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DIREITO DO CONSUMIDOR 25.02.

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Prof.: Leonardo Vieira
Conteúdo: 1 – Princípios do CDC: segurança; equilíbrio nas prestações;
reparação integral; solidariedade; interpretação mais favorável ao consumidor

1. Princípios do CDC
Vale ressaltar inicialmente que a compreensão dos princípios não é feita
de forma estanque e totalmente dissociada um dos outros, ao contrário eles se
interconectam e seus conceitos, embora com definição própria, se comunicam
diretamente entre si.

1.1 – Princípio da Segurança


- Ao fornecedor recai a obrigação de disponibilizar produtos e serviços
que não causem danos de qualquer espécie aos consumidores.
- O CDC dispensa diversos dispositivos sobre o tema:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e
utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços,
ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de
maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o
risco de contaminação.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de
consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber
apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde
ou segurança.
OBS: §1º - recall

- Vale ressaltar que quanto aos serviços públicos, os usuários têm direito
ao serviço público adequado, assim entendido como aquele que satisfaz as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
gerneralidade, cortesia na prestação e modicidade das tarifas. Tudo, segundo a
lei 8987/95, art. 6º, §1º e 7º, inciso I)
OBS: STJ, AgRg no AResp 25.260, 29.06.12 – motorista que ficou paraplégico
devido acidente em rodovia sob regime de pedágio, causado por falha do
serviço (tronco de madeira na pista), sofre dano moral arbitrado em trezentos
mil reais.
- Quanto a segurança na prestação de serviço, deve-se ressaltar o
julgamento do STJ: AgRg no Resp 72.422 , 11.02.12. Neste caso o tribunal
definiu que furto de veículo ocorrido em via pública, porém sob o contrato de
manobrista, deverá ser de responsabilidade do empresário: “o empresário
assume o dever de custódia e vigilância dos veículos de seus clientes. Risco
da atividade”.
Noutro sentido é o caso de roubo de veículo em via pública. Nesse caso
o STJ entende que é fato exclusivo de terceiro, logo o prejuízo deverá ser
suportado pelo consumidor, mesmo que tenha contratado o serviço de
manobrista (valet).

1.2 – Princípio do Equilíbrio nas Prestações


- Art. 4º, Inciso III, CDC e art. 51, §1º, inciso III.
- Não pode haver previsão contratual que deixe o consumidor em
situação de nítida desvantagem em relação ao fornecedor.
- Consequência: o contrato pode ter sua validade questionada no
judiciário, ou poderá ser anulada a cláusula que impõe este desequilíbrio.
DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO ESPECIAL. CONTRATODE PROMESSA DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESCISÃO POR CULPA
DACONSTRUTORA (VENDEDOR). DEFEITOS DE
CONSTRUÇÃO. ARBITRAMENTO DEALUGUÉIS EM RAZÃO
DO USO DO IMÓVEL. POSSIBILIDADE. PAGAMENTO,
ATÍTULO DE SUCUMBÊNCIA, DE LAUDO
CONFECCIONADO EXTRAJUDICIALMENTEPELA PARTE
VENCEDORA. DESCABIMENTO. EXEGESE DOS ARTS. 19 E
20 DOCPC. INVERSÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL QUE
PREVIA MULTA EXCLUSIVAMENTEEM BENEFÍCIO DO
FORNECEDOR, PARA A HIPÓTESE DE MORA
OUINADIMPLEMENTO DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE.
... 2. Seja por princípios gerais do direito, seja pela
principiologia adotada no Código de Defesa do Consumidor,
seja, ainda, por comezinho imperativo de equidade, mostra-se
abusiva a prática de se estipular penalidade exclusivamente ao
consumidor, para a hipótese de mora ou inadimplemento
contratual, ficando isento de tal reprimenda o fornecedor - em
situações de análogo descumprimento da avença. Assim,
prevendo o contrato a incidência de multa moratória para o
caso de descumprimento contratual por parte do consumidor, a
mesma multa deverá incidir, em reprimenda do fornecedor,
caso seja deste a mora ou o inadimplemento. (STJ - REsp:
955134 SC 2007/0114070-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, Data de Julgamento: 16/08/2012, T4 - QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 29/08/2012).

- Este princípio não e exclusividade das relações de consumo, é um dos


principais elementos do direito contratual. O que ocorre é que este equilíbrio
das prestações numa relação de consumo geralmente não ocorre através de
uma igualdade formal, é preciso desigualar os desiguais.
- Na Teoria dos Contratos, já há uma relativização do pacta sunt
servanda, quanto mais nas relações de consumo. Isso porque deve haver o
afastamento da força obrigatória dos contratos, em relação aos princípios da
boa-fé objetiva e da justiça contratual.
- Ex: cláusula de contratos de planos de saúde que restringe
transplantes de órgãos.
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE SEGURO EM GRUPO DE
ASSISTÊNCIAMÉDICO-HOSPITALAR, INDIVIDUAL E
FAMILIAR. TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS.REJEIÇÃO DO
PRIMEIRO ÓRGÃO. NOVO TRANSPLANTE. CLÁUSULA
EXCLUDENTE.INVALIDADE. - O objetivo do contrato de
seguro de assistência médico-hospitalar é o de garantir a
saúde do segurado contra evento futuro e incerto, desde que
esteja prevista contratualmente a cobertura referente à
determinada patologia; a seguradora se obriga a indenizar o
segurado pelos custos com o tratamento adequado desde que
sobrevenha a doença, sendo esta a finalidade fundamental do
seguro-saúde. - Somente ao médico que acompanha o caso é
dado estabelecer qual o tratamento adequado para alcançar a
cura ou amenizar os efeitos da enfermidade que acometeu o
paciente; a seguradora não está habilitada, tampouco
autorizada a limitar as alternativas possíveis para o
restabelecimento da saúde do segurado, sob pena de colocar
em risco a vida do consumidor. - Além de ferir o fim primordial
do contrato de seguro-saúde, a cláusula restritiva de cobertura
de transplante de órgãos acarreta desvantagem exagerada ao
segurado, que celebra o pacto justamente ante a
imprevisibilidade da doença que poderá acometê-lo e, por
recear não ter acesso ao procedimento médico necessário para
curar-se, assegura-se contra tais riscos. - Com vistas à
necessidade de se conferir maior efetividade ao direito integral
à cobertura de proteção à saúde – por meio do acesso ao
tratamento médico-hospitalar necessário, deve ser invalidada a
cláusula de exclusão de transplante do contrato de seguro-
saúde. Recurso especial conhecido, mas, não provido.(STJ -
REsp: 1053810 SP 2008/0094908-6, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 17/12/2009, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 15/03/2010)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


FINANCIAMENTO. IMÓVEL. OBRA.PROMESSA DE COMPRA
E VENDA. RESCISÃO. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS
PAGAS.SÚMULA 83/STJ. 1. "Há enriquecimento ilícito da
incorporadora na aplicação de cláusula que obriga o
consumidor a esperar pelo término completo das obras para
reaver seu dinheiro, pois aquela poderá revender
imediatamente o imóvel sem assegurar, ao mesmo tempo, a
fruição pelo consumidor do dinheiro ali investido." (REsp
633.793/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 07/06/2005, DJ27/06/2005, p. 378 (STJ -
AgRg no REsp: 863639 SC 2006/0143593-1, Relator: Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 04/08/2011, T4
- QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/08/2011)

- O presente princípio guarda relação com o artigo 884 do CC: “Aquele


que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir
o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”.

1.3 – Princípio da Reparação Integral


- Este princípio está relacionado à reparação devida ao consumidor em
caso de eventual dano sofrido.
- A reparação deve ser a mais ampla possível para abranger todos os
danos possíveis: danos materiais (lucro cessante e dano emergente), morais,
estéticos, a imagem, etc.
- Neste sentido, deve-se ressaltar que o princípio da reparação integral
pode ser compreendido indenização integral, pois reparar o dano seria voltar
ao status quo, que muitas vezes não é possível no dano material e impossível
se tratando de dano moral.
- Entre os direitos básicos do consumidor, o art. 6, inciso VI prevê: “a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos”.
- As grandes empresas fornecedoras de produtos ou serviços (telefonia,
plano de saúde, seguradoras, TV por assinatura), buscam frustrar este
princípio. Ex: súmula 465 do STJ – “Ressalvada a hipótese de efetivo
agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar em
razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação”.
- OBS: a expressão “danos pessoais” em contrato de adesão redigido
por seguradoras e os danos morais. (Súmula 402 do STJ: “O contrato de
seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula
expressa de exclusão).
- Este princípio tem engloba na sua definição não só a questão da
reparação do dano sofrido, mas também, e principalmente, a prevenção de
danos.
Neste sentido pergunta-se: é possível plano de saúde negar tratamento,
ainda que em fase experimental, ou seja, sem comprovação científica de
eficácia ou sem aprovação no Brasil? (STJ, Resp. 520.864).
OBS: o princípio do enriquecimento sem causa é um dos fundamentos
do princípio da reparação integral. Esta vedação ao enriquecimento ilícito gera
obrigações inclusive para o consumidor. Ex1 - (Resp. 955.134, 29.08.12 –
necessidade de pagar alugueis em virtude da ocupação do bem, mesmo que a
rescisão contratual tenha sido causada pela construtora); Ex2 – (AgRg no Resp
1.270.283, 20.08.12: “quem recebe o que não devia deve restituir, sob pena de
enriquecimento indevido, pouco importando a prova do erro no pagamento).
- Vale lembrar que a jurisprudência brasileira não aceita a “indenização
tarifada”, ou seja limites pré-estabelecidos para indenização.
- O art. 51, inciso I do CDC prevê uma exceção que permite a limitação
da indenização:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que: (...)Nas relações de consumo entre o fornecedor e o
consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada,
em situações justificáveis;

- Este princípio também pode ser excepcionado caso o consumidor


contribua para o evento danoso. Ex: contrato de seguro e acidente com
motorista alcoolizado.
OBS: falta de coerência da jurisprudência nacional quanto a assaltos ocorridos
em shoppings centers e em ônibus. Nos primeiros, há o dever das empresas
de indenizar o prejuízo sofrido, sem que o evento danoso seja considerado um
caso fortuito ou força maior. Já quando o assalto ocorre nos transportes
coletivos não há o dever de indenizar o consumidor nem das empresas e nem
do Poder Público (STJ, AgRg no Resp 1.487.443, 31.08.16).
- Por fim, vale ressaltar que é abusiva qualquer cláusula contratual que
limite a responsabilidade dos fornecedores em nítido prejuízo ao consumidor.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que


impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar
prevista nesta e nas seções anteriores.

1.4 – Princípio da Solidariedade


- De acordo com o Código Civil (art. 186 e 187 c/c art 927) em regra,
quem causou o dano deverá por ele responder. O que, a contrário senso,
entende-se que não iremos responder por danos causados por outros.
- Contudo, algumas situações impõe o dever de cobrar a
responsabilidade de um evento danoso à pessoa diferente daquela que causou
diretamente o prejuízo, sob pena de haver uma limitação da efetividade da
responsabilidade. Ex: responsabilidade civil por fato ou ato de terceiro, ou de
outrem, ou responsabilidade indireta (no caso está inclusa também a
responsabilidade objetiva).
- Ex.: empregador que responde por seus empregados (neste caso o
STJ já se manifestou no sentido de exigir indenização da Igreja por atos de
pedofilia cometido por padres – Resp. 1.393.699).
- Nas relações de consumo “a solidariedade diz respeito à
responsabilidade relativamente aos danos causados aos consumidores, ou, de
modo mais amplo, a necessidade de responder por quaisquer vícios ou fatos
relativos ao produto ou serviço” (BRAGA NETTO, Felipe. Manual de Direito do
Consumidor, 2018, p.82).
- O que é responsabilidade solidária?
- A responsabilidade dos fornecedores é solidária, ou seja, havendo
mais de um responsável por colocar o produto ou serviço no mercado de
consumo, os danos que este vier a ocasionar serão ressarcidos por todos,
solidariamente, cabendo a vítima escolher contra quem quer promover a ação
de reparação, se contra um, alguns ou contra todos.
CONSUMIDOR. CONTRATO. SEGURO. APÓLICE NÃO
EMITIDA. ACEITAÇÃO DO SEGURO. RESPONSABILIDADE.
SEGURADORA E CORRETORES. CADEIA
DEFORNECIMENTO. SOLIDARIEDADE. 1. A melhor exegese
dos arts. 14 e 18 do CDC indica que todos aqueles que
participam da introdução do produto ou serviço no mercado
devem responder solidariamente por eventual defeito ou vício,
isto é, imputa-se a toda a cadeia de fornecimento a
responsabilidade pela garantia de qualidade e adequação. 2. O
art. 34 do CDC materializa a teoria da aparência, fazendo com
que os deveres de boa-fé, cooperação, transparência e
informação alcancem todos os fornecedores, direitos ou
indiretos, principais ou auxiliares, enfim todos aqueles que, aos
olhos do consumidor, participem da cadeia de fornecimento. 3.
No sistema do CDC fica a critério do consumidor a escolha dos
fornecedores solidários que irão integrar o polo passivo da
ação. Poderá exercitar sua pretensão contra todos ou apenas
contra alguns desses fornecedores, conforme sua comodidade
e/ou conveniência. 4. O art. 126 do DL nº 73/66 não afasta a
responsabilidade solidária entre corretoras e seguradoras; ao
contrário, confirma-a, fixando o direito de regresso destas por
danos causados por aquelas. 5. Tendo o consumidor realizado
a vistoria prévia, assinado proposta e pago a primeira parcela
do prêmio, pressupõe-se ter havido a aceitação da seguradora
quanto à contratação do seguro, não lhe sendo mais possível
exercer a faculdade de recusar a proposta. 6. Recurso especial
não provido. (STJ - REsp: 1077911 SP 2008/0169205-6,
Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
04/10/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
14/10/2011)

Art. 7º, Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,


todos responderão solidariamente pela reparação dos danos
previstos nas normas de consumo.

Art. 25 § 1° Havendo mais de um responsável pela causação


do dano, todos responderão solidariamente pela reparação
prevista nesta e nas seções anteriores.

OBS: no mesmo sentido os artigos 18, 19 e 34.

- Teoria da aparência: o STJ entendeu em 2015 que a Unimed é


solidariamente responsável por qualquer outra Unimed no Brasil, ou seja suas
cooperativas nos Estados. Cabe registrar que, formalmente, são cooperativas
distintas, mas se valem de idênticas denominações e podem fazer crer ao
consumidor que há unidade no atendimento e no serviço por elas prestados.
- As empresas de plano de saúde respondem pelos danos causados por
médicos e hospitais credenciados: “a Turma entendeu que a prestadora de
serviços de plano de saúde também é parte legítima para figurar no polo
passivo de ação de indenização proposta pelo contratante, vítima de danos
resultantes de erro médico. Há vinculação entre a operadora e os profissionais
que indica”. Precedente citado: REsp 164.084-SP, DJ 17/4/2000. REsp
138.059-MG, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 13/3/2001.
Exceção: se a família ou o paciente escolher os profissionais que
atuarão no caso. Neste caso, não haverá responsabilidade dos plano de saúde,
porém persiste a responsabilidade do médico e do hospital.

1.5 – Interpretação mais favorável


- Previsão do art. 47 do CDC:
As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais
favorável ao consumidor.

- Esta previsão legal impõe ao interprete que utilize técnicas de


hermenêutica que garantam os interesses e direitos do consumidor, diante das
cláusulas contratuais (Resp. 1.106.789 de 18.11.09).
- Ex: cobertura de plano de saúde do serviço home care (domiciliar) por
se tratar de desdobramento do serviço de tratamento hospitalar também não
pode ser limitado pela operadora de plano de saúde. (Resp. 1.378.707 de
15.06.2015).
- Se o fornecedor utiliza cláusula dúbia e mal redigida, independente de
se valer desse artificio de forma proposital, a solução é interpretá-la contra
quem a redigiu.
-

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