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As Credit Rating Agencies (CRA), ou agências de notação de crédito, são empresas de serviços
financeiros (com fins lucrativos) que se estabeleceram como especialistas na área de pesquisa e
avaliação de crédito, fornecendo conhecimentos especializados e profissionais sobre as capacidades
de uma grande quantidade de investidores de arcar com seus compromissos. A partir da década de
70, em um ambiente marcado pela progressiva liberalização dos capitais, e do consequente aumento
da incerteza dentro do Sistema Financeiro Internacional (SFI), tais agências ganharam cada vez mais
relevância devido à sua expertise em avaliar os riscos crédito. Reduzir a incerteza inerente relativa aos
problemas de assimetria de informação, e evitar o risco sistêmico dentro dos mercados financeiros,
foram tidas como suas principais funções. No entanto, as crises do final da década de 90 e início dos
anos 2000, escancararam a fragilidade de suas análises, e forneceram argumentos para o
questionamento de sua posição singular dentro do SFI. Diante disso, o presente artigo tem como
objetivo apontar as principais críticas feitas à atuação das CRA’s, analisando se existe uma diferença
entre o que elas se propõem e sua atuação de fato. De outro modo, procuro demonstrar em que medida
elas reagiram a tais críticas, defendendo dos ataques publicamente, ou por meio de tentativas de
reestruturação incorporando as sugestões feitas pelos principais órgãos de regulação. Por fim, o
enfoque se dará na sua atuação durante a crise de 2008, conhecida como crise do Subprime, e as
críticas ainda mais robustas que surgiram após tal crise. Tal enfoque se justifica na medida em que
essas agências foram muitas vezes diretamente apontadas como culpadas da crise de 2008, ou ao
menos, de aprofundar seus efeitos deletérios que alcançaram níveis globais.
Porém, esse intenso e crescente fluxo de capitais por todo o mundo foi acompanhado
por um enorme movimento especulativo levando a graves crises financeiras, o que evidenciou
a fragilidade do livre fluxo de capital, e sua consequente desestabilidade no mercado
financeiro. Juntamente com organizações internacionais (OI) como o BIS e os Bancos
Centrais, os Estados foram fundamentais na tentativa de moldar uma nova arquitetura do SFI
durante esse processo de globalização. Dentre tais instituições, as Credit Rating Agencies
(CRA’s), ou agências de classificação de crédito, foram de suma importância na avaliação e
na sistematização dos investimentos, principalmente dentro dos EUA. Posteriormente, devido
à posição norte americana dentro do mercado financeiro internacional, elas foram ganhando
cada vez mais relevância global, assumindo um papel singular dentro do SFI.
As CRA’s são empresas de serviços financeiros que analisam o risco de crédito inerente
a um determinado ativo, ou seja, elas fornecem a um investidor uma estimativa sobre a
possibilidade de não obter o retorno esperado, o risco de default (KERWER, 1999). Tais
agências definiram o chamado credit rating como opiniões sobre a qualidade do crédito e a
solvência dos diversos atores e instituições. Apesar de haver algumas diferenças nas escalas
de classificação de crédito, todas elas representam um índice e não um valor absoluto, ou
seja, apresentam apenas medidas de referência em relação ao cumprimento das obrigações
por parte dos agentes. Assim, essas classificações não fornecem o quanto um ativo é
mais/menos arriscado, nem mesmo qualquer tipo de probabilidade de default. De uma
maneira geral, é necessário entender que as notações feitas por parte das CRA’s medem o
“risco de crédito”, não determinando nem preço dos ativos, nem mesmo fazendo indicações
sobre ativos.
Bone (2006) afirma que a assimetria de informação faz com que os diversos investidores
não tenham incentivos para anunciar seus problemas financeiros ou lucros, pois podem ser
penalizados na captação desses recursos pelo risco moral. Tais agências alegam que seu
objetivo é refletir sobre a realidade financeira dos agentes e avaliá-los. Sabendo que esse tipo
análise é custosa, e que uma CRA se financia cobrando por tais serviços, elas não seriam
incentivadas a maquiar, ou omitir, a situação financeira dos agentes, pois correria o risco de
perder credibilidade. Dentre os diversos custos, tal processo se faz não só pela avaliação em
si e seu processamento mas, também, pelo monitoramento do desenvolvimento da situação
financeira dos agentes (a vigilância) (BONE, 2006). Somados a esses motivos, o mercado
sustenta a existência e a funcionalidade dessas agências pelo fato delas conseguirem traduzir
toda a informação, quantitativa e qualitativa, em um escala clara e simples, facilitando a
comparação para o investidor.
Reduzir o risco em suas transações passou a ser um dos principais objetivos dos atores
privados e públicos. Logo, as avaliações feitas pela CRA’s, assim como sua capacidade
regulatória, passaram a ser cada vez mais importantes dentro do SFI. Combatendo o
problema das assimetrias de informação e a exposição dos investidores ao risco, as CRA’s
fizeram com que tais investidores pudessem ter maior acesso aos mercados financeiros
internacionais. Dessa forma, é importante frisar que na medida em que as CRA’s ganharam
credibilidade, elas foram construindo uma reputação de “especialistas” nas avaliações de risco
de crédito.
Para abordar sobre o papel real das agências de classificação de crédito dentro do
SFI, e como, a partir das críticas recebidas, elas reagiram e por diversos meios se
reestruturaram dando um novo fôlego à indústria do rating, divido o artigo em quatro seções.
Na primeira seção, aponto algumas das principais abordagens téoricas sobre o impacto
econômico das agências de classificação de crédito no sistema financeiro. Meu intuito é
1 Apesar de existirem diversas agências de avaliação de risco de crédito, este artigo concentra-se nas
três maiores delas: a Standard & Poor, Moody’s e Fitch. Somadas, tais agências dominam mais de 90%
do mercado global de análise de crédito, e consequentemente, são consideradas as mais influentes no
SFI, conhecidas como the Big Three.
demonstrar como a literatura analisa a atuação das CRA’s creditando a elas desde uma
função meramente endógena no fornecimento informações ao mercado, até mesmo, funções
mais ativas como establecendo padrões e funções de vigilância no mercado. Já na segunda
seção, faço uma análise histórica das atuações das agências de classificação desde as crises
financeiras do final da década de 90. Desse modo, pretendo contextualizar como tais agências
têm gannhado cada vez mais evidência devido a uma série de atuações questionáveis nos
diversos períodos de crise que se desenrolaram desde a crise asiática. Na última seção, faço
uma breve descrição do que foi a Crise de 2007/2008, assim como da atuação das CRA’s
nesse momento específico. Foco deste trabalho, tal crise demonstra o auge das críticas feitas
às agências de classificação. Apontadas como causadoras, ou pelo menos, culpadas por
potencializar os efeitos da crise, as CRA’s foram veemente questionadas, e
consequentemente, cresceram as demandas por maior regulação e responsabilidade por
parte delas. Por fim, concluo afirmando que os diversos momentos de crise foram importantes
para que se pudesse compreender o papel singular das CRA’s. Mais que meros fornecedores
de informações, suas classificações não são meras “opiniões” como elas defendem. Ao
contrário, tais atores possuem um papel ativo na formação de condutas a serem seguidas
pelo mercado financeiro através de diversas formas de atuação.
A literatura que aborda o papel e o impacto econômico das CRA’s no mercado, parte do
pressuposto de que as agências de classificações são instituições influentes que impactam
na própria sobrevivência dos investidores, influindo tanto no seu acesso aos mercados de
financiamento, quanto nos custos de financiamento. De outro modo, existe um intenso debate
se elas realmente possuem valor informacional, ou seja, se elas se antecipam ao mercado,
na tentativa de prever mudanças, ou simplesmente elas seguem o mercado reagindo aos
eventos que ocorrem, ao invés de antecipá-los. Portanto, considerando que elas possuem tal
capacidade de influenciar o mercado, suas opiniões, assim como suas classificações, são
importantes para a estabilidade financeira. Porém, se elas apenas reagem aos eventos que
ocorrem no mercado, elas não teriam relevância informacional prática (KIFF, NOWAK E
SCHUMACHER, 2012).
Três teorias se propõem a explicar a capacidade das CRA’s de agregar valor aos
mercados, assim como as formas pelas quais elas exercem sua influência (KIFF, NOWAK E
SCHUMACHER, 2012). A primeira visão foca na atuação das CRA’s através da prestação de
serviços informacionais. Nesta, as agências de classificação intermediam as assimetrias
informacionais entre os emissores e os investidores, gerando informações e fornecendo um
título de reputação. Em segundo lugar, está a função de certificação. Esta tem seu enfoque
no papel das agências como fornecendo serviços de certificação. Os ratings são utilizados
como ferramentas de gerenciamento de risco, assim como, utilizadas como mecanismos de
regulação. Por último, existe uma literatura que analisa o fornecimento de serviços de
monitoramento por parte dessas agências. Ao fornecer uma estrutura de monitoramento para
o processo de emissão de um ativo e do respectivo investimento nele, as classificações
acabam por padronizar as ações dos agentes no sistema financeiro, e ajudando os
investidores no processo de comparação do risco de crédito (DITTRICH, 2007).
Além dessas vertentes, uma terceira teoria sobre o papel das CRA’s tece uma análise
baseada nos serviços de monitoramento que essas agências promovem. Boot, Milbourn e
Schmeits (2006) apontam que uma importante função das agências de classificação de
crédito é a de serem monitoras e provedoras na coordenação de crenças entre os agentes do
mercado, influenciando-os a tomar decisões corretivas a partir dos seus serviços de contínua
observação. Como a mudança na qualidade de crédito do emissor é observada por todos
agentes do mercado, as CRA’s não forneceriam nenhum serviço informativo de fato, mas sim,
seu valor derivaria, principalmente, de sua função de monitoramento através dos seus
mecanismos de vigilância de crédito (KIFF, NOWAK E SCHUMACHER, 2012).
Booth, Milbourn e Schmeits (2006) apontam que as classificações de crédito servem como
um mecanismo de coordenação em situações em que múltiplos equilíbrios podem ser obtidos
(SANGIORGI E SPATT, 2017). As CRA’s fornecem um "ponto focal" para as empresas e
seus investidores, e exploram a relação contratual implícita entre uma agência de
classificação de crédito e uma empresa através de seus procedimentos de vigilância de
crédito. Dessa forma, as classificações de crédito podem ajudar a fixar o equilíbrio desejado
coordenando as crenças dos investidores (RYAN, 2012; SANGIORGI E SPATT, 2017) e,
como tal, desempenham um papel economicamente significativo ao selecionar uma alocação
de capital mais eficiente (DEB ET AL, 2011; KIFF, NOWAK E SCHUMACHER, 2006). De outra
forma, os autores demonstram que, ao sinalizar um possível rebaixamento futuro do rating
por meio de um anúncio de 'previsão negativa' ou 'observação de crédito', as CRA’s
incentivam um emissor a tomar certas ações que podem servir para melhorar sua
credibilidade. Na medida em que os investidores respondem às mudanças de ratings
ajustando seus portfólios, tal anúncio carrega a ameaça implícita de que a falta de ação
reduzirá seu acesso ao financiamento no futuro (DEB ET AL, 2011; MARANDOLA E
SINCLAIR, 2014; RYAN, 2001).
Para tentar analisar a atuação das agências de classificação nos mercados financeiros,
assim como suas limitações, nas seguintes seções analiso três momentos em que as CRA’s
foram colocadas à prova: A crise financeira asiática do final dos anos 90; as crises das
grandes corporações no início dos anos 2000; e de forma particular, a Crise de 2007/2008.
Apesar desses momentos representarem desafios à atuação das agências, resultando em um
intenso interesse no desenvolvimento e na regulação da indústria do rating, as CRA’s
continuaram crescendo e se expandindo por todo o globo. Receitas crescentes, aumento do
seu escopo de atuação, e uma maior inserção no mercado financeiro, demonstram que, ao
invés de limitar seu crescimento, as reações aos momentos de crise, foram fundamentais na
reestruturação das agências de classificação e na manutenção do seu crescimento.
Tendo uma repercussão a nível mundial, a crise financeira asiática foi certamente um
dos eventos mais graves ocorridos no final do século XX no âmbito político-econômico.
Juntamente com a crise do México em 1994-95, a crise asiática foi significativa para as CRA’s
pois, não somente questionou sua credibilidade, como também, ameaçou a sua legitimidade
(BAHENA 2010; KERWER 2001; SINCLAIR, 2005). Tal crise começou em julho de 1997 na
Tailândia. Um pânico se disseminou no mercado financeiro tailandês, se espalhando por
Cingapura, Filipinas e Malásia. Já no final de outubro de 1997 esse pânico contaminou
também Hong Kong, Indonésia e Taiwan. Posteriormente, acabou afetando o Japão, e de
forma grave, em dezembro do mesmo ano, a Coreia do Sul. A gravidade da crise asiática se
deu por seu impacto a nível global, “contaminando” o Brasil e a Rússia, e até mesmo
perturbando o mercado de ações europeu e norte-americano2.
Tendo em mente que tal crise de confiança provocou uma queda na bolsa de valores
dos países asiáticos, e do desenvolvimento de uma crise financeira que logo se tornou uma
crise econômica (neste caso, cambial) tendo ressonâncias no mundo todo (CANUTO, 2000),
nos resta a seguinte pergunta: Qual culpa foi atribuída às agências para que se questionasse
2 Para saber mais sobre a crise financeira asiática e seus desdobramentos, ver Canuto (2000).
até mesmo sua legitimidade? O enorme movimento nos spreads3, causou uma queda do
preço dos títulos, impactando de maneira significativa a bolsa de valores dos países asiáticos,
que também se viu em queda. Em meio a toda essa situação, num prazo de tempo curto, as
duas principais agências de rating, a S&P e a Moody’s, rebaixaram a nota da Tailândia. Em
meio a esses rebaixamentos, os detentores de títulos não tiveram outra escolha a não ser
instruir os gestores a vender seus títulos, mesmo em más condições de mercado (SINCLAIR,
2005).
Após as enormes perdas, não faltaram críticas às agências. Acusadas de fazer uma
análise inadequada em relação aos rebaixamentos de Coreia do Sul, Malásia e Tailândia, os
investidores afirmaram que as CRA’s não haviam cumprido seu papel, ou não precisariam ter
ajustado suas classificações de maneira tão severa e em tão pouco tempo, acelerando a fuga
de capitais (KERWER, 2005). Assim, “a percepção do mercado era que as agências de rating
mantiveram suas classificações na crise e depois rebaixaram demais” (SINCLAIR, 2005, p.
162. Trad. nossa). Diversas outras críticas direcionadas às agências foram feitas a respeito
da falta de conhecimento da política asiática; o porquê das CRA’s serem boas em suas
classificações nos EUA, mas não na Ásia; se tais agências, e seus escritórios locais tinham
recursos suficientes para lidar com esse nível de trabalho tão distinto dos quais elas estariam
acostumadas; entre outras.
De maneira geral, as CRA’s foram acusadas de não terem previsto a crise, e ao mesmo
tempo, ao atuar durante ela, de agravarem seus efeitos ao rebaixarem os países em meio à
turbulência financeira (DE HAAN e AMTENBRINK, 2011). Isso suscitou, também no meio
acadêmico, a discussão sobre qual responsabilidade poderia ser atribuída a elas. Em seu
artigo, “The Procyclical Role of Rating Agencies: Evidence from the East Asian Crisis”, Ferri,
Liu e Stiglitz (1999) demonstraram que as CRA's agravaram a crise do Leste asiático, posto
que elas teriam adotado uma posição muito conservadora ao terem falhado em prever a crise;
3 Spreads são a diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) de uma ação, título ou
transação monetária.
elas rebaixaram alguns países do leste asiático mais do que seria necessário e justificável
economicamente. Ao terem feito isso, elas agravaram a situação desses países com o
chamado "comportamento pró-cíclico". Seguindo a mesma linha de raciocínio, Langohr e
Langohr (2008) também apresentam evidências de um comportamento pró-cíclico por parte
das agências de rating e que foram responsáveis por agravar a crise. Sobre esse
comportamento das agências, eles afirmam,
Por outro lado, apesar dos autores trazerem evidências de que existe um
comportamento pró-cíclico por parte das agências de rating, e o FMI salientar a possibilidade
das agências influenciarem nos ciclos boom-bust, existe uma certa discordância sobre o
assunto. Mora (2006) diverge dessa posição de que as CRA’s agravaram a crise asiática
devido ao rebaixamento excessivo nas suas classificações. A autora contesta o argumento
de Ferri et al (1999) de que “as agências de notação de crédito têm um forte impacto nas
expectativas do mercado, prejudicando os fundamentos macroeconômicos de um país e
agravando crises” (MORA, 2006, p. 2061, trad. nossa). Sugerindo uma visão mais cautelosa,
a autora afirma que existe pouca evidência para as classificações serem consideradas
excessivamente conservadoras durante a crise. De outra forma, ela sustenta que as
classificações são influenciadas por diversos outros fatores, o que tornaria a evidência Ferri,
Liu e Stiglitz (1999) questionável.
Já o início dos anos 2000 ficou marcado por episódios de falência por parte de grandes
corporações. Em 2001, a falência de grandes companhias energéticas norte-americanas
como a Pacific Gas & Eletric e a Enron Corporation; e também, em 2002, as falências das
gigantes das telecomunicações, a WorldCom, Global Crossing e a AT&T Canada, provocaram
uma enorme repercussão nos EUA (KATZ, MUNOZ e STEPHANOU, 2009; LANGOHR e
LANGOHR, 2008; SY, 2009). No caso europeu, foi a quebra da Parmalat, em 2003, que ligou
o sinal de alerta sobre as falhas financeiras e o desempenho das agências de rating. Além de
problemas relacionados às grandes corporações, crises financeiras por parte dos emissores
soberanos, não deixaram passar em branco mais críticas à atuação das CRA’s, como no caso
do colapso argentino em 2001. Acusadas por sua lentidão, e por não anteciparem tais crises,
as CRA’s passaram por novos escrutínios, o que teve reflexos claros na regulação da indústria
do rating (KATZ, MUNOZ e STEPHANOU, 2009).
Talvez o episódio mais emblemático destacado pela literatura seja o caso da Enron
Corporation em novembro de 2001. No início do ano a capitalização da Enron no mercado
girava em torno de US$ 62,5 bilhões; já no final do mesmo ano, início de 2002, as ações da
empresa entraram em queda livre valendo apenas alguns centavos (SINCLAIR, 2005; 2010).
Procedimentos internos à empresa ocasionaram tais problemas, como manipulação de
balanços, fraudes fiscais e contábeis, feitos e encobertos pela auditoria da empresa, de sorte
a esconderem o enorme rombo que a empresa possuía. A falta de transparência nos balanços
da empresa começou a gerar dúvidas e questionamentos a respeito da sua saúde financeira.
Até mesmo analistas financeiros tinham dificuldade em compreender a situação financeira da
Enron.
Apesar dos reflexos no mundo todo, cometer equívocos e trazer prejuízos a países
emergentes, como no caso da crise asiática, era um problema; porém, falhar novamente,
agora dentro dos EUA, e trazer prejuízos imensos para o povo norte-americano significava
algo a mais. Por isso, a SEC atacou severamente as CRA’s e exigiu maior “responsabilidade”
por parte delas. Exigiu, do mesmo modo, mais transparência sobre o modus operandi das
agências, buscando entender qual seu impacto real nos mercados, e a necessidade de uma
maior supervisão por parte da própria SEC (SINCLAIR, 2005). Mais importante ainda, foi a
“descoberta” pública da designação NRSRO; o que a chamou a atenção do Congresso norte-
americano. Na sequência dos acontecimentos pós falência da Enron, o público (mídia e o
Congresso) questionou a morosidade das CRA’s em definir a condição financeira da Enron
como vulnerável (WHITE, 2009a; 2009b; 2010b). Na visão de White (2010a), o sistema
NRSRO era “anticoncorrencial”, na medida que fortalecia o oligopólio da indústria do rating, e
deixava as agências mais complacentes. Assim, as CRA’s relaxaram no seu desempenho,
refletindo os efeitos das barreiras regulatórias à entrada (HILL, 2004). Frente a tais problemas,
foram suscitadas diversas respostas políticas a respeito da lentidão na atuação das agências.
Dentre as principais medidas, estão as tentativas de facilitar a entrada de novas agências no
sistema NRSRO, limitar os problemas de conflitos de interesse, e aumentar a transparência
nos processos de classificação (SY, 2009; WHITE, 2010b).
A nova lei estabeleceu um novo processo para se reconhecer uma agência de rating
na categoria, assim como critérios a serem seguidos (KATZ, MUNOZ e STEPHANOU; 2009;
KING e SINCLAIR, 2003; MARANDOLA e SINCLAIR, 2014; SY, 2009; WHITE, 2010b). De
certo modo, a CRARA delegou uma autoridade de regulação à SEC sobre as agências de
rating em diversas áreas, porém também circunscreveu sua jurisdição, dando poderes
limitados para supervisioná-las (HUNT, 2008; WHITE, 2010a; 2013). Apesar das tentativas de
melhorar a regulação da indústria do rating, ela acabou por não ser efetiva. O principal objetivo
da lei de 2006, o de ampliar a indústria e reduzir o poder de oligopólio das principais agências,
não surtiu efeito algum. Mesmo adicionando novas agências na designação de NRSRO, elas
não conseguiram alcançar o escopo global e a estrutura das principais CRA’s, atuando
apenas a nível local e regional. A falta de transparência por parte das agências de rating ainda
continuou sendo um grande problema, devido à complexidade dos modelos estatísticos,
assim como das decisões tomadas internamente pelas agências. Frente a isso, as CRA’s
enfrentaram uma nova onda de críticas, e se tornaram alvos dos holofotes do público em
geral. A crise financeira de 2007/2008, que se tornou global pelos seus reflexos, seria
amplamente deduzida da conta das agências de notação (MATHIS, McANDREWS e
ROCHET, 2009).
Mesmo o período de 2002 a 2008 se caracterizando por uma ampla expansão das
CRA’s, principalmente fora dos EUA, elas continuaram sendo alvo de crescentes críticas por
parte tanto de governos nacionais, quanto de agentes do setor privado. O ápice dessas
críticas ocorreu durante a crise econômico-financeira de 2007-08, conhecida como “crise do
Subprime”. A falência do banco Lehman Brothers, e o consequente efeito dominó que atingiu
diversas grandes instituições financeiras, como as companhias
de crédito financeiro imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, fizeram com que o governo dos
EUA tomasse medidas para salvaguardar tais instituições. Nesses termos, as altas
classificações atribuídas pelas CRA’s a essas instituições no momento da crise provocaram
uma série de críticas, agora de maneira mais severa (HUNT, 2008).
Grande parte dessas críticas se pautou no argumento de que tais classificações de
crédito eram de certa forma exageradas, dado que tais produtos financeiros não possuíam tal
nível de confiabilidade, com o que contribuíram para a turbulência que culminou na crise de
2008. Diversos relatórios sobre a crise apontaram que as altas classificações atribuídas pela
CRA’s em relação aos novos instrumentos financeiros, auxiliaram no comportamento dos
investidores, incentivando-os a comprar esses instrumentos, “quando os instrumentos
começaram a parecer muito mais arriscados do que os investimentos tradicionais com ratings
em si” (HUNT, 2008, p.4, trad. nossa).
Para compreender o papel das agências de rating na crise de 2007/2008, assim como,
as críticas que viriam a recair sobre elas, é necessário entendermos um pouco do que foi essa
crise efetivamente. Longe de ser facilmente explicada, tal crise foi alvo de intensas análises e
um incessante debate. O surgimento de novos produtos financeiros, somados à própria
complexidade do sistema financeiro e bancário norte americano, dificulta a tarefa de resumir,
em poucas palavras, o que foi a chamada “crise do subprime”. Apesar dessa dificuldade,
tentarei resumir, de forma geral, o que foi essa crise e qual foi o papel das CRA’s nesse
contexto.
A crise de 2007/2008 ficou conhecida como “crise do subprime” devido à sua origem no
mercado imobiliário (de hipotecas) norte americano, sobretudo, no segmento denominado
subprime, tido como de alto risco (CARCANHOLO et al, 2008; FARHI, et al, 2009). Porém, tal
crise adquiriu proporções incalculáveis até se tornar uma crise sistêmica, sendo seu auge, a
falência do banco de investimentos Lehman Brothers em 2008. Ela foi tal impactante que até
mesmo colocou em xeque a arquitetura financeira internacional, demonstrando as limitações
do sistema de regulação e supervisão bancária e financeira existentes (FARHI et al, 2009). A
crise de 2007-2008, devido ao papel das inovações financeiras, como os derivativos de crédito
e os produtos estruturados, cujo lastro se dava pelo crédito imobiliário, multiplicaram e
redistribuíram por todo o mundo os riscos decorrentes deles (FARHI et al, 2009). A
disseminação da crise, que começou em um segmento de mercado relativamente pequeno,
tem suas raízes no processo de securitização de créditos e no desenvolvimento de novos
instrumentos e produtos financeiros (DE FREITAS E CINTRA, 2009).
Dois fatores foram responsáveis por transformar uma crise de credito clássica em uma
crise financeira e bancária de repercussões internacionais: incertezas acerca da situação real
dos balanços dessas instituições de investimento culminaram em um congelamento dos
mercados interbancários; ao mesmo tempo, as autoridades monetárias flexibilizaram suas
exigências aceitando qualquer valor (colateral) como garantia. Afim de evitar o risco
sistêmico, e na tentativa de gerir os riscos, os bancos buscavam maneiras diferentes de retirar
tais riscos de crédito de seus balanços e torná-los mais líquidos. Para isso, eles passaram a
se utilizar de inovações financeiras para alavancar suas operações, mas sem ter a
necessidade de manter reservas de capital impostas pelos acordos de Basileia (DE FREITAS
E CINTRA, 2008). A viabilidade dessa estratégia só se tornou possível pois, existiam agentes
que estavam dispostos a assumir tais riscos frente a um retorno elevado – tais agentes eram
instituições financeiras que formaram o conhecido “shadow banking system”4 (FARHI ET AL,
2009).
Desde as crises do início dos anos 2000, os bancos vinham buscando novos ativos para
negociar. O mercado imobiliário, aquecido pelo aumento do preço dos imóveis, foi a alternativa
escolhida por meio de novas hipotecas, ampliação de crédito ao consumidor e
refinanciamento de antigas hipotecas (DE FREITAS E CINTRA, 2009). Utilizando-se desses
refinanciamentos, houve um boom nos níveis de endividamento e investimentos no mercado
imobiliário por parte das famílias, consequentemente, isso gerou numerosos lucros para os
conglomerados financeiros. Por meio de transações que excluíssem o risco do seu balanço,
Tais ativos eram instáveis à medida que replicavam os riscos, assim como os retornos
dos ativos originais, mas sem necessariamente possuí-los. Isso é possível pois, esses ativos
“negociam compromissos futuros de compra e venda de ativos, mediante o pagamento de um
‘sinal’ o que abre a possibilidade de vender o que não se possui e/ou comprar o que não se
deseja possuir” (FARHI ET AL., p.137, 2009). Assim, o mercado, tomado por produtos
financeiros complexos, reduziu a aversão dos agentes (bancos, investidores, famílias) pelo
risco. Cada vez mais as instituições financeiras passaram a oferecer produtos mais atrativos,
que traziam maiores rendimentos, mas ao mesmo tempo, possuíam menores classificações
e qualidade (que não possuíam garantias das agências federais) (DE FREITAS E CINTRA,
2009).
Apesar dessas intervenções, elas se mostraram insuficientes para afastar a crise. Esta
se agravou consideravelmente em 2008. As agências de classificação de crédito começaram
a rebaixar a classificação de títulos de várias espécies, e diversos ativos relacionados às
hipotecas norte americanas (FARHI E CINTRA, 2009). Em março, a iminência da quebra do
banco Bear Stearns, quinto maior banco de investimento dos EUA, pressionou o Federal
Reserve (FED) a agir. Este estendeu uma linha de crédito de cerca de US$ 30 bilhões ao JP
Morgan Chase para a aquisição do Bear Stearns (FARHI E CINTRA, 2009). Este, sendo um
banco de investimento, e não um banco comercial, não estava formalmente sob a jurisdição
do FED, contudo, acabou sendo objeto de intervenção (JUNIOR e TEIXEIRA FILHO, 2009).
De outra forma, o FED também decidiu injetar liquidez no mercado com vista a garantir uma
maior liquidez ao mercado financeiro, o que afastou temporariamente o desenrolar da crise
(FARHI E CINTRA, 2009).
Para evitar uma crise sistêmica, o governo norte americano passou a intervir cada vez
mais no mercado na tentativa de estancar as perdas sofridas pelo sistema financeiro nacional.
Diversas medidas foram utilizadas, entre elas: ajuda financeira à American International Group
(AIG) – a maior companhia de seguros dos EUA; um pacote no valor de US$ 700 bilhões de
dólares para ajudar o sistema financeiro; a compra de diversos bancos de investimento e sua
transformação em holdings financeiras sob os auspícios das normas do comitê da Basileia e
à supervisão do FED, agora podendo receber auxílio dele; criação de diversas linhas de
crédito para salvar as empresas e as instituições financeiras; entre outras (FARHI E CINTRA,
2009; JUNIOR e TEIXEIRA FILHO, 2009).
Foi nesse contexto de pânico público gerado nos mercados financeiros, que se
acirraram os debates em torno do processo de classificação, a situação da indústria do rating,
e a questão da responsabilidade por suas ações. Consequentemente, isso levou a mídia
especializada, os agentes do mercado financeiro e os legisladores, a debaterem sobre novas
demandas de regulação (MARANDOLA E SINCLAIR, 2014; UTZIG, 2010). Apesar da
deflagração da crise ter causado um impacto “negativo” nas receitas das Big Three, vendo-as
reduzirem, logo em 2009 elas já haviam retomado seu crescimento e sua expansão pelos
mercados financeiros internacionais, e as tentativas de regulação, continuaram sem sucesso
na tentativa de regulá-las.
Conclusão
Logo, se torna evidente que o discurso das agências de seu papel de emissores de
opiniões, sem responsabilidade e atuação direta no mercado, não é, de fato, o que ocorre.
Existe uma diferença clara entre o que elas apenas afirmam, e se propõem, a fazer, e o que
elas realmente fazem. Além desse respaldo tácito garantido pelo mercado, pautado na sua
capacidade de adquirir, manipular e divulgar informações importantes que mitigariam o
problema da assimetria de informações no mercado, a capacidade de inserção nas
regulações nacionais e internacionais também é importante fator na manutenção dessa
posição no SFI. Como vimos na seção sobre as abordagens teóricas sobre o papel econômico
das agências, uma das vertentes aponta como a inserção das classificações nas legislações
e regulamentos, nos diversos níveis do sistema financeiro, são importantes para sustentar
essa capacidade das agências de moldas condutas dos agentes financeiros.
Porém, as críticas que surgiram destes momentos, assim como as respostas regulatórias
por parte dos governos, principalmente do governo norte americano, ao contrário de limitarem
a atuação das CRA’s, serviram para que elas pudessem se reestruturar. Pressões por mais
transparência, eficiência em seus julgamentos, e principalmente, mais responsabilidade por
suas classificações, foram fundamentais que as agências remodelassem suas formas de
atuação, e até mesmo, apoiassem uma abertura da indústria do rating a novos participantes.
De outro modo, ao mesmo tempo que se esperava que no pós crise de 2008, as Big Three,
tidas entre as principais coadjuvantes da crise, incorreriam em perdas e abririam espaço para
novas agências, isso de fato, não ocorreu. Além da falta de eficácia das regulações que
surgiram, o próprio mercado se viu em uma dependência excessiva dessas agências. Suas
classificações, imbricadas tanto nas regulações nacionais, quanto nas regulações
internacionais, continuam a fazer parte do funcionamento do mercado financeiro. Desse
modo, elas retomaram seu crescimento, e mantêm o oligopólio da indústria do rating de pé.
Isso demonstra não só a força dessas agências como fornecedoras de informação, mas
também, de sua capacidade de participar da construção de crenças dentro dos mercados
financeiros e, conscientemente, vêm tentando incorporar essas crenças em suas análises
sobre a incerteza e o risco e seus impactos no SFI (ABDELAL, 2007).
Como demonstrei no começo deste trabalho, existem diferentes formas de abordar o papel
econômico das agências de classificação de crédito dentro do sistema financeiro
internacional. Mais que meros fornecedores de informação, com o objetivo de mitigar os
problemas advindos da assimetria de informações inerentes aos mercados financeiros, suas
funções de certificação (benchmarks) e monitoramento, dão um insight sobre a importância
das agências no que tange uma padronização de ações dos agentes no sistema financeiro.
Para além da visão economicista das CRA’s, de uma característica puramente “funcional” e
endógena, que lhes conferiria um caráter de neutralidade dentro do sistema, autores advindos
de áreas distintas do conhecimento, como a Ciência Política, a Economia Política
Internacional e a Sociologia Econômica, criticam tal posição compreendendo que o papel das
agências supera esse mero provimento de informações.
Isso vai ao encontro da minha tentativa de demonstrar que o discurso das agências, sobre
o que são e suas práticas, não dialoga com a realidade nos mercados financeiros. Seguindo
o raciocínio das CRA’s, elas seriam apenas fornecedoras de informações sobre a capacidade
de um emissor de honrar com seus compromissos futuros. Porém, autores como Sinclair
(1994), argumentam que como as avaliações feitas pelas agências constituem uma relação
de crédito, elas teriam condições de moldar as expectativas entre os agentes do mercado
financeiro. Como a validade e a relevância das classificações e das agências em si são
parcialmente pautadas no consenso dos agentes sobre sua importância, a relevância da sua
autoridade epistêmica (SINCLAIR, 2000) na área acaba por autoprojetar uma visão de
neutralidade e eficiência, que influencia tanto os emissores quanto os investidores. Além
disso, o “poder de sanção” que a possibilidade de um rebaixamento confere a essas agências,
também funciona como uma forma de influenciar as decisões dos agentes, padronizando seu
comportamento, produzindo uma certa forma de governança (KERWER, 2001).
Uma outra forma de compreender o fenômeno das CRA’s e seu papel nos mercados
financeiros, segundo Kerwer (2001) se basearia na premissa de que as classificações de
crédito têm uma capacidade de padronização do comportamento dos investidores, uma forma
de governança. Para enfrentar o problema da falta de responsabilidade atribuída às agências
por suas classificações, é importante compreendê-las como empresas que possuem a
capacidade de estabelecer uma compreensão comum do que se entende por credibilidade.
Utilizando-se de sua expertise acumulada durante anos de análises e coletas de dados, as
CRA’s imprimiram um padrão definindo quais práticas e processos são importantes para que
os investidores e empresas alcancem uma credibilidade alta, ou seja, uma avaliação positiva.
Logo, como cada vez mais as agências passaram a ampliar o escopo e quantidade de seus
serviços, os investidores ficaram em uma posição difícil, cedendo a essa influência (KERWER,
1999; SINCLAIR, 1994).
Por fim, neste artigo tentei demonstrar a clara diferença existente entre o que são as
agências na teoria, e o que de fato elas são. Na visão das CRA’s, assim como da visão
economicista do seu papel das agências, elas apenas seriam fornecedoras de informações
que auxiliam na redução do problema da assimetria de informações, emitindo apenas
“opiniões”. Porém, analisando outras interpretações do papel econômico das agências nos
mercados financeiros; assim como interpretações de autores de diferentes áreas do
conhecimento; e por último, vendo seus impactos e seu protagonismos nos eventos de crise
dos últimos 30 anos, fica claro que as CRA’s são, e tem um papel, diferente e mais importante
do que elas realmente admitem. Sendo assim, torna-se crucial para os que estudam e
pesquisam, principalmente no âmbito da Economia Política Internacional, compreendê-las e
analisa-las como atores de relevância no SFI.
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