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São Paulo
2005
Milton Rontani Júnior
São Paulo
Julho de 2005
128
À Regina, Sofia e Julia
129
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.
130
RESUMO
Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.
ABSTRACT
131
Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.
Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.
LISTA DE FIGURAS
132
Figura 1 Fissuras em alvenarias de vedação devido à excessiva 11
deformabilidade de vigas e lajes: diferentes configurações em
função da magnitude das flechas desenvolvidas. A - deformações
idênticas dos componentes estruturais superior e inferior; B -
deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior.
(Fonte: ABCI. Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)
133
do sistema de aplicação de carga.
134
Figura 22 Vista do meio-bloco cerâmico (MB) com dimensões de 14 cm x 71
14 cm x 19 cm
135
Figura 34 Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 85
136
Figura 43 Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / 107
APC -SB)
137
LISTA DE TABELAS
138
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos
Valores médios
139
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios
140
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% Porcentagem
# Malha
A Alongâmetro
Ar Argamassa
BI Bloco inteiro
BL Bloco
BS Bloco seccionado
C Clinômetro
CP Corpo de Prova
D Defletômetro
141
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
F Fissurômetro
L Vão teórico
MB Meio-bloco
Pn Painel de parede
PR Prisma
142
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62
143
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88
7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116
144
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
145
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação
146
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS
147
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.
São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.
Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.
148
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:
A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.
149
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.
Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.
A B
154
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)
Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:
O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1
161
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300
163
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.
164
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
165
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.
Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
166
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.
Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
167
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.
168
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.
3.1 INFRA-ESTRUTURA
169
e) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.
Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.
170
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.
a) Construção
Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.
171
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.
172
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação
173
LEGENDA:
D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação
174
LEGENDA:
- D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação
175
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.
Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede
b) Instrumentação
Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes
176
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal
Pn1A - D4, D5 -
c) Carregamento e ensaios
177
a) Construção
178
LEGENDA:
FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação
179
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.
Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede
Dimensão (cm)
b) Instrumentação
c) Carregamento e ensaios
180
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.
a) Construção
b) Carregamento e ensaios
Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.
181
OBS: medidas em centímetros
FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio
σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W
onde,
182
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)
Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede
Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados
Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7
Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9
Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2
184
B
A
A
FIGURA 8
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.
Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal
P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal
185
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.
Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo
186
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama
FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.
Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9
Ar13 3,0
Ar14 3,4
Ar16 4,0
Ar17 4,4
Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9
187
Ar02 2,3
Ar03 2,2
Ar04 2,1
Ar05 1,8
Ar06 2,0
Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos
Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7
Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7
188
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5
Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta
Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8
Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4
Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7
189
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4
Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
190
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA
191
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.
192
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico
Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.
193
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.
Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:
4.2.1 QUADRO 1
195
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.
4.2.2 QUADRO 2
O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.
196
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.
FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
197
OBS: medidas em metros
FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal
198
OBS: medidas em metros
FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)
199
OBS: medidas em metros
FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
200
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.
(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.
201
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.
202
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)
A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.
203
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.
Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
204
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.
FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)
205
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas
FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro
206
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro
FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria
i) Carregamento
207
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)
FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio
b) Ensaios de 1 a 9
208
i) Características dos tipos de fixação ensaiados
Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)
Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm
E2 BS APC j = 20 mm
E3 MB APC j = 20 mm
E4 BIC EPC j = 15 mm
E5 BIC APC j = 20 mm
E6 BS APC j = 20 mm
E7 BIC EPC j = 20 mm
E8 MB APT j = 20 mm
E9 BIC APC j = 20 mm
FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento
FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.
211
FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)
Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).
212
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc
FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)
213
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC
Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.
214
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)
215
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.
216
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*
14,5 cm
14
FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)
217
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)
i) Carregamento
218
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.
FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1
219
b)
Ens
aios
de 1
a9
i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s
220
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm
E2-SB MB APT j = 20 mm
E5-SB BS APC j = 20 mm
E7-SB MB APT j = 20 mm
E9-SB BS APC j = 20 mm
FIGURA 33
FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.
222
viga de reação
barra de ligação
FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)
FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)
223
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)
FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)
20 mm
14,5 cm
FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)
224
4 cm
FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)
Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.
Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).
Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
Fixação
Ensaio superior Carga (kN) (flecha)
(mm)
225
– – –
Vazio
Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm
Vazio – – – – –
1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25
226
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS
Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.
• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.
• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
227
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).
228
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.
Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.
229
iii) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.
Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.
Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.
Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.
Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:
Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.
Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.
b) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.
d) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o
231
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.
b1) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).
232
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)
FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)
233
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.
c) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.
234
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
– – – – 297,62 – – –
Vazio
E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]
E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]
E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)
235
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.
Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.
• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).
236
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)
Análise:
• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.
237
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19
Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2
238
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29
a) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
239
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
b) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
240
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.
241
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)
242
argamassa “podre”em cordões
FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)
243
barra de ligação
FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)
Observações:
• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.
244
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)
Vazio – – – – – – – 255,10 – –
245
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)
Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:
246
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.
Análise:
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.
247
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).
Análise:
e) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.
• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.
M (D3,D4)
M (D1,D2) 249
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)
8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)
FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)
250
Milton Rontani Júnior
São Paulo
2005
251
Milton Rontani Júnior
São Paulo
Julho de 2005
252
À Regina, Sofia e Julia
AGRADECIMENTOS
253
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.
RESUMO
254
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.
Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.
ABSTRACT
Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and
255
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.
Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.
LISTA DE FIGURAS
256
Esquema de carregamento e instrumentação
257
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)
259
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)
260
LISTA DE TABELAS
261
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos
Valores médios
262
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios
263
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% Porcentagem
# Malha
A Alongâmetro
Ar Argamassa
BI Bloco inteiro
BL Bloco
BS Bloco seccionado
C Clinômetro
CP Corpo de Prova
D Defletômetro
264
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
F Fissurômetro
L Vão teórico
MB Meio-bloco
Pn Painel de parede
PR Prisma
265
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62
266
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88
7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116
267
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
268
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação
269
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS
270
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.
São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.
Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.
271
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:
A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.
272
3 REVISÃO DA LITERATURA
Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.
Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.
A B
277
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)
Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:
O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1
284
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300
286
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.
287
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
288
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.
Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
289
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.
Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
290
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.
291
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.
3.1 INFRA-ESTRUTURA
292
j) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.
Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.
293
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.
a) Construção
Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.
294
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.
295
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação
296
LEGENDA:
D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação
297
LEGENDA:
- D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação
298
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.
Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede
b) Instrumentação
Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes
299
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal
Pn1A - D4, D5 -
c) Carregamento e ensaios
300
a) Construção
301
LEGENDA:
FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação
302
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.
Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede
Dimensão (cm)
b) Instrumentação
c) Carregamento e ensaios
303
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.
a) Construção
b) Carregamento e ensaios
Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.
304
OBS: medidas em centímetros
FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio
σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W
onde,
305
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)
Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede
Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados
Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7
Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9
Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2
307
B
A
A
FIGURA 8
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.
Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal
P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal
308
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.
Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo
309
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama
FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.
Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9
Ar13 3,0
Ar14 3,4
Ar16 4,0
Ar17 4,4
Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9
310
Ar02 2,3
Ar03 2,2
Ar04 2,1
Ar05 1,8
Ar06 2,0
Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos
Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7
Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7
311
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5
Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta
Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8
Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4
Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7
312
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4
Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
313
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA
314
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.
315
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico
Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.
316
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.
Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:
4.2.1 QUADRO 1
318
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.
4.2.2 QUADRO 2
O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.
319
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.
FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
320
OBS: medidas em metros
FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal
321
OBS: medidas em metros
FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)
322
OBS: medidas em metros
FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
323
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.
(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.
324
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.
325
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)
A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.
326
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.
Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
327
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.
FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)
328
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas
FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro
329
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro
FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria
i) Carregamento
330
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)
FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio
c) Ensaios de 1 a 9
331
i) Características dos tipos de fixação ensaiados
Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)
Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm
E2 BS APC j = 20 mm
E3 MB APC j = 20 mm
E4 BIC EPC j = 15 mm
E5 BIC APC j = 20 mm
E6 BS APC j = 20 mm
E7 BIC EPC j = 20 mm
E8 MB APT j = 20 mm
E9 BIC APC j = 20 mm
FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento
FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.
334
FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)
Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).
335
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc
FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)
336
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC
Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.
337
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)
338
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.
339
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*
14,5 cm
14
FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)
340
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)
i) Carregamento
341
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.
FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1
342
b)
Ens
aios
de 1
a9
i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s
343
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm
E2-SB MB APT j = 20 mm
E5-SB BS APC j = 20 mm
E7-SB MB APT j = 20 mm
E9-SB BS APC j = 20 mm
FIGURA 33
FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.
345
viga de reação
barra de ligação
FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)
FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)
346
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)
FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)
20 mm
14,5 cm
FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)
347
4 cm
FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)
Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.
Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).
Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
Fixação
Ensaio superior Carga (kN) (flecha)
(mm)
348
– – –
Vazio
Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm
Vazio – – – – –
1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25
349
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS
Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.
• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.
• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
350
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).
351
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.
Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.
352
ix) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.
Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.
Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.
Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.
Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:
Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.
Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.
f) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.
h) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o
354
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.
b4) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).
355
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)
FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)
356
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.
j) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.
357
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
– – – – 297,62 – – –
Vazio
E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]
E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]
E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)
358
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.
Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.
• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).
359
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)
Análise:
• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.
360
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19
Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2
361
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29
e) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
362
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
f) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
363
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.
364
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)
365
argamassa “podre”em cordões
FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)
366
barra de ligação
FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)
Observações:
• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.
367
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)
Vazio – – – – – – – 255,10 – –
368
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)
Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:
369
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.
Análise:
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.
370
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).
Análise:
l) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.
• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.
M (D3,D4)
M (D1,D2) 372
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)
8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)
FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
373
test methods for flexural bond strength of masonry – ASTM E 518.
West Conshohocken, 2000.
374
(Relatório n0 20.098).
12. COSTA,M.R.M.M.;FRANCO,L.S.;BARROS,M.M.B.;SABBATINI,F.H.
Desenvolvimento de ensaios para avaliação do comportamento da
alvenaria de blocos de concreto celular autoclavados em estruturas
reticuladas. In: INTERNATIONAL SEMINAR ON STRUCTURAL
MASONRY FOR DEVELOPING COUNTRIES, 5.,1994, Florianópolis, SC.
Anais…Florianópolis: UFSC, 1994.p.11-20.
15. Ligação de paredes com vigas e lajes. Téchne, São Paulo, n. 86, mai. 2004,
p.56-57.
375
19. MASSETTO, L.T.; SABBATINI, F.H. Estudo comparativo das resistências
das alvenarias de vedação de blocos utilizados na região de São
Paulo. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE TECNOLOGIA E
GESTÃO NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS, 1998, São Paulo, SP.
Anais...São Paulo: USP/POLI, 1998. p.79-86.
376
19, jan. 2000
377
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
378
Empacotando Edifícios, v. 2. 1998. 1 Compact Disc.
11. OLIVEIRA JR, V.; PINHEIRO, L.M. Método prático para distribuição das
ações verticais em paredes de alvenaria. In: INTERNATIONAL
SEMINAR ON STRUCTURAL MASONRY FOR DEVELOPING
COUNTRIES, 5. 1994, Florianópolis, SC. Anais...Florianópolis: ANTAC,
1994, p.315-22.
14. THOMAZ, E. As causas de fissuras. Parte 1. Téchne, São Paulo, n.36, p.44-
379
49, set/out. 1998.
ANEXO A
380
ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES
Tabela 1
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 14 17 16 0 2 2 2
18,0 15,0 34 46 40 0 8 4 6
27,0 22,5 50 69 60 0 13 5 9
0 0 8 1 5 20 0 0 0
27,0 22,5 52 68 60 6 12 7 10
36,0 30,0 63 77 70 6 14 8 11
45,0 37,5 75 93 84 6 18 10 14
54,0 45,0 85 107 96 6 21 12 17
0 0 24 17 21 12 1 1 1
9,0 7,5 50 44 47 10 6 2 4
18,0 15,0 61 62 62 10 10 5 8
27,0 22,5 67 77 72 10 13 7 10
36,0 30,0 77 92 85 10 16 10 13
45,0 37,5 83 102 93 10 20 12 16
54,0 45,0 91 112 102 10 22 14 18
63,0 52,5 97 119 108 10 24 15 20
72,0 60,0 103 126 115 10 26 17 22
81,0 67,5 112 136 124 9 29 18 24
126,0 105,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
381
Tabela 2
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 56 45 51 -2 7 7 7
18,0 15,0 86 62 74 -1 12 8 10
27,0 22,5 103 80 92 0 18 10 14
0 0 23 19 21 -1 0 6 3
27,0 22,5 105 80 93 -3 19 10 15
36,0 30,0 127 91 109 -2 24 11 18
45,0 37,5 145 102 124 -2 30 12 21
54,0 45,0 161 113 137 -2 35 13 24
0 0 36 27 32 0 1 7 4
9,0 7,5 89 78 84 -3 13 9 11
18,0 15,0 108 87 98 -2 18 9 14
27,0 22,5 129 99 114 -2 24 10 17
36,0 30,0 144 104 124 -1 30 12 21
45,0 37,5 151 110 131 -1 32 13 23
54,0 45,0 162 118 140 -1 36 14 25
63,0 52,5 176 128 152 -1 41 15 28
72,0 60,0 186 136 161 * 45 16 31
81,0 67,5 198 143 171 * 50 17 34
180,0 150,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
382
Tabela 3
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 21 23 22 1 5 9 7
18,0 15,0 26 30 28 0 8 15 12
27,0 22,5 37 53 45 -1 13 19 16
0 0 11 6 9 2 0 10 5
27,0 22,5 40 57 49 0 15 19 17
36,0 30,0 45 67 56 0 18 20 19
45,0 37,5 51 85 68 -1 23 22 23
54,0 45,0 56 97 77 -1 26 25 26
0 0 15 24 20 1 3 11 7
9,0 7,5 35 63 49 0 11 16 14
18,0 15,0 38 69 54 0 14 17 16
27,0 22,5 44 77 61 0 16 19 18
36,0 30,0 50 88 69 -1 22 22 22
45,0 37,5 54 95 75 -1 25 24 25
54,0 45,0 58 104 81 -1 28 27 28
63,0 52,5 63 113 88 -2 31 29 30
72,0 60,0 69 123 96 -2 34 32 33
81,0 67,5 73 132 103 -2 36 33 35
162,0 135,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
383
Tabela 4
Ensaio de compressão simples
Painel Pn4
Data do ensaio: 10/10/03 – Temperatura 22,5 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 D6 D7 (D4 a D7)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25,0 10,4 22 8 15 1 0 0 4 4 2
50,0 20,8 49 19 34 1 3 3 10 9 6
75,0 31,2 69 30 50 1 6 6 14 13 10
0 0 4 0 2 1 0 0 0 1 0
75,0 31,2 69 36 53 1 4 5 14 15 10
100,0 41,6 89 50 70 1 7 8 19 19 13
125,0 52,1 107 67 87 1 9 11 23 23 17
150,0 62,5 127 85 106 1 13 15 27 27 21
0 0 9 15 12 0 1 1 0 6 2
25,0 10,4 48 40 44 0 2 4 9 10 6
50,0 20,8 68 51 60 1 4 6 14 15 10
75,0 31,2 84 60 72 1 6 9 17 19 13
100,0 41,6 101 70 86 1 8 11 21 23 16
125,0 52,1 115 80 98 1 11 14 25 26 19
150,0 62,5 129 90 110 1 14 16 28 29 22
225,0 93,9 Ruptura (sem fissuração prévia)
384
Tabela 5
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1A
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 * * * * 0 0 0
27,0 22,5 * * * * 9 16 13
54,0 45,5 * * * * 17 27 22
81,0 67,5 * * * * 24 35 30
108,0 90,0 * * * * 31 43 37
135,0 112,5 * * * * 39 53 46
162,0 135,0 * * * * 50 67 59
189,0 157,5 * * * * 56 73 65
306,0 255,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
385
Tabela 6
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2A
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 49 53 51 * 26 4 15
54,0 45,5 75 83 79 * 41 8 25
81,0 67,5 96 105 101 * 54 11 33
108,0 90,0 119 125 122 * 67 16 42
135,0 112,5 141 142 142 * 79 20 50
162,0 135,0 162 159 161 * 90 26 58
189,0 157,5 184 176 180 * 103 31 67
263,0 219,2 Ruptura (sem fissuração prévia)
386
Tabela 7
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3A
Data do ensaio: 15/10/03 – Temperatura 18,5 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 242 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 30 53 42 * 7 7 7
54,0 45,5 60 100 80 * 14 17 16
81,0 67,5 79 130 105 * 20 27 24
108,0 90,0 102 158 130 * 26 36 31
135,0 112,5 122 178 150 * 33 45 39
339,0 282,5 Ruptura (sem fissuração prévia)
387
Tabela 8
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn2A, Pn3A
E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel
Tabela 9
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn1A a Pn3A
E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel
388
ENSAIOS DE CISALHAMENTO
Tabela 1
Painel Pn5
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 18,5 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
10 20 7 52 0,12
20 41 15 111 0,24
30 62 25 172 0,36
40 84 33 234 0,48
50 110 46 311 0,60
60 140 56 390 0,72
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
Tabela 2
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn6
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
10 18 5 44 0,12
20 37 9 91 0,24
30 58 14 144 0,36
40 77 22 197 0,48
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
128
Tabela 3
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn7
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
(kN) (10-3mm) (10-3mm) (10-6) (MPa)
0 0 0 0 0
5 11 0 22 0,06
10 22 3 49 0,12
15 30 7 74 0,18
20 43 12 109 0,24
25 53 16 138 0,30
30 65 19 167 0,36
35 75 24 196 0,42
40 84 30 227 0,48
45 78 40 235 0,54
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
129
Tabela 4
Módulo de elasticidade tranversal G
Painéis Pn5, Pn6, Pn7
130
ENSAIOS DE ADERÊNCIA - ARGAMASSA/BLOCO
Tabela 1
131
ENSAIOS DE COMPRESSÃO - BLOCOS / PRISMAS / ARGAMASSA
Tabela 1
Resistência à compressão – NBR 7215/96
Argamassa
Tabela 2
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos
Tabela 3
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos
132
Tabela 4
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos
Tabela 5
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos
133
Milton Rontani Júnior
São Paulo
2005
134
Milton Rontani Júnior
São Paulo
Julho de 2005
135
À Regina, Sofia e Julia
AGRADECIMENTOS
136
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.
RESUMO
137
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.
Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.
ABSTRACT
Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and
138
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.
Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.
LISTA DE FIGURAS
139
Esquema de carregamento e instrumentação
140
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)
142
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)
143
LISTA DE TABELAS
144
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos
Valores médios
145
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios
146
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% Porcentagem
# Malha
A Alongâmetro
Ar Argamassa
BI Bloco inteiro
BL Bloco
BS Bloco seccionado
C Clinômetro
CP Corpo de Prova
D Defletômetro
147
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
F Fissurômetro
L Vão teórico
MB Meio-bloco
Pn Painel de parede
PR Prisma
148
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62
149
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88
7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116
150
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
151
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação
152
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS
153
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.
São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.
Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.
154
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:
A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.
155
4 REVISÃO DA LITERATURA
Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.
Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.
A B
160
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)
Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:
O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1
167
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300
169
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.
170
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
171
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.
Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
172
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.
Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
173
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.
174
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.
3.1 INFRA-ESTRUTURA
175
o) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.
Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.
176
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.
a) Construção
Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.
177
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.
178
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação
179
LEGENDA:
D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação
180
LEGENDA:
- D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação
181
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.
Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede
b) Instrumentação
Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes
182
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal
Pn1A - D4, D5 -
c) Carregamento e ensaios
183
a) Construção
184
LEGENDA:
FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação
185
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.
Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede
Dimensão (cm)
b) Instrumentação
c) Carregamento e ensaios
186
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.
a) Construção
b) Carregamento e ensaios
Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.
187
OBS: medidas em centímetros
FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio
σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W
onde,
188
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)
Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede
Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados
Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7
Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9
Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2
190
B
A
A
FIGURA 8
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.
Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal
P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal
191
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.
Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo
192
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama
FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.
Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9
Ar13 3,0
Ar14 3,4
Ar16 4,0
Ar17 4,4
Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9
193
Ar02 2,3
Ar03 2,2
Ar04 2,1
Ar05 1,8
Ar06 2,0
Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos
Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7
Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7
194
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5
Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta
Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8
Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4
Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7
195
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4
Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
196
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA
197
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.
198
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico
Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.
199
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.
Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:
4.2.1 QUADRO 1
201
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.
4.2.2 QUADRO 2
O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.
202
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.
FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
203
OBS: medidas em metros
FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal
204
OBS: medidas em metros
FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)
205
OBS: medidas em metros
FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
206
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.
(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.
207
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.
208
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)
A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.
209
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.
Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
210
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.
FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)
211
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas
FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro
212
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro
FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria
i) Carregamento
213
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)
FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio
d) Ensaios de 1 a 9
214
i) Características dos tipos de fixação ensaiados
Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)
Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm
E2 BS APC j = 20 mm
E3 MB APC j = 20 mm
E4 BIC EPC j = 15 mm
E5 BIC APC j = 20 mm
E6 BS APC j = 20 mm
E7 BIC EPC j = 20 mm
E8 MB APT j = 20 mm
E9 BIC APC j = 20 mm
FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento
FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.
217
FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)
Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).
218
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc
FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)
219
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC
Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.
220
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)
221
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.
222
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*
14,5 cm
14
FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)
223
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)
i) Carregamento
224
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.
FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1
225
b)
Ens
aios
de 1
a9
i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s
226
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm
E2-SB MB APT j = 20 mm
E5-SB BS APC j = 20 mm
E7-SB MB APT j = 20 mm
E9-SB BS APC j = 20 mm
FIGURA 33
FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.
228
viga de reação
barra de ligação
FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)
FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)
229
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)
FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)
20 mm
14,5 cm
FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)
230
4 cm
FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)
Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.
Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).
Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
Fixação
Ensaio superior Carga (kN) (flecha)
(mm)
231
– – –
Vazio
Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm
Vazio – – – – –
1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25
232
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS
Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.
• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.
• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
233
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).
234
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.
Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.
235
xv) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.
Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.
Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.
Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.
Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:
Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.
Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.
j) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.
l) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o
237
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.
b7) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).
238
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)
FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)
239
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.
q) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.
240
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
– – – – 297,62 – – –
Vazio
E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]
E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]
E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)
241
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.
Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.
• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).
242
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)
Análise:
• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.
243
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19
Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2
244
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29
i) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
245
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
j) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
246
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.
247
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)
248
argamassa “podre”em cordões
FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)
249
barra de ligação
FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)
Observações:
• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.
250
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)
Vazio – – – – – – – 255,10 – –
251
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)
Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:
252
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.
Análise:
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.
253
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).
Análise:
s) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.
• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.
M (D3,D4)
M (D1,D2) 255
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)
8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)
FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)
256
Milton Rontani Júnior
São Paulo
2005
257
Milton Rontani Júnior
São Paulo
Julho de 2005
258
À Regina, Sofia e Julia
AGRADECIMENTOS
259
Ao professor Dr. Roberto Katumi Nakaguma pelo incentivo, apoio e principalmente a dedicação
com que conduziu a orientação deste trabalho e que gerou, além da admiração pela sua competência
profissional, uma sincera amizade.
Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, pela formação e
ensinamentos durante os cursos para o mestrado, em especial ao professor Dr. Claudio Vicente Mitidieri
Filho pelo estímulo que originou este trabalho.
Aos técnicos do Agrupamento de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT, cuja
experiência e dedicação na realização dos experimentos tornaram possível essa pesquisa.
À Selecta – Uralita Indústria e Comércio que, além do suporte financeiro fundamental para a
realização dos ensaios e o fornecimento dos blocos cerâmicos, muito contribuiu através das sugestões
dos engos Carlos André Lana e Márcia Melo.
À Siderúrgica Belgo – Mineira, na pessoa do seu engo Vitor Pinheiro Barbosa, pelo fornecimento
e orientação na utilização dos perfis metálicos para a execução dos quadros, peças imprescindíveis
para viabilizar o experimento.
À Sika do Brasil (espuma de poliuretano) e à Hilti do Brasil (cravação de pinos) pela colaboração
à concretização dos ensaios através do provimento de seus produtos.
À minha esposa Regina que, com seu incentivo e experiência acadêmica, deu-me o necessário
suporte, e às minhas filhas Sofia e Júlia pela compreensão e carinho dedicados durante esta etapa da
minha vida.
Aos meus pais, Milton e Elza, pelos exemplos de abnegação, coragem e luta que direcionaram
meu caminho.
Ao meu amigo e sócio Lionel Arieta, pelo incentivo e apoio durante todos esses anos.
Aos professores Cláudio Mitidieri e Hideki Ishitani, pelas preciosas sugestões durante o exame
de qualificação.
À Mary Yoshioka Pires de Toledo do CENATEC, pela solicitude e atenção ao longo de todo
mestrado.
A todos que, de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa dissertação.
RESUMO
260
Estudaram-se quatro tipos de fixação superior de painéis de alvenaria de blocos cerâmicos,
inseridos no interior de estrutura reticulada de dois tipos: Quadros 1 e 2, com montantes verticais
imóveis, sendo imposto campo de deslocamento vertical à viga superior, com articulações em suas
extremidades. No Quadro 1 a viga inferior permaneceu imóvel durante os ensaios e no Quadro 2 a viga
inferior, com apoios articulados nas extremidades, sofreu deformações por ação dos esforços
transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
Pôde-se observar que a fixação com espuma de poliuretano apresentou, para os dois quadros,
desempenho muito superior às fixações que empregaram argamassa “podre” na interface com a viga
superior. Ainda, entre os tipos de fixação que empregaram argamassa, o melhor desempenho
observado foi: para o Quadro 1 aquela constituída por três fiadas de blocos de 4 cm de altura com
argamassa “podre” em cordões, e para o Quadro 2 equivaleram-se a que utilizou bloco “cortado” (furos
na vertical) e argamassa “podre” em cordões com a que empregou meio-bloco (furos na horizontal) e
argamassa “podre” total. A relação “flecha/vão” para os dois quadros produziu valores muito aquém
daqueles de referência para Estados Limites de Serviço recomendados pelas normas.
Com base nos resultados obtidos, e mesmo levando-se em conta as limitações dos
experimentos realizados, pode-se concluir que a fixação superior com espuma de poliuretano foi a que
apresentou melhor proteção da alvenaria quanto às deformações transferidas pela estrutura, no sentido
de minimizar a ocorrência de danos nas paredes.
Palavras-chave: parede; alvenaria de vedação; interação estrutura – parede; bloco cerâmico; fixação
superior; encunhamento; ensaios; análise experimental.
ABSTRACT
Due to the frequent occurrences of cracks in panel walls, and knowing that the main cause is
deformation of structural elements, the aim of this study is to evaluate through experimental analysis the
performance of panel walls, with real dimensions and no openings, submitted to displacement similar to
that provoked by beams and slabs.
It was studied four types of upper fixation of panel walls constructed with burnet clay units,
embedded within framed structure of two types: Frame 1 and 2, with fixed vertical columns and
261
prescribing a vertical displacement field to the upper beam. In Frame 1, the lower beam remained
immobilized during the tests and in the Frame 2, the inferior beam, with end joints released for rotations,
suffered deformations due to the stress field transferred by upper beam through the masonry.
It was observed that the polyurethane foam fixation showed a higher performance than those
using “weak” mortar in the upper beam interface, for both frames. Also, among the fixation types that
used mortar, a better performance was observed to Frame 1 for that one composed of layers of 3 blocks
with 4cm height with “weak” mortar. In addition, to Frame 2, the fixation that used “cut “ blocks (vertical
holes) associated with “weak” mortar showed almost similar performance than that using a half block
(horizontal holes) with total “weak” mortar. The “vertical deflection/span” ratio for both frames showed
lower values than those used by Deflection Limits codes.
Based on the obtained results, in spite of the limitations of this study, it could be concluded that
the best performance was obtained when used upper fixation with polyurethane foam, in order to protect
the masonry against the deformations transferred by the structure, as to minimize the occurrence in the
walls.
Key words: panel wall; masonry; interaction structure – masonry; burnet clay unit; upper fixation; test;
experimental analysis.
LISTA DE FIGURAS
262
Esquema de carregamento e instrumentação
263
Figura 14 Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 59
138)
265
Figura 39 Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / 96
APC)
266
LISTA DE TABELAS
267
Tabela 11 Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão 48
para blocos
Valores médios
268
Tabela 21 Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências 110
Valores médios
269
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% Porcentagem
# Malha
A Alongâmetro
Ar Argamassa
BI Bloco inteiro
BL Bloco
BS Bloco seccionado
C Clinômetro
CP Corpo de Prova
D Defletômetro
270
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
F Fissurômetro
L Vão teórico
MB Meio-bloco
Pn Painel de parede
PR Prisma
271
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 Justificativa............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos................................................................................................................. 3
1.2.1 Objetivos principais.............................................................................................. 3
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 3
1.3 Estruturação do trabalho....................................................................................... 4
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 6
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL......................................................................... 61
5.1 Infra-estrutura........................................................................................................ 62
272
5.2 Componentes utilizados........................................................................................ 63
5.3 Ensaios em vazio dos quadros.............................................................................. 63
5.4 Alvenaria de preenchimento dos quadros............................................................. 64
5.5 Deformações impostas aos quadros..................................................................... 65
5.6 Instrumentação empregada e tratamento de dados.............................................. 65
5.7 Ensaios realizados................................................................................................. 68
5.7.1 Ensaios no Quadro 1.......................................................................................... 68
5.7.1.1 Ensaio 1 – Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na
horizontal e argamassa “podre” com preenchimento total – MB / APT ...... 73
5.7.1.2 Ensaio 2 – Alvenaria fixada com três fiadas de blocos cerâmicos seccionáveis
deitados e argamassa “podre” em cordões BS / APC................................. 74
5.7.1.3 Ensaio 3 - Alvenaria fixada com meio-blocos cerâmicos com furos na horizontal
e argamassa “podre” com preenchimento em cordões – MB / APC............. 75
5.7.1.4 Ensaio 4 - Alvenaria fixada com espuma de poliuretano – BIC / EPC.......................... 77
5.7.1.5 Ensaio 5 – Alvenaria fixada com argamassa “podre” – BIC / APC............................... 79
5.7.2 Ensaios no Quadro 2.......................................................................................... 80
5.8 Resultado dos ensaios.......................................................................................... 88
7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 116
273
ANEXOS
Anexo A ....................................................................................................................... 127
Anexo B........................................................................................................................ 143
Anexo C........................................................................................................................ 170
Anexo D ....................................................................................................................... 202
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
274
A utilização de componentes vazados e materiais com pequena massa específica, a
partir de meados do século XX, revolucionou a técnica construtiva das alvenarias ao evoluir
das tradicionais pesadas, espessas e rígidas paredes, para as delgadas lâminas dos dias
atuais (Thomaz, 2001).
Por outro lado, o desenvolvimento dos métodos de cálculo, cada vez mais refinados e a
utilização de materiais de avançada tecnologia como o concreto de alto desempenho, têm
possibilitado a execução de estruturas mais flexíveis, com elementos cada vez mais esbeltos
associados a grandes vãos, como as lajes tipo “cogumelo”.
Como conseqüência dessa combinação, freqüentemente os deslocamentos da
estrutura, referidos neste trabalho como deformações estruturais, têm produzido diversas
patologias em edifícios, entre elas, de forma predominante, fissuras nas paredes de vedação.
Assim, as vigas e lajes, mais deformáveis nas estruturas atuais, apresentam flechas que
podem não comprometer sua estabilidade e resistência, mas podem ser incompatíveis com a
capacidade das paredes de vedação, inseridas nessas estruturas, em absorver as
deformações impostas, acarretando problemas patológicos que comprometem o desempenho
dessas vedações.
“Patologias relacionadas com as vedações verticais nos edifícios construídos
recentemente, sobretudo nas últimas décadas, vêm ocorrendo de forma sistemática, a ponto
de hoje serem consideradas como um grave problema setorial” (Massetto & Sabbatini, 2000).
Desta forma, e tendo em vista a verificação na prática de intensa ocorrência do problema
patológico referido, é de se supor que para essa nova tendência de concepção do sistema
estrutura/alvenaria, não sejam mais válidos os mesmos critérios e limites de deformação
adotados no passado.
Segundo Costa et al, 1994, diferentemente da técnica construtiva no exterior, onde
juntas construtivas separam alvenaria e estrutura, no Brasil a fixação rígida da parede à
estrutura sujeitam-na a deformações consideráveis, tornando-se a capacidade de absorção das
tensões decorrentes, para essas vedações, de importância capital no desenvolvimento do
método construtivo.
Inserida nesse contexto, a fixação superior com os elementos estruturais, ação
conhecida como “encunhamento” da alvenaria na estrutura (Sabbatini, 98), passa a ter
significativa importância na capacidade das vedações para absorver as deformações impostas.
Há alguns anos o preenchimento da camada entre a última fiada de blocos e a viga ou laje era
executado produzindo-se pressão entre esses elementos, de modo que a parede se
movimentasse o mínimo possível entre os pilares e vigas. Porém, a associação dessa pressão
imposta em conjunto com as deformações transferidas da estrutura (incluindo a deformação
275
lenta do concreto) tem ocasionado, muitas vezes, trincas ou rupturas de alvenarias e
revestimentos (Téchne, 2004).
Assim, pesquisadores como Franco, Souza, Sabbatini, Thomaz, entre outros,
entendendo o “encunhamento” como ligação sob pressão, passaram a recomendar sua
substituição pela fixação sem pré-tensão.
Deve-se observar que a fissuração ou rompimento de elementos de paredes de
vedação inseridas em estruturas reticuladas torna-se um problema patológico particularmente
importante devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado
estruturalmente perigoso, o comprometimento do desempenho dessas paredes quanto à
durabilidade e/ou estanqueidade e o constrangimento psicológico dos usuários das edificações,
seja devido a temores quanto à estabilidade, seja devido à insatisfação com o aspecto estético
que essa anomalia provoca nessas vedações.
Para que possam ser tomadas medidas preventivas, faz-se necessário conhecer as
causas desses problemas, ou seja, os mecanismos de absorção das deformações e,
finalmente, da formação das fissuras ou rupturas. Sob esta motivação, o presente trabalho
procura desenvolver um estudo mais detalhado da influência da deformação dos elementos
estruturais em paredes de vedação, através de diversos tipos de fixação superior da alvenaria,
analisando a ocorrência de falhas nessas paredes associadas aos níveis de deformação
impostos, comparando-se inclusive com as recomendações feitas pela NBR 6118, quanto às
deformações relativas às estruturas.
1.2 OBJETIVOS
276
a ocorrência de fissuras ou rupturas de blocos, da argamassa de assentamento, ou do
revestimento.
São objetivos específicos deste estudo, tendo em vista atingir os objetivos principais
acima descritos:
• Realização de ensaios estruturais de caracterização dos componentes e painéis de
alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, para efeito de controle e verificação de
eventual influência no comportamento do conjunto quadro/alvenaria a ser ensaiado.
• Construção de quadros retangulares estruturais, com dimensões de verdadeira
grandeza, compostos de montantes verticais e traves horizontais, no interior dos quais
serão instalados painéis de alvenaria de blocos cerâmicos. Estes conjuntos simulam
reticulados estruturais, formados por pilares e vigas, preenchidos com alvenaria de
vedação.
• Execução de dispositivos de aplicação de cargas às vigas dos quadros, para imposição
de deformações controladas e elaboração de plano de instrumentação, visando a
observação das respostas relevantes do sistema ensaiado.
• Verificação experimental do comportamento de paredes de vedação de blocos
cerâmicos sem aberturas, instaladas nos quadros estruturais, com diferentes tipos de
fixação superior deformável, submetidas a deformações controladas.
Este trabalho está estruturado em sete capítulos, incluindo este, o primeiro capítulo,
composto pela introdução, os objetivos e os meios para alcançá-los, além da estrutura do
trabalho.
O segundo capítulo, através de uma revisão bibliográfica, apresenta as técnicas atuais
recomendadas para a execução das alvenarias de vedação, o comportamento que essas
vedações têm apresentado e os procedimentos e resultados experimentais realizados com os
seus componentes, paredinhas e paredes. Com essa revisão, forma-se a base para o
desenvolvimento experimental detalhado nos capítulos seguintes.
277
Os ensaios de caracterização estrutural dos elementos de alvenaria de vedação,
construídos com blocos cerâmicos assentados com argamassa, estão relatados no terceiro
capítulo. Também foram realizados ensaios de resistência à compressão de blocos cerâmicos,
prismas e corpos-de-prova cilíndricos das argamassas de assentamento e fixação buscando
uma correlação com a parede pronta.
O quarto capítulo contempla os estudos para definição dos quadros metálicos e mistos
(concreto armado/metálico) e a estrutura de reação para a execução de ensaios visando à
análise do comportamento das alvenarias de vedação quanto à acomodação de deformações
impostas.
No quinto capítulo encontra-se o estudo experimental, descrevendo a metodologia
empregada, os materiais utilizados e os resultados obtidos. Devido às várias situações que
poderiam ser ensaiadas, delimitou-se o estudo a:
A análise e interpretação dos resultados são apresentadas no sexto capítulo, comparando-se os resultados obtidos nas
quatro situações propostas entre si e também com as deformações estruturais permitidas por normas.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as conclusões.
278
5 REVISÃO DA LITERATURA
Este segundo capítulo tem como objetivo percorrer os principais aspectos que envolvem
as alvenarias de vedação, sua interação com as estruturas e descrever informações sobre
trabalhos experimentais anteriores que balizaram as definições adotadas nos ensaios
realizados neste trabalho.
Para Thomaz, 1989 (Cap. 5), os componentes estruturais permitem flechas que
podem não comprometer sua estética, estabilidade e resistência, entretanto, podem ser
incompatíveis com a capacidade de deformação das paredes ou outros componentes do
edifício. Para o autor, as alvenarias são os componentes da obra mais susceptíveis ao
aparecimento de fissuras devido à deformação do suporte. Embasado na literatura, constatou
o aparecimento das primeiras fissuras em alvenarias de tijolos de barro com flechas da ordem
de 1/1150 e até 1/1500 do vão, valores esses muito inferiores aos de flechas de elementos
estruturais admitidos pela norma brasileira. Segundo Thomaz, o cálculo exato das flechas
para componentes estruturais é praticamente impossível, devido aos inúmeros fatores
intervenientes como, por exemplo, a variação do módulo de deformação do concreto com o
tempo. Destaca as parcelas da flecha que ocorrem antes e após a fissuração do componente
estrutural e as parcelas que se manifestam imediatamente após o carregamento e a que se
manifestará pela deformação lenta do concreto. A determinação da posição da linha neutra é
uma das dificuldades que se encontra na determinação da parcela da flecha após a fissuração
do concreto. Já para a parcela da flecha provocada pela deformação lenta do concreto, pode-
se admitir, para vigas sem armadura de compressão, que ela seja aproximadamente duas
vezes a da flecha instantânea calculada para as cargas permanentes e sobrecargas fixas.
A B
283
inferior; B - deformação do componente inferior é maior que a do superior; C -
deformação do componente inferior menor que a do superior. (Fonte: ABCI.
Manual técnico de Alvenaria. São Paulo, 1990.)
Para Mitidieri Filho, 1998, os requisitos de desempenho estrutural dos edifícios sob
diversas condições de exposição, entre elas a ação do peso próprio e sobrecargas de
utilização, deve atender as seguintes exigências:
O autor propõe os critérios para desempenho estrutural para cinco elementos que
compõe os edifícios habitacionais, entre os quais estão as divisórias internas. Para o suporte
de paredes monolíticas em alvenaria ou painéis com juntas coladas ou argamassadas, sejam
lajes ou vigas, apresenta os valores máximos admissíveis para deformações e fissuração
quando submetidas à ação de cargas de serviços, conforme a Tabela 1
290
Tabela 1
Flechas máximas permitidas para vigas e lajes submetidas às solicitações indicadas
(Mitidieri Filho, 1998)
Paredes monolíticas Imediatas Totais
em alvenaria
Sgk Sqk Sgk+ 0,7 Sqk Sgk+ 0,7 Sqk
Com aberturas L / 850 L / 500 L / 700 L / 320
Vigas
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 650 L / 280
Com aberturas L / 900 L / 500 L / 800 L / 350
Lajes
Sem aberturas L / 750 L / 500 L / 700 L / 300
292
• espessura das juntas de assentamento – deve possuir espessura suficiente para que as
deformações não sejam elevadas ao longo da espessura.
• não preenchimento das juntas verticais - redução do módulo de deformação das
paredes.
• cuidados na execução das paredes – materiais pulverulentos nas argamassas
(prejudicam a aderência), cura inadequada e não uniformidade na produção da
alvenaria.
O autor relata que em ensaios de desempenho em escala real realizados, paredes de
alvenaria inseridas em pórtico de concreto armado (2,76 m de largura externa por 1,57 m de
altura interna) submetido a carregamentos, controlando-se o nível de deformação imposta,
analisava-se o comportamento da parede através do surgimento de fissuras. Pode-se observar
que, no caso de bloco cerâmico, a deformação máxima até o aparecimento da 1a fissura foi de
1,59mm, muito semelhante ao observado nos ensaios sobre as lajes do edifício. Ainda
segundo o autor, na literatura técnica não são encontrados valores limites de capacidade, para
os painéis de vedação, de acomodar deformações. A resistência à compressão constitui-se na
outra propriedade essencial para avaliar o desempenho das alvenarias de vedação e as
normas nacionais estabelecem limites dessa resistência para seus componentes. No caso dos
blocos cerâmicos, a NBR 7171/92 (ABNT, 1992) especifica a resistência de compressão
mínima como sendo 1,0 MPa (Classe 10). Para finalizar, o autor conclui que muitas iniciativas,
visando maior eficiência e produtividade, têm sido adotadas, porém, soluções parciais podem
acarretar o aparecimento de problemas patológicos. Conclui ainda que o adequado
funcionamento das novas tecnologias dos sistemas de vedação passa pelo conhecimento das
características tecnológicas dos métodos e sistemas construtivos de modo a prever seu
desempenho.
293
significativamente as condições de contorno das paredes induzindo a maiores deformações e
tensões. A técnica construtiva também teve suas características comparadas, e como
resultado das mudanças nas técnicas de cura, redução no tempo de colocação em carga da
estrutura e mudanças no módulo de deformação do concreto, o autor estima que seu
coeficiente de deformação lenta (φ) tenha sido multiplicado por 4. A fixação das alvenarias,
por sua vez, tem ocorrido quando a maior parte da deformação lenta ainda está para ocorrer,
contribuindo para tensões nas alvenarias cada vez maiores. Como última comparação, foram
verificadas as resistências à compressão e módulo de deformação das alvenarias de vedação,
constatando ser a atual alvenaria cerâmica de vedação mais rígida e com menor resistência à
compressão tendo como conseqüência rupturas com solicitações muito menores.
Relativamente à interação alvenaria-estrutura, Sabbatini coloca que, devido à rigidez, a
alvenaria passa a trabalhar em conjunto com a estrutura reticulada como um único corpo
monolítico até que uma ruptura localizada nela própria ou em uma de suas interfaces com a
estrutura ocorra. Com a ruptura, um novo estado de equilíbrio é atingido até estabilizar-se ou
colapsar a alvenaria. A interação alvenaria-estrutura ocorre de forma parcial, mesmo antes da
fixação superior, pois o painel de vedação, com o endurecimento da argamassa, passa a ser
um corpo rígido que reage contra a deformação do suporte. Através do “encunhamento”, a
alvenaria solidariza-se totalmente à estrutura constituindo um corpo monolítico, atuando como
um elemento de contraventamento parcial na estrutura reticulada. Através de dados obtidos
no CPqCC da EPUSP, o autor demonstra que um pórtico sem alvenaria de contraventamento
entra em colapso com uma carga muito menor do que a necessária para provocar o
surgimento da primeira fissura na alvenaria quando preenche esse mesmo pórtico. Os dados
referentes a deflexões angulares na ruptura obtidos em pórticos preenchidos com blocos
cerâmicos sem revestimento, assentados com argamassa no traço 1:2:9, foram de 1,11 mm
nos ensaios de flexão e 1,76 mm nos ensaios de cisalhamento. Como a alvenaria solidarizada
com a estrutura exerce a função de contraventamento, deve-se compatibilizar as deformações
esperadas da estrutura com a capacidade da vedação de absorvê-las. Sabbatini discute
quatro alternativas para se evitar o aparecimento de fissuras e trincas. Nas três primeiras,
dessolidarização alvenaria/estrutura, aumento da resistência da alvenaria e enrijecimento total
da estrutura, os aspectos técnico-econômico, culturais e estéticos limitam sobremaneira seu
uso. A quarta alternativa, recompor o equilíbrio alvenaria-estrutura, por não alterar os
processos adotados atualmente e através de mudanças técnicas muito simples que não
oneram seus custos, torna-se o caminho mais lógico. A recomposição do equilíbrio alvenaria-
estrutura passa, segundo o autor, pela obtenção de estruturas menos deformáveis e alvenarias
mais resilientes e mais resistentes. Para a obtenção de vedações com maior capacidade de
absorver e resistir às deformações impostas recomenda: fixação superior com argamassa de
294
baixo módulo e alta aderência, com preenchimento total do espaço alvenaria/estrutura; juntas
horizontais de no mínimo 10 mm, utilizando argamassa de menor módulo e blocos de módulo
controlado, adotando juntas verticais secas onde permitido; uso de blocos de maior resistência
e regularidade dimensional, assentados com juntas regulares em amarração; preparo da
superfície do pilar, utilização de telas de reforço, compressão do bloco contra o pilar durante o
assentamento, além do preenchimento total da junta alvenaria-pilar para melhorar a fixação
lateral do painel e postergar ao máximo a fixação superior da alvenaria.
Massetto & Sabbatini, 2000, realizaram um estudo com o objetivo de rever, nos
edifícios de múltiplos pavimentos, os aspectos relacionados às deformações estruturais e da
interação vedação vertical/estrutura, além de estudar, em laboratório, as características de
resistência à compressão simples de sete tipos de blocos de vedação. Os autores estudaram
a resistência à compressão simples através de ensaios com componentes e com paredinhas.
Colocam que é falso o papel passivo da alvenaria de vedação, pois com os deslocamentos dos
pórticos, os esforços são repassados às vedações verticais que passam a atuar como
contraventamento. Dessa forma puderam constatar que a quase totalidade dos países
procura limitar os deslocamentos estruturais além de recomendar detalhes construtivos para
evitar as tensões induzidas pela estrutura nas vedações, tornando-se ainda, necessário
conhecer a capacidade resistente dessas alvenarias para avaliar seu desempenho.
Observaram a não existência de norma brasileira sobre alvenarias de vedação, mas sim sobre
blocos e tijolos classificando-os pela resistência. Nos ensaios de resistência à compressão
simples em componentes e paredinhas, foram utilizados sete diferentes tipos de componentes
(blocos cerâmicos; blocos de concreto; blocos de concreto celular autoclavado). Para os
componentes foram utilizados seis corpos-de-prova para cada tipo de bloco e doze para cada
tipo de paredinha (formada por dois elementos de base e três fiadas de altura com juntas
verticais e horizontais preenchidas por bisnagas; espessura média de 8 mm a 13 mm). Foram
ainda, utilizados moldes metálicos ajustáveis de secção retangular de acordo com a geometria
da peça. A velocidade de aplicação do carregamento foi realizada de acordo com a ASTM
C67, após 24 horas no mínimo do capeamento. As maiores médias de tensões de ruptura
tanto para paredinhas como para componentes foram obtidas com a utilização de componentes
cerâmicos com furos verticais. Observaram que o fator de eficiência, isto é, a relação entre a
resistência da parede e do componente para blocos cerâmicos assentados com furos na
vertical foi de 22%, enquanto que para os componentes cerâmicos assentados com furos na
horizontal variou entre 24 e 31%. Os autores concluíram que os limites recomendados para
garantir o desempenho das vedações, quando da introdução de esforços por parte da
295
estrutura, se situam na faixa de L/500 e que a resistência das paredes não pode ser prevista
pela resistência de seus componentes.
Para Peña, 2003, a utilização de projetos para produção de edifícios, prática adotada
recentemente pelas empresas construtoras, tem apresentado entre outras vantagens o
aumento da produtividade, introdução de novas tecnologias, redução dos problemas
decorrentes da interferência de serviços entre os demais subsistemas, redução do retrabalho e
de desperdícios e por conseqüência a diminuição de problemas patológicos. Segundo a
autora, para se obter uma alvenaria racionalizada, somente o investimento em projetos e
sistemas construtivos não é suficiente, recomendando que as empresas exijam a qualidade do
bloco avaliando, de acordo com as normas técnicas, sua qualidade dimensional, durabilidade e
resistência à ação de agentes agressivos. Complementa também que, atualmente os blocos
296
são elaborados para integrar sistemas construtivos proporcionando aos materiais e mão-de-
obra um uso mais adequado. Dessa forma, os fabricantes investindo cada vez mais na
qualidade e versatilidade de seus blocos, criaram famílias de blocos seccionáveis e especiais
para, através de projetos modulares reduzirem significativamente os desperdícios e
melhorarem o desempenho da alvenaria. Peña salienta o papel estratégico de projetos para
produção de vedações verticais, resultados das várias interfaces estabelecidas entre o
subsistema de vedações verticais com os demais subsistemas. Assim, devido à evolução dos
sistemas estruturais utilizando novos materiais e novas situações de desempenho que influem
diretamente nas alvenarias, a interface estrutura/vedações verticais tem sido muito discutida
ultimamente. Para a autora, como o relacionamento da estrutura com as vedações repercutem
na obra como um todo, no projeto para produção de vedações verticais esta interface devem
ter seus pontos críticos detalhados, tais como: tipos de ligação com a estrutura – alvenaria com
participação na estrutura, ligada ou desvinculada da estrutura; necessidade de absorver
deformações; paredes com solicitações específicas – sobre lajes, sobre balanços; juntas de
trabalho e separação e reforços de revestimentos. Além desses pontos, a análise da interação
estrutura/alvenaria influi decisivamente no cronograma de atividades da obra, pois, para que as
vedações alcancem o desempenho esperado e tenham minimizado a transmissão de esforços
de outros subsistemas, impõe-se um tempo mínimo para o início de sua execução e a dos
demais subsistemas a ela relacionados.
297
Este capítulo apresenta a primeira parte experimental, investigação preliminar deste
trabalho, onde foram realizados os ensaios para caracterizar estruturalmente os elementos de
alvenaria de vedação que comporão as paredes em escala real na investigação principal
descrita no capítulo cinco.
3.1 INFRA-ESTRUTURA
298
t) ensaios de aderência argamassa-bloco em 6 corpos-de-prova, constituídos por blocos
assentados com argamassa.
Os ensaios dos prismas e painéis de parede foram realizados após cura de 28 dias.
Os blocos, prismas e os painéis de parede, antes do carregamento, não apresentavam
anomalias (fissuras, quebras, etc). A Figura 2 mostra a seção transversal do bloco cerâmico
em questão, com dimensões de 14 cm x 39 cm.
299
FIGURA 2
Vista da seção transversal do bloco cerâmico com dimensões de 14 cm x 39 cm
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma NBR 8949/85 da ABNT (“Paredes
de alvenaria estrutural. Ensaio a compressão simples. Método de ensaio”), referente ao
método de preparo e ensaio de paredes submetidas à compressão simples.
a) Construção
Os painéis Pn1, Pn2, Pn3 - dimensões nominais de 1,20 m x 2,65 m (largura x altura) -
e Pn4 - dimensões nominais de 2,40 m x 2,65 m (largura x altura) - foram construídos com
blocos cerâmicos (14 cm x 19 cm x 39 cm), com os furos posicionados na vertical, assentados
com argamassa com traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em volume) e espessura de cerca de
1,0 cm, com juntas amarradas. A argamassa de assentamento foi aplicada apenas nas duas
paredes longitudinais externas dos blocos. A argamassa de preenchimento das juntas verticais
foi aplicada em dois filetes seguindo o alinhamento das juntas horizontais.
300
Os painéis foram construídos entre duas guias (pontaletes de madeira), de modo a
garantir sua verticalidade, tendo sido utilizados também o fio de prumo e nível de bolha. A
última fiada, simulando “encunhamento”, foi executada com meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19
cm posicionados com os furos na horizontal, sobre a qual foi colocada uma camada de
regularização com espessura de cerca de 2,0 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume).
Sobre esse capeamento colocou-se uma chapa metálica rígida, para a aplicação de
carga. Posteriormente, os painéis foram pintados a cal para melhor visualização de eventuais
fissuras decorrentes do carregamento.
Para finalizar, foram montados os instrumentos de medidas de deslocamento e os
dispositivos de aplicação de carga (Figuras 3 e 4).
Nos ensaios dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3, verificou-se a ocorrência de fissuras apenas
da última fiada (meio-blocos de 14 cm x 19 cm x 19 cm, posicionados com os furos na
horizontal), permanecendo preservado o restante dos painéis sem fissuras, deformações ou
esmagamentos visíveis. As partes remanescentes desses painéis, com todos os furos dos
blocos posicionados na vertical, foram capeadas na superfície superior com argamassa de
regularização com espessura de cerca de 2 cm e traço de 1: 2: 9 (cimento: cal: areia, em
volume). Esses painéis foram denominados Pn1A, Pn2A e Pn3A e foram submetidos também
a ensaios de compressão simples novamente. A figura 5 indica o esquema de carregamento e
instrumentação desses painéis.
301
Painel Base LEGENDA:
Pn1 266
Pn2 265
Pn3 265 D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 3
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1, Pn2 e Pn3
Esquema de carregamento e instrumentação
302
LEGENDA:
D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 4
Ensaio de compressão simples do painel Pn4. Esquema de carregamento e instrumentação
303
LEGENDA:
- D1 a D5 = Defletômetros
FIGURA 5
Ensaio de compressão simples dos painéis Pn1A, Pn2A e Pn3A. Esquema de carregamento e
instrumentação
304
As dimensões efetivas de todos os painéis de parede ensaiados estão indicadas na
Tabela 2, onde constam também os desaprumos medidos das arestas laterais verticais desses
painéis.
Tabela 2
Dimensões e desaprumos dos painéis de parede
b) Instrumentação
Tabela 3
Deslocamentos verticais dos painéis de paredes
305
Deslocamento
Painel
Vertical na região central
Vertical lateral Horizontal
Pn1A - D4, D5 -
c) Carregamento e ensaios
306
a) Construção
307
LEGENDA:
FIGURA 6
Ensaio de cisalhamento dos painéis Pn5, Pn6 e Pn7. Esquema de carregamento e
instrumentação
308
Na seqüência, foi realizado o capeamento dos vértices com argamassa de traço 1: 3
(cimento: areia, em volume), com sobreposição de uma camada de gesso de 0,5 cm para a
acomodação do dispositivo metálico de transferência de carga.
Para melhor visualização de eventuais fissuras decorrentes do carregamento, os painéis
foram pintados a cal.
Para concluir essa etapa, foi montada a parte restante do dispositivo de aplicação de
carga, conforme a Figura 6.
As dimensões efetivas dos painéis de parede acima referidos estão indicadas na Tabela
4.
Tabela 4
Dimensões dos painéis de parede
Dimensão (cm)
b) Instrumentação
c) Carregamento e ensaios
309
Empregou-se um sistema de reação para aplicação de carga concentrada segundo a
diagonal vertical do painel, utilizando-se apenas um macaco hidráulico, conforme mostrado nas
Figuras 6 e 9.
O carregamento foi aplicado lentamente, sem impactos, em etapas de 10 kN nos
painéis Pn5, Pn6 e de 5 kN no painel Pn7.
O intervalo de tempo entre as etapas foi de cerca de 5 minutos, o suficiente para a
estabilização da leitura dos instrumentos de medida. Após cada etapa de carregamento, foram
medidos os deslocamentos verticais e horizontais.
Os ensaios foram realizados de acordo com a norma ASTM E518 – 00 a (“Standard test
methods for flexural bond strength of masonry”), referente ao método de preparo e ensaio de
corpos-de-prova à flexão pura.
a) Construção
b) Carregamento e ensaios
Os ensaios de flexão foram realizados com as pilhas deitadas – formando “viga” com
seção transversal de 39 cm (base) x 14 cm (altura), comprimento total de 99 cm e vão de 90
cm - suportadas em dois apoios livres, conforme indicam as Figuras 7 e 10.
Duas cargas concentradas foram aplicadas nos terços médios dos corpos-de-prova,
com macaco hidráulico acoplado a bomba elétrica, de forma contínua sem impactos até atingir
a ruptura, fazendo-se o registro da carga máxima aplicada.
310
OBS: medidas em centímetros
FIGURA 7
Ensaio de resistência da aderência argamassa – bloco. Esquema de montagem do ensaio
σr = (0,167.P + 0,125.Ps).L / W
onde,
311
P: carga total de ruptura
Ps: peso próprio do corpo-de-prova
L: vão da viga (L = 0,90 m)
W: módulo de resistência da área líquida da seção transversal do corpo-de-prova
correspondente à região de aplicação da argamassa de assentamento (W = 685 cm3)
Nota: A relação entre as áreas líquida e bruta da seção transversal do bloco cerâmico (140
mm x 190 mm x 390 mm) foi determinada igual a η = (Abl,l / Abl,b) = 0,35.
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos.
a) Ensaios de compressão simples de painéis de parede
Tabela 5
Valores individuais e médios obtidos para as cargas e tensões de ruptura nos painéis de
parede estudados
Pn2 1,20 x 2,65 180,0 156,0 150,0 130,0 1,1 1,0 3,1 2,7
Pn4 2,40 x 2,65 225,0 225,0 93,9 93,9 0,7 0,7 1,9 1,9
Pn2A 1,20 x 2,42 263,0 302,7 219,2 252,2 1,6 1,8 4,5 5,2
313
B
A
A
FIGURA 8
Ensaio de compressão simples Pn1 (A) e Pn4 (B) – vista da instrumentação e do sistema aplicação de carga.
Tabela 6
Média e valores individuais obtidos para tensão de cisalhamento de ruptura e módulo
de elasticidade transversal
P Dimensão τr G
(MP (MP
ainel (m)
a) a)
P 1,20 x 1,20 0,82 256
P 1,20 x 1,20 0,58 250
P 1,20 x 1,20 0,54 251
Média 0,64 252
τr = tensão de cisalhamento de ruptura
G = módulo de elasticidade transversal
314
FIGURA 9
Ensaio de cisalhamento, painel Pn5 – Vista da instrumentação
e do sistema de aplicação de carga.
Tensão de
Corpo-de-
ruptura
prova
(MPa)
CP1 *
CP2 0,25
CP3 0,17
CP4 0,18
CP5 0,21
CP6 0,13
Média 0,19
(*) ruptura durante montagem, na aplicação do dispositivo
315
d)
Ensaios
de
resistên
cia à
compre
ssão de
blocos,
argama
FIGURA 10 ssa e
Ensaio de aderência argamassa-bloco (flexão) – Vista da prismas
montagem e sistema de carregamento.
Tabela 8
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar10 4,8
Ar11 6,9
Ar13 3,0
Ar14 3,4
Ar16 4,0
Ar17 4,4
Média 4,4
(*) Traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 9
Média e valores individuais obtidos para resistência à
compressão para a argamassa
Resistência à
Corpos-
compressão
de-prova
(MPa)
Ar01 1,9
316
Ar02 2,3
Ar03 2,2
Ar04 2,1
Ar05 1,8
Ar06 2,0
Média 2,1
(*) Traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume)
Tabela 10
Médias e valores individuais obtidos para resistência à compressão para prismas ocos
Resistência à compressão
Dimensões médias (mm)
Corpos- (MPa)
de-prova Altur Na área bruta
Largura Comprimento Na área líquida
a
PR07 391,0 140,0 390,0 3,2 9,1
PR08 396,0 140,0 390,0 2,7 7,7
Tabela 11
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para blocos
Dimensões médias (mm) Resistê
Corpo ncia à
s-de-prova Altura Largura mprimento compressão (*)
(MPa)
BL01 190,0 140,0 391,0 12,3
BL02 190,0 140,0 391,0 11,7
317
BL05 190,0 140,0 391,0 11,5
Média 11,9
Nota: furos posicionados na vertical
(*) referida à área bruta
Tabela 12
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL07 190,0 140,0 193,0 2,5
BL08 190,0 140,0 193,0 2,8
Média 2,8
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 13
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para meio- blocos
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL01 139,5 141,0 189,5 2,7
BL02 139,5 141,5 189,5 4,4
Média 3,4
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
Tabela 14
Média e valores individuais obtidos para resistência à compressão para
blocos seccionados
Dimensões médias (mm) Resistência à
Corpo
Largur Comp compressão (*)
s-de-prova Altura
a rimento (MPa)
BL04 42,0 139,0 187,5 3,7
318
BL05 42,0 139,0 187,5 3,4
Média 3,5
Nota: furos posicionados na horizontal
(*) referida à área bruta
319
INTERAÇÃO ALVENARIA DE VEDAÇÃO / ESTRUTURA
320
Nesse projeto piloto foi feita experimentação para análise preliminar em estudos
exploratórios, visando a definição do projeto final dos quadros, sistemas de aplicação de
cargas, monitoramento, etc.
Como ponto de partida para determinação dos elementos que comporiam o quadro,
tirou-se partido de uma área dentro do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia
Civil do IPT (Prédio 34).
Nesse local com pé-direito de 2,85 m, a rigidez das lajes de piso e de cobertura
existentes, com espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como apoio e
estrutura de reação para aplicação de esforços ao quadro, através da instalação de macaco
hidráulico.
321
FIGURA 11
Projeto piloto - Quadro metálico
Nesse ensaio preliminar, não houve a preocupação em criar vãos (largura e altura) que
modulassem os blocos para a execução da alvenaria de vedação.
A parede de vedação com juntas amarradas e dimensões nominais de 4,00m x 2,40 m
(largura x altura), foram construídas com blocos cerâmicos deitados de 11 cm (largura) x 14 cm
(altura) x 24 cm (comprimento), com furos posicionados na horizontal, assentados com
argamassa com traço 1 : 2 : 9 (cimento : cal : areia) e espessura de cerca de 1,0 cm. A
argamassa foi aplicada em cordões nas duas laterais dos blocos, e como fixação utilizou-se a
mesma argamassa de assentamento com espessura de cerca de 2,0 cm.
322
A parede foi construída sem qualquer tipo de amarração metálica com os pilares
laterais, tendo sido os blocos fortemente pressionados contra o pilar para obter-se o refluxo da
argamassa e melhor compacidade na junta. Dessa maneira, a alvenaria teve única e exclusiva
função de, solidarizando-se à estrutura, atuar como elemento de contraventamento parcial
(Sabbatini, 1998) na estrutura reticulada e transferir as tensões decorrentes da deformação da
viga superior para os demais elementos estruturais.
Com base nos resultados dos ensaios preliminares, foram projetados e montados dois
quadros, da seguinte forma:
4.2.1 QUADRO 1
324
Na área posterior do Laboratório, cuja planta de situação pode ser visualizada na Figura
12, foi possível aproveitar as paredes laterais em concreto armado, que delimitam o vão livre
de 4,97 m, para comporem os pilares laterais do pórtico.
Nesse local com pé direito de 2,85 m, a rigidez da laje de cobertura existente, com
espessura de 20,0 cm em concreto armado, permitiu seu uso como estrutura de reação para
instalação do macaco hidráulico.
O piso também em concreto armado, com espessura de 20,0 cm, serviu como suporte
para a construção da parede, tornando-se dessa forma, a borda inferior indeslocável.
4.2.2 QUADRO 2
O quadro 2 é composto por dois pilares de concreto armado existentes, onde foram
fixados nas suas faces internas dois perfis do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e
soldados, e vigas metálicas superior e inferior, cada uma formada pelo mesmo conjunto
composto por dois perfis metálicos do tipo H (200 x 100 x 5,5 x 8) justapostos e soldados,
possuindo em suas extremidades apoios articulados.
A forma como foi concebido o Quadro 2, permite aplicar deslocamentos verticais
(imposição controlada de flechas) nas bordas superior e inferior, além da análise da ligação
alvenaria / metal nas bordas verticais.
325
Situando-se em área de pé-direito duplo, tornou-se necessário, para o Quadro 2, a
montagem de uma viga de reação para aplicação do macaco hidráulico. Essa viga de reação,
compostas por dois perfis metálicos do tipo W (530 x 210 x 138) justapostos e soldados, foi
ancorada na estrutura de concreto existente, conforme Figuras 14 e 15.
FIGURA 12
Planta de situação do Laboratório de Estruturas da Divisão de Engenharia Civil do IPT
(Prédio 34)
326
OBS: medidas em metros
FIGURA 13
Quadro 1 - Vista frontal
327
OBS: medidas em metros
FIGURA 14
Quadro 2 - Vista em corte da viga de reação - 2 (W 530 x 210 x 138)
328
OBS: medidas em metros
FIGURA 15
Quadro 2 – Vista frontal
5 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
329
ISAIA (*), citado por Kalintzis, 2000, relata em seu trabalho sobre as dificuldades
enfrentadas no Brasil para a realização de pesquisas científicas, cujas metodologias exigem
condições para as quais os resultados sejam confiáveis. Determinados tipos de ensaios
requerem o emprego de equipamentos e materiais por vezes de elevado custo, acarretando
limitações que são superadas com criatividade, intercâmbio e colaboração entre os centros de
pesquisas, além do conhecimento e algum recurso financeiro.
A realização deste experimento enfrentou algumas dificuldades que tiveram que ser
contornadas. Os ensaios para avaliação de comportamento de paredes em verdadeira
grandeza necessitam de um laboratório com dimensões e equipamentos apropriados, além de
um número de corpos-de-prova condizentes com os prazos de execução, cura e o número de
repetições.
Dessa forma, apesar do grande número de possibilidades para a execução de uma
parede de vedação, tais como material de composição dos blocos, espessura, com ou sem
abertura, revestida ou não, procurou-se limitar o número de variáveis dos ensaios, de modo
que resultasse economicamente viável e ao mesmo tempo apresentasse resultados
elucidativos.
Partindo desse pressuposto, adotou-se o bloco cerâmico, pois de acordo com Téchne,
2002, este tipo de bloco detém 90% do mercado de vedação no Brasil.
A espessura de blocos adotada foi de 14 cm, usual em paredes divisórias internas.
Por simular uma divisória interna, e em função das inúmeras possibilidades para localização de
aberturas, definiu-se por ensaiar paredes cegas.
(*) ISAIA, G.C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de elevado desempenho:
em estudo de durabilidade com vistas à corrosão da armadura. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica – Universidade de São Paulo.
330
(variável objeto da análise), a instrumentação empregada para o monitoramento e os
resultados obtidos.
331
A argamassa, tanto para assentamento como para fixação, foi produzida em laboratório
a partir de materiais básicos (cimento, cal e areia). Embasados na revisão bibliográfica, os
traços adotados seguem as recomendações de diversos autores, assim:
• argamassa de assentamento – em volume, uma parte de cimento para duas partes de
cal para nove partes de areia seca (1 : 2 : 9)
• argamassa para fixação (“podre”) – em volume, uma parte de cimento para três partes
de cal para doze partes de areia seca (1 : 3 : 12)
A forma de assentamento escolhida foi com todas as juntas preenchidas com argamassa
na espessura média de 10 mm, tanto para juntas verticais quanto horizontais.
332
cm de largura x 40 cm de comprimento) nas paredes longitudinais externas dos blocos
(assentamento) e nas juntas verticais.
Com os pilares laterais galgados, foram assentados os blocos (ou meio-blocos) de
extremidade aplicando argamassa inclusive na interface bloco-pilar, de modo que, ao ser
pressionado, o bloco provoque o refluxo da argamassa. Em seguida foram assentados os
blocos intermediários, utilizando-se como referência para o alinhamento e o nível da fiada, uma
linha de náilon esticada entre as extremidades. Dessa forma, assentando-se primeiramente os
blocos de extremidades, constituindo os chamados “castelos”, pode-se garantir a planicidade
da parede. Para garantir a verticalidade da parede, utilizou-se fio de prumo.
Para melhorar a aderência com os pilares laterais, posicionou-se de duas em duas
fiadas, a partir da segunda fiada, telas metálicas galvanizadas chumbadas com pinos de aço
por meio de fixação à pólvora. Utilizou-se dois pinos de fixação para cada tela, centralizados
na sua largura e situado o mais próximo possível da dobra a 900, posicionando-se 100 mm da
tela na vertical e 400 mm na horizontal. Os pinos de fixação eram dotados de rosca em suas
extremidades o que permitiu a fixação das telas com o uso de parafusos e arruelas.
O assentamento dos blocos, com furos posicionados na vertical, resultou em 11 fiadas
no Quadro 1 e 12 fiadas no Quadro 2. Os vários protótipos ensaiados relativos a esses
quadros, diferiram entre si pelos diferentes tipos de fixação instalados junto à viga superior,
conforme está relatado no item 5.7.
O tempo de cura adotado para todas as paredes foi de 28 dias após a fixação,
realizada em seqüência à conclusão da fiada de respaldo.
Conforme relatado no item 4.2, nos dois quadros, os deslocamentos foram prescritos
na viga superior, que possui as extremidades articuladas, através de aplicação de carga
concentrada em seu centro por meio de um macaco hidráulico.
Nos dois quadros, os montantes verticais foram mantidos imóveis. No caso do Quadro
2, a viga inferior, que possui as extremidades articuladas, sofreu deformações por ação dos
esforços transmitidos pela viga superior através da alvenaria.
333
• Defletômetros (D): relógios comparadores com sensibilidade de 0,01 mm, destinados à
medição de deslocamentos verticais absolutos de pontos da viga superior (Quadros 1 e 2) e
da viga inferior (Quadro 2) em relação à laje de concreto armado do piso do Laboratório,
considerada imóvel.
• Clinômetro (C): destinado à medida de rotações da viga superior, onde foram instaladas
bases apropriadas para esse instrumento.
• Alongâmetro (A): destinado à medição de deslocamentos lineares, relativos a bases de
comprimento igual a 500 mm (sensibilidade de 0,001 mm), as quais foram instaladas na
alvenaria, nos blocos, evitando-se a instalação sobre as juntas de argamassa.
• Fissurômetro (F): destinado à medição de aberturas de fissuras (escala em 0,1 mm).
Nota: As medições realizadas com bases de alongâmetro, bem como os valores calculados de
deformações específicas nas direções das bases e das deformações principais (caso de bases
dispostas em rosetas tridirecionais), embora tenham sido efetuadas para diversos ensaios, não serão
apresentadas. Estes resultados foram prejudicados pelas flexões e torções ocorridas nos ensaios,
motivo pelo qual não serão utilizadas nas análises do próximo capítulo.
FIGURA 16
Quadro 2 – elevação da alvenaria (A - clinômetro)
334
FIGURA 17
Quadro 2 – fixação das telas metálicas galvanizadas
FIGURA 18
Quadro 2 – defletômetro
335
FIGURA 19
Quadro 1 – A – defletômetro
B – bases para alongâmetro
FIGURA 20
Quadro 2 – elevação da alvenaria
i) Carregamento
336
Carga concentrada aplicada lentamente, sem impactos, no centro do vão da viga
superior, através de macaco hidráulico e conjunto bomba / manômetro calibrados.
ii) Instrumentação (conforme Figura 21)
FIGURA 21
Quadro 1 – instrumentação para ensaio em vazio
e) Ensaios de 1 a 9
337
i) Características dos tipos de fixação ensaiados
Tabela 15
Tabela dos ensaios realizados no Quadro 1 (deslocamento – viga superior)
Q1
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1 MB APT j = 20 mm
E2 BS APC j = 20 mm
E3 MB APC j = 20 mm
E4 BIC EPC j = 15 mm
E5 BIC APC j = 20 mm
E6 BS APC j = 20 mm
E7 BIC EPC j = 20 mm
E8 MB APT j = 20 mm
E9 BIC APC j = 20 mm
FIGURA 23
Vista do bloco seccionado cerâmico (BS) com dimensões de 14 cm x 4 cm x 19 cm
ii) Carregamento
FIGURA 24
Quadro 1 – instrumentação do Ensaio 1
As justificativas, histórico das fixações e detalhes dos ensaios de 1 a 5 no Quadro 1
encontram-se descritas a seguir. Cabe ressaltar que os ensaios de 6 a 9 no Quadro 1 são
ensaios de repetição.
340
FIGURA 25
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 1 (MB / APT)
Nesse segundo ensaio, objetivou-se flexibilizar ainda mais a fiada de respaldo, pois quanto
menor a dimensão do bloco, maior o número de juntas de assentamento, resultando em maior
poder de absorção de movimentações (Thomaz, 1995a).
341
preservado o restante da parede sem fissuras, deformações ou esmagamentos visíveis.
Portanto, retirou-se com o máximo cuidado a fiada de respaldo de modo a não afetar o restante
da parede que pôde ser aproveitada.
Em substituição à fiada de meio-blocos, foram assentadas três fiadas de blocos
seccionáveis cerâmicos de 14 cm (largura) x 4 cm (altura) x 19 cm (comprimento) com furos na
horizontal, resultando 4 juntas de argamassa, sendo as três primeiras de cerca de 1,0 cm e a
de fixação de cerca de 2,0 cm (Figura 26). Ainda visando maior capacidade de acomodação
do respaldo, adotou-se as juntas de 1,0 cm com traço 1: 2 : 9 (cimento : cal : areia, em
volume) e a de fixação com traço 1 : 3 : 12 (cimento : cal : areia, em volume). A argamassa foi
aplicada apenas nas duas paredes longitudinais externas dos blocos.
preenchimento
4 cmc
argamassa “podre” (e = 2 cm)
em cordões 1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
4 cmc
FIGURA 26
Quadro 1 – vista dos blocos seccionáveis na parede do Ensaio 2 (BS / APC)
342
5.7.1.3 ENSAIO 3 - ALVENARIA FIXADA COM MEIO-BLOCOS CERÂMICOS COM FUROS
NA HORIZONTAL E ARGAMASSA “PODRE”
(preenchimento com cordões nas laterais da junta bloco / viga) - MB / APC
Nesse terceiro ensaio, substituiu-se o preenchimento total da junta bloco / viga com
argamassa de baixo módulo recomendado por Sabbatini, 1998 e Souza & Mekbekian, 1996,
pelo preenchimento com cordões da mesma argamassa aplicados apenas nas paredes
longitudinais externas dos blocos. Essa condição foi ensaiada para comparar os dois sistemas
e analisar o que pode ocorrer na fixação de paredes externas de edifícios multipavimentos,
apesar da hipótese inicial considerar paredes divisórias internas.
343
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 27
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 3 (MB / APC)
344
Neste ensaio 4 deixa-se na interface viga – alvenaria uma fresta, a ser preenchida com
espuma de poliuretano. Como esse material oferece menor resistência à compressão, a viga
poderá se deformar mais, transferindo esforços menores à alvenaria. Pretende-se nesse
experimento investigar essa influência, verificando o ganho referente à proteção da alvenaria
contra a deformação imposta da viga superior, em comparação aos casos anteriores
analisados.
345
espuma de poliuretano
(cordões)
1,5 cm*
14,5 cm
14
FIGURA 28
Quadro 1 – vista da junta de fixação a ser preenchida com poliuretano na parede do Ensaio 4
(BIC / EPC)
346
argamassa “podre” (e= 2 cm)
1 : 3 : 12 (cim : cal : areia)
preenchimento em
cordões
FIGURA 29
Quadro 1 – vista da parede no Ensaio 5 (BIC / APC)
i) Carregamento
347
Carregamento 3 - realizado lentamente, sem impactos, com aplicação de carga
somente no meio do vão da viga superior, estando as duas vigas, superior e inferior,
interligadas por barras de aço.
FIGURA 30
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 1
348
b)
Ens
aios
de 1
a9
i)
Cara
cterí
OBS: medidas em metros stica
s
FIGURA 31
dos
Quadro 2 – instrumentação para ensaio em vazio 2
tipos
de
fixaç
ão
ensa
iado
s
349
Q2
blocos da material de espessura da junta
ENSAIOS preenchimento da de interface parede -
fiada superior
de fixação junta entre parede e viga superior
viga superior
E1- CB MB APC j = 20 mm
E2-SB MB APT j = 20 mm
E5-SB BS APC j = 20 mm
E7-SB MB APT j = 20 mm
E9-SB BS APC j = 20 mm
FIGURA 33
FIGURA 33
Quadro 2 – instrumentação do Ensaio 1
Os ensaios de 1 a 5 no Quadro 2 estão embasados nas mesmas justificativas dos ensaios
equivalentes no Quadro 1, assim como seguem os mesmos procedimentos para a execução
das fixações superiores. De forma diferente do Quadro 1 onde, por não ter sofrido dano, a
mesma parede foi aproveitada em todos os ensaios substituindo-se apenas as fixações, para
cada ensaio no Quadro 2 executou-se nova parede. Cabe ainda ressaltar que os ensaios de 6
a 9 no Quadro 2 são ensaios de repetição.
Os ensaios 1 e 3, que utilizaram a barra de ligação entre as duas vigas horizontais (CB),
tiveram como objetivo verificar o comportamento da alvenaria quando submetida a
deformações idênticas dos componentes estruturais superior e inferior (Thomaz, 1990). Os
demais ensaios, ao se retirar a ligação rígida entre as duas vigas horizontais (SB), objetivaram
verificar o comportamento da alvenaria como elemento de transmissão dos esforços recebidos
pela viga superior à viga inferior, o que acabou sendo adotado como padrão para os ensaios
Alguns detalhes dos ensaios realizados no Quadro 2 podem ser visualizados nas figuras
a seguir.
351
viga de reação
barra de ligação
FIGURA 34
Quadro 2 – vista da instrumentação do Ensaio 1 (MB / APC - CB)
FIGURA 35
Quadro 2 – detalhe das rosetas tridirecionais na parede do Ensaio 2 (MB / APT - SB)
352
39 cm 14,5 cm
espuma de poliuretano
(cordões)
FIGURA 36
Quadro 2 – vista da parede no Ensaio 3 (BIC / EPC – SB)
20 mm
14,5 cm
FIGURA 37
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 8 (BIC / APC – SB)
353
4 cm
FIGURA 38
Quadro 2 – detalhe da junta parede – viga superior no Ensaio 9 (BS / APC – SB)
Os resultados detalhados de todos os ensaios realizados estão apresentados nos Anexos B e C e analisados no
capítulo 6.
Uma síntese dos resultados é apresentada a seguir com os valores dos deslocamentos
verticais no centro da viga superior e os das cargas aplicadas, ambos medidos no
aparecimento do dano considerado como crítico à alvenaria (referência explicitada no Capítulo
6) para as duas condições de contorno estudadas, ou seja, deslocamento somente na viga
superior (Q1) e deslocamentos nas vigas superior e inferior (Q2).
Tabela 17
Quadro 1 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
Fixação
Ensaio superior Carga (kN) (flecha)
(mm)
354
– – –
Vazio
Tabela 18
Quadro 2 – Síntese dos resultados
Valores médios
Deslocamento
médio (flecha)
Fixação Carga (mm)
Ensaio
superior (kN)
D12 D34 Dm
Vazio – – – – –
1,28
E5, E9 BS/APC- SB 109,09 1,19 1,23
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25
355
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS
Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos ensaios que compuseram a
parte experimental deste trabalho.
• apesar dos blocos cerâmicos que compuseram os prismas, painéis, paredes, etc,
serem de vedação, apresentaram resistência à compressão comparada à de
blocos estruturais. A média obtida de 11,9 MPa (Tabela 11) é muito superior à
especificada para blocos de vedação por Thomaz, 1995b, cuja resistência à
compressão deve se situar entre 1,0 e 2,5 MPa., porém de acordo com Sabbatini,
1998, que recomenda blocos de maior resistência como um dos fatores que
contribuem para maior capacidade da alvenaria em absorver e resistir às
deformações impostas.
• a resistência à compressão dos prismas ocos, com média de 2,6 MPa na área
bruta (Tabela 10), representou um valor 44% maior que a média de 1,8 MPa
(Tabela 5) apresentada pelos painéis (Pn1A a Pn3A) conforme esperado e de
acordo com Tango, 1990, resultado das relações altura/espessuras diferentes.
356
• a média de 0,19 MPa (Tabela 7) obtida nos ensaios de aderência argamassa-
bloco enquadra-se dentro dos padrões utilizados na prática que é de 0,20 MPa, o
que de acordo com Franco 1998, é fator de distribuição de tensões na alvenaria,
melhorando a capacidade de acomodar deformações.
• os ensaios de resistência à compressão simples de painéis de parede,
demonstraram perfeitamente que a utilização de meio-blocos com furos na
horizontal na fiada de respaldo, cuja média de resistência à compressão é 23% da
média dos blocos com furos na vertical, torna essa fiada um fusível à ruptura. Isto
é constatado claramente ao observar-se que, a tensão de ruptura do painel sem
essa fiada de respaldo (Pn1A a Pn3A) é 80% superior à do painel com esse tipo
de “encunhamento” (Pn1 a Pn3).
357
possível no presente estudo em face das limitações de tempo e dos recursos laboratoriais
disponíveis para o desenvolvimento dos ensaios.
Contudo, apesar da dispersão considerável observada entre os resultados dos ensaios
com fixações semelhantes e o restrito número de ensaios repetidos para os Quadros 1 e 2
(dois para cada tipo, exceto para MB/APC − Quadros 1 e 2, com apenas um ensaio), a análise
será feita com base em valores médios dos resultados obtidos para fixações semelhantes. Esta
análise, mesmo levando em conta as restrições apontadas, permite estabelecer algumas
conclusões, conforme se descreve a seguir, que poderão ser úteis para aplicações práticas, ou
mesmo para orientação de novas pesquisas sobre o assunto.
A análise será feita por comparação para o conjunto de ensaios nos Quadros 1 e 2,
com as juntas de fixação com argamassas consideradas, ou seja, BS/APC, MB/APT, MB/APC
e BIC/APC. Também, estes resultados serão comparados com os referentes à fixação através
de espuma de poliuretano (BIC/EPC).
Denomina-se neste trabalho como “dano crítico” aquele que, ocorrido durante o
ensaio, é tomado como referência para a análise dos desempenhos das diferentes fixações
consideradas.
A avaliação de desempenho das diferentes fixações ensaiadas será feita de forma
comparativa segundo os critérios a seguir descritos e tomando-se como referência o
aparecimento do dano crítico. Serão usadas as seguintes notações: “critérios básicos” (i e ii) e
“critérios de referência” (iii a vi), conforme se descreve abaixo.
Critério: o mesmo do item anterior, pois esta razão corresponde à flecha no centro da
viga normalizada pelo seu vão.
358
xxi) Carga aplicada à viga, para imposição de campo de deslocamento vertical.
Critério: quanto maior a carga aplicada (a ser suportada pelo sistema quadro -
alvenaria), referida ao aparecimento do dano crítico, melhor será o desempenho da
fixação; neste caso, o objetivo é resistir a cargas aplicadas sobre paredes de alvenaria.
Nota: Este critério prevê melhor desempenho para maior flexibilidade, ou seja, para maior flecha
e/ou menor carga. A última asserção contraria o critério (iii) acima exposto, referente à carga.
Nota: este critério prevê melhor desempenho para maior produto “carga x deslocamento”, não
identificando a magnitude das duas variáveis, em separado, conforme estabelecido nos itens i e
iii acima.
Nota: a análise de desempenho das fixações será feita com base no dano crítico, conforme
definido acima, de forma que o critério em questão serve apenas como referência.
Finalmente, os valores de flecha/vão e de rotação obtidos nos ensaios serão
comparados com valores admissíveis especificados na Norma NBR 6118/03 (Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento). Esta norma menciona limites para deslocamentos e
rotações, indicados abaixo, que são valores práticos utilizados para verificação em serviço do
estado limite de deformações excessivas da estrutura, relativos a efeitos em elementos não
estruturais (“paredes”), considerando a situação “após a construção da parede”:
Segundo a norma, deformações maiores que os valores limites podem ocasionar o mau
funcionamento ou danos de elementos que, apesar de não fazerem parte da estrutura, estão a
ela ligados.
Nota: A norma refere-se a rotações nos elementos que suportam as paredes. No caso, as medições
foram feitas na viga superior, que impõe deslocamento à estrutura.
n) Todos os deslocamentos verticais (D1 a D11), medidos ao longo do vão da viga superior, e
as rotações longitudinais, medidas junto a um dos apoios da viga, indicam comportamento
linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura − Gráficos 1 e 2
/ Anexo B.
p) Dessa forma, com base nos resultados do ensaio em vazio, com a imposição de campo
variável de deslocamentos verticais na viga superior do Quadro 1, conclui-se que o
360
comportamento estrutural dessa viga foi adequado, que pode ser considerado elástico
linear.
b10) Descolamento, com formação de fissuras, em geral com abertura máxima de 0,1
mm, ou no máximo 0,2 mm, na interface entre a argamassa e a viga superior, na
região de suas extremidades (Figura 39).
361
FIGURA 39
Quadro 1 – descolamento na região de extremidade (E2 – BS / APC)
FIGURA 40
Quadro 1 – ruptura da argamassa e de alguns blocos de fixação (E2 – BS / APC)
362
FIGURA 41
Quadro 1 – lascamentos em cantos de alguns blocos de fixação (E7 – BIC / EPC)
Observações:
• O descolamento entre a argamassa e a viga superior (b1) ocorreu devido ao
levantamento das extremidades da viga superior, cujos apoios são articulados, porém
com inevitáveis folgas que permitem as movimentações referidas.
• O modo de ocorrência dos danos e de ruptura descritos para os casos BS/APC,
MB/APT, MB/APC (b2), por esmagamento na região central da fixação, está de acordo
com o estado de tensões desenvolvido na parede, predominantemente de compressão,
conforme mencionado no item a retro descrito, e também com a consideração de que a
argamassa e os blocos de fixação são mais deformáveis e menos resistentes que os
correspondentes elementos do restante da alvenaria.
• Para os casos BIC/APC, BIC/EPC (b3), com blocos da fiada de fixação igualmente
resistentes em relação aos demais blocos da parede, ocorreram apenas esmagamento /
lascamento de cantos dos blocos de fixação, notando-se que, no caso BIC/APC, a
argamassa de fixação ficou confinada entre blocos de alta resistência e a viga, o que
deve ter elevado a carga de ruptura dessa argamassa, não atingida nos ensaios.
x) Em todos os ensaios realizados no Quadro 1, com a junta contígua à viga preenchida com
argamassa, foi considerado dano crítico o correspondente ao início do esmagamento dessa
argamassa na região central. Nos casos com junta preenchida com espuma de poliuretano,
o dano crítico foi considerado o início do esmagamento localizado em cantos de alguns
blocos de fixação.
É possível que estes danos iniciais referidos constituam anomalias de pequena intensidade,
que na prática poderiam não ser percebidas pelos usuários ou não lhes causar incômodo.
363
Contudo, seria difícil estabelecer qual o nível de desenvolvimento da anomalia a ser
considerado crítico. Desta forma, decidiu-se, para termos da análise comparativa, definir
como dano crítico o início do esmagamento da argamassa da junta alvenaria – viga
(fixações BS/APC, MB/APT, MB/APC) ou o aparecimento de danos localizados em cantos
de blocos (fixações BIC/APC, BIC/EPC), pois além de indicar níveis de tensão de
compressão elevados, sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma clara e
inequívoca.
Por outro lado, deve-se ressaltar que o descolamento da argamassa de fixação nas regiões
das extremidades da viga, que muitas vezes precedeu o início do esmagamento da
argamassa, não será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil
percepção, foi causado pelo levantamento das extremidades da viga, conforme já descrito.
Este fato, que depende das condições locais das extremidades da viga nos ensaios, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
– – – – 297,62 – – –
Vazio
E1, E8 129,55 [2] 0,69 [2] 1/7203 [2] 5,33 [4] 89,39 [2] 54 [4] 155,23 [3]
MB/APT
E3 MB/APC 94,22 [4] 0,68 [3] 1/7309 [3] 7,22 [2] 64,07 [4] 71 [3] 188,44 [2]
E2, E6 BS/APC 148,66 [1] 1,17 [1] 1/4248 [1] 7,87 [1] 173,93 [1] 158 [1] 233,86 [1]
E5, E9 BIC/APC 121,21 [3] 0,66 [4] 1/7530 [4] 5,45 [3] 80,00 [3] 98 [2] (3)
364
Dm = (D1+D2)/2.
(1) Início do esmagamento da argamassa de fixação (E1, E2, E3, E6, E8) ou de danos em blocos de
fixação (E4, E5, E7, E9).
(2) Vão = 4,97m.
(3) Sem ruptura da argamassa ou de blocos de fixação.
[ ] Indicação de ordem decrescente de valores, excluindo-se os casos BIC/EPC e “Vazio”.
As avaliações são apresentadas a seguir, em ordem decrescente de desempenho, segundo
os vários critérios descritos.
Análise:
• BS/APC apresentou, de forma clara, o melhor desempenho, considerando-se os
ensaios realizados.
• As demais fixações (MB/APT, MB/APC, BIC/APC) apresentaram desempenhos
semelhantes entre si.
• Possivelmente o melhor desempenho do sistema BS/APC, constituído por três
fiadas de blocos de 4 cm de altura, se deva ao maior número de juntas horizontais
argamassadas na fiada de fixação. Este sistema possui duas juntas a mais que os
demais sistemas, que utilizam blocos MB e BIC, e por isso deve ter maior
capacidade de absorção de deformações.
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/7530
a 1/4248, foram suficientes para provocar o início do esmagamento da argamassa
junto à viga.
• Carga aplicada (iii): BS/APC (148,66 kN), MB/APT (129,55 kN), BIC/APC (121,21
kN), MB/APC (94,22 kN).
• Flexibilidade = razão “flecha/carga” (iv): BS/APC (7,87.10-3mm/kN), MB/APC
(7,22.10-3mm/kN), BIC/APC (5,45.10-3mm/kN), MB/APT (5,33.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BS/APC (173,93kN.mm), MB/APT (89,39 kN.mm),
BIC/APC (80,00kN.mm), MB/APC (64,07kN.mm).
365
• Carga de ruptura (vi): BS/APC (233,86kN), MB/APC (188,44kN), MB/APT
(155,23kN)
Análise:
• A fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito melhor que todas as fixações que
empregaram argamassa na interface com a viga superior do quadro, notando-se que foi
atingida flecha, associada ao dano crítico, de 10,84mm, correspondente a 1/458 do vão,
cerca de 10 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BS/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada
(108,99.10-3mm/kN), cerca de 17 vezes maior que a média obtida para as fixações com
junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida para
a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada entre
a parede e a viga, introduz rigidez considerável. Deve-se notar que este material em
estado livre, não confinado, tem rigidez desprezível.
366
(correspondente à flecha de 1,17mm, BS/APC) e as rotações de 54s (MB/APT) a 158s
(BS/APC), conforme a Tabela 19
• Considerando fixações com espuma de poliuretano, na situação de dano crítico, os
valores médios da relação flecha/vão e da rotação foram de 1/458 (correspondente à
flecha de 10,84mm) e 1213s, conforme a Tabela 19
Tabela 20
Quadro 1 - Resumo dos deslocamentos D1 e D2
367
E3 MB/APC 0,76 0,59 1,29
m) Nos ensaios realizados, os máximos deslocamentos verticais atingidos no meio do vão das
vigas superior (carregamento 1), inferior (carregamento 2) e superior e inferior
(carregamento 3) foram em torno de 10,0 mm, o que representa cerca de 1/460 do vão (vão
368
de 4,59 m). A rotação longitudinal máxima no apoio da viga superior foi de cerca de 1200s
− Tabelas 1 e Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
n) Todos os deslocamentos verticais (D1 e D2, na viga superior, e D3 e D4, na viga inferior), e
as rotações longitudinais, medidas junto ao apoio esquerdo da viga, indicam
comportamento linear, com resíduos praticamente nulos na descarga completa da estrutura
− Gráficos 1 e 2 / Anexo C.
369
superior e inferior, através da aplicação de carga concentrada no meio do vão da viga
superior.
Na situação “sem ligação entre as vigas superior e inferior”, foram apenas impostos
deslocamentos verticais na viga superior, também através da aplicação de carga
concentrada no meio do vão dessa viga. Neste caso, a viga inferior sofreu deslocamento
em conseqüência da flexão do conjunto quadro − alvenaria.
As vigas, superior e inferior, são articuladas em suas extremidades.
370
FIGURA 42
Quadro 2 – Fissuras inclinadas na argamassa de assentamento (E6 – BIC / EPC -SB)
371
argamassa “podre”em cordões
FIGURA 43
Quadro 2 – Esmagamento da argamassa de fixação (E8 – BIC / APC -SB)
372
barra de ligação
FIGURA 44
Quadro 2 – Fissura na argamassa entre 1a e 2a fiadas de blocos (E1 – MB / APC -CB)
Observações:
• O descolamento horizontal (b1) junto à viga superior ocorreu, da mesma forma que nos
ensaios do Quadro 1, devido ao levantamento das extremidades da viga, cujos apoios
são articulados, porém com inevitáveis folgas que permitem as movimentações
referidas. Também, os descolamentos da argamassa junto aos montantes laterais
podem ser atribuídos a pequenas movimentações desses montantes, que apesar
estarem travados não foi possível bloqueá-los totalmente.
• O modo de fissuração inclinada na alvenaria (b2) descrito era esperado, tendo em vista
que o estado de tensões na parede é predominantemente de flexão no seu plano . As
fissuras inclinadas, correspondem à efetiva formação de bielas, através das quais a
carga aplicada é transferida aos apoios da viga inferior.
• Os danos (b3) e (b4) ocorreram já no final dos ensaios, quando as fissuras inclinadas,
de modo geral, já atingiam toda a altura da alvenaria, com aberturas da ordem de
0,5mm, ou maiores.
373
Da mesma forma que relatado para o Quadro 1, é possível que estes danos iniciais
referidos constituam anomalias de pequena intensidade, que na prática poderiam não ser
percebidas pelos usuários, ou não causar-lhes incômodo. Contudo, o aparecimento de
fissuras inclinadas foi tomado como dano crítico no âmbito da análise comparativa, pois
indica que o nível das tensões de tração desenvolvidas atingiram o limite de ruptura (no
caso, da argamassa), além do que sua identificação nos ensaios pode ser feita de forma
clara e inequívoca.
Por outro lado, note-se que o descolamento da argamassa junto à viga superior e aos
montantes laterais, que sempre precedeu o início da fissuração inclinada na alvenaria, não
será considerado “crítico”, uma vez que, além de ser um dano de difícil percepção, foi
causado pela movimentação dos perfis metálicos, conforme descrito anteriormente. Esta
movimentação, que depende das condições locais dos elementos do quadro, não
necessariamente ocorre em edificações, em situações reais.
Tabela 21
Quadro 2 – Resumo das principais ocorrências
Valores médios
Carga de
/ÄÐÓÓñÏÄÊ ÅÐ ÅÂÏÐ ÄÓÿÕÊÄÐ ruptura da
Flexibilidade Carga x
Fixação Deslocamento argamassa
D12/carga flecha
Ensaio superior Carga médio D12/vão Rotação (10-3 mm/kN) (kN.mm)
ou de bloco
(kN) (flecha) (mm) (1) (s) de fixação
D12 D34 Dm (kN)
Vazio – – – – – – – 255,10 – –
374
105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923
E1 MB/APC- CB 158 [3] 11,14 [4] 122,85 [4] 180,00 [3]
[4] [4] [3] [3] [4]
109,09 1,28 1,19 1,23 1/3585
E5, E9 BS/APC- SB 138 [4] 11,73 [3] 139,63 [3] 304,54 [1]
[3] [3] [4] [4] [3]
167,97 2,47 1,65 2,06 1/1858
E4, E8 BIC/APC- SB 255 [1] 14,70 [2] 414,88 [1] (2)
[1] [1] [2] [1] [1]
BIC/EPC - CB
E3 j=15mm
177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 1301 60,27 1892,39 (2)
BIC/EPC - SB
E6 j=20mm
163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 2024 104,26 2791,53 (2)
Notas:
Nas considerações acima, tomaram-se os deslocamentos da viga superior (D12)
como referência, já que se trata de analisar a influência de diferentes tipos de
fixação superior. Além disso, deve-se notar que:
375
Essas relações descritas entre os deslocamentos das vigas superior e inferior são
condições que permitem uma comparação razoável entre as fixações referidas.
Análise:
• Deformações da viga com relação “flecha/vão” muito baixas, variáveis entre 1/3923
a 1/1858, foram suficientes para provocar o início da fissuração inclinada na
alvenaria.
376
• Carga aplicada (iii): BIC/APC−SB (167,97 kN), MB/APT−SB (139,93 kN),
BS/APC−SB (109,09 kN), MB/APC−CB (105,00 kN).
• Flexibilidade=razão “flecha/carga” (iv): MB/APT−SB (15,51.10-3mm/kN),
BIC/APC−SB (14,70.10-3mm/kN), BS/APC−SB (11,73.10-3mm/kN), MB/APC−CB
(11,14.10-3mm/kN).
• Produto “carga x flecha” (v): BIC/APC−SB (414,88 kN.mm), MB/APT−SB
(303,65 kN.mm), BS/APC−SB (139,63 kN.mm), MB/APC−CB (122,85 kN.mm).
• Carga de ruptura (vi): BS/APC−SB (304,54 kN), MB/APT−SB (225,35 kN),
MB/APC−CB (180,00 kN).
Análise:
z) Análise dos resultados para a fixação BIC/EPC, com base na Tabela 21.
• Como foi verificado para o Quadro 1, a fixação BIC/EPC apresentou desempenho muito
melhor que todas as fixações que empregaram argamassa na interface com a viga
superior do quadro, notando-se que foi atingida flecha da viga superior, associada ao
dano crítico, de 10,68mm para o ensaio E3 (junta de 15mm), correspondente a 1/430 do
vão, e de 17,06mm para o ensaio E6 (junta de 20mm), correspondente a 1/269 do vão,
cerca de 4 a 7 vezes o valor correspondente para a fixação de melhor desempenho com
argamassa (BIC/APC).
• Observa-se também que a flexibilidade da fixação BIC/EPC é bastante elevada (60,27 e
104,26.10-3mm/kN), cerca de 6 vezes maior em média que as obtidas para as fixações
com junta argamassada. Contudo, é cerca de 3 vezes menor que a flexibilidade obtida
para a viga isoladamente, o que indica que a espuma de poliuretano, quando confinada
entre a parede e a viga, introduz rigidez considerável, da mesma forma como foi
observado para o Quadro 1.
M (D3,D4)
M (D1,D2) 378
FIGURA 45
Deslocamento – Ensaio 3 (BIC / EPC – CB, j = 15 mm)
8,5 %
M (D3,D4) M (D1,D2)
FIGURA 46
Deslocamento – Ensaio 6 (BIC / EPC – SB, j = 20 mm)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
379
test methods for flexural bond strength of masonry – ASTM E 518.
West Conshohocken, 2000.
42. Blocos em carreira. Téchne, São Paulo, n. 64, mai. 2002, p. 30-35.
380
(Relatório n0 20.098).
45. COSTA,M.R.M.M.;FRANCO,L.S.;BARROS,M.M.B.;SABBATINI,F.H.
Desenvolvimento de ensaios para avaliação do comportamento da
alvenaria de blocos de concreto celular autoclavados em estruturas
reticuladas. In: INTERNATIONAL SEMINAR ON STRUCTURAL
MASONRY FOR DEVELOPING COUNTRIES, 5.,1994, Florianópolis, SC.
Anais…Florianópolis: UFSC, 1994.p.11-20.
48. Ligação de paredes com vigas e lajes. Téchne, São Paulo, n. 86, mai. 2004,
p.56-57.
381
52. MASSETTO, L.T.; SABBATINI, F.H. Estudo comparativo das resistências
das alvenarias de vedação de blocos utilizados na região de São
Paulo. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE TECNOLOGIA E
GESTÃO NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS, 1998, São Paulo, SP.
Anais...São Paulo: USP/POLI, 1998. p.79-86.
382
19, jan. 2000
383
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
384
Empacotando Edifícios, v. 2. 1998. 1 Compact Disc.
11. OLIVEIRA JR, V.; PINHEIRO, L.M. Método prático para distribuição das
ações verticais em paredes de alvenaria. In: INTERNATIONAL
SEMINAR ON STRUCTURAL MASONRY FOR DEVELOPING
COUNTRIES, 5. 1994, Florianópolis, SC. Anais...Florianópolis: ANTAC,
1994, p.315-22.
14. THOMAZ, E. As causas de fissuras. Parte 1. Téchne, São Paulo, n.36, p.44-
385
49, set/out. 1998.
ANEXO A
386
ENSAIOS DE COMPRESSÃO SIMPLES
Tabela 1
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 14 17 16 0 2 2 2
18,0 15,0 34 46 40 0 8 4 6
27,0 22,5 50 69 60 0 13 5 9
0 0 8 1 5 20 0 0 0
27,0 22,5 52 68 60 6 12 7 10
36,0 30,0 63 77 70 6 14 8 11
45,0 37,5 75 93 84 6 18 10 14
54,0 45,0 85 107 96 6 21 12 17
0 0 24 17 21 12 1 1 1
9,0 7,5 50 44 47 10 6 2 4
18,0 15,0 61 62 62 10 10 5 8
27,0 22,5 67 77 72 10 13 7 10
36,0 30,0 77 92 85 10 16 10 13
45,0 37,5 83 102 93 10 20 12 16
54,0 45,0 91 112 102 10 22 14 18
63,0 52,5 97 119 108 10 24 15 20
72,0 60,0 103 126 115 10 26 17 22
81,0 67,5 112 136 124 9 29 18 24
126,0 105,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
387
Tabela 2
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 56 45 51 -2 7 7 7
18,0 15,0 86 62 74 -1 12 8 10
27,0 22,5 103 80 92 0 18 10 14
0 0 23 19 21 -1 0 6 3
27,0 22,5 105 80 93 -3 19 10 15
36,0 30,0 127 91 109 -2 24 11 18
45,0 37,5 145 102 124 -2 30 12 21
54,0 45,0 161 113 137 -2 35 13 24
0 0 36 27 32 0 1 7 4
9,0 7,5 89 78 84 -3 13 9 11
18,0 15,0 108 87 98 -2 18 9 14
27,0 22,5 129 99 114 -2 24 10 17
36,0 30,0 144 104 124 -1 30 12 21
45,0 37,5 151 110 131 -1 32 13 23
54,0 45,0 162 118 140 -1 36 14 25
63,0 52,5 176 128 152 -1 41 15 28
72,0 60,0 186 136 161 * 45 16 31
81,0 67,5 198 143 171 * 50 17 34
180,0 150,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
388
Tabela 3
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
9,0 7,5 21 23 22 1 5 9 7
18,0 15,0 26 30 28 0 8 15 12
27,0 22,5 37 53 45 -1 13 19 16
0 0 11 6 9 2 0 10 5
27,0 22,5 40 57 49 0 15 19 17
36,0 30,0 45 67 56 0 18 20 19
45,0 37,5 51 85 68 -1 23 22 23
54,0 45,0 56 97 77 -1 26 25 26
0 0 15 24 20 1 3 11 7
9,0 7,5 35 63 49 0 11 16 14
18,0 15,0 38 69 54 0 14 17 16
27,0 22,5 44 77 61 0 16 19 18
36,0 30,0 50 88 69 -1 22 22 22
45,0 37,5 54 95 75 -1 25 24 25
54,0 45,0 58 104 81 -1 28 27 28
63,0 52,5 63 113 88 -2 31 29 30
72,0 60,0 69 123 96 -2 34 32 33
81,0 67,5 73 132 103 -2 36 33 35
162,0 135,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
389
Tabela 4
Ensaio de compressão simples
Painel Pn4
Data do ensaio: 10/10/03 – Temperatura 22,5 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 265 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 D6 D7 (D4 a D7)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25,0 10,4 22 8 15 1 0 0 4 4 2
50,0 20,8 49 19 34 1 3 3 10 9 6
75,0 31,2 69 30 50 1 6 6 14 13 10
0 0 4 0 2 1 0 0 0 1 0
75,0 31,2 69 36 53 1 4 5 14 15 10
100,0 41,6 89 50 70 1 7 8 19 19 13
125,0 52,1 107 67 87 1 9 11 23 23 17
150,0 62,5 127 85 106 1 13 15 27 27 21
0 0 9 15 12 0 1 1 0 6 2
25,0 10,4 48 40 44 0 2 4 9 10 6
50,0 20,8 68 51 60 1 4 6 14 15 10
75,0 31,2 84 60 72 1 6 9 17 19 13
100,0 41,6 101 70 86 1 8 11 21 23 16
125,0 52,1 115 80 98 1 11 14 25 26 19
150,0 62,5 129 90 110 1 14 16 28 29 22
225,0 93,9 Ruptura (sem fissuração prévia)
390
Tabela 5
Ensaio de compressão simples
Painel Pn1A
Data do ensaio: 13/10/03 – Temperatura 19,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 * * * * 0 0 0
27,0 22,5 * * * * 9 16 13
54,0 45,5 * * * * 17 27 22
81,0 67,5 * * * * 24 35 30
108,0 90,0 * * * * 31 43 37
135,0 112,5 * * * * 39 53 46
162,0 135,0 * * * * 50 67 59
189,0 157,5 * * * * 56 73 65
306,0 255,0 Ruptura (sem fissuração prévia)
391
Tabela 6
Ensaio de compressão simples
Painel Pn2A
Data do ensaio: 14/10/03 – Temperatura 18,0 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 266 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 49 53 51 * 26 4 15
54,0 45,5 75 83 79 * 41 8 25
81,0 67,5 96 105 101 * 54 11 33
108,0 90,0 119 125 122 * 67 16 42
135,0 112,5 141 142 142 * 79 20 50
162,0 135,0 162 159 161 * 90 26 58
189,0 157,5 184 176 180 * 103 31 67
263,0 219,2 Ruptura (sem fissuração prévia)
392
Tabela 7
Ensaio de compressão simples
Painel Pn3A
Data do ensaio: 15/10/03 – Temperatura 18,5 °C
Deslocamentos
Carga Carga Vertical Vertical
Horizontal
(kN) (kN/m) h = 242 cm h =150 cm
Média Média
D1 D2 (D1, D2)
D3 D4 D5 (D4, D5)
0 0 0 0 0 * 0 0 0
27,0 22,5 30 53 42 * 7 7 7
54,0 45,5 60 100 80 * 14 17 16
81,0 67,5 79 130 105 * 20 27 24
108,0 90,0 102 158 130 * 26 36 31
135,0 112,5 122 178 150 * 33 45 39
339,0 282,5 Ruptura (sem fissuração prévia)
393
Tabela 8
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn2A, Pn3A
E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel
Tabela 9
Módulo de deformação longitudinal E
Painéis Pn1 a Pn4, Pn1A a Pn3A
E = tg α.h/APn,l
h = base de medida
APn,l = área líquida da seção transversal do painel
394
ENSAIOS DE CISALHAMENTO
Tabela 1
Painel Pn5
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 18,5 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
10 20 7 52 0,12
20 41 15 111 0,24
30 62 25 172 0,36
40 84 33 234 0,48
50 110 46 311 0,60
60 140 56 390 0,72
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
395
Tabela 2
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn6
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
10 18 5 44 0,12
20 37 9 91 0,24
30 58 14 144 0,36
40 77 22 197 0,48
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
396
Tabela 3
Ensaio de cisalhamento
Painel Pn7
Data do ensaio: 15/10/03 - Temperatura 19,0 °C
Carga ΔV ΔH γ τ
-3 -3 -6
(kN) (10 mm) (10 mm) (10 ) (MPa)
0 0 0 0 0
5 11 0 22 0,06
10 22 3 49 0,12
15 30 7 74 0,18
20 43 12 109 0,24
25 53 16 138 0,30
30 65 19 167 0,36
35 75 24 196 0,42
40 84 30 227 0,48
45 78 40 235 0,54
γ = (ΔV+ΔH)/g (g = 500 mm, base do alongâmetro)
τ = 0,707.P/APn,l
397
398
Tabela 4
Módulo de elasticidade tranversal G
Painéis Pn5, Pn6, Pn7
399
ENSAIOS DE ADERÊNCIA -
ARGAMASSA/BLOCO
Tabela 1
400
ENSAIOS DE COMPRESSÃO - BLOCOS / PRISMAS /
ARGAMASSA
Tabela 1
Resistência à compressão – NBR 7215/96
Argamassa
Tabela 2
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos
Tabela 3
Resistência à compressão – NBR 8215/83
Prismas ocos
401
máxima à
no Altura Largura Comprimento bruta
compressão
(kN)
(h) (b) (l) (mm2) (MPa)
PR 09 395 140 390 110 54600 2,0
PR 10 395 140 390 131 54600 2,4
Data do ensaio: 13/10/03
Tabela 4
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos
Tabela 5
Resistência à compressão – NBR 7184/92
Blocos
402
ANEXO C
403
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 1
Imposição de deslocamento na viga superior
Vigas superior e inferior não interligadas
404
Gráfico 1
Quadro 2 - Ensaio em vazio 1
Deslocamentos verticais da viga
D1 D2
80
70
60
50
Carga ( kN )
40
30
20
10
0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00
Deslocamento (mm)
Gráfico 2
Quadro 2 - Ensaio em vazio 1
Rotações da viga
CL
80
70
60
50
Carga ( kN )
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Rotação (segundo)
405
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 2
Imposição de deslocamento na viga inferior
Vigas superior e inferior não interligadas
406
Gráfico 1
Quadro 2 - Ensaio em vazio 2
Deslocamentos verticais da viga
Gráfico 2
Quadro 2 - Ensaio em vazio 2
Rotações da viga
407
CL
80
70
60
50
Carga ( kN )
40
30
20
10
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Rotação (segundo)
408
Tabela 1
Quadro 2 – Ensaio em vazio 3
Imposição de deslocamento nas vigas superior e inferior
Vigas superior e inferior interligadas através de barras metálicas
409
Gráfico 1
Gráfico 2
410
Tabela 2.1
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB)
Deslocamentos verticais e rotações
411
apresentados no Anexo D.
Tabela 2.2
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB)
Deslocamentos verticais e rotações
412
B - Ruptura de blocos de fixação, na região central.
Nota - Todos os danos ocorridos na alvenaria, durante os ensaios, estão indicados nos desenhos
apresentados no Anexo D.
Tabela 2.3
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm – CB)
Deslocamentos verticais e rotações
413
204,45 12,68 10,26 12,01 12,69 11,47 12,35 11,91 1405
218,08 13,43 10,96 12,78 13,41 12,20 13,10 12,65 1490
231,71 14,10 11,54 13,44 14,03 12,82 13,74 13,28 1561
245,34 14,63 12,04 13,99 14,54 13,34 14,27 13,80 1641
Tabela 2.4
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
414
190,48 2,85 3,14 2,12 1,81 3,00 1,97 2,48 317 A
209,52 3,35 3,75 2,47 2,14 3,55 2,31 2,93 377
228,57 3,80 4,39 2,79 2,44 4,10 2,62 3,36 443
247,62 4,28 5,12 3,10 2,70 4,70 2,90 3,80 493
Tabela 2.5
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
415
90,91 0,96 0,72 1,14 1,14 0,84 1,14 0,99 106
109,09 1,25 0,96 1,43 1,38 1,11 1,41 1,26 131 A
127,27 1,56 1,25 1,75 1,68 1,41 1,72 1,56 168
145,45 1,91 1,52 2,09 1,99 1,72 2,04 1,88 197
163,63 2,28 1,85 2,52 2,38 2,07 2,45 2,26 234
181,82 2,86 2,34 2,95 2,96 2,60 2,96 2,78 285
200,00 3,18 2,65 3,52 3,32 2,92 3,42 3,17 319
218,18 4,39 3,83 4,91 4,60 4,11 4,76 4,43 440
236,36 5,19 4,60 5,77 5,38 4,90 5,58 5,24 518
254,54 6,44 5,83 7,09 6,64 6,14 6,87 6,50 647
272,73 7,85 7,20 8,66 8,04 7,53 8,35 7,94 787
281,82 – – – – – – – – B
Tabela 2.6
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
416
18,18 1,80 1,98 0,08 0,07 1,89 0,08 0,98 207
36,36 4,76 5,11 0,19 0,16 4,94 0,18 2,56 547
54,54 7,81 8,20 0,33 0,26 8,01 0,30 4,15 900
417
Tabela 2.7
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
418
Tabela 2.8
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
419
Tabela 2.9
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC – SB)
Deslocamentos verticais e rotações
420
Tabela 2.10
E1 MB/APC - CB 105,00 1,17 1,27 1,22 1/3923 11,14 158 122,85 180,00
E2 MB/APT - SB 134,40 2,20 1,59 1,89 1/2086 16,37 200 295,68 268,88
BIC/EPC - CB
E3 177,19 10,68 11,49 11,09 1/430 60,27 1301 1892,39 (2)
j = 15mm
E4 BIC/APC - SB 190,48 3,00 1,97 2,48 1/1530 15,75 317 571,44 (2)
E5 BS/APC - SB 109,09 1,11 1,41 1,26 1/4135 10,17 131 121,99 281,82
BIC/EPC - SB
E6 163,63 17,06 1,45 9,25 1/269 104,26 2024 2791,53 (2)
j = 20 mm
E7 MB/APT - SB 145,45 2,14 1,89 2,01 1/2145 14,71 229 311,26 181,82
E8 BIC/APC - SB 145,45 1,94 1,32 1,63 1/2366 13,34 194 282,17 (2)
421
Gráfico 2.1.A
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB) - Deslocamento
160
140
120
Carga (kN)
100
80
60
40
20
0
0,00 0,40 0,80 1,20 1,60 2,00 2,40 2,80 3,20
Deslocamento vertical (mm)
Gráfico 2.1.B
Quadro 2 / Ensaio 1 (MB/APC - CB) - Rotação
422
C1
180
160
140
120
Carga (kN)
100
80
60
40
20
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330
Rotação (s)
Gráfico 2.2.A
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB) - Deslocamento
Gráfico 2.2.B
423
Quadro 2 / Ensaio 2 (MB/APT - SB) - Rotação
Gráfico 2.3.A
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm - CB) - Deslocamento
424
Gráfico 2.3.B
Quadro 2 / Ensaio 3 (BIC/EPC, junta = 15mm - CB) - Rotação
Gráfico 2.4.A
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC - SB) - Deslocamento
425
Gráfico 2.4.B
Quadro 2 / Ensaio 4 (BIC/APC - SB) - Rotação
Gráfico 2.5.A
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC - SB) - Deslocamento
426
Gráfico 2.5.B
Quadro 2 / Ensaio 5 (BS/APC - SB) - Rotação
Gráfico 2.6.A
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm - SB) -
Deslocamento
427
Gráfico 2.6.B
Quadro 2 / Ensaio 6 (BIC/EPC, junta = 20mm - SB) - Rotação
Gráfico 2.7.A
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT - SB) - Deslocamento
428
Gráfico 2.7.B
Quadro 2 / Ensaio 7 (MB/APT - SB) - Rotação
Gráfico 2.8.A
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC - SB) - Deslocamento
429
Gráfico 2.8.B
Quadro 2 / Ensaio 8 (BIC/APC - SB) - Rotação
Gráfico 2.9.A
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC - SB) - Deslocamento
430
Gráfico 2.9.B
Quadro 2 / Ensaio 9 (BS/APC - SB) - Rotação
Gráfico 2.10
Quadro 2 / Ensaio E1, E2, E7 (MB/APT; MB/APC) - Deslocamento médio
D12
431
Gráfico 2.11
Quadro 2 / Ensaio E3 e E6 (BIC/EPC) - Deslocamento médio D12
Gráfico 2.12
Quadro 2 / Ensaio E3 e E8 (BIC/APC) - Deslocamento médio D12
432
Gráfico 2.13
Quadro 2 / Ensaio E5 e E9 (BS/APC) - Deslocamento médio D12
Gráfico 2.14
Quadro 2 / Ensaio E1, E2, E7 (MB/APT; MB/APC) - Deslocamento médio
D34
433
Gráfico 2.15
Quadro 2 / Ensaio E3 e E6 (BIC/EPC) - Deslocamento médio D34
434
Gráfico 2.16
Quadro 2 / Ensaio E3 e E8 (BIC/APC) - Deslocamento médio D34
Gráfico 2.17
Quadro 2 / Ensaio E5 e E9 (BS/APC) - Deslocamento médio D34
435
Gráfico 2.18
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D12
Gráfico 2.19
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D12
436
Gráfico 2.20
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D34
Gráfico 2.21
Quadro 2 / Todos ensaios - Deslocamento médio D34
437