tamanho, a forma e a homogeneidade da unidade


cerâmica de alvenaria são fatores determinantes na resistência à compressão. Assim, quanto
maior a altura em relação à espessura da junta, maior a resistência da parede, e ainda a
homogeneidade de suas dimensões aliada a planeza das superfícies evitam a concentração de
tensões nas juntas que contribuem para a ruptura da parede. O autor descreve os problemas
mais comuns nas construções de alvenaria relativos à mão-de-obra: juntas horizontais
incompletas reduzem a resistência da alvenaria em até 33% e a falta de preenchimento das
juntas verticais afeta a resistência à flexão, alterando pouco a resistência à compressão; a
espessura das juntas afeta sobremaneira a resistência das alvenarias - juntas de 16 a 19 mm
produzem resistência à compressão 30% menor que juntas de 10 mm; a argamassa deve ter
um traço que se mantenha inalterado durante a obra e atenda as exigências de resistência,
trabalhabilidade e retenção de água, sendo que as alvenarias fora de prumo produzem cargas
excêntricas com conseqüente redução da resistência.

Para Cavalheiro, 1991, variabilidade é a palavra que caracteriza o material cerâmico,


devido à qualidade das argilas, tecnologias de fabricação, tamanho das peças e características
de desempenho. Cita que no volume geral de alvenarias do país, há predominância dos tijolos
e blocos cerâmicos de vedação. O autor salienta que a melhor forma de avaliação da
resistência à compressão de uma alvenaria se faz através de ensaios de paredes com altura
de um pé direito e uma base com largura da ordem da terça parte de sua altura, ensaio este
que poucos laboratórios realizam por ser muito dispendioso. Menciona também que os
prismas, para a formulação da tensão admissível de uma parede, necessitam do ajuste de um
maior coeficiente de segurança, porém, esses ensaios têm boa confiabilidade, principalmente
quando se têm correlações com ensaios de paredes que utilizem os mesmos componentes ou
similares.

Costa et al, 1994, avaliaram a capacidade de absorção de deformação das


alvenarias de vedação, inseridas em pórticos, através de carregamentos vertical e horizontal e
da caracterização simultânea dos blocos e argamassas (estado fresco e endurecido) que as
compuseram. Os pórticos, quadros de concreto armado (2,75 m x 1,87 m), foram preenchidos
com blocos de concreto celular autoclavados assentados com argamassas convencionais
278
(1:2:9 e 1:3:7,5) e argamassas industrializadas. Foram moldados e ensaiados 20 pórticos
preenchidos com diversos tipos e dimensões de blocos (para efeito comparativo em alguns
pórticos utilizaram-se blocos cerâmicos), dosagem das argamassas e com o preenchimento ou
não de juntas verticais. A interface pórtico/alvenaria foi chapiscada com argamassa colante
objetivando maior rigidez no sistema. Nos ensaios com carga vertical, estas foram aplicadas
em dois pontos da viga superior. Já para o carregamento horizontal, a carga foi aplicada no
canto superior direito mantendo-se uma carga vertical nesse mesmo canto e um suporte
metálico no canto inferior esquerdo para impedir o escorregamento do conjunto. Os ensaios
foram executados em ciclos de carregamentos controlando-se a deformação imposta ao
conjunto. Os autores constataram que os painéis que foram assentados com o preenchimento
ou não de juntas verticais não apresentaram, para carga vertical, diferenças significativas. Por
sua vez, os ensaios com carga horizontal apresentaram sempre valores significativamente
inferiores aos de carga vertical para o início de fissuração nas paredes. Observaram também
que o traço 1:3:7,5, comparativamente ao traço 1:2:9, beneficiou o comportamento da parede
ao aumentar seu limite para surgimento de fissuras de descolamento da ordem de 50% e para
fissuras diagonais em 100%. Destacaram que o módulo de deformação da argamassa de
traço 1:3:7,5 é da ordem de 33% maior que a argamassa de traço 1:2:9. Ao compararem os
valores obtidos nos ensaios das alvenarias de blocos cerâmicos com os de bloco de concreto
celular autoclavado, utilizando-se a mesma argamassa 1:2:9, concluíram que apresentam
comportamentos não muito diferentes.

Thomaz em 1995a, conceituou alvenaria de vedação como aquela destinada a


compartimentar espaços, não sendo concebidas, portanto, a suportar carregamentos. Porém,
com a flexibilização das estruturas torna-se necessário compatibilizar as deformações
impostas, transmitindo tensões às alvenarias, desde a fase do projeto de modo a evitar fissuras
e outras patologias. O autor coloca que além da aderência entre componentes e argamassa
de assentamento ou revestimento, aspectos técnicos que influem diretamente no desempenho
da parede acabada, outras características na escolha dos blocos que deverão ser
consideradas, entre elas: tamanho do bloco – quanto maior a dimensão do bloco, menor o
número de juntas de assentamento, resultando em menor poder de absorção de
movimentações; peso próprio das paredes - blocos mais leves resultam em elementos
estruturais menores, e a partir de certa flexibilização da estrutura, a adoção de detalhes para
vincular a alvenaria à estrutura se faz necessário. Observa que as juntas em amarração
facilitam a redistribuição de tensões induzidas por deformações estruturais, oposto da
concentração dessas tensões que as juntas aprumadas produzem (as paredes tendem a
trabalhar como uma sucessão de pilaretes). Acrescenta que a ausência de argamassa nas
279
juntas verticais pode prejudicar o desempenho das paredes na capacidade de redistribuição de
tensões nelas introduzidas por deformações impostas, além do desempenho termoacústico, de
resistência ao fogo e resistência a cargas laterais, podendo, no entanto ser adotada em
paredes internas e de pequenas dimensões. Quanto às ligações com pilares, recomenda o
emprego de dois ferros Φ 6 mm a cada 40 cm ou 50 cm e transpasse em torno de 50
centímetros, além da aplicação de chapisco 1:3 nessas faces. O emprego de canaletas,
preenchidas com microconcreto, nas posições desses ferros-cabelo reforça a ligação
absorvendo diferenças significativas nessas posições. Para vãos consideravelmente grandes
e/ou estruturas relativamente deformáveis, os destacamentos alvenaria/pilar não serão
impedidos pela aplicação do chapisco associado aos ferros-cabelo. Assim, orienta a inserção
de tela metálica na argamassa de revestimento ou acabamento da junta com selante
elastomérico. Com relação ao “encunhamento” com lajes ou vigas, o autor apresenta três
situações: assentamento inclinado de tijolos de barro cozido utilizando-se argamassa
relativamente fraca (“massa podre”) para criar um amortecedor das deformações; para blocos
vazados, em projetos modulares, compor a última fiada com meios-blocos assentados com
argamassa fraca em cimento e com furos na horizontal; nas ligações com estruturas muito
deformáveis e no caso de paredes muito extensas e/ou enfraquecidas por aberturas, constituir
uma junta composta por material deformável e contraventada por insertos metálicos fixados
nas lajes ou vigas.

Segundo Thomaz, 1995b, deve-se priorizar a utilização de blocos de produtores com


sistemas de controle de qualidade e marca de conformidade concedida por terceiro. Especifica
entre as principais exigências que os blocos de vedação devem atender, a resistência à
compressão entre 1,0 e 2,5 MPa. Relaciona diversas recomendações para os componentes
dos chapiscos e argamassas como se segue: chapiscos – evitar cimentos de alto forno,
pozolânico e com adição de escória de alto-forno ou pozolana (a rápida evaporação da água
devido à fina camada de aplicação não permite as reações de hidratação da escória e da
pozolana); cal hidratada – evitar produtos “substitutos”: mistura de cal e filito argiloso - embora
proporcionem grande plasticidade no estado fresco devido às argilas, produzem perda de
aderência, de deformação e aumento da retração por secagem e aditivos incorporadores de ar
– reduzem o poder de acomodação das argamassas; areias – grossas (módulo de finura em
torno de 4) para chapisco, médias (módulo de finura em torno de 3) para argamassas de
assentamento e areias com porcentagens consideráveis de material silto-argiloso poderão ser
utilizadas somente em paredes internas revestidas e impermeabilizadas posteriormente,
evitando-se seu uso em “encunhamentos” e ligações com pilares. Propõe os seguintes traços
em volume para os sistemas tradicionais de construção: chapisco – 1: 3 (cimento: areia);
280
argamassa de assentamento – 1: 2: 9 a 12 (cimento: cal: areia) e argamassa de encunhamento
– 1: 3: 12 a 15 (cimento: cal: areia). Para o caso de emprego da argamassa de assentamento
através de bisnagas, deverá ser utilizada areia um pouco mais fina (módulo de finura entre 2,0
e 2,5) e seu traço enriquecido com maior teor de aglomerantes, passando por exemplo para
1:2: 7 a 9. Para as faces dos pilares, recomenda ainda que, no caso de chapisco rolado
(argamassa dosada com adição de resina PVA) , sua aplicação deverá ser simultânea à
elevação da parede, uma vez que a “vitrificação” da superfície após a polimerização da resina,
prejudica a aderência à argamassa de assentamento. Com relação ao levantamento das
paredes, o autor estabelece que, para blocos vazados, a argamassa de assentamento seja
aplicada em cordões a partir da segunda fiada, empregando-se preferencialmente a bisnaga ou
desempenadeira estreita (10 cm de largura e comprimento de 30 a 40 cm). Os blocos deverão
sofrer ligeiro umedecimento se estiverem ressecados, já as superfícies chapiscadas dos
elementos estruturais deverão estar sempre umedecidas. A argamassa de assentamento
deverá sempre ser aplicada em excesso para que possa atingir a espessura desejada, em
geral 1 cm, através da condução do bloco para a posição definitiva mediante forte pressão para
baixo e para o lado, principalmente nos encontros com pilares, onde a compactação e o refluxo
da argamassa são imprescindíveis. Para os “encunhamentos”, o pesquisador apresenta três
possibilidades, deixando claro que em hipótese alguma poderão ser executados imediatamente
após o assentamento da última fiada: encunhamentos rígidos – executados com o máximo
retardo possível após a conclusão das alvenarias em cada pavimento (nunca antes de dez dias
após essa finalização) e preferencialmente após a instalação de todas as cargas mortas mais
importantes do pavimento superior. Com o chapisco aplicado, curado e umedecido,
empregando-se a “massa podre”, assentar de forma inclinada, tijolos maciços ou outros
componentes deformáveis, aplicando a máxima pressão possível para que sobrem
quantidades consideráveis de argamassa; rejuntamento com argamassa – com espessura
máxima de 3 cm, esse rejuntamento deve ser aplicado com o menor teor de umidade
(consistência de ”farofa”) e apiloada energicamente no interior da junta; rejuntamento flexível –
nesse caso não se aplica chapisco na base do elemento estrutural e o material deformável
(poliestireno expandido, por exemplo) deve ser introduzido sob pressão nessa junta. O
acabamento da junta pode, por exemplo, ser realizado com selante elastomérico ou mata-
juntas.

Nos procedimentos para execução de alvenaria de vedação em blocos cerâmicos,


Souza & Mekbekian, 1996, indicaram que o traço adequado das argamassas de cimento, cal e
areia, para assentamento dos blocos, deve ser definido a partir de testes em obras para
avaliação de sua trabalhabilidade e das características técnicas desejáveis (aderência,
281
capacidade de deformação e retenção de água). Para isso, recomendam iniciar com traços
básicos em volume como se segue: 1 : 1 a 3 : 5 a 12 (cimento:cal:areia). Antes de iniciar-se o
assentamento dos blocos, os autores preconizam galgar as fiadas da elevação nas faces dos
pilares, que em estruturas de concreto deverão estar chapiscadas, e posicionar os ferros-
cabelo ou telas de aço galvanizado de malha quadrada (15 x 15) mm2. Em geral, esses
elementos de fixação da alvenaria aos pilares são posicionados a cada duas fiadas a partir da
segunda fiada, chumbando-os com adesivo à base de resina epóxi no caso dos ferros-cabelo e
com pinos de aço por meio de sistema de fixação à pólvora para as telas galvanizadas. Para o
assentamento dos blocos, recomendam ainda que a argamassa, aplicada por bisnagas ou por
desempenadeira estreita, forme cordões com cerca de 15 mm de diâmetro dos dois lados dos
blocos e em suas laterais. Deve-se assentar primeiramente os blocos de cada extremidade
pressionando-os firmemente contra os pilares e com aplicação de argamassa entre a face dos
blocos e a face dos pilares. Através de linhas de náilon fixadas nas galgas, assentar os blocos
intermediários garantindo o nivelamento das fiadas e o alinhamento e o prumo das paredes.
Ressaltam que, durante a elevação das fiadas, deve-se atentar para a correta espessura das
juntas horizontais que deverá situar-se entre 8 mm a 14 mm. Para a fixação da alvenaria, cujo
vão deve ser de 1,5 cm a 3,5 cm, indicam o emprego de argamassa com o mesmo traço
utilizado na elevação, garantido-se o total preenchimento da largura do bloco. Observam não
se tratar de “encunhamento”, pois este se refere à fixação com tijolos maciços inclinados ou
utilização de argamassa expansiva.

No projeto EPUSP / MORLAN, 1997, Medeiros at al estudaram o emprego de telas


de arame soldado e galvanizado como reforços de juntas horizontais de paredes de alvenaria e
como dispositivo de ligação entre estas paredes e os pilares de estruturas reticuladas de
concreto armado. Verificaram experimentalmente o uso e desempenho dessas telas como
elemento de ligação objetivando evitar o aparecimento de fissuras na interface parede/pilar.
Como procedimento para aplicação de telas soldadas como dispositivo de ancoragem entre
parede e pilar, os autores recomendam: preparação do pilar – limpeza da superfície e
aplicação de chapisco tradicional ou rolado 72 horas antes do início do assentamento dos
blocos; escolha ou corte da tela – pode-se definir, como regra geral, o tamanho da tela com
largura inferior a 10, 15 e 20 mm da largura do bloco (90, 120, e 140 mm respectivamente),
400 mm de comprimento horizontal no mínimo e 100 mm do total da tela devem ficar embutidos
na junta vertical de argamassa entre parede e pilar; fixação da tela no pilar – garantir que a tela
fique posicionada no centro da junta horizontal em pelo menos todas as fiadas pares, fixadas à
estrutura através de cantoneira de aba de largura mínima de 20 mm e espessura da chapa de
pelo menos 1,2 mm. Não dobrar a tela até o assentamento da fiada (evitar acidente com a
282
extremidade cortante do arame) e cravar as cantoneiras com um ou dois pinos de aço zincado
(diâmetro de 6 a 8 mm), com uma penetração mínima de 20 mm e observando um
afastamento mínimo de 50 mm para garantir uma força de arrancamento de pelo menos 300 N
para concreto com resistência à compressão de 20 MPa; colocação da tela na parede - após a
aplicação da argamassa de assentamento sobre os blocos da fiada inferior, abaixar a tela até
que a mesma fique perpendicular à parede para que a argamassa penetre na malha de arame.
Procurar eliminar a curvatura inicialmente na dobra, garantindo uma adequada dobra a 900. O
preenchimento com argamassa da junta vertical parede/pilar na malha da tela que ficou voltada
para cima (dobra de 100 mm), permite que esta parte da tela auxilie na ancoragem de modo a
redistribuir os esforços logo que ocorrerem os primeiros deslocamentos. Os autores
relacionam ainda as vantagens do uso da tela soldada comparativamente ao uso de ferro
cabelo para a ligação parede/pilar, dentre elas maior homogeneidade da aderência ao
arrancamento, maior capacidade de ancoragem à argamassa e maior capacidade de
redistribuição de tensões (efeito de difusibilidade da armadura no interior da junta de
argamassa).

Massetto & Sabbatini, 1998, estudaram a resistência das alvenarias de vedação de


blocos utilizados na região de São Paulo com o principal objetivo de correlacionar a resistência
à compressão simples de componentes e paredinhas de alvenaria. Os autores selecionaram
16 tipos de componentes de alvenaria diferentes (blocos ou tijolos) disponíveis na região de
São Paulo, ensaiando para cada tipo 6 corpos-de-prova. Dessa forma totalizaram 96 ensaios
de resistência à compressão simples, tanto de paredinhas como de componentes.
Descrevendo sobre a evolução das alvenarias, citaram que a esbeltez das atuais estruturas
reticuladas que, por possuírem menor grau de rigidez e elementos estruturais mais
deformáveis, introduzem maiores deformações com conseqüente aumento de tensões nas
vedações verticais. Ressaltaram que as alvenarias, por serem denominadas de vedação, não
são dimensionadas às solicitações, sejam elas devido à ação do vento ou deformações de
origem estrutural. Analisando as interações estrutura-vedações verticais, apontaram a
deformação instantânea, fenômeno reversível que na prática se estabiliza ao término do
edifício, solicitado pelas cargas de utilização, e a deformação lenta, fenômeno irreversível que
ocorre continuamente com efeito considerável nos primeiros anos, como os mais
significativos. Segundo os autores, as normas técnicas fixam limites aceitáveis para as
deformações estruturais, mas é de suma importância o conhecimento de quanto a estrutura irá
se deformar e constatar se a tensão induzida por essa deformação será suportada pela
alvenaria. Relacionaram os fatores que afetam a resistência à compressão das alvenarias:
283
esbeltez; resistência dos materiais que a compõe; seção transversal; qualidade de execução;
resistência de aderência do conjunto; propriedades geométricas das paredes; tipo de fixação
da alvenaria à estrutura. Observaram ainda que a resistência dos componentes é maior que a
das paredinhas, e que estas têm resistência superior à das paredes em escala real. Nos
ensaios, as paredinhas eram formadas por dois elementos de base e por três fiadas de altura,
exceto nas que utilizavam tijolos de barro que possuíam cinco fiadas de altura. No
capeamento dos componentes, utilizou-se enxofre com adição de pozolana e nas paredinhas a
argamassa de assentamento na espessura média de 5 mm. As juntas verticais e horizontais
das paredinhas foram preenchidas, com espessura variando de 8 mm a 13 mm, e para regular
a velocidade de ruptura, o tempo de duração do ensaio foi fixado de forma a não ser inferior a 1
minuto nem superior a 2 minutos. Os pesquisadores comprovaram a queda da resistência das
paredinhas quando comparadas com a resistência dos componentes. Para os blocos
cerâmicos de primeira linha, o coeficiente de correlação (tensão de ruptura da
paredinha/tensão de ruptura do componente) variou de 12,78% a 17,18% (média de 14,28%).
Deixaram como sugestão que os valores mínimos de resistência das paredinhas se situem
entre 0,7 a 1,0 MPa.

Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:

• nenhuma parte deve ruir ou ter seu funcionamento prejudicado


• as deformações de quaisquer elementos do edifício não devem provocar sensação
de insegurança aos usuários
• as eventuais deformações dos elementos do edifício não devem prejudicar a
manobra de partes móveis, tais como portas e janelas.

O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1

284
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300

Sgk =solicitação devida a cargas permanentes características


Sqk = solicitação devida a cargas acidentais características

Dentre as exigências dos usuários, Mitidieri Filho coloca a exigência de segurança


estrutural em primeiro plano. Segundo o autor, os critérios e requisitos de desempenho para
os elementos da habitação devem ser fixados de modo a não atingirem o estado limite último,
ou seja, que por ruptura ou deformação excessiva, causem a ruína destes elementos ou parte
deles.
Ressalta que, os métodos de avaliação para verificação do atendimento aos requisitos e
critérios de desempenho incluem, além da análise do projeto estrutural, a realização de ensaios
físicos e mecânicos e ainda a inspeção em protótipos.

Segundo Franco 1998, a importância da capacidade de acomodar deformações das


alvenarias é decorrência das mudanças ocorridas na concepção das estruturas e da utilização
de novos materiais. Dessa forma, a maior incidência de problemas patológicos é resultado da
incompatibilidade entre as condições de deformação das estruturas e a resistência das
vedações verticais associada a sua capacidade de acomodar-se a essas deformações. Os
modelos adotados na concepção estrutural das estruturas de concreto armado levam, na
maioria dos casos a previsões que não condizem com a real deformação dos elementos, uma
vez que os valores do módulo de deformação, pouco controlados, podem se situar muito
aquém dos previstos, além da adoção de critérios que contemplam seu funcionamento
285
unicamente como estrutura, sem levar em conta o enrijecimento provocado pelas paredes. Os
critérios impostos para os limites de deformação das estruturas atuais cada vez mais esbeltas,
continuam de maneira geral, os mesmos das estruturas convencionais e raramente são
consideradas as significativas parcelas de carregamento absorvidas pela grande rigidez das
paredes de alvenaria como conseqüência das limitações que essas vedações impõe à
estrutura. As limitações das flechas para os elementos estruturais em L/300 ou L/500 (L = vão
livre) estabelecidas pela norma brasileira e adotadas como parâmetro pelos projetistas, são
incompatíveis com a grande maioria dos sistemas de vedação vertical hoje empregados. Em
ensaios realizados em estruturas de edifícios através de provas de carga em lajes sobre
parede, pode constatar-se que as paredes chegaram a fissurar com uma deformação de
apenas 1,5mm, correspondendo a uma limitação de cerca de L/4000. Assim, evidencia-se que
frente aos sistemas de vedação disponíveis, os critérios tradicionais para limitação de
deformação estrutural não representam as adequadas respostas. Quanto às novas técnicas
construtivas, onde o aumento da velocidade de execução da estrutura associada a menores
períodos de escoramento, além da antecipação do início das vedações verticais, acaba por
solicitar a estrutura em idades iniciais de cura, tornando maiores as deformações iniciais. A
análise não deve ser restrita às primeiras idades, devendo ainda abranger as deformações
causadas pela deformação lenta do concreto, fenômeno natural e irreversível. Para situações
onde se prevêem deslocamentos estruturais consideráveis, o autor salienta que, entre as
medidas possíveis para reduzir o efeito nocivo dessas deformações sobre as vedações
verticais, deve-se evitar ligações rígidas como a utilização de tijolos maciços inclinados ou
argamassas expansivas. Em estruturas deformáveis, esse tipo de ligação provocará nas
paredes uma tensão inicial que deverá ser majorada pela deformação lenta da estrutura ao
longo do tempo. Quanto ao desempenho, o autor destaca uma vez mais a deformabilidade
das alvenarias, definindo-a como “a capacidade que a parede de alvenaria possui de manter-
se íntegra ao longo do tempo, distribuindo as deformações internas ou externas impostas em
microfissuras não prejudiciais ao seu desempenho”. Fatores elencados que interferem na
capacidade de acomodar deformações:

• módulo de deformação da alvenaria – associado ao módulo de deformação dos blocos


e da argamassa de assentamento. Argamassas com elevada resistência e rigidez
produzem alvenaria com pouca capacidade de absorção de deformação.
• resistência de aderência entre juntas de argamassa e os componentes da alvenaria –
fator que distribui as tensões pelo painel. Devem transmitir os esforços sem surgimento
de fissuras nas interfaces.

286
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.

Para Sabbatini, 1998, os problemas nas vedações em alvenaria de edifícios


multipavimentos que até alguns anos atrás se limitavam a fissuras, hoje se transformaram em
esmagamentos e ruptura da alvenaria, chegando em alguns casos ao colapso da parede. O
autor compara várias características desses edifícios construídos durante a década de 60 com
os da década de 90, iniciando pelos subsistemas de vedação e estrutura em concreto,
concluindo que as novas estruturas, mais esbeltas, com menor grau de rigidez e mais
deformáveis, trouxeram para a alvenaria maiores deformações produzidas pela estrutura e
seus elementos e por conseqüência maiores tensões. Estabelece também a comparação
entre as características dos elementos horizontais e observa que as flechas potencialmente
admitidas no mínimo dobraram, principalmente devido ao aumento dos vãos médios, alterando

287
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
288
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.

Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
289
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.

Na análise da qualidade no projeto e execução de alvenarias, Thomaz, 2001, destaca


entre as propriedades gerais dos componentes e das alvenarias que, o tamanho do bloco está
diretamente ligado `a flexibilidade da parede (capacidade em absorver deformações impostas),
pois quanto maior a dimensão do bloco, menor o número de juntas, além do que essas
dimensões devem ser compatíveis com os vãos estruturais, tamanho dos caixilhos, etc. Deixa
claro também que, blocos mais leves acarretam redução de seção dos elementos estruturais e
que a partir de uma certa flexibilidade da estrutura, deve-se levar em conta o papel de
contraventamento das alvenarias e dessa forma adotar uma série de detalhes de vinculação.
Entre esses detalhes pode-se destacar as ligações com pilares e os “encunhamentos”, já
detalhados em Thomaz, 1995 b.

Martins & Barros, 2002, ao proporem as diretrizes para um sistema de vedação


modular de alvenaria, relataram que a alvenaria ainda será por muito tempo a principal
alternativa para a vedação vertical em edifícios, levando-se em conta o parque industrial
montado no país. Referiram entre os principais resultados após dois anos de pesquisa, a
criação de uma família de componentes de acordo com os estudos relativos a modularidade.
O sistema é composto por: componentes de alvenaria – conjunto composto por blocos inteiros,
frações e canaletas; argamassas – são utilizados dois tipos, uma para assentamento da fiada
de marcação e a outra para assentamento das demais fiadas, inclusive a de fixação da
alvenaria à estrutura; pré-fabricados – vergas (disponíveis para vãos de portas) e contravergas
(com comprimento igual a 60 ou 90 cm, assentadas nas extremidades das aberturas); pinos e
espoletas – utilizados em conjunto com uma pistola de fixação para fixar as telas à estrutura;
telas – utilizadas para ancorar as alvenarias à estrutura além de amarrar paredes entre si.

Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
290
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE


VEDAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

291
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.

3.1 INFRA-ESTRUTURA

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Ensaios do Agrupamento de


Estruturas da Divisão de Engenharia Civil e no Laboratório de Concreto do Agrupamento de
Materiais de Construção Civil DEC, ambos do IPT.

Foram realizados ensaios estruturais de caracterização (compressão simples,


cisalhamento e aderência argamassa-bloco) de elementos de alvenaria de vedação, utilizando
blocos cerâmicos de 14 cm x 19 cm x 39 cm e de 14 cm x 19 cm x 19 cm, assentados com
argamassa.
Também foram realizados ensaios à compressão de blocos cerâmicos, prismas
e corpos de prova cilíndricos da argamassa utilizada para assentamento.
Os painéis e prismas foram construídos por pedreiro com larga experiência na execução
de paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

3.2 ENSAIOS REALIZADOS

Foram realizados no Laboratório do Agrupamento de Estruturas DEC do IPT, os


seguintes ensaios:
f) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1, Pn2, Pn3), com dimensões nominais
de 1,20 m x 2,60 m.
g) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1A, Pn2A, Pn3A), com dimensões
nominais de 1,20 m x 2,42 m.
h) compressão simples de 1 painel de parede (Pn4) com dimensão nominal de 2,40 m x
2,65 m.
i) cisalhamento de 3 painéis de parede (Pn5, Pn6, Pn7), com dimensões nominais de 1,20
m x 1,20 m.

292
j) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.

Coube ao Laboratório de Concreto do Agrupamento de Materiais de Construção Civil os


seguintes ensaios:

h) compressão de 6 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm) com os furos posicionados


na vertical.
i) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
j) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 14 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
k) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 4cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
l) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de assentamento com traço
de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).
m) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de fixação com traço de 1:
3 : 12 (cimento: cal: areia, em volume).
n) compressão de 4 prismas ocos, compostos por 2 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39
cm) superpostos com furos posicionados na vertical, assentados com argamassa de
traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).

Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.

293
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm

3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.3.1 COMPRESSÃO SIMPLES DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn1, Pn2, Pn3, Pn4, Pn1A, Pn2A, Pn3A)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.

a) Construção

Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.

294
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.

295
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação

296
LEGENDA:

D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação

297
LEGENDA:

- D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação

298
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.

Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede

Dimensão (cm) Desaprumo (mm)

Painel Largura Altura Espessura


Aresta Aresta
esq. dir.
Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn1 120,0 119,8 266,0 266,0 14,2 14,2 2,0 0,0

Pn2 120,4 120,0 265,2 265,0 14,0 14,0 0,0 0,0

Pn3 120,2 119,8 265,0 265,5 14,0 14,0 2,0 0,0

Pn4 239,0 240,0 265,0 265,0 14,2 14,2 5,0 2,0

Pn1A 120,0 - 243,0 243,0 14,2 - - -

Pn2A 120,4 - 242,2 242,0 14,0 - - -

Pn3A 120,2 - 242,0 242,0 14,0 - - -


Nota: Sinal positivo de desaprumo indica inclinação da aresta vertical para frente, no sentido da
entrada do Laboratório de Ensaios. Sinal negativo indica inclinação da aresta para trás.
(-) medidas não tomadas para os Painéis Pn1A, Pn2A, Pn3A.

b) Instrumentação

Os deslocamentos verticais dos painéis foram determinados por meio de defletômetros,


com sensibilidade de 0,01 mm, situados nas laterais e região central dos painéis. Para
determinação dos deslocamentos horizontais, instalou-se um defletômetro com sensibilidade
de 0,1 mm no meio do terço superior da parede. Essa situação está indicada nas Figuras 3, 4
e 8 e descrita resumidamente na Tabela 3.

Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes

299
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal

Pn1, Pn2, Pn3 D1, D2 D4, D5 D3

Pn1A - D4, D5 -

Pn2A, Pn3A D1, D2 D4, D5 -

Pn4 D1, D2 D4, D5, D6, D7 D3

c) Carregamento e ensaios

Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga uniformemente


distribuída, utilizando-se 5 macacos hidráulicos igualmente espaçados, conforme mostrado nas
Figuras 3, 4 e 8.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 9,0 kN nos
painéis Pn1, Pn2 e Pn3; de 25 kN no painel Pn4 e de 27 kN nos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Foram realizados dois carregamentos preliminares com cargas máximas de 27 kN e 54
kN nos painéis Pn1, Pn2 e Pn3 e de 75 kN e 150 kN no painel Pn4. Nos painéis Pn1A, Pn2A e
Pn3A não foram realizados carregamentos preliminares, pois já haviam sido ensaiados
anteriormente.
Atingido certo nível de carga, os instrumentos de medição foram retirados, sendo então
o carregamento aumentado até atingir a ruptura.

3.3.2 CISALHAMENTO DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn5, Pn6, Pn7)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 14.321/99 da ABNT


(“Paredes de alvenaria estrutural. Determinação de resistência ao cisalhamento. Método de
ensaio”), referente ao método de preparo e ensaio de paredes estruturais submetidas ao
cisalhamento.

300
a) Construção

Os painéis, com juntas amarradas e dimensões nominais de 1,20 m x 1,20 m, foram


construídos com blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na
vertical, assentados com argamassa no traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e
espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada apenas nas duas paredes longitudinais
externas dos blocos.
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), com a
finalidade de garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.
Os meio-blocos situados nos vértices a serem carregados foram reforçados através de
enchimento com argamassa, para evitar danos localizados durante os ensaios.
Posteriormente, os painéis foram posicionados no pórtico de reação, com a diagonal a
ser comprimida na vertical, de acordo com a Figura 6.

301
LEGENDA:

V1, V2, H1, H2 = Bases de alongamento.

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação

302
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.

Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede

Dimensão (cm)

Painel Largura Altura Espessura

Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn5 120,2 120,4 120,1 120,0 14,0 14,0

Pn6 120,0 120,0 120,5 120,4 14,0 14,0

Pn7 120,5 120,3 120,0 120,0 14,0 14,0

b) Instrumentação

Os alongamentos horizontais e encurtamentos verticais dos painéis foram determinados


por meio de quatro bases de alongamento de 500 mm, instaladas deforma centrada nas duas
faces do painel, segundo as direções de suas diagonais. A sensibilidade do alongâmetro é de
0,001 mm, e o posicionamento das bases para sua instalação também pode ser visualizado
nas Figuras 6 e 9.

c) Carregamento e ensaios

303
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.

3.3.3 ADERÊNCIA ARGAMASSA – BLOCO

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.

a) Construção

Foram construídos corpos-de-prova superpondo-se 5 blocos cerâmicos (14cm x 19 cm x


39 cm, com furos posicionados na vertical), assentados com argamassa com traço de 1: 2: 9
(cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada
apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
Essas pilhas foram construídas entre duas guias (pontaletes de madeira), de forma a
garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.

b) Carregamento e ensaios

Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.

304
OBS: medidas em centímetros

FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio

c) Tensão de ruptura na ligação bloco – argamassa

A tensão máxima de tração na ligação bloco – argamassa é calculada pela expressão


fornecida pela norma ASTM E518-00 a,

σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W

onde,

305
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)

3.3.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE BLOCOS, ARGAMASSA E PRISMAS

Os métodos de preparo e de ensaio de corpos-de-prova foram realizados de acordo


com as seguintes normas:

a) Blocos: NBR-7184/92 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação


da resistência à compressão.
Foram ensaiados 6 blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura,
190 mm de altura e 390 mm de comprimento, com os furos posicionados na vertical.
Foram ensaiados também 3 meio-blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 190 mm de altura e 190 mm de comprimento, com os furos posicionados na
horizontal (utilizados como “encunhamento” nos ensaios de painéis), além de 3 meio-blocos
cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura, 140 mm de altura e 190 mm de
comprimento, com furos posicionados na horizontal (utilizados como fiada de fixação nos
ensaios das paredes – Cap. 5)
Ensaiaram-se ainda 3 corpos-de-prova de blocos cerâmicos seccionados, com
dimensões nominais de 140 mm de largura, 40 mm de altura e 190 mm de comprimento, com
furos posicionados na horizontal, utilizados como outro tipo de fiada de fixação nos ensaios de
paredes descritos no Capítulo 5.

b) Argamassa: NBR-7215/96 – Cimento Portland – Determinação da resistência à


compressão.
Para este ensaio, foram utilizados 6 corpos-de-prova cilíndricos para cada tipo de
argamassa (traços 1: 2: 9 e 1: 3: 12, ambos em volume) com dimensões nominais de 50 mm
de diâmetro por 100 mm de altura.

c) Prismas: NBR-8215/83 – Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria –


Preparo e ensaio à compressão
306
Os prismas deste ensaio foram construídos com a justaposição de 2 blocos cerâmicos,
utilizando argamassa com o mesmo traço ensaiado no item b e aplicado apenas nos dois
septos longitudinais externos desses blocos, com cerca de 1 cm de espessura.
Foram ensaiados 4 prismas ocos de blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 390 mm de comprimento e 390 mm de altura.

3.4 RESULTADO DOS ENSAIOS

Os resultados obtidos nos ensaios estão apresentados no Anexo A na seguinte ordem:

• Ensaios de compressão simples de painéis de parede


• Ensaios de cisalhamento de painéis de parede
• Ensaios de aderência argamassa – bloco
• Ensaios de resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas.

Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede

Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados

Dimensões Carga de ruptura Tensão de ruptura (MPa)


Painel
(m)
(kN) (kN/m) Na área bruta Na área líquida
Pn1 1,20 x 2,66 126,0 105,0 0,8 2,1

Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7

Pn3 1,20 x 2,65 162,0 135,0 1,0 2,8

Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9

Pn1A 1,20 x 2,43 306,0 255,0 1,8 5,2

Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2

Pn3A 1,20 x 2,42 339,0 282,5 2,0 5,8

- Média - Média - Média - Média


Nota: Em todos os painéis não ocorreram fissuras prévias.
Painéis Pn1 a Pn4: última fiada de meios blocos com furos na horizontal.
Painéis Pn1A a Pn3A: sem a última fiada dos painéis Pn1 a Pn3.

307
B
A
A

FIGURA 8 
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.

b) Ensaios de cisalhamento de painéis de parede

Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal

P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal

308
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.

c) Ensaios de aderência argamassa – bloco

Tabela 7 - Média e valores individuais


obtidos para tensão de ruptura
argamassa – bloco.

Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo

309
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama

FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.

Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9

Ar13 3,0

Ar14 3,4
Ar16 4,0

Ar17 4,4

Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9

310
Ar02 2,3

Ar03 2,2

Ar04 2,1

Ar05 1,8

Ar06 2,0

Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos

Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7

PR09 395,0 140,0 390,0 2,0 5,7

PR10 395,0 140,0 390,0 2,4 6,9


Média 2,6 7,4

Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7

BL03 190,0 140,0 391,0 11,5

BL04 190,0 140,0 391,0 11,4

311
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5

BL06 190,0 140,0 391,0 12,7

Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta

Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8

BL09 190,0 140,0 193,0 3,0

Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4

BL03 140,0 141,5 190,0 3,1

Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7

312
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4

BL06 42,0 139,0 188,0 3,4

Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA

313
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA

O presente capítulo apresenta o projeto para execução de pórticos retangulares


metálicos e mistos (concreto armado/metálico) em verdadeira grandeza, denominados quadros
nesta dissertação, para ensaios de deformabilidade de alvenaria de vedação.
A escolha dessa abordagem - análise experimental considerando modelos em
verdadeira grandeza - leva em conta, como afirma Franco, 1998, que as alterações propostas
nos materiais e técnicas construtivas para as vedações verticais, quase nunca são
acompanhadas por pesquisas de desenvolvimento tecnológico, o que acarreta, por melhor que
sejam as qualidades desses novos produtos, problemas patológicos que os comprometem por
serem utilizados de forma inadequada.
Por outro lado, como constatado na revisão bibliográfica (capítulo 2), os ensaios
desenvolvidos para avaliação da capacidade das paredes de vedação de absorver as
deformações transmitidas pela estrutura têm sido realizados através de paredinhas, painéis ou
utilizando-se pórticos em escalas reduzidas, cujos resultados nem sempre são diretamente, ou
facilmente, correlacionáveis aos casos reais.
Considere-se, além disso, como sugere Massetto, 2001, que o estudo do
comportamento conjunto de pórticos estruturais preenchidos com alvenaria, é um dos
caminhos efetivos para o desenvolvimento tecnológico a ser trilhado, no que se refere a
estudos de deformabilidade da alvenaria de vedação, apesar das dificuldades maiores
envolvidas na construção de protótipos em verdadeira grandeza.
Por esses motivos, buscou-se projetar pórticos em escala real que simulassem as
movimentações que ocorrem em alvenarias de vedação de prédios com estruturas reticuladas,
em ensaios controlados e monitorados, decorrentes de carregamentos e deformações ao longo
do tempo.

4.1 PROJETO PILOTO − ESTUDO PRELIMINAR

314
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.

4.1.1 MONTAGEM DO QUADRO METÁLICO

A montagem do quadro metálico iniciou-se pela inserção dos pilares laterais,


compostos por perfis H (262 x 147 x 6,6 x 11,2) mm, entre a laje de cobertura e o piso em
concreto armado. O travamento desses pilares na estrutura de concreto deu-se através de
fixação com chumbadores ao longo de seu comprimento e pelo “encunhamento”, em suas
bases, através de chapas metálicas com dimensões de (200 x 200 x 10) mm. O afastamento
entre os pilares, permitiu uma largura útil para a execução da parede de 4,0 m.
O quadro foi completado com a colocação de vigas metálicas horizontais na parte
superior e inferior, simulando, respectivamente, as estruturas deformáveis de fixação e suporte
da alvenaria. Essas vigas, em perfil metálico do tipo H (160 x 152 x 6 x 9) mm, foram ligadas
aos pilares metálicos através de apoios articulados.
A mesa superior da viga metálica de respaldo ficou afastada 90 mm da laje de
cobertura, permitindo assim, a instalação do sistema de aplicação de carga. Da mesma forma,
a mesa inferior da viga de suporte ficou afastada do piso de concreto em 50 mm, espaço
suficiente para acomodar a deformação imposta ao quadro. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 11.

315
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico

4.1.2 CONSTRUÇÃO DA PAREDE

Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.

316
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.

4.1.3 CARREGAMENTO E ENSAIOS

Utilizando-se a laje como estrutura de reação e aplicando-se carga centralizada no


quadro, através de um macaco hidráulico, impôs deslocamentos verticais da seguinte forma:
apenas na viga superior; apenas na viga inferior; nas duas vigas simultaneamente, conforme
sugerido por Thomaz, 1990 (Figura 1).
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, até a ruptura / esmagamento da
alvenaria, fazendo-se o monitoramento de deslocamentos verticais e horizontais no plano do
quadro e perpendicularmente a este.
Pôde-se observar que os perfis adotados não possuíam a necessária rigidez para esse
tipo de ensaio, pois ao se deformarem apresentavam além da esperada flexão, uma torção
indesejada.

Dessa forma, o painel de alvenaria sofria deslocamentos no sentido perpendicular ao


seu plano, com tendência a soltar-se dos elementos do quadro.
Realizou-se, então, uma tentativa para minimizar esses efeitos, travando-se os dois
perfis laterais à metade de sua altura, reduzindo a esbeltez desses pilares. Ainda assim, as
flexões e torções persistiram, prejudicando as ideais condições de contorno pretendidas.
Com esse projeto piloto pode-se constatar:

• a necessidade de aumento significativo da rigidez dos elementos do quadro metálico


para simularem as condições de deformações planas, como ocorre de forma
predominante em estruturas reticuladas de concreto armado, além da necessidade de
fixação dos montantes verticais em elementos estruturais rígidos de concreto armado
existentes no laboratório, para evitar distorções em níveis indesejáveis .

• a necessidade, já esperada, do emprego de elementos de fixação da alvenaria com os


pilares.
317
• com a imposição de deslocamentos verticais apenas na viga superior (ou inferior), a
viga inferior (ou superior) também sofre deslocamentos verticais com magnitude
semelhante à imposta.
Assim, para que não haja deslocamentos verticais em uma das vigas é necessário
bloqueá-la.
Com o bloqueamento da viga superior e imposição de deslocamentos na viga inferior,
deverá ocorrer descolamento entre a alvenaria e a viga superior, fenômeno que está
fora do escopo do presente trabalho. Desta forma, optou-se por analisar apenas dois
casos, nos quais impõe-se deslocamentos verticais apenas na viga superior. Em um
caso, mantém-se a viga inferior imóvel (bloqueada) e em outro, deixa-se a viga inferior
livre para movimentação, ou seja, sem bloqueio.

4.3 PROJETO DOS QUADROS METÁLICOS

Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:

− Quadro 1: para imposição de deformações apenas na viga superior mantendo-se o restante


do quadro imóvel. Nesse caso, pretende-se simular painéis de alvenaria instalados sobre
vigas de transição de rigidez muito superior à da viga de respaldo ou no térreo, em piso
rígido, sendo as deformações impostas correspondentes às deformações da laje/viga
superior do prédio.
− Quadro 2: para imposição de deformações na viga superior, deixando a viga inferior livre
para movimentação, e mantendo-se os montantes verticais imóveis. Nesse caso, pretende-
se simular, deformações de painéis de alvenaria instalados em andares superiores, sendo
as deformações impostas correspondentes às deformações das lajes/ vigas superior e
inferior do prédio.

Nos dois casos, os montantes verticais/pilares foram mantidos imóveis, na tentativa de


minimizar as deformações indesejáveis na direção perpendicular ao quadro e maior controle
quanto a repetibilidade do campo de deslocamentos impostos aos quadros.

4.2.1 QUADRO 1

318
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.

Para tornar-se possível a aplicação de deslocamentos verticais na borda superior,


instalou-se 25,0 cm abaixo da laje de reação uma viga metálica composta por dois perfis do
tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados, possuindo em suas extremidades apoios
articulados.
Assim, o Quadro 1 permite a análise das ligações alvenaria / concreto nas bordas
verticais e ao impor deslocamento vertical na borda superior com a borda inferior indeslocável,
verificar o comportamento da parede submetida à deformações diferenciadas dos elementos
estruturais de suporte e de fixação.
Deve-se ressaltar que, para a execução desse experimento, foi
necessária a abertura de uma porta externa nesse local, pois a execução
da parede a ser ensaiada ocupando todo o vão existente, impedia o
acesso a sua parte posterior. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 13.

4.2.2 QUADRO 2

O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.

319
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.

OBS: medidas em metros

FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
320
OBS: medidas em metros

FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal

321
OBS: medidas em metros

FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)

322
OBS: medidas em metros

FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL

323
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.

(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.

Segundo Téchne, 2004, há alguns anos a espessura do revestimento, cerca de 4 cm


ou mais, absorvia parte da carga transferida e, com a redução de sua espessura, esse fato não
pode mais ser considerado. Portanto, adotou-se paredes de vedação sem revestimento,
inclusive para poder relacioná-las com os ensaios de caracterização de seus componentes.
No presente capítulo descrevem-se os ensaios realizados segundo as concepções
descritas no item 4.2, as condições de contorno / fixações junto à viga superior do quadro

324
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.

5.1 INFRA - ESTRUTURA

Todos os experimentos que foram realizados, utilizaram-se das instalações do


Laboratório de Ensaios do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT.

Nesta fase, utilizaram-se os quadros dos tipos 1 e 2, descritos no capítulo 4, para a


realização dos ensaios.

O dispositivo de acionamento hidráulico utilizado para a aplicação de carga, situado no


centro da viga metálica superior dos pórticos, possui capacidade para carregamentos de até
200 kN.

Os quadros em questão foram ensaiados em vazio (sem preenchimento de alvenaria)


e preenchidos com alvenaria utilizando-se quatro tipos de fixação superior.
As paredes, de forma similar aos painéis e prismas dos ensaios de caracterização
(Capítulo 3), foram construídas por pedreiro com boa experiência prática na construção de
paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

5.2 COMPONENTES UTILIZADOS

Para a execução das paredes de vedação foram utilizados blocos cerâmicos de 14 cm


(largura) x 19 cm (altura) x 39 cm (comprimento) associados a meio-blocos de 14 cm (largura) x
19 cm (altura) x 19 cm (comprimento) e para as fixações, blocos de 14 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 19 cm (comprimento) e de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento), do
mesmo lote descrito na caracterização dos elementos de alvenaria de vedação (Capítulo 3).
Como elemento de ligação lateral, alvenaria / pilar, foram utilizadas telas soldadas nas
dimensões de 120 mm x 500 mm, malha # 16,5 mm (transversal) x 17,5 mm (longitudinal) e fios
de 1,65 mm de diâmetro.

325
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)

A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.

5.3 ENSAIOS EM VAZIO DOS QUADROS

Em função dos problemas encontrados no ensaio preliminar realizado, conforme


relatado no item 4.1, os Quadros 1 e 2 foram ensaiados em vazio com o objetivo de analisar
seus comportamentos e principalmente para verificar ⎯com o novo projeto de quadro, com
elementos metálicos mais rígidos e montantes laterais imóveis⎯ o nível de redução das
movimentações transversais ao plano do quadro. Dessa forma, foram medidos os
deslocamentos verticais e rotações da viga superior (Quadros 1 e 2) e deslocamentos
verticais da viga inferior (Quadro 2).
Assim, para o Quadro 2, foram realizados ensaios com três tipos diferenciados de
deformações, conforme objetivo inicial do experimento já descrito no projeto piloto, e o Quadro
1 ensaiado somente para a deformação possível (viga superior).

5.4 ALVENARIA DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS

Em todos os ensaios realizados, o preenchimento do Quadro 1 com dimensões


nominais de 4,97 m x 2,40 m (largura x altura) e Quadro 2 com dimensões nominais de 4,60 m
x 2,60 m (largura x altura), foi feito seguindo a mesma metodologia.
As paredes foram construídas com blocos (14 cm x 19 cm x 39 cm) e meio-blocos (14
cm x 19 cm x 19 cm) cerâmicos, com os furos posicionados na vertical, assentados em juntas
amarradas com argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume) e espessura
de cerca de 1,0 cm. A argamassa foi aplicada em cordões com desempenadeira estreita (10

326
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.

5.6 DEFORMAÇÕES IMPOSTAS AOS QUADROS

Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.

5.6 INSTRUMENTAÇÃO EMPREGADA E TRATAMENTO DE DADOS

Para o monitoramento dos quadros foram empregados os seguintes instrumentos:

327
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.

FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)

328
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas

FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro

329
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro

FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria

5.7 ENSAIOS REALIZADOS

5.7.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

No Quadro 1 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

330
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetros): D1 a D11


− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1

FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio

c) Ensaios de 1 a 9

331
i) Características dos tipos de fixação ensaiados

De acordo com a Tabela 15 a seguir.

Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)

Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm

E2 BS APC j = 20 mm

E3 MB APC j = 20 mm

E4 BIC EPC j = 15 mm

E5 BIC APC j = 20 mm

E6 BS APC j = 20 mm

E7 BIC EPC j = 20 mm

E8 MB APT j = 20 mm

E9 BIC APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

O bloco inteiro - BI (14x19x39), assentado com os furos na vertical, está apresentado na


Figura 2 (Cap. 3). O meio-bloco – MB (14X14X19), assentado com os furos na horizontal na
fixação superior, pode ser visualizado na Figura 22.
332
FIGURA 22
Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 14 cm x 19 cm

A Figura 23 apresenta o bloco seccionado – BS (14X4X19), também conhecido como


“bloco compensador”, utilizado nos ensaios como fixação superior assentado em 3 fiadas com
os furos na horizontal.

FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 24)


333
− deslocamentos verticais da viga superior: D1 e D2, posicionados na seção transversal do
meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal: C1, junto a apoio da viga superior;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.

5.7.1.1 ENSAIO 1 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM


FUROS NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento total da junta bloco / viga) – MB / APT
A utilização de meio-blocos assentados com furos na horizontal, nos projetos
modulados, segundo Thomaz, 2001, facilita sobremaneira a execução da fixação, devendo
empregar-se argamassa fraca em cimento. Como esse tipo de “encunhamento”, inserido em

334

OBS: medidas em metros


manuais de fabricantes de blocos cerâmicos, tem sido largamente empregado, adotou-se
como primeiro tipo de fixação a ser ensaiado.

Fixação superior da alvenaria:


A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), sobre a qual preencheu-se totalmente, na espessura de
cerca de 2,0 cm , a interface bloco-viga metálica com argamassa no traço 1 : 3 : 12 (cimento :
cal : areia, em volume), conforme Figura 25.

FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)

5.7.1.2 ENSAIO 2 - ALVENARIA FIXADA COM TRÊS FIADAS DE BLOCOS CERÂMICOS


SECCIONÁVEIS DEITADOS E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BS / APC

Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).

Fixação superior da alvenaria:


No ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última fiada (meio-
blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal), permanecendo

335
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.

preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc

blocos seccionáveis cerâmicos


4 cmc
14 cm (larg
(larg)) x 4 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)

336
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC

Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.

Fixação superior da alvenaria:


Novamente, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura dos blocos do
“encunhamento” (três fiadas de blocos seccionáveis cerâmicos de 14 cm x 4 cm x 19 cm
com furos na horizontal), permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras,
deformações ou esmagamentos visíveis. Portanto, como no procedimento anterior, retirou-se
com o máximo cuidado o conjunto de fiadas de respaldo de modo a não afetar o restante da
parede que pode ser aproveitada uma vez mais.
A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), e a argamassa de fixação na interface bloco-viga metálica
com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume) aplicada em cordões, apenas nas
paredes longitudinais externas dos blocos, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 27).

337
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

meio –blocos cerâmicos


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 19 cm (compr)

FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)

5.7.1.4 ENSAIO 4 - ALVENARIA FIXADA COM ESPUMA DE POLIURETANO


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / EPC

A utilização de materiais flexíveis e versáteis como a espuma de poliuretano, além de


atuar como elemento de fechamento, minimiza a resistência à movimentação da alvenaria.
Segundo Franco (Téchne, 2004), a “massa podre” ao ser comprimida pode estourar o
revestimento, o que não ocorre com a espuma de poliuretano, porém sua utilização fica
condicionada à possibilidade de criar juntas de movimentação – inclusive no revestimento – na
posição da fixação.
Nos ensaios anteriores, a estratégia foi introduzir na fiada do respaldo blocos (com os
furos na horizontal) e argamassa (podre) mais flexíveis e menos resistentes que os elementos
correspondentes utilizados no restante da alvenaria, de modo que a ruptura ocorresse nessa
fiada, a qual sendo o elo mais fraco, funcionaria como uma espécie de fusível à ruptura.
A alvenaria toda, com a exclusão da fiada do respaldo, com blocos com furos na
vertical, com maior rigidez e confinada lateral e inferiormente, sofre deslocamentos bem
menores que essa fiada superior composta por blocos com furos na horizontal, de modo a
instalar nessa fiada um estado predominantemente de compressão, que acaba por esmagar
seus blocos.

338
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.

Fixação superior da alvenaria:


Uma vez mais, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última
fiada (meio-blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal),
permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos
visíveis. Retirou-se novamente com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não
afetar o restante da parede.

Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas blocos de 14 cm (largura) x 14,5


cm (altura) x 39 cm (comprimento) com furos na vertical, assentados com argamassa 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume); junta entre a alvenaria e viga superior, com espessura de
cerca de 1,5 cm preenchida com espuma de poliuretano em cordões, ao longo de todo o
comprimento (Figura 28).
A espessura de 1,5 cm para a junta de fixação foi adotada em função da capacidade de
deformação elástica da viga metálica, evitando a ocorrência de deformações permanentes
nessa viga.

339
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*

14,5 cm
14

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

* capacidade de deformação elástica


da viga metálica

FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)

5.7.1.5 ENSAIO 5 - ALVENARIA FIXADA COM ARGAMASSA “PODRE”


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / APC

O objetivo de ensaio segue a justificativa do ensaio 4, substituindo-se a fixação através


de espuma de poliuretano da alvenaria por cordões de argamassa “podre”, mantendo-se a
uniformidade de rigidez da parede de blocos assentados com furos na
vertical. Com a realização desse experimento, será possível comparar os dois materiais de
fixação pela magnitude das deformações da viga superior e as implicações na alvenaria.

Fixação superior da alvenaria:


Assentamento de blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 39 cm (comprimento)
com furos na vertical com argamassa 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume); argamassa de
fixação na viga horizontal com traço de 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume), aplicada
em cordões, apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos, na junta entre a
alvenaria e viga superior, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 29).

340
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 39 cm (compr)

FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)

5.7.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

No Quadro 2 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

Para o ensaio em vazio no Quadro 2, sem preenchimento com alvenaria, a forma


adotada para aplicação do carregamento ora na viga superior, ora na inferior e em ambas ao
mesmo tempo, foi a instalação de duas barras rosqueáveis, localizadas nas laterais das vigas
no centro do vão, com diâmetro de 2” interligando a viga de suporte com a de respaldo.
Esse esquema permitiu que o macaco hidráulico, utilizando a viga de reação superior,
aplicasse ao mesmo tempo a carga às duas vigas metálicas.

Carregamento 1 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga superior, sem o uso das barras de interligação das duas
vigas.

Carregamento 2 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga inferior, sem o uso das barras de interligação das duas vigas.

341
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.

ii) Instrumentação (conforme Figuras 30, 31 e 32)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1.

OBS: medidas em metros

FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1

342
b)
Ens
aios
de 1
a9

i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s

2 βαρρασ δε α⎜ο χιλ⎨νδριχασD


φ = 50μμ e
acor
do
com
a
Tab
ela
OBS: medidas em metros 16 a
segu
ir.
FIGURA 32
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3
Tab
ela 16
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas superior e inferior)

343
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm

E2-SB MB APT j = 20 mm

E3-CB BIC EPC j = 15 mm

E4-SB BIC APC j = 20 mm

E5-SB BS APC j = 20 mm

E6-SB BIC EPC j = 20 mm

E7-SB MB APT j = 20 mm

E8-SB BIC APC j = 20 mm

E9-SB BS APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

CB - com barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2


SB - sem barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 33)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
344
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

FIGURA 33

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.

345
viga de reação

argamassa “podre” em cordões

barra de ligação

FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)

meio-bloco (14 x 14 x 19)


furos na horizontal

argamassa “podre” com


preenchimento total

FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)

346
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)

20 mm

14,5 cm

argamassa “podre” em cordões


bloco cerâmico cortado
14 x 14,5 x 39

FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)

347
4 cm

4 cm blocos seccionados (14 x 4 x 39)


furos na horizontal
4 cm

argamassa “podre” em cordões

FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)

5.9 RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.

Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).

Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
Fixação
Ensaio  superior Carga (kN) (flecha)
(mm)

348
– – –
Vazio 

E1, E8 129,55 0,69


MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 0,68

E2, E6 BS/APC 148,66 1,17

E5, E9 BIC/APC 121,21 0,66

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84

Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm

Vazio – – – – –

E2,  MB/APT- SB 139,93 2,17 1,74 1,96


E7 
E1 MB/APC- CB 105,00 1,17 1,27 1,22

1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23

E4, E8 BIC/APC- SB 167,97 2,47 1,65 2,06

BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25

349
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.

Os ensaios de caracterização dos elementos de alvenaria de vedação no


Capítulo 3, demonstraram o que se segue:

• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.

• a média da resistência à compressão dos painéis de parede Pn1A a Pn3A (sem a


última fiada de meio-blocos com furos na horizontal) representou 15% da
resistência à compressão do bloco cerâmico, muito abaixo da faixa, entre 25% e
50%, encontrada na literatura por Thomaz,1986, resultado esse obtido devido à
elevada resistência à compressão do bloco cerâmico de vedação empregado nos
ensaios.

• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
350
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).

A seguir, apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios realizados para os


Quadros 1 e 2, descritos no Capítulo 5.

Deve-se notar inicialmente que foram verificadas dispersões consideráveis nos


resultados dos ensaios de fixações semelhantes, para os Quadros 1 e 2 (Tabelas 1.10 do
Anexo B e 2.10 do Anexo C), as quais de forma geral podem ser atribuídas a:

• desaprumos e desalinhamentos existentes nos painéis de alvenaria;


• variação das dimensões (espessura e altura) dos cordões de argamassa de
assentamento dos blocos e principalmente da argamassa podre (na junta contígua à
viga superior), bem como das características mecânicas (quanto à resistência e
deformabilidade) e do grau de compactação destas argamassas;
• excentricidade no carregamento vertical dos quadros que, acrescidos das
irregularidades acima citadas, induziram solicitações como flexão e torção no painel
de alvenaria.

As variações construtivas, em maior ou menor escala, são inerentes a obras em


alvenaria. Também, as solicitações espúrias nos painéis de alvenaria submetidos a ensaios,
como flexão e torção, sempre coexistem com as solicitações principais, compressão axial no
caso. No presente trabalho, como a alvenaria e os ensaios foram feitos em laboratório de forma
cuidadosa e controlada, esses fatores foram minimizados, mas não puderam ser eliminados.
Assim, o ideal seria aumentar o número de ensaios para cada caso de fixação considerado,
visando ampliar a confiabilidade da representação estatística dos resultados, o que não foi

351
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.

vii) Deslocamento vertical no centro da viga (flecha).

Critério: quanto maior a flecha atingida, associada ao aparecimento do dano crítico,


melhor será o desempenho da fixação; neste caso, o objetivo é absorver deslocamentos
decorrentes, por exemplo, de carregamento, de deformação lenta de vigas ou lajes, ou
de variação de temperatura. Este critério (“básico”) é o mais adequado para a análise
pretendida, já que neste trabalho procuram-se sistemas de fixação superior com
melhores características de deformabilidade. Os critérios a seguir apresentados, exceto
(ii) que é equivalente a (i), serão usados apenas como referência e complementação
(“critérios de referência”).

viii) Razão “flecha / vão” da viga.

Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.

352
ix) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.

Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.

x) Flexibilidade (razão “flecha / carga”).

Critério: quanto maior a flexibilidade, referida ao aparecimento do dano crítico, melhor


será o desempenho da fixação.

Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.

xi) Produto “carga x flecha”.

Critério: quanto maior o produto “carga x flecha”, associado ao aparecimento do dano


crítico, melhor será o desempenho da fixação. Deve ser observado que este produto
está relacionado à energia envolvida no processo de deformação do sistema estrutural.

Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.

xii) Carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de fixação.

Critério: quanto maior a carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de


fixação, melhor será considerado o desempenho da fixação.

Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:

• flecha/ vão = 1/500, ou flecha de 10 mm


353
• rotação = 0,0017 rd = 350 s

Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.

Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.

6.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

6.1.1 ENSAIO NO QUADRO 1, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 1, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.1.a e na Figura 21. Os resultados detalhados obtidos
no ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

e) No ensaio em vazio do Quadro 1, o deslocamento máximo atingido no centro da viga


superior foi de 10,19 mm (D11), o que representa cerca de 1/490 do vão (vão de 4,97 m). A
rotação longitudinal no apoio da viga, correspondente a essa flecha, foi de 1146 segundos
− Tabela 1 / Anexo B.

f) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.

g) Os deslocamentos D4, D10 e D11, posicionados na seção transversal correspondente ao


meio do vão, com D4 em seu eixo central e D10 e D11 em extremidades opostas das abas
laterais da viga, apresentaram valores muito próximos entre si − Gráfico 1 / Anexo B.
Também, a relação entre as rotações transversais e longitudinais foi muito pequena, cerca
de um décimo, indicando que foi desprezível a flexão lateral ocorrida na viga − Gráfico 2 /
Anexo B.

h) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o

354
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.

6.1.2 ENSAIOS NO QUADRO 1, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 1, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.1.b e na Figura 24. A descrição das fixações está relatada nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

h) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 1 tem caráter


predominantemente de compressão vertical, tendo em vista as condições de contorno do
quadro, ou seja, a base inferior e as colunas verticais laterais são praticamente imóveis,
com movimentações desprezíveis durante os ensaios. Foram impostos apenas
deslocamentos verticais na viga superior, cujas extremidades são articuladas, através da
aplicação de carga concentrada.

i) Os danos verificados em todos os ensaios ocorreram apenas na região de fixação da


alvenaria, da seguinte forma:

• Para as fixações BS/APC, MB/APT e MB/APC:

b4) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).

b5) Esmagamento da argamassa “podre” de fixação, na região central, com início na


interface com a viga superior. Esse esmagamento prosseguiu até a ruptura da
argamassa (esmagamento total), seguido da (ou simultaneamente à) ruptura de
alguns blocos de fixação (Figura 40).

355
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)

FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)

• Para as fixações BIC/APC e BIC/EPC:

b6) Pequenos danos localizados (lascamentos) em cantos de alguns blocos de fixação,


sem atingir ruptura da argamassa ou desses blocos (Figura 41).

356
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.

j) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.

357
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

k) Análise dos resultados do Quadro 1, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 19,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Deve-se notar, nesta tabela, que os
desempenhos das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando respectivamente
avaliações em ordem decrescente.
Tabela 19
Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
Ocorrência do dano crítico (1) ruptura da
Fixação argamassa
Ensaio Deslocamento Carga x
superior Carga Flexibilidade Rotação ou de bloco
(flecha) Dm/vão (2) -3 flecha de fixação
(kN) (10 mm/kN) (s)
Dm (mm) (kN.mm) (kN)

– – – – 297,62 – – –
Vazio 

E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]

E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]

E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84 1/458 108,99 1078,15 1213 (3)

358
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.

d3) Critérios básicos

• Flecha (i): BS/APC (1,17mm), MB/APT (0,69mm), MB/APC (0,68mm), BIC/APC


(0,66mm).
• Razão “flecha / vão” (ii): BS/APC (1/4248), MB/APT (1/7203), MB/APC (1/7309),
BIC/APC (1/7530).

Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.

d4) Critérios de referência

• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).

359
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, também BS/APC apresentou


o melhor desempenho, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.
• Não há uma diferenciação clara quanto ao desempenho do restante das fixações
sob o ponto de vista da aplicação dos critérios de referência, o que de maneira geral
está também de acordo com a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.

l) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 19

• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.

m) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/7530 (correspondente à flecha de 0,66mm, BIC/APC) a 1/4248

360
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma NBR 6118/03 descritos no início do presente
capítulo.
Já os valores referentes aos ensaios com juntas preenchidas com espuma de poliuretano, o
valor da rotação, na situação do dano crítico, foi superior ao da norma, porém o valor de
flecha foi próximo do admissível pela norma
Apesar de haver a possibilidade de se considerar como “dano crítico” danos de maior
monta que o considerado (início do esmagamento da argamassa de fixação), como já foi
mencionado no item c , conclui-se que os valores admissíveis da norma NBR 6118/03
estão longe se serem adequados para proteção da alvenaria com fixações de argamassa.
De outra forma, verificou-se que apenas fixações com junta contígua à viga superior
preenchida com materiais bem deformáveis, como espuma de poliuretano, atenderiam aos
requisitos da norma. Parece claro não existirem argamassas de cimento/cal/areia com
essas propriedades.

n) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 1

• Um resumo dos deslocamentos D1 e D2, relativos ao dano crítico, está apresentado na


Tabela 20, com base nas Tabelas 1.1 a 1.9 do Anexo B.

Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2

Ocorrência do dano crítico (flecha em mm)


Ensaio Fixação superior
D1 D2 D1/D2

E1 MB/APT 1,02 0,62 1,65

E2 BS/APC 0,73 1,59 0,46

361
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29

E4 BIC/EPC 11,72 12,56 0,93

E5 BIC/APC 0,63 0,70 0,90

E6 BS/APC 0,69 0,91 0,76

E7 BIC/EPC 11,35 11,36 1,00

E8 MB/APT 0,51 0,61 0,84

E9 BIC/APC 0,34 0,96 0,35

Os deslocamentos verticais D1 e D2, dos pontos situados no meio do vão da viga


superior e em faces opostas da parede, foram sensivelmente diferentes entre si, exceto
para os casos BIC/EPC, conforme mostra as relações D1/D2 na tabela acima, indicando
ocorrência de flexão lateral da viga, causada possivelmente por fatores como assimetria
na geometria do sistema quadro − parede e no sistema de aplicação de carga.
Este fato não invalida a análise pretendida, pois assimetrias no comportamento de
paredes de edificações certamente ocorrem na prática, até com maior intensidade; além
disso, é praticamente impossível de evitá-las nos ensaios.

• Os resultados para os tipos de fixação MB/APT e MB/APC, que se diferenciam apenas


no preenchimento da junta contígua à viga superior com argamassa “podre”, não
apresentam diferenças significativas, embora deva-se notar que foi realizado apenas um
ensaio para o caso MB/APC − Tabela 19

6.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

6.2.1 ENSAIOS NO QUADRO 2, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 2, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.2.a e nas Figuras 30, 31 e 32. Os resultados obtidos no
ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

e) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
362
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

f) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

g) Os pares de deslocamentos (D1, D2) e (D3, D4), posicionados na seção transversal do


meio de vão, em extremidades opostas das abas laterais da viga, apresentaram valores
idênticos entre si, indicando que foi desprezível a flexão ocorrida na viga − Gráficos 1 /
Anexo C.

h) Desta forma, com a imposição de campo variável de deslocamentos verticais no ensaio em


vazio, conclui-se que foi adequado o comportamento das vigas superior e inferior do
Quadro 2, que pode ser considerado elástico linear.

6.2.2 ENSAIOS NO QUADRO 2, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 2, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.2.b e na Figura 33. A descrição das fixações estão relatadas nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

h) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 2 tem caráter


predominantemente de flexão no plano da parede, tendo em vista as condições de contorno
do quadro, ou seja, as colunas verticais laterais são praticamente imóveis, com
movimentações desprezíveis durante os ensaios.
Na situação “com ligação entre as vigas superior e inferior”, foram impostos
simultaneamente deslocamentos verticais de magnitudes semelhantes nas duas vigas,

363
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.

i) Os danos verificados na alvenaria do Quadro 2 durante os ensaios realizados, com


indicações de seu desenvolvimento em função do carregamento aplicado, estão mostrados
nos Desenhos de 1 a 9 do Anexo D. Podem ser resumidos, na ordem de ocorrência, da
seguinte forma:

b5) Descolamento, com formação de fissura, na interface entre a argamassa e viga


superior, na região de suas extremidades, e entre a argamassa e os montantes
laterais. Em geral, essas fissuras surgiram com abertura em torno de 0,1 mm, ou
menor, progrediram em comprimento durante os ensaios, mas tiveram suas aberturas
pouco aumentadas.

b6) Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento da alvenaria, desenvolvendo-se


de modo geral do ponto de aplicação da carga na direção dos apoios da viga inferior
(Figura 42). Também, essas fissuras que surgiram com abertura em torno de 0,1 mm,
ou menor, progrediram em comprimento com o acréscimo do carregamento, mas
somente tiveram aumento sensível de abertura no final dos ensaios, pouco antes da
ocorrência dos eventos b3 e/ou b4.

364
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)

b7) Em alguns casos, esmagamento da argamassa de fixação, junto à viga superior, na


região central (Figura 43).

365
argamassa “podre”em cordões

FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)

b8) Em alguns casos, fissuras na argamassa de assentamento entre a primeira e a


segunda fiadas de blocos, na região central (Figura 44), e descolamento na interface
entre a argamassa e a viga inferior, na região de suas extremidades e também na
região central.

366
barra de ligação

fissura entre 1a e 2a fiadas

FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)

Observações:

• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.

j) Em todos os ensaios realizados no Quadro 2 foi considerado dano crítico o correspondente


ao início da fissuração inclinada na alvenaria.

367
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

k) Análise dos resultados do Quadro 2, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 21,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Note-se, nesta tabela, que os níveis
de desempenho das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando ordem decrescente de
avaliação.

Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios

Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio  superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)

Vazio – – – – – – – 255,10 – –

139,93 2,17 1,74 1,96 1/2115


E2, E7 MB/APT- SB 214 [2] 15,51 [1] 303,65 [2] 225,35 [2]
[2] [2] [1] [2] [2]

368
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)

D12 = (D1+D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm = (D1+D2+D3+D4)/4.


j = junta preenchida com espuma de poliuretano (EPC), em cordão.
(1) Vão = 4,60m.
(2) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.

As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo


os vários critérios descritos.

d3) Critérios básicos

• Flecha da viga superior (i): BIC/APC−SB (2,47mm), MB/APT−SB (2,17mm),


BS/APC−SB (1,28mm), MB/APC−CB (1,17mm).
• Razão “flecha da viga superior / vão” (ii): BIC/APC−SB (1/1858), MB/APT−SB
(1/2115), BS/APC−SB (1/3585), MB/APC−CB (1/3923).

Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:

− os casos BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentam deslocamentos da viga


superior D12 (2,47mm e 2,17mm, respectivamente) semelhantes entre si; da
mesma forma são semelhantes entre si os deslocamentos referentes à viga
inferior D34 (1,65mm e 1,74mm, respectivamente);
− os casos BS/APC−SB e MB/APC−CB também apresentam deslocamentos da
viga superior D12 (1,28mm e 1,17mm, respectivamente) e inferior D34 (1,19mm
e 1,27mm, respectivamente) semelhantes entre si.

369
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.

Análise:

• Os tipos de fixação BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentaram desempenhos


semelhantes entre si e melhores, de forma nítida, que os tipos BS/APC−SB e
MB/APC−CB, com desempenhos também semelhantes entre si.
• As fixações de melhor desempenho (BIC/APC e MB/APT) possuem características
de maior rigidez do que as outras duas fixações (BS/APC e MB/APC). Assim,
quanto ao bloco, BIC é mais rígido que MB ou BS; quanto à argamassa, APT,
devido ao preenchimento total da junta, é mais rígido que APC.
• Os fenômenos principais envolvidos no comportamento estrutural da alvenaria
podem ser resumidos como:
− Maior deformabilidade do sistema de fixação superior permite maior
movimentação livre da viga, transferindo portanto menos energia ao painel de
alvenaria.
− A estrutura quadro – parede é submetida à flexão, o que levará ao
desenvolvimento de tensões de tração na alvenaria.
− Maior deformabilidade da fixação superior implica em concentração maior do
carregamento na região central do topo da alvenaria, devido à “deformada do
tipo parabólica da viga”, aumentando os efeitos da flexão. Ao contrário, maior
rigidez da fixação distribui mais o carregamento aplicado, reduzindo
relativamente os efeitos da flexão.

Estes fenômenos relacionados à deformabilidade das fixações, atuando de forma


oposta quanto a produzir tensões de tração na alvenaria, poderiam justificar de,
modo geral, os resultados encontrados, ou seja, maior deformabilidade da fixação
superior da alvenaria no Quadro 2 não resulta necessariamente em maior proteção
à alvenaria quanto à formação de fissuras inclinadas.

• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.

d4) Critérios de referência

370
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, com exceção do referente à


carga de ruptura, os melhores desempenhos também foram atribuídos a BIC/APC e
MB/APT, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios básicos.

l) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.

• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.

m) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/3923 (correspondente à flecha de 1,17 mm, MB/APC) a
371
1/1858 (correspondente à flecha de 2,47 mm, BIC/APC) e as rotações de 138s (BS/APC)
a 255s (BIC/APC), conforme a Tabela 21.
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão foram de 1/430 (correspondente à flecha de
10,68mm) e 1/269 (correspondente à flecha de 17,06mm); a rotação média foi de 1301s
e 2024s, conforme a Tabela 21, para os caso com juntas de 15mm e 20mm,
respectivamente.

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma.
Já os valores referentes aos ensaios com fixações preenchidas com espuma de
poliuretano, o valor da rotação, na situação de dano crítico, foi superior ao da norma, porém
o valor de flecha foi próximo do admissível pela norma.
Portanto, para o Quadro 2 também são válidas as mesmas considerações feitas para o
Quadro1, no item 6.1.2.

n) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 2

• As mesmas observações quanto às diferenças entre os deslocamentos D1 e D2,


medidos na viga superior feitas para o Quadro 1 (item 6.1.2.), são válidas para o Quadro
2, para os deslocamentos medidos em suas duas vigas.
• No ensaio 3 (BIC/EPC, J=15 mm, CB), foram impostos campos de deslocamento
aproximadamente iguais nas duas vigas, superior e inferior, através da barra de ligação,
como se pode notar na Figura 45.
No Ensaio 6 (BIC/EPC, J=20 mm, SB), o campo de deslocamento foi imposto apenas na
viga superior, notando-se que, em função da existência da junta preenchida com espuma
de poliuretano na interface com a viga, foi transmitida para a viga inferior uma fração
(em torno de 8,5 %) dos deslocamentos impostos na viga superior, conforme Figura 46.

M (D3,D4)
M (D1,D2) 372
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)

8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)

FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)

Deve-se observar que, apesar de a espuma de poliuretano, quando solta, ter


consistência que pode ser classificada de “bastante deformável” (do tipo “ïsopor”),
quando confinada na junta apresenta rigidez considerável, conforme pode-se observar
nos Gráficos 2.3.A, 2.6.A, 2.11 e 2.15 do Anexo C, ou seja, praticamente a partir do
início do carregamento (ou da imposição de deslocamentos) a espuma de poliuretano
apresenta resistência à deformação, segundo comportamento “carga x deslocamento”
bastante próximo do linear. Assim, esta junta não pode ser tratada como mera fresta
livre, mas preenchida por material de considerável rigidez.

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mba.pcc.usp.br/TG-004/TG004-AULA......pdf>Acesso, dezembro de 2003

13. SILVA, M. M. A.; BARROS, M. M. S. B.; SABBATINI, F. H. Banco de


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49, set/out. 1998.

15. THOMAZ, E. Prevenção e recuperação de fissuras em alvenaria. Parte 2 .


Téchne, São Paulo, n.37, p.48-52, nov/dez. 1998.

16. THOMAZ, E. Trincas em edificações: causas e mecanismos de formação.


São Paulo, 1985. 32p. Monografia - INSTITUTO DE PESQUISAS
TECNOLÓGICAS (Monografias 11).

ANEXO A

380
                  ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES 

Tabela 1
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 14 17 16 0 2 2 2
18,0 15,0 34 46 40 0 8 4 6
27,0 22,5 50 69 60 0 13 5 9
0 0 8 1 5 20 0 0 0
27,0 22,5 52 68 60 6 12 7 10
36,0 30,0 63 77 70 6 14 8 11
45,0 37,5 75 93 84 6 18 10 14
54,0 45,0 85 107 96 6 21 12 17
0 0 24 17 21 12 1 1 1
9,0 7,5 50 44 47 10 6 2 4
18,0 15,0 61 62 62 10 10 5 8
27,0 22,5 67 77 72 10 13 7 10
36,0 30,0 77 92 85 10 16 10 13
45,0 37,5 83 102 93 10 20 12 16
54,0 45,0 91 112 102 10 22 14 18
63,0 52,5 97 119 108 10 24 15 20
72,0 60,0 103 126 115 10 26 17 22
81,0 67,5 112 136 124 9 29 18 24
126,0 105,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

381
Tabela 2
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 56 45 51 -2 7 7 7
18,0 15,0 86 62 74 -1 12 8 10
27,0 22,5 103 80 92 0 18 10 14
0 0 23 19 21 -1 0 6 3
27,0 22,5 105 80 93 -3 19 10 15
36,0 30,0 127 91 109 -2 24 11 18
45,0 37,5 145 102 124 -2 30 12 21
54,0 45,0 161 113 137 -2 35 13 24
0 0 36 27 32 0 1 7 4
9,0 7,5 89 78 84 -3 13 9 11
18,0 15,0 108 87 98 -2 18 9 14
27,0 22,5 129 99 114 -2 24 10 17
36,0 30,0 144 104 124 -1 30 12 21
45,0 37,5 151 110 131 -1 32 13 23
54,0 45,0 162 118 140 -1 36 14 25
63,0 52,5 176 128 152 -1 41 15 28
72,0 60,0 186 136 161 * 45 16 31
81,0 67,5 198 143 171 * 50 17 34
180,0 150,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

382
Tabela 3
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 21 23 22 1 5 9 7
18,0 15,0 26 30 28 0 8 15 12
27,0 22,5 37 53 45 -1 13 19 16
0 0 11 6 9 2 0 10 5
27,0 22,5 40 57 49 0 15 19 17
36,0 30,0 45 67 56 0 18 20 19
45,0 37,5 51 85 68 -1 23 22 23
54,0 45,0 56 97 77 -1 26 25 26
0 0 15 24 20 1 3 11 7
9,0 7,5 35 63 49 0 11 16 14
18,0 15,0 38 69 54 0 14 17 16
27,0 22,5 44 77 61 0 16 19 18
36,0 30,0 50 88 69 -1 22 22 22
45,0 37,5 54 95 75 -1 25 24 25
54,0 45,0 58 104 81 -1 28 27 28
63,0 52,5 63 113 88 -2 31 29 30
72,0 60,0 69 123 96 -2 34 32 33
81,0 67,5 73 132 103 -2 36 33 35
162,0 135,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

383
Tabela 4
Ensaio de compressão simples
Painel Pn4
Data do ensaio: 10/10/03 – Temperatura 22,5 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 D6 D7 (D4 a D7)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25,0 10,4 22 8 15 1 0 0 4 4 2
50,0 20,8 49 19 34 1 3 3 10 9 6
75,0 31,2 69 30 50 1 6 6 14 13 10
0 0 4 0 2 1 0 0 0 1 0
75,0 31,2 69 36 53 1 4 5 14 15 10
100,0 41,6 89 50 70 1 7 8 19 19 13
125,0 52,1 107 67 87 1 9 11 23 23 17
150,0 62,5 127 85 106 1 13 15 27 27 21
0 0 9 15 12 0 1 1 0 6 2
25,0 10,4 48 40 44 0 2 4 9 10 6
50,0 20,8 68 51 60 1 4 6 14 15 10
75,0 31,2 84 60 72 1 6 9 17 19 13
100,0 41,6 101 70 86 1 8 11 21 23 16
125,0 52,1 115 80 98 1 11 14 25 26 19
150,0 62,5 129 90 110 1 14 16 28 29 22
225,0 93,9 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

384
Tabela 5
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1A
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 * * * * 0 0 0
27,0 22,5 * * * * 9 16 13
54,0 45,5 * * * * 17 27 22
81,0 67,5 * * * * 24 35 30
108,0 90,0 * * * * 31 43 37
135,0 112,5 * * * * 39 53 46
162,0 135,0 * * * * 50 67 59
189,0 157,5 * * * * 56 73 65
306,0 255,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

385
Tabela 6
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2A
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 49 53 51 * 26 4 15
54,0 45,5 75 83 79 * 41 8 25
81,0 67,5 96 105 101 * 54 11 33
108,0 90,0 119 125 122 * 67 16 42
135,0 112,5 141 142 142 * 79 20 50
162,0 135,0 162 159 161 * 90 26 58
189,0 157,5 184 176 180 * 103 31 67
263,0 219,2 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

386
Tabela 7
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3A
Data do ensaio: 15/10/03 – Temperatura 18,5 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 242 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 30 53 42 * 7 7 7
54,0 45,5 60 100 80 * 14 17 16
81,0 67,5 79 130 105 * 20 27 24
108,0 90,0 102 158 130 * 26 36 31
135,0 112,5 122 178 150 * 33 45 39
339,0 282,5 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

387
Tabela 8
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn2A, Pn3A

Painel Dimensão h APn,l tg α E Eméd.


-2
(m) (m) (cm²) (kN/10 mm) (MPa) (MPa)
Pn1 1,20x2,66 2,66 588 0,956 4327
Pn2 1,20x2,65 2,65 588 0,848 3820 4697
Pn3 1,20x2,65 2,65 588 1,319 5945

Pn4 2,40x2,65 2,65 1176 1,920 4325 4325

Pn2A 1,20x2,42 2,42 588 1,053 4335


3905
Pn3A 1,20x2,42 2,42 588 0,844 3475

E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel

Tabela 9
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn1A a Pn3A

Painel Dimensão h APn,l tg α E Eméd.


-2
(m) (m) (cm²) (kN/10 mm) (MPa) (MPa)
Pn1 1,20x2,66 1,50 588 3,697 9431
Pn2 1,20x2,65 1,50 588 3,217 8206 8610
Pn3 1,20x2,65 1,50 588 3,211 8192

Pn4 2,40x2,65 1,50 1176 8,076 10301 10301

Pn1A 1,20x2,43 1,50 588 3,064 7815

Pn2A 1,20x2,42 1,50 588 3,149 8033 8169

Pn3A 1,20x2,42 1,50 588 3,395 8660

E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel

388
ENSAIOS DE CISALHAMENTO

Tabela 1

Painel Pn5
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 18,5 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
10 22 7 17 6 20 7
20 43 15 39 14 41 15
30 64 26 59 23 62 25
40 87 35 81 31 84 33
50 113 49 107 42 110 46
60 139 59 140 52 140 56
Pr = 68,2 kN (ruptura sem fissuração prévia)
τr = 0,82 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l =588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
10 20 7 52 0,12
20 41 15 111 0,24
30 62 25 172 0,36
40 84 33 234 0,48
50 110 46 311 0,60
60 140 56 390 0,72
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
Tabela 2
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn6
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
10 18 5 17 4 18 5
20 37 10 36 8 37 9
30 62 17 54 11 58 14
40 83 25 71 18 77 22
Pr = 48,2 kN (ruptura sem fissuração prévia)
τr = 0,58 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l = 588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
10 18 5 44 0,12
20 37 9 91 0,24
30 58 14 144 0,36
40 77 22 197 0,48
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l

128
Tabela 3
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn7
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
5 14 -1 8 1 11 0
10 25 3 18 3 22 3
15 32 8 28 6 30 7
20 46 14 39 10 43 12
25 56 18 50 14 53 16
30 66 23 63 15 65 19
35 75 29 74 18 75 24
40 85 37 83 22 84 30
45 86 62 69 18 78 40

Pr = 45,0 kN (ruptura sem fissuração prévia)


τr = 0,54 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l = 588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
5 11 0 22 0,06
10 22 3 49 0,12
15 30 7 74 0,18
20 43 12 109 0,24
25 53 16 138 0,30
30 65 19 167 0,36
35 75 24 196 0,42
40 84 30 227 0,48
45 78 40 235 0,54
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l

129
Tabela 4
Módulo de elasticidade tranversal G
Painéis Pn5, Pn6, Pn7

Painel G (MPa) τr (MPa)

Pn1 2567 0,82

Pn2 2501 0,58

Pn7 2518 0,54

Média 2529 0,64

τr = tensão de cisalhamento de ruptura


G = módulo de elasticidade transversal

130
ENSAIOS DE ADERÊNCIA - ARGAMASSA/BLOCO
Tabela 1

Ensaio de aderência argamassa-bloco

Peso próprio Carga de ruptura Tensão de ruptura


Corpo-de-Prova
Ps (daN) Pr (daN) σr (MPa)
CP1 40,4 * *
CP2 40,6 85 0,25
CP3 42,0 44 0,17
CP4 41,5 53 0,18
CP5 41,4 63 0,21
CP6 42,0 27 0,13
Média 0,19

(*) Ruptura durante a montagem do corpo-de-prova

131
ENSAIOS DE COMPRESSÃO - BLOCOS / PRISMAS / ARGAMASSA

Tabela 1
Resistência à compressão – NBR 7215/96
Argamassa

C.P. Data do ensaio Carga de ruptura Seção média do Resistência à


o (N) Corpo-de-Prova compressão
n
(mm2) (MPa)
Ar10 10/10/03 9600 2000 4,8
Ar11 10/10/03 13700 2000 6,9
Ar13 13/10/03 5900 2000 3,0
Ar14 13/10/03 6700 2000 3,4
Ar16 17/10/03 8000 2000 4,0
Ar17 17/10/03 8800 2000 4,4

Tabela 2
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos

C.P. Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
n Altura Largura Comprimento bruta
(kN) compressão
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
PR 07 391 140 390 177 54600 3,2
PR 08 396 140 390 147 54600 2,7
Data do ensaio: 10/10/03

Tabela 3
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos

C.P. Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
n Altura Largura Comprimento bruta
(kN) compressão
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
PR 09 395 140 390 110 54600 2,0
PR 10 395 140 390 131 54600 2,4
Data do ensaio: 13/10/03

132
Tabela 4
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos

Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
C.P. n Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(N)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
BL 01 190 140 391 673000 54740 12,3
BL 02 190 140 391 641000 54740 11,7
BL 03 190 140 391 628000 54740 11,5
BL 04 190 140 391 622000 54740 11,4
BL 05 190 140 391 630000 54740 11,5
BL 06 190 140 391 696000 54740 12,7
Data dos ensaios: 17/10/03

Tabela 5
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos

Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


máxima à
C.P. no Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(N)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
BL 07 190 140 193 67000 27020 2,5
BL 08 190 140 193 75000 27020 2,8
BL 09 190 140 193 80000 27020 3,0
Data dos ensaios: 17/10/03

Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

133
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

São Paulo
2005

134
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo – IPT, para obtenção do título de
Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia.

Área de Concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios

Orientador: Prof. Dr. Roberto Katumi Nakaguma

São Paulo
Julho de 2005

135
À Regina, Sofia e Julia

AGRADECIMENTOS

136
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.

RESUMO

Motivado pelas freqüentes ocorrências de fissuras em paredes de vedação, e sabendo-se que a


principal causa é a deformação de elementos estruturais, este trabalho tem como objetivo avaliar o
comportamento de paredes de alvenaria, sem aberturas, submetidas à influência de deslocamentos de
vigas e lajes, através de ensaios em escala real.

137
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.

Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.

ABSTRACT

Influence of beams and slabs displacement in panel walls –


Experimental analysis

Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and

138
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.

Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva 11


deformabilidade de vigas e lajes: diferentes configurações em
função da magnitude das flechas desenvolvidas. A - deformações
idênticas dos componentes estruturais superior e inferior; B -
deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior.
(Fonte: ABCI. Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Figura 2 Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 30


14 cm x 39 cm.

Figura 3 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3. 32

139
Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 4 Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de 33


carregamento e instrumentação

Figura 5 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. 34


Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 6 Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de 38


carregamento e instrumentação

Figura 7 Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema 41


de montagem do ensaio

Figura 8 Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da 44


instrumentação e do sistema aplicação de carga

Figura 9 Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação e 45


do sistema de aplicação de carga.

Figura 10 Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da 46


montagem e sistema de carregamento

Figura 11 Projeto piloto - Quadro metálico 52

Figura 12 Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de 57


Engenharia Civil do IPT (Prédio 34). Quadro 1 - Vista frontal

Figura 13 Quadro 1 - Vista frontal 58

140
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)

Figura 15 Quadro 2 – Vista frontal 60

Figura 16 Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro) 66

Figura 17 Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas 66

Figura 18 Quadro 2 – defletômetro 67

Figura 19 Quadro 1 – A – defletômetro; B – bases para alongâmetro 67

Figura 20 Quadro 2 – elevação da alvenaria 68

Figura 21 Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio 69

Figura 22 Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 71


14 cm x 19 cm

Figura 23 Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 71


14 cm x 4 cm x 19 cm

Figura 24 Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1 72

Figura 25 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT) 73

Figura 26 Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 75


141
(BS / APC)

Figura 27 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC) 76

Figura 28 Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com 78


poliuretano na parede do Ensaio 4 (BIC /EPC)

Figura 29 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC) 79

Figura 30 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1 81

Figura 31 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2 82

Figura 32 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3 82

Figura 33 Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1 84

Figura 34 Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 85

Figura 35 Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 86


2 (MB / APT - SB)

Figura 36 Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB) 86

Figura 37 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 87


(BIC / APC – SB)

Figura 38 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 87


(BS / APC – SB)

142
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)

Figura 40 Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação 97


(E2 – BS / APC)

Figura 41 Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação 97


(E7 – BIC / EPC)

Figura 42 Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento 106


(E6 – BIC / EPC -SB)

Figura 43 Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / 107


APC -SB)

Figura 44 Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos 108


(E1 – MB / APC -CB)

Figura 45 Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm) 115

Figura 46 Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm) 115

143
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às 20


solicitações indicadas

Tabela 2 Dimensões e desaprumos dos painéis de parede 35

Tabela 3 Deslocamentos verticais dos painéis de paredes 36

Tabela 4 Dimensões dos painéis de parede 39

Tabela 5 Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de 44


ruptura nos painéis de parede estudados

Tabela 6 Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de 45


ruptura e módulo de elasticidade transversal

Tabela 7 Média e valores individuais obtidos para tensão de ruptura 46


argamassa – bloco

Tabela 8 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 9 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 10 Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48


para prismas ocos

144
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos

Tabela 12 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 13 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 14 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para blocos seccionados

Tabela 15 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga 70


superior)

Tabela 16 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas 83


superior e inferior)

Tabela 17 Quadro 1 – Síntese dos resultados 88


Valores médios

Tabela 18 Quadro 2 – Síntese dos resultados 89

Valores médios

Tabela 19 Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências 99


Valores médios

Tabela 20 Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2 103

145
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios

146
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

φ Letra do alfabeto grego – “phi” – símbolo de diâmetro

# Malha

> Símbolo matemático – maior

< Símbolo matemático – menor

τr Tensão de cisalhamento de ruptura

A Alongâmetro

ABCI Associação Brasileira da Construção Industrializada

Abl,b Área bruta do bloco cerâmico

Abl,l Área líquida do bloco cerâmico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APC Argamassa “podre” em cordões

APT Argamassa “podre” total

Ar Argamassa

ASTM American Standard Test Methods

BI Bloco inteiro

BIC Bloco inteiro cortado

BL Bloco

BS Bloco seccionado

C Clinômetro

Cm Unidade de comprimento - Centímetro

CP Corpo de Prova

CPqCC Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Construção Civil

D Defletômetro

DEC Divisão de Engenharia Civil

EPC Espuma de poliuretano em cordões

147
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

F Fissurômetro

G Módulo de elasticidade transversal

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

kN Unidade de carga – kiloNewton

L Vão teórico

MB Meio-bloco

mm Unidade de comprimento – Milímetro

mm2 Unidade de área – Milímetro quadrado

MPa Unidade de tensão – MegaPascal

N Unidade de carga – Newton

NBR Norma Brasileira Registrada

Pn Painel de parede

PR Prisma

S Unidade de rotação - segundo

Sgk Solicitação devida a cargas permanentes características

Sqk Solicitação devida a cargas acidentais características

148
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE BLOCOS CERÂMICOS..................................................................................... 28
3.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 28
3.2 Ensaios realizados................................................................................................ 28
3.3 Descrição dos ensaios........................................................................................... 30
3.3.1 Compressão simples de painéis de parede........................................................ 30
3.3.2 Cisalhamento de painéis de parede................................................................... 37
3.3.3 Aderência argamassa – bloco............................................................................ 40
3.3.4 Resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas............................. 42
3.4 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 43

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO


ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA.......................................................... 50
4.1 Projeto piloto – estudo preliminar.......................................................................... 51
4.1.1 Montagem do quadro metálico........................................................................... 51
4.1.2 Construção da parede........................................................................................ 53
4.1.3 Carregamentos e ensaios................................................................................... 53
4.2 Projeto dos quadros metálicos.............................................................................. 55
4.2.1 Quadro 1............................................................................................................. 55
4.2.2 Quadro 2............................................................................................................. 56

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62

149
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS..................................................... 90


6.1 Ensaios no Quadro 1............................................................................................. 94
6.1.1 Ensaios no Quadro 1, em vazio ......................................................................... 94
6.1.2 Ensaios no Quadro 1, com preenchimento de alvenaria.................................... 95
6.2 Ensaios no Quadro 2.............................................................................................. 104
6.2.1 Ensaios no Quadro 2, em vazio.......................................................................... 102
6.2.2 Ensaios no Quadro 2, com preenchimento de alvenaria.................................... 105

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 120

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 125

150
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A construção civil, acostumada por décadas a produzir estruturas de grande rigidez e


executar vedações tradicionais de alvenaria, passou em curto espaço de tempo a associar
estruturas muito mais esbeltas aos mais variados materiais e sistemas de vedação vertical.

151
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação

152
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS

O principal objetivo desta pesquisa é estudar o comportamento de paredes de alvenaria


de vedação de blocos cerâmicos, sem aberturas, inseridas em estrutura reticulada formada por
pilares e vigas, submetidas a deformações estruturais verticais, considerando diversos tipos de
fixação na borda superior da alvenaria, na interface com a viga.
Objetiva-se, também, analisar os limites de deformação especificados em normas
para as estruturas de concreto de edifícios multipavimentos à luz da interação com as
alvenarias de vedação.
Pretende-se que os resultados obtidos contribuam para a elaboração de
procedimentos quanto às formas de fixação superior da alvenaria de vedação, que possam
melhor protegê-las quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido de minimizar

153
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.

154
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:

• paredes com blocos cerâmicos de 14 cm de largura, sem revestimentos e sem


aberturas
• paredes com ligações laterais às estruturas através de telas metálicas
• quatro tipos de fixação na borda superior:

meio-blocos cerâmicos (furos na horizontal) e argamassa podre total e em cordões


3 fiadas de blocos seccionáveis (furos na horizontal) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e espuma de poliuretano em cordões

A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.

155
4 REVISÃO DA LITERATURA

Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.

Buscando entender a evolução do processo de concepção das alvenarias, patologias


conseqüentes e detalhes construtivos visando sua prevenção, esta revisão bibliográfica foi
concebida em ordem cronológica dos trabalhos.

Ao analisar o comportamento mecânico das alvenarias, Thomaz 1986, coloca que as


alvenarias apresentam bom comportamento às cargas verticais centradas (compressão axial),
o que não ocorre com as tensões de cisalhamento ou tensões de tração (carregamentos
verticais excêntricos). Sobre a resistência à compressão das alvenarias, cita Pereira da Silva
relatando: alvenarias de tijolos maciços – a argamassa de assentamento deformando-se
transversalmente mais que os tijolos, introduz nos mesmos um estado triaxial de tensões:
compressão vertical e tração no plano horizontal nas duas direções e quando a resistência à
tração dos tijolos é ultrapassada, fissuras verticais na parede começam a manifestar-se;
alvenarias de blocos vazados – além das tensões precedentes, outras poderão ser
adicionadas: flambagens e destacamentos entre nervuras para o caso de blocos com furos
verticais e solicitações de flexão nas nervuras horizontais para blocos com furos horizontais.
Thomaz observa que, além da forma geométrica do componente da alvenaria, outros fatores
interferem na resistência de uma parede aos esforços de compressão, tais como: módulos de
deformação longitudinal e transversal dos componentes e argamassa de assentamento da
alvenaria; rugosidade superficial e porosidade dos blocos ou tijolos; aderência, retenção de
água, elasticidade, resistência e índice de retração da argamassa de assentamento;
espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e esbeltez da parede. Embasado na
literatura, o autor conclui: a resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade
156
de juntas; juntas em amarração resultam em alvenaria com resistência maior do que as
executadas com juntas aprumadas; a espessura ideal das juntas (horizontais e verticais) situa-
se ao redor de 10 mm; a introdução de taxa mínima (0,2 %) de armadura melhora
consideravelmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, aumentando muito
pouco sua resistência à compressão; a resistência da parede não varia linearmente com a
resistência do componente e nem com a resistência da argamassa; a resistência da argamassa
de assentamento pouco influi na resistência final da parede. Ainda de acordo com a literatura,
o autor coloca que a resistência da parede situa-se entre 25% e 50% da resistência do
componente da alvenaria. Relata também que, nas alvenarias com função portante ou de
vedação, a padronização dos blocos, sem grandes desvios de forma ou variações
dimensionais, evitam o excessivo consumo de argamassa de assentamento e a
desuniformidade das juntas que acarretaram tensões concentradas e diminuição da
resistência global da parede. Recomenda para as pequenas construções os traços de 1:2:9 e
1:1:6 (cimento, cal e areia, em volume), para alvenaria de vedação e portante,
respectivamente, esclarecendo que a cal hidratada confere à argamassa maior poder de
acomodação às variações dimensionais da alvenaria reduzindo a possibilidade de ocorrência
de fissuras e destacamentos.

Com o objetivo de desenvolver um processo construtivo de alvenaria estrutural que


resultasse uma evolução tecnológica, Sabbatini 1989, subdividiu o desempenho funcional de
paredes resistentes: desempenho estrutural – restrito ao comportamento sob esforços de
compressão (resistência à compressão) e desempenho como vedação – comportamento da
parede submetida às ações do fogo, térmicas, acústicas e da água de chuva (resistência ao
fogo, isolamentos térmico e acústico e estanqueidade). Para o autor, em um processo
construtivo racionalizado, a construção de uma alvenaria “é uma operação de simples
montagem de componentes industrializados” e para possibilitar um conjunto coeso, utiliza-se
um material (geralmente argamassa) com a propriedade de aderir a esses componentes.
Dentre todas as técnicas construtivas desenvolvidas, pode-se destacar a técnica básica de
assentamento de alvenaria: moldagem das fiadas horizontais – moldagem por extrusão
(utilização de bisnaga) de dois cordões contínuos de argamassa, facilitando o assentamento do
bloco no nível e no prumo (uniformidade dos cordões). Visando otimizar a estanqueidade e o
isolamento térmico, além do menor consumo de argamassa, não são colocados cordões nos
septos transversais; juntas verticais – executadas a “posteriori”, com argamassa extrudada sob
pressão por bisnaga, preenchendo o espaço entre os blocos; execução do plano vertical – para
racionalizar a técnica, recomenda o uso de escantilhões que, além de estabelecer a galga com
precisão, controla o prumo. Também entre as conclusões de Sabbatini, pode-se destacar
157
aquela em que relata a importância de considerar todos os condicionantes, premissas e
critérios para essa metodologia, prevendo-se mecanismos de realimentação, através de
protótipos e etapas de avaliação, para que as soluções possam evoluir.

Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.

Ao analisar as ligações entre estrutura e paredes de vedação, de modo a prevenir a


fissuração, Thomaz, 1989 (Cap. 9), explana que, ao haver incompatibilidade entre as
deformações impostas e as admitidas pela parede, resultado de tensões introduzidas por
deflexões de elementos estruturais, principalmente vigas e lajes, uma série de cuidados devem
ser tomados. Dessa forma, recomenda que a montagem
das paredes seja realizada do topo para a base do prédio, e quando não for possível, o
“encunhamento” dessas paredes, executado com materiais de baixo módulo de deformação,
seja efetuado “a posteriori”. Para estruturas muito flexíveis e/ou paredes muito rígidas, com
base na literatura, recomenda a introdução de material deformável, poliuretano expandido, por
exemplo, no topo da parede. Ao se empregar esse tipo de ligação, o contraventamento lateral
da parede poderá ser garantido por paredes transversais ou por ganchos de aço chumbados
na parede e no componente estrutural. Para o autor, as alvenarias apresentam bom
comportamento à compressão axial, o mesmo não ocorrendo com a tração e o cisalhamento,
sendo muito sensíveis às distorções e deflexões. Assim, alguns cuidados durante sua
158
execução devem ser tomados, iniciando-se pelo controle de qualidade dos blocos, pois a
utilização de componentes com grandes variações dimensionais resultarão em juntas
horizontais irregulares, ocasionando concentração de tensões em determinados blocos. A
efetividade da ligação componente/argamassa é fator determinante no comportamento das
alvenarias, portanto a escolha da argamassa de assentamento influirá decisivamente no
melhor ou pior comportamento da alvenaria. Levando-se em conta seu poder de acomodação
e relativa importância na resistência à compressão da parede, deve-se sempre utilizar
argamassas mistas. Segundo o autor, praticamente todas as especificações técnicas
recomendam argamassas proporcionadas com um volume de aglomerante (cimento e cal
misturados) para três volumes de areia, proporção ideal para que a areia possa ter seus grãos
totalmente recobertos pela pasta de aglomerante.

De acordo com Tango, 1990, as propriedades dos blocos determinam as principais


propriedades da alvenaria, entre elas, as mecânicas. Dentre as principais propriedades dos
blocos e tijolos que o autor destaca, três influem diretamente na capacidade portante da
parede, são elas: dimensões, esquadro e planeza e a resistência à compressão. Ressalta,
porém, que a resistência à compressão de uma alvenaria não é a mesma que a do bloco ou
tijolo que a compõe, pois os blocos ao serem ensaiados, sofrem um cintamento devido ao atrito
com os pratos da prensa que não ocorre ao serem ensaiados dentro de uma parede. Esse
fenômeno, nos ensaios de resistência à compressão, resulta em valores muito maiores para o
bloco quando comparado aos de uma parede feita com o mesmo bloco, fruto de relações
altura/espessura diferentes. Para o autor, a argamassa além de unir os blocos entre si
transmitindo os esforços na alvenaria, é o fator de acomodação para as deformações que
possam vir a ocorrer. Tem influência na resistência mecânica da parede quando sua
resistência à compressão no estado endurecido é muito alta ou muito baixa, e o seu módulo de
deformação afeta diretamente a deformabilidade da parede quando da acomodação da
alvenaria a pequenas movimentações ou variações dimensionais. Coloca que, nas alvenarias
de vedação utiliza-se normalmente a dosagem empírica ou não experimental para estabelecer
o traço da argamassa, baseado na tradição, intuição ou cópia de outras obras. Com relação às
alvenarias estruturais relata que, adota-se o prisma, corpo-de-prova formado por dois ou mais
blocos justapostos com argamassa, como índice de qualidade da alvenaria. Nos ensaios de
compressão, esses prismas costumam romper com tensões mais altas que as que causam a
ruptura das paredes compostas com os mesmos materiais.

Para Thomaz, 1990, as alvenarias de vedação, inseridas em vãos das estruturas


reticuladas ou do tipo pilar/laje, são projetadas para resistirem ao próprio peso e pequenas
159
cargas de ocupação, não sendo consideradas a atuação de cargas verticais provenientes da
deformação de componentes estruturais horizontais (vigas e lajes). Nesses casos, o
“encunhamento” rígido da parede no encontro com a viga ou laje a sobrecarregará originando
fissuras. Segundo o autor, essas solicitações podem provocar diversificadas formas de fissuras
decorrentes da combinação das deformações dos componentes estruturais. Assim,
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Fig.1A), solicitarão a
parede predominantemente ao cisalhamento acarretando fissuras inclinadas nas proximidades
dos cantos inferiores. Já para o caso onde a deformação do componente inferior é maior que a
do superior, resultarão em fissuras inclinadas nas proximidades dos cantos superiores
associadas à fissura horizontal nas proximidades da base (o efeito de arco desviando a fissura
horizontal na direção dos cantos inferiores ocorrerá quando o comprimento da parede for
superior a sua altura – Fig. 1B). No caso da terceira e última possibilidade, a flecha do
componente inferior menor que a do superior, a parede computar-se-á como viga de grande
altura, provocando fissura vertical no terço médio da parede (em sua base) e inclinadas nos
cantos superiores, fissuras essas características de flexão (Fig.1C). Os esquemas descritos
podem ser visualizados na Figura 1.

A B

FIGURA 1 – Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva deformabilidade de vigas e


lajes: diferentes configurações em função da magnitude das flechas
desenvolvidas. A - deformações idênticas dos componentes estruturais superior e

160
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Roman, 1991, relata que o tamanho, a forma e a homogeneidade da unidade


cerâmica de alvenaria são fatores determinantes na resistência à compressão. Assim, quanto
maior a altura em relação à espessura da junta, maior a resistência da parede, e ainda a
homogeneidade de suas dimensões aliada a planeza das superfícies evitam a concentração de
tensões nas juntas que contribuem para a ruptura da parede. O autor descreve os problemas
mais comuns nas construções de alvenaria relativos à mão-de-obra: juntas horizontais
incompletas reduzem a resistência da alvenaria em até 33% e a falta de preenchimento das
juntas verticais afeta a resistência à flexão, alterando pouco a resistência à compressão; a
espessura das juntas afeta sobremaneira a resistência das alvenarias - juntas de 16 a 19 mm
produzem resistência à compressão 30% menor que juntas de 10 mm; a argamassa deve ter
um traço que se mantenha inalterado durante a obra e atenda as exigências de resistência,
trabalhabilidade e retenção de água, sendo que as alvenarias fora de prumo produzem cargas
excêntricas com conseqüente redução da resistência.

Para Cavalheiro, 1991, variabilidade é a palavra que caracteriza o material cerâmico,


devido à qualidade das argilas, tecnologias de fabricação, tamanho das peças e características
de desempenho. Cita que no volume geral de alvenarias do país, há predominância dos tijolos
e blocos cerâmicos de vedação. O autor salienta que a melhor forma de avaliação da
resistência à compressão de uma alvenaria se faz através de ensaios de paredes com altura
de um pé direito e uma base com largura da ordem da terça parte de sua altura, ensaio este
que poucos laboratórios realizam por ser muito dispendioso. Menciona também que os
prismas, para a formulação da tensão admissível de uma parede, necessitam do ajuste de um
maior coeficiente de segurança, porém, esses ensaios têm boa confiabilidade, principalmente
quando se têm correlações com ensaios de paredes que utilizem os mesmos componentes ou
similares.

Costa et al, 1994, avaliaram a capacidade de absorção de deformação das


alvenarias de vedação, inseridas em pórticos, através de carregamentos vertical e horizontal e
da caracterização simultânea dos blocos e argamassas (estado fresco e endurecido) que as
compuseram. Os pórticos, quadros de concreto armado (2,75 m x 1,87 m), foram preenchidos
com blocos de concreto celular autoclavados assentados com argamassas convencionais
161
(1:2:9 e 1:3:7,5) e argamassas industrializadas. Foram moldados e ensaiados 20 pórticos
preenchidos com diversos tipos e dimensões de blocos (para efeito comparativo em alguns
pórticos utilizaram-se blocos cerâmicos), dosagem das argamassas e com o preenchimento ou
não de juntas verticais. A interface pórtico/alvenaria foi chapiscada com argamassa colante
objetivando maior rigidez no sistema. Nos ensaios com carga vertical, estas foram aplicadas
em dois pontos da viga superior. Já para o carregamento horizontal, a carga foi aplicada no
canto superior direito mantendo-se uma carga vertical nesse mesmo canto e um suporte
metálico no canto inferior esquerdo para impedir o escorregamento do conjunto. Os ensaios
foram executados em ciclos de carregamentos controlando-se a deformação imposta ao
conjunto. Os autores constataram que os painéis que foram assentados com o preenchimento
ou não de juntas verticais não apresentaram, para carga vertical, diferenças significativas. Por
sua vez, os ensaios com carga horizontal apresentaram sempre valores significativamente
inferiores aos de carga vertical para o início de fissuração nas paredes. Observaram também
que o traço 1:3:7,5, comparativamente ao traço 1:2:9, beneficiou o comportamento da parede
ao aumentar seu limite para surgimento de fissuras de descolamento da ordem de 50% e para
fissuras diagonais em 100%. Destacaram que o módulo de deformação da argamassa de
traço 1:3:7,5 é da ordem de 33% maior que a argamassa de traço 1:2:9. Ao compararem os
valores obtidos nos ensaios das alvenarias de blocos cerâmicos com os de bloco de concreto
celular autoclavado, utilizando-se a mesma argamassa 1:2:9, concluíram que apresentam
comportamentos não muito diferentes.

Thomaz em 1995a, conceituou alvenaria de vedação como aquela destinada a


compartimentar espaços, não sendo concebidas, portanto, a suportar carregamentos. Porém,
com a flexibilização das estruturas torna-se necessário compatibilizar as deformações
impostas, transmitindo tensões às alvenarias, desde a fase do projeto de modo a evitar fissuras
e outras patologias. O autor coloca que além da aderência entre componentes e argamassa
de assentamento ou revestimento, aspectos técnicos que influem diretamente no desempenho
da parede acabada, outras características na escolha dos blocos que deverão ser
consideradas, entre elas: tamanho do bloco – quanto maior a dimensão do bloco, menor o
número de juntas de assentamento, resultando em menor poder de absorção de
movimentações; peso próprio das paredes - blocos mais leves resultam em elementos
estruturais menores, e a partir de certa flexibilização da estrutura, a adoção de detalhes para
vincular a alvenaria à estrutura se faz necessário. Observa que as juntas em amarração
facilitam a redistribuição de tensões induzidas por deformações estruturais, oposto da
concentração dessas tensões que as juntas aprumadas produzem (as paredes tendem a
trabalhar como uma sucessão de pilaretes). Acrescenta que a ausência de argamassa nas
162
juntas verticais pode prejudicar o desempenho das paredes na capacidade de redistribuição de
tensões nelas introduzidas por deformações impostas, além do desempenho termoacústico, de
resistência ao fogo e resistência a cargas laterais, podendo, no entanto ser adotada em
paredes internas e de pequenas dimensões. Quanto às ligações com pilares, recomenda o
emprego de dois ferros Φ 6 mm a cada 40 cm ou 50 cm e transpasse em torno de 50
centímetros, além da aplicação de chapisco 1:3 nessas faces. O emprego de canaletas,
preenchidas com microconcreto, nas posições desses ferros-cabelo reforça a ligação
absorvendo diferenças significativas nessas posições. Para vãos consideravelmente grandes
e/ou estruturas relativamente deformáveis, os destacamentos alvenaria/pilar não serão
impedidos pela aplicação do chapisco associado aos ferros-cabelo. Assim, orienta a inserção
de tela metálica na argamassa de revestimento ou acabamento da junta com selante
elastomérico. Com relação ao “encunhamento” com lajes ou vigas, o autor apresenta três
situações: assentamento inclinado de tijolos de barro cozido utilizando-se argamassa
relativamente fraca (“massa podre”) para criar um amortecedor das deformações; para blocos
vazados, em projetos modulares, compor a última fiada com meios-blocos assentados com
argamassa fraca em cimento e com furos na horizontal; nas ligações com estruturas muito
deformáveis e no caso de paredes muito extensas e/ou enfraquecidas por aberturas, constituir
uma junta composta por material deformável e contraventada por insertos metálicos fixados
nas lajes ou vigas.

Segundo Thomaz, 1995b, deve-se priorizar a utilização de blocos de produtores com


sistemas de controle de qualidade e marca de conformidade concedida por terceiro. Especifica
entre as principais exigências que os blocos de vedação devem atender, a resistência à
compressão entre 1,0 e 2,5 MPa. Relaciona diversas recomendações para os componentes
dos chapiscos e argamassas como se segue: chapiscos – evitar cimentos de alto forno,
pozolânico e com adição de escória de alto-forno ou pozolana (a rápida evaporação da água
devido à fina camada de aplicação não permite as reações de hidratação da escória e da
pozolana); cal hidratada – evitar produtos “substitutos”: mistura de cal e filito argiloso - embora
proporcionem grande plasticidade no estado fresco devido às argilas, produzem perda de
aderência, de deformação e aumento da retração por secagem e aditivos incorporadores de ar
– reduzem o poder de acomodação das argamassas; areias – grossas (módulo de finura em
torno de 4) para chapisco, médias (módulo de finura em torno de 3) para argamassas de
assentamento e areias com porcentagens consideráveis de material silto-argiloso poderão ser
utilizadas somente em paredes internas revestidas e impermeabilizadas posteriormente,
evitando-se seu uso em “encunhamentos” e ligações com pilares. Propõe os seguintes traços
em volume para os sistemas tradicionais de construção: chapisco – 1: 3 (cimento: areia);
163
argamassa de assentamento – 1: 2: 9 a 12 (cimento: cal: areia) e argamassa de encunhamento
– 1: 3: 12 a 15 (cimento: cal: areia). Para o caso de emprego da argamassa de assentamento
através de bisnagas, deverá ser utilizada areia um pouco mais fina (módulo de finura entre 2,0
e 2,5) e seu traço enriquecido com maior teor de aglomerantes, passando por exemplo para
1:2: 7 a 9. Para as faces dos pilares, recomenda ainda que, no caso de chapisco rolado
(argamassa dosada com adição de resina PVA) , sua aplicação deverá ser simultânea à
elevação da parede, uma vez que a “vitrificação” da superfície após a polimerização da resina,
prejudica a aderência à argamassa de assentamento. Com relação ao levantamento das
paredes, o autor estabelece que, para blocos vazados, a argamassa de assentamento seja
aplicada em cordões a partir da segunda fiada, empregando-se preferencialmente a bisnaga ou
desempenadeira estreita (10 cm de largura e comprimento de 30 a 40 cm). Os blocos deverão
sofrer ligeiro umedecimento se estiverem ressecados, já as superfícies chapiscadas dos
elementos estruturais deverão estar sempre umedecidas. A argamassa de assentamento
deverá sempre ser aplicada em excesso para que possa atingir a espessura desejada, em
geral 1 cm, através da condução do bloco para a posição definitiva mediante forte pressão para
baixo e para o lado, principalmente nos encontros com pilares, onde a compactação e o refluxo
da argamassa são imprescindíveis. Para os “encunhamentos”, o pesquisador apresenta três
possibilidades, deixando claro que em hipótese alguma poderão ser executados imediatamente
após o assentamento da última fiada: encunhamentos rígidos – executados com o máximo
retardo possível após a conclusão das alvenarias em cada pavimento (nunca antes de dez dias
após essa finalização) e preferencialmente após a instalação de todas as cargas mortas mais
importantes do pavimento superior. Com o chapisco aplicado, curado e umedecido,
empregando-se a “massa podre”, assentar de forma inclinada, tijolos maciços ou outros
componentes deformáveis, aplicando a máxima pressão possível para que sobrem
quantidades consideráveis de argamassa; rejuntamento com argamassa – com espessura
máxima de 3 cm, esse rejuntamento deve ser aplicado com o menor teor de umidade
(consistência de ”farofa”) e apiloada energicamente no interior da junta; rejuntamento flexível –
nesse caso não se aplica chapisco na base do elemento estrutural e o material deformável
(poliestireno expandido, por exemplo) deve ser introduzido sob pressão nessa junta. O
acabamento da junta pode, por exemplo, ser realizado com selante elastomérico ou mata-
juntas.

Nos procedimentos para execução de alvenaria de vedação em blocos cerâmicos,


Souza & Mekbekian, 1996, indicaram que o traço adequado das argamassas de cimento, cal e
areia, para assentamento dos blocos, deve ser definido a partir de testes em obras para
avaliação de sua trabalhabilidade e das características técnicas desejáveis (aderência,
164
capacidade de deformação e retenção de água). Para isso, recomendam iniciar com traços
básicos em volume como se segue: 1 : 1 a 3 : 5 a 12 (cimento:cal:areia). Antes de iniciar-se o
assentamento dos blocos, os autores preconizam galgar as fiadas da elevação nas faces dos
pilares, que em estruturas de concreto deverão estar chapiscadas, e posicionar os ferros-
cabelo ou telas de aço galvanizado de malha quadrada (15 x 15) mm2. Em geral, esses
elementos de fixação da alvenaria aos pilares são posicionados a cada duas fiadas a partir da
segunda fiada, chumbando-os com adesivo à base de resina epóxi no caso dos ferros-cabelo e
com pinos de aço por meio de sistema de fixação à pólvora para as telas galvanizadas. Para o
assentamento dos blocos, recomendam ainda que a argamassa, aplicada por bisnagas ou por
desempenadeira estreita, forme cordões com cerca de 15 mm de diâmetro dos dois lados dos
blocos e em suas laterais. Deve-se assentar primeiramente os blocos de cada extremidade
pressionando-os firmemente contra os pilares e com aplicação de argamassa entre a face dos
blocos e a face dos pilares. Através de linhas de náilon fixadas nas galgas, assentar os blocos
intermediários garantindo o nivelamento das fiadas e o alinhamento e o prumo das paredes.
Ressaltam que, durante a elevação das fiadas, deve-se atentar para a correta espessura das
juntas horizontais que deverá situar-se entre 8 mm a 14 mm. Para a fixação da alvenaria, cujo
vão deve ser de 1,5 cm a 3,5 cm, indicam o emprego de argamassa com o mesmo traço
utilizado na elevação, garantido-se o total preenchimento da largura do bloco. Observam não
se tratar de “encunhamento”, pois este se refere à fixação com tijolos maciços inclinados ou
utilização de argamassa expansiva.

No projeto EPUSP / MORLAN, 1997, Medeiros at al estudaram o emprego de telas


de arame soldado e galvanizado como reforços de juntas horizontais de paredes de alvenaria e
como dispositivo de ligação entre estas paredes e os pilares de estruturas reticuladas de
concreto armado. Verificaram experimentalmente o uso e desempenho dessas telas como
elemento de ligação objetivando evitar o aparecimento de fissuras na interface parede/pilar.
Como procedimento para aplicação de telas soldadas como dispositivo de ancoragem entre
parede e pilar, os autores recomendam: preparação do pilar – limpeza da superfície e
aplicação de chapisco tradicional ou rolado 72 horas antes do início do assentamento dos
blocos; escolha ou corte da tela – pode-se definir, como regra geral, o tamanho da tela com
largura inferior a 10, 15 e 20 mm da largura do bloco (90, 120, e 140 mm respectivamente),
400 mm de comprimento horizontal no mínimo e 100 mm do total da tela devem ficar embutidos
na junta vertical de argamassa entre parede e pilar; fixação da tela no pilar – garantir que a tela
fique posicionada no centro da junta horizontal em pelo menos todas as fiadas pares, fixadas à
estrutura através de cantoneira de aba de largura mínima de 20 mm e espessura da chapa de
pelo menos 1,2 mm. Não dobrar a tela até o assentamento da fiada (evitar acidente com a
165
extremidade cortante do arame) e cravar as cantoneiras com um ou dois pinos de aço zincado
(diâmetro de 6 a 8 mm), com uma penetração mínima de 20 mm e observando um
afastamento mínimo de 50 mm para garantir uma força de arrancamento de pelo menos 300 N
para concreto com resistência à compressão de 20 MPa; colocação da tela na parede - após a
aplicação da argamassa de assentamento sobre os blocos da fiada inferior, abaixar a tela até
que a mesma fique perpendicular à parede para que a argamassa penetre na malha de arame.
Procurar eliminar a curvatura inicialmente na dobra, garantindo uma adequada dobra a 900. O
preenchimento com argamassa da junta vertical parede/pilar na malha da tela que ficou voltada
para cima (dobra de 100 mm), permite que esta parte da tela auxilie na ancoragem de modo a
redistribuir os esforços logo que ocorrerem os primeiros deslocamentos. Os autores
relacionam ainda as vantagens do uso da tela soldada comparativamente ao uso de ferro
cabelo para a ligação parede/pilar, dentre elas maior homogeneidade da aderência ao
arrancamento, maior capacidade de ancoragem à argamassa e maior capacidade de
redistribuição de tensões (efeito de difusibilidade da armadura no interior da junta de
argamassa).

Massetto & Sabbatini, 1998, estudaram a resistência das alvenarias de vedação de


blocos utilizados na região de São Paulo com o principal objetivo de correlacionar a resistência
à compressão simples de componentes e paredinhas de alvenaria. Os autores selecionaram
16 tipos de componentes de alvenaria diferentes (blocos ou tijolos) disponíveis na região de
São Paulo, ensaiando para cada tipo 6 corpos-de-prova. Dessa forma totalizaram 96 ensaios
de resistência à compressão simples, tanto de paredinhas como de componentes.
Descrevendo sobre a evolução das alvenarias, citaram que a esbeltez das atuais estruturas
reticuladas que, por possuírem menor grau de rigidez e elementos estruturais mais
deformáveis, introduzem maiores deformações com conseqüente aumento de tensões nas
vedações verticais. Ressaltaram que as alvenarias, por serem denominadas de vedação, não
são dimensionadas às solicitações, sejam elas devido à ação do vento ou deformações de
origem estrutural. Analisando as interações estrutura-vedações verticais, apontaram a
deformação instantânea, fenômeno reversível que na prática se estabiliza ao término do
edifício, solicitado pelas cargas de utilização, e a deformação lenta, fenômeno irreversível que
ocorre continuamente com efeito considerável nos primeiros anos, como os mais
significativos. Segundo os autores, as normas técnicas fixam limites aceitáveis para as
deformações estruturais, mas é de suma importância o conhecimento de quanto a estrutura irá
se deformar e constatar se a tensão induzida por essa deformação será suportada pela
alvenaria. Relacionaram os fatores que afetam a resistência à compressão das alvenarias:
166
esbeltez; resistência dos materiais que a compõe; seção transversal; qualidade de execução;
resistência de aderência do conjunto; propriedades geométricas das paredes; tipo de fixação
da alvenaria à estrutura. Observaram ainda que a resistência dos componentes é maior que a
das paredinhas, e que estas têm resistência superior à das paredes em escala real. Nos
ensaios, as paredinhas eram formadas por dois elementos de base e por três fiadas de altura,
exceto nas que utilizavam tijolos de barro que possuíam cinco fiadas de altura. No
capeamento dos componentes, utilizou-se enxofre com adição de pozolana e nas paredinhas a
argamassa de assentamento na espessura média de 5 mm. As juntas verticais e horizontais
das paredinhas foram preenchidas, com espessura variando de 8 mm a 13 mm, e para regular
a velocidade de ruptura, o tempo de duração do ensaio foi fixado de forma a não ser inferior a 1
minuto nem superior a 2 minutos. Os pesquisadores comprovaram a queda da resistência das
paredinhas quando comparadas com a resistência dos componentes. Para os blocos
cerâmicos de primeira linha, o coeficiente de correlação (tensão de ruptura da
paredinha/tensão de ruptura do componente) variou de 12,78% a 17,18% (média de 14,28%).
Deixaram como sugestão que os valores mínimos de resistência das paredinhas se situem
entre 0,7 a 1,0 MPa.

Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:

• nenhuma parte deve ruir ou ter seu funcionamento prejudicado


• as deformações de quaisquer elementos do edifício não devem provocar sensação
de insegurança aos usuários
• as eventuais deformações dos elementos do edifício não devem prejudicar a
manobra de partes móveis, tais como portas e janelas.

O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1

167
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300

Sgk =solicitação devida a cargas permanentes características


Sqk = solicitação devida a cargas acidentais características

Dentre as exigências dos usuários, Mitidieri Filho coloca a exigência de segurança


estrutural em primeiro plano. Segundo o autor, os critérios e requisitos de desempenho para
os elementos da habitação devem ser fixados de modo a não atingirem o estado limite último,
ou seja, que por ruptura ou deformação excessiva, causem a ruína destes elementos ou parte
deles.
Ressalta que, os métodos de avaliação para verificação do atendimento aos requisitos e
critérios de desempenho incluem, além da análise do projeto estrutural, a realização de ensaios
físicos e mecânicos e ainda a inspeção em protótipos.

Segundo Franco 1998, a importância da capacidade de acomodar deformações das


alvenarias é decorrência das mudanças ocorridas na concepção das estruturas e da utilização
de novos materiais. Dessa forma, a maior incidência de problemas patológicos é resultado da
incompatibilidade entre as condições de deformação das estruturas e a resistência das
vedações verticais associada a sua capacidade de acomodar-se a essas deformações. Os
modelos adotados na concepção estrutural das estruturas de concreto armado levam, na
maioria dos casos a previsões que não condizem com a real deformação dos elementos, uma
vez que os valores do módulo de deformação, pouco controlados, podem se situar muito
aquém dos previstos, além da adoção de critérios que contemplam seu funcionamento
168
unicamente como estrutura, sem levar em conta o enrijecimento provocado pelas paredes. Os
critérios impostos para os limites de deformação das estruturas atuais cada vez mais esbeltas,
continuam de maneira geral, os mesmos das estruturas convencionais e raramente são
consideradas as significativas parcelas de carregamento absorvidas pela grande rigidez das
paredes de alvenaria como conseqüência das limitações que essas vedações impõe à
estrutura. As limitações das flechas para os elementos estruturais em L/300 ou L/500 (L = vão
livre) estabelecidas pela norma brasileira e adotadas como parâmetro pelos projetistas, são
incompatíveis com a grande maioria dos sistemas de vedação vertical hoje empregados. Em
ensaios realizados em estruturas de edifícios através de provas de carga em lajes sobre
parede, pode constatar-se que as paredes chegaram a fissurar com uma deformação de
apenas 1,5mm, correspondendo a uma limitação de cerca de L/4000. Assim, evidencia-se que
frente aos sistemas de vedação disponíveis, os critérios tradicionais para limitação de
deformação estrutural não representam as adequadas respostas. Quanto às novas técnicas
construtivas, onde o aumento da velocidade de execução da estrutura associada a menores
períodos de escoramento, além da antecipação do início das vedações verticais, acaba por
solicitar a estrutura em idades iniciais de cura, tornando maiores as deformações iniciais. A
análise não deve ser restrita às primeiras idades, devendo ainda abranger as deformações
causadas pela deformação lenta do concreto, fenômeno natural e irreversível. Para situações
onde se prevêem deslocamentos estruturais consideráveis, o autor salienta que, entre as
medidas possíveis para reduzir o efeito nocivo dessas deformações sobre as vedações
verticais, deve-se evitar ligações rígidas como a utilização de tijolos maciços inclinados ou
argamassas expansivas. Em estruturas deformáveis, esse tipo de ligação provocará nas
paredes uma tensão inicial que deverá ser majorada pela deformação lenta da estrutura ao
longo do tempo. Quanto ao desempenho, o autor destaca uma vez mais a deformabilidade
das alvenarias, definindo-a como “a capacidade que a parede de alvenaria possui de manter-
se íntegra ao longo do tempo, distribuindo as deformações internas ou externas impostas em
microfissuras não prejudiciais ao seu desempenho”. Fatores elencados que interferem na
capacidade de acomodar deformações:

• módulo de deformação da alvenaria – associado ao módulo de deformação dos blocos


e da argamassa de assentamento. Argamassas com elevada resistência e rigidez
produzem alvenaria com pouca capacidade de absorção de deformação.
• resistência de aderência entre juntas de argamassa e os componentes da alvenaria –
fator que distribui as tensões pelo painel. Devem transmitir os esforços sem surgimento
de fissuras nas interfaces.

169
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.

Para Sabbatini, 1998, os problemas nas vedações em alvenaria de edifícios


multipavimentos que até alguns anos atrás se limitavam a fissuras, hoje se transformaram em
esmagamentos e ruptura da alvenaria, chegando em alguns casos ao colapso da parede. O
autor compara várias características desses edifícios construídos durante a década de 60 com
os da década de 90, iniciando pelos subsistemas de vedação e estrutura em concreto,
concluindo que as novas estruturas, mais esbeltas, com menor grau de rigidez e mais
deformáveis, trouxeram para a alvenaria maiores deformações produzidas pela estrutura e
seus elementos e por conseqüência maiores tensões. Estabelece também a comparação
entre as características dos elementos horizontais e observa que as flechas potencialmente
admitidas no mínimo dobraram, principalmente devido ao aumento dos vãos médios, alterando

170
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
171
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.

Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
172
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.

Na análise da qualidade no projeto e execução de alvenarias, Thomaz, 2001, destaca


entre as propriedades gerais dos componentes e das alvenarias que, o tamanho do bloco está
diretamente ligado `a flexibilidade da parede (capacidade em absorver deformações impostas),
pois quanto maior a dimensão do bloco, menor o número de juntas, além do que essas
dimensões devem ser compatíveis com os vãos estruturais, tamanho dos caixilhos, etc. Deixa
claro também que, blocos mais leves acarretam redução de seção dos elementos estruturais e
que a partir de uma certa flexibilidade da estrutura, deve-se levar em conta o papel de
contraventamento das alvenarias e dessa forma adotar uma série de detalhes de vinculação.
Entre esses detalhes pode-se destacar as ligações com pilares e os “encunhamentos”, já
detalhados em Thomaz, 1995 b.

Martins & Barros, 2002, ao proporem as diretrizes para um sistema de vedação


modular de alvenaria, relataram que a alvenaria ainda será por muito tempo a principal
alternativa para a vedação vertical em edifícios, levando-se em conta o parque industrial
montado no país. Referiram entre os principais resultados após dois anos de pesquisa, a
criação de uma família de componentes de acordo com os estudos relativos a modularidade.
O sistema é composto por: componentes de alvenaria – conjunto composto por blocos inteiros,
frações e canaletas; argamassas – são utilizados dois tipos, uma para assentamento da fiada
de marcação e a outra para assentamento das demais fiadas, inclusive a de fixação da
alvenaria à estrutura; pré-fabricados – vergas (disponíveis para vãos de portas) e contravergas
(com comprimento igual a 60 ou 90 cm, assentadas nas extremidades das aberturas); pinos e
espoletas – utilizados em conjunto com uma pistola de fixação para fixar as telas à estrutura;
telas – utilizadas para ancorar as alvenarias à estrutura além de amarrar paredes entre si.

Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
173
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE


VEDAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

174
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.

3.1 INFRA-ESTRUTURA

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Ensaios do Agrupamento de


Estruturas da Divisão de Engenharia Civil e no Laboratório de Concreto do Agrupamento de
Materiais de Construção Civil DEC, ambos do IPT.

Foram realizados ensaios estruturais de caracterização (compressão simples,


cisalhamento e aderência argamassa-bloco) de elementos de alvenaria de vedação, utilizando
blocos cerâmicos de 14 cm x 19 cm x 39 cm e de 14 cm x 19 cm x 19 cm, assentados com
argamassa.
Também foram realizados ensaios à compressão de blocos cerâmicos, prismas
e corpos de prova cilíndricos da argamassa utilizada para assentamento.
Os painéis e prismas foram construídos por pedreiro com larga experiência na execução
de paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

3.2 ENSAIOS REALIZADOS

Foram realizados no Laboratório do Agrupamento de Estruturas DEC do IPT, os


seguintes ensaios:
k) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1, Pn2, Pn3), com dimensões nominais
de 1,20 m x 2,60 m.
l) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1A, Pn2A, Pn3A), com dimensões
nominais de 1,20 m x 2,42 m.
m) compressão simples de 1 painel de parede (Pn4) com dimensão nominal de 2,40 m x
2,65 m.
n) cisalhamento de 3 painéis de parede (Pn5, Pn6, Pn7), com dimensões nominais de 1,20
m x 1,20 m.

175
o) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.

Coube ao Laboratório de Concreto do Agrupamento de Materiais de Construção Civil os


seguintes ensaios:

o) compressão de 6 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm) com os furos posicionados


na vertical.
p) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
q) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 14 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
r) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 4cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
s) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de assentamento com traço
de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).
t) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de fixação com traço de 1:
3 : 12 (cimento: cal: areia, em volume).
u) compressão de 4 prismas ocos, compostos por 2 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39
cm) superpostos com furos posicionados na vertical, assentados com argamassa de
traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).

Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.

176
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm

3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.3.1 COMPRESSÃO SIMPLES DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn1, Pn2, Pn3, Pn4, Pn1A, Pn2A, Pn3A)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.

a) Construção

Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.

177
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.

178
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação

179
LEGENDA:

D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação

180
LEGENDA:

- D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação

181
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.

Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede

Dimensão (cm) Desaprumo (mm)

Painel Largura Altura Espessura


Aresta Aresta
esq. dir.
Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn1 120,0 119,8 266,0 266,0 14,2 14,2 2,0 0,0

Pn2 120,4 120,0 265,2 265,0 14,0 14,0 0,0 0,0

Pn3 120,2 119,8 265,0 265,5 14,0 14,0 2,0 0,0

Pn4 239,0 240,0 265,0 265,0 14,2 14,2 5,0 2,0

Pn1A 120,0 - 243,0 243,0 14,2 - - -

Pn2A 120,4 - 242,2 242,0 14,0 - - -

Pn3A 120,2 - 242,0 242,0 14,0 - - -


Nota: Sinal positivo de desaprumo indica inclinação da aresta vertical para frente, no sentido da
entrada do Laboratório de Ensaios. Sinal negativo indica inclinação da aresta para trás.
(-) medidas não tomadas para os Painéis Pn1A, Pn2A, Pn3A.

b) Instrumentação

Os deslocamentos verticais dos painéis foram determinados por meio de defletômetros,


com sensibilidade de 0,01 mm, situados nas laterais e região central dos painéis. Para
determinação dos deslocamentos horizontais, instalou-se um defletômetro com sensibilidade
de 0,1 mm no meio do terço superior da parede. Essa situação está indicada nas Figuras 3, 4
e 8 e descrita resumidamente na Tabela 3.

Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes

182
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal

Pn1, Pn2, Pn3 D1, D2 D4, D5 D3

Pn1A - D4, D5 -

Pn2A, Pn3A D1, D2 D4, D5 -

Pn4 D1, D2 D4, D5, D6, D7 D3

c) Carregamento e ensaios

Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga uniformemente


distribuída, utilizando-se 5 macacos hidráulicos igualmente espaçados, conforme mostrado nas
Figuras 3, 4 e 8.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 9,0 kN nos
painéis Pn1, Pn2 e Pn3; de 25 kN no painel Pn4 e de 27 kN nos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Foram realizados dois carregamentos preliminares com cargas máximas de 27 kN e 54
kN nos painéis Pn1, Pn2 e Pn3 e de 75 kN e 150 kN no painel Pn4. Nos painéis Pn1A, Pn2A e
Pn3A não foram realizados carregamentos preliminares, pois já haviam sido ensaiados
anteriormente.
Atingido certo nível de carga, os instrumentos de medição foram retirados, sendo então
o carregamento aumentado até atingir a ruptura.

3.3.2 CISALHAMENTO DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn5, Pn6, Pn7)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 14.321/99 da ABNT


(“Paredes de alvenaria estrutural. Determinação de resistência ao cisalhamento. Método de
ensaio”), referente ao método de preparo e ensaio de paredes estruturais submetidas ao
cisalhamento.

183
a) Construção

Os painéis, com juntas amarradas e dimensões nominais de 1,20 m x 1,20 m, foram


construídos com blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na
vertical, assentados com argamassa no traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e
espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada apenas nas duas paredes longitudinais
externas dos blocos.
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), com a
finalidade de garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.
Os meio-blocos situados nos vértices a serem carregados foram reforçados através de
enchimento com argamassa, para evitar danos localizados durante os ensaios.
Posteriormente, os painéis foram posicionados no pórtico de reação, com a diagonal a
ser comprimida na vertical, de acordo com a Figura 6.

184
LEGENDA:

V1, V2, H1, H2 = Bases de alongamento.

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação

185
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.

Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede

Dimensão (cm)

Painel Largura Altura Espessura

Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn5 120,2 120,4 120,1 120,0 14,0 14,0

Pn6 120,0 120,0 120,5 120,4 14,0 14,0

Pn7 120,5 120,3 120,0 120,0 14,0 14,0

b) Instrumentação

Os alongamentos horizontais e encurtamentos verticais dos painéis foram determinados


por meio de quatro bases de alongamento de 500 mm, instaladas deforma centrada nas duas
faces do painel, segundo as direções de suas diagonais. A sensibilidade do alongâmetro é de
0,001 mm, e o posicionamento das bases para sua instalação também pode ser visualizado
nas Figuras 6 e 9.

c) Carregamento e ensaios

186
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.

3.3.3 ADERÊNCIA ARGAMASSA – BLOCO

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.

a) Construção

Foram construídos corpos-de-prova superpondo-se 5 blocos cerâmicos (14cm x 19 cm x


39 cm, com furos posicionados na vertical), assentados com argamassa com traço de 1: 2: 9
(cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada
apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
Essas pilhas foram construídas entre duas guias (pontaletes de madeira), de forma a
garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.

b) Carregamento e ensaios

Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.

187
OBS: medidas em centímetros

FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio

c) Tensão de ruptura na ligação bloco – argamassa

A tensão máxima de tração na ligação bloco – argamassa é calculada pela expressão


fornecida pela norma ASTM E518-00 a,

σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W

onde,

188
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)

3.3.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE BLOCOS, ARGAMASSA E PRISMAS

Os métodos de preparo e de ensaio de corpos-de-prova foram realizados de acordo


com as seguintes normas:

a) Blocos: NBR-7184/92 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação


da resistência à compressão.
Foram ensaiados 6 blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura,
190 mm de altura e 390 mm de comprimento, com os furos posicionados na vertical.
Foram ensaiados também 3 meio-blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 190 mm de altura e 190 mm de comprimento, com os furos posicionados na
horizontal (utilizados como “encunhamento” nos ensaios de painéis), além de 3 meio-blocos
cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura, 140 mm de altura e 190 mm de
comprimento, com furos posicionados na horizontal (utilizados como fiada de fixação nos
ensaios das paredes – Cap. 5)
Ensaiaram-se ainda 3 corpos-de-prova de blocos cerâmicos seccionados, com
dimensões nominais de 140 mm de largura, 40 mm de altura e 190 mm de comprimento, com
furos posicionados na horizontal, utilizados como outro tipo de fiada de fixação nos ensaios de
paredes descritos no Capítulo 5.

b) Argamassa: NBR-7215/96 – Cimento Portland – Determinação da resistência à


compressão.
Para este ensaio, foram utilizados 6 corpos-de-prova cilíndricos para cada tipo de
argamassa (traços 1: 2: 9 e 1: 3: 12, ambos em volume) com dimensões nominais de 50 mm
de diâmetro por 100 mm de altura.

c) Prismas: NBR-8215/83 – Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria –


Preparo e ensaio à compressão
189
Os prismas deste ensaio foram construídos com a justaposição de 2 blocos cerâmicos,
utilizando argamassa com o mesmo traço ensaiado no item b e aplicado apenas nos dois
septos longitudinais externos desses blocos, com cerca de 1 cm de espessura.
Foram ensaiados 4 prismas ocos de blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 390 mm de comprimento e 390 mm de altura.

3.4 RESULTADO DOS ENSAIOS

Os resultados obtidos nos ensaios estão apresentados no Anexo A na seguinte ordem:

• Ensaios de compressão simples de painéis de parede


• Ensaios de cisalhamento de painéis de parede
• Ensaios de aderência argamassa – bloco
• Ensaios de resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas.

Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede

Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados

Dimensões Carga de ruptura Tensão de ruptura (MPa)


Painel
(m)
(kN) (kN/m) Na área bruta Na área líquida
Pn1 1,20 x 2,66 126,0 105,0 0,8 2,1

Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7

Pn3 1,20 x 2,65 162,0 135,0 1,0 2,8

Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9

Pn1A 1,20 x 2,43 306,0 255,0 1,8 5,2

Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2

Pn3A 1,20 x 2,42 339,0 282,5 2,0 5,8

- Média - Média - Média - Média


Nota: Em todos os painéis não ocorreram fissuras prévias.
Painéis Pn1 a Pn4: última fiada de meios blocos com furos na horizontal.
Painéis Pn1A a Pn3A: sem a última fiada dos painéis Pn1 a Pn3.

190
B
A
A

FIGURA 8 
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.

b) Ensaios de cisalhamento de painéis de parede

Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal

P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal

191
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.

c) Ensaios de aderência argamassa – bloco

Tabela 7 - Média e valores individuais


obtidos para tensão de ruptura
argamassa – bloco.

Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo

192
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama

FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.

Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9

Ar13 3,0

Ar14 3,4
Ar16 4,0

Ar17 4,4

Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9

193
Ar02 2,3

Ar03 2,2

Ar04 2,1

Ar05 1,8

Ar06 2,0

Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos

Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7

PR09 395,0 140,0 390,0 2,0 5,7

PR10 395,0 140,0 390,0 2,4 6,9


Média 2,6 7,4

Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7

BL03 190,0 140,0 391,0 11,5

BL04 190,0 140,0 391,0 11,4

194
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5

BL06 190,0 140,0 391,0 12,7

Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta

Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8

BL09 190,0 140,0 193,0 3,0

Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4

BL03 140,0 141,5 190,0 3,1

Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7

195
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4

BL06 42,0 139,0 188,0 3,4

Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA

196
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA

O presente capítulo apresenta o projeto para execução de pórticos retangulares


metálicos e mistos (concreto armado/metálico) em verdadeira grandeza, denominados quadros
nesta dissertação, para ensaios de deformabilidade de alvenaria de vedação.
A escolha dessa abordagem - análise experimental considerando modelos em
verdadeira grandeza - leva em conta, como afirma Franco, 1998, que as alterações propostas
nos materiais e técnicas construtivas para as vedações verticais, quase nunca são
acompanhadas por pesquisas de desenvolvimento tecnológico, o que acarreta, por melhor que
sejam as qualidades desses novos produtos, problemas patológicos que os comprometem por
serem utilizados de forma inadequada.
Por outro lado, como constatado na revisão bibliográfica (capítulo 2), os ensaios
desenvolvidos para avaliação da capacidade das paredes de vedação de absorver as
deformações transmitidas pela estrutura têm sido realizados através de paredinhas, painéis ou
utilizando-se pórticos em escalas reduzidas, cujos resultados nem sempre são diretamente, ou
facilmente, correlacionáveis aos casos reais.
Considere-se, além disso, como sugere Massetto, 2001, que o estudo do
comportamento conjunto de pórticos estruturais preenchidos com alvenaria, é um dos
caminhos efetivos para o desenvolvimento tecnológico a ser trilhado, no que se refere a
estudos de deformabilidade da alvenaria de vedação, apesar das dificuldades maiores
envolvidas na construção de protótipos em verdadeira grandeza.
Por esses motivos, buscou-se projetar pórticos em escala real que simulassem as
movimentações que ocorrem em alvenarias de vedação de prédios com estruturas reticuladas,
em ensaios controlados e monitorados, decorrentes de carregamentos e deformações ao longo
do tempo.

4.1 PROJETO PILOTO − ESTUDO PRELIMINAR

197
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.

4.1.1 MONTAGEM DO QUADRO METÁLICO

A montagem do quadro metálico iniciou-se pela inserção dos pilares laterais,


compostos por perfis H (262 x 147 x 6,6 x 11,2) mm, entre a laje de cobertura e o piso em
concreto armado. O travamento desses pilares na estrutura de concreto deu-se através de
fixação com chumbadores ao longo de seu comprimento e pelo “encunhamento”, em suas
bases, através de chapas metálicas com dimensões de (200 x 200 x 10) mm. O afastamento
entre os pilares, permitiu uma largura útil para a execução da parede de 4,0 m.
O quadro foi completado com a colocação de vigas metálicas horizontais na parte
superior e inferior, simulando, respectivamente, as estruturas deformáveis de fixação e suporte
da alvenaria. Essas vigas, em perfil metálico do tipo H (160 x 152 x 6 x 9) mm, foram ligadas
aos pilares metálicos através de apoios articulados.
A mesa superior da viga metálica de respaldo ficou afastada 90 mm da laje de
cobertura, permitindo assim, a instalação do sistema de aplicação de carga. Da mesma forma,
a mesa inferior da viga de suporte ficou afastada do piso de concreto em 50 mm, espaço
suficiente para acomodar a deformação imposta ao quadro. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 11.

198
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico

4.1.2 CONSTRUÇÃO DA PAREDE

Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.

199
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.

4.1.3 CARREGAMENTO E ENSAIOS

Utilizando-se a laje como estrutura de reação e aplicando-se carga centralizada no


quadro, através de um macaco hidráulico, impôs deslocamentos verticais da seguinte forma:
apenas na viga superior; apenas na viga inferior; nas duas vigas simultaneamente, conforme
sugerido por Thomaz, 1990 (Figura 1).
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, até a ruptura / esmagamento da
alvenaria, fazendo-se o monitoramento de deslocamentos verticais e horizontais no plano do
quadro e perpendicularmente a este.
Pôde-se observar que os perfis adotados não possuíam a necessária rigidez para esse
tipo de ensaio, pois ao se deformarem apresentavam além da esperada flexão, uma torção
indesejada.

Dessa forma, o painel de alvenaria sofria deslocamentos no sentido perpendicular ao


seu plano, com tendência a soltar-se dos elementos do quadro.
Realizou-se, então, uma tentativa para minimizar esses efeitos, travando-se os dois
perfis laterais à metade de sua altura, reduzindo a esbeltez desses pilares. Ainda assim, as
flexões e torções persistiram, prejudicando as ideais condições de contorno pretendidas.
Com esse projeto piloto pode-se constatar:

• a necessidade de aumento significativo da rigidez dos elementos do quadro metálico


para simularem as condições de deformações planas, como ocorre de forma
predominante em estruturas reticuladas de concreto armado, além da necessidade de
fixação dos montantes verticais em elementos estruturais rígidos de concreto armado
existentes no laboratório, para evitar distorções em níveis indesejáveis .

• a necessidade, já esperada, do emprego de elementos de fixação da alvenaria com os


pilares.
200
• com a imposição de deslocamentos verticais apenas na viga superior (ou inferior), a
viga inferior (ou superior) também sofre deslocamentos verticais com magnitude
semelhante à imposta.
Assim, para que não haja deslocamentos verticais em uma das vigas é necessário
bloqueá-la.
Com o bloqueamento da viga superior e imposição de deslocamentos na viga inferior,
deverá ocorrer descolamento entre a alvenaria e a viga superior, fenômeno que está
fora do escopo do presente trabalho. Desta forma, optou-se por analisar apenas dois
casos, nos quais impõe-se deslocamentos verticais apenas na viga superior. Em um
caso, mantém-se a viga inferior imóvel (bloqueada) e em outro, deixa-se a viga inferior
livre para movimentação, ou seja, sem bloqueio.

4.4 PROJETO DOS QUADROS METÁLICOS

Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:

− Quadro 1: para imposição de deformações apenas na viga superior mantendo-se o restante


do quadro imóvel. Nesse caso, pretende-se simular painéis de alvenaria instalados sobre
vigas de transição de rigidez muito superior à da viga de respaldo ou no térreo, em piso
rígido, sendo as deformações impostas correspondentes às deformações da laje/viga
superior do prédio.
− Quadro 2: para imposição de deformações na viga superior, deixando a viga inferior livre
para movimentação, e mantendo-se os montantes verticais imóveis. Nesse caso, pretende-
se simular, deformações de painéis de alvenaria instalados em andares superiores, sendo
as deformações impostas correspondentes às deformações das lajes/ vigas superior e
inferior do prédio.

Nos dois casos, os montantes verticais/pilares foram mantidos imóveis, na tentativa de


minimizar as deformações indesejáveis na direção perpendicular ao quadro e maior controle
quanto a repetibilidade do campo de deslocamentos impostos aos quadros.

4.2.1 QUADRO 1

201
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.

Para tornar-se possível a aplicação de deslocamentos verticais na borda superior,


instalou-se 25,0 cm abaixo da laje de reação uma viga metálica composta por dois perfis do
tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados, possuindo em suas extremidades apoios
articulados.
Assim, o Quadro 1 permite a análise das ligações alvenaria / concreto nas bordas
verticais e ao impor deslocamento vertical na borda superior com a borda inferior indeslocável,
verificar o comportamento da parede submetida à deformações diferenciadas dos elementos
estruturais de suporte e de fixação.
Deve-se ressaltar que, para a execução desse experimento, foi
necessária a abertura de uma porta externa nesse local, pois a execução
da parede a ser ensaiada ocupando todo o vão existente, impedia o
acesso a sua parte posterior. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 13.

4.2.2 QUADRO 2

O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.

202
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.

OBS: medidas em metros

FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
203
OBS: medidas em metros

FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal

204
OBS: medidas em metros

FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)

205
OBS: medidas em metros

FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL

206
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.

(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.

Segundo Téchne, 2004, há alguns anos a espessura do revestimento, cerca de 4 cm


ou mais, absorvia parte da carga transferida e, com a redução de sua espessura, esse fato não
pode mais ser considerado. Portanto, adotou-se paredes de vedação sem revestimento,
inclusive para poder relacioná-las com os ensaios de caracterização de seus componentes.
No presente capítulo descrevem-se os ensaios realizados segundo as concepções
descritas no item 4.2, as condições de contorno / fixações junto à viga superior do quadro

207
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.

5.1 INFRA - ESTRUTURA

Todos os experimentos que foram realizados, utilizaram-se das instalações do


Laboratório de Ensaios do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT.

Nesta fase, utilizaram-se os quadros dos tipos 1 e 2, descritos no capítulo 4, para a


realização dos ensaios.

O dispositivo de acionamento hidráulico utilizado para a aplicação de carga, situado no


centro da viga metálica superior dos pórticos, possui capacidade para carregamentos de até
200 kN.

Os quadros em questão foram ensaiados em vazio (sem preenchimento de alvenaria)


e preenchidos com alvenaria utilizando-se quatro tipos de fixação superior.
As paredes, de forma similar aos painéis e prismas dos ensaios de caracterização
(Capítulo 3), foram construídas por pedreiro com boa experiência prática na construção de
paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

5.2 COMPONENTES UTILIZADOS

Para a execução das paredes de vedação foram utilizados blocos cerâmicos de 14 cm


(largura) x 19 cm (altura) x 39 cm (comprimento) associados a meio-blocos de 14 cm (largura) x
19 cm (altura) x 19 cm (comprimento) e para as fixações, blocos de 14 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 19 cm (comprimento) e de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento), do
mesmo lote descrito na caracterização dos elementos de alvenaria de vedação (Capítulo 3).
Como elemento de ligação lateral, alvenaria / pilar, foram utilizadas telas soldadas nas
dimensões de 120 mm x 500 mm, malha # 16,5 mm (transversal) x 17,5 mm (longitudinal) e fios
de 1,65 mm de diâmetro.

208
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)

A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.

5.3 ENSAIOS EM VAZIO DOS QUADROS

Em função dos problemas encontrados no ensaio preliminar realizado, conforme


relatado no item 4.1, os Quadros 1 e 2 foram ensaiados em vazio com o objetivo de analisar
seus comportamentos e principalmente para verificar ⎯com o novo projeto de quadro, com
elementos metálicos mais rígidos e montantes laterais imóveis⎯ o nível de redução das
movimentações transversais ao plano do quadro. Dessa forma, foram medidos os
deslocamentos verticais e rotações da viga superior (Quadros 1 e 2) e deslocamentos
verticais da viga inferior (Quadro 2).
Assim, para o Quadro 2, foram realizados ensaios com três tipos diferenciados de
deformações, conforme objetivo inicial do experimento já descrito no projeto piloto, e o Quadro
1 ensaiado somente para a deformação possível (viga superior).

5.4 ALVENARIA DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS

Em todos os ensaios realizados, o preenchimento do Quadro 1 com dimensões


nominais de 4,97 m x 2,40 m (largura x altura) e Quadro 2 com dimensões nominais de 4,60 m
x 2,60 m (largura x altura), foi feito seguindo a mesma metodologia.
As paredes foram construídas com blocos (14 cm x 19 cm x 39 cm) e meio-blocos (14
cm x 19 cm x 19 cm) cerâmicos, com os furos posicionados na vertical, assentados em juntas
amarradas com argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume) e espessura
de cerca de 1,0 cm. A argamassa foi aplicada em cordões com desempenadeira estreita (10

209
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.

5.7 DEFORMAÇÕES IMPOSTAS AOS QUADROS

Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.

5.6 INSTRUMENTAÇÃO EMPREGADA E TRATAMENTO DE DADOS

Para o monitoramento dos quadros foram empregados os seguintes instrumentos:

210
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.

FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)

211
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas

FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro

212
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro

FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria

5.7 ENSAIOS REALIZADOS

5.7.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

No Quadro 1 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

213
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetros): D1 a D11


− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1

FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio

d) Ensaios de 1 a 9

214
i) Características dos tipos de fixação ensaiados

De acordo com a Tabela 15 a seguir.

Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)

Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm

E2 BS APC j = 20 mm

E3 MB APC j = 20 mm

E4 BIC EPC j = 15 mm

E5 BIC APC j = 20 mm

E6 BS APC j = 20 mm

E7 BIC EPC j = 20 mm

E8 MB APT j = 20 mm

E9 BIC APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

O bloco inteiro - BI (14x19x39), assentado com os furos na vertical, está apresentado na


Figura 2 (Cap. 3). O meio-bloco – MB (14X14X19), assentado com os furos na horizontal na
fixação superior, pode ser visualizado na Figura 22.
215
FIGURA 22
Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 14 cm x 19 cm

A Figura 23 apresenta o bloco seccionado – BS (14X4X19), também conhecido como


“bloco compensador”, utilizado nos ensaios como fixação superior assentado em 3 fiadas com
os furos na horizontal.

FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 24)


216
− deslocamentos verticais da viga superior: D1 e D2, posicionados na seção transversal do
meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal: C1, junto a apoio da viga superior;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.

5.7.1.1 ENSAIO 1 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM


FUROS NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento total da junta bloco / viga) – MB / APT
A utilização de meio-blocos assentados com furos na horizontal, nos projetos
modulados, segundo Thomaz, 2001, facilita sobremaneira a execução da fixação, devendo
empregar-se argamassa fraca em cimento. Como esse tipo de “encunhamento”, inserido em

217

OBS: medidas em metros


manuais de fabricantes de blocos cerâmicos, tem sido largamente empregado, adotou-se
como primeiro tipo de fixação a ser ensaiado.

Fixação superior da alvenaria:


A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), sobre a qual preencheu-se totalmente, na espessura de
cerca de 2,0 cm , a interface bloco-viga metálica com argamassa no traço 1 : 3 : 12 (cimento :
cal : areia, em volume), conforme Figura 25.

FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)

5.7.1.2 ENSAIO 2 - ALVENARIA FIXADA COM TRÊS FIADAS DE BLOCOS CERÂMICOS


SECCIONÁVEIS DEITADOS E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BS / APC

Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).

Fixação superior da alvenaria:


No ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última fiada (meio-
blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal), permanecendo

218
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.

preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc

blocos seccionáveis cerâmicos


4 cmc
14 cm (larg
(larg)) x 4 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)

219
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC

Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.

Fixação superior da alvenaria:


Novamente, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura dos blocos do
“encunhamento” (três fiadas de blocos seccionáveis cerâmicos de 14 cm x 4 cm x 19 cm
com furos na horizontal), permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras,
deformações ou esmagamentos visíveis. Portanto, como no procedimento anterior, retirou-se
com o máximo cuidado o conjunto de fiadas de respaldo de modo a não afetar o restante da
parede que pode ser aproveitada uma vez mais.
A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), e a argamassa de fixação na interface bloco-viga metálica
com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume) aplicada em cordões, apenas nas
paredes longitudinais externas dos blocos, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 27).

220
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

meio –blocos cerâmicos


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 19 cm (compr)

FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)

5.7.1.4 ENSAIO 4 - ALVENARIA FIXADA COM ESPUMA DE POLIURETANO


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / EPC

A utilização de materiais flexíveis e versáteis como a espuma de poliuretano, além de


atuar como elemento de fechamento, minimiza a resistência à movimentação da alvenaria.
Segundo Franco (Téchne, 2004), a “massa podre” ao ser comprimida pode estourar o
revestimento, o que não ocorre com a espuma de poliuretano, porém sua utilização fica
condicionada à possibilidade de criar juntas de movimentação – inclusive no revestimento – na
posição da fixação.
Nos ensaios anteriores, a estratégia foi introduzir na fiada do respaldo blocos (com os
furos na horizontal) e argamassa (podre) mais flexíveis e menos resistentes que os elementos
correspondentes utilizados no restante da alvenaria, de modo que a ruptura ocorresse nessa
fiada, a qual sendo o elo mais fraco, funcionaria como uma espécie de fusível à ruptura.
A alvenaria toda, com a exclusão da fiada do respaldo, com blocos com furos na
vertical, com maior rigidez e confinada lateral e inferiormente, sofre deslocamentos bem
menores que essa fiada superior composta por blocos com furos na horizontal, de modo a
instalar nessa fiada um estado predominantemente de compressão, que acaba por esmagar
seus blocos.

221
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.

Fixação superior da alvenaria:


Uma vez mais, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última
fiada (meio-blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal),
permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos
visíveis. Retirou-se novamente com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não
afetar o restante da parede.

Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas blocos de 14 cm (largura) x 14,5


cm (altura) x 39 cm (comprimento) com furos na vertical, assentados com argamassa 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume); junta entre a alvenaria e viga superior, com espessura de
cerca de 1,5 cm preenchida com espuma de poliuretano em cordões, ao longo de todo o
comprimento (Figura 28).
A espessura de 1,5 cm para a junta de fixação foi adotada em função da capacidade de
deformação elástica da viga metálica, evitando a ocorrência de deformações permanentes
nessa viga.

222
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*

14,5 cm
14

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

* capacidade de deformação elástica


da viga metálica

FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)

5.7.1.5 ENSAIO 5 - ALVENARIA FIXADA COM ARGAMASSA “PODRE”


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / APC

O objetivo de ensaio segue a justificativa do ensaio 4, substituindo-se a fixação através


de espuma de poliuretano da alvenaria por cordões de argamassa “podre”, mantendo-se a
uniformidade de rigidez da parede de blocos assentados com furos na
vertical. Com a realização desse experimento, será possível comparar os dois materiais de
fixação pela magnitude das deformações da viga superior e as implicações na alvenaria.

Fixação superior da alvenaria:


Assentamento de blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 39 cm (comprimento)
com furos na vertical com argamassa 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume); argamassa de
fixação na viga horizontal com traço de 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume), aplicada
em cordões, apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos, na junta entre a
alvenaria e viga superior, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 29).

223
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 39 cm (compr)

FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)

5.7.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

No Quadro 2 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

Para o ensaio em vazio no Quadro 2, sem preenchimento com alvenaria, a forma


adotada para aplicação do carregamento ora na viga superior, ora na inferior e em ambas ao
mesmo tempo, foi a instalação de duas barras rosqueáveis, localizadas nas laterais das vigas
no centro do vão, com diâmetro de 2” interligando a viga de suporte com a de respaldo.
Esse esquema permitiu que o macaco hidráulico, utilizando a viga de reação superior,
aplicasse ao mesmo tempo a carga às duas vigas metálicas.

Carregamento 1 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga superior, sem o uso das barras de interligação das duas
vigas.

Carregamento 2 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga inferior, sem o uso das barras de interligação das duas vigas.

224
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.

ii) Instrumentação (conforme Figuras 30, 31 e 32)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1.

OBS: medidas em metros

FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1

225
b)
Ens
aios
de 1
a9

i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s

2 βαρρασ δε α⎜ο χιλ⎨νδριχασD


φ = 50μμ e
acor
do
com
a
Tab
ela
OBS: medidas em metros 16 a
segu
ir.
FIGURA 32
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3
Tab
ela 16
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas superior e inferior)

226
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm

E2-SB MB APT j = 20 mm

E3-CB BIC EPC j = 15 mm

E4-SB BIC APC j = 20 mm

E5-SB BS APC j = 20 mm

E6-SB BIC EPC j = 20 mm

E7-SB MB APT j = 20 mm

E8-SB BIC APC j = 20 mm

E9-SB BS APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

CB - com barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2


SB - sem barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 33)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
227
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

FIGURA 33

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.

228
viga de reação

argamassa “podre” em cordões

barra de ligação

FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)

meio-bloco (14 x 14 x 19)


furos na horizontal

argamassa “podre” com


preenchimento total

FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)

229
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)

20 mm

14,5 cm

argamassa “podre” em cordões


bloco cerâmico cortado
14 x 14,5 x 39

FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)

230
4 cm

4 cm blocos seccionados (14 x 4 x 39)


furos na horizontal
4 cm

argamassa “podre” em cordões

FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)

5.10 RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.

Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).

Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
Fixação
Ensaio  superior Carga (kN) (flecha)
(mm)

231
– – –
Vazio 

E1, E8 129,55 0,69


MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 0,68

E2, E6 BS/APC 148,66 1,17

E5, E9 BIC/APC 121,21 0,66

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84

Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm

Vazio – – – – –

E2,  MB/APT- SB 139,93 2,17 1,74 1,96


E7 
E1 MB/APC- CB 105,00 1,17 1,27 1,22

1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23

E4, E8 BIC/APC- SB 167,97 2,47 1,65 2,06

BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25

232
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.

Os ensaios de caracterização dos elementos de alvenaria de vedação no


Capítulo 3, demonstraram o que se segue:

• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.

• a média da resistência à compressão dos painéis de parede Pn1A a Pn3A (sem a


última fiada de meio-blocos com furos na horizontal) representou 15% da
resistência à compressão do bloco cerâmico, muito abaixo da faixa, entre 25% e
50%, encontrada na literatura por Thomaz,1986, resultado esse obtido devido à
elevada resistência à compressão do bloco cerâmico de vedação empregado nos
ensaios.

• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
233
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).

A seguir, apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios realizados para os


Quadros 1 e 2, descritos no Capítulo 5.

Deve-se notar inicialmente que foram verificadas dispersões consideráveis nos


resultados dos ensaios de fixações semelhantes, para os Quadros 1 e 2 (Tabelas 1.10 do
Anexo B e 2.10 do Anexo C), as quais de forma geral podem ser atribuídas a:

• desaprumos e desalinhamentos existentes nos painéis de alvenaria;


• variação das dimensões (espessura e altura) dos cordões de argamassa de
assentamento dos blocos e principalmente da argamassa podre (na junta contígua à
viga superior), bem como das características mecânicas (quanto à resistência e
deformabilidade) e do grau de compactação destas argamassas;
• excentricidade no carregamento vertical dos quadros que, acrescidos das
irregularidades acima citadas, induziram solicitações como flexão e torção no painel
de alvenaria.

As variações construtivas, em maior ou menor escala, são inerentes a obras em


alvenaria. Também, as solicitações espúrias nos painéis de alvenaria submetidos a ensaios,
como flexão e torção, sempre coexistem com as solicitações principais, compressão axial no
caso. No presente trabalho, como a alvenaria e os ensaios foram feitos em laboratório de forma
cuidadosa e controlada, esses fatores foram minimizados, mas não puderam ser eliminados.
Assim, o ideal seria aumentar o número de ensaios para cada caso de fixação considerado,
visando ampliar a confiabilidade da representação estatística dos resultados, o que não foi

234
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.

xiii) Deslocamento vertical no centro da viga (flecha).

Critério: quanto maior a flecha atingida, associada ao aparecimento do dano crítico,


melhor será o desempenho da fixação; neste caso, o objetivo é absorver deslocamentos
decorrentes, por exemplo, de carregamento, de deformação lenta de vigas ou lajes, ou
de variação de temperatura. Este critério (“básico”) é o mais adequado para a análise
pretendida, já que neste trabalho procuram-se sistemas de fixação superior com
melhores características de deformabilidade. Os critérios a seguir apresentados, exceto
(ii) que é equivalente a (i), serão usados apenas como referência e complementação
(“critérios de referência”).

xiv) Razão “flecha / vão” da viga.

Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.

235
xv) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.

Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.

xvi) Flexibilidade (razão “flecha / carga”).

Critério: quanto maior a flexibilidade, referida ao aparecimento do dano crítico, melhor


será o desempenho da fixação.

Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.

xvii) Produto “carga x flecha”.

Critério: quanto maior o produto “carga x flecha”, associado ao aparecimento do dano


crítico, melhor será o desempenho da fixação. Deve ser observado que este produto
está relacionado à energia envolvida no processo de deformação do sistema estrutural.

Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.

xviii) Carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de fixação.

Critério: quanto maior a carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de


fixação, melhor será considerado o desempenho da fixação.

Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:

• flecha/ vão = 1/500, ou flecha de 10 mm


236
• rotação = 0,0017 rd = 350 s

Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.

Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.

6.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

6.1.1 ENSAIO NO QUADRO 1, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 1, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.1.a e na Figura 21. Os resultados detalhados obtidos
no ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

i) No ensaio em vazio do Quadro 1, o deslocamento máximo atingido no centro da viga


superior foi de 10,19 mm (D11), o que representa cerca de 1/490 do vão (vão de 4,97 m). A
rotação longitudinal no apoio da viga, correspondente a essa flecha, foi de 1146 segundos
− Tabela 1 / Anexo B.

j) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.

k) Os deslocamentos D4, D10 e D11, posicionados na seção transversal correspondente ao


meio do vão, com D4 em seu eixo central e D10 e D11 em extremidades opostas das abas
laterais da viga, apresentaram valores muito próximos entre si − Gráfico 1 / Anexo B.
Também, a relação entre as rotações transversais e longitudinais foi muito pequena, cerca
de um décimo, indicando que foi desprezível a flexão lateral ocorrida na viga − Gráfico 2 /
Anexo B.

l) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o

237
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.

6.1.2 ENSAIOS NO QUADRO 1, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 1, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.1.b e na Figura 24. A descrição das fixações está relatada nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

o) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 1 tem caráter


predominantemente de compressão vertical, tendo em vista as condições de contorno do
quadro, ou seja, a base inferior e as colunas verticais laterais são praticamente imóveis,
com movimentações desprezíveis durante os ensaios. Foram impostos apenas
deslocamentos verticais na viga superior, cujas extremidades são articuladas, através da
aplicação de carga concentrada.

p) Os danos verificados em todos os ensaios ocorreram apenas na região de fixação da


alvenaria, da seguinte forma:

• Para as fixações BS/APC, MB/APT e MB/APC:

b7) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).

b8) Esmagamento da argamassa “podre” de fixação, na região central, com início na


interface com a viga superior. Esse esmagamento prosseguiu até a ruptura da
argamassa (esmagamento total), seguido da (ou simultaneamente à) ruptura de
alguns blocos de fixação (Figura 40).

238
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)

FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)

• Para as fixações BIC/APC e BIC/EPC:

b9) Pequenos danos localizados (lascamentos) em cantos de alguns blocos de fixação,


sem atingir ruptura da argamassa ou desses blocos (Figura 41).

239
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.

q) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.

240
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

r) Análise dos resultados do Quadro 1, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 19,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Deve-se notar, nesta tabela, que os
desempenhos das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando respectivamente
avaliações em ordem decrescente.
Tabela 19
Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
Ocorrência do dano crítico (1) ruptura da
Fixação argamassa
Ensaio Deslocamento Carga x
superior Carga Flexibilidade Rotação ou de bloco
(flecha) Dm/vão (2) -3 flecha de fixação
(kN) (10 mm/kN) (s)
Dm (mm) (kN.mm) (kN)

– – – – 297,62 – – –
Vazio 

E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]

E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]

E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84 1/458 108,99 1078,15 1213 (3)

241
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.

d5) Critérios básicos

• Flecha (i): BS/APC (1,17mm), MB/APT (0,69mm), MB/APC (0,68mm), BIC/APC


(0,66mm).
• Razão “flecha / vão” (ii): BS/APC (1/4248), MB/APT (1/7203), MB/APC (1/7309),
BIC/APC (1/7530).

Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.

d6) Critérios de referência

• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).

242
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, também BS/APC apresentou


o melhor desempenho, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.
• Não há uma diferenciação clara quanto ao desempenho do restante das fixações
sob o ponto de vista da aplicação dos critérios de referência, o que de maneira geral
está também de acordo com a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.

s) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 19

• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.

t) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/7530 (correspondente à flecha de 0,66mm, BIC/APC) a 1/4248

243
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma NBR 6118/03 descritos no início do presente
capítulo.
Já os valores referentes aos ensaios com juntas preenchidas com espuma de poliuretano, o
valor da rotação, na situação do dano crítico, foi superior ao da norma, porém o valor de
flecha foi próximo do admissível pela norma
Apesar de haver a possibilidade de se considerar como “dano crítico” danos de maior
monta que o considerado (início do esmagamento da argamassa de fixação), como já foi
mencionado no item c , conclui-se que os valores admissíveis da norma NBR 6118/03
estão longe se serem adequados para proteção da alvenaria com fixações de argamassa.
De outra forma, verificou-se que apenas fixações com junta contígua à viga superior
preenchida com materiais bem deformáveis, como espuma de poliuretano, atenderiam aos
requisitos da norma. Parece claro não existirem argamassas de cimento/cal/areia com
essas propriedades.

u) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 1

• Um resumo dos deslocamentos D1 e D2, relativos ao dano crítico, está apresentado na


Tabela 20, com base nas Tabelas 1.1 a 1.9 do Anexo B.

Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2

Ocorrência do dano crítico (flecha em mm)


Ensaio Fixação superior
D1 D2 D1/D2

E1 MB/APT 1,02 0,62 1,65

E2 BS/APC 0,73 1,59 0,46

244
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29

E4 BIC/EPC 11,72 12,56 0,93

E5 BIC/APC 0,63 0,70 0,90

E6 BS/APC 0,69 0,91 0,76

E7 BIC/EPC 11,35 11,36 1,00

E8 MB/APT 0,51 0,61 0,84

E9 BIC/APC 0,34 0,96 0,35

Os deslocamentos verticais D1 e D2, dos pontos situados no meio do vão da viga


superior e em faces opostas da parede, foram sensivelmente diferentes entre si, exceto
para os casos BIC/EPC, conforme mostra as relações D1/D2 na tabela acima, indicando
ocorrência de flexão lateral da viga, causada possivelmente por fatores como assimetria
na geometria do sistema quadro − parede e no sistema de aplicação de carga.
Este fato não invalida a análise pretendida, pois assimetrias no comportamento de
paredes de edificações certamente ocorrem na prática, até com maior intensidade; além
disso, é praticamente impossível de evitá-las nos ensaios.

• Os resultados para os tipos de fixação MB/APT e MB/APC, que se diferenciam apenas


no preenchimento da junta contígua à viga superior com argamassa “podre”, não
apresentam diferenças significativas, embora deva-se notar que foi realizado apenas um
ensaio para o caso MB/APC − Tabela 19

6.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

6.2.1 ENSAIOS NO QUADRO 2, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 2, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.2.a e nas Figuras 30, 31 e 32. Os resultados obtidos no
ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

i) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
245
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

j) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

k) Os pares de deslocamentos (D1, D2) e (D3, D4), posicionados na seção transversal do


meio de vão, em extremidades opostas das abas laterais da viga, apresentaram valores
idênticos entre si, indicando que foi desprezível a flexão ocorrida na viga − Gráficos 1 /
Anexo C.

l) Desta forma, com a imposição de campo variável de deslocamentos verticais no ensaio em


vazio, conclui-se que foi adequado o comportamento das vigas superior e inferior do
Quadro 2, que pode ser considerado elástico linear.

6.2.2 ENSAIOS NO QUADRO 2, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 2, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.2.b e na Figura 33. A descrição das fixações estão relatadas nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

o) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 2 tem caráter


predominantemente de flexão no plano da parede, tendo em vista as condições de contorno
do quadro, ou seja, as colunas verticais laterais são praticamente imóveis, com
movimentações desprezíveis durante os ensaios.
Na situação “com ligação entre as vigas superior e inferior”, foram impostos
simultaneamente deslocamentos verticais de magnitudes semelhantes nas duas vigas,

246
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.

p) Os danos verificados na alvenaria do Quadro 2 durante os ensaios realizados, com


indicações de seu desenvolvimento em função do carregamento aplicado, estão mostrados
nos Desenhos de 1 a 9 do Anexo D. Podem ser resumidos, na ordem de ocorrência, da
seguinte forma:

b9) Descolamento, com formação de fissura, na interface entre a argamassa e viga


superior, na região de suas extremidades, e entre a argamassa e os montantes
laterais. Em geral, essas fissuras surgiram com abertura em torno de 0,1 mm, ou
menor, progrediram em comprimento durante os ensaios, mas tiveram suas aberturas
pouco aumentadas.

b10) Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento da alvenaria, desenvolvendo-se


de modo geral do ponto de aplicação da carga na direção dos apoios da viga inferior
(Figura 42). Também, essas fissuras que surgiram com abertura em torno de 0,1 mm,
ou menor, progrediram em comprimento com o acréscimo do carregamento, mas
somente tiveram aumento sensível de abertura no final dos ensaios, pouco antes da
ocorrência dos eventos b3 e/ou b4.

247
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)

b11) Em alguns casos, esmagamento da argamassa de fixação, junto à viga superior, na


região central (Figura 43).

248
argamassa “podre”em cordões

FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)

b12) Em alguns casos, fissuras na argamassa de assentamento entre a primeira e a


segunda fiadas de blocos, na região central (Figura 44), e descolamento na interface
entre a argamassa e a viga inferior, na região de suas extremidades e também na
região central.

249
barra de ligação

fissura entre 1a e 2a fiadas

FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)

Observações:

• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.

q) Em todos os ensaios realizados no Quadro 2 foi considerado dano crítico o correspondente


ao início da fissuração inclinada na alvenaria.

250
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

r) Análise dos resultados do Quadro 2, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 21,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Note-se, nesta tabela, que os níveis
de desempenho das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando ordem decrescente de
avaliação.

Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios

Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio  superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)

Vazio – – – – – – – 255,10 – –

139,93 2,17 1,74 1,96 1/2115


E2, E7 MB/APT- SB 214 [2] 15,51 [1] 303,65 [2] 225,35 [2]
[2] [2] [1] [2] [2]

251
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)

D12 = (D1+D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm = (D1+D2+D3+D4)/4.


j = junta preenchida com espuma de poliuretano (EPC), em cordão.
(1) Vão = 4,60m.
(2) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.

As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo


os vários critérios descritos.

d5) Critérios básicos

• Flecha da viga superior (i): BIC/APC−SB (2,47mm), MB/APT−SB (2,17mm),


BS/APC−SB (1,28mm), MB/APC−CB (1,17mm).
• Razão “flecha da viga superior / vão” (ii): BIC/APC−SB (1/1858), MB/APT−SB
(1/2115), BS/APC−SB (1/3585), MB/APC−CB (1/3923).

Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:

− os casos BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentam deslocamentos da viga


superior D12 (2,47mm e 2,17mm, respectivamente) semelhantes entre si; da
mesma forma são semelhantes entre si os deslocamentos referentes à viga
inferior D34 (1,65mm e 1,74mm, respectivamente);
− os casos BS/APC−SB e MB/APC−CB também apresentam deslocamentos da
viga superior D12 (1,28mm e 1,17mm, respectivamente) e inferior D34 (1,19mm
e 1,27mm, respectivamente) semelhantes entre si.

252
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.

Análise:

• Os tipos de fixação BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentaram desempenhos


semelhantes entre si e melhores, de forma nítida, que os tipos BS/APC−SB e
MB/APC−CB, com desempenhos também semelhantes entre si.
• As fixações de melhor desempenho (BIC/APC e MB/APT) possuem características
de maior rigidez do que as outras duas fixações (BS/APC e MB/APC). Assim,
quanto ao bloco, BIC é mais rígido que MB ou BS; quanto à argamassa, APT,
devido ao preenchimento total da junta, é mais rígido que APC.
• Os fenômenos principais envolvidos no comportamento estrutural da alvenaria
podem ser resumidos como:
− Maior deformabilidade do sistema de fixação superior permite maior
movimentação livre da viga, transferindo portanto menos energia ao painel de
alvenaria.
− A estrutura quadro – parede é submetida à flexão, o que levará ao
desenvolvimento de tensões de tração na alvenaria.
− Maior deformabilidade da fixação superior implica em concentração maior do
carregamento na região central do topo da alvenaria, devido à “deformada do
tipo parabólica da viga”, aumentando os efeitos da flexão. Ao contrário, maior
rigidez da fixação distribui mais o carregamento aplicado, reduzindo
relativamente os efeitos da flexão.

Estes fenômenos relacionados à deformabilidade das fixações, atuando de forma


oposta quanto a produzir tensões de tração na alvenaria, poderiam justificar de,
modo geral, os resultados encontrados, ou seja, maior deformabilidade da fixação
superior da alvenaria no Quadro 2 não resulta necessariamente em maior proteção
à alvenaria quanto à formação de fissuras inclinadas.

• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.

d6) Critérios de referência

253
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, com exceção do referente à


carga de ruptura, os melhores desempenhos também foram atribuídos a BIC/APC e
MB/APT, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios básicos.

s) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.

• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.

t) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/3923 (correspondente à flecha de 1,17 mm, MB/APC) a
254
1/1858 (correspondente à flecha de 2,47 mm, BIC/APC) e as rotações de 138s (BS/APC)
a 255s (BIC/APC), conforme a Tabela 21.
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão foram de 1/430 (correspondente à flecha de
10,68mm) e 1/269 (correspondente à flecha de 17,06mm); a rotação média foi de 1301s
e 2024s, conforme a Tabela 21, para os caso com juntas de 15mm e 20mm,
respectivamente.

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma.
Já os valores referentes aos ensaios com fixações preenchidas com espuma de
poliuretano, o valor da rotação, na situação de dano crítico, foi superior ao da norma, porém
o valor de flecha foi próximo do admissível pela norma.
Portanto, para o Quadro 2 também são válidas as mesmas considerações feitas para o
Quadro1, no item 6.1.2.

u) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 2

• As mesmas observações quanto às diferenças entre os deslocamentos D1 e D2,


medidos na viga superior feitas para o Quadro 1 (item 6.1.2.), são válidas para o Quadro
2, para os deslocamentos medidos em suas duas vigas.
• No ensaio 3 (BIC/EPC, J=15 mm, CB), foram impostos campos de deslocamento
aproximadamente iguais nas duas vigas, superior e inferior, através da barra de ligação,
como se pode notar na Figura 45.
No Ensaio 6 (BIC/EPC, J=20 mm, SB), o campo de deslocamento foi imposto apenas na
viga superior, notando-se que, em função da existência da junta preenchida com espuma
de poliuretano na interface com a viga, foi transmitida para a viga inferior uma fração
(em torno de 8,5 %) dos deslocamentos impostos na viga superior, conforme Figura 46.

M (D3,D4)
M (D1,D2) 255
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)

8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)

FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)

Deve-se observar que, apesar de a espuma de poliuretano, quando solta, ter


consistência que pode ser classificada de “bastante deformável” (do tipo “ïsopor”),
quando confinada na junta apresenta rigidez considerável, conforme pode-se observar
nos Gráficos 2.3.A, 2.6.A, 2.11 e 2.15 do Anexo C, ou seja, praticamente a partir do
início do carregamento (ou da imposição de deslocamentos) a espuma de poliuretano
apresenta resistência à deformação, segundo comportamento “carga x deslocamento”
bastante próximo do linear. Assim, esta junta não pode ser tratada como mera fresta
livre, mas preenchida por material de considerável rigidez.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

256
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

São Paulo
2005

257
Milton Rontani Júnior

Influência do deslocamento de vigas e lajes em


paredes de vedação - Análise experimental

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo – IPT, para obtenção do título de
Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia.

Área de Concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios

Orientador: Prof. Dr. Roberto Katumi Nakaguma

São Paulo
Julho de 2005

258
À Regina, Sofia e Julia

AGRADECIMENTOS

259
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.

RESUMO

Motivado pelas freqüentes ocorrências de fissuras em paredes de vedação, e sabendo-se que a


principal causa é a deformação de elementos estruturais, este trabalho tem como objetivo avaliar o
comportamento de paredes de alvenaria, sem aberturas, submetidas à influência de deslocamentos de
vigas e lajes, através de ensaios em escala real.

260
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.

Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.

ABSTRACT

Influence of beams and slabs displacement in panel walls –


Experimental analysis

Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and

261
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.

Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva 11


deformabilidade de vigas e lajes: diferentes configurações em
função da magnitude das flechas desenvolvidas. A - deformações
idênticas dos componentes estruturais superior e inferior; B -
deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior.
(Fonte: ABCI. Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Figura 2 Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 30


14 cm x 39 cm.

Figura 3 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3. 32

262
Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 4 Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de 33


carregamento e instrumentação

Figura 5 Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. 34


Esquema de carregamento e instrumentação

Figura 6 Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de 38


carregamento e instrumentação

Figura 7 Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema 41


de montagem do ensaio

Figura 8 Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da 44


instrumentação e do sistema aplicação de carga

Figura 9 Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação e 45


do sistema de aplicação de carga.

Figura 10 Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da 46


montagem e sistema de carregamento

Figura 11 Projeto piloto - Quadro metálico 52

Figura 12 Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de 57


Engenharia Civil do IPT (Prédio 34). Quadro 1 - Vista frontal

Figura 13 Quadro 1 - Vista frontal 58

263
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)

Figura 15 Quadro 2 – Vista frontal 60

Figura 16 Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro) 66

Figura 17 Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas 66

Figura 18 Quadro 2 – defletômetro 67

Figura 19 Quadro 1 – A – defletômetro; B – bases para alongâmetro 67

Figura 20 Quadro 2 – elevação da alvenaria 68

Figura 21 Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio 69

Figura 22 Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 71


14 cm x 19 cm

Figura 23 Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 71


14 cm x 4 cm x 19 cm

Figura 24 Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1 72

Figura 25 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT) 73

Figura 26 Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 75


264
(BS / APC)

Figura 27 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC) 76

Figura 28 Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com 78


poliuretano na parede do Ensaio 4 (BIC /EPC)

Figura 29 Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC) 79

Figura 30 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1 81

Figura 31 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2 82

Figura 32 Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3 82

Figura 33 Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1 84

Figura 34 Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 85

Figura 35 Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 86


2 (MB / APT - SB)

Figura 36 Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB) 86

Figura 37 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 87


(BIC / APC – SB)

Figura 38 Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 87


(BS / APC – SB)

265
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)

Figura 40 Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação 97


(E2 – BS / APC)

Figura 41 Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação 97


(E7 – BIC / EPC)

Figura 42 Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento 106


(E6 – BIC / EPC -SB)

Figura 43 Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / 107


APC -SB)

Figura 44 Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos 108


(E1 – MB / APC -CB)

Figura 45 Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm) 115

Figura 46 Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm) 115

266
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às 20


solicitações indicadas

Tabela 2 Dimensões e desaprumos dos painéis de parede 35

Tabela 3 Deslocamentos verticais dos painéis de paredes 36

Tabela 4 Dimensões dos painéis de parede 39

Tabela 5 Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de 44


ruptura nos painéis de parede estudados

Tabela 6 Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de 45


ruptura e módulo de elasticidade transversal

Tabela 7 Média e valores individuais obtidos para tensão de ruptura 46


argamassa – bloco

Tabela 8 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 9 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 47


para a argamassa

Tabela 10 Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48


para prismas ocos

267
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos

Tabela 12 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 13 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para meios blocos

Tabela 14 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 49


para blocos seccionados

Tabela 15 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga 70


superior)

Tabela 16 Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas 83


superior e inferior)

Tabela 17 Quadro 1 – Síntese dos resultados 88


Valores médios

Tabela 18 Quadro 2 – Síntese dos resultados 89

Valores médios

Tabela 19 Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências 99


Valores médios

Tabela 20 Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2 103

268
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios

269
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

φ Letra do alfabeto grego – “phi” – símbolo de diâmetro

# Malha

> Símbolo matemático – maior

< Símbolo matemático – menor

τr Tensão de cisalhamento de ruptura

A Alongâmetro

ABCI Associação Brasileira da Construção Industrializada

Abl,b Área bruta do bloco cerâmico

Abl,l Área líquida do bloco cerâmico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APC Argamassa “podre” em cordões

APT Argamassa “podre” total

Ar Argamassa

ASTM American Standard Test Methods

BI Bloco inteiro

BIC Bloco inteiro cortado

BL Bloco

BS Bloco seccionado

C Clinômetro

Cm Unidade de comprimento - Centímetro

CP Corpo de Prova

CPqCC Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Construção Civil

D Defletômetro

DEC Divisão de Engenharia Civil

EPC Espuma de poliuretano em cordões

270
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

F Fissurômetro

G Módulo de elasticidade transversal

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

kN Unidade de carga – kiloNewton

L Vão teórico

MB Meio-bloco

mm Unidade de comprimento – Milímetro

mm2 Unidade de área – Milímetro quadrado

MPa Unidade de tensão – MegaPascal

N Unidade de carga – Newton

NBR Norma Brasileira Registrada

Pn Painel de parede

PR Prisma

S Unidade de rotação - segundo

Sgk Solicitação devida a cargas permanentes características

Sqk Solicitação devida a cargas acidentais características

271
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE BLOCOS CERÂMICOS..................................................................................... 28
3.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 28
3.2 Ensaios realizados................................................................................................ 28
3.3 Descrição dos ensaios........................................................................................... 30
3.3.1 Compressão simples de painéis de parede........................................................ 30
3.3.2 Cisalhamento de painéis de parede................................................................... 37
3.3.3 Aderência argamassa – bloco............................................................................ 40
3.3.4 Resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas............................. 42
3.4 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 43

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA INTERAÇÃO


ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA.......................................................... 50
4.1 Projeto piloto – estudo preliminar.......................................................................... 51
4.1.1 Montagem do quadro metálico........................................................................... 51
4.1.2 Construção da parede........................................................................................ 53
4.1.3 Carregamentos e ensaios................................................................................... 53
4.2 Projeto dos quadros metálicos.............................................................................. 55
4.2.1 Quadro 1............................................................................................................. 55
4.2.2 Quadro 2............................................................................................................. 56

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62

272
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS..................................................... 90


6.1 Ensaios no Quadro 1............................................................................................. 94
6.1.1 Ensaios no Quadro 1, em vazio ......................................................................... 94
6.1.2 Ensaios no Quadro 1, com preenchimento de alvenaria.................................... 95
6.2 Ensaios no Quadro 2.............................................................................................. 104
6.2.1 Ensaios no Quadro 2, em vazio.......................................................................... 102
6.2.2 Ensaios no Quadro 2, com preenchimento de alvenaria.................................... 105

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 120

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 125

273
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A construção civil, acostumada por décadas a produzir estruturas de grande rigidez e


executar vedações tradicionais de alvenaria, passou em curto espaço de tempo a associar
estruturas muito mais esbeltas aos mais variados materiais e sistemas de vedação vertical.

274
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação

275
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS

O principal objetivo desta pesquisa é estudar o comportamento de paredes de alvenaria


de vedação de blocos cerâmicos, sem aberturas, inseridas em estrutura reticulada formada por
pilares e vigas, submetidas a deformações estruturais verticais, considerando diversos tipos de
fixação na borda superior da alvenaria, na interface com a viga.
Objetiva-se, também, analisar os limites de deformação especificados em normas
para as estruturas de concreto de edifícios multipavimentos à luz da interação com as
alvenarias de vedação.
Pretende-se que os resultados obtidos contribuam para a elaboração de
procedimentos quanto às formas de fixação superior da alvenaria de vedação, que possam
melhor protegê-las quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido de minimizar

276
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.

277
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:

• paredes com blocos cerâmicos de 14 cm de largura, sem revestimentos e sem


aberturas
• paredes com ligações laterais às estruturas através de telas metálicas
• quatro tipos de fixação na borda superior:

meio-blocos cerâmicos (furos na horizontal) e argamassa podre total e em cordões


3 fiadas de blocos seccionáveis (furos na horizontal) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e argamassa podre em cordões
blocos cerâmicos cortados (furos na vertical) e espuma de poliuretano em cordões

A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.

278
5 REVISÃO DA LITERATURA

Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.

Buscando entender a evolução do processo de concepção das alvenarias, patologias


conseqüentes e detalhes construtivos visando sua prevenção, esta revisão bibliográfica foi
concebida em ordem cronológica dos trabalhos.

Ao analisar o comportamento mecânico das alvenarias, Thomaz 1986, coloca que as


alvenarias apresentam bom comportamento às cargas verticais centradas (compressão axial),
o que não ocorre com as tensões de cisalhamento ou tensões de tração (carregamentos
verticais excêntricos). Sobre a resistência à compressão das alvenarias, cita Pereira da Silva
relatando: alvenarias de tijolos maciços – a argamassa de assentamento deformando-se
transversalmente mais que os tijolos, introduz nos mesmos um estado triaxial de tensões:
compressão vertical e tração no plano horizontal nas duas direções e quando a resistência à
tração dos tijolos é ultrapassada, fissuras verticais na parede começam a manifestar-se;
alvenarias de blocos vazados – além das tensões precedentes, outras poderão ser
adicionadas: flambagens e destacamentos entre nervuras para o caso de blocos com furos
verticais e solicitações de flexão nas nervuras horizontais para blocos com furos horizontais.
Thomaz observa que, além da forma geométrica do componente da alvenaria, outros fatores
interferem na resistência de uma parede aos esforços de compressão, tais como: módulos de
deformação longitudinal e transversal dos componentes e argamassa de assentamento da
alvenaria; rugosidade superficial e porosidade dos blocos ou tijolos; aderência, retenção de
água, elasticidade, resistência e índice de retração da argamassa de assentamento;
espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e esbeltez da parede. Embasado na
literatura, o autor conclui: a resistência da alvenaria é inversamente proporcional à quantidade
279
de juntas; juntas em amarração resultam em alvenaria com resistência maior do que as
executadas com juntas aprumadas; a espessura ideal das juntas (horizontais e verticais) situa-
se ao redor de 10 mm; a introdução de taxa mínima (0,2 %) de armadura melhora
consideravelmente o comportamento da alvenaria quanto à fissuração, aumentando muito
pouco sua resistência à compressão; a resistência da parede não varia linearmente com a
resistência do componente e nem com a resistência da argamassa; a resistência da argamassa
de assentamento pouco influi na resistência final da parede. Ainda de acordo com a literatura,
o autor coloca que a resistência da parede situa-se entre 25% e 50% da resistência do
componente da alvenaria. Relata também que, nas alvenarias com função portante ou de
vedação, a padronização dos blocos, sem grandes desvios de forma ou variações
dimensionais, evitam o excessivo consumo de argamassa de assentamento e a
desuniformidade das juntas que acarretaram tensões concentradas e diminuição da
resistência global da parede. Recomenda para as pequenas construções os traços de 1:2:9 e
1:1:6 (cimento, cal e areia, em volume), para alvenaria de vedação e portante,
respectivamente, esclarecendo que a cal hidratada confere à argamassa maior poder de
acomodação às variações dimensionais da alvenaria reduzindo a possibilidade de ocorrência
de fissuras e destacamentos.

Com o objetivo de desenvolver um processo construtivo de alvenaria estrutural que


resultasse uma evolução tecnológica, Sabbatini 1989, subdividiu o desempenho funcional de
paredes resistentes: desempenho estrutural – restrito ao comportamento sob esforços de
compressão (resistência à compressão) e desempenho como vedação – comportamento da
parede submetida às ações do fogo, térmicas, acústicas e da água de chuva (resistência ao
fogo, isolamentos térmico e acústico e estanqueidade). Para o autor, em um processo
construtivo racionalizado, a construção de uma alvenaria “é uma operação de simples
montagem de componentes industrializados” e para possibilitar um conjunto coeso, utiliza-se
um material (geralmente argamassa) com a propriedade de aderir a esses componentes.
Dentre todas as técnicas construtivas desenvolvidas, pode-se destacar a técnica básica de
assentamento de alvenaria: moldagem das fiadas horizontais – moldagem por extrusão
(utilização de bisnaga) de dois cordões contínuos de argamassa, facilitando o assentamento do
bloco no nível e no prumo (uniformidade dos cordões). Visando otimizar a estanqueidade e o
isolamento térmico, além do menor consumo de argamassa, não são colocados cordões nos
septos transversais; juntas verticais – executadas a “posteriori”, com argamassa extrudada sob
pressão por bisnaga, preenchendo o espaço entre os blocos; execução do plano vertical – para
racionalizar a técnica, recomenda o uso de escantilhões que, além de estabelecer a galga com
precisão, controla o prumo. Também entre as conclusões de Sabbatini, pode-se destacar
280
aquela em que relata a importância de considerar todos os condicionantes, premissas e
critérios para essa metodologia, prevendo-se mecanismos de realimentação, através de
protótipos e etapas de avaliação, para que as soluções possam evoluir.

Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.

Ao analisar as ligações entre estrutura e paredes de vedação, de modo a prevenir a


fissuração, Thomaz, 1989 (Cap. 9), explana que, ao haver incompatibilidade entre as
deformações impostas e as admitidas pela parede, resultado de tensões introduzidas por
deflexões de elementos estruturais, principalmente vigas e lajes, uma série de cuidados devem
ser tomados. Dessa forma, recomenda que a montagem
das paredes seja realizada do topo para a base do prédio, e quando não for possível, o
“encunhamento” dessas paredes, executado com materiais de baixo módulo de deformação,
seja efetuado “a posteriori”. Para estruturas muito flexíveis e/ou paredes muito rígidas, com
base na literatura, recomenda a introdução de material deformável, poliuretano expandido, por
exemplo, no topo da parede. Ao se empregar esse tipo de ligação, o contraventamento lateral
da parede poderá ser garantido por paredes transversais ou por ganchos de aço chumbados
na parede e no componente estrutural. Para o autor, as alvenarias apresentam bom
comportamento à compressão axial, o mesmo não ocorrendo com a tração e o cisalhamento,
sendo muito sensíveis às distorções e deflexões. Assim, alguns cuidados durante sua
281
execução devem ser tomados, iniciando-se pelo controle de qualidade dos blocos, pois a
utilização de componentes com grandes variações dimensionais resultarão em juntas
horizontais irregulares, ocasionando concentração de tensões em determinados blocos. A
efetividade da ligação componente/argamassa é fator determinante no comportamento das
alvenarias, portanto a escolha da argamassa de assentamento influirá decisivamente no
melhor ou pior comportamento da alvenaria. Levando-se em conta seu poder de acomodação
e relativa importância na resistência à compressão da parede, deve-se sempre utilizar
argamassas mistas. Segundo o autor, praticamente todas as especificações técnicas
recomendam argamassas proporcionadas com um volume de aglomerante (cimento e cal
misturados) para três volumes de areia, proporção ideal para que a areia possa ter seus grãos
totalmente recobertos pela pasta de aglomerante.

De acordo com Tango, 1990, as propriedades dos blocos determinam as principais


propriedades da alvenaria, entre elas, as mecânicas. Dentre as principais propriedades dos
blocos e tijolos que o autor destaca, três influem diretamente na capacidade portante da
parede, são elas: dimensões, esquadro e planeza e a resistência à compressão. Ressalta,
porém, que a resistência à compressão de uma alvenaria não é a mesma que a do bloco ou
tijolo que a compõe, pois os blocos ao serem ensaiados, sofrem um cintamento devido ao atrito
com os pratos da prensa que não ocorre ao serem ensaiados dentro de uma parede. Esse
fenômeno, nos ensaios de resistência à compressão, resulta em valores muito maiores para o
bloco quando comparado aos de uma parede feita com o mesmo bloco, fruto de relações
altura/espessura diferentes. Para o autor, a argamassa além de unir os blocos entre si
transmitindo os esforços na alvenaria, é o fator de acomodação para as deformações que
possam vir a ocorrer. Tem influência na resistência mecânica da parede quando sua
resistência à compressão no estado endurecido é muito alta ou muito baixa, e o seu módulo de
deformação afeta diretamente a deformabilidade da parede quando da acomodação da
alvenaria a pequenas movimentações ou variações dimensionais. Coloca que, nas alvenarias
de vedação utiliza-se normalmente a dosagem empírica ou não experimental para estabelecer
o traço da argamassa, baseado na tradição, intuição ou cópia de outras obras. Com relação às
alvenarias estruturais relata que, adota-se o prisma, corpo-de-prova formado por dois ou mais
blocos justapostos com argamassa, como índice de qualidade da alvenaria. Nos ensaios de
compressão, esses prismas costumam romper com tensões mais altas que as que causam a
ruptura das paredes compostas com os mesmos materiais.

Para Thomaz, 1990, as alvenarias de vedação, inseridas em vãos das estruturas


reticuladas ou do tipo pilar/laje, são projetadas para resistirem ao próprio peso e pequenas
282
cargas de ocupação, não sendo consideradas a atuação de cargas verticais provenientes da
deformação de componentes estruturais horizontais (vigas e lajes). Nesses casos, o
“encunhamento” rígido da parede no encontro com a viga ou laje a sobrecarregará originando
fissuras. Segundo o autor, essas solicitações podem provocar diversificadas formas de fissuras
decorrentes da combinação das deformações dos componentes estruturais. Assim,
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Fig.1A), solicitarão a
parede predominantemente ao cisalhamento acarretando fissuras inclinadas nas proximidades
dos cantos inferiores. Já para o caso onde a deformação do componente inferior é maior que a
do superior, resultarão em fissuras inclinadas nas proximidades dos cantos superiores
associadas à fissura horizontal nas proximidades da base (o efeito de arco desviando a fissura
horizontal na direção dos cantos inferiores ocorrerá quando o comprimento da parede for
superior a sua altura – Fig. 1B). No caso da terceira e última possibilidade, a flecha do
componente inferior menor que a do superior, a parede computar-se-á como viga de grande
altura, provocando fissura vertical no terço médio da parede (em sua base) e inclinadas nos
cantos superiores, fissuras essas características de flexão (Fig.1C). Os esquemas descritos
podem ser visualizados na Figura 1.

A B

FIGURA 1 – Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva deformabilidade de vigas e


lajes: diferentes configurações em função da magnitude das flechas
desenvolvidas. A - deformações idênticas dos componentes estruturais superior e

283
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)

Roman, 1991, relata que o tamanho, a forma e a homogeneidade da unidade


cerâmica de alvenaria são fatores determinantes na resistência à compressão. Assim, quanto
maior a altura em relação à espessura da junta, maior a resistência da parede, e ainda a
homogeneidade de suas dimensões aliada a planeza das superfícies evitam a concentração de
tensões nas juntas que contribuem para a ruptura da parede. O autor descreve os problemas
mais comuns nas construções de alvenaria relativos à mão-de-obra: juntas horizontais
incompletas reduzem a resistência da alvenaria em até 33% e a falta de preenchimento das
juntas verticais afeta a resistência à flexão, alterando pouco a resistência à compressão; a
espessura das juntas afeta sobremaneira a resistência das alvenarias - juntas de 16 a 19 mm
produzem resistência à compressão 30% menor que juntas de 10 mm; a argamassa deve ter
um traço que se mantenha inalterado durante a obra e atenda as exigências de resistência,
trabalhabilidade e retenção de água, sendo que as alvenarias fora de prumo produzem cargas
excêntricas com conseqüente redução da resistência.

Para Cavalheiro, 1991, variabilidade é a palavra que caracteriza o material cerâmico,


devido à qualidade das argilas, tecnologias de fabricação, tamanho das peças e características
de desempenho. Cita que no volume geral de alvenarias do país, há predominância dos tijolos
e blocos cerâmicos de vedação. O autor salienta que a melhor forma de avaliação da
resistência à compressão de uma alvenaria se faz através de ensaios de paredes com altura
de um pé direito e uma base com largura da ordem da terça parte de sua altura, ensaio este
que poucos laboratórios realizam por ser muito dispendioso. Menciona também que os
prismas, para a formulação da tensão admissível de uma parede, necessitam do ajuste de um
maior coeficiente de segurança, porém, esses ensaios têm boa confiabilidade, principalmente
quando se têm correlações com ensaios de paredes que utilizem os mesmos componentes ou
similares.

Costa et al, 1994, avaliaram a capacidade de absorção de deformação das


alvenarias de vedação, inseridas em pórticos, através de carregamentos vertical e horizontal e
da caracterização simultânea dos blocos e argamassas (estado fresco e endurecido) que as
compuseram. Os pórticos, quadros de concreto armado (2,75 m x 1,87 m), foram preenchidos
com blocos de concreto celular autoclavados assentados com argamassas convencionais
284
(1:2:9 e 1:3:7,5) e argamassas industrializadas. Foram moldados e ensaiados 20 pórticos
preenchidos com diversos tipos e dimensões de blocos (para efeito comparativo em alguns
pórticos utilizaram-se blocos cerâmicos), dosagem das argamassas e com o preenchimento ou
não de juntas verticais. A interface pórtico/alvenaria foi chapiscada com argamassa colante
objetivando maior rigidez no sistema. Nos ensaios com carga vertical, estas foram aplicadas
em dois pontos da viga superior. Já para o carregamento horizontal, a carga foi aplicada no
canto superior direito mantendo-se uma carga vertical nesse mesmo canto e um suporte
metálico no canto inferior esquerdo para impedir o escorregamento do conjunto. Os ensaios
foram executados em ciclos de carregamentos controlando-se a deformação imposta ao
conjunto. Os autores constataram que os painéis que foram assentados com o preenchimento
ou não de juntas verticais não apresentaram, para carga vertical, diferenças significativas. Por
sua vez, os ensaios com carga horizontal apresentaram sempre valores significativamente
inferiores aos de carga vertical para o início de fissuração nas paredes. Observaram também
que o traço 1:3:7,5, comparativamente ao traço 1:2:9, beneficiou o comportamento da parede
ao aumentar seu limite para surgimento de fissuras de descolamento da ordem de 50% e para
fissuras diagonais em 100%. Destacaram que o módulo de deformação da argamassa de
traço 1:3:7,5 é da ordem de 33% maior que a argamassa de traço 1:2:9. Ao compararem os
valores obtidos nos ensaios das alvenarias de blocos cerâmicos com os de bloco de concreto
celular autoclavado, utilizando-se a mesma argamassa 1:2:9, concluíram que apresentam
comportamentos não muito diferentes.

Thomaz em 1995a, conceituou alvenaria de vedação como aquela destinada a


compartimentar espaços, não sendo concebidas, portanto, a suportar carregamentos. Porém,
com a flexibilização das estruturas torna-se necessário compatibilizar as deformações
impostas, transmitindo tensões às alvenarias, desde a fase do projeto de modo a evitar fissuras
e outras patologias. O autor coloca que além da aderência entre componentes e argamassa
de assentamento ou revestimento, aspectos técnicos que influem diretamente no desempenho
da parede acabada, outras características na escolha dos blocos que deverão ser
consideradas, entre elas: tamanho do bloco – quanto maior a dimensão do bloco, menor o
número de juntas de assentamento, resultando em menor poder de absorção de
movimentações; peso próprio das paredes - blocos mais leves resultam em elementos
estruturais menores, e a partir de certa flexibilização da estrutura, a adoção de detalhes para
vincular a alvenaria à estrutura se faz necessário. Observa que as juntas em amarração
facilitam a redistribuição de tensões induzidas por deformações estruturais, oposto da
concentração dessas tensões que as juntas aprumadas produzem (as paredes tendem a
trabalhar como uma sucessão de pilaretes). Acrescenta que a ausência de argamassa nas
285
juntas verticais pode prejudicar o desempenho das paredes na capacidade de redistribuição de
tensões nelas introduzidas por deformações impostas, além do desempenho termoacústico, de
resistência ao fogo e resistência a cargas laterais, podendo, no entanto ser adotada em
paredes internas e de pequenas dimensões. Quanto às ligações com pilares, recomenda o
emprego de dois ferros Φ 6 mm a cada 40 cm ou 50 cm e transpasse em torno de 50
centímetros, além da aplicação de chapisco 1:3 nessas faces. O emprego de canaletas,
preenchidas com microconcreto, nas posições desses ferros-cabelo reforça a ligação
absorvendo diferenças significativas nessas posições. Para vãos consideravelmente grandes
e/ou estruturas relativamente deformáveis, os destacamentos alvenaria/pilar não serão
impedidos pela aplicação do chapisco associado aos ferros-cabelo. Assim, orienta a inserção
de tela metálica na argamassa de revestimento ou acabamento da junta com selante
elastomérico. Com relação ao “encunhamento” com lajes ou vigas, o autor apresenta três
situações: assentamento inclinado de tijolos de barro cozido utilizando-se argamassa
relativamente fraca (“massa podre”) para criar um amortecedor das deformações; para blocos
vazados, em projetos modulares, compor a última fiada com meios-blocos assentados com
argamassa fraca em cimento e com furos na horizontal; nas ligações com estruturas muito
deformáveis e no caso de paredes muito extensas e/ou enfraquecidas por aberturas, constituir
uma junta composta por material deformável e contraventada por insertos metálicos fixados
nas lajes ou vigas.

Segundo Thomaz, 1995b, deve-se priorizar a utilização de blocos de produtores com


sistemas de controle de qualidade e marca de conformidade concedida por terceiro. Especifica
entre as principais exigências que os blocos de vedação devem atender, a resistência à
compressão entre 1,0 e 2,5 MPa. Relaciona diversas recomendações para os componentes
dos chapiscos e argamassas como se segue: chapiscos – evitar cimentos de alto forno,
pozolânico e com adição de escória de alto-forno ou pozolana (a rápida evaporação da água
devido à fina camada de aplicação não permite as reações de hidratação da escória e da
pozolana); cal hidratada – evitar produtos “substitutos”: mistura de cal e filito argiloso - embora
proporcionem grande plasticidade no estado fresco devido às argilas, produzem perda de
aderência, de deformação e aumento da retração por secagem e aditivos incorporadores de ar
– reduzem o poder de acomodação das argamassas; areias – grossas (módulo de finura em
torno de 4) para chapisco, médias (módulo de finura em torno de 3) para argamassas de
assentamento e areias com porcentagens consideráveis de material silto-argiloso poderão ser
utilizadas somente em paredes internas revestidas e impermeabilizadas posteriormente,
evitando-se seu uso em “encunhamentos” e ligações com pilares. Propõe os seguintes traços
em volume para os sistemas tradicionais de construção: chapisco – 1: 3 (cimento: areia);
286
argamassa de assentamento – 1: 2: 9 a 12 (cimento: cal: areia) e argamassa de encunhamento
– 1: 3: 12 a 15 (cimento: cal: areia). Para o caso de emprego da argamassa de assentamento
através de bisnagas, deverá ser utilizada areia um pouco mais fina (módulo de finura entre 2,0
e 2,5) e seu traço enriquecido com maior teor de aglomerantes, passando por exemplo para
1:2: 7 a 9. Para as faces dos pilares, recomenda ainda que, no caso de chapisco rolado
(argamassa dosada com adição de resina PVA) , sua aplicação deverá ser simultânea à
elevação da parede, uma vez que a “vitrificação” da superfície após a polimerização da resina,
prejudica a aderência à argamassa de assentamento. Com relação ao levantamento das
paredes, o autor estabelece que, para blocos vazados, a argamassa de assentamento seja
aplicada em cordões a partir da segunda fiada, empregando-se preferencialmente a bisnaga ou
desempenadeira estreita (10 cm de largura e comprimento de 30 a 40 cm). Os blocos deverão
sofrer ligeiro umedecimento se estiverem ressecados, já as superfícies chapiscadas dos
elementos estruturais deverão estar sempre umedecidas. A argamassa de assentamento
deverá sempre ser aplicada em excesso para que possa atingir a espessura desejada, em
geral 1 cm, através da condução do bloco para a posição definitiva mediante forte pressão para
baixo e para o lado, principalmente nos encontros com pilares, onde a compactação e o refluxo
da argamassa são imprescindíveis. Para os “encunhamentos”, o pesquisador apresenta três
possibilidades, deixando claro que em hipótese alguma poderão ser executados imediatamente
após o assentamento da última fiada: encunhamentos rígidos – executados com o máximo
retardo possível após a conclusão das alvenarias em cada pavimento (nunca antes de dez dias
após essa finalização) e preferencialmente após a instalação de todas as cargas mortas mais
importantes do pavimento superior. Com o chapisco aplicado, curado e umedecido,
empregando-se a “massa podre”, assentar de forma inclinada, tijolos maciços ou outros
componentes deformáveis, aplicando a máxima pressão possível para que sobrem
quantidades consideráveis de argamassa; rejuntamento com argamassa – com espessura
máxima de 3 cm, esse rejuntamento deve ser aplicado com o menor teor de umidade
(consistência de ”farofa”) e apiloada energicamente no interior da junta; rejuntamento flexível –
nesse caso não se aplica chapisco na base do elemento estrutural e o material deformável
(poliestireno expandido, por exemplo) deve ser introduzido sob pressão nessa junta. O
acabamento da junta pode, por exemplo, ser realizado com selante elastomérico ou mata-
juntas.

Nos procedimentos para execução de alvenaria de vedação em blocos cerâmicos,


Souza & Mekbekian, 1996, indicaram que o traço adequado das argamassas de cimento, cal e
areia, para assentamento dos blocos, deve ser definido a partir de testes em obras para
avaliação de sua trabalhabilidade e das características técnicas desejáveis (aderência,
287
capacidade de deformação e retenção de água). Para isso, recomendam iniciar com traços
básicos em volume como se segue: 1 : 1 a 3 : 5 a 12 (cimento:cal:areia). Antes de iniciar-se o
assentamento dos blocos, os autores preconizam galgar as fiadas da elevação nas faces dos
pilares, que em estruturas de concreto deverão estar chapiscadas, e posicionar os ferros-
cabelo ou telas de aço galvanizado de malha quadrada (15 x 15) mm2. Em geral, esses
elementos de fixação da alvenaria aos pilares são posicionados a cada duas fiadas a partir da
segunda fiada, chumbando-os com adesivo à base de resina epóxi no caso dos ferros-cabelo e
com pinos de aço por meio de sistema de fixação à pólvora para as telas galvanizadas. Para o
assentamento dos blocos, recomendam ainda que a argamassa, aplicada por bisnagas ou por
desempenadeira estreita, forme cordões com cerca de 15 mm de diâmetro dos dois lados dos
blocos e em suas laterais. Deve-se assentar primeiramente os blocos de cada extremidade
pressionando-os firmemente contra os pilares e com aplicação de argamassa entre a face dos
blocos e a face dos pilares. Através de linhas de náilon fixadas nas galgas, assentar os blocos
intermediários garantindo o nivelamento das fiadas e o alinhamento e o prumo das paredes.
Ressaltam que, durante a elevação das fiadas, deve-se atentar para a correta espessura das
juntas horizontais que deverá situar-se entre 8 mm a 14 mm. Para a fixação da alvenaria, cujo
vão deve ser de 1,5 cm a 3,5 cm, indicam o emprego de argamassa com o mesmo traço
utilizado na elevação, garantido-se o total preenchimento da largura do bloco. Observam não
se tratar de “encunhamento”, pois este se refere à fixação com tijolos maciços inclinados ou
utilização de argamassa expansiva.

No projeto EPUSP / MORLAN, 1997, Medeiros at al estudaram o emprego de telas


de arame soldado e galvanizado como reforços de juntas horizontais de paredes de alvenaria e
como dispositivo de ligação entre estas paredes e os pilares de estruturas reticuladas de
concreto armado. Verificaram experimentalmente o uso e desempenho dessas telas como
elemento de ligação objetivando evitar o aparecimento de fissuras na interface parede/pilar.
Como procedimento para aplicação de telas soldadas como dispositivo de ancoragem entre
parede e pilar, os autores recomendam: preparação do pilar – limpeza da superfície e
aplicação de chapisco tradicional ou rolado 72 horas antes do início do assentamento dos
blocos; escolha ou corte da tela – pode-se definir, como regra geral, o tamanho da tela com
largura inferior a 10, 15 e 20 mm da largura do bloco (90, 120, e 140 mm respectivamente),
400 mm de comprimento horizontal no mínimo e 100 mm do total da tela devem ficar embutidos
na junta vertical de argamassa entre parede e pilar; fixação da tela no pilar – garantir que a tela
fique posicionada no centro da junta horizontal em pelo menos todas as fiadas pares, fixadas à
estrutura através de cantoneira de aba de largura mínima de 20 mm e espessura da chapa de
pelo menos 1,2 mm. Não dobrar a tela até o assentamento da fiada (evitar acidente com a
288
extremidade cortante do arame) e cravar as cantoneiras com um ou dois pinos de aço zincado
(diâmetro de 6 a 8 mm), com uma penetração mínima de 20 mm e observando um
afastamento mínimo de 50 mm para garantir uma força de arrancamento de pelo menos 300 N
para concreto com resistência à compressão de 20 MPa; colocação da tela na parede - após a
aplicação da argamassa de assentamento sobre os blocos da fiada inferior, abaixar a tela até
que a mesma fique perpendicular à parede para que a argamassa penetre na malha de arame.
Procurar eliminar a curvatura inicialmente na dobra, garantindo uma adequada dobra a 900. O
preenchimento com argamassa da junta vertical parede/pilar na malha da tela que ficou voltada
para cima (dobra de 100 mm), permite que esta parte da tela auxilie na ancoragem de modo a
redistribuir os esforços logo que ocorrerem os primeiros deslocamentos. Os autores
relacionam ainda as vantagens do uso da tela soldada comparativamente ao uso de ferro
cabelo para a ligação parede/pilar, dentre elas maior homogeneidade da aderência ao
arrancamento, maior capacidade de ancoragem à argamassa e maior capacidade de
redistribuição de tensões (efeito de difusibilidade da armadura no interior da junta de
argamassa).

Massetto & Sabbatini, 1998, estudaram a resistência das alvenarias de vedação de


blocos utilizados na região de São Paulo com o principal objetivo de correlacionar a resistência
à compressão simples de componentes e paredinhas de alvenaria. Os autores selecionaram
16 tipos de componentes de alvenaria diferentes (blocos ou tijolos) disponíveis na região de
São Paulo, ensaiando para cada tipo 6 corpos-de-prova. Dessa forma totalizaram 96 ensaios
de resistência à compressão simples, tanto de paredinhas como de componentes.
Descrevendo sobre a evolução das alvenarias, citaram que a esbeltez das atuais estruturas
reticuladas que, por possuírem menor grau de rigidez e elementos estruturais mais
deformáveis, introduzem maiores deformações com conseqüente aumento de tensões nas
vedações verticais. Ressaltaram que as alvenarias, por serem denominadas de vedação, não
são dimensionadas às solicitações, sejam elas devido à ação do vento ou deformações de
origem estrutural. Analisando as interações estrutura-vedações verticais, apontaram a
deformação instantânea, fenômeno reversível que na prática se estabiliza ao término do
edifício, solicitado pelas cargas de utilização, e a deformação lenta, fenômeno irreversível que
ocorre continuamente com efeito considerável nos primeiros anos, como os mais
significativos. Segundo os autores, as normas técnicas fixam limites aceitáveis para as
deformações estruturais, mas é de suma importância o conhecimento de quanto a estrutura irá
se deformar e constatar se a tensão induzida por essa deformação será suportada pela
alvenaria. Relacionaram os fatores que afetam a resistência à compressão das alvenarias:
289
esbeltez; resistência dos materiais que a compõe; seção transversal; qualidade de execução;
resistência de aderência do conjunto; propriedades geométricas das paredes; tipo de fixação
da alvenaria à estrutura. Observaram ainda que a resistência dos componentes é maior que a
das paredinhas, e que estas têm resistência superior à das paredes em escala real. Nos
ensaios, as paredinhas eram formadas por dois elementos de base e por três fiadas de altura,
exceto nas que utilizavam tijolos de barro que possuíam cinco fiadas de altura. No
capeamento dos componentes, utilizou-se enxofre com adição de pozolana e nas paredinhas a
argamassa de assentamento na espessura média de 5 mm. As juntas verticais e horizontais
das paredinhas foram preenchidas, com espessura variando de 8 mm a 13 mm, e para regular
a velocidade de ruptura, o tempo de duração do ensaio foi fixado de forma a não ser inferior a 1
minuto nem superior a 2 minutos. Os pesquisadores comprovaram a queda da resistência das
paredinhas quando comparadas com a resistência dos componentes. Para os blocos
cerâmicos de primeira linha, o coeficiente de correlação (tensão de ruptura da
paredinha/tensão de ruptura do componente) variou de 12,78% a 17,18% (média de 14,28%).
Deixaram como sugestão que os valores mínimos de resistência das paredinhas se situem
entre 0,7 a 1,0 MPa.

Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:

• nenhuma parte deve ruir ou ter seu funcionamento prejudicado


• as deformações de quaisquer elementos do edifício não devem provocar sensação
de insegurança aos usuários
• as eventuais deformações dos elementos do edifício não devem prejudicar a
manobra de partes móveis, tais como portas e janelas.

O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1

290
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300

Sgk =solicitação devida a cargas permanentes características


Sqk = solicitação devida a cargas acidentais características

Dentre as exigências dos usuários, Mitidieri Filho coloca a exigência de segurança


estrutural em primeiro plano. Segundo o autor, os critérios e requisitos de desempenho para
os elementos da habitação devem ser fixados de modo a não atingirem o estado limite último,
ou seja, que por ruptura ou deformação excessiva, causem a ruína destes elementos ou parte
deles.
Ressalta que, os métodos de avaliação para verificação do atendimento aos requisitos e
critérios de desempenho incluem, além da análise do projeto estrutural, a realização de ensaios
físicos e mecânicos e ainda a inspeção em protótipos.

Segundo Franco 1998, a importância da capacidade de acomodar deformações das


alvenarias é decorrência das mudanças ocorridas na concepção das estruturas e da utilização
de novos materiais. Dessa forma, a maior incidência de problemas patológicos é resultado da
incompatibilidade entre as condições de deformação das estruturas e a resistência das
vedações verticais associada a sua capacidade de acomodar-se a essas deformações. Os
modelos adotados na concepção estrutural das estruturas de concreto armado levam, na
maioria dos casos a previsões que não condizem com a real deformação dos elementos, uma
vez que os valores do módulo de deformação, pouco controlados, podem se situar muito
aquém dos previstos, além da adoção de critérios que contemplam seu funcionamento
291
unicamente como estrutura, sem levar em conta o enrijecimento provocado pelas paredes. Os
critérios impostos para os limites de deformação das estruturas atuais cada vez mais esbeltas,
continuam de maneira geral, os mesmos das estruturas convencionais e raramente são
consideradas as significativas parcelas de carregamento absorvidas pela grande rigidez das
paredes de alvenaria como conseqüência das limitações que essas vedações impõe à
estrutura. As limitações das flechas para os elementos estruturais em L/300 ou L/500 (L = vão
livre) estabelecidas pela norma brasileira e adotadas como parâmetro pelos projetistas, são
incompatíveis com a grande maioria dos sistemas de vedação vertical hoje empregados. Em
ensaios realizados em estruturas de edifícios através de provas de carga em lajes sobre
parede, pode constatar-se que as paredes chegaram a fissurar com uma deformação de
apenas 1,5mm, correspondendo a uma limitação de cerca de L/4000. Assim, evidencia-se que
frente aos sistemas de vedação disponíveis, os critérios tradicionais para limitação de
deformação estrutural não representam as adequadas respostas. Quanto às novas técnicas
construtivas, onde o aumento da velocidade de execução da estrutura associada a menores
períodos de escoramento, além da antecipação do início das vedações verticais, acaba por
solicitar a estrutura em idades iniciais de cura, tornando maiores as deformações iniciais. A
análise não deve ser restrita às primeiras idades, devendo ainda abranger as deformações
causadas pela deformação lenta do concreto, fenômeno natural e irreversível. Para situações
onde se prevêem deslocamentos estruturais consideráveis, o autor salienta que, entre as
medidas possíveis para reduzir o efeito nocivo dessas deformações sobre as vedações
verticais, deve-se evitar ligações rígidas como a utilização de tijolos maciços inclinados ou
argamassas expansivas. Em estruturas deformáveis, esse tipo de ligação provocará nas
paredes uma tensão inicial que deverá ser majorada pela deformação lenta da estrutura ao
longo do tempo. Quanto ao desempenho, o autor destaca uma vez mais a deformabilidade
das alvenarias, definindo-a como “a capacidade que a parede de alvenaria possui de manter-
se íntegra ao longo do tempo, distribuindo as deformações internas ou externas impostas em
microfissuras não prejudiciais ao seu desempenho”. Fatores elencados que interferem na
capacidade de acomodar deformações:

• módulo de deformação da alvenaria – associado ao módulo de deformação dos blocos


e da argamassa de assentamento. Argamassas com elevada resistência e rigidez
produzem alvenaria com pouca capacidade de absorção de deformação.
• resistência de aderência entre juntas de argamassa e os componentes da alvenaria –
fator que distribui as tensões pelo painel. Devem transmitir os esforços sem surgimento
de fissuras nas interfaces.

292
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.

Para Sabbatini, 1998, os problemas nas vedações em alvenaria de edifícios


multipavimentos que até alguns anos atrás se limitavam a fissuras, hoje se transformaram em
esmagamentos e ruptura da alvenaria, chegando em alguns casos ao colapso da parede. O
autor compara várias características desses edifícios construídos durante a década de 60 com
os da década de 90, iniciando pelos subsistemas de vedação e estrutura em concreto,
concluindo que as novas estruturas, mais esbeltas, com menor grau de rigidez e mais
deformáveis, trouxeram para a alvenaria maiores deformações produzidas pela estrutura e
seus elementos e por conseqüência maiores tensões. Estabelece também a comparação
entre as características dos elementos horizontais e observa que as flechas potencialmente
admitidas no mínimo dobraram, principalmente devido ao aumento dos vãos médios, alterando

293
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
294
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.

Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
295
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.

Na análise da qualidade no projeto e execução de alvenarias, Thomaz, 2001, destaca


entre as propriedades gerais dos componentes e das alvenarias que, o tamanho do bloco está
diretamente ligado `a flexibilidade da parede (capacidade em absorver deformações impostas),
pois quanto maior a dimensão do bloco, menor o número de juntas, além do que essas
dimensões devem ser compatíveis com os vãos estruturais, tamanho dos caixilhos, etc. Deixa
claro também que, blocos mais leves acarretam redução de seção dos elementos estruturais e
que a partir de uma certa flexibilidade da estrutura, deve-se levar em conta o papel de
contraventamento das alvenarias e dessa forma adotar uma série de detalhes de vinculação.
Entre esses detalhes pode-se destacar as ligações com pilares e os “encunhamentos”, já
detalhados em Thomaz, 1995 b.

Martins & Barros, 2002, ao proporem as diretrizes para um sistema de vedação


modular de alvenaria, relataram que a alvenaria ainda será por muito tempo a principal
alternativa para a vedação vertical em edifícios, levando-se em conta o parque industrial
montado no país. Referiram entre os principais resultados após dois anos de pesquisa, a
criação de uma família de componentes de acordo com os estudos relativos a modularidade.
O sistema é composto por: componentes de alvenaria – conjunto composto por blocos inteiros,
frações e canaletas; argamassas – são utilizados dois tipos, uma para assentamento da fiada
de marcação e a outra para assentamento das demais fiadas, inclusive a de fixação da
alvenaria à estrutura; pré-fabricados – vergas (disponíveis para vãos de portas) e contravergas
(com comprimento igual a 60 ou 90 cm, assentadas nas extremidades das aberturas); pinos e
espoletas – utilizados em conjunto com uma pistola de fixação para fixar as telas à estrutura;
telas – utilizadas para ancorar as alvenarias à estrutura além de amarrar paredes entre si.

Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
296
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.

3 CARACTERIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE ALVENARIA DE


VEDAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

297
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.

3.1 INFRA-ESTRUTURA

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório de Ensaios do Agrupamento de


Estruturas da Divisão de Engenharia Civil e no Laboratório de Concreto do Agrupamento de
Materiais de Construção Civil DEC, ambos do IPT.

Foram realizados ensaios estruturais de caracterização (compressão simples,


cisalhamento e aderência argamassa-bloco) de elementos de alvenaria de vedação, utilizando
blocos cerâmicos de 14 cm x 19 cm x 39 cm e de 14 cm x 19 cm x 19 cm, assentados com
argamassa.
Também foram realizados ensaios à compressão de blocos cerâmicos, prismas
e corpos de prova cilíndricos da argamassa utilizada para assentamento.
Os painéis e prismas foram construídos por pedreiro com larga experiência na execução
de paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

3.2 ENSAIOS REALIZADOS

Foram realizados no Laboratório do Agrupamento de Estruturas DEC do IPT, os


seguintes ensaios:
p) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1, Pn2, Pn3), com dimensões nominais
de 1,20 m x 2,60 m.
q) compressão simples de 3 painéis de parede (Pn1A, Pn2A, Pn3A), com dimensões
nominais de 1,20 m x 2,42 m.
r) compressão simples de 1 painel de parede (Pn4) com dimensão nominal de 2,40 m x
2,65 m.
s) cisalhamento de 3 painéis de parede (Pn5, Pn6, Pn7), com dimensões nominais de 1,20
m x 1,20 m.

298
t) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.

Coube ao Laboratório de Concreto do Agrupamento de Materiais de Construção Civil os


seguintes ensaios:

v) compressão de 6 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm) com os furos posicionados


na vertical.
w) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
x) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 14 cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
y) compressão de 3 meios-blocos cerâmicos (14 cm x 4cm x 19 cm) com os furos
posicionados na horizontal
z) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de assentamento com traço
de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).
aa) compressão de 6 corpos-de-prova cilíndricos de argamassa de fixação com traço de 1:
3 : 12 (cimento: cal: areia, em volume).
bb) compressão de 4 prismas ocos, compostos por 2 blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39
cm) superpostos com furos posicionados na vertical, assentados com argamassa de
traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume).

Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.

299
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm

3.3 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.3.1 COMPRESSÃO SIMPLES DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn1, Pn2, Pn3, Pn4, Pn1A, Pn2A, Pn3A)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.

a) Construção

Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.

300
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.

301
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação

302
LEGENDA:

D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação

303
LEGENDA:

- D1 a D5 = Defletômetros

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação

304
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.

Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede

Dimensão (cm) Desaprumo (mm)

Painel Largura Altura Espessura


Aresta Aresta
esq. dir.
Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn1 120,0 119,8 266,0 266,0 14,2 14,2 2,0 0,0

Pn2 120,4 120,0 265,2 265,0 14,0 14,0 0,0 0,0

Pn3 120,2 119,8 265,0 265,5 14,0 14,0 2,0 0,0

Pn4 239,0 240,0 265,0 265,0 14,2 14,2 5,0 2,0

Pn1A 120,0 - 243,0 243,0 14,2 - - -

Pn2A 120,4 - 242,2 242,0 14,0 - - -

Pn3A 120,2 - 242,0 242,0 14,0 - - -


Nota: Sinal positivo de desaprumo indica inclinação da aresta vertical para frente, no sentido da
entrada do Laboratório de Ensaios. Sinal negativo indica inclinação da aresta para trás.
(-) medidas não tomadas para os Painéis Pn1A, Pn2A, Pn3A.

b) Instrumentação

Os deslocamentos verticais dos painéis foram determinados por meio de defletômetros,


com sensibilidade de 0,01 mm, situados nas laterais e região central dos painéis. Para
determinação dos deslocamentos horizontais, instalou-se um defletômetro com sensibilidade
de 0,1 mm no meio do terço superior da parede. Essa situação está indicada nas Figuras 3, 4
e 8 e descrita resumidamente na Tabela 3.

Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes

305
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal

Pn1, Pn2, Pn3 D1, D2 D4, D5 D3

Pn1A - D4, D5 -

Pn2A, Pn3A D1, D2 D4, D5 -

Pn4 D1, D2 D4, D5, D6, D7 D3

c) Carregamento e ensaios

Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga uniformemente


distribuída, utilizando-se 5 macacos hidráulicos igualmente espaçados, conforme mostrado nas
Figuras 3, 4 e 8.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 9,0 kN nos
painéis Pn1, Pn2 e Pn3; de 25 kN no painel Pn4 e de 27 kN nos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Foram realizados dois carregamentos preliminares com cargas máximas de 27 kN e 54
kN nos painéis Pn1, Pn2 e Pn3 e de 75 kN e 150 kN no painel Pn4. Nos painéis Pn1A, Pn2A e
Pn3A não foram realizados carregamentos preliminares, pois já haviam sido ensaiados
anteriormente.
Atingido certo nível de carga, os instrumentos de medição foram retirados, sendo então
o carregamento aumentado até atingir a ruptura.

3.3.2 CISALHAMENTO DE PAINÉIS DE PAREDE


(Pn5, Pn6, Pn7)

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 14.321/99 da ABNT


(“Paredes de alvenaria estrutural. Determinação de resistência ao cisalhamento. Método de
ensaio”), referente ao método de preparo e ensaio de paredes estruturais submetidas ao
cisalhamento.

306
a) Construção

Os painéis, com juntas amarradas e dimensões nominais de 1,20 m x 1,20 m, foram


construídos com blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na
vertical, assentados com argamassa no traço 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e
espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada apenas nas duas paredes longitudinais
externas dos blocos.
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), com a
finalidade de garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.
Os meio-blocos situados nos vértices a serem carregados foram reforçados através de
enchimento com argamassa, para evitar danos localizados durante os ensaios.
Posteriormente, os painéis foram posicionados no pórtico de reação, com a diagonal a
ser comprimida na vertical, de acordo com a Figura 6.

307
LEGENDA:

V1, V2, H1, H2 = Bases de alongamento.

OBS: medidas em centímetros

FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação

308
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.

Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede

Dimensão (cm)

Painel Largura Altura Espessura

Inf. Sup. Esq. Dir. Inf. Sup.

Pn5 120,2 120,4 120,1 120,0 14,0 14,0

Pn6 120,0 120,0 120,5 120,4 14,0 14,0

Pn7 120,5 120,3 120,0 120,0 14,0 14,0

b) Instrumentação

Os alongamentos horizontais e encurtamentos verticais dos painéis foram determinados


por meio de quatro bases de alongamento de 500 mm, instaladas deforma centrada nas duas
faces do painel, segundo as direções de suas diagonais. A sensibilidade do alongâmetro é de
0,001 mm, e o posicionamento das bases para sua instalação também pode ser visualizado
nas Figuras 6 e 9.

c) Carregamento e ensaios

309
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.

3.3.3 ADERÊNCIA ARGAMASSA – BLOCO

Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.

a) Construção

Foram construídos corpos-de-prova superpondo-se 5 blocos cerâmicos (14cm x 19 cm x


39 cm, com furos posicionados na vertical), assentados com argamassa com traço de 1: 2: 9
(cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de 1 cm. A argamassa foi aplicada
apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
Essas pilhas foram construídas entre duas guias (pontaletes de madeira), de forma a
garantir sua verticalidade, sendo também utilizados fio de prumo e nível de bolha.

b) Carregamento e ensaios

Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.

310
OBS: medidas em centímetros

FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio

c) Tensão de ruptura na ligação bloco – argamassa

A tensão máxima de tração na ligação bloco – argamassa é calculada pela expressão


fornecida pela norma ASTM E518-00 a,

σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W

onde,

311
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)

3.3.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE BLOCOS, ARGAMASSA E PRISMAS

Os métodos de preparo e de ensaio de corpos-de-prova foram realizados de acordo


com as seguintes normas:

a) Blocos: NBR-7184/92 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação


da resistência à compressão.
Foram ensaiados 6 blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura,
190 mm de altura e 390 mm de comprimento, com os furos posicionados na vertical.
Foram ensaiados também 3 meio-blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 190 mm de altura e 190 mm de comprimento, com os furos posicionados na
horizontal (utilizados como “encunhamento” nos ensaios de painéis), além de 3 meio-blocos
cerâmicos, com dimensões nominais de 140 mm de largura, 140 mm de altura e 190 mm de
comprimento, com furos posicionados na horizontal (utilizados como fiada de fixação nos
ensaios das paredes – Cap. 5)
Ensaiaram-se ainda 3 corpos-de-prova de blocos cerâmicos seccionados, com
dimensões nominais de 140 mm de largura, 40 mm de altura e 190 mm de comprimento, com
furos posicionados na horizontal, utilizados como outro tipo de fiada de fixação nos ensaios de
paredes descritos no Capítulo 5.

b) Argamassa: NBR-7215/96 – Cimento Portland – Determinação da resistência à


compressão.
Para este ensaio, foram utilizados 6 corpos-de-prova cilíndricos para cada tipo de
argamassa (traços 1: 2: 9 e 1: 3: 12, ambos em volume) com dimensões nominais de 50 mm
de diâmetro por 100 mm de altura.

c) Prismas: NBR-8215/83 – Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria –


Preparo e ensaio à compressão
312
Os prismas deste ensaio foram construídos com a justaposição de 2 blocos cerâmicos,
utilizando argamassa com o mesmo traço ensaiado no item b e aplicado apenas nos dois
septos longitudinais externos desses blocos, com cerca de 1 cm de espessura.
Foram ensaiados 4 prismas ocos de blocos cerâmicos, com dimensões nominais de 140
mm de largura, 390 mm de comprimento e 390 mm de altura.

3.4 RESULTADO DOS ENSAIOS

Os resultados obtidos nos ensaios estão apresentados no Anexo A na seguinte ordem:

• Ensaios de compressão simples de painéis de parede


• Ensaios de cisalhamento de painéis de parede
• Ensaios de aderência argamassa – bloco
• Ensaios de resistência à compressão de blocos, argamassa e prismas.

Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede

Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados

Dimensões Carga de ruptura Tensão de ruptura (MPa)


Painel
(m)
(kN) (kN/m) Na área bruta Na área líquida
Pn1 1,20 x 2,66 126,0 105,0 0,8 2,1

Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7

Pn3 1,20 x 2,65 162,0 135,0 1,0 2,8

Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9

Pn1A 1,20 x 2,43 306,0 255,0 1,8 5,2

Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2

Pn3A 1,20 x 2,42 339,0 282,5 2,0 5,8

- Média - Média - Média - Média


Nota: Em todos os painéis não ocorreram fissuras prévias.
Painéis Pn1 a Pn4: última fiada de meios blocos com furos na horizontal.
Painéis Pn1A a Pn3A: sem a última fiada dos painéis Pn1 a Pn3.

313
B
A
A

FIGURA 8 
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.

b) Ensaios de cisalhamento de painéis de parede

Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal

P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal

314
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.

c) Ensaios de aderência argamassa – bloco

Tabela 7 - Média e valores individuais


obtidos para tensão de ruptura
argamassa – bloco.

Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo

315
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama

FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.

Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9

Ar13 3,0

Ar14 3,4
Ar16 4,0

Ar17 4,4

Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9

316
Ar02 2,3

Ar03 2,2

Ar04 2,1

Ar05 1,8

Ar06 2,0

Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)

Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos

Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7

PR09 395,0 140,0 390,0 2,0 5,7

PR10 395,0 140,0 390,0 2,4 6,9


Média 2,6 7,4

Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7

BL03 190,0 140,0 391,0 11,5

BL04 190,0 140,0 391,0 11,4

317
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5

BL06 190,0 140,0 391,0 12,7

Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta

Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8

BL09 190,0 140,0 193,0 3,0

Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4

BL03 140,0 141,5 190,0 3,1

Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7

318
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4

BL06 42,0 139,0 188,0 3,4

Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta

4 QUADROS PARA ENSAIOS DE VERIFICAÇÃO DA

319
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA

O presente capítulo apresenta o projeto para execução de pórticos retangulares


metálicos e mistos (concreto armado/metálico) em verdadeira grandeza, denominados quadros
nesta dissertação, para ensaios de deformabilidade de alvenaria de vedação.
A escolha dessa abordagem - análise experimental considerando modelos em
verdadeira grandeza - leva em conta, como afirma Franco, 1998, que as alterações propostas
nos materiais e técnicas construtivas para as vedações verticais, quase nunca são
acompanhadas por pesquisas de desenvolvimento tecnológico, o que acarreta, por melhor que
sejam as qualidades desses novos produtos, problemas patológicos que os comprometem por
serem utilizados de forma inadequada.
Por outro lado, como constatado na revisão bibliográfica (capítulo 2), os ensaios
desenvolvidos para avaliação da capacidade das paredes de vedação de absorver as
deformações transmitidas pela estrutura têm sido realizados através de paredinhas, painéis ou
utilizando-se pórticos em escalas reduzidas, cujos resultados nem sempre são diretamente, ou
facilmente, correlacionáveis aos casos reais.
Considere-se, além disso, como sugere Massetto, 2001, que o estudo do
comportamento conjunto de pórticos estruturais preenchidos com alvenaria, é um dos
caminhos efetivos para o desenvolvimento tecnológico a ser trilhado, no que se refere a
estudos de deformabilidade da alvenaria de vedação, apesar das dificuldades maiores
envolvidas na construção de protótipos em verdadeira grandeza.
Por esses motivos, buscou-se projetar pórticos em escala real que simulassem as
movimentações que ocorrem em alvenarias de vedação de prédios com estruturas reticuladas,
em ensaios controlados e monitorados, decorrentes de carregamentos e deformações ao longo
do tempo.

4.1 PROJETO PILOTO − ESTUDO PRELIMINAR

320
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.

4.1.1 MONTAGEM DO QUADRO METÁLICO

A montagem do quadro metálico iniciou-se pela inserção dos pilares laterais,


compostos por perfis H (262 x 147 x 6,6 x 11,2) mm, entre a laje de cobertura e o piso em
concreto armado. O travamento desses pilares na estrutura de concreto deu-se através de
fixação com chumbadores ao longo de seu comprimento e pelo “encunhamento”, em suas
bases, através de chapas metálicas com dimensões de (200 x 200 x 10) mm. O afastamento
entre os pilares, permitiu uma largura útil para a execução da parede de 4,0 m.
O quadro foi completado com a colocação de vigas metálicas horizontais na parte
superior e inferior, simulando, respectivamente, as estruturas deformáveis de fixação e suporte
da alvenaria. Essas vigas, em perfil metálico do tipo H (160 x 152 x 6 x 9) mm, foram ligadas
aos pilares metálicos através de apoios articulados.
A mesa superior da viga metálica de respaldo ficou afastada 90 mm da laje de
cobertura, permitindo assim, a instalação do sistema de aplicação de carga. Da mesma forma,
a mesa inferior da viga de suporte ficou afastada do piso de concreto em 50 mm, espaço
suficiente para acomodar a deformação imposta ao quadro. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 11.

321
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico

4.1.2 CONSTRUÇÃO DA PAREDE

Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.

322
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.

4.1.3 CARREGAMENTO E ENSAIOS

Utilizando-se a laje como estrutura de reação e aplicando-se carga centralizada no


quadro, através de um macaco hidráulico, impôs deslocamentos verticais da seguinte forma:
apenas na viga superior; apenas na viga inferior; nas duas vigas simultaneamente, conforme
sugerido por Thomaz, 1990 (Figura 1).
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, até a ruptura / esmagamento da
alvenaria, fazendo-se o monitoramento de deslocamentos verticais e horizontais no plano do
quadro e perpendicularmente a este.
Pôde-se observar que os perfis adotados não possuíam a necessária rigidez para esse
tipo de ensaio, pois ao se deformarem apresentavam além da esperada flexão, uma torção
indesejada.

Dessa forma, o painel de alvenaria sofria deslocamentos no sentido perpendicular ao


seu plano, com tendência a soltar-se dos elementos do quadro.
Realizou-se, então, uma tentativa para minimizar esses efeitos, travando-se os dois
perfis laterais à metade de sua altura, reduzindo a esbeltez desses pilares. Ainda assim, as
flexões e torções persistiram, prejudicando as ideais condições de contorno pretendidas.
Com esse projeto piloto pode-se constatar:

• a necessidade de aumento significativo da rigidez dos elementos do quadro metálico


para simularem as condições de deformações planas, como ocorre de forma
predominante em estruturas reticuladas de concreto armado, além da necessidade de
fixação dos montantes verticais em elementos estruturais rígidos de concreto armado
existentes no laboratório, para evitar distorções em níveis indesejáveis .

• a necessidade, já esperada, do emprego de elementos de fixação da alvenaria com os


pilares.
323
• com a imposição de deslocamentos verticais apenas na viga superior (ou inferior), a
viga inferior (ou superior) também sofre deslocamentos verticais com magnitude
semelhante à imposta.
Assim, para que não haja deslocamentos verticais em uma das vigas é necessário
bloqueá-la.
Com o bloqueamento da viga superior e imposição de deslocamentos na viga inferior,
deverá ocorrer descolamento entre a alvenaria e a viga superior, fenômeno que está
fora do escopo do presente trabalho. Desta forma, optou-se por analisar apenas dois
casos, nos quais impõe-se deslocamentos verticais apenas na viga superior. Em um
caso, mantém-se a viga inferior imóvel (bloqueada) e em outro, deixa-se a viga inferior
livre para movimentação, ou seja, sem bloqueio.

4.5 PROJETO DOS QUADROS METÁLICOS

Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:

− Quadro 1: para imposição de deformações apenas na viga superior mantendo-se o restante


do quadro imóvel. Nesse caso, pretende-se simular painéis de alvenaria instalados sobre
vigas de transição de rigidez muito superior à da viga de respaldo ou no térreo, em piso
rígido, sendo as deformações impostas correspondentes às deformações da laje/viga
superior do prédio.
− Quadro 2: para imposição de deformações na viga superior, deixando a viga inferior livre
para movimentação, e mantendo-se os montantes verticais imóveis. Nesse caso, pretende-
se simular, deformações de painéis de alvenaria instalados em andares superiores, sendo
as deformações impostas correspondentes às deformações das lajes/ vigas superior e
inferior do prédio.

Nos dois casos, os montantes verticais/pilares foram mantidos imóveis, na tentativa de


minimizar as deformações indesejáveis na direção perpendicular ao quadro e maior controle
quanto a repetibilidade do campo de deslocamentos impostos aos quadros.

4.2.1 QUADRO 1

324
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.

Para tornar-se possível a aplicação de deslocamentos verticais na borda superior,


instalou-se 25,0 cm abaixo da laje de reação uma viga metálica composta por dois perfis do
tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados, possuindo em suas extremidades apoios
articulados.
Assim, o Quadro 1 permite a análise das ligações alvenaria / concreto nas bordas
verticais e ao impor deslocamento vertical na borda superior com a borda inferior indeslocável,
verificar o comportamento da parede submetida à deformações diferenciadas dos elementos
estruturais de suporte e de fixação.
Deve-se ressaltar que, para a execução desse experimento, foi
necessária a abertura de uma porta externa nesse local, pois a execução
da parede a ser ensaiada ocupando todo o vão existente, impedia o
acesso a sua parte posterior. Todos esses detalhes podem ser
visualizados na Figura 13.

4.2.2 QUADRO 2

O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.

325
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.

OBS: medidas em metros

FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
326
OBS: medidas em metros

FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal

327
OBS: medidas em metros

FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)

328
OBS: medidas em metros

FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal

5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL

329
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.

(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.

Segundo Téchne, 2004, há alguns anos a espessura do revestimento, cerca de 4 cm


ou mais, absorvia parte da carga transferida e, com a redução de sua espessura, esse fato não
pode mais ser considerado. Portanto, adotou-se paredes de vedação sem revestimento,
inclusive para poder relacioná-las com os ensaios de caracterização de seus componentes.
No presente capítulo descrevem-se os ensaios realizados segundo as concepções
descritas no item 4.2, as condições de contorno / fixações junto à viga superior do quadro

330
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.

5.1 INFRA - ESTRUTURA

Todos os experimentos que foram realizados, utilizaram-se das instalações do


Laboratório de Ensaios do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT.

Nesta fase, utilizaram-se os quadros dos tipos 1 e 2, descritos no capítulo 4, para a


realização dos ensaios.

O dispositivo de acionamento hidráulico utilizado para a aplicação de carga, situado no


centro da viga metálica superior dos pórticos, possui capacidade para carregamentos de até
200 kN.

Os quadros em questão foram ensaiados em vazio (sem preenchimento de alvenaria)


e preenchidos com alvenaria utilizando-se quatro tipos de fixação superior.
As paredes, de forma similar aos painéis e prismas dos ensaios de caracterização
(Capítulo 3), foram construídas por pedreiro com boa experiência prática na construção de
paredes de alvenaria de blocos cerâmicos.

5.2 COMPONENTES UTILIZADOS

Para a execução das paredes de vedação foram utilizados blocos cerâmicos de 14 cm


(largura) x 19 cm (altura) x 39 cm (comprimento) associados a meio-blocos de 14 cm (largura) x
19 cm (altura) x 19 cm (comprimento) e para as fixações, blocos de 14 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 19 cm (comprimento) e de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento), do
mesmo lote descrito na caracterização dos elementos de alvenaria de vedação (Capítulo 3).
Como elemento de ligação lateral, alvenaria / pilar, foram utilizadas telas soldadas nas
dimensões de 120 mm x 500 mm, malha # 16,5 mm (transversal) x 17,5 mm (longitudinal) e fios
de 1,65 mm de diâmetro.

331
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)

A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.

5.3 ENSAIOS EM VAZIO DOS QUADROS

Em função dos problemas encontrados no ensaio preliminar realizado, conforme


relatado no item 4.1, os Quadros 1 e 2 foram ensaiados em vazio com o objetivo de analisar
seus comportamentos e principalmente para verificar ⎯com o novo projeto de quadro, com
elementos metálicos mais rígidos e montantes laterais imóveis⎯ o nível de redução das
movimentações transversais ao plano do quadro. Dessa forma, foram medidos os
deslocamentos verticais e rotações da viga superior (Quadros 1 e 2) e deslocamentos
verticais da viga inferior (Quadro 2).
Assim, para o Quadro 2, foram realizados ensaios com três tipos diferenciados de
deformações, conforme objetivo inicial do experimento já descrito no projeto piloto, e o Quadro
1 ensaiado somente para a deformação possível (viga superior).

5.4 ALVENARIA DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS

Em todos os ensaios realizados, o preenchimento do Quadro 1 com dimensões


nominais de 4,97 m x 2,40 m (largura x altura) e Quadro 2 com dimensões nominais de 4,60 m
x 2,60 m (largura x altura), foi feito seguindo a mesma metodologia.
As paredes foram construídas com blocos (14 cm x 19 cm x 39 cm) e meio-blocos (14
cm x 19 cm x 19 cm) cerâmicos, com os furos posicionados na vertical, assentados em juntas
amarradas com argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume) e espessura
de cerca de 1,0 cm. A argamassa foi aplicada em cordões com desempenadeira estreita (10

332
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.

5.8 DEFORMAÇÕES IMPOSTAS AOS QUADROS

Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.

5.6 INSTRUMENTAÇÃO EMPREGADA E TRATAMENTO DE DADOS

Para o monitoramento dos quadros foram empregados os seguintes instrumentos:

333
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.

FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)

334
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas

FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro

335
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro

FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria

5.7 ENSAIOS REALIZADOS

5.7.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

No Quadro 1 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

336
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetros): D1 a D11


− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1

FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio

e) Ensaios de 1 a 9

337
i) Características dos tipos de fixação ensaiados

De acordo com a Tabela 15 a seguir.

Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)

Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm

E2 BS APC j = 20 mm

E3 MB APC j = 20 mm

E4 BIC EPC j = 15 mm

E5 BIC APC j = 20 mm

E6 BS APC j = 20 mm

E7 BIC EPC j = 20 mm

E8 MB APT j = 20 mm

E9 BIC APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

O bloco inteiro - BI (14x19x39), assentado com os furos na vertical, está apresentado na


Figura 2 (Cap. 3). O meio-bloco – MB (14X14X19), assentado com os furos na horizontal na
fixação superior, pode ser visualizado na Figura 22.
338
FIGURA 22
Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 14 cm x 19 cm

A Figura 23 apresenta o bloco seccionado – BS (14X4X19), também conhecido como


“bloco compensador”, utilizado nos ensaios como fixação superior assentado em 3 fiadas com
os furos na horizontal.

FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 24)


339
− deslocamentos verticais da viga superior: D1 e D2, posicionados na seção transversal do
meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal: C1, junto a apoio da viga superior;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.

5.7.1.1 ENSAIO 1 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM


FUROS NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento total da junta bloco / viga) – MB / APT
A utilização de meio-blocos assentados com furos na horizontal, nos projetos
modulados, segundo Thomaz, 2001, facilita sobremaneira a execução da fixação, devendo
empregar-se argamassa fraca em cimento. Como esse tipo de “encunhamento”, inserido em

340

OBS: medidas em metros


manuais de fabricantes de blocos cerâmicos, tem sido largamente empregado, adotou-se
como primeiro tipo de fixação a ser ensaiado.

Fixação superior da alvenaria:


A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), sobre a qual preencheu-se totalmente, na espessura de
cerca de 2,0 cm , a interface bloco-viga metálica com argamassa no traço 1 : 3 : 12 (cimento :
cal : areia, em volume), conforme Figura 25.

FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)

5.7.1.2 ENSAIO 2 - ALVENARIA FIXADA COM TRÊS FIADAS DE BLOCOS CERÂMICOS


SECCIONÁVEIS DEITADOS E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BS / APC

Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).

Fixação superior da alvenaria:


No ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última fiada (meio-
blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal), permanecendo

341
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.

preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc

blocos seccionáveis cerâmicos


4 cmc
14 cm (larg
(larg)) x 4 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)

342
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC

Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.

Fixação superior da alvenaria:


Novamente, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura dos blocos do
“encunhamento” (três fiadas de blocos seccionáveis cerâmicos de 14 cm x 4 cm x 19 cm
com furos na horizontal), permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras,
deformações ou esmagamentos visíveis. Portanto, como no procedimento anterior, retirou-se
com o máximo cuidado o conjunto de fiadas de respaldo de modo a não afetar o restante da
parede que pode ser aproveitada uma vez mais.
A última fiada foi executada com meio-blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 19 cm
(comprimento), assentados com os furos na horizontal com argamassa no traço 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume), e a argamassa de fixação na interface bloco-viga metálica
com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume) aplicada em cordões, apenas nas
paredes longitudinais externas dos blocos, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 27).

343
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

meio –blocos cerâmicos


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 19 cm (compr)

FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)

5.7.1.4 ENSAIO 4 - ALVENARIA FIXADA COM ESPUMA DE POLIURETANO


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / EPC

A utilização de materiais flexíveis e versáteis como a espuma de poliuretano, além de


atuar como elemento de fechamento, minimiza a resistência à movimentação da alvenaria.
Segundo Franco (Téchne, 2004), a “massa podre” ao ser comprimida pode estourar o
revestimento, o que não ocorre com a espuma de poliuretano, porém sua utilização fica
condicionada à possibilidade de criar juntas de movimentação – inclusive no revestimento – na
posição da fixação.
Nos ensaios anteriores, a estratégia foi introduzir na fiada do respaldo blocos (com os
furos na horizontal) e argamassa (podre) mais flexíveis e menos resistentes que os elementos
correspondentes utilizados no restante da alvenaria, de modo que a ruptura ocorresse nessa
fiada, a qual sendo o elo mais fraco, funcionaria como uma espécie de fusível à ruptura.
A alvenaria toda, com a exclusão da fiada do respaldo, com blocos com furos na
vertical, com maior rigidez e confinada lateral e inferiormente, sofre deslocamentos bem
menores que essa fiada superior composta por blocos com furos na horizontal, de modo a
instalar nessa fiada um estado predominantemente de compressão, que acaba por esmagar
seus blocos.

344
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.

Fixação superior da alvenaria:


Uma vez mais, no ensaio anterior, verificou-se apenas a ocorrência de ruptura da última
fiada (meio-blocos de 14 cm x 14 cm x 19 cm, posicionados com furos na horizontal),
permanecendo preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos
visíveis. Retirou-se novamente com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não
afetar o restante da parede.

Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas blocos de 14 cm (largura) x 14,5


cm (altura) x 39 cm (comprimento) com furos na vertical, assentados com argamassa 1 : 2 : 9
(cimento : cal : areia, em volume); junta entre a alvenaria e viga superior, com espessura de
cerca de 1,5 cm preenchida com espuma de poliuretano em cordões, ao longo de todo o
comprimento (Figura 28).
A espessura de 1,5 cm para a junta de fixação foi adotada em função da capacidade de
deformação elástica da viga metálica, evitando a ocorrência de deformações permanentes
nessa viga.

345
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*

14,5 cm
14

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

* capacidade de deformação elástica


da viga metálica

FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)

5.7.1.5 ENSAIO 5 - ALVENARIA FIXADA COM ARGAMASSA “PODRE”


(preenchimento em cordões da junta bloco / viga) - BIC / APC

O objetivo de ensaio segue a justificativa do ensaio 4, substituindo-se a fixação através


de espuma de poliuretano da alvenaria por cordões de argamassa “podre”, mantendo-se a
uniformidade de rigidez da parede de blocos assentados com furos na
vertical. Com a realização desse experimento, será possível comparar os dois materiais de
fixação pela magnitude das deformações da viga superior e as implicações na alvenaria.

Fixação superior da alvenaria:


Assentamento de blocos de 14 cm (largura) x 14 cm (altura) x 39 cm (comprimento)
com furos na vertical com argamassa 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume); argamassa de
fixação na viga horizontal com traço de 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume), aplicada
em cordões, apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos, na junta entre a
alvenaria e viga superior, com espessura de cerca de 2,0 cm (Figura 29).

346
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)

preenchimento em
cordões

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg) x 14 cm (alt) x 39 cm (compr)

FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)

5.7.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

No Quadro 2 foram realizados os seguintes ensaios:

a) Ensaio em vazio (sem preenchimento de alvenaria)

i) Carregamento

Para o ensaio em vazio no Quadro 2, sem preenchimento com alvenaria, a forma


adotada para aplicação do carregamento ora na viga superior, ora na inferior e em ambas ao
mesmo tempo, foi a instalação de duas barras rosqueáveis, localizadas nas laterais das vigas
no centro do vão, com diâmetro de 2” interligando a viga de suporte com a de respaldo.
Esse esquema permitiu que o macaco hidráulico, utilizando a viga de reação superior,
aplicasse ao mesmo tempo a carga às duas vigas metálicas.

Carregamento 1 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga superior, sem o uso das barras de interligação das duas
vigas.

Carregamento 2 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga


somente no meio do vão da viga inferior, sem o uso das barras de interligação das duas vigas.

347
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.

ii) Instrumentação (conforme Figuras 30, 31 e 32)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1.

OBS: medidas em metros

FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1

348
b)
Ens
aios
de 1
a9

i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s

2 βαρρασ δε α⎜ο χιλ⎨νδριχασD


φ = 50μμ e
acor
do
com
a
Tab
ela
OBS: medidas em metros 16 a
segu
ir.
FIGURA 32
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 3
Tab
ela 16
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 2 (deslocamento – vigas superior e inferior)

349
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm

E2-SB MB APT j = 20 mm

E3-CB BIC EPC j = 15 mm

E4-SB BIC APC j = 20 mm

E5-SB BS APC j = 20 mm

E6-SB BIC EPC j = 20 mm

E7-SB MB APT j = 20 mm

E8-SB BIC APC j = 20 mm

E9-SB BS APC j = 20 mm

Blocos de fixação superior:


BI – bloco inteiro (14x19x39) – furos na vertical
BIC - bloco inteiro cortado com redução de altura para 14,5 cm (14x14,5x39) – furos na vertical
MB - meio-bloco (14x14x19) – furos na horizontal
BS - blocos seccionados - 3 fiadas (14x4x19) – furos na horizontal
Preenchimento da junta entre bloco de fixação superior e viga:
APT – argamassa “podre” com preenchimento total
APC – argamassa “podre” com preenchimento em cordões
EPC – espuma de poliuretano com preenchimento em cordões

CB - com barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2


SB - sem barra de ligação entre as duas vigas horizontais do Quadro 2
ii) Carregamento

Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga


superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.

iii) Instrumentação (conforme Figura 33)

− deslocamentos verticais da viga superior (defletômetro): D1 e D2, posicionados na seção


transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
350
− deslocamentos verticais da viga inferior (defletômetro): D3 e D4, posicionados na seção
transversal correspondente ao meio do vão da viga, nas extremidades das abas laterais;
− rotações em planos longitudinal e transversal, junto a apoio da viga superior (clinômetro):
base C1;
− deslocamentos relativos em bases de 500 mm (alongâmetros): bases A1 a A23, na
alvenaria.

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

FIGURA 33

Nota: (Ax) indica base instalada na face oposta.

OBS: medidas em metros

FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.

351
viga de reação

argamassa “podre” em cordões

barra de ligação

FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)

meio-bloco (14 x 14 x 19)


furos na horizontal

argamassa “podre” com


preenchimento total

FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)

352
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)

blocos cerâmicos cortados


14 cm (larg
(larg)) x 14,5 cm (alt
(alt)) x 19 cm (compr
(compr))

FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)

20 mm

14,5 cm

argamassa “podre” em cordões


bloco cerâmico cortado
14 x 14,5 x 39

FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)

353
4 cm

4 cm blocos seccionados (14 x 4 x 39)


furos na horizontal
4 cm

argamassa “podre” em cordões

FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)

5.11 RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.

Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).

Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
Fixação
Ensaio  superior Carga (kN) (flecha)
(mm)

354
– – –
Vazio 

E1, E8 129,55 0,69


MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 0,68

E2, E6 BS/APC 148,66 1,17

E5, E9 BIC/APC 121,21 0,66

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84

Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios

Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm

Vazio – – – – –

E2,  MB/APT- SB 139,93 2,17 1,74 1,96


E7 
E1 MB/APC- CB 105,00 1,17 1,27 1,22

1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23

E4, E8 BIC/APC- SB 167,97 2,47 1,65 2,06

BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25

355
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.

Os ensaios de caracterização dos elementos de alvenaria de vedação no


Capítulo 3, demonstraram o que se segue:

• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.

• a média da resistência à compressão dos painéis de parede Pn1A a Pn3A (sem a


última fiada de meio-blocos com furos na horizontal) representou 15% da
resistência à compressão do bloco cerâmico, muito abaixo da faixa, entre 25% e
50%, encontrada na literatura por Thomaz,1986, resultado esse obtido devido à
elevada resistência à compressão do bloco cerâmico de vedação empregado nos
ensaios.

• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
356
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).

A seguir, apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios realizados para os


Quadros 1 e 2, descritos no Capítulo 5.

Deve-se notar inicialmente que foram verificadas dispersões consideráveis nos


resultados dos ensaios de fixações semelhantes, para os Quadros 1 e 2 (Tabelas 1.10 do
Anexo B e 2.10 do Anexo C), as quais de forma geral podem ser atribuídas a:

• desaprumos e desalinhamentos existentes nos painéis de alvenaria;


• variação das dimensões (espessura e altura) dos cordões de argamassa de
assentamento dos blocos e principalmente da argamassa podre (na junta contígua à
viga superior), bem como das características mecânicas (quanto à resistência e
deformabilidade) e do grau de compactação destas argamassas;
• excentricidade no carregamento vertical dos quadros que, acrescidos das
irregularidades acima citadas, induziram solicitações como flexão e torção no painel
de alvenaria.

As variações construtivas, em maior ou menor escala, são inerentes a obras em


alvenaria. Também, as solicitações espúrias nos painéis de alvenaria submetidos a ensaios,
como flexão e torção, sempre coexistem com as solicitações principais, compressão axial no
caso. No presente trabalho, como a alvenaria e os ensaios foram feitos em laboratório de forma
cuidadosa e controlada, esses fatores foram minimizados, mas não puderam ser eliminados.
Assim, o ideal seria aumentar o número de ensaios para cada caso de fixação considerado,
visando ampliar a confiabilidade da representação estatística dos resultados, o que não foi

357
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.

xix) Deslocamento vertical no centro da viga (flecha).

Critério: quanto maior a flecha atingida, associada ao aparecimento do dano crítico,


melhor será o desempenho da fixação; neste caso, o objetivo é absorver deslocamentos
decorrentes, por exemplo, de carregamento, de deformação lenta de vigas ou lajes, ou
de variação de temperatura. Este critério (“básico”) é o mais adequado para a análise
pretendida, já que neste trabalho procuram-se sistemas de fixação superior com
melhores características de deformabilidade. Os critérios a seguir apresentados, exceto
(ii) que é equivalente a (i), serão usados apenas como referência e complementação
(“critérios de referência”).

xx) Razão “flecha / vão” da viga.

Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.

358
xxi) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.

Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.

xxii) Flexibilidade (razão “flecha / carga”).

Critério: quanto maior a flexibilidade, referida ao aparecimento do dano crítico, melhor


será o desempenho da fixação.

Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.

xxiii) Produto “carga x flecha”.

Critério: quanto maior o produto “carga x flecha”, associado ao aparecimento do dano


crítico, melhor será o desempenho da fixação. Deve ser observado que este produto
está relacionado à energia envolvida no processo de deformação do sistema estrutural.

Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.

xxiv) Carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de fixação.

Critério: quanto maior a carga de ruptura da argamassa e/ou de blocos da fiada de


fixação, melhor será considerado o desempenho da fixação.

Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:

• flecha/ vão = 1/500, ou flecha de 10 mm


359
• rotação = 0,0017 rd = 350 s

Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.

Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.

6.1 ENSAIOS NO QUADRO 1

6.1.1 ENSAIO NO QUADRO 1, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 1, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.1.a e na Figura 21. Os resultados detalhados obtidos
no ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

m) No ensaio em vazio do Quadro 1, o deslocamento máximo atingido no centro da viga


superior foi de 10,19 mm (D11), o que representa cerca de 1/490 do vão (vão de 4,97 m). A
rotação longitudinal no apoio da viga, correspondente a essa flecha, foi de 1146 segundos
− Tabela 1 / Anexo B.

n) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.

o) Os deslocamentos D4, D10 e D11, posicionados na seção transversal correspondente ao


meio do vão, com D4 em seu eixo central e D10 e D11 em extremidades opostas das abas
laterais da viga, apresentaram valores muito próximos entre si − Gráfico 1 / Anexo B.
Também, a relação entre as rotações transversais e longitudinais foi muito pequena, cerca
de um décimo, indicando que foi desprezível a flexão lateral ocorrida na viga − Gráfico 2 /
Anexo B.

p) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o

360
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.

6.1.2 ENSAIOS NO QUADRO 1, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 1, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.1.b e na Figura 24. A descrição das fixações está relatada nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo B.

v) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 1 tem caráter


predominantemente de compressão vertical, tendo em vista as condições de contorno do
quadro, ou seja, a base inferior e as colunas verticais laterais são praticamente imóveis,
com movimentações desprezíveis durante os ensaios. Foram impostos apenas
deslocamentos verticais na viga superior, cujas extremidades são articuladas, através da
aplicação de carga concentrada.

w) Os danos verificados em todos os ensaios ocorreram apenas na região de fixação da


alvenaria, da seguinte forma:

• Para as fixações BS/APC, MB/APT e MB/APC:

b10) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).

b11) Esmagamento da argamassa “podre” de fixação, na região central, com início na


interface com a viga superior. Esse esmagamento prosseguiu até a ruptura da
argamassa (esmagamento total), seguido da (ou simultaneamente à) ruptura de
alguns blocos de fixação (Figura 40).

361
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)

FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)

• Para as fixações BIC/APC e BIC/EPC:

b12) Pequenos danos localizados (lascamentos) em cantos de alguns blocos de fixação,


sem atingir ruptura da argamassa ou desses blocos (Figura 41).

362
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.

x) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.

363
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

y) Análise dos resultados do Quadro 1, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 19,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Deve-se notar, nesta tabela, que os
desempenhos das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando respectivamente
avaliações em ordem decrescente.
Tabela 19
Quadro 1 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
Ocorrência do dano crítico (1) ruptura da
Fixação argamassa
Ensaio Deslocamento Carga x
superior Carga Flexibilidade Rotação ou de bloco
(flecha) Dm/vão (2) -3 flecha de fixação
(kN) (10 mm/kN) (s)
Dm (mm) (kN.mm) (kN)

– – – – 297,62 – – –
Vazio 

E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT 
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]

E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]

E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)

E4, E7 BIC/EPC 99,46 10,84 1/458 108,99 1078,15 1213 (3)

364
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.

d7) Critérios básicos

• Flecha (i): BS/APC (1,17mm), MB/APT (0,69mm), MB/APC (0,68mm), BIC/APC


(0,66mm).
• Razão “flecha / vão” (ii): BS/APC (1/4248), MB/APT (1/7203), MB/APC (1/7309),
BIC/APC (1/7530).

Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.

d8) Critérios de referência

• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).

365
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, também BS/APC apresentou


o melhor desempenho, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.
• Não há uma diferenciação clara quanto ao desempenho do restante das fixações
sob o ponto de vista da aplicação dos critérios de referência, o que de maneira geral
está também de acordo com a tendência verificada na aplicação dos critérios
básicos.

z) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 19

• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.

aa) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/7530 (correspondente à flecha de 0,66mm, BIC/APC) a 1/4248

366
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma NBR 6118/03 descritos no início do presente
capítulo.
Já os valores referentes aos ensaios com juntas preenchidas com espuma de poliuretano, o
valor da rotação, na situação do dano crítico, foi superior ao da norma, porém o valor de
flecha foi próximo do admissível pela norma
Apesar de haver a possibilidade de se considerar como “dano crítico” danos de maior
monta que o considerado (início do esmagamento da argamassa de fixação), como já foi
mencionado no item c , conclui-se que os valores admissíveis da norma NBR 6118/03
estão longe se serem adequados para proteção da alvenaria com fixações de argamassa.
De outra forma, verificou-se que apenas fixações com junta contígua à viga superior
preenchida com materiais bem deformáveis, como espuma de poliuretano, atenderiam aos
requisitos da norma. Parece claro não existirem argamassas de cimento/cal/areia com
essas propriedades.

bb) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 1

• Um resumo dos deslocamentos D1 e D2, relativos ao dano crítico, está apresentado na


Tabela 20, com base nas Tabelas 1.1 a 1.9 do Anexo B.

Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2

Ocorrência do dano crítico (flecha em mm)


Ensaio Fixação superior
D1 D2 D1/D2

E1 MB/APT 1,02 0,62 1,65

E2 BS/APC 0,73 1,59 0,46

367
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29

E4 BIC/EPC 11,72 12,56 0,93

E5 BIC/APC 0,63 0,70 0,90

E6 BS/APC 0,69 0,91 0,76

E7 BIC/EPC 11,35 11,36 1,00

E8 MB/APT 0,51 0,61 0,84

E9 BIC/APC 0,34 0,96 0,35

Os deslocamentos verticais D1 e D2, dos pontos situados no meio do vão da viga


superior e em faces opostas da parede, foram sensivelmente diferentes entre si, exceto
para os casos BIC/EPC, conforme mostra as relações D1/D2 na tabela acima, indicando
ocorrência de flexão lateral da viga, causada possivelmente por fatores como assimetria
na geometria do sistema quadro − parede e no sistema de aplicação de carga.
Este fato não invalida a análise pretendida, pois assimetrias no comportamento de
paredes de edificações certamente ocorrem na prática, até com maior intensidade; além
disso, é praticamente impossível de evitá-las nos ensaios.

• Os resultados para os tipos de fixação MB/APT e MB/APC, que se diferenciam apenas


no preenchimento da junta contígua à viga superior com argamassa “podre”, não
apresentam diferenças significativas, embora deva-se notar que foi realizado apenas um
ensaio para o caso MB/APC − Tabela 19

6.2 ENSAIOS NO QUADRO 2

6.2.1 ENSAIOS NO QUADRO 2, EM VAZIO

A descrição do carregamento e instrumentação do Quadro 2, relativos ao ensaio em


vazio, estão apresentadas no item 5.7.2.a e nas Figuras 30, 31 e 32. Os resultados obtidos no
ensaio, incluindo os carregamentos aplicados, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

m) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
368
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

n) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.

o) Os pares de deslocamentos (D1, D2) e (D3, D4), posicionados na seção transversal do


meio de vão, em extremidades opostas das abas laterais da viga, apresentaram valores
idênticos entre si, indicando que foi desprezível a flexão ocorrida na viga − Gráficos 1 /
Anexo C.

p) Desta forma, com a imposição de campo variável de deslocamentos verticais no ensaio em


vazio, conclui-se que foi adequado o comportamento das vigas superior e inferior do
Quadro 2, que pode ser considerado elástico linear.

6.2.2 ENSAIOS NO QUADRO 2, COM PREENCHIMENTO DE ALVENARIA

A alvenaria de preenchimento encontra-se apresentada no item 5.4, e os


carregamentos e instrumentações do Quadro 2, relativos aos ensaios E1 a E9, estão descritos
no item 5.7.2.b e na Figura 33. A descrição das fixações estão relatadas nos itens de 5.7.1.1. a
5.7.1.5. Os resultados detalhados obtidos, incluindo o carregamento aplicado, considerando os
diferentes tipos de fixação superior, estão nas tabelas e gráficos do Anexo C.

v) A solicitação dos painéis de alvenaria inseridos no Quadro 2 tem caráter


predominantemente de flexão no plano da parede, tendo em vista as condições de contorno
do quadro, ou seja, as colunas verticais laterais são praticamente imóveis, com
movimentações desprezíveis durante os ensaios.
Na situação “com ligação entre as vigas superior e inferior”, foram impostos
simultaneamente deslocamentos verticais de magnitudes semelhantes nas duas vigas,

369
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.

w) Os danos verificados na alvenaria do Quadro 2 durante os ensaios realizados, com


indicações de seu desenvolvimento em função do carregamento aplicado, estão mostrados
nos Desenhos de 1 a 9 do Anexo D. Podem ser resumidos, na ordem de ocorrência, da
seguinte forma:

b13) Descolamento, com formação de fissura, na interface entre a argamassa e viga


superior, na região de suas extremidades, e entre a argamassa e os montantes
laterais. Em geral, essas fissuras surgiram com abertura em torno de 0,1 mm, ou
menor, progrediram em comprimento durante os ensaios, mas tiveram suas aberturas
pouco aumentadas.

b14) Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento da alvenaria, desenvolvendo-se


de modo geral do ponto de aplicação da carga na direção dos apoios da viga inferior
(Figura 42). Também, essas fissuras que surgiram com abertura em torno de 0,1 mm,
ou menor, progrediram em comprimento com o acréscimo do carregamento, mas
somente tiveram aumento sensível de abertura no final dos ensaios, pouco antes da
ocorrência dos eventos b3 e/ou b4.

370
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)

b15) Em alguns casos, esmagamento da argamassa de fixação, junto à viga superior, na


região central (Figura 43).

371
argamassa “podre”em cordões

FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)

b16) Em alguns casos, fissuras na argamassa de assentamento entre a primeira e a


segunda fiadas de blocos, na região central (Figura 44), e descolamento na interface
entre a argamassa e a viga inferior, na região de suas extremidades e também na
região central.

372
barra de ligação

fissura entre 1a e 2a fiadas

FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)

Observações:

• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.

x) Em todos os ensaios realizados no Quadro 2 foi considerado dano crítico o correspondente


ao início da fissuração inclinada na alvenaria.

373
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.

y) Análise dos resultados do Quadro 2, para as fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC e


BIC/APC.
A avaliação de desempenho das fixações ensaiadas, feita com base na Tabela 21,
tomando-se como referência o aparecimento do dano crítico e em termos dos critérios
descritos anteriormente, estão apresentados a seguir. Note-se, nesta tabela, que os níveis
de desempenho das fixações estão numerados [1], [2],..., indicando ordem decrescente de
avaliação.

Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios

Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio  superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)

Vazio – – – – – – – 255,10 – –

139,93 2,17 1,74 1,96 1/2115


E2, E7 MB/APT- SB 214 [2] 15,51 [1] 303,65 [2] 225,35 [2]
[2] [2] [1] [2] [2]

374
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)

BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)

D12 = (D1+D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm = (D1+D2+D3+D4)/4.


j = junta preenchida com espuma de poliuretano (EPC), em cordão.
(1) Vão = 4,60m.
(2) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.

As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo


os vários critérios descritos.

d7) Critérios básicos

• Flecha da viga superior (i): BIC/APC−SB (2,47mm), MB/APT−SB (2,17mm),


BS/APC−SB (1,28mm), MB/APC−CB (1,17mm).
• Razão “flecha da viga superior / vão” (ii): BIC/APC−SB (1/1858), MB/APT−SB
(1/2115), BS/APC−SB (1/3585), MB/APC−CB (1/3923).

Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:

− os casos BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentam deslocamentos da viga


superior D12 (2,47mm e 2,17mm, respectivamente) semelhantes entre si; da
mesma forma são semelhantes entre si os deslocamentos referentes à viga
inferior D34 (1,65mm e 1,74mm, respectivamente);
− os casos BS/APC−SB e MB/APC−CB também apresentam deslocamentos da
viga superior D12 (1,28mm e 1,17mm, respectivamente) e inferior D34 (1,19mm
e 1,27mm, respectivamente) semelhantes entre si.

375
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.

Análise:

• Os tipos de fixação BIC/APC−SB e MB/APT−SB apresentaram desempenhos


semelhantes entre si e melhores, de forma nítida, que os tipos BS/APC−SB e
MB/APC−CB, com desempenhos também semelhantes entre si.
• As fixações de melhor desempenho (BIC/APC e MB/APT) possuem características
de maior rigidez do que as outras duas fixações (BS/APC e MB/APC). Assim,
quanto ao bloco, BIC é mais rígido que MB ou BS; quanto à argamassa, APT,
devido ao preenchimento total da junta, é mais rígido que APC.
• Os fenômenos principais envolvidos no comportamento estrutural da alvenaria
podem ser resumidos como:
− Maior deformabilidade do sistema de fixação superior permite maior
movimentação livre da viga, transferindo portanto menos energia ao painel de
alvenaria.
− A estrutura quadro – parede é submetida à flexão, o que levará ao
desenvolvimento de tensões de tração na alvenaria.
− Maior deformabilidade da fixação superior implica em concentração maior do
carregamento na região central do topo da alvenaria, devido à “deformada do
tipo parabólica da viga”, aumentando os efeitos da flexão. Ao contrário, maior
rigidez da fixação distribui mais o carregamento aplicado, reduzindo
relativamente os efeitos da flexão.

Estes fenômenos relacionados à deformabilidade das fixações, atuando de forma


oposta quanto a produzir tensões de tração na alvenaria, poderiam justificar de,
modo geral, os resultados encontrados, ou seja, maior deformabilidade da fixação
superior da alvenaria no Quadro 2 não resulta necessariamente em maior proteção
à alvenaria quanto à formação de fissuras inclinadas.

• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.

d8) Critérios de referência

376
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).

Análise:

• Para todos os critérios de referência, acima descritos, com exceção do referente à


carga de ruptura, os melhores desempenhos também foram atribuídos a BIC/APC e
MB/APT, confirmando a tendência verificada na aplicação dos critérios básicos.

z) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.

• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.

aa) Comparação de deslocamentos admissíveis previstos na norma NBR 6118/03.

• Considerando fixações com argamassa, na situação de dano crítico, a relação flecha /


vão variou em média de 1/3923 (correspondente à flecha de 1,17 mm, MB/APC) a
377
1/1858 (correspondente à flecha de 2,47 mm, BIC/APC) e as rotações de 138s (BS/APC)
a 255s (BIC/APC), conforme a Tabela 21.
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão foram de 1/430 (correspondente à flecha de
10,68mm) e 1/269 (correspondente à flecha de 17,06mm); a rotação média foi de 1301s
e 2024s, conforme a Tabela 21, para os caso com juntas de 15mm e 20mm,
respectivamente.

Portanto, verifica-se que, para as fixações com juntas argamassadas, as relações


flecha/vão e as rotações obtidas nos ensaios, na situação de dano crítico, foram muito
inferiores aos valores limites da norma.
Já os valores referentes aos ensaios com fixações preenchidas com espuma de
poliuretano, o valor da rotação, na situação de dano crítico, foi superior ao da norma, porém
o valor de flecha foi próximo do admissível pela norma.
Portanto, para o Quadro 2 também são válidas as mesmas considerações feitas para o
Quadro1, no item 6.1.2.

bb) Observações adicionais aos resultados obtidos para o Quadro 2

• As mesmas observações quanto às diferenças entre os deslocamentos D1 e D2,


medidos na viga superior feitas para o Quadro 1 (item 6.1.2.), são válidas para o Quadro
2, para os deslocamentos medidos em suas duas vigas.
• No ensaio 3 (BIC/EPC, J=15 mm, CB), foram impostos campos de deslocamento
aproximadamente iguais nas duas vigas, superior e inferior, através da barra de ligação,
como se pode notar na Figura 45.
No Ensaio 6 (BIC/EPC, J=20 mm, SB), o campo de deslocamento foi imposto apenas na
viga superior, notando-se que, em função da existência da junta preenchida com espuma
de poliuretano na interface com a viga, foi transmitida para a viga inferior uma fração
(em torno de 8,5 %) dos deslocamentos impostos na viga superior, conforme Figura 46.

M (D3,D4)
M (D1,D2) 378
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)

8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)

FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)

Deve-se observar que, apesar de a espuma de poliuretano, quando solta, ter


consistência que pode ser classificada de “bastante deformável” (do tipo “ïsopor”),
quando confinada na junta apresenta rigidez considerável, conforme pode-se observar
nos Gráficos 2.3.A, 2.6.A, 2.11 e 2.15 do Anexo C, ou seja, praticamente a partir do
início do carregamento (ou da imposição de deslocamentos) a espuma de poliuretano
apresenta resistência à deformação, segundo comportamento “carga x deslocamento”
bastante próximo do linear. Assim, esta junta não pode ser tratada como mera fresta
livre, mas preenchida por material de considerável rigidez.

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10. NAKAGUMA, R. K. Ensaios estruturais em laboratório. Notas de aula da


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11. OLIVEIRA JR, V.; PINHEIRO, L.M. Método prático para distribuição das
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COUNTRIES, 5. 1994, Florianópolis, SC. Anais...Florianópolis: ANTAC,
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São Paulo, 1985. 32p. Monografia - INSTITUTO DE PESQUISAS
TECNOLÓGICAS (Monografias 11).

ANEXO A

386
                  ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES 

Tabela 1
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 14 17 16 0 2 2 2
18,0 15,0 34 46 40 0 8 4 6
27,0 22,5 50 69 60 0 13 5 9
0 0 8 1 5 20 0 0 0
27,0 22,5 52 68 60 6 12 7 10
36,0 30,0 63 77 70 6 14 8 11
45,0 37,5 75 93 84 6 18 10 14
54,0 45,0 85 107 96 6 21 12 17
0 0 24 17 21 12 1 1 1
9,0 7,5 50 44 47 10 6 2 4
18,0 15,0 61 62 62 10 10 5 8
27,0 22,5 67 77 72 10 13 7 10
36,0 30,0 77 92 85 10 16 10 13
45,0 37,5 83 102 93 10 20 12 16
54,0 45,0 91 112 102 10 22 14 18
63,0 52,5 97 119 108 10 24 15 20
72,0 60,0 103 126 115 10 26 17 22
81,0 67,5 112 136 124 9 29 18 24
126,0 105,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

387
Tabela 2
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 56 45 51 -2 7 7 7
18,0 15,0 86 62 74 -1 12 8 10
27,0 22,5 103 80 92 0 18 10 14
0 0 23 19 21 -1 0 6 3
27,0 22,5 105 80 93 -3 19 10 15
36,0 30,0 127 91 109 -2 24 11 18
45,0 37,5 145 102 124 -2 30 12 21
54,0 45,0 161 113 137 -2 35 13 24
0 0 36 27 32 0 1 7 4
9,0 7,5 89 78 84 -3 13 9 11
18,0 15,0 108 87 98 -2 18 9 14
27,0 22,5 129 99 114 -2 24 10 17
36,0 30,0 144 104 124 -1 30 12 21
45,0 37,5 151 110 131 -1 32 13 23
54,0 45,0 162 118 140 -1 36 14 25
63,0 52,5 176 128 152 -1 41 15 28
72,0 60,0 186 136 161 * 45 16 31
81,0 67,5 198 143 171 * 50 17 34
180,0 150,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

388
Tabela 3
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 21 23 22 1 5 9 7
18,0 15,0 26 30 28 0 8 15 12
27,0 22,5 37 53 45 -1 13 19 16
0 0 11 6 9 2 0 10 5
27,0 22,5 40 57 49 0 15 19 17
36,0 30,0 45 67 56 0 18 20 19
45,0 37,5 51 85 68 -1 23 22 23
54,0 45,0 56 97 77 -1 26 25 26
0 0 15 24 20 1 3 11 7
9,0 7,5 35 63 49 0 11 16 14
18,0 15,0 38 69 54 0 14 17 16
27,0 22,5 44 77 61 0 16 19 18
36,0 30,0 50 88 69 -1 22 22 22
45,0 37,5 54 95 75 -1 25 24 25
54,0 45,0 58 104 81 -1 28 27 28
63,0 52,5 63 113 88 -2 31 29 30
72,0 60,0 69 123 96 -2 34 32 33
81,0 67,5 73 132 103 -2 36 33 35
162,0 135,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

389
Tabela 4
Ensaio de compressão simples
Painel Pn4
Data do ensaio: 10/10/03 – Temperatura 22,5 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 D6 D7 (D4 a D7)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25,0 10,4 22 8 15 1 0 0 4 4 2
50,0 20,8 49 19 34 1 3 3 10 9 6
75,0 31,2 69 30 50 1 6 6 14 13 10
0 0 4 0 2 1 0 0 0 1 0
75,0 31,2 69 36 53 1 4 5 14 15 10
100,0 41,6 89 50 70 1 7 8 19 19 13
125,0 52,1 107 67 87 1 9 11 23 23 17
150,0 62,5 127 85 106 1 13 15 27 27 21
0 0 9 15 12 0 1 1 0 6 2
25,0 10,4 48 40 44 0 2 4 9 10 6
50,0 20,8 68 51 60 1 4 6 14 15 10
75,0 31,2 84 60 72 1 6 9 17 19 13
100,0 41,6 101 70 86 1 8 11 21 23 16
125,0 52,1 115 80 98 1 11 14 25 26 19
150,0 62,5 129 90 110 1 14 16 28 29 22
225,0 93,9 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição

390
Tabela 5
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1A
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 * * * * 0 0 0
27,0 22,5 * * * * 9 16 13
54,0 45,5 * * * * 17 27 22
81,0 67,5 * * * * 24 35 30
108,0 90,0 * * * * 31 43 37
135,0 112,5 * * * * 39 53 46
162,0 135,0 * * * * 50 67 59
189,0 157,5 * * * * 56 73 65
306,0 255,0 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

391
Tabela 6
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2A
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 49 53 51 * 26 4 15
54,0 45,5 75 83 79 * 41 8 25
81,0 67,5 96 105 101 * 54 11 33
108,0 90,0 119 125 122 * 67 16 42
135,0 112,5 141 142 142 * 79 20 50
162,0 135,0 162 159 161 * 90 26 58
189,0 157,5 184 176 180 * 103 31 67
263,0 219,2 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

392
Tabela 7
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3A
Data do ensaio: 15/10/03 – Temperatura 18,5 °C

Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 242 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 30 53 42 * 7 7 7
54,0 45,5 60 100 80 * 14 17 16
81,0 67,5 79 130 105 * 20 27 24
108,0 90,0 102 158 130 * 26 36 31
135,0 112,5 122 178 150 * 33 45 39
339,0 282,5 Ruptura (sem fissuração prévia)

Unidade: (0,01 mm)


h = Base de medição
* Sem medição

393
Tabela 8
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn2A, Pn3A

Painel Dimensão h APn,l tg α E Eméd.


-2
(m) (m) (cm²) (kN/10 mm) (MPa) (MPa)
Pn1 1,20x2,66 2,66 588 0,956 4327
Pn2 1,20x2,65 2,65 588 0,848 3820 4697
Pn3 1,20x2,65 2,65 588 1,319 5945

Pn4 2,40x2,65 2,65 1176 1,920 4325 4325

Pn2A 1,20x2,42 2,42 588 1,053 4335


3905
Pn3A 1,20x2,42 2,42 588 0,844 3475

E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel

Tabela 9
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn1A a Pn3A

Painel Dimensão h APn,l tg α E Eméd.


-2
(m) (m) (cm²) (kN/10 mm) (MPa) (MPa)
Pn1 1,20x2,66 1,50 588 3,697 9431
Pn2 1,20x2,65 1,50 588 3,217 8206 8610
Pn3 1,20x2,65 1,50 588 3,211 8192

Pn4 2,40x2,65 1,50 1176 8,076 10301 10301

Pn1A 1,20x2,43 1,50 588 3,064 7815

Pn2A 1,20x2,42 1,50 588 3,149 8033 8169

Pn3A 1,20x2,42 1,50 588 3,395 8660

E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel

394
ENSAIOS DE CISALHAMENTO

Tabela 1

Painel Pn5
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 18,5 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
10 22 7 17 6 20 7
20 43 15 39 14 41 15
30 64 26 59 23 62 25
40 87 35 81 31 84 33
50 113 49 107 42 110 46
60 139 59 140 52 140 56
Pr = 68,2 kN (ruptura sem fissuração prévia)
τr = 0,82 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l =588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
10 20 7 52 0,12
20 41 15 111 0,24
30 62 25 172 0,36
40 84 33 234 0,48
50 110 46 311 0,60
60 140 56 390 0,72
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l

395
Tabela 2
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn6
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
10 18 5 17 4 18 5
20 37 10 36 8 37 9
30 62 17 54 11 58 14
40 83 25 71 18 77 22
Pr = 48,2 kN (ruptura sem fissuração prévia)
τr = 0,58 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l = 588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
10 18 5 44 0,12
20 37 9 91 0,24
30 58 14 144 0,36
40 77 22 197 0,48
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l

396
Tabela 3
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn7
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C

Encurtamento ΔV, Alongamento ΔH (10-3mm)


Carga Face 1 Face 2 Média Faces (1, 2)
(kN) ΔV1 ΔH1 ΔV2 ΔH2 ΔV ΔH
0 0 0 0 0 0 0
5 14 -1 8 1 11 0
10 25 3 18 3 22 3
15 32 8 28 6 30 7
20 46 14 39 10 43 12
25 56 18 50 14 53 16
30 66 23 63 15 65 19
35 75 29 74 18 75 24
40 85 37 83 22 84 30
45 86 62 69 18 78 40

Pr = 45,0 kN (ruptura sem fissuração prévia)


τr = 0,54 MPa (tensão de cisalhamento de ruptura na área líquida, τr = 0,707.Pr/APn,l)
APn,l = 588 cm², área líquida

Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
5 11 0 22 0,06
10 22 3 49 0,12
15 30 7 74 0,18
20 43 12 109 0,24
25 53 16 138 0,30
30 65 19 167 0,36
35 75 24 196 0,42
40 84 30 227 0,48
45 78 40 235 0,54
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l

397
398
Tabela 4
Módulo de elasticidade tranversal G
Painéis Pn5, Pn6, Pn7

Painel G (MPa) τr (MPa)

Pn1 2567 0,82

Pn2 2501 0,58

Pn7 2518 0,54

Média 2529 0,64

τr = tensão de cisalhamento de ruptura


G = módulo de elasticidade transversal

399
ENSAIOS DE ADERÊNCIA -
ARGAMASSA/BLOCO
Tabela 1

Ensaio de aderência argamassa-bloco

Peso próprio Carga de ruptura Tensão de ruptura


Corpo-de-Prova
Ps (daN) Pr (daN) σr (MPa)
CP1 40,4 * *
CP2 40,6 85 0,25
CP3 42,0 44 0,17
CP4 41,5 53 0,18
CP5 41,4 63 0,21
CP6 42,0 27 0,13
Média 0,19

(*) Ruptura durante a montagem do corpo-de-prova

400
ENSAIOS DE COMPRESSÃO - BLOCOS / PRISMAS /
ARGAMASSA

Tabela 1
Resistência à compressão – NBR 7215/96
Argamassa

C.P. Data do ensaio Carga de ruptura Seção média do Resistência à


o (N) Corpo-de-Prova compressão
n
(mm2) (MPa)
Ar10 10/10/03 9600 2000 4,8
Ar11 10/10/03 13700 2000 6,9
Ar13 13/10/03 5900 2000 3,0
Ar14 13/10/03 6700 2000 3,4
Ar16 17/10/03 8000 2000 4,0
Ar17 17/10/03 8800 2000 4,4

Tabela 2
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos

C.P. Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
n Altura Largura Comprimento bruta
(kN) compressão
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
PR 07 391 140 390 177 54600 3,2
PR 08 396 140 390 147 54600 2,7
Data do ensaio: 10/10/03

Tabela 3
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos

C.P. Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência

401
máxima à
no Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(kN)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
PR 09 395 140 390 110 54600 2,0
PR 10 395 140 390 131 54600 2,4
Data do ensaio: 13/10/03

Tabela 4
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos

Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
C.P. n Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(N)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
BL 01 190 140 391 673000 54740 12,3
BL 02 190 140 391 641000 54740 11,7
BL 03 190 140 391 628000 54740 11,5
BL 04 190 140 391 622000 54740 11,4
BL 05 190 140 391 630000 54740 11,5
BL 06 190 140 391 696000 54740 12,7
Data dos ensaios: 17/10/03

Tabela 5
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos

Dimensões médias (mm) Carga Área Resistência


o máxima à
C.P. n Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(N)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)

BL 07 190 140 193 67000 27020 2,5


BL 08 190 140 193 75000 27020 2,8
BL 09 190 140 193 80000 27020 3,0
Data dos ensaios: 17/10/03

402
ANEXO C

403
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 1
Imposição de deslocamento na viga superior
Vigas superior e inferior não interligadas

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Viga superior Viga inferior Viga superior
(kN)
D1 D2 D3 D4 CL
0 0 0 0 0 0
38,12 9,90 9,54 0,01 0,00 1176
0 0,01 0,01 0,00 0,00 -2
38,12 9,90 9,54 0,01 0,00 1177
0 0,03 0,02 0,01 0,00 0
38,12 9,93 9,57 0,00 0,00 1179
0 0,03 0,02 0,00 0,00 0
7,62 2,02 1,65 0,00 0,00 213
15,25 4,12 3,66 0,00 0,00 465
22,87 6,03 5,59 0,00 0,00 709
30,50 8,08 7,68 0,00 0,00 951
38,12 9,90 9,55 0,00 0,00 1177
0 0,02 0,02 0,00 0,00 0

404
Gráfico 1
Quadro 2 - Ensaio em vazio 1
Deslocamentos verticais da viga

D1 D2
80

70

60

50
Carga ( kN )

40

30

20

10

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00

Deslocamento (mm)

Gráfico 2
Quadro 2 - Ensaio em vazio 1
Rotações da viga

CL
80

70

60

50
Carga ( kN )

40

30

20

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

Rotação (segundo)

405
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 2
Imposição de deslocamento na viga inferior
Vigas superior e inferior não interligadas

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Viga superior Viga inferior Viga superior
(kN)
D1 D2 D3 D4 CL
0 0 0 0 0 0
44,85 0,01 0,00 10,49 9,94 55
0 0,00 0,00 0,01 -0,04 2
44,85 0,00 0,00 10,47 9,94 58
0 0,00 0,00 -0,01 -0,01 3
44,85 0,00 0,00 10,46 9,93 61
0 0,00 0,00 -0,02 0,00 3
8,97 0,00 0,00 1,93 1,68 48
17,94 0,00 0,00 4,15 3,70 50
26,91 0,00 0,00 6,31 5,80 54
35,88 0,00 0,00 8,38 7,86 56
44,85 0,00 0,00 10,43 9,87 60
0,00 0,00 0,00 -0,03 0,02 2

406
Gráfico 1
Quadro 2 - Ensaio em vazio 2
Deslocamentos verticais da viga

Gráfico 2
Quadro 2 - Ensaio em vazio 2
Rotações da viga

407
CL
80

70

60

50
Carga ( kN )

40

30

20

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Rotação (segundo)

408
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 3
Imposição de deslocamento nas vigas superior e inferior
Vigas superior e inferior interligadas através de barras metálicas

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Viga superior Viga inferior Viga superior
(kN)
D1 D2 D3 D4 CL
0 0 0 0 0 0
71,76 9,95 9,65 9,27 8,79 893
0 0,52 0,23 0,37 0,26 25
71,76 10,14 9,79 9,40 8,86 1126
0 0,54 0,24 0,39 0,27 28
71,76 10,16 9,79 9,42 8,85 1157
0 0,56 0,26 0,41 0,27 28
14,35 2,53 2,10 2,24 1,89 243
28,70 4,54 4,03 4,10 3,63 473
43,06 6,47 6,01 5,90 5,41 707
57,41 8,29 7,87 7,65 7,10 928
71,76 10,15 9,77 9,42 8,81 1158
0 0,56 0,26 0,42 0,27 28

409
Gráfico 1

Quadro 2 - Ensaio em vazio 3


Deslocamentos verticais da viga

Gráfico 2

Quadro 2 - Ensaio em vazio 3


Rotações da viga

410
Tabela 2.1
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm

0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0

7,50 0,01 -0,01 -0,03 0,02 0,00 -0,01 0,00 0


15,00 0,02 -0,02 0,00 0,04 0,00 0,02 0,01 0
22,50 0,05 0,00 0,06 0,08 0,03 0,07 0,05 5
30,00 0,22 0,13 0,19 0,23 0,18 0,21 0,19 25
37,50 0,42 0,33 0,39 0,43 0,38 0,41 0,39 53
45,00 0,54 0,41 0,49 0,52 0,48 0,51 0,49 65

52,50 0,63 0,46 0,59 0,60 0,55 0,60 0,57 73

60,00 0,74 0,53 0,68 0,69 0,64 0,69 0,66 84


67,50 0,80 0,57 0,74 0,75 0,69 0,75 0,72 98

75,00 0,89 0,61 0,86 0,82 0,75 0,84 0,80 108


82,50 0,97 0,65 0,93 0,89 0,81 0,91 0,86 116
90,00 1,08 0,72 1,02 0,98 0,90 1,00 0,95 133
97,50 1,23 0,82 1,13 1,09 1,03 1,11 1,07 136
105,00 1,40 0,94 1,29 1,25 1,17 1,27 1,22 158 A
112,50 1,52 1,01 1,40 1,35 1,27 1,38 1,32 173
120,00 1,63 1,08 1,50 1,48 1,36 1,49 1,42 185
127,50 1,82 1,20 1,69 1,62 1,51 1,66 1,58 200
135,00 1,94 1,28 1,80 1,74 1,61 1,77 1,69 215
142,50 2,09 1,38 1,96 1,89 1,74 1,93 1,83 229
150,00 2,37 1,53 2,20 2,10 1,95 2,15 2,05 250
157,50 2,62 1,73 2,44 2,32 2,18 2,38 2,28 268
165,00 2,90 2,02 2,70 2,58 2,46 2,64 2,55 293
172,50 3,09 2,16 2,81 2,72 2,63 2,77 2,70 326
180,00 – – – – – – – – B

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


CB - com barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


B - Ruptura da argamassa de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos

411
apresentados no Anexo D.

Tabela 2.2
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
11,20 0,10 0,03 0,01 0,06 0,07 0,04 0,05 0
22,40 0,26 0,16 0,09 0,14 0,21 0,12 0,16 9
33,60 0,63 0,46 0,37 0,39 0,55 0,38 0,46 42
44,80 0,82 0,63 0,52 0,53 0,73 0,53 0,63 63
56,00 1,01 0,76 0,66 0,67 0,89 0,67 0,78 84
67,20 1,16 0,93 0,77 0,77 1,05 0,77 0,91 99

78,40 1,35 1,07 0,89 0,89 1,21 0,89 1,05 111

89,60 1,53 1,18 1,01 1,00 1,36 1,01 1,18 125

100,80 1,75 1,31 1,14 1,13 1,53 1,14 1,33 144


112,00 1,97 1,51 1,27 1,26 1,74 1,27 1,50 161
123,20 2,24 1,67 1,43 1,41 1,96 1,42 1,69 179
134,40 2,54 1,85 1,61 1,56 2,20 1,59 1,89 200 A
145,60 2,84 2,11 1,83 1,80 2,48 1,82 2,15 224
156,80 3,20 2,30 2,09 2,04 2,75 2,07 2,41 254

168,00 3,52 2,52 2,36 2,29 3,02 2,33 2,67 279

179,20 3,89 2,77 2,62 2,53 3,33 2,58 2,95 313


190,40 4,49 3,07 2,87 2,76 3,78 2,82 3,30 356
201,60 4,82 3,29 3,03 2,93 4,06 2,98 3,52 375
268,88 – – – – – – – – B

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.

412
B - Ruptura de blocos de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

Tabela 2.3
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm – CB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
13,63 0,26 0,04 0,03 0,18 0,15 0,11 0,13 25
27,26 1,26 0,65 1,02 1,43 0,96 1,23 1,09 130
40,89 2,18 1,53 1,91 2,52 1,86 2,22 2,04 256
54,52 3,38 2,58 3,00 3,65 2,98 3,33 3,15 369
68,15 4,60 3,70 4,14 4,81 4,15 4,48 4,31 518
81,78 5,89 4,88 5,40 6,12 5,39 5,76 5,57 645

95,41 6,91 5,94 6,37 7,28 6,43 6,83 6,63 780

109,04 7,78 6,63 7,32 8,10 7,21 7,71 7,46 881


122,67 9,16 7,80 8,58 9,40 8,48 8,99 8,74 1009

136,30 9,84 8,30 9,23 10,06 9,07 9,65 9,36 1082

149,93 10,38 8,65 9,77 10,61 9,52 10,19 9,85 1146


163,56 11,01 9,08 10,38 11,19 10,05 10,79 10,42 1220

177,19 11,79 9,57 11,11 11,87 10,68 11,49 11,09 1301 A


190,82 12,25 9,95 11,61 12,33 11,10 11,97 11,54 1353

413
204,45 12,68 10,26 12,01 12,69 11,47 12,35 11,91 1405
218,08 13,43 10,96 12,78 13,41 12,20 13,10 12,65 1490
231,71 14,10 11,54 13,44 14,03 12,82 13,74 13,28 1561
245,34 14,63 12,04 13,99 14,54 13,34 14,27 13,80 1641

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


CB - com barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

Tabela 2.4
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
19,05 0,05 0,02 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 3
38,10 0,11 0,12 0,16 0,07 0,12 0,12 0,12 12
57,14 0,42 0,50 0,48 0,43 0,46 0,46 0,46 49
76,19 0,71 0,81 0,69 0,62 0,76 0,66 0,71 78

95,24 1,11 1,15 0,92 0,78 1,13 0,85 0,99 106


114,25 1,40 1,50 1,11 0,93 1,45 1,02 1,24 148
133,33 1,72 1,86 1,32 1,10 1,79 1,21 1,50 188
152,38 2,06 2,25 1,57 1,34 2,16 1,46 1,81 230
171,43 2,42 2,67 1,83 1,57 2,55 1,70 2,12 273

414
190,48 2,85 3,14 2,12 1,81 3,00 1,97 2,48 317 A
209,52 3,35 3,75 2,47 2,14 3,55 2,31 2,93 377
228,57 3,80 4,39 2,79 2,44 4,10 2,62 3,36 443
247,62 4,28 5,12 3,10 2,70 4,70 2,90 3,80 493

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

Tabela 2.5
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
18,18 0,04 0,03 0,31 0,36 0,04 0,34 0,19 9

36,36 0,28 0,15 0,53 0,54 0,22 0,54 0,38 35


54,54 0,51 0,35 0,75 0,76 0,43 0,76 0,59 59
72,72 0,72 0,53 0,94 0,94 0,63 0,94 0,78 80

415
90,91 0,96 0,72 1,14 1,14 0,84 1,14 0,99 106
109,09 1,25 0,96 1,43 1,38 1,11 1,41 1,26 131 A
127,27 1,56 1,25 1,75 1,68 1,41 1,72 1,56 168
145,45 1,91 1,52 2,09 1,99 1,72 2,04 1,88 197
163,63 2,28 1,85 2,52 2,38 2,07 2,45 2,26 234
181,82 2,86 2,34 2,95 2,96 2,60 2,96 2,78 285
200,00 3,18 2,65 3,52 3,32 2,92 3,42 3,17 319
218,18 4,39 3,83 4,91 4,60 4,11 4,76 4,43 440
236,36 5,19 4,60 5,77 5,38 4,90 5,58 5,24 518
254,54 6,44 5,83 7,09 6,64 6,14 6,87 6,50 647
272,73 7,85 7,20 8,66 8,04 7,53 8,35 7,94 787
281,82 – – – – – – – – B

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


B - Ruptura de blocos de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

Tabela 2.6
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0

416
18,18 1,80 1,98 0,08 0,07 1,89 0,08 0,98 207
36,36 4,76 5,11 0,19 0,16 4,94 0,18 2,56 547
54,54 7,81 8,20 0,33 0,26 8,01 0,30 4,15 900

72,72 10,40 10,74 0,47 0,36 10,57 0,42 5,49 1211


90,91 12,51 12,80 0,59 0,48 12,66 0,54 6,60 1466
109,09 14,20 14,34 0,72 0,61 14,27 0,67 7,47 1655
127,27 15,43 15,43 0,91 0,78 15,43 0,85 8,14 1798
145,45 16,35 16,19 1,15 0,99 16,27 1,07 8,67 1915
163,63 17,25 16,86 1,55 1,35 17,06 1,45 9,25 2024 A
181,82 18,06 17,41 1,93 1,67 17,74 1,80 9,77 2120
200,00 18,80 17,95 2,33 2,02 18,38 2,18 10,28 2195
218,18 19,51 18,54 2,75 2,40 19,03 2,58 10,80 2266
236,36 20,69 19,77 3,89 3,41 20,23 3,65 11,94 2380

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

417
Tabela 2.7
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
18,18 0,10 0,11 0,07 0,06 0,11 0,07 0,09 9
36,36 0,33 0,24 0,23 0,21 0,29 0,22 0,25 24
54,54 0,63 0,45 0,47 0,41 0,54 0,44 0,49 55
72,72 0,86 0,62 0,68 0,61 0,74 0,65 0,69 84
90,91 1,09 0,82 0,91 0,79 0,96 0,85 0,90 110
109,09 1,42 1,10 1,21 1,05 1,26 1,13 1,20 145
127,27 1,82 1,47 1,63 1,38 1,65 1,51 1,58 185
145,45 2,39 1,88 2,03 1,75 2,14 1,89 2,01 229 A
163,63 2,80 2,33 2,40 2,10 2,57 2,25 2,41 274
181,82 – – – – – – – – B

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


B - Ruptura de blocos de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

418
Tabela 2.8
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0
18,18 0,08 0,02 0,07 0,04 0,05 0,06 0,05 6
36,36 0,26 0,20 0,23 0,22 0,23 0,23 0,23 31
54,54 0,50 0,43 0,48 0,43 0,47 0,46 0,46 61
72,72 0,71 0,59 0,64 0,58 0,65 0,61 0,63 83

90,91 0,97 0,78 0,83 0,74 0,88 0,79 0,83 107

109,09 1,34 1,04 1,02 0,91 1,19 0,97 1,08 133

127,27 1,74 1,38 1,20 1,07 1,56 1,14 1,35 160

145,45 2,13 1,75 1,39 1,24 1,94 1,32 1,63 194 A


163,63 2,75 2,29 1,82 1,61 2,52 1,72 2,12 259
181,82 3,15 2,61 2,05 1,82 2,88 1,94 2,41 303
200,00 3,71 3,05 2,38 2,11 3,38 2,25 2,81 374
218,18 4,28 3,52 2,68 2,41 3,90 2,55 3,22 440
236,36 4,94 4,13 3,08 2,81 4,54 2,95 3,74 524

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB - sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

419
Tabela 2.9
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações

Deslocamento vertical (mm) Rotação (s)


Carga
Média Observação
D1 D2 D3 D4 C1
(kN) D12 D34 Dm

0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0


18,18 0,18 0,06 0,07 0,06 0,12 0,07 0,09 16
36,36 0,41 0,22 0,27 0,25 0,32 0,26 0,29 36
54,54 0,67 0,44 0,47 0,43 0,56 0,45 0,50 63
72,72 0,93 0,71 0,64 0,59 0,82 0,62 0,72 85
90,91 1,29 0,81 0,79 0,75 1,05 0,77 0,91 112
109,09 1,88 1,01 1,00 0,96 1,45 0,98 1,21 146 A
127,27 2,47 1,36 1,23 1,16 1,92 1,20 1,56 223
145,45 3,09 1,58 1,46 1,37 2,34 1,42 1,88 300
163,63 3,58 1,93 1,72 1,61 2,76 1,67 2,21 363
181,82 4,05 2,14 2,02 1,89 3,10 1,96 2,53 402
200,00 4,70 2,68 2,48 2,31 3,69 2,40 3,04 463
218,18 5,33 3,18 2,98 2,80 4,26 2,89 3,57
518
236,36 6,10 3,92 3,73 3,48 5,01 3,61 4,31 594
254,54 7,45 5,15 4,39 4,72 6,30 4,56 5,43 683
272,73 8,35 6,05 5,29 5,62 7,20 5,46 6,33 741
290,91 9,35 7,05 6,29 6,62 8,20 6,46 7,33 832
309,09 10,45 8,15 7,39 7,72 9,30 7,56 8,43 958
327,27 – – – – – – – – B

D12 = (D1 + D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm =(D1+D2+D3+D4)/4.


SB – sem barra de ligação entre as vigas.

A - Aparecimento de fissura inclinada na alvenaria.


B - Ruptura da argamassa de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.

420
Tabela 2.10

Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências

Ocorrência do dano crítico Carga de


ruptura da
Fixação Deslocamento médio Carga x flecha
Ensaio Flexibilidade argamassa ou
superior Carga (flecha) (mm) D12/vão Rotação (kN.mm)
D12/carga de bloco de
(kN) (1) (s) fixação (kN)
D12 D34 Dm (10-3 mm/kN)

E1 MB/APC - CB 105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923 11,14 158 122,85 180,00

E2 MB/APT - SB 134,40 2,20 1,59 1,89 1/2086 16,37 200 295,68 268,88

BIC/EPC - CB
E3 177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 60,27 1301 1892,39 (2)
j = 15mm

E4 BIC/APC - SB 190,48 3,00 1,97 2,48 1/1530 15,75 317 571,44 (2)

E5 BS/APC - SB 109,09 1,11 1,41 1,26 1/4135 10,17 131 121,99 281,82

BIC/EPC - SB
E6 163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 104,26 2024 2791,53 (2)
j = 20 mm

E7 MB/APT - SB 145,45 2,14 1,89 2,01 1/2145 14,71 229 311,26 181,82

E8 BIC/APC - SB 145,45 1,94 1,32 1,63 1/2366 13,34 194 282,17 (2)

E9 BS/APC - SB 109,09 1,45 0,98 1,21 1/3165 13,20 146 327,27

D12 = (1+D2)/2; D34 = (D3+D4)/2; Dm = (D1+D2+D3+D4)/4.


j = junta preenchida com espuma de poliuretano (EPC), em cordão.
CB = Com barra de ligação entre as vigas.
SB = Sem barra de ligação entre as vigas.
(1) Vão = 4,59m.
(2) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.

421
Gráfico 2.1.A
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB) - Deslocamento

D1 D2 D3 D4 Média (D1,D2) Média (D3,D4)


180

160

140

120
Carga (kN)

100

80

60

40

20

0
0,00 0,40 0,80 1,20 1,60 2,00 2,40 2,80 3,20
Deslocamento vertical (mm)

Gráfico 2.1.B
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB) - Rotação

422
C1
180

160

140

120
Carga (kN)

100

80

60

40

20

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330
Rotação (s)

Gráfico 2.2.A
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB) - Deslocamento

Gráfico 2.2.B

423
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB) - Rotação

Gráfico 2.3.A
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm - CB) - Deslocamento

424
Gráfico 2.3.B
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm - CB) - Rotação

Gráfico 2.4.A
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC - SB) - Deslocamento

425
Gráfico 2.4.B
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC - SB) - Rotação

Gráfico 2.5.A
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC - SB) - Deslocamento

426
Gráfico 2.5.B
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC - SB) - Rotação

Gráfico 2.6.A
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm - SB) -
Deslocamento

427
Gráfico 2.6.B
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm - SB) - Rotação

Gráfico 2.7.A
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT - SB) - Deslocamento

428
Gráfico 2.7.B
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT - SB) - Rotação

Gráfico 2.8.A
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC - SB) - Deslocamento

429
Gráfico 2.8.B
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC - SB) - Rotação

Gráfico 2.9.A
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC - SB) - Deslocamento

430
Gráfico 2.9.B
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC - SB) - Rotação

Gráfico 2.10
Quadro 2 / Ensaio E1, E2, E7 (MB/APT; MB/APC) - Deslocamento médio
D12

431
Gráfico 2.11
Quadro 2 / Ensaio E3 e E6 (BIC/EPC) - Deslocamento médio D12

Gráfico 2.12
Quadro 2 / Ensaio E3 e E8 (BIC/APC) - Deslocamento médio D12

432
Gráfico 2.13
Quadro 2 / Ensaio E5 e E9 (BS/APC) - Deslocamento médio D12

Gráfico 2.14
Quadro 2 / Ensaio E1, E2, E7 (MB/APT; MB/APC) - Deslocamento médio
D34

433
Gráfico 2.15
Quadro 2 / Ensaio E3 e E6 (BIC/EPC) - Deslocamento médio D34

434
Gráfico 2.16
Quadro 2 / Ensaio E3 e E8 (BIC/APC) - Deslocamento médio D34

Gráfico 2.17
Quadro 2 / Ensaio E5 e E9 (BS/APC) - Deslocamento médio D34

435
Gráfico 2.18
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D12

Gráfico 2.19
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D12

436
Gráfico 2.20
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D34

Gráfico 2.21
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D34

437

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