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NOTA INTRODUTÓRIA
O presente texto constitui uma recolha de notas várias destinadas a dar apoio sumário às aulas
práticas da disciplina de Fundações da Opção de Estruturas da Licenciatura em Engenharia Civil da
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Sem pretender cobrir de uma forma exaustiva os aspectos a abordar nas aulas, o texto teve a sua
origem numa compilação de vários apontamentos manuscritos dispersos de alguns docentes das
Secções de Estruturas e de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil da FEUP que, de
alguma forma, têm estado (ou estiveram) ligados à leccionação de matérias relacionadas com
fundações.
Não é portanto um texto original na sua essência pelo que, mesmo correndo o risco de cometer
alguma falta por omissão, importa fazer a devida referência aos docentes cujos ensinamentos para
ele contribuiram, nomeadamente o Prof. Júlio Barreiros Martins, o Prof. Manuel Matos Fernandes, o
Prof. Joaquim Figueiras, o Engº Carlos Delfim e o Prof. Nelson Vila Pouca.
À presente data este texto encontra-se em fase provisória (DRAFT) que vai sendo corrigido e
ampliado. Como tal, não deve ser encarado como um documento completo e acabado mas sim como
um embrião de um potencial texto de apoio mais elaborado que, entretanto, é posto à disposição dos
alunos para facilitar o decurso das aulas práticas.
Refere-se ainda o importante avanço para esta publicação “virtual”, que constituiu a iniciativa do autor
Engº Miguel Ferraz ao editar as notas pessoais manuscritas do autor Engº António Arêde e que
deram corpo à sequência e organização do presente texto.
i) Solo rígido-plástico;
ii) Critério de Mohr-Coulomb;
iii) Resistência ao corte nula acima da base da sapata;
iv) Atrito e adesão sapata/solo nulos acima da base da sapata;
D
1
qult = c ⋅ Nc + q ⋅ N q + ⋅ γ ⋅ B ⋅ Nγ
2
onde
c é coesão do terreno
π φ
N q = e π ⋅tgφ ⋅ tg 2 + N c = (N q −1) ⋅ cotg(φ ) N γ = 2 ⋅ (N q −1) ⋅ tg(φ )
4 2
1
qult = c ⋅ N c ⋅ sc + q ⋅ Nq ⋅ sq + ⋅ γ ⋅ B ⋅ Nγ ⋅ sγ
2
B = min .{B x ; By }
L = máx.{B x ; By }
B s q ⋅ N q −1 B
sq = 1 + ⋅ sen φ ′ sc = s γ = 1 − 0 .3 ⋅
L N q −1 L
1
qult = c ⋅ Nc ⋅ sc ⋅ i c + q ⋅ Nq ⋅ sq ⋅ i q + ⋅ γ ⋅ B ⋅ Nγ ⋅ sγ ⋅ i γ
2
i q ⋅ Nq − 1
i c=
Nq − 1
i q ⋅ Nq − 1
i c=
Nq − 1
Existem ainda coeficientes para ter em atenção aspectos como a existência de um estrato “firme”
próximo da sapata, a inclinação da superfície do terreno e a resistência do solo acima da fundação.
e tal que Bx’ e By’ são as dimensões da área fictícia que se relacionam com as dimensões reais da
M sd ,y M sd ,x
sapata a partir das excentricidades da carga dadas por e x = e ey = .
Nsd Nsd
Msd,y
2ey
Área efectiva
ex
By
C
ey
Msd,x
B'
y
C'
By'/2
Bx'/2
2ex Bx '
Bx
As dimensões Bx’ e By’ são pré-dimensionadas para a carga vertical Nsd e as dimensões finais Bx e By
são então obtidas por
Bx = Bx '+2 ⋅ ex
By = By '+2 ⋅ ey
No entanto, os assentamentos devem ser verificados apenas para o esforço axial N e com as
dimensões reais B e L. Por sua vez, a verificação de corte/punçoamento deve ser feita com as
excentricidades reais da carga.
Normalmente limita-se a excentricidade a B/4 e a partir deste valor utilizam-se sapatas excêntricas.
H sd ≤ Sd + Epd
onde Hsd é o esforço horizontal actuante, Sd é o atrito na base e Epd é o impulso passivo na face da
sapata.
Sd = N sd '⋅ tg (δ d )
Sd = Aef × Cu
s = p⋅B⋅
(1 − υ ) I 2
s
Es
da mesma sob o qual se pretende o assentamento, e pode ser estimado pelos quadros seguintes
extraídos dos apontamentos da disciplina de Mecânica dos Solos.
De acordo com o EC7 o cálculo dos assentamentos deve ser efectuado para combinações frequentes
de acções e os limites admissíveis estão relacionados com o controle de distorções máximas
aceitáveis na superestrutura, geralmente da ordem de 1/500.
Sobre este assunto inclui-se, a título provisório uma cópia directa doa transparências apresentadas
nas aulas práticas e que em breve serão aqui devidamente editadas.
Neste contexto, considera-se apenas o dimensionamento de sapatas rígidas já que para estas é
possível considerar diagramas lineares das tensões instaladas no solo.
b b a'
d
d
h
h
B B
(B − b )
2 a'
d≥ d≥
2 2
2
a' ≤ d ≤ a'
3
em que o limite inferior fornece frequentemente uma boa estimativa da altura útil adequada.
Vsd ≤ Vrd
em que, tanto o valor do esforço actuante Vsd como o do resistente Vrd , são definidos de modo
distinto em função da forma da sapata em planta (pouco alongada ou alongada).
Neste caso deve-se verificar o corte numa secção crítica a uma distância d/2 da face do pilar e numa
largura b1 definida conforme indicado na figura
Nsd
a'
ax (x ay) d/2
d
h
qsd
Vsd
Secção crítica
ax
Vsd
b1 = ay + d
By
ay
B = By
45°
A1
Bx
O valor do esforço actuante é definido como o integral das tensões aplicadas no terreno pela zona da
sapata a tracejado. No caso de tensões qsd uniformes no solo vem então dado por Vsd = qsd ⋅ A1 .
Vrd = η × τ 1 × d × b1
Neste caso deve-se verificar o corte numa secção crítica à face do pilar numa largura igual à da
sapata (é uma verificação do tipo corte em viga larga), tal como ilustrado na figura.
De novo, o valor do esforço actuante é definido como o integral das tensões aplicadas no terreno pela
zona da sapata a tracejado, enquanto que o valor do esforço resistente definido por
Vrd = 0.6 ⋅ η ⋅ τ 1 ⋅ d ⋅ b1
Nsd
a'
ax (x ay)
d
h
qsd
Vsd
Secção crítica
ax
Vsd y
b =B
By
ay
Bx
A1 B = By
Caso existam momentos flectores transmitidos pelo pilar o processo é idêntico, havendo apenas que
atender à não uniformidade dos diagramas de tensão no solo para efeitos de cálculo de Vsd.
ax
qsd = Nsd / Bx
Asx
Asy ≈ ( m 2 / m ; cm 2 / m ;K etc )
Bx 4
Min. φ 10//0.20
φ 10//0.20
0.10m
Min 50φ
Asy
Asx
Bx
Este caso é idêntico ao anterior já que se admite, para cada direcção, a aproximação de que o pilar é
alongado na direcção perpendicular. Assim
Bx − ax
Fsd ,x = N sd × [kN ]
8d
By − a y
Fsd ,y = N sd × [kN ]
8d
As,x =
Fsd ,x
fsyd
[
m 2 ; cm 2 ;K etc ]
As,y =
Fsd ,y
fsyd
[m 2
; cm 2 ;K etc ]
As armaduras determinadas devem ser distribuídas pela totalidade da sapata, pelo que as armaduras
por metro vêm definidas por
As,x
m
=
As,x
By
[
m 2 / m ; cm 2 / m ;K etc ]
As,y
m
=
As,y
Bx
[m 2
/ m ; cm 2 / m ;K etc ]
Min. φ 10//0.20
φ 10//0.20
0.10m
Min 50φ
Asy
y
ay
B
ax
Asx
Bx
Quando a excentricidade da carga é inferior a Bx/6 não existe levantamento da sapata e as tensões
instaladas no terreno de fundação são obtidas por
N sd M sd
σ sd = ±
B x ⋅ B y B x 2 ⋅ By
6
ax (x ay)
Nsd
Msd
As,x
d
σsd,2 σsd,1
Bx (x By)
2 ⋅ N sd
σ sd ,1 =
B M
3 ⋅ x − sd ⋅ By
2 N sd
ax (x ay)
Nsd
Msd
As,x
d
σsd,1
Bx (x By)
Esta situação é de evitar sobretudo se área “traccionada” for superior a 25% da área da sapata.
Em qualquer dos casos calcula-se o momento Msd,f na secção da sapata à distância 0.15a (a=ax ou
a=ay) da face do pilar, de acordo com o diagrama das tensões aplicadas no solo.
A armadura calcula-se através das formulas da flexão simples ou, simplificadamente, através de
M
As,x = sd ,f fsyd
0 .9 ⋅ d
Na direcção perpendicular deve-se calcular a armadura admitindo uma tensão uniforme igual à
tensão σ sd ,3 dada por
4
3 ⋅ σ sd ,1 + σ sd ,2
σ sd ,3 =
4 4
σ sd ,méd .
(σ sd ,1 − σ sd ,2 ) ≤
2
σ sd ,1 + σ sd ,2
em que σ sd ,méd . = é a tensão média de contacto no solo, pode tamém adoptar-se a
2
aproximação de fazer o cálculo da armadura em ambas as direcções utilizando o método das bielas
para um esforço axial do pilar Nsd’ corrigido e dado por
N sd ' = B x ⋅ By ⋅ σ sd ,3
4
Um método expedito de calcular as armaduras neste caso é adoptando as tensões médias nas faces
opostas conforme se exemplifica na figura seguinte.
σsd,3
y
σsd,4
σsd,1 x
σsd,2
σ2 + σ4 σ1 + σ 3
Direcção x: σ 1 x = e σ2x =
2 2
σ3 + σ4 σ1 + σ 2
Direcção y: σ 1 y = e σ 2y =
2 2
Caso exista levantamento da sapata as tensões nos restantes cantos podem ser obtidas por
intermédio dos ábacos de Montoya.
Este caso é naturalmente um caso particular dos dois anteriores e pode, obviamente, também ser
calculado pelo método da flexão. O resultado em termos de armaduras, em geral, não difere muito do
que é obtido pelo método das bielas.
Em rigor, os dois métodos dariam resultados coincidentes se, no método da flexão a secção de
referência na sapata para cálculo do momento Msd,f fosse tomada à distância 0.25a da face do pilar
(que corresponde à secção de arranque das bielas na face superior da sapata, conforme se admite
no método das bielas) e se o braço de forças internas (tracção/compressão) nessa secção fosse
tomado igual a d. Ora, no método da flexão, adoptar 0.15a em vez de 0.25a corresponde a reduzir o
momento flector, e logo também a armadura; por outro lado, adoptar um braço de forças de 0.9d em
vez d, leva a aumentar a armadura. Os dois factores contribuem em sentido contrário o que leva a
que os resultados do método da flexão e do método das bielas sejam próximos entre si no caso de
sapatas submetidas apenas a carga vertical.
N
N1
M
e = M/N
N2
N3
N
B/2 B/2
R
Geralmente a excentricidade provém de acções permanentes e variáveis, o que quer dizer que, não
se pode garantir a uniformidade de tensões em permanência mas apenas quando as cargas variáveis
também actuam. Nesse caso pode-se então centrar a sapata na linha de acção da resultante das
cargas permanentes, admitindo portanto que as tensões no terreno serão não uniformes quando
actuam as cargas variáveis.
Adoptando este procedimento, a fixação das dimensões da sapata em planta segue os mesmos
passos das sapatas centradas tendo sempre presente que o centro da sapata não coincide com o
eixo do pilar mas sim com a linha de acção da resultante das cargas (geralmente as permanentes). O
momentos devidos às cargas variáveis terão portanto de ser corrigidos para essa posição do centro
da sapata a fim de entrar com eles nas expressões da capacidade de carga do solo.
Limite do terreno
N
Noutra perspectiva, procura-se uma solução em que se impõe uma
dada distribuição de tensões no solo, garantindo o equilíbrio do
e = B/2 - b/2
momento daí resultante com recurso a mecanismos adequados.
b
Independentemente da forma como é equilibrado aquele momento, o pilar também fica sujeito a um
momento flector adicional para o qual deve ser convenientemente dimensionado.
h
flexão composta com tracção e o pilar com um acréscimo de momento N
N × (B − b )
A força de tracção na viga ou laje acima é dada por H = e acaba por ser transmitida
2×h
aos restantes pilares da estrutura que, por sua vez a voltam a transmitir ao solo sob as suas
sapatas. No entanto, vem repartida por vários pilares, pelo que facilmente é equilibrada no
contacto das respectivas sapatas com o solo.
Na prática este método só será compatível com a verificação da estabilidade do solo de fundação
através das expressões da capacidade de carga, se as constantes de mola dos apoios elásticos
forem calibradas para estado limite último, o que pode ser muito complicado.
Nestas circunstâncias a sapata excêntrica (e também a central) ficam libertas de momentos, pelo que
podem ser dimensionadas em planta apenas para a carga vertical como se de uma sapata centrada e
isolada se tratasse. Do ponto de vista de verificação da capacidade de carga os procedimentos são
exactamente os mesmos, simplificados até porque não há momentos.
Existem várias hipóteses de cálculo da viga de equilíbrio de onde se destacam duas pela sua
simplicidade da resolução.
Numa primeira hipótese (figura a) considera-se a viga duplamente apoiada no centro das duas
sapatas e solicitada sob o eixo vertical do pilar lateral por uma carga vertical igual ao esforço axial
deste. Despreza-se o peso próprio das sapatas e as interacções destas e da viga com o solo, o que
obriga a prever uma folga entre a viga e o terreno.
Na segunda hipótese (figura b) considera-se a viga como encastrada na sapata central, duplamente
apoiada sob o eixo vertical do pilar lateral e solicitada neste apoio por um momento M=N.e . Note-se
que este é um esquema hiperestático (embora de simples resolução) para o qual se apresenta esta
simplificação que permite estimar (aliás, sobrestimar!) aproximadamente os momentos envolvidos.
Esta situação tem no entanto o inconveniente de obrigar a que o momento M/2 seja equilibrado pelo
pilar e/ou pela sapata central, razão pela qual a altura da sapata central não deve ser inferior à da
viga de equilíbrio. Neste caso também se despreza o peso próprio das sapatas e as interacções com
o solo.
D D
N1 N2 N
S1 S2 S1 S2
R1 R2 N
B/2 B/2 B/2 B/2
N1
M M/2
N2
R2
R1
Diagrama de esforços
+- + 3M/(2D)
transversos
-
M -
Diagrama de
momentos flectores +- M/2
a) b)
A dimensão dos lintéis de equilíbrio é normalmente condicionada por questões de rigidez e
capacidade resistente ao esforço transverso.
Na sapata excêntrica apenas a armadura transversal deve ser calculada já que na direcção
longitudinal a viga tem capacidade para absorver a totalidade dos esforços. Esta armadura deve ser
calculada considerando as consolas da sapata como encastradas na viga de equilíbrio.
Um outra hipótese de cálculo mais rigoroso da viga de equilíbrio é considerá-la como parte integrante
da estrutura e refazer o cálculo desta. Neste caso o apoio do pórtico na zona da sapata excêntrica
deve ser considerado na linha da reacção R1 para que a viga de equilíbrio possa intervir na
resistência ao momento provocado pela excentricidade e. Claro que isto requer um pré-
dimensionamento da viga que pode ser feito por um dos processos simplificados acima descritos. No
entanto tem a vantagem adicional de permitir uma melhor estimativa dos assentamentos entre
aqueles dois pilares caso se introduza a deformabilidade do solo através de apoios elásticos.