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O ESTUDO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E MEIO AMBIENTE NA ÁREA

RURAL COMO FORMA DE ORIENTAR O CIDADÃO DOS DIREITOS E DEVERES


COM O MEIO AMBIENTE

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Teresinha Regina de Alencar Barata

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Samara Araújo Medeiros

RESUMO

Tendo como base a ausência de conhecimento do cidadão agricultor rural em


desenvolvimento sustentável, verificou-se a possibilidade de auxiliar na melhoria das
técnicas de produção ecologicamente corretas, dos direitos e deveres com o meio
ambiente e das Políticas Públicas, com a finalidade de utilizar os benefícios de
preservação das nascentes e matas próximas aos rios para possibilitar o
desenvolvimento econômico e social, bem como apresentar a utilização do
pagamento por serviços ambientais como recurso imediato para amenizar os
problemas sociais e do meio ambiente, propor a produção agrícola com método da
policultura e agricultura sintrópica. Para tanto, foi utilizado como método para a
coleta de dados a pesquisa bibliográfica. A partir da análise de dados, busca-se
compreender a importância do acesso às políticas públicas atuais relacionadas ao
meio ambiente e à economia para melhorar a qualidade de vida do cidadão, e, o
mais importante, despertar a necessidade de uma convivência harmônica entre
produção, meio ambiente e consumo. O benefício dos pagamentos por serviços
ambientais (PSA) serve para proteger e alertar do perigo da utilização excessiva do
solo e da água e, portanto, diminuir os impactos no ecossistema.
PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente. Agricultor. Desenvolvimento Sustentável.
Serviços Ambientais. Agricultura Sintrópica.

1
Graduada em EAD em Processos Gerenciais e Pós-graduanda em Direito: Meio Ambiente e
Sustentabilidade.

2
Mestranda em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR; Graduada
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR; Advogada.
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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável pode ser caracterizado como símbolo da


superação da acumulação de renda. Em outras palavras, seu propósito é a tentativa
de estabelecimento de um equilíbrio entre a economia e o ambiente. Sob esse
ângulo, faz-se necessária a produção e consumo sustentáveis em prol da
sustentabilidade socioambiental, capaz de gerar uma vida valorosamente saudável.

Esta pesquisa delimitou-se em colher informações sobre de que forma o


estudo da responsabilidade social e meio ambiente na área rural auxilia em melhorar
o nível de conhecimento socioambiental do produtor rural, tendo como referência o
meio ambiente, políticas públicas e leis ambientais. Busca também incentivar a
policultura, e mostrar que a monocultura é inviável para a sustentabilidade.

Diante do cenário do desmatamento, implantação de produção em larga


escala, entre outros fatores, tem-se a agressão contra o meio ambiente e os
desperdícios desses bens naturais. Por exemplo, o desmatamento seca os rios, as
águas ficam paradas e a utilização de agrotóxicos sem as devidas precauções, o
que também auxilia na poluição da água, provocando doenças, morte de peixes
etc.

Portanto, buscou-se reunir dados, com o propósito de responder ao seguinte


problema de pesquisa: de que maneira o estudo da responsabilidade social e meio
ambiente na área rural ajuda a melhorar o nível de conhecimento socioambiental do
agricultor?

O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar de que forma o


estudo da responsabilidade social e meio ambiente na área rural, auxilia a melhorar
o nível de conhecimento socioambiental do agricultor. Como forma de orientar o
cidadão dos direitos e deveres com o ambiente, com a finalidade de aplicar o
benefício de preservação das nascentes, matas próximas aos mananciais e
participando dos benefícios das políticas públicas, como os Pagamentos por
Serviços Ambientais (PSA), o estudo pode atuar como forma de orientar o cidadão
dos direitos e deveres com o ambiente e assim melhorar o seu nível de
conhecimento.
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Diante da degradação da natureza, tendo o homem como seu principal


beneficiário e com a necessidade de uma produção equilibrada para a preservação
do meio ambiente, vê-se a necessidade do agricultor em aprender a conviver em
harmonia com os bens naturais. E assim entender melhor o desenvolvimento
sustentável.

Devido à necessidade de melhorar o nível de conhecimento socioambiental


do agricultor, essa pesquisa se justifica através do estudo da responsabilidade social
e meio ambiente na área rural em contribuição para o seu público alvo, o benefício
de preservação da natureza, como nascentes, matas, solo, com a substituição da
monocultura pela policultura. Dessa forma, possibilitar o melhor uso da terra.

Como procedimentos, a pesquisa é bibliográfica, isso porque utilizou-se de


publicações, constituídas principalmente de livros, de autores como José Afonso da
Silva, José Ely da Veiga, Cristiane Derani, Ana Maria de Oliveira Nusdeo,
compreende-se como orientação técnica. Determinou-se a pesquisa bibliográfica por
se fazer uso de materiais já publicados, por exemplo, livros, artigos, periódicos,
teses, dissertações, documentos eletrônicos, além da legislação, da Constituição
Federal, com informações de direitos e deveres do cidadão, em busca do
conhecimento sobre a responsabilidade social e meio ambiente, servindo como
orientação de cidadania.

O Trabalho de Conclusão de Pós-Graduação em Direito: Meio Ambiente e


Sustentabilidade, foi dividido em três partes, assim distribuídas: na primeira parte, o
histórico do desenvolvimento sustentável. Na segunda, os tópicos acerca das
políticas públicas e suas relações com o trabalhador rural e suas atitudes de
proteção ambiental. Na terceira, possibilidades da substituição da monocultura pela
policultura, como também a utilização da agricultura sintrópica, como recursos
alternativos para recuperação e melhoria do uso do solo, diminuindo assim os
impactos nos ecossistemas e assim responder o problema apresentado acima.
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2 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O homem, pressionado pela necessidade de conviver em um ambiente


saudável, deu início aos primeiros movimentos sobre desenvolvimento sustentável.
Foram organizadas propostas na Europa, apesar de já existir a influência da cultura
Pachamama (Inca), na América Latina. Por isso, foi dado início a encontros para
debates sobre sustentabilidade como o Clube de Roma na década de 1960, mas o
marco histórico das questões ambientais foi em 1972, com a Conferência de
Estocolmo. Este foi o primeiro encontro mundial sobre política ambiental
internacional.

Em 1968, o Clube de Roma foi o primeiro grupo a debater sobre


sustentabilidade, meio ambiente e limites do desenvolvimento, mas o que chama
atenção é que apenas na década de 1980 surgiu o conceito de desenvolvimento
sustentável, com o relatório de Brundtland (ALENCASTRO, 2012). O assunto tomou
proporção nos países chamados de primeiro mundo, como Itália, Estados Unidos,
Austrália e Suécia. Logo em seguida, outros países foram assumindo compromissos
socioambientais através da Organização das Nações Unidas (ONU), com debates,
conferências e tantos outros mais.

A partir da Conferência de Estocolmo em 1972, houve um avanço no trato


com o Meio Ambiente. No Brasil, foram criadas leis ambientais, órgãos de
fiscalização, Ministérios, Secretarias, princípios do Poluidor-Pagador e do Usuário-
Pagador e diversos serviços de proteção. Os princípios do Usuário-Pagador
e Poluidor-Pagador visam as indenizações de gastos com a recuperação do meio
ambiente (DERANI, 1997).

A Organização das Nações Unidas (ONU), na conferência Rio 92, traçou


metas para medir as ações do homem no meio ambiente e o seu desenvolvimento.
Foi a maior conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento. Conforme Derani
(1997, p.137): “[...] a orientação do desenvolvimento sustentável passa a ser tratada
como um problema de escolha, uma opção política ligada à estratégia de
desenvolvimento a ser adotada”.
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A Conferência de Estocolmo foi o primeiro encontro mundial sobre política


ambiental internacional. O Brasil, assumindo tais compromissos, em 1973, criou a
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Logo depois, para potencializar a
proteção e vigilância do Meio Ambiente, muitos outros órgãos foram criados, como o
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
o Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável e outros mais que foram surgindo conforme as necessidades.

Desde a década de 1960 a humanidade começou a se preocupar com o meio


ambiente. Por isso, teve início a criação de grupos para o estudo da
sustentabilidade, conforme dispostos abaixo:

a) No ano de 1968 - Clube de Roma, o primeiro grupo a debater


Sustentabilidade, Meio Ambiente e Limites do Desenvolvimento.

b) Em 1970 - Nos Estados Unidos, foi criada a NEPA, conhecida por


"Constituição Ambiental", e a EPA, Agência de Proteção Ambiental Norte-
Americana, para proteger a saúde humana e o meio ambiente.

c) Em 1972 - A Conferência de Estocolmo, política ambiental internacional,


"Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”.

d) No ano de 1973, no Brasil, foi criada a Secretaria Especial do Meio


Ambiente (SEMA), assumindo assim os compromissos de Estocolmo.

e) Na década de 1980 - com o Relatório de Brundtland surgiu o conceito de


Desenvolvimento Sustentável.

f) Na década de 1990, a ONU realizou a chamada Cúpula da Terra, ou Rio


92, Agenda 21 (COSTA, PARDO e SILVA , 2016).

Pode-se dizer que muito já foi feito para o cidadão viver em harmonia com a
natureza, mas o homem persiste em agredir o meio ambiente com poluição. O
produtor rural cada dia produz mais alimentos, agricultura com severos
desmatamentos, adota o excessivo uso da água em irrigações, criação de animais
de grande porte em alta escala, além do desgaste do solo, formando erosões, e do
uso de agrotóxicos sem as devidas precauções. São atitudes antiéticas com o bem
natural de sobrevivência da humanidade e do ecossistema.
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2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O MEIO AMBIENTE

As discussões sobre desenvolvimento sustentável foram evoluindo ao longo


do tempo, o que motivou os países do primeiro mundo, como Estados Unidos e
Austrália, a iniciarem os projetos das primeiras atitudes para práticas de
conservação da natureza com os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).
Vários países já se utilizam do PSA pela imposição da atual situação de
necessidade de sobrevivência do homem e natureza, como Brasil (PROAMBIENTE;
BOLSA FLORESTA; PRODUTOR DE ÁGUAS), Costa Rica (FONAFIFO) e Equador
(PINAMPIRO).

Dessa maneira, foram surgindo as Políticas Públicas para o Desenvolvimento


Sustentável. Direcionadas aos municípios com benefício ao agricultor para a
preservação do meio ambiente, conforme Nudeo explica: "[...] é importante a
existência de canais de participação para que todos se inteirem do pagamento [...]"
(NUSDEO, 2012, p. 76).

Para as Políticas Públicas e sustentabilidade socioambiental, tem-se alguns


exemplos de teóricos como: Silva (2004), Derani (1997), Nusdeo (2012), Veiga
(2005), Mirra (1996) e outros que são destaque para os estudos também do Direito
Ambiental. Como bem confirma Silva (2004), é possível dizer que a sustentabilidade,
além de ser atitude ética, está demonstrada em forma de leis, e assim, garantindo o
dever de todos com o meio ambiente, respeitando, cuidando e fazendo uso com
responsabilidade.

A economia deve estar voltada para a justiça social. Derani deixa claro que
"[...] pode-se afirmar que as relações econômicas só podem ser compreendidas de
modo completo quando se identificar os efeitos sociais [...]” (DERANI, 1997, p.144).
Com essas informações, podemos dizer que socioeconômico e socioambiental são
atitudes justas de inclusão do indivíduo no ambiente sadio, com justiça e equilíbrio
com a natureza., com o Estado se fazendo presente para garantir a legalidade das
ações.

Portanto, é preciso que o produtor rural tenha uma relação com a natureza de
preservação e recuperação. Como exemplo, temos a agricultura sintrópica, que é
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um manejo agrícola ecologicamente correto de produção, com a recuperação e


proteção do meio ambiente. Esse tipo de manejo é totalmente oposto ao da
monocultura, que desequilibra o ecossistema, por cultivos em alta escala de tipos
únicos, como soja, cana-de-açúcar, café, etc. Podemos dizer que o sistema de
produção da agricultura sintrópica, é o ponto de equilíbrio entre o homem, produção
e natureza.

A agricultura sintrópica, são cultivos de várias espécies juntas, para que se


protejam, recuperando a água, o solo, ou seja, natureza equilibrada em apenas três
a cinco meses. Apesar de todas as vantagens, o cidadão agricultor rural tem
dificuldades em substituir produção em monocultura para sintrópica, por ainda achar
que a economia está acima de tudo, mesmo que mais tarde, nada seja produzido
em suas terras, pelo solo desgastado e infestado de pragas e doenças. Mesmo
assim, essas terras poderão ser recuperadas através da agricultura sintrópica. Como
afirma Silva (2004, p. 26-27) "[...] na exploração equilibrada dos recursos naturais,
nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração,
assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras".

Portanto, a agricultura sintrópica e ou a policultura são manejos de produção


com proteção e recuperação do solo. Sobre isso:

O Organismo Planeta Terra sempre trabalha pelo bem viver de todos seres
que o formam. Por isto, trabalhar em direção oposta ao que a natureza faz
traz sempre consequências muito ruins para todos os seres vivos.
Possibilitam também que os adubos que trazemos de fora não escapem do
ciclo da vida, como ocorre nas monoculturas (CORREA, MESSERSCHMIDT
e MONNERAT, 2016, p. 93).

Conforme explicado acima, é possível produzir e preservar o meio ambiente


com manejos adequados e com responsabilidade. Sobre isso, Nusdeo (2012, p.133)
diz que: "[...] existem normas no ordenamento brasileiro que determinam a
preservação de áreas específicas no interior da propriedade rural”.

Sobre a poluição causada pela atividade rural, como erosões e assoreamento


dos mananciais, a Agência Nacional de Águas (ANA) criou o programa Produtor de
Águas, que faz o pagamento àqueles que protegem as nascentes com a
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recuperação das matas ciliares e com práticas agrícolas adequadas. Sobre isso,
Nusdeo (2012, p. 63) afirma: “Caso mantenha vegetação em mata ciliar e reserva
legal, conservará os recursos hídricos, o solo e os corredores de biodiversidade,
além da estabilidade climática.”

Sendo assim, o programa Bolsa Floresta é o primeiro projeto do Brasil


certificado internacionalmente. “Esse e outros programas criados pela lei
enquadram-se nos seus objetivos de criação de mecanismos de Redução de
Emissões do Desmatamento (RED)” (NUSDEO, 2012, p.64).

Conforme citado acima, o agricultor rural passa a cumprir a função de


guardião da floresta. Das Políticas Públicas do Governo Federal Brasileiro para o
meio ambiente, pode-se destacar: o Programa de desenvolvimento socioambiental
da produção familiar (PROAMBIENTE), Bolsa-Floresta, desdobrada em Bolsa
Floresta-Renda e Bolsa Floresta Social, Produtor de Águas, Bolsa Floresta
Associação, Bolsa Floresta Familiar. Podemos perceber que com os pagamentos
por serviços ambientais e as Políticas Públicas desenvolvendo estratégias de
mudanças de procedimentos, as águas e as matas ciliares serão recuperadas e
protegidas a curto prazo.

2.2 PRODUÇÃO COM SUSTENTABILIDADE

Tendo como base a importância da Responsabilidade Social e Meio Ambiente


para o cidadão, inclusive da área rural, justifica-se a necessidade da contribuição
didática para o agricultor como forma de orientação para que tenha um
balanceamento na produção e sustentabilidade como forma do reconhecimento de
que o homem é parte integrante do ambiente e que sua sobrevivência depende
totalmente do meio ambiente equilibrado. Mirra (1996) afirma que a economia com
sustentabilidade em áreas rurais é considerada de grande importância e é garantida
por leis e normas que impõem ao cidadão atitudes corretas com o meio ambiente,
bem como a preservação de sua propriedade.
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Essa harmonia entre produção e preservação é extremamente necessária


por ser uma questão de existência do indivíduo no planeta. É preciso mudanças de
comportamento para efetivação da economia, conforme afirma Derani: “A
compreensão do direito ambiental como um conjunto normativo intrinsecamente
vinculado à produção econômica, [...] objetiva a manutenção de uma prática
econômica socialmente desenvolvida” (DERANI, 1997, p.153).

Veiga deixa claro que é preciso ponderar as atividades humanas na natureza,


com prevenção e ou recuperação. Isso porque é uma questão vital de preservação
da humanidade. O que preocupa é o fato da dificuldade de compreensão do cidadão
produtor rural em mudanças de atitudes favoráveis para o ecossistema. Necessária
se faz uma educação com qualidade nas Instituições Públicas. Conforme citado
acima, o autor confirma dizendo que ”[...] a biosfera, [...] está sendo submetida a
pressões insuportáveis e prejudiciais para o próprio desenvolvimento as condições
de vida" (VEIGA, 2006, p. 187).

A ausência desse conhecimento básico de produção com sustentabilidade


traz sérios danos para a natureza e para o cidadão. Como exemplo, é possível citar
o plantio em grande escala da pimenta-do-reino na década de 1970 no Estado do
Pará, em que grandes áreas de plantio foram invadidas por pragas e doenças, com
perda total da produção e plantio. Atualmente, após cinco décadas, áreas, plantios e
produção vão se recuperando. Sendo assim:

“A natureza está para e na existência humana, à medida que o homem é


natureza e dela produz. Quando se perde esta ligação, esta relação social-
natural-humana, toda atividade humana transforma-se numa atividade
autônoma desvinculada de uma realização social” (DERANI, 1997, p.147).

Conforme citado acima sobre a agricultura de manejo de monoculturas, esta


deverá ser substituída pela policultura, logo, teremos uso adequado da área e assim
sendo, para melhor recuperação do solo, deve ser feito o uso da agricultura
sintrópica, por tratar-se inegavelmente de um melhor resultado de recuperação para
áreas degradadas. Sobre o assunto, Silva (2004, p. 193) afirma que o Art. 225, § 1º,
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VII, vedou quaisquer práticas que representassem risco ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado.

Com a implantação de sistemas de produção de alimentos orgânicos, por


exemplo, a policultura e o uso da agricultura sintrópica, o produtor rural, recebendo
orientações e acompanhamento dos órgãos do governo, como EMATER, EMBRAPA
e SAGRI, deve apresentar bons resultados de qualidade na produção. Como bem
nos assegura, Veiga (2005, p. 59): “É da combinação de dádivas da natureza com
trabalho humano que surge o recurso inicial da economia de qualquer comunidade".
Portanto, a produção com qualidade e responsabilidade baseia-se no respeito ao
meio ambiente, já que é da natureza que depende a sobrevivência do homem.

Dessa forma, as mudanças vão se tornando realidade, como mostram alguns


dados abaixo:

Para viabilizar a atividade rural, o setor agropecuário investe em práticas


sustentáveis de produção, como a rotação de culturas, adubação verde,
além do reflorestamento, que protege os mananciais e as nascentes dos
rios. O Brasil é líder na utilização da técnica do plantio direto na palha,
cultivando cerca de 32 milhões de hectares, que correspondem a mais da
metade da área plantada de seu território. Tal tecnologia fomenta sistemas
de produção como os de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que
promovem, por sua vez, a recuperação de áreas de pastagens degradadas
[...] (JUNIOR, 2015, n.p).

Conforme explicado acima, o autor deixa claro que muitas melhorias estão
sendo realizadas para que se tenha produção agrícola com sustentabilidade.
Contudo, ainda existe um déficit muito grande para com o desenvolvimento
sustentável, por ser um processo político participativo socioeconômico,
socioambiental e cultural. Essas questões das atitudes humanas, de desrespeito
com o meio ambiente, precisam de ações punitivas para recuperação da
degradação provocada pelo infrator. Parece óbvio que o conhecimento ainda precisa
chegar ao cidadão através de informações com orientações claras, com
competência.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo, possibilitou uma análise de como o


conteúdo de Responsabilidade Social e Meio Ambiente é importante para a
compreensão da convivência do homem em ambiente sadio, com práticas
socioambientais adequadas. A Constituição Federal garante direitos e deveres ao
cidadão, que com a presença do estado e com as políticas públicas disponibilizadas,
para preservação da natureza, faça-se, assim, o cumprimento das leis de proteção
ambiental. Vai permitir ainda, a melhoria do conhecimento do produtor rural em
manejo agrícola ecologicamente correto, como forma de minimizar o desgaste do
solo, diminuindo as erosões e fortalecendo a proteção aos mananciais, como
também, para que o acadêmico aprimore seus conhecimentos e analise a
possibilidade de ainda melhorar a pesquisa sobre o tema.

De um modo geral, os pagamentos dos serviços ambientais reforçam a


proteção do meio ambiente, com o intuito de mudança de velhos hábitos por atitudes
ecologicamente corretas, com respeito à natureza e à dignidade humana. Dessa
forma, seria fortalecida a economia na comunidade com a inclusão do cidadão em
um ambiente sadio.

Como estudo de pesquisa na área agrícola, a pesquisa serve de orientação


para o produtor rural para que tenha mudanças de comportamento quanto ao uso do
solo e da água e tenha coerência e responsabilidade. E, assim sendo, os objetivos
seriam realmente alcançados.

A pesquisa do estudo foi bibliográfica, com autores especializados na área, e


assim sendo, os recursos utilizados foram, livros, artigos científicos, periódicos, leis e
revistas especializadas. O intuito foi de orientar o cidadão sobre políticas públicas,
sobre as organizações governamentais de vigilância e proteção ambiental, e os
direitos e deveres do cidadão com o desenvolvimento sustentável.

Pela importância do tema, torna-se necessário o desenvolvimento de projetos


que visem à formação educacional na agricultura sustentável, especificamente na
agricultura familiar, com o desenvolvimento da policultura e agricultura sintrópica
para recuperação de áreas degradadas pela ação do homem.
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Nesse sentido, a utilização dos benefícios do governo, como pagamentos por


serviços ambientais, bolsa-floresta e produtor de águas, além de melhorar a
economia, serve de estímulo para o agricultor proteger o meio ambiente.

Pode-se afirmar que para recuperação do solo já degredado pela ação do


homem, o manejo correto é a agricultura sintrópica. Mas para preservação da
natureza, com respeito ao meio ambiente, sem desperdícios, com produção de
qualidade, sem infestação de pragas e doenças e sem necessidade do uso de
agrotóxicos, o manejo certo é, sem dúvidas, a policultura.

REFERÊNCIAS

ALENCASTRO, M.S.C. Empresas, ambiente e sociedade: Introdução à gestão


socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012.

CORREA, N.E.N, MESSERSCHMIDT, N.M. e MONNERAT, P.F. Agroflorestando o


mundo de facão a trator. Projeto Agroflorestar – Cooperafloresta. Petrobras:
São Paulo, Barra do Turvo, 2016.

COSTA, R. D.; PARDO, P.; SILVA , M. E. Z. D. Sustentabilidade e


responsabilidade social. Paraná: [s.n.], 2016.

DERANI, C. Direito ambiental e econômico. 1º. ed. São Paulo: Max Limonad,
1997.

JUNIOR, M. D. S. Produção agrícola de alimentos e sustentabilidade no Brasil.


International Centre for Trade and Sustainable Development, 2015. Disponivel
em: <https://www.ictsd.org/bridges-news/pontes/news/produ%C3%A7%C3%A3o-
agr%C3%ADcola-de-alimentos-e-sustentabilidade-no-brasil>. Acesso em: 22 Jun
2018.
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MIRRA, A.L.V. Princípios Fundamentais do Direito Ambiental. In: Revista de


Direito Ambiental. São Paulo: Revistas dos Tribunais, v.2, abril-junho de 1996.

NUSDEO, A.M. de O. Pagamentos por Serviços Ambientais: sustentabilidade e


disciplina jurídica. São Paulo: Atlas, 2012.

SILVA, J.A. da. Direito Ambiental Constitucional. 5.ed. São Paulo: Malheiros,
2004.

VEIGA, J.E. da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio de


Janeiro: Gafamond, 2005.

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