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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1. Risco: noção e tipologia

Risco - Probabilidade de ocorrência de impactos negativos ou positivos nos resultados ou no


capital da organização, resultante de um acontecimento futuro incerto.

Risco Estratégico:

Está relacionado com a estratégia da organização e com o seu meio envolvente, incluindo:

 Risco de estratégia: decisões estratégias inadequadas ou mal implementadas Risco do


meio envolvente: incapacidade de resposta da organização ao meio envolvente
(concorrência, alterações no padrão de consumo e na procura, alterações no contexto
económico, etc.)
 Risco reputacional: perceção negativa da organização, fundamentada ou não, por
parte dos stakeholders (clientes, fornecedores, investidores, etc.)
 Risco regulamentar: alterações legais e regulamentares, que podem resultar em
sanções, na limitação de oportunidades de negócios ou na redução do potencial de
expansão da organização Risco ambiental: impacto ambiental da atividade da
organização

Risco Operacional:

Está relacionado com as atividades operacionais da organização, incluindo:


 Risco dos recursos humanos: incapacidade da organização para atrair, gerir e reter os
recursos humanos necessários à sua atividade e para aumentar a sua produtividade
(recursos humanos insuficientes ou inadequados, desconformidade face a
regulamentos internos, códigos de ética ou de conduta, etc.)
 Risco das infraestruturas e equipamentos: mau desempenho e falta de segurança das
infraestruturas e dos equipamentos (infraestruturas antigas, equipamento obsoleto,
etc.)

Risco Financeiro:

Está relacionado com a gestão financeira da organização, incluindo:

 Risco de liquidez: Incapacidade ou dificuldade da organização em cumprir


atempadamente os seus compromissos financeiros perante terceiros a um custo
razoável (incapacidade ou dificuldade da organização para transformar os ativos em
meios líquidos ou para obter financiamento a um custo razoável)
 Risco de crédito: incapacidade ou dificuldade de terceiros em cumprirem
atempadamente os seus compromissos financeiros perante a organização
(incumprimento ou atraso no pagamento da dívida superior a 90 dias, processo de
insolvência e de recuperação, declaração de falência)
 Risco de mercado: está relacionado com a variação do preço de mercado de
mercadorias, taxas de câmbio e taxas de juro e com o seu impacto nos fluxos
financeiros futuros da organização:
o Aumento dos custos de produção ou redução das receitas de vendas, devido à
variação do preço de mercado das mercadorias
o Variação do valor a pagar/receber por importações/exportações, devido à
variação da taxa de câmbio
o Variação nos valores a pagar/receber por financiamentos/investimentos
devido à variação da taxa de juro

Avaliação do Risco:

Avaliar a exposição da organização ao risco, identificando todos os potenciais riscos que a


organização enfrenta Avaliar cada risco, tendo em conta:

(1) a probabilidade da sua ocorrência

(2) o seu impacto na organização Matriz de probabilidades e impacto


Matriz de probabilidades e impacto

1.2. Processo de gestão do risco

As combinações específicas de probabilidade e impacto que levam à classificação do risco


como mínimo, baixo, moderado, elevado e extremo, são definidos pela organização.

Cada organização tem uma tolerância ao risco que é afetada pelo seu estatuto legal e a sua
cultura

Tratamento do Risco:

Eliminar: visa eliminar a probabilidade de ocorrência do risco e/ou o seu impacto.

Mitigar: visa tomar ações preventivas no sentido de reduzir a probabilidade de ocorrência do


risco e/ou o seu impacto para um nível aceitável

Transferir: visa transferir o risco para uma 3ª parte de forma a que esta fique responsável pelo
impacto do risco.

Aceitar: visa aceitar o risco e as suas consequências, justificando-se quando o custo de adotar
outro tratamento é muito superior ao nível de risco (probabilidade de ocorrência e/ou
impacto)

Para avaliar qual o tratamento mais adequado a cada risco é necessário:

 Avaliar o custo da implementação de cada tratamento


 Comparar o custo da implementação com o custo da não implementação do
tratamento (i.e. o custo de oportunidade)
 Só depois desta análise é possível decidir qual o tratamento mais adequado, sendo
certo que o tratamento do risco adotado deve ser: adequado à importância do risco;
ter um rácio custo/benefício adequado.

Monitorização e revisão do processo de gestão do risco

 Garantir que os riscos são identificados e avaliados de forma eficaz;


 Garantir que os tratamentos adequados são implementados;
 Verificar se os tratamento adotados foram efetivamente eficazes no controlo do risco;
 Tirar ilações de forma a garantir que em futuras avaliações se tomam melhores
decisões.
1.3. Instrumentos de gestão do risco

Instrumentos fundamentais na gestão do risco, especialmente do risco financeiro, são os


instrumentos financeiros derivados.

Um derivado é um contrato entre duas partes para a compra/venda de um determinado ativo


numa data futura.

Características dos derivados: A data de liquidação excede a data de negociação em mais do


que 2 dias úteis O valor de um derivado depende (deriva) do valor de outro ativo (subjacente)
Os derivados são jogos de soma zero: o que uma parte ganha, a outra perde Um derivado não
requer qualquer investimento inicial ou requer um investimento inicial muito baixo

Forwards
• Um contrato forward é um contrato através do qual uma das partes acorda comprar/vender
à outra parte um ativo (o subjacente) a um preço específico (preço forward) numa data futura
específica (data de vencimento). • Os forwards são contratos feitos à medida das necessidades
das partes, no sentido em que todas as condições do contrato são negociáveis.

Futuros

• Um futuro é semelhante a um forward: ambos prevêem a compra/venda de um ativo a um


preço específico numa data futura específica. • Contudo, os futuros diferenciam-se dos
forwards na medida em que são contratos padronizados, negociados em bolsa. • Como tal,
apresentam maior liquidez e menor risco de incumprimento do que os forwards.

Swaps

• Um swap é um contrato através do qual as partes acordam trocar entre si cash flows. A troca
de cash flows ocorre periodicamente ao longo da duração do contrato. • Os swaps mais
comuns são os swaps de taxa de juro fixa por variável, em que as partes trocam
periodicamente juros fixos por juros variáveis durante um determinado prazo de tempo.

Opções

• Uma opção de compra (venda) é um contrato mediante o qual uma das partes garante à
outra parte o direito, mas não a obrigação, de comprar (vender) um determinado ativo
(subjacente) a um preço específico, numa data futura. • Tal direito é garantido mediante o
pagamento de uma determinada quantia no presente.

Derivados transacionados em mercado de bolsa


Contratos padronizados, já que as condições contratuais são definidas pela bolsa onde são
negociados

As partes não transacionam diretamente: a câmara de compensação interpõem-se como


contraparte nos contratos, garantindo o seu cumprimento

Possuem elevada liquidez, sendo possível fechar a posição inicialmente assumida

Derivados transacionados em mercado de balcão (OTC)

São contratos não padronizados, adaptados às necessidade específicas das partes

A negociação dos contratos é efetuada diretamente entre as partes, o que não exclui a
intervenção de intermediários financeiros especializados

Apresentam maior risco de incumprimento face aos derivados negociados em bolsa

• A principal razão para usar derivados é a cobertura do risco de mercado (hedging), embora
os derivados também possam ser usados para especulação e arbitragem.

• Risco de mercado: Probabilidade de ocorrência de ganhos ou perdas resultantes da variação


do preço à vista de um ativo

Exposição ao risco de mercado: Exposição longa ou ativa: Um investidor que detém hoje um
ativo e que pretenda vendê-lo no futuro → sofrerá perdas se o preço à vista desse ativo
diminuir Exposição curta ou passiva: Um investidor que não detém hoje um ativo mas que
pretende comprá-lo numa data futura → sofrerá perdas se o preço à vista desse ativo
aumentar.

• Os derivados permitem reduzir ou eliminar o risco de mercado, pois permitem ao investidor


fixar hoje o preço de venda ou o preço de compra do ativo no futuro.

• Assim, quando se recorre aos derivados com o objetivo de cobertura de risco, procura-se
proteção das variações adversas no preço à vista de um determinado ativo.

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