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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

IRAJAYNA DE SOUSA LAGE LOBÃO BI11101-82

RESENHA:
Histórico e Evolução Curricular na Área de Biblioteconomia no Brasil.

São Luís
2011
IRAJAYNA DE SOUSA LAGE LOBÃO BI11101-82

RESENHA:
Histórico e Evolução Curricular na Área de Biblioteconomia no Brasil..

Trabalho apresentado à disciplina Fundamentos de


Biblioteconomia do curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Maranhão, como
requisito para obtenção de nota.
Orientadora: Aldinar Bottentuit.

São Luís
2011
CASTRO, César Augusto. Histórico e Evolução Curricular na Área de Biblioteconomia no
Brasil. In.: VALETIM, Marta Lígia (Org.). Formação do Profissional da Informação. São
Paulo: Polis, 2002.

As mudanças ocorridas nos currículos dos cursos do Ensino Superior Brasileiro


alicerçam-se na evolução sociocultural ocorrida vertiginosamente nas mais diferentes épocas
de nossa sociedade. Contemporaneamente as Universidades vêm revendo seu papel político-
social, se adequando as transformações necessárias demandadas com o advento da sociedade
da informação.
A proposta do professor César Augusto Castro graduado em Biblioteconomia pela
Universidade Federal do Maranhão – UFMA, mestre em Biblioteconomia pela Pontifícia
Universidade Católica – PUC de Campinas e Doutor em Educação pela Universidade de São
Paulo – USP, no que se refere a essa análise sobre o currículo é discutir a importância de uma
construção coletiva do currículo, com a participação de todos os atores envolvidos no
processo de formação profissional do bibliotecário e para tanto utiliza-se da descrição da
evolução curricular para proporcionar a compreensão de maneira mais ampla sobre os saberes
e as práticas profissionais operadas nas mais diferentes épocas e ajuda-nos a refletir sobre os
rumos a serem tomados diante dos novos paradigmas impostos aos cursos superiores pelas
diretrizes curriculares, tendo em vista, os desafios atuais da educação universitária.
Os currículos do curso de Biblioteconomia no Brasil passaram por diversas fases e
hoje encontram-se mais uma vez em processo de transformação que se fundamenta nos
“avanços e intensos impactos sociais, políticos, econômicos e educacionais que se propagam
na chamada Sociedade da Informação [...]” (p. 25) . Inicialmente o currículo baseava-se na
erudição, passando posteriormente para uma fase tecnicista.
A formação do profissional bibliotecário brasileiro passou a acontecer de modo
formal a partir de 1911, ocasião em que foi fundado o Curso de Biblioteconomia da Biblioteca
Nacional. O corpo principal dos conhecimentos ministrados era composto pelas disciplinas de
“Paleografia, Numismática, Diplomática, Iconografia” (p. 26), demonstrando a visão erudita
que os profissionais daquela época deveriam possuir.
Após sofrer algumas interrupções o curso foi reiniciado em 1931 com algumas
reformulações em sua estrutura curricular básica. Fato respaldado legalmente em 1933 com a
aprovação do Decreto n. 23.508 de 28 de novembro de 1933, que inverte a ordem das
disciplinas e inclui História Literária em seu programa. Contudo, “em termos gerais, não
ocorreram mudanças significativas entre a primeira e a segunda fase quanto aos saberes da
formação do bibliotecário” (p.28), visto que ainda se priorizava o ensino de uma cultura geral
em detrimento às técnicas de organização do conhecimento.
Os dois Cursos posteriormente instalados no Estado de São Paulo, um dos quais
junto ao Instituto Mackenzie (1929) e o outro junto à Prefeitura Municipal da cidade de São
Paulo (1936), no âmbito do Departamento de Cultura, contando como seus professores
Rubens Borba de Moraes e Adelpha Silva R. de Figueiredo. Com o encerramento das
atividades do Curso da Biblioteca Nacional, influenciado pela École de Chartres, e do Curso
da Prefeitura de São Paulo sob influência norte-americana, os profissionais bibliotecários
passaram a ser formados pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1940). A década
de 1940 ficou marcada por mais uma reforma no curso da Biblioteca Nacional que, apoiado
pelo Governo Federal e pela Fundação Rockefeller, passou a ceder bolsas a alunos de outros
estados, os quais, ao regressarem às suas cidades natais, reorganizavam velhas bibliotecas ao
mesmo tempo em que criavam novas. Foi neste período, portanto, que os profissionais
bibliotecários começaram a se instalar em regiões distintas do país.
Projetada pela bibliotecária Heloisa Cabral da Rocha Werneck e executada por
Cecília Roxo Wagley e Josué Montello, esta nova reforma operou modificações de extrema
relevância para o ensino de Biblioteconomia no país. De acordo com DIAS (1955; p.10 apud
CASTRO, 2000; p. 28-29), “a sua finalidade era transformar o antigo curso de
Biblioteconomia, que até então se limitava a formar bibliotecários para atender às
necessidades da instituição e para a promoção de seu quadro de pessoal em curso destinado a
capacitar bibliotecários para qualquer tipo de biblioteca”.
Outro importante movimento para a difusão da Biblioteconomia e para a
construção de uma base curricular sólida e coerente com as necessidades brasileiras se deu na
década de 1950 com a criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD)
e a implementação de uma proposta que visava modificar as disciplinas oferecidas pelos
cursos existentes. Tais mudanças se deram por dois motivos: “incorporar referenciais teóricos
e práticos da documentação; e, formar um profissional especializado no tratamento de
informações técnico-científicas” (p.31).
Os currículos na época variavam de curso para curso (na época denominados de
Escolas) com maior ou menor grau de disciplinas técnicas. Tentando corrigir esta questão,
aparentemente inadequada, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
(FEBAB), criada em 1959, conseguiu que em 1962, o Conselho Federal de Educação
publicasse o Parecer n. 326, o qual fixou o currículo mínimo e determinou a duração dos
cursos de Biblioteconomia brasileiros. Pois, até 1960 cada curso ou escola de
Biblioteconomia era independente para determinar o segmento teórico-prático que seu
programa curricular tendo-se em vista atender às necessidades de mão-de-obra específica para
determinados setores da sociedade brasileira. Contudo, a partir de 1960, mais especificamente
de 1962, este padrão educacional passou a ser duramente criticado. A falta de uma
uniformidade curricular que promovesse o “estabelecimento de um Currículo Mínimo no
Brasil, antes dos anos 60, estava na ausência de uma unidade de ponto de vista entre as
escolas de Biblioteconomia, isto é, não havia clareza sobre quais os saberes a serem
incorporados nesse currículo”. (p.33).
Avançando no tempo, e tendo por base o respaldo do Artigo 1º da Lei 4084 de
junho de 1962 e o Artigo 60 da Lei de Diretrizes da Educação Nacional, Dumerval Trigueiro
Mendes, então Diretor de Ensino Superior, formou uma comissão de especialistas em
Biblioteconomia com o intuito de elaborar uma proposta de Currículo Mínimo que deveria ser
encaminhada ao conselho Federal de Educação para análise. Constituíram esta Comissão:
Edson Nery da Fonseca, Abner Lellis Vicentini, Nancy Wesfallen Correa, Cordélia de
Cavalcanti, Sueli Bradbeck e Zilda Galhardo de Araújo.
Com o término das atividades, a comissão propôs que o ensino de
Biblioteconomia fosse ministrado nas universidades em três níveis distintos e complementares
de formação: Curso de Graduação; Curso de Pós-Graduação e Curso de Doutorado. Decidiu-
se, ainda, que “O Curso de Graduação deveria ter a duração de três anos e destinava-se a
formar bibliotecários e documentalistas. Os critérios de ingresso, mediante concurso de
habilitação, seriam exames de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Portuguesa, História
Geral e do Brasil, Língua Inglesa e outras disciplinas a serem escolhidas entre o Francês, o
Alemão e o Italiano”. (p. 34).
Com a aprovação deste Currículo Mínimo Obrigatório, a classe bibliotecária
almejava padronizar não apenas o ensino, mas também suas atividades mediante a
especialização dos conteúdos que melhoravam a qualidade da execução das rotinas
biblioteconômicas. Para tanto, e com o objetivo de minimizar as diferenças de projetos
pedagógicos existentes entre os vários cursos de formação do país, a Diretoria de Ensino
Superior do MEC, através da Portaria n. 28 de 31 de janeiro de 1967, instituiu uma nova
comissão formada por influentes especialistas da área com a atribuição de diagnosticar as
situações das escolas e as possíveis melhorias em seus sistemas de ensino.
Como resultado, estabeleceu-se que para se instituir modelos uniformes de
formação entre as diversas escolas do país, as dimensões geográficas deveriam ser levadas em
conta. Neste sentido, o mais adequado seria fixar padrões mínimos e máximos de disciplinas,
adotando as disponibilidades financeiras de cada instituição de ensino como prerrogativa.
Estas e outras importantes questões foram retomadas no Seminário de Ensino de
Biblioteconomia no Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Ensino de
Biblioteconomia e Documentação e sediado pela Escola de Biblioteconomia da Universidade
Federal de Minas Gerais em 1968. Tendo como objetivo principal avaliar o ensino brasileiro
de Biblioteconomia e adequá-lo à reforma do Ensino Superior, os participantes do referido
encontro discutiram três temáticas consideradas prioritárias para a atualização dos
fundamentos educacionais que caracterizavam a formação dos bibliotecários brasileiros até
aquele momento, são elas: Pesquisa em Biblioteconomia, Currículo e Duração dos Cursos,
Pós-Graduação e Biblioteconomia.
“O Currículo Mínimo de 1962, apesar de constituir-se em um marco significativo
para a Biblioteconomia, bem como fator decisivo para a obtenção do reconhecimento da
profissão em nível universitário, não chegou a satisfazer os professores e às exigências dos
avanços tecnológicos, sociais e educacionais da época. Seu elenco de disciplinas não permitia
um entendimento claro, talvez porque sua elaboração não tenha tomado por base os
pressupostos essenciais que deveriam ser considerados para a apreciação de um Currículo
Mínimo”. (p.43). Foi a partir desta constatação, e dando continuidade às atividades em prol da
elaboração de um Currículo Mínimo adequado às exigências biblioteconômicas nacionais que
se processou, ainda na década de 60, mais precisamente em 1967, a criação da Associação
Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Documentação (ABEBD), em São Paulo.
Aliando-se à expansão das escolas de formação de bibliotecários no decorrer das
décadas de 1960 e 1970, emergiram novas discussões acerca dos conteúdos curriculares
ministrados e de uma possível reconfiguração do Currículo Mínimo Obrigatório instituído em
1962.
Mesmo pautadas por uma intensa atuação da recém criada Associação Brasileira
de Ensino de Biblioteconomia e Documentação – ABEBD, o cerne desta nova fase de
discussões ainda permaneceu o mesmo, ou seja: o conteúdo dos programas dos cursos, seus
métodos de ensino, a carga horária excessiva para as disciplinas técnicas, o desenvolvimento
das disciplinas culturais, além dos aspectos sociais envolvidos na formação do profissional
bibliotecário.
Em meio a este contexto em permanente ebulição, no ano de 1979 a Secretaria de
Ensino Superior (SESU / MEC), que apresentou ao Conselho Federal de Educação uma
proposta de reformulação da primeira versão do Currículo Mínimo Obrigatório de
Biblioteconomia instituído em 1962.
Finalmente em 1982 foi aprovado pelo Conselho Federal de Biblioteconomia –
CFB o segundo currículo mínimo de Biblioteconomia, o qual provocou insatisfações e críticas
por parte dos organismos de classe e docentes, pois, sua proposta foi alterada em algumas
partes como no que tange as disciplinas de formação geral.
Castro relata assim, a evolução do ensino da Biblioteconomia, as disputas entre as
correntes humanista e tecnicista, as marchas e contramarchas na elaboração das propostas de
currículos para homogeneizar a formação profissional em âmbito nacional até a aprovação
pelo Conselho Federal de Educação do segundo currículo mínimo em 1982.
As discussões sobre os novos rumos do currículo essencial do curso de
biblioteconomia perpassam todos os sujeitos envolvidos e devem abranger as exigências de
todos os profissionais da informação que devem refletir e assumir o seu compromisso ético
com a profissão e o desenvolvimento da área, bem como os órgãos de classe.
O perfil que a literatura mundial confere ao profissional da “Era do
Conhecimento” se diversifica em várias competências profissionais, com ênfase na
necessidade da combinação de experiências, conhecimentos, habilidades, competências e
posturas pessoais, assim como a necessidade de sua capacitação e consequente possibilidade
de atuação como gestor do conhecimento, para tanto os estudos como esse sobre a evolução
dos currículos são mais que pertinentes, pois, possibilitam a análise e adequação de uma
formação profissional concernente a esses novos tempos.

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