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“Você já notou como as pessoas lamentam o fato de que muitas vezes os membros da igreja saem ‘pela porta dos fundos’? Elas até
declaram firmemente que a porta dos fundos da igreja deve ser fechada, mas falham em nos mostrar como fechar essa porta ou até mesmo a
localização dela. Algumas igrejas em crescimento podem pensar que sua porta dos fundos está fechada, mas na realidade pode estar
acontecendo simplesmente que mais pessoas estão entrando pela porta da frente do que saindo pela porta dos fundos. Embora seja melhor que
mais pessoas estejam entrando pela porta da frente do que saindo pela porta dos fundos (o que ocorre em alguns lugares), ainda assim queremos
fazer o que for possível para conservar nossos membros.”
“Descobrir qual é a porta dos fundos e tentar fechá-la exigirá estratégias que são, de fato, evangelísticas, visto que nossa missão não
é simplesmente ganhar pessoas para Deus, mas também conservá-las.”
“5. Por que os cristãos devem se reunir regularmente? Quando nos reunimos para a comunhão, temos encorajado uns aos outros?
Como podemos intensificar esse princípio?” ”Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto
mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Heb. 10:25). “Na congregação recebemos orientações e exortações que nos preparam para a volta
de Jesus, e encorajamos os irmãos.”
“A decisão de deixar a comunhão geralmente não é tomada subitamente. Em vez disso, a maioria das pessoas passa por um processo
de afastamento silencioso. Assim como, para elas, aproximar-se de Cristo e da igreja foi uma jornada, o processo de saída é outra jornada. Na
maioria das vezes, o afastamento não é uma estratégia conscientemente planejada. Pouco a pouco, as pessoas começam a ficar desligadas,
desencantadas e insatisfeitas com as coisas na igreja. Talvez, em alguns casos, com razão. Portanto, procuremos estar cientes da jornada dos
que nos rodeiam na igreja.”
“6. Que admoestações podem nos ajudar a manter fechada a porta dos fundos? O que você e sua igreja podem fazer para viver essas
importantes verdades?” “Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso
irmão.” (Rom. 14:13). “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes,
servos uns dos outros, pelo amor.” (Gál. 5:13). “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Efés. 4:32). “Não julgar uns aos outros; não usar a liberdade para pecar; servir aos outros pelo
amor; bondade, compaixão e perdão.”
“Uma igreja carinhosa, que continua cuidando, é um lugar no qual todos estão concentrados em seu relacionamento pessoal com
Jesus. Eles têm um conceito claro do valor que Jesus dá a cada indivíduo. Fechar a porta dos fundos envolve se aproximar das pessoas,
descobrindo suas necessidades, na medida em que elas estejam dispostas a compartilhar, e atender a essas necessidades, quando for
apropriado. Isso é algo que nenhum programa da igreja pode proporcionar. Apenas pessoas amorosas e carinhosas conseguem fazer isso.”
Todas estas e outras razões são explicáveis, mas nenhuma pode ser justificada pela “teologia da fuga”. As relações precisam ser
construídas a partir do alicerce de 1 Co 12.12-31. A menos que seja pregado “outro evangelho” que não seja o de Cristo e haja proibição da
vivência da fé, nada justifica “saídas”.
Além destas razões e justificativas, é necessário que observemos outros aspectos:
1 – Razões que justificam a permanência das pessoas na nossa comunidade.
2 – Qual é o nosso pacto de membresia que desenvolvemos em nossa igreja?
3 – Possíveis soluções a curto, médio e longo prazo.
4 – Como lidar com a transição e mudanças na igreja?
Consolidação
O segredo da multiplicação é fechar a porta do fundo da igreja. Cada líder deve entender que é difícil ganhar e não podemos deixar as
pessoas escaparem facilmente.
"Porta do fundo", como ouvi sobre isto no tempo da estrutura antiga, mas como fechar esta porta? Naquela estrutura era impossível
porque não tínhamos igreja. Era um amontoado de gente que não se importava com ninguém; por mais que falássemos sobre ganhar e cuidar
ninguém entendia o que falávamos, mas na Visão esta unção chegou e estamos lutando muito para que todos entendam que a consolidação é
a chave. Cada líder deve entender que o processo é duro mas é necessário. Consolidar é formar o novo, retê-lo para frutificar, se não retemos é
porque não estamos consolidando corretamente. A Visão no Governo dos 12 é fazer de cada discípulo um líder e de cada líder um discípulo.
O líder não pode aceitar que a pessoa fique na célula sem se envolver. Uma pessoa que não se envolve no discipulado, na escola de
líderes, na celebração etc., não trará frutos, por isso deve ser ensinada e confrontada. A Visão deve ser ensinada nos primeiros contatos da
consolidação, deve ser passada com entusiasmo, alegria e unção. Neste processo é importante olhar o que a pessoa pode ser no futuro e não
o que ela é no presente, é preciso crer que esta pessoa se tornará um grande líder. Jesus não recebeu discípulos prontos, ele teve que consolidar
e discipular cada um deles dando a eles o seu caráter. O líder precisa ter paciência e persistência para formar caráter.
Cada célula, cada ministério deve ter sua equipe de consolidação. O líder deve fazer avaliações constantes de sua liderança na área
da consolidação, da retenção dos frutos, se a célula não reter o que ganha nunca chegaremos à multiplicação. É bom lembrar que por trás do
trabalho existe sempre uma equipe de trabalho, alguns líderes querem consolidar sozinhos e isto não funciona. A Visão é feita por uma boa
equipe, cada líder deve lutar para levantar a melhor equipe. Quando a igreja primitiva ganhava vidas eles mandavam os melhores para consolidar,
os doze também estiveram consolidando até que a igreja fosse formada. Quem não consolida não cresce e a consolidação demanda trabalho e
toda igreja celular precisa assumir a consolidação.
Por que Deus não nos dá mais? Porque não consolidamos o que já temos. Como poderia ser grande nossa igreja, não paro de pensar
sobre isto, no entanto creio que vamos alcançar o impossível.
Cada líder e cada discípulo devem implantar a consolidação como um "estilo de vida". A consolidação não pode ser para a igreja celular
um movimento esporádico, uma campanha, mas sim um estilo de vida. Temos que lutar para retermos 70% dos frutos mês a mês, a consolidação
precisa ser parte da sua vida, as células precisam fazer visitações programadas pois é na visita que o líder sente o ambiente que o discípulo vive
e aprende como ajudar a pessoa de maneira mais efetiva. Não vamos conhecer o discípulo só na célula, no discipulado ou na igreja, precisamos
ir à casa dele. É preciso pagar o preço para reter os frutos. O verdadeiro líder de célula não é egoísta, mas tem o coração nos perdidos. Consolidar
é incrível, quando você começa não quer parar mais, uma boa consolidação traz resultados tremendos e é bom lembrar que se você não for, o
diabo manda os seus consolidadores. Todos nós devemos consolidar e levantar equipes comprometidas.
Oremos ainda mais para que Deus nos conduza em grande triunfo na consolidação para chegarmos à sonhada multiplicação de almas
e células.
Pr. Ari Bento, Missão Carismática templo dos Príncipes (Jundiaí - SP)
Introdução.
É preocupação geral da igreja cristã o fato de que nem todos os seus adeptos são crentes sinceros e fiéis. Os que acabam negando
e, consequentemente deixando a fé são rotulados de apóstatas e assim são vistos por todos.
Assombrando a consciência do líder consciencioso, surge a perturbadora pergunta: “O que eu poderia ter feito para salvá-los”?
Aumenta ainda mais a sua perplexidade o fato de que o índice de apostasia não está diminuindo. Ao contrário, tem extrapolado em
muito as expectativas. Esse resultado ameaça a saúde da igreja como um todo.
A solução. Acabe com a rotina. O índice de apostasia na igreja não é algo que deve perdurar. A apostasia em grande escala não é
inevitável; porém, o número de crentes irregulares pode ser reduzido. Mas como?
A tarefa do evangelista. O evangelista deve integrar o pastor, os anciãos e a congregação local no programa evangelístico. Isso
tornará a transição mais fácil quando o evangelista partir. Há quase 2000 anos esse problema foi detectado na igreja. Diante do tempo decorrido
já podemos considerá-lo quase crônico (I Co 1:11-13).
A parte do pastor e dos anciãos. O pastor e os anciãos devem manter os novos membros integrados ao redil, com o mesmo zelo
como se eles mesmos os tivessem trazido para a igreja. O pastor, bem como toda a liderança deve sempre referir-se ao evangelista como alguém
que entregou aquela congregação com muito amor aos seus cuidados.
E os novos conversos? Novos conversos devem ser integrados com muito tato ao programa financeiro da igreja. Enquanto o dízimo
e as ofertas voluntárias oferecem oportunidade para o desenvolvimento da vida cristã, tempo e tato devem prover uma atmosfera para o
crescimento do crente em outras áreas. Só valorizamos aquilo que de fato, ajudamos a tornar-se realidade (Mt 6:21).
As visitas. As visitas devem ser feitas com o único propósito de manter um contato sistemático com os novos conversos. A maior
queixa entre novos conversos trata do abandono a que são expostos logo após o batismo. Sentem-se desanimados porque não mais recebem
as mesmas visitas de antes. A realidade é que eles precisam, agora, mais daquele contato pessoal do que antes. Este é o nosso calcanhar de
Aquiles e fechar essa fenda estancará o fluxo da apostasia. Só um conselho: não seja extremista (PV 25:17).
Atribuição de responsabilidade. Algum tipo de responsabilidade específica deve ser atribuída aos novos crentes logo depois do
batismo. Nada pode prender mais um novo converso do que um bom trabalho. Um leigo ativo tem pouquíssima probabilidade de se apostatar.
Sugestões. Que tal um ancião dirigir uma classe de estudos bíblicos na igreja às sextas-feiras à noite? Organizando um programa
atraente e bem variado, com testes do tipo verdadeiro ou falso, música especial, exercícios bíblicos, prêmios por presença e pontualidade e, a
cada noite, ensinar uma doutrina da igreja? Certamente isso não só firmará os novos conversos, como também atrairá muitos visitantes.
Sermão cristocêntrico. Finalmente, nada pode fechar a porta da apostasia, com mais eficácia, do que a pregação bíblica
cristocêntrica. Deve-se ter em mente que um sermão é sempre um caminho que conduz a Cristo. Todo sermão deve falar a respeito dEle.
Qualquer outra coisa é palestra. O pregador deveria estar mais preocupado em revelar Cristo às massas do que se fazer compreender pelo
povo.
Impedir a saída daqueles que estão prestes a pular no abismo por causa de suas fraquezas, temores ou desilusões, requer o melhor
de tudo que há em nós. Nada se lucra com lamentações, e nada se ganha em culpar os outros. Somente a ação resoluta e imediata trará
resultados.
Uma alma ganha e perdida é pior do que uma que nunca foi conquistada. Porém, a taxa de apostasia não deve diminuir o entusiasmo
daqueles que trabalham pelos perdidos e os conquistam para Cristo.
Definitivamente, este não é o tempo de parar de batizar porque alguns abandonam a igreja. Ao contrário, tal fato deve contribuir para
melhorar os resultados.
Tampouco devemos nos inscrever na seguinte filosofia negativista: “Se conservarmos o que temos, não será preciso evangelizar os
de fora, para crescermos em número”.
Conclusão.
Os tempos exigem que aumentemos o número de batismos.
Fechemos a porta dos fundos da igreja à apostasia e as “estrelas da alva cantarão juntas e todos os filhos de Deus se rejubilarão” (Jó
387).
Introdução
A presente reflexão diz respeito à porta dos fundos da igreja. Muitas pessoas entram na igreja e muitas pessoas também acabam
saindo. Muito mais agradável é refletir sobre a porta de entrada do que a porta dos fundos. A maior parte dos pesquisadores do crescimento da
igreja analisa as avenidas que dão acesso à igreja. Isso certamente é necessário para se entender o que faz com que as pessoas busquem uma
determinada igreja. Em contrapartida, se não houver um interesse e uma preocupação por parte dos pastores e pesquisadores na área do
crescimento em relação à porta dos fundos, essa busca por crescimento pode ser interesseiro, apenas numérico, tendo o membro como um
número estatístico. Mais cedo ou mais tarde essa pessoa perceberá que não passa de um número a mais ou menos em sua igreja, e assim vai
aos poucos se aproximando da porta dos fundos, para então passar por ela e acabar saindo.
Um pastorado que não busca refletir e entender os motivos que as pessoas possuem para sair da igreja é um pastorado sem a
perspectiva do cuidado. Cuidar é se importar. Se o pastor se importa com as ovelhas, ele certamente proporcionará ambientes para que esse
cuidado pastoral possa existir em sua igreja. Muitos pastores não querem refletir sobre a porta dos fundos porque necessariamente terão que
enfrentar críticas, problemas e opiniões contrárias. Essas pessoas são tidas como anarquistas, desobedientes, insubmissas, não-espirituais e,
por vezes, perturbadoras do ambiente. Sempre temos a tendência de nos afastar das pessoas que são críticas, como de afastá-las do nosso
convívio. Para se estudar a porta dos fundos é necessário então honestidade e transparência. Muitas das críticas e dos motivos que essas
pessoas levantam acabam questionando a liderança pastoral, a estrutura da igreja, sua liderança, as situações conflitivas da igreja e também o
testemunho dos membros.
Esse tipo de reflexão traz um certo desconforto e possíveis irritações. Porém, a motivação aqui exposta não é fruto de amargura,
pessimismo, insucesso, ou coisas parecidas. O que motiva é o cuidado pastoral amoroso para com aquelas pessoas que Deus colocou em nossa
responsabilidade. Devemos ser motivados pelo caráter do Pai que “não quer que nenhum destes pequeninos se perca” (Mt 18:13). Um pastorado
que não se preocupa com a ovelha perdida é uma prova evidente que sua obsessão maior está nos números. Não podemos permitir que o
número das noventa e nove nos leve a ignorar aquela uma que se perdeu. Alguns pensam assim: “ainda me restam noventa e nove”! O que
deve nos motivar a refletir sobre este assunto é o exemplo de Jesus, que pergunta:
Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida,
até encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz:
Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida (Lc 15:4-6).
Possivelmente esse é um dos raros textos em que Jesus nos ensina a contar as ovelhas. Contar não no sentido de apresentar um
relatório no final do ano para as assembléias, comitês e concílios, demonstrando o sucesso pastoral e ministerial. Contar como prova do nosso
cuidado e preocupação para com as ovelhas que saíram do convívio das demais.
A presente reflexão focaliza as causas que levam as ovelhas a se perderem em função das decepções. Quais foram as dificuldades
por elas enfrentadas? Quais são os motivos de suas frustrações e desilusões? Por que as pessoas se decepcionam com suas igrejas? Quais os
principais motivos que levam as pessoas a abandoná-las? Essas são perguntas honestas que não deveríamos ter medo de procurar as respostas.
Hoje existe um grande número de pessoas espalhadas nas cidades brasileiras que se encontram decepcionadas, desiludidas, desapontadas e
desencantadas com a igreja.
A seguir são apresentadas algumas causas que levam as pessoas a ficarem decepcionadas com a igreja. Essas causas foram extraídas
de duas pesquisas.
A primeira, da LifeWay Resarch, que se encontra no site: www.lifewayresearch.com. Trata-se de uma pesquisa nos Estados Unidos
para descobrir porquê as pessoas estão abandonando as igrejas. Esse estudo revela certas tendências que poderão nos auxiliar em relação às
causas, como também em como recuperar as pessoas, na tentativa de reintegrá-las. Para efeito de citação dessa pesquisa, passamos a
denominá-la de LR (LifeWay Resarch).
A segunda trata-se de uma pesquisa que foi fruto de um projeto de pesquisa realizado em uma das disciplinas de Pós-Graduação da
Faculdade Teológica Sul Americana. As pessoas foram escolhidas criteriosamente, levando em conta que deveriam estar fora da igreja no
mínimo de dois (2) e no máximo de dez (10) anos. Exigiu-se também que as pessoas entrevistadas tivessem exercido algum tipo de liderança
em sua igreja. A entrevista consistia de várias perguntas e as mesmas foram gravadas e transcritas, nos dando permissão de citá-las, desde que
omitida as fontes. Para efeito de citação dessa pesquisa, passamos a denominá-la de PL (Pesquisa Londrina).
Dessa forma, as seis (6) causas descritas aqui, que levaram as pessoas a ficarem decepcionadas com suas igrejas, são reais e não
conjecturas; são dados concretos e verdadeiros de pessoas que expressaram seus sentimentos. Não se trata de abstração. É possível que o
grito dessas pessoas possa estar fazendo eco em nossas igrejas. Só quem tem sensibilidade e amor que cuida estará apto para ouvir. Ouvir não
apenas com os ouvidos, mas com o coração quebrantado. Quem tem ouvimos para ouvir, ouça o que essas pessoas estão dizendo da igreja.
Quem não quiser ouvir, o que segue não faz o mínimo sentido, ao contrário, causará desconforto.
6. Membros invisíveis
O desprezo dói muito. “A única expectativa que eu tinha era no mínimo que o pastor da igreja viesse falar comigo, coisa que nunca
aconteceu”, relata essa pessoa (PL). Quem já experimentou o desprezo sabe que é pior do que uma agressão externa. A dor interior é muito
profunda, pois ser desprezado pode implicar também em ser ignorado. Essas pessoas existem, mas se tornam invisíveis. Na pesquisa (LR)
revelou que 16% das pessoas que deixaram a igreja disseram que ninguém entrou em contato com elas depois que saíram e outras 16%
relataram que ninguém parecia se importar com o fato de terem saído.
A porta dos fundos representa um grande desafio para a igreja. Uma grande porcentagem das igrejas possui um comitê de recepção
dos visitantes. Raras são as igrejas que possuem um comitê de integração (medida preventiva de saída) e re-integração dos membros.
Normalmente essa invisibilidade está em torno dos relacionamentos. Isso é expresso no sentimento desse entrevistado: “... eles [pastores]
deveriam repensar a maneira como eles estão vivendo e como a sua igreja está vivendo, de como seus membros estão se relacionando... há
muitos membros de igrejas hoje que não freqüentam porque falta esse relacionamento pastor-membro, membro-membro. Há muitas pessoas
afastadas por esse motivo e quando se afasta ninguém vai atrás”, conclui (PL).
É necessário ouvir as palavras de Lesslie Newbigin, ao comentar João 10, sobre o Bom Pastor, quando Ele chama as suas ovelhas
pelo nome:
Ele chama as suas próprias ovelhas pelo nome. Eu esqueço os nomes das pessoas, e eu sei o que esse esquecimento realmente
significa. Significa que no fundo do meu coração eu estou mais interessado nos programas que estou tentando fazer as pessoas se envolverem
mais do que com as próprias pessoas. Quando você chama uma pessoa pelo nome, isso significa que você se preocupa com a pessoa como
uma pessoa. E nada, além disso, é uma verdadeira reflexão do modo como Deus olha seu povo (1997, p. 14).
Umas da perguntas da pesquisa (PL) foi: “Em relação a sua saída, que expectativas você aguardou da igreja?” Uma pessoa menciona
que quando existe uma ovelhinha que precisa de cuidado, é necessário deixar as outras (noventa e nove) para cuidar dela. Contudo, em relação
a sua igreja, sua expectativa quando se afastou, essa pessoa diz: “... nunca esperei isso da minha igreja porque eu a conhecia. Não, não, em
nenhuma hipótese”. Essa pessoa já sabia de antemão qual iria ser a postura da igreja em relação a sua saída. Seria pelo fato de esse ser o
padrão estabelecido em relação às outras pessoas que também já tinham saído? Ao responder essa mesma pergunta, um outro entrevistado
disse assim: “Nenhuma, nenhuma, eu os conhecia muito bem para esperar alguma coisa deles. O que eu esperava foi o que aconteceu,
falatórios”.
Parece que a pior desgraça é deixar as pessoas no esquecimento, fingir que elas não existem, torná-las invisíveis.
Conclusão
A última pergunta feita aos entrevistados (PL) estava relacionada com um possível retorno dessas pessoas para a igreja. “O que
precisaria acontecer para você voltar ao convívio de sua igreja?” Veja algumas das respostas: “Da igreja que eu fui? Isso eu acho que seria
impossível. Eu não quero. Eu não sinto necessidade... Não tenho interesse que as coisas voltem do jeito que era antes. Aquela lá, não mais”.
Uma outra pessoa disse: “Não tenho vontade de retornar à igreja nem de fazer parte de qualquer igreja”. Na mesma tônica, encontramos outra
pessoa afirmando que “eu não sinto vontade nenhuma... hoje estou muito bem, voltar eu não volto mais... não é uma coisa que me agrada”.
Finalmente, essa pessoa diz que o que precisa acontecer para ela voltar é, em suas palavras, “eu querer”. Mas ela quer? Conclui então, “ai não
vai ser na igreja que eu estava”.
É muito triste entrevistar pessoas que participaram ativamente nas igrejas, professaram sua fé em Cristo, exerceram cargos de
liderança, e que hoje estão fora não só da igreja que freqüentavam, como fora totalmente de qualquer outra. É duro ouvir frases como essas
(extraídas dos entrevistados da PL):
“Não tenho vontade de retornar à igreja nem de fazer parte de qualquer igreja”
“A igreja não me faz falta nenhum um pouco à minha fé”
“Preferi me afastar”
“Como pastor para mim não serve”
“Eu me senti usada”
“Quando se afasta ninguém vai atrás”
“Eu hoje estou muito bem. Voltar eu não volto mais”.
Quais pistas poderíamos destacar nessa reflexão para que se pudesse olhar com mais cuidado a questão dos decepcionados com a
igreja?
1. A fragmentação do campo religioso corrói a noção e conceito de lealdade institucional e denominacional.
2. A cidade, com seu estilo de vida urbano, e especialmente a sociedade secularizada, influencia na evasão do membro da igreja.
3. A perda da legitimidade das denominações, instituições e da própria liderança pastoral contribuem para a evasão dos membros.
4. A conversão não seguida de um discipulado que leve o membro à maturidade cristã propicia a evasão do membro da igreja.
5. A institucionalização despersonalizou o ser humano na medida em que os cânones e regras foram mais enfatizados em detrimento
dos relacionamentos interpessoais. O membro é visto mais como número, especialmente por aqueles que têm no crescimento da igreja sua
obsessão, e não como uma pessoa que tem nome e identidade própria.
6. A disciplina exercida pela igreja quase sempre conduz o membro para fora, em vez de restaurá-lo.
Definitivamente deveríamos nos preocupar mais com o tema dos decepcionados com a igreja, pois muito provavelmente essa é a maior
igreja em quase todas as cidades brasileiras. É a igreja dos que estão fora da igreja. Constituída de pessoas que, passo-a-passo se aproximaram
da porta dos fundos. Ficaram circulando por ali, e sem serem notadas, passaram pela porta, atravessaram a rua, dobraram a esquina e sumiram.
É necessário também reconhecer que para o ser humano, seja ele religioso ou a-religioso, se decepciona muito facilmente. Não é
necessário nenhum grande esforço para que as pessoas fiquem decepcionadas. O melindre infelizmente faz parte da vida. Basta uma palavra
infeliz, um comentário fora de tempo, uma visita não feita, uma data esquecida e coisas do tipo, o ser humano já fica decepcionado e, a partir de
sua decepção, acaba generalizando a sua experiência afirmando que toda igreja é assim, que todo pastor é assim, que todos os evangélicos
são assim. De fato, muitos decepcionados procuram se esconder atrás de alguém, expiando nessas pessoas as suas mazelas. Isso merece uma
pesquisa de campo também.
Essa reflexão nos desafia a olharmos mais cuidadosamente a porta dos fundos da igreja. Cuidar é amar. O amor gera atitude. Os
líderes da igreja são chamados para cuidar do “rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de
Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20:28). Cuidar é fechar a porta dos fundos! Caso contrário, o número dos filhos pródigos
da igreja irá aumentar mais e mais.
Bibliografia
BARRETO, Jonas Mendes. A revitalização da igreja. Belo Horizonte: Ephata, 1999.
BARRO, Antonio Carlos. "O papel do pastor na transformação da sociedade”. In: BARRO, Antonio Carlos e Manfred Waldemar KOHL
(Orgs.). Ministério pastoral transformador. Londrina: Editora Descoberta, 2006.
CAMPOS, Juan Yalico. El discipulado integral desde uma perspectiva cristológica y missionera. Lima: Ediciones Beit Shalom, 2001.
HARRE, Allan F. Feche a porta dos fundos. Editora Concórdia, 2001.
NEWBIGIN, Lesslie. The Good Shepherd: Meditations on Christian ministry in today’s world. Illinois: Willian B. Eerdmans Publishing
Company, 1977.
PROENÇA, Wander de Lara. "Pérgamo: uma igreja sem o propósito da maturidade na Palavra". In: BARRO, Jorge Henrique (Org.).
Uma igreja sem propósitos. Os pecados da igreja que resistiram ao tempo. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
STOTT, John. Extraído de <http://lci.typepad.com/leaders_resourcing_leader/2007/08/john-stott-on-m.html>. Acessado em 09/07/2007,
14h30.
SANTOS, Lyndon de Araújo e Alek Sandro Silva de ANDRADWE. "O cuidador e o fenômeno: perspectivas da prática pastoral hoje”.
In: BARRO, Antonio Carlos e Manfred Waldemar KOHL (Orgs.). Ministério pastoral transformador. Londrina: Editora Descoberta, 2006.
ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. “Até quando Senhor? Aspectos da cultura brasileira que influenciam a atividade pastoral”. Boletim
Teológico nº 03. São Paulo: Sociedade dos Estudantes de Teologia Evangélica, 1984.
Esse artigo é de autoria de Jorge Henrique Barro. Você tem permissão para usar, desde que citada a fonte.