Você está na página 1de 10

Nome: Maicon Alisson Fuzon

Disciplina: Leitura e Produção de Texto

CAMUS, Albert; O Estrangeiro. Edição 16. Brasil:


Record 1997.

Resumo

O livro conta o drama de Meursault, um homem com


seus trinta e poucos anos de idade, que perde a sua mãe.
Sua mãe estava em um asilo de velhos em Marengo, que
fica a oitenta quilômetros de Argel. Meursault acaba não
desejando ver sua mãe pela última vez dentro do caixão.
Começa o velório, que dura a noite toda. Alguns amigos
da falecida aparecem, entre eles, uma grande amiga, que
chora bastante. Quando amanheceu o dia, fez-se uma
procissão até o cemitério. Além do protagonista, foram
também o padre, dois acólitos, o diretor do asilo e Tomaz
Pérez, um grande amigo da falecida sua mãe. Meursault
não sabia direito a idade de sua mãe. Rapidamente
presenciou o enterro, e partiu para sua casa em Argel, sem
ter se emocionado muito, e feliz por tudo ter se arranjado,
como ele gosta de dizer.
No outro dia Meursault toma um banho de mar com
Maria Cardona, uma antiga datilógrafa do escritório.
Depois vai com ela ao cinema assistir um filme de
comédia. No domingo descansa bastante, para no próximo
dia voltar ao trabalho. Salamano, um vizinho seu, tinha um
cão, que vivia a insultar. Outro vizinho com que Meursault
convive é Raimundo, que entra na sua casa algumas vezes
e conversa muito com ele. Raimundo não era querido pela
vizinhança, e disse ao seu único amigo que estava sendo
enganado por uma mulher. Dizia que ela não lhe ajudava e
também não trabalhava. Raimundo chegou a bater num
homem na rua e mesmo espancar sua amante. Meursault
escreveu uma carta, a pedido do mesmo, endereçada à sua
ex-amante, com o objetivo de fazê-la voltar para ele. Mas
de nada adiantou. Raimundo voltou a bater na mulher, e só
parou quando a polícia chegou e a levou. Os vizinhos
partilhavam o desgosto pelos policiais e Meursault serviu
de testemunha no caso para Raimundo. Salamano aparece
sem o seu cão, e Meursault tenta ajudá-lo, dando
instruções ao velho, para que ele conseguisse seu cão de
volta. Em seguida, Raimundo combinou de passar um
domingo na casa de Masson, Maria foi convidada. Disse
também que fora seguido durante todo o dia por um grupo
de Árabes entre os quais estava o irmão de sua antiga
amante. Meursault desligou o telefone e seu chefe lhe
propôs um trabalho em Paris. Logo à noite, Maria veio
buscá-lo, perguntou se ele queria casar com ela e se
animou com a possibilidade de morar em Paris. No dia
seguinte, Salamano veio até a casa de Meursault e entre
outras coisas disse que ele devia sentir-se bem infeliz
desde a morte da mãe. E também concordou que o asilo
era o melhor lugar para ela. No domingo, Raimundo e
Maria foram com Meursault à casa de praia de Masson.
No caminho viram os árabes, e Raimundo apontou ao
recém-casado quem era seu “ex-cunhado”. Logo que
chegaram, os três se juntaram aos moradores da casa,
foram tomar um banho de mar, e depois almoçaram.
Depois do almoço, Raimundo, Meursault e Masson foram
caminhar pela praia, e dois Árabes vinham em suas
direções. Raimundo foi para cima de seu desafeto,
desferiu-lhe socos e voltou para a casa de seu amigo com
o braço enfaixado e um adesivo no canto da boca. Depois
de certo tempo, voltaram a andar ao longo da praia, até
que encontraram novamente os Árabes. Meursault pediu o
revólver a Raimundo e disse para ele brigar com o árabe
homem a homem. Fez menção de disparar, mas resignou.
Os dois voltaram pra casa. Meursault estava prestes a subir
a escada, quando decidiu voltar ao rochedo em que os
Árabes se encontravam, no intuito de, segundo ele,
descansar. Mal começara a repousar, quando viu o
desafeto de Raimundo voltando ali. Logo que o viu, o
árabe pôs a mão no bolso, procurando a navalha.
Naturalmente, agarrou no revólver. Depois de alguns
breves e tensos movimentos, Meursault viu com clareza a
luminosidade da navalha do Árabe, tremeu com o revólver
na mão e disparou. Voltou a disparar mais quatro vezes
contra o corpo do Árabe.
Oito dias depois de preso, o juiz de instrução olhou o
caso com curiosidade, e no dia seguinte, um advogado
veio até a prisão. O advogado relacionou a morte da mãe
com o caso, e Meursault tentou fazê-lo notar o contrário.
Levado ao juiz de instrução, ele foi submetido a várias
perguntas, às quais não respondia. O juiz de instrução
disse ser cristão e ouviu o preso contrariá-lo várias vezes e
dizer que não acreditava em Deus. Antes de sair, o juiz
perguntou se ele estava arrependido do seu gesto. Ele disse
que mais que isso, experimentava certo aborrecimento.
Apenas depois da primeira e última visita de Maria que
Meursault se sentiu realmente na prisão. Na prisão, lera
uma história impressionante que deveria ter se passado na
Tchecoslováquia. Sem perceber direito, e depois de cinco
meses preso, começara o julgamento do caso. O presidente
da sessão chamou as testemunhas, que eram: Tomás Perez,
Raimundo, Masson, Salamano, Maria e Celeste, o dono de
um restaurante em Argel. Imediatamente começou o
interrogatório. Na presença também de jornalistas, o
presidente, além de perguntas protocolares, insistia no fato
do acusado ter mandado sua mãe para o asilo. A uma
pergunta do procurador em relação ao fato de Meursault
ter voltado à nascente com a intenção de matar o árabe,
sua resposta foi “não” e que fora o acaso que lá, armado, o
levara. Depois do almoço em sua cela, a sessão
recomeçou, e foi chamado o depoimento do diretor do
asilo. O diretor disse que o réu não quis ver o corpo da sua
mãe. Depois foi chamado o porteiro do asilo, repetindo-se
o mesmo cerimonial. Tomás Perez depôs, e respondeu
que não vira Meursault chorar. Celeste destacou que para
ele o crime foi uma desgraça. Maria, por sua vez, disse era
amiga do réu. O procurador perguntou a Maria
bruscamente quando começara essa ligação, e observou
que parecia ser apenas um dia depois da morte da mãe.
Maria contou o banho e também indicou sua ida ao
cinema, para ver um filme cômico de Fernandel, para
espanto de toda sala. Depois de Masson, e de Salamano,
chegou a vez de Raimundo, a última testemunha. Disse
que a presença de Meursault na praia fora um mero acaso.
O procurador argumentou que o acaso tinha costas largas
nesta história toda. Afirmou que o réu era seu cúmplice e
amigo. O procurador terminou declarando: “O mesmo
homem que, um dia depois da mãe ter morrido, se
entregava à mais vergonhosa devassidão, matou por razões
fúteis e para liquidar um inqualificável caso crapuloso.” O
advogado de acusação afirmou que não se tratou de um
crime banal, e que não podia ser atenuado. O mesmo
procurador disse que o acusado não tinha alma, nem nada
de humano. Para o advogado de defesa ele era um filho
modelo, que sustentara a mãe até não mais poder.
Meursault perguntou a seu advogado se não poderia
derrogar o processo, em caso de sentença desfavorável.
Foi-lhe explicado que não se derroga um processo sem
mais nem menos. O presidente, mais tarde, anunciou que
lhe cortariam a cabeça em praça pública, em nome do
povo francês. O réu questionava a seriedade da decisão,
mas foi obrigado a reconhecer que a partir do instante em
que fora tomada, os seus efeitos eram tão sérios como a
presença da parede ao longo da qual se estendia. Nestes
momentos se lembrou de uma história que a mãe
costumava contar-lhe a respeito de seu pai, que nunca
conhecera. A história era de que seu pai adorava assistir às
execuções. Meursault verificou que o que havia de
defeituoso na guilhotina era não existir nenhuma
possibilidade de salvação. Para ele, ali era-se morto
discretamente, talvez com um pouco de vergonha, mas
com muita precisão. Para ele também, pouco importava se
morresse aos trinta ou aos setenta. O capelão entrou em
sua cela, conversou bastante com o preso, tentou fazê-lo
crer que seria salvo, mas ele discordava veementemente. O
padre acabou sendo puxado pela gola da sotaina, depois de
ter seus sermões rejeitados por Meursault. Os seguranças
vieram para separá-los. Meursault, depois de vários
questionamentos de valores morais, terminou aceitando a
rejeição do seu recurso e foi executado em praça pública.

Apreciação Crítica

“O Estrangeiro” é um romance de Albert Camus, que


bem parece com um conto, devido à sua brevidade. O livro
ilustra o pensamento chamado “absurdo da existência”,
que é desenvolvido pelo autor francês em muitas de suas
obras. Camus continua muito atual, mesmo cinco décadas
após a sua morte. O estrangeiro é hoje o recordista
absoluto de vendas em formato de bolso na França, e é
também a principal obra do francês nascido na Argélia.
Albert Camus tem como principais influências os
romancistas Franz Kafka e Dostoiévski. Para mim, a obra
descorre com uma velocidade simplesmente absurda,
fazendo jus ao estilo do autor. Mesmo assim, há muita
tensão. Nada comparável a Dostoiévski,por exemplo, mas
interessante com certeza. Principalmente quando o
protagonista e ao mesmo tempo narrador faz suas
observações características do campo da metafísica. Mas o
livro, a meu ver peca pela falta de detalhes sobre os
personagens, poderia ser maior e discorrer mais
lentamente. Apesar disso, o estrangeiro é o ponto alto do
“ciclo do absurdo” de Camus. Porém, o mais
impressionante, é que se me pedissem para dar um elogio
ao romance, seria o repúdio que Meursault causa no leitor.
Este que comete um assassinato praticamente sem motivo,
mas que pelo menos foi bem descrito, atenuando pelo
menos um pouco a sensação de que Meursault não tinha
sentimento. Pelo menos o assassino tremeu ao segurar a
arma. Para mim, é um livro muito artificial. Em alguns
trechos se percebe claramente algumas observações
protocolares de um escritor que não consegue esconder
sua própria vida e personalidade. O anti-herói Meursault é
um homem sem sentimentos, literalmente. Pois, para que
serve a arte, senão para manifestar os sentimentos do ser
humano? Também não gostei do final, que acaba com as
reflexões de Meursault. Em algum momento essas
reflexões passam a ficar sem pé nem cabeça, e até pouco
condizentes com a falta de personalidade do personagem
principal. Tivemos alguns bons momentos no julgamento
e também as manjadas indagações sobre a existência de
Deus. Mas, sinto dizer, sem muito brilhantismo.
Concluindo, não posso aplaudir, mesmo que tenha
chegado a seu propósito com muito talento, uma obra que
é “contra” a arte.

Você também pode gostar