PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
Disciplina: Utilização De Ferros Fundidos E Ligas De Alumínio Em Componentes
Automobilísticos Docente: Dr. Wilson Luiz Guesser Discente: João Paulo Montalván Shica
Questões capitulo 4 – O processo de fratura dos ferros fundidos
1) Discuta as principais diferenças entre o processo de fratura de ferro
fundido cinzento e ferro fundido vermicular • Ferro fundido cinzento – fratura geralmente de caráter frágil, devido ao efeito preponderante da forma da grafita (em meios, contínua na célula eutética) • Ferro fundido vermicular – fratura pode ser dúctil ou frágil, dependendo das condições em que ela se processa.
2) Quais são as principais diferenças entre o processo de fratura de nodular
perlítico e nodular ferrítico? • Fratura de nodular perlítico – A deformação para inicia da trinca é de aproximadamente 250 SU, baixo quando comparado com o nodular ferrítico (520 SU). Além disso a velocidade média de propagação da trinca é cerca de 4x maior que em nodular ferrítico. • Fratura de nodular ferrítico – quando tratados termicamente a fratura se concentra dentro da grafita; se for do tipo bruto de fundição a trinca se inicia na interface grafita/matriz. 3) Discuta as condições em que ocorre fratura intergranular e fratura por clivagem, em ferro fundido nodular ferrítico.
• Fratura intergranular – Pode ser facilmente reconhecida pela exposição
dos grãos na superfície de fratura examinada em MEV. Em alguns casos a fratura intergranular aparece apenas em algumas regiões da fratura, associada a clivagem ou então a fratura dúctil. Este tipo de fratura é mais comum em ensaios de impacto. Em geral ocorre rapidamente. Os principais efeitos parecem estar relacionados à contaminação de contornos de grão, em especial por fósforo, cuja segregação para contornos de grão é particularmente incentivada por exposições a temperaturas em torno de 450°C. Em ferros fundidos nodulares ferríticos, submetidos a tratamentos térmicos que incentivaram a segregação de fósforo para contorno de grãos, também foram registrado regiões da superfície com fratura intergranular, devido a ensaio de fadiga. Isso ocorrendo também em ensaios de longa duração. • Fratura por clivagem – Este tipo de fratura é reconhecido pela presença de facetas de clivagem, aspecto pouco rugoso da fratura e nódulos de grafita não destacados da matriz. Os rios na faceta de clivagem indicam a direção de propagação da trinca, de modo que é possível determinar então a origem da trinca. Em materiais com nódulos ferríticos é observado o efeito do Si do P, elementos que endurecem a ferrita por solução sólida e causam aumento apreciável da temperatura de transição frágil/dúctil.
4) Compare os processos de fratura de nodular ferrítico, nodular perlítico e
nodular austemperado, nas etapas de início de formação de microtrincas, formação de trinca primária e propagação da trinca primária. Quais são os fatores que explicam estas diferenças? • Formação de microtrincas o Nodular ferrítico – trincas podem ser bloqueadas quando encontram uma grande distancia ao próximo nódulo de grafita quando encontram uma região com perlita, ou ainda podem ser bloqueadas por um contorno de grão ferrítico. Em ensaios de fadiga foi verificado que as trincas se iniciavam junto às partículas de grafita. o Nodular perlítico – A formação de microtrincas ocorre em aproximadamente 180 SU, possuindo um valor de limite de resistência relativamente alto (690 MPa). o Nodular austemperado - A formação de microtrincas ocorre em aproximadamente 220 SU, possuindo um alto valor de limite de resistência (900 MPa).
• Formação de trinca primária
o Nodular ferrítico – a formação da trinca principal ocorre apenas após intensa deformação plástica, evidenciando-se a alta capacidade deste material em bloquear trincas individuais. o Nodular perlítico – Ocorre em aproximadamente 250 SU, e possui velocidade de propagação de 40 µm/SU
• Propagação da trinca primária
o Nodular ferrítico – possui a propagação mais rápida. A fração volumétrica de grafita e o grau de perfeição das esferas de grafita afetam a propagação da trinca. Apresenta fratura dúctil. o Nodular perlítico – possui a propagação mais lenta. A literatura indica que o patamar superior em ensaios de tenacidade à fratura é aumentado com o aumento do número de nódulos de grafita. Em materiais com 80% de perlita é observado que a fratura ocorre predominantemente por clivagem, envolvendo tanto a perlita como a ferrita, acompanhando os contornos de células eutéticas. o Nodular austemperado – A velocidade de propagação é de aproximadamente 20 µm/SU, o qual possui uma absorção de energia em impacto de 14 J. 5) Num ferro fundido cinzento, quando a matriz é alterada de perlita para ferrita, o que acontece, no processo de fratura, com as etapas de formação de trinca primária e propagação da trinca primária O tipo de matriz pouco afeta o processo de fratura. Em geral, o modo de fratura é essencialmente frágil, devido à forma da grafita, formando um esqueleto contínuo dentro de cada célula eutética. Não é possível distinguir crescimento de microtrincas do crescimento da trinca principal, pois estas acontecem de forma simultânea. O processo exibe crescimento instável da trinca e ocorre sem o desenvolvimento de uma grande região deformada plasticamente à frente da trinca (como no nodular). A deformação plástica seguinte a fratura se restringe a regiões limitadas da matriz, entre as células eutéticas, de modo que a espessura e o número de contornos de células eutéticas é que determina a resistência á fratura.
6) Num ferro fundido vermicular, quando a matriz é alterada de perlita para
ferrita, o que acontece, no processo de fratura, com as etapas de formação de trinca primária e propagação da trinca primária? Discutir as diferenças de comportamento com o caso de exercício anterior.
O processo de fratura em ferro fundido vermicular é similar ao do ferro
fundido cinzento, porém: • envolve fratura da matriz em maior extensão; • A fratura inicia na grafita ou por decoesão da interface grafita/matriz; • A propagação da trinca pela célula eutética envolve deformação plástica e fratura da matriz, já que o esqueleto de grafita não é continuamente bidimensional, mas apresenta regiões com características unidimensionais (distinto do ferro fundido cinzento); • A ruptura dos contornos de célula eutética requer muito mais energia do que nos cinzentos, em geral as duas células adjacentes já haviam fraturado antes da ruptura do contorno de célula. • Devido a esta maior participação da matriz no processo de fratura, o tipo de matriz afeta bastante o crescimento da trinca em ferro fundido vermicular. • Na superfície da fratura em ensaio de tração é possível observar presença de grafita, entretanto, em menor quantidade quando comparado com o ferro fundido cinzento. • A fratura da perlita se apresenta de forma dúctil ou então como clivagem.