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“PEDAGOGIA INFORMATIZADA”: UMA INTRODUÇÃO

Marciel A. Consani
Regina Maria de Oliveira Ribeiro
Coordenadoria de Educação de S. Miguel

Conceito
O nome “Pedagogia Informatizada” é uma junção de termos que visa, ela própria, induzir a
reflexão sobre as relações entre Tecnologia e Educação.
Usualmente, fala-se em “Informática Educativa”, priorizando-se a Tecnologia, ou melhor, um
elemento por ela englobado: o computador. Como sufixo deste elemento, agrega-se adjetivamente o
aspecto “educacional”, como se este fosse um apêndice que complementa do primeiro.

Histórico
O plano de ação aqui denominado “Pedagogia Informatizada” surgiu para atender uma
demanda relacionada à formação de educadores na região do NAE 10 da Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo, divisão que englobava os distritos de São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo
e Itaim Paulista.
Dentro da perspectiva de otimizar o trabalho já desenvolvido pela PMSP desde 1992, mas que
ainda não havia sofrido a necessária atualização de conceitos e práticas face às novas demandas, a
Coordenação do NAE 10 manifestou a disposição de empreender um processo de reorganização da
informática educativa em âmbito regional.
O processo de formação permanente concebido em 2001 buscou assessoria técnica e
pedagógica para implementar grupos de formação que atendessem um maior número de educadores,
com o objetivo de ampliar os interlocutores envolvidos com o trabalho pedagógico em informática;
fortalecessem o papel dos Professores Orientadores de Informática Educativa – POIE’s como
coordenadores de um movimento de inclusão digital dentro das unidades escolares, onde os Laboratórios
de Informática Educativa pudessem aprimorar-se como espaços efetivos de construção e troca de
conhecimentos, através do trabalho colaborativo entre os educadores de todos os níveis de ensino e
destes com seus alunos.
Após algumas reuniões prévias com POIEs, diretores e coordenadores de unidades, algumas
impressões interessantes foram detectadas:

Impressão manifesta Interpretação objetiva Indicativo Solução prática


“O maior empecilho ao Os educadores Há vários contextos Estabelecer, através da
desenvolvimento do condicionam seus em que se trabalha coordenação, uma
trabalho é a falta de projeto pedagógicos aos pedagogicamente dinâmica de projetos
recursos materiais: recursos existentes, com recursos consistente envolvendo
equipamentos quando deveria mínimos, todo o grupo de
atualizados, acontecer o contrário. dimensionados professores
suprimentos, softwares adequadamente.
educativos.”
“Os POIEs precisam de A integração entre o Os educadores não se A formação tecnológica do
mais cursos de conhecimento sentem seguros em educador deve ser
capacitação em tecnológico e a prática relação aos baseada em aspectos
aplicativos com novos pedagógica ainda não conhecimentos fundamentais do
módulos além dos que se efetivou. adquiridos. Aqui conhecimento, que
foram ministrados.” também, os meios possam ser trabalhados a
(softwares) se patir do viés pedagógico.
confundem com os Saber operar recursos
objetivos. específicos é um aspecto
secundário, pertinente aos
objetivos almejados.
“O suporte técnico é Os educadores Na opinião dos É preciso superar a
deficitário, o ideal seria prefiririam ter alguém educadores existem dissociação entre a
termos sempre um que intermediasse sua dois aspectos bem pedagogia e a tecnologia
técnico à disposição da relação com os recursos independentes e e todos os demais
escola.” tecnológicos. dissociados: o aspectos culturais
“Pedagógico” (que contemporâneos.
eles precisam O computador na escola é
conhecer) e o um artefato tecnológico
“Técnico” que não não um aparato técnico.
precisam.

Convém notar que quarta coluna do quadro acima resume-se idéias que são essenciais na
prática do educador, independente do seu nível de relacionamento com a Tecnologia.
Em outras palavras, um professor da escola pública não precisa — e nem deve — acreditar que a
formação em tecnologia fará dele um técnico, ou ainda, de que ele precisa ser um técnico para trabalhar
eficientemente com os recursos informacionais/comunicacionais.
As análise das informações levantadas junto aos educadores serviu de base para a metodologia
operativa baseada em três pontos básicos, também velhos conhecidos dos educadores:

A. Diagnóstico: viabilizado através de pesquisa com os educadores sobre conhecimento prévio e


auto-avaliação de proficiência na área de informática educativa.

B. Planejamento: elaborado a partir da tabulação/interpretação dos dados levantados pelo


diagnóstico preliminar.

C. Avaliação: realizada pela equipe de informática com base no questionário de avaliação do


curso/auto-avaliação respondido pelos participantes do processo de formação.

Paralelamente ao desenvolvimento de uma sistemática de trabalho, foram também definidas as


diretrizes de trabalho a serem priorizados no plano:

1) Ênfase na formação dos educadores


2) Consolidação do ambiente de Redes Colaborativas
3) Autogestão Técnica
4) Contextualização da tecnologia dentro da escola
5) Opção por sistemas abertos

Definidos temas e abordagens, o passo seguinte foi programar o início das atividades formativas,
concretizadas através de um ciclo de cursos e palestras, cuja temática, dinâmica e conteúdo podem ser
resumidas da seguinte forma:
Cursos – realizados em 2001
 Discussões Pedagógicas - 03 grupos
 Redes Colaborativas - 01 grupo
 Usos da Internet - 01 grupo
 Suporte Local - 02 grupos

Palestras - “Escola Pública, Tecnologia e Comunicação


“Tecnologia Educacional no Curso Superior

A somatória das informações colhidas nos registros dos cursos, reuniões e avaliações, apontou
para uma série de necessidades a serem atendidas na segunda fase do projeto (2002):

 adequação dos cursos à grade horária da Rede Escolar Municipal


 definição do calendário com antecendência
 ampliação dos cursos, em relação à diversidade de propostas e ao número de profissionais
atendidos
 otimização das condições materiais — espaço e equipamento — necessárias aos cursos
 diferenciação dos grupos participantes em função do nível de conhecimento
 ênfase no aspecto prático dos conteúdos trabalhados

Observadas estas necessidades, o planejamento da 2ª etapa do projeto de implantação da


Pedagogia Informatizada no NAE-10 deu origem às seguintes propostas realizadas em 2002. No primeiro
semestre realizou-se o ciclo de palestras As Tecnologias da Informação e Comunicação e o Projeto
Político Pedagógico da Escola e foram oferecidos seis cursos, com carga horária de 16 horas, em três
horários, totalizando 18 grupos em dois ciclos de cursos no período de agosto a dezembro. Cada grupo
era composto de 20 participantes em média, o que possibilitou que um grande número de educadores
tivesse a oportunidade de participar da formação na área da informática.

Palestras
 Sistemas Abertos e Educação Democrática
 Sistemas Operacionais: Windows e Linux
 Configuração de hardware e Software no ambiente escolar
 Planejamento Pedagógico usando as TICs
 Tecnologia na Arte-Educação
 Cinema, TV e Multimídia: o papel educativo da imagem
 Mídia Impressa: a leitura do mundo
 Hipermídia, Internet e Educação

Cursos
 Usos da Internet na Educação I – 04 grupos
 Usos da Internet na Educação II – 02 grupos
 Projetos Pedagógicos em Ambiente de Redes Colaborativas I– 04 grupos
 Projetos Pedagógicos em Ambiente de Redes Colaborativas II– 02 grupos
 Administração de Redes e Sistemas Abertos I – 02 grupos
 Administração de Redes e Sistemas Abertos II – 04 grupos
 Suporte local I – 04 grupos
 Suporte local II – 02 grupos
 Ferramentas pedagógicas I – 06 grupos
 Ações Pedagógicas I – 04 grupos
 Ações Pedagógicas II – 02 grupos

Dentre os aspectos mais enfatizados nas avaliações do processo de formação, destacam-se:


 continuidade da formação em 2003,
 ampliação da oferta de cursos: temáticas, número de participantes,
 organização dos cursos por níveis de conhecimento dos participantes,
 ampliação da carga horária dos cursos,
 distribuição de materiais de apoio – apostilas.

Em 2003, o projeto foi reestruturado de acordo com as avaliações e demanda das escolas da
rede, principalmente a ênfase nas propostas ligadas a Alfabetização e Reorientação Curricular, a
substituição total dos equipamentos administrativos e pedagógicos das escolas de ensino fundamental
com a opção pelo uso do Dual Boot ( Windows e Linux) e acesso à Internet e a transferência de
equipamentos originais das EMEFs para as EMEIs.
A formação atualmente realizada compreende as seguintes ações:

 Encontros periódicos com os POIEs ( Professores Orientadores de Informática Educativa)

 Cursos e Oficinas para todos os Educadores oferecidos pela SME

 Grupos de Estudo por micro-região – encontros quinzenais entre educadores para estudo,
pesquisa e planejamento de atividades.

 Oficinas em continuidade ao processo de formação, com ênfase nas temáticas de Redes


Colaborativas, Internet e Linux.

 Formação com Coordenadores Pedagógicos das EMEIs – Escolas Municipais de Educação


Infantil.

O trabalho na área das TIC’s, com o Projeto Pedagogia Informatizada, está inserido no contexto
mais amplo da formação permanente implementada pela atual Coordenadoria de Educação de São
Miguel, portanto, com seus objetivos e ações voltadas para a construção de uma Educação com
Qualidade Social, em que a escola é aquela que “assegura a todos (educadores e alunos) a formação
cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma,
crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações...” (J.C. Libâneo, 1998).

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