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APICULTURA ORGÂNICA
Maio
2011
DOSSIÊ TÉCNICO
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 2
1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 4
1.1 Histórico da apicultura no mundo ....................................................................... 4
1.2 Histórico da apicultura no Brasil ......................................................................... 4
2 APICULTURA NO BRASIL................................................................................. 4
3 ALIMENTOS ORGÂNICOS ................................................................................ 7
4 APICULTURA ORGÂNICA ................................................................................. 8
4.1 Principais produtos da apicultura orgânica ......................................................... 9
4.1.1 Mel...................................................................................................................... 9
4.1.2 Pólen .................................................................................................................. 11
4.1.3 Própolis .............................................................................................................. 12
4.1.4 Cera.................................................................................................................... 12
4.1.5 Geléia Real......................................................................................................... 13
4.1.6 Apitoxina............................................................................................................. 13
4.2 Biologia das abelhas .......................................................................................... 14
4.3 Prática da apicultura orgânica ............................................................................ 15
4.3.1 Apiário ................................................................................................................ 15
4.3.2 Flora apícola ....................................................................................................... 17
4.3.3 Colméia .............................................................................................................. 18
4.3.4 Povoamento da colméia ..................................................................................... 22
4.3.5 Manejo produtivo das abelhas ............................................................................ 23
4.3.6 Equipamentos .................................................................................................... 24
4.3.7 Alimentação ........................................................................................................ 25
4.3.8 Substituição das rainhas .................................................................................... 26
4.3.9 Doenças e inimigos naturais das abelhas .......................................................... 26
4.3.10 Colheita ............................................................................................................ 27
4.3.11 Extração e processamento do mel ................................................................... 28
4.3.12 Produção e processamento dos demais produtos ........................................... 30
4.3.12.1 Pólen ............................................................................................................. 30
4.3.12.2 Própolis ......................................................................................................... 30
4.3.12.3 Cera ............................................................................................................... 32
4.3.12.4 Geléia real ..................................................................................................... 32
4.3.12.5 Apitoxina ........................................................................................................ 32
4.3.13 Aspectos sociais ............................................................................................... 33
5 CERTIFICAÇÃO ................................................................................................. 33
6 LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 34
Título
Apicultura orgânica
Assunto
Apicultura
Resumo
Palavras chave
Abelha, apicultura orgânica, apitoxina, cera de abelha, criação, geléia real, mel orgânico,
pólen, própolis, veneno de abelha
Conteúdo
INTRODUÇÃO
A apicultura refere-se à prática da criação de abelhas para obtenção, a partir do néctar das
flores, do mel e outros produtos derivados (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
A palavra apicultura refere-se ao gênero de abelhas chamado Apis, dentro do qual estão
as principais espécies responsáveis pela produção de mel no mundo. As abelhas do
gênero Apis são boas produtoras de mel, o principal produto da apicultura, além de geléia
real, cera e própolis (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
O mel caracteriza-se como substância viscosa, formada por água, açúcares e outras
substâncias em menor proporção como aminoácidos, minerais, vitaminas, enzimas e óleos
aromáticos (VIGOR E VIDA, [200?]). Elaborado e transformado pelas abelhas, depois da
recolha do pólen nas flores, o mel não contém gordura nem colesterol; daí ser um adoçante
ideal para variadas aplicações (FALCONI FILHO, 2006).
Utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos, o mel sempre foi considerado um
produto especial. Evidências de seu uso pelo ser humano aparecem desde a Pré-história,
com inúmeras referências em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo
Egito, Grécia e Roma (PEREIRA et al., 2003).
A produção de mel oriundo de floradas silvestres está se tornando cada vez mais escassa
no Brasil e no mundo. Tal fato está modificando a prática da apicultura, a qual está se
tornando cada vez mais dependente de culturas agrícolas e florestais que empregam
produtos agroquímicos de maneira inadequada (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA - EMBRAPA, 2008).
Para produzir mel orgânico é preciso seguir normas, que vão desde o manejo e
alimentação das abelhas, passando pelo processo de coleta do mel, até a utilização de
embalagens adequadas para comercialização (REVISTA RURAL, 2008).
Apesar do consumo de mel no Brasil ser ainda pequeno (FELICONIO, [200?]), o governo
tem investido em campanhas para estimular seu consumo, inclusive na forma orgânica.
1 HISTÓRICO
As abelhas existem há mais de 50 milhões de anos, período durante o qual quase não
sofreram transformações evolutivas. Contudo, o início da atividade apícola data de 2.400
anos a.C, no Egito (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
O mel, usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi
retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao
meio ambiente, matando as abelhas. Ao longo do tempo, o homem desenvolveu técnicas
de manejo das abelhas de forma a proteger os enxames e colméias e obter maior
produção com o mínimo de prejuízo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura
(PEREIRA et al., 2003).
A prática apícola no Egito teve início com a criação de abelhas em potes de barro. Apesar
de esta prática possibilitar o transporte dos enxames para áreas próximas à residência do
produtor, a retirada do mel ainda era muito similar à "caçada" primitiva (PEREIRA et al.,
2003).
Na idade média desenvolveram-se técnicas para que a retirada do mel pudesse ser
realizada sem a morte das abelhas. Nesta época surgiu a técnica da utilização de fumaça
dentro do recipiente de criação. Com a fumaça as abelhas iam para o fundo, inclusive a
rainha, e depois se retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as
abelhas. Ao longo deste período várias técnicas foram desenvolvidas entre elas a criação
de abelhas em recipientes sobrepostos, do qual o apicultor removeria a parte superior,
deixando reserva para as abelhas na caixa inferior (PEREIRA et al., 2003).
Introduzida no Brasil em 1839, atividade apícola passou por vários problemas até se tornar
boa opção para os agricultores brasileiros (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO
Desde 1956, ano em que as abelhas africanas foram introduzidas no país, houve um
significativo o avanço da apicultura brasileira. Isso se constata tanto do ponto de vista do
agronegócio, como do social e tecnológico (SEBRAE, [200?]b).
Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como
pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, apitoxina, cera e até mesmo enxames e
crias (PEREIRA et al., 2003).
2 APICULTURA NO BRASIL
A prática apícola é uma das raras atividades que promove simultaneamente os fatores
econômico, social e ambiental para a melhoria da qualidade de vida de uma população
(REVISTA RURAL, 2008).
Segundo Wilson ([200?]), muitos apicultores alugam suas abelhas para agricultores a fim
de realizarem a polinização em determinadas áreas de cultivos de plantas.
No Brasil, a apicultura é praticada tanto por pequenos quanto por grandes apicultores
(OLIVEIRA; SEABRA, 2006; REVISTA RURAL, 2008). No primeiro caso, são produtores
que têm a apicultura como atividade secundária, utilizando-se de mão de obra familiar. No
caso dos grandes apicultores, a apicultura é atividade profissional, utilizando-se de mão de
obra fixa e parcerias (OLIVEIRA; SEABRA, 2006). De acordo com dados da Associação
Paulista dos Apicultores Criadores de Abelhas Melíficas Européias (APACAME) citados
pela Revista Rural (2008), 80% da produção brasileira de mel é de pequenos produtores.
A crescente produção brasileira de mel, que saltou de 38 mil toneladas em 2009 para 50
mil toneladas em 2010, colocou o país na 11ª posição no ranking dos produtores mundiais
(REVISTA GLOBO RURAL ON LINE, 2011).
Apesar dos incentivos à produção, no Brasil o consumo per capita do mel como alimento
ainda é muito baixo, ficando em torno de 300 gramas por ano. De maneira geral, a
população considera o mel mais como um medicamento do que como alimento, passando
a consumi-lo apenas em decorrência de problemas de saúde (FELICONIO, [200?]).
Contudo, o governo tem investido em campanhas para estimular o consumo, já que a
De acordo com Oliveira e Seabra (2006), de maneira similar a outros países, o mercado
brasileiro de mel cresce em virtude da procura por produtos naturais de alta qualidade e,
mais diretamente, por produtos que atendam a anseios específicos do consumidor, porém
com formulações naturais.
3 ALIMENTOS ORGÂNICOS
A legislação brasileira define o alimento orgânico como aquele que, em sua produção, são
adotadas tecnologias, aproveitando da melhor maneira possível o uso dos recursos
naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural, objetivando a auto-
sustentação no tempo e no espaço, minimizando a utilização de energias não renováveis e
eliminando o uso de agrotóxicos e de outros insumos artificiais tóxicos (BRASIL, 2003).
Para ser considerado orgânico, o produto tem que ser produzido em um ambiente de
produção orgânica, onde se utiliza como base do processo produtivo os princípios
agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais
recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. Não são permitidas
substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente, não sendo
aplicados, desta forma, fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e não utilizados
produtos transgênicos (PREFIRA ORGÂNICOS, [200?]).
Com base no fato de que a agricultura orgânica busca diversificar e integrar a produção de
espécies vegetais e animais com o objetivo de criar ecossistemas mais equilibrados,
observa-se que o Brasil é um país com grande potencial para o desenvolvimento da
produção orgânica de alimentos, fato decorrente de características como diferentes tipos
de solo e clima e grande biodiversidade (PREFIRA ORGÂNICOS, [200?]).
A produção de mel orgânico tem aumentado nos últimos anos, pois os consumidores
mundiais estão cada vez exigindo um produto com melhor qualidade e sem a presença de
resíduos químicos, antibióticos e outros medicamentos (BENDER; PEREIRA; SOUZA,
2007).
4 APICULTURA ORGÂNICA
A apicultura é uma importante atividade que contribui para a proteção do meio ambiente e
para a produção agro-florestal através da ação polinizadora das abelhas. A qualificação de
produtos apícolas orgânicos está diretamente relacionada às características de tratamento
das colméias e ao respeito ao meio ambiente. Esta qualificação depende também das
condições de extração, processamento e armazenagem dos produtos apícolas (MN
PRÓPOLIS, [200?]a).
Dentre as principais regiões produtoras de mel do país, algumas delas ainda apresentam
uma enorme disponibilidade de áreas naturais que são exploradas para a prática da
apicultura e para produção de mel, como é o caso da região Nordeste e da região Centro
Oeste. Em agosto de 2010, o Nordeste foi responsável por mais da metade (51,9%) das
exportações brasileiras de mel, com 877,30 toneladas e uma receita de US$ 2,52 milhões
(CAMARGO, [200?]).
É neste contexto que se insere a apicultura orgânica, por meio da qual é possível o
aproveitamento da grande biodiversidade das matas nativas brasileiras e do seu potencial
melífero, ao mesmo tempo em que essas áreas são preservadas (OLIVEIRA; SEABRA,
2006).
De acordo com a Revista Rural (2008), o mercado externo caracteriza-se como uma boa
opção, visto que, com o mel orgânico, o apicultor atenderá a uma demanda crescente e
comercializará o produto com maior valor agregado.
O mel orgânico tem valor diferenciado no mercado, já que o custo de produção aumenta,
principalmente, devido à certificação necessária para atestar o produto como sendo
orgânico (MIRANDA, 2004). Juntamente com o aumento do volume de mel produzido e
exportado, há um aumento no número de processos de certificação (CAMARGO, [200?]).
Os principais produtos derivados da prática apícola são o mel, a cera, o própolis, a geléia
real, o pólen e a apitoxina, sendo o mel, possuidor de qualidades nutricionais únicas e de
um mercado enorme, o mais importante (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
4.1.1 Mel
Na legislação brasileira, o mel é definido como produto alimentício produzido pelas abelhas
melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das
O mel pode ser caracterizado como substância viscosa, aromática e açucarada. Seu
aroma, paladar, coloração, viscosidade e propriedades medicinais estão diretamente
relacionados com a fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que
o produziu (REVISTA RURAL, 2008).
Por sua origem, o mel pode ser classificado como floral, quando origina-se dos néctares
das flores de uma ou mais espécie, ou como melato, quando é obtido principalmente a
partir de outras secreções de partes vivas das plantas (BRASIL, 2000).
O mel começa a ser produzido a partir do néctar das flores ou de secreções procedentes
de partes vivas das plantas, os quais são coletados pelas abelhas melíficas (BRASIL,
2000; WILSON, [200?]). O néctar é uma substância constituída basicamente de açúcares,
a qual é secretada pelos vegetais através de glândulas especializadas, funcionando como
atrativo aos agentes polinizadores.
As abelhas utilizam sua língua para a coleta do néctar. A língua é uma peça bastante
flexível, coberta de pêlos, utilizada na coleta e transferência de alimento e na desidratação
do néctar (PEREIRA, 2003).
Após ser coletado pelas abelhas campeiras, o néctar é transportado para a colméia onde
irá sofrer mudanças em sua concentração e composição química (WILSON, [200?]).
Mesmo durante o transporte para a colméia, secreções de várias glândulas das abelhas,
principalmente das glândulas hipofaringeanas, situadas no interior da cabeça, são
acrescentadas, introduzindo no material original enzimas como a invertase (α glicosidase),
diastase (α e β amilase), glicose oxidase, catalase e fosfatase (PEREIRA et al., 2003).
Segundo Buainin e Batalha (2007 apud Alves et al. 2009), o mel orgânico é definido como
desprovido de qualquer contaminação química, desde a relacionada às floradas, que não
são controladas diretamente pelos apicultores e podem estar contaminadas com produtos
químicos, até as associadas ao processo de embalagem final, havendo a exigência do
controle da procedência do produto, de forma a envolver todas as fases da produção.
Para serem comercializados como orgânicos, o mel e demais produtos apícolas devem
possuir reconhecimento através de uma certificadora que fiscaliza a sua produção
(BENDER; PEREIRA; SOUZA, 2007).
4.1.2 Pólen
É a célula reprodutiva masculina das plantas floríferas, coletada pelas abelhas campeiras,
a qual, após receber todas as enzimas por elas secretadas, é depositada nos favos
servindo de alimento para as larvas e abelhas jovens (CASAGRANDE, 2009).
As bolotas de pólen trazidas pelas abelhas campeiras são empilhadas nos alvéolos das
colméias logo acima da área de cria. Ao pólen, são adicionadas algumas secreções
glandulares e uma fina cobertura de mel ou néctar, formando o alimento básico das larvas
e abelhas jovens (CRIAÇÃO DE ANIMAIS,2008).
4.1.3 Própolis
Este produto apícola é basicamente constituído por resinas e bálsamos (55%), ceras
(30%), óleos vegetais (10%) e pólen (5%). Também estão presentes vários flavonóides e
ácidos aromáticos, além de ferro, cobre, manganês, zinco e vitaminas do complexo B. A
composição da própolis é variável, encontrando-se alterações de acordo com o tipo de
vegetação predominante na região da prática apícola (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
Figura 6- Própolis
Fonte: (MN PRÓPOLIS, [200?]b)
4.1.4 Cera
A cera é um produto oriundo da atividade biológica das abelhas, o qual serve para
confecção dos favos onde é depositado o mel. Caracteriza-se como substância macia e
quase cremosa, constituída basicamente de ácidos graxos entre os quais o cerótico e o
palmítico (CASAGRANDE, 2009; OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
A geléia real é uma substância secretada pelas glândulas de abelhas operárias com 4 a 14
dias de idade, sendo o único alimento da abelha rainha durante toda a sua existência, e
das larvas de operárias e zangões durante seus primeiros dias (OLIVEIRA; SEABRA, 2006;
CASAGRANDE, 2009).
Este produto origina-se do pólen coletado pelas abelhas campeiras. Na colméia, o pólen é
transformado a partir da adição de secreções fabricadas nas glândulas mandibulares e
hipofaringeanas das abelhas, sendo produzidos compostos como proteínas, carboidratos,
lipídios e vitaminas (CRIAÇÃO DE ANIMAIS,2008; VALE DO MEL, [200?]).
Para o ser humano é um alimento com ação tonificante. Melhorando o metabolismo basal,
eleva significativamente a taxa da imunidade, estimula o crescimento, auxilia na prevenção
da osteoporose, evita o envelhecimento precoce, inibe o aparecimento de células
cancerígenas e é um ótimo regulador hormonal e intestinal (CASAGRANDE, 2009).
4.1.6 Apitoxina
Por sua ação vasodilatadora, é utilizada no combate a dores reumáticas, como bursite,
tendinite, infecção do nervo ciático, além de dores musculares. A apitoxina proporciona
maior irrigação na região afetada possibilitando assim uma melhor atuação do cortisol. É
empregada na forma de comprimidos, cremes, injetável ou pode também ser aplicada na
acupuntura (OLIVEIRA; SEABRA, 2006; CASAGRANDE, 2009).
A abelha africana, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias (Apis mellifera mellifera,
Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha
africana Apis mellifera scutellata (PEREIRA, 2003).
Quando os ovos eclodem, as abelhas operárias mais jovens na colméia são responsáveis
por alimentar as larvas. Durante os dois primeiros dias de vida das larvas, as operárias
alimentam-nas com geléia real. Após este período, as larvas são alimentadas com pólen ou
com uma mistura deste com o néctar, a qual recebe o nome de pão de abelha. A única
exceção é a abelha rainha. Quando as operárias criam uma nova rainha, elas a alimentam
com geléia real até que ela troque de casulo, quando transforma-se em pupas. As larvas
das abelhas sofrem metamorfose várias vezes antes de trocarem de casulo, e nesse ponto
as operárias tapam os alvéolos com pequenas placas de cera alveolada para proteger as
crias em desenvolvimento. Completando o desenvolvimento, a abelha, já adulta, sai do
alvéolo (Figura 11) (WILSON, [200?]).
Na sociedade, uma abelha doméstica fêmea sempre começa a sua vida como uma nutriz,
cuidando das jovens larvas. Mais velhas, as fêmeas começam realizar outras tarefas
importantes na colméia, como fazer a limpeza de alvéolos vazios. Elas também passam a
produzir o mel e ir em busca de comida. Os alvéolos no favo de uma colméia podem
armazenar mel ou abelhas em desenvolvimento (WILSON, [200?]).
4.3.1 Apiário
A prática da apicultura dá-se em uma área chamada de apiário. O apiário é um conjunto
racional de colméias, devidamente instalado em local preferivelmente seco, de fácil acesso,
suficientemente distante de pessoas e animais, provocando o confinamento das abelhas
(APACAME, [200?]a).
O apiário sofrerá, durante toda a sua existência, a interferência de fatores do meio
ambiente no qual está instalado, tais como temperatura, umidade, chuvas, florações,
ventos, pássaros predadores e insetos concorrentes, de forma que tais fatores são em
grande parte, responsáveis pelo progresso ou não do apiário. Assim, o emprego da
apicultura racional, ou seja, o correto manejo das abelhas é de fundamental importância
para a obtenção de resultados positivos no desenvolvimento do apiário (APACAME,
[200?]a).
De acordo com Pereira et al. (2003), existem dois tipos de apiários: os fixos e os
migratórios.
Um apiário fixo é caracterizado pela permanência das colméias durante todo o ano em um
local previamente escolhido, onde as abelhas irão explorar as fontes florais disponíveis em
seu raio de ação. Neste caso, a escolha do local é de fundamental importância e deve
garantir segurança para as abelhas em relação a pessoas e outros animais (PEREIRA et
al., 2003).
No apiário, distância entre as colméias (entre fundos), deve ser de três a cinco metros e,
nas laterais, de 0,5 a 1,0 metro. As colméias devem ficar em cavaletes, a uma altura de
cerca de meio metro do solo (BANCO DO NORDESTE, [200?]).
Para iniciar a produção de mel orgânico, o apiário deve cumprir uma série de exigências
Os apiários deverão estar demarcados em mapas, com coordenadas que permitam clara e
fácil localização (FELICONIO, [200?]).
De acordo com Feliconio ([200?]), a área destinada ao apiário deve conter água de boa
qualidade e de fácil acesso às abelhas.
É proibida a manutenção de apiários a uma distância menor que três quilômetros de áreas
agrícolas sob manejo convencional. No caso de haver agricultura convencional nas
proximidades, deverá ser avaliada se a distância mínima está sendo respeitada e se
alguma planta ou cultura atrai ou não a visita de abelhas (FELICONIO, [200?]).
De acordo com a Associação de Agricultura Orgânica (2004), como orientação, as
distâncias das coolméias das áreas em que são usados agrotóxicos devem ser, pelo
menos, de:
1,5 km para apirários com até 30 colméias;
2,0 km para apiários com 31 a 50 colméias;
3,0 km para aiários com mais de 50 colméias.
Segundo a AAO (2004), tais valores são orientativos, de forma que a certificadora levará
em conta o pasto apícola, a existência de outros apiários nas vizinhanças, que concorrerão
por alimentação e outros fatores que possam manter ou afastar as abelhas das regiões
compreendidas naquelas distâncias.
De acordo com Feliconio [(200?]), o apiário e seus produtos podem ser classificados como
orgânicos ou em conversão para orgânicos. O período de transição da apicultura
convencional para a apicultura orgânica será de uma safra apícola de no mínimo seis
meses, conforme a época do início do processo de conversão. O apiário pode ser
classificado como orgânico após este período de carência de seis meses sob manejo
orgânico e após inspeção. Os apiários novos que iniciarem no processo orgânico poderão
ter registro desde a primeira safra (FELICONIO, [200?]).
Na apicultura orgânica, durante o transporte das colméias devem ser evitadas regiões de
agricultura convencional (FÁVARO, 2003).
A flora apícola é caracterizada pelas espécies vegetais que possam fornecer néctar e/ou
pólen, produtos essenciais para a manutenção das colônias e para a produção de mel. O
conjunto dessas espécies é denominado pasto apícola ou pastagem apícola. Assim, o
apicultor deve planificar a formação do pasto apícola antes mesmo da instalação do
apiário, levando em consideração fatores como as espécies de abelhas com as quais se
trabalhará e os períodos de floradas (PEREIRA et al., 2003).
O pasto apícola pode ser natural, ou seja, formado a partir de espécies nativas ou
proveniente de culturas agrícolas e reflorestamentos da indústria de madeira e papel.
Nesses casos, não é recomendável a dependência de monoculturas, o que acarretaria uma
única fonte de néctar e pólen durante todo o ano e a maior chance de contaminação dos
enxames e produtos por agroquímicos (PEREIRA et al., 2003).
A capacidade suporte de um pasto apícola será determinada por seu tamanho e qualidade,
esta representada pela variedade e densidade populacional das espécies, tipos de
produtos fornecidos, néctar e/ou pólen e diferentes períodos de floração. É a capacidade
de suporte que irá determinar o número de colméias a serem locadas em uma área,
levando-se em conta o aspecto produtivo. Dessa forma, o potencial florístico dessa área
será explorado pelas abelhas, de forma a maximizar a produção, sem que ocorra
competição pelos recursos disponíveis. Quanto mais próxima da colméia estiver a fonte de
alimento, mais rápido será o transporte, permitindo que as abelhas realizem um maior
número de viagens, o que contribui para o aumento da produção (PEREIRA et al., 2003).
A apicultura orgânica deve ser praticada em área de vegetação orgânica ou de mata nativa
e variada, a qual disponibilize néctar e pólen suficientes para o desenvolvimento das
famílias de abelhas e o respectivo acúmulo de mel (ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA
ORGÂNICA- AAO, 2004; FELICONIO, [200?]). A área do pasto apícola não poderá ser
desmatada (AAO, 2004).
No caso de área com mata nativa, os apiários orgânicos não poderão saturar o ambiente a
ponto de interferir na sobrevivência das abelhas nativas (FELICONIO, [200?]).
4.3.3 Colméias
Com a valorização crescente dos produtos apícolas, passou-se de sua extração pura e
simples à criação em caixas fixas sem dimensões definidas. Posteriormente, com a adoção
de novas técnicas, surgiram colméias racionais, entre as quais a padrão, idealizada pelo
apicultor americano Lorenzo Langstroth. A colméia de Langstroth é atualmente a mais
usada em escala mundial, por atender às necessidades biológicas de suas ocupantes e
influenciar a maneira como as abelhas desenvolvem seus favos de mel ajustando a
quantidade de espaço em sua área de desenvolvimento (U.F.V., [200?]a; WILSON,
[200?]). É este modelo o indicado pela Confederação Brasileira de Apicultura (PEREIRA et
al., 2003).
A colméia padrão (Langstroth) possui uma estrutura com várias camadas e quadros
removíveis para incentivar as abelhas a construírem suas colméias de forma organizada e
Figura 13- Colméia de Langstroth: (A) tampa; (B) melgueira; (C) ninho; (D) fundo
Fonte: (PEREIRA et al., 2003)
Figura 14- Disposição dos quadros no ninho (A) e o alvado (B) na colméia de Langstroth
Fonte: (PEREIRA et al., 2003)
Tampa
Comprimento: 545
Largura: 440
Ninhos
Fundo
Comprimento: 555
Largura : 410
Quadros
Vareta superior
Comprimento: 481
Largura: 25
Espessura: 20
Vareta inferior
Comprimento: 450
Largura: 15
Espessura: 12
Acabamento das varetas nas pontas
Comprimento: 25
Largura: 15
Espessura: 12
Peças laterais
Comprimento: 233
Largura: 35 e 25
Espessura: 10
Podem ser utilizadas a melgueira com a mesma altura do ninho (24 cm) ou a meia-
melgueira, com 14,2 cm de altura, a qual pode propiciar um menor peso para manuseio e
maior rapidez na maturação do mel (U.F.V., [200?]a).
Na apicultura orgânica, as colméias devem ser construídas com materiais naturais que não
comportem riscos de contaminação ao meio ambiente ou aos produtos da apicultura (MN
PRÓPOLIS, [200?]a). Segundo a Associação de Agricultura Orgânica (2004), é proibido, na
construção das colméias, materiais de revestimento e outros materiais com efeitos tóxicos.
A madeira para a construção das colméias deve ser leve, para facilitar o manejo, e não
pode apresentar cheiros fortes, que afugentem as abelhas, sendo o pinho uma madeira
bastante recomendável (U.F.V., [200?]a).
Na pintura das caixas não poderá ser usada tinta normal, mas um composto a base de
própolis, óleo vegetal e álcool (FELICONIO, [200?]).
A cobertura das caixas da colméia não pode ser de amianto, devido à toxicidade deste
produto, ou qualquer outro material potencialmente poluente ou cuja produção seja
condenada pelas normas ambientais internacionais (AAO, 2004; FELICONIO, [200?]). A
AAO (2004) recomenda telhas de barro, zinco ou outro material atóxico.
Segundo Pereira et al. (2003), para povoar o apiário, o apicultor poderá comprar colméias
povoadas, dividir famílias fortes ou capturar enxames.
De acordo com Pereira et al. (2003), para facilitar a aceitação das abelhas à nova caixa, é
recomendável que o apicultor pincele em seu interior uma solução de própolis ou extrato de
capim-limão ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregue um punhado de suas
folhas, deixando a madeira com um odor mais atrativo para o enxame.
Para início do povoamento da colméia orgânica, seja qual for a técnica utilizada, devem ser
consideradas as exigências para o desenvolvimento da apicultura orgânica.
De acordo com a AAO (2004), a aquisição de rainhas ou núcleos de abelhas deve ser feita
em apiário de confiança do produtor orgânico; é permitida a aquisição de enxames em
qualquer região, mas é vedada a comercialização do mel da primeira colheita de enxames
provenientes de regiões de agricultura convencional. É permitida a coleta de abelhas
silvestres, desde que se verifique a ausência de doenças nos enxames coletados e é
proibida a inseminação artificial.
De acordo com Pereira et al. (2003), após a instalação, o apicultor deverá estar sempre
atento à situação das colméias, observando a quantidade de alimento disponível, a
presença e a qualidade da postura da rainha, o desenvolvimento das crias, a ocorrência de
doenças ou pragas, etc. Desse modo, muitos problemas podem ser evitados caso sejam
tomadas medidas preventivas, utilizando-se técnicas de manejo adequadas.
Segundo Pereira et al. (2003), quando a colméia é aberta devem-se separar os quadros,
que geralmente estão colados com própolis, e retirá-los um a um, a partir das
extremidades, para observar os seguintes aspectos:
Presença de alimento (mel e pólen) e de crias (ovo, larva, pupa);
De forma geral, recomenda-se a revisão das colméias cerca de 15 dias após sua
instalação no apiário, no período anterior às floradas, com o objetivo de deixar a colméia
em ótimas condições para o início da produção e nos períodos de entressafra (PEREIRA et
al., 2003).
Os cuidados que os apicultores terão na produção do mel orgânico, têm que começar
desde a alimentação das abelhas até o processo de coleta do mel, que deve obedecer a
padrões de higiene (MIRANDA, 2004).
4.3.6 Equipamentos
A prática apícola requer alguns utensílios especiais, tanto para o preparo das colméias,
como para o manejo em si, sendo de suma importância o emprego correto desses itens
pelo apicultor, para que se possam garantir a produção racional dos diversos produtos
apícolas e a segurança de quem está manejando as colméias, assim como das próprias
abelhas (PEREIRA, et al., 2003).
Em épocas de seca, nas quais ocorre escassez de néctar e pólen, é comum os apicultores
perderem seus enxames que, enfraquecidos em razão da fome, migram à procura de
condições melhores (PEREIRA et al., 2003).
A falta de alimento pode ocasionar a morte das abelhas ou seu enfraquecimento, o que
possibilitaria o surgimento de doenças e o ataque de inimigos naturais, como traça-da-cera,
abelhas tataíras (Oxytrigona sp.), formigas e o ácaro Varroa destructor (PEREIRA et al.,
2003).
Variando de região para região, geralmente na época das secas, chuvas ou frio, deve ser
aplicada a alimentação suplementar. Nas revisões devem ser observadas as condições da
colméia e quando houver menos de dois quadros de mel na colônia, deve haver
alimentação complementar, a qual pode ser administrada em alimentadores individuais ou
coletivos (PEREIRA et al., 2003).
Apesar da grande quantidade de abelhas presente na colônia, a vida útil de uma operária
gira em torno de 45 dias, o que leva a rainha à necessidade da reposição constante dessa
enorme massa populacional, submetendo-a a um desgaste a partir do qual as taxas
reprodutivas decaem. Em razão desses fatores, recomenda-se a substituição da rainha
anualmente (PEREIRA et al., 2003).
Segundo Pereira et al. (2003), as novas rainhas poderão ser adquiridas de duas formas:
Através da compra de criadores idôneos, tomando-se o cuidado para não adquiri-
las apenas de um fornecedor, garantindo, assim, uma maior variabilidade genética;
Existem vários organismos que podem causar problemas para as abelhas, tanto na fase de
larva quanto na fase adulta. Algumas bactérias, fungos e vírus causam doenças que
afetam principalmente as larvas. Já as abelhas adultas são freqüentemente atacadas por
protozoários, ácaros e insetos. As doenças provocadas por tais organismos variam de
acordo com a região e com o tipo de abelha. No Brasil, de modo geral, a ocorrência e os
danos provocados por doenças e certas pragas são menores, devido à grande resistência
das abelhas africanas (PEREIRA et al., 2003).
Uma doença de destaque, que afeta crias de abelhas, é a cria pútrida, doença causada
pela ingestão de alimento contaminado com a bactéria Melissococus pluton, cujos
principais sintomas são o escurecimento e o cheiro pútrido (de material em decomposição)
das larvas. Tal doença não causa grandes prejuízos ao apicultor. No controle pode ser feita
a remoção dos quadros com cria doente e deve-se evitar o uso de equipamentos
contaminados quando manejar colméias sadias (PEREIRA et al., 2003).
Segundo Pereira et al. (2003), doenças em adultos são mais difíceis de ser diagnosticadas
em campo porque muitas vezes apresentam sintomas similares. Desse modo, para a
confirmação de doenças ou endoparasitoses, devem-se enviar amostras a laboratórios
especializados.
Destacam-se os danos causados pelo ácaro Varroa destructor, o qual fica aderido
principalmente na região torácica das adultas, próximos ao ponto de inserção das asas.
Alimentam-se sugando a hemolinfa, podendo causar redução do peso e da longevidade
das abelhas e deformações nas asas e pernas. Pelo fato da maior resistência da abelha
africanizada a tal parasita, não se recomenda o uso de produtos químicos para o seu
controle. As colônias que apresentarem infestações freqüentes do ácaro devem ter suas
rainhas substituídas por outras provenientes de colônias mais resistentes (PEREIRA et al.,
2003).
Segundo a AAO (2004), para o controle de pragas e doenças e desinfecção das colméias,
são permitidos:
No tratamento da cria pútrida, Varroa destructor ou qualquer outra doença que afete o
enxame, é proibido o uso de penicilina ou qualquer outro antibiótico. Para controlar
formigas, é proibido o uso de produtos químicos. No tratamento da traça das colméias não
é permitida a utilização de naftalina, tetracloreto de carbono e cânfora (AAO, 2004).
4.3.10 Colheita
Na colheita do mel devem ser seguidos procedimentos que garantam não só a eficiência
do processo como também a qualidade do produto final. A colheita representa a primeira
fase crítica para obtenção da qualidade total, visto que será a primeira vez que o apicultor
terá contato direto com o mel, sendo o início de um longo processo de susceptibilidade do
produto, em relação às condições de manipulação, equipamentos, instalações e condições
ambientais (PEREIRA et al., 2003).
Durante toda a colheita devem ser seguidas recomendações que compõem um plano de
controle de qualidade, o qual pode ser empregado em várias fases da cadeia produtiva,
chamado Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Tais recomendações
envolvem as vestimentas, fatores climáticos, ferramentas e transporte (PEREIRA et al.,
2003).
No caso das vestimentas, o ideal é que seja empregada uma roupa na colheita e outra
para o manejo das colméias (PEREIRA et al., 2003).
De acordo com a AAO (2004), são proibidos os repelentes convencionais usados por quem
coleta produtos apícolas orgânicos ou inspeciona as colméias.
Em relação aos fatores climáticos, a colheita do mel não deve ser realizada em dias
chuvosos ou com alta umidade relativa do ar, o que levaria a um aumento dos índices de
umidade no mel (PEREIRA et al., 2003).
É imprescindível que o apicultor tome alguns cuidados em relação ao uso da fumaça, para
que ela não deixe resíduos no mel, o que comprometeria sua qualidade final. Os cuidados
englobam a não utilização no fumigador de qualquer material que possa ser contaminante
ao mel e o não direcionamento direto da fumaça para os quadros de mel (PEREIRA et al.,
2003).
Na apicultura orgânica, para a produção de fumaça, deve ser usada madeira sem
tratamento químico ou materiais naturais, como palha de milho e outros. É proibido o uso
de combustíveis como álcool, querosene e gasolina para iniciar a combustão (AAO, 2004).
A colheita do mel deve ocorrer de forma seletiva, ou seja, ao efetuar-se a abertura das
melgueiras, o apicultor deve inspecionar cada quadro, priorizando a retirada apenas dos
quadros que apresentarem no mínimo 90% de seus alvéolos operculados (com uma fina
camada protetora de cera), sendo indicativo da maturidade do mel em relação ao
percentual de umidade (PEREIRA et al., 2003).
Após a retirada da colméia, a melgueira deve ser colocada sobre um suporte com uma
base de aço inoxidável. Uma tampa deve ser colocada sobre a melgueira, impedindo o
O veículo de transporte não deve ter servido para o transporte recente de qualquer material
que possa ter deixado algum tipo de resíduo. A superfície da área de carga do veículo
deve ser revestida com material devidamente limpo e livre de impurezas, de forma a evitar
o contato das melgueiras diretamente com o piso. Devem ser utilizadas lonas que possam
cobrir as melgueiras, evitando a contaminação do mel por poeira, terra e outras sujidades
(PEREIRA et al., 2003).
Durante a etapa de colocação das melgueiras no veículo, recomenda-se que ele não
permaneça sob a incidência direta do sol, o que influenciaria negativamente a qualidade do
mel (PEREIRA et al., 2003).
O local destinado para a extração do mel normalmente denomina-se "casa do mel". Para o
seu processamento, o local indicado é o entreposto de mel, embora essa etapa possa ser
executada também na casa do mel, caso esta apresente as condições e o
dimensionamento recomendado (PEREIRA et al., 2003).
No caso do mel orgânico, depois de retirado, o produto ainda precisa estar dentro de
especificações técnicas, como conter no máximo 19% de água e não ser aquecido acima
de 42ºC. Isso porque, com o excesso de água, o produto pode fermentar e, aliado à alta
temperatura, destrói substâncias orgânicas do mel, importantes principalmente para a
saúde humana (AAO, 2004; REVISTA RURAL, 2008).
No que diz respeito às embalagens, devem ser utilizadas somente embalagens próprias
para o acondicionamento de produtos alimentícios, preferencialmente novas, pois não se
recomenda a reciclagem de embalagens de outros produtos alimentícios. Atualmente, no
mercado, existem embalagens específicas para mel, com várias capacidades e formatos. O
mel destinado à exportação é geralmente embalado em tambores de metal, já o destinado
ao varejo pode ser embalado em plástico ou vidro (PEREIRA et al., 2003).
De acordo com a AAO (2004), no varejo, o mel orgânico deve ser comercializado em
recipientes de vidro. No atacado, poderão ser utilizados recipientes de plástico, desde que
sejam atóxicos.
As embalagens para comercialização do mel orgânico devem ser aprovadas pelos órgãos
competentes e homologadas pelas certificadoras, medidas estas precisam ser adotadas
contra a contaminação (REVISTA RURAL, 2008).
É importante lembrar que por se tratar por um segmento de mercado voltado para comércio
exterior, a preocupação com os procedimentos higiênicos e sanitários durante o processo
de produção e manipulação devem ser ainda maior, principalmente os relativos à
implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF), dos Procedimentos Padrões de
Higiene Operacional (PPHO) e a Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC) (OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
4.3.12.1 Pólen
O pólen coletado, na verdade, são as bolotas trazidas pelas abelhas campeiras, não o que
é depositado nos alvéolos das coleias. Para essa coleta, empregam-se armadilhas
chamadas de caça-pólen, constituídas por uma grade e uma gaveta. As abelhas passam
apertadas pela grade e acabam perdendo a bolota de pólen, que cai dentro da gaveta. As
abelhas não têm acesso à gaveta, que é protegida por uma tela mais fina (CRIAÇÃO DE
ANIMAIS,2008).
Após a colheita, caso pólen não possa ser seco imediatamente, ele deve ser congelado. A
etapa de secagem é a mais importante. O pólen possui de 18 a 25% de umidade, um nível
que deve ser reduzido até cerca de 3%, para impedir o desenvolvimento de fungos e
fermentos. A limpeza do pólen, manual ou mecanizada também é muito importante. Por
fim, a armazenagem deve ser feita em recipiente hermeticamente fechado, para que não
haja nenhuma contaminação (CRIAÇÃO DE ANIMAIS,2008).
4.3.12.2 Própolis
Para produzir própolis, o apicultor cria frestas na colméia ou insere algum elemento que
induza as abelhas a cobri-lo de própolis. Para a indução da produção de própolis, a tampa
pode ser levantada por meio de pequenos calços, podem ser introduzidas telas abaixo das
tampas ou podem ser utilizados equipamentos especiais, de maior facilidade de uso e
rendimento. Entre os dispositivos disponíveis, há vários que usam melgueiras com paredes
externas especiais, que permitem a abertura progressiva de frestas, por meio de barras ou
janelas deslizantes. Estes elementos ou equipamentos podem ser mantidos por tempo
indeterminado, desde que o enxame esteja suficientemente alimentado e forte (CRIAÇÃO
DE ANIMAIS,2008).
Na colheita, deve ser feita a limpeza manual da própolis, para eliminação de lascas de
madeira (oriundas da raspagem), pedaços de abelhas e resíduos vegetais (CRIAÇÃO DE
ANIMAIS,2008). Deve-se ter o cuidado de fazer a raspagem utilizando-se materiais
inoxidáveis e de evitar a retirada de pedaços de madeira com tinta da pintura da colméia
(OLIVEIRA; SEABRA, 2006).
A secagem da própolis deve ser na sombra, durante 3 a 4 dias, colocada sobre panos
limpos. Os manipuladores devem utilizar usar luvas e máscaras (OLIVEIRA; SEABRA,
2006).
A própolis deverá ser classificada como de primeira qualidade (própolis em grandes flocos
ou tiras); de segunda qualidade (própolis granulada) e de terceira qualidade (própolis
pulverizada) (CRIAÇÃO DE ANIMAIS,2008).
O pólen e a própolis podem ser obtidos ao mesmo tempo em que o mel, porém no caso do
cultivo concomitante, nenhum dos produtos será obtido de forma otimizada. Quando um
A cera produzida pode ser derretida, a fim de ser vendida bruta ou processada. Um
processamento possível, extremamente importante para a apicultura, é a laminação e
estampagem da cera, para produção de lâminas alveoladas. Outra utilidade é a produção
de favos completos, para uso na safra de mel (CRIAÇÃO DE ANIMAIS,2008).
4.3.12.5 Apitoxina
Por meio de um equipamento composto por uma tela metálica e uma membrana. A tela
metálica é carregada eletricamente, o que provoca um pequeno choque nas abelhas e
leva-as a ferroar a membrana e depositar ali o veneno. A membrana cede o suficiente para
que o ferrão não seja arrancado, evitando assim a morte da abelha (CRIAÇÃO DE
ANIMAIS,2008).
Assim como toda prática orgânica, a apicultura deve ser baseada em princípios
agroecológicos que contemplem o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais
recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais (PREFIRA ORGÂNICOS,
[200?], REVISTA RURAL, 2008).
5 CERTIFICAÇÃO
A certificação tem importância estratégica para o mercado orgânico, uma vez que permite
ao produtor a obtenção de produtos diferenciados, que, por tal característica, podem gerar
mais lucro. Além disso, a certificação serve como atestado de qualidade junto aos
possíveis consumidores, diminuindo o risco de ocorrerem fraudes (MACHADO, 2008).
A certificação pode ser obtida tanto de forma individual como coletiva, através de
associações, grupos ou consórcios de produtores (SEBRAE [200?]a).
De acordo com Harkaly (2004 apud Bender, Pereira e Souza, 2007), o mel orgânico deve
ser produzido dentro das normas técnicas aceitas pela Associação de Agricultura Orgânica
(AAO), que é um sistema de produção agropecuário que não utiliza insumos sintéticos e
persistentes ao meio ambiente. Para ser reconhecido como orgânico, a produção deve ser
fiscalizada e certificada pelas certificadoras, que através de um selo de qualidade,
garantem que o produto final foi produzido de acordo com as normas internacionais da
AAO.
De acordo com Oliveira e Seabra (2006), se o processo produtivo do mel for adequado às
exigências para certificação orgânica, além de ampliar as possibilidades de mercado, o
apicultor obterá na sua renumeração um valor prêmio acrescido ao preço do mercado, por
se tratar de um produto “verde” ou orgânico.
6 LEGISLAÇÃO
Conclusões e recomendações
De acordo com a Lei n° 1.283, de 18 de Dezembro de 1950, a qual dispõe sobre inspeção
sanitária e industrial dos produtos de origem animal, o mel e cera de abelhas e seus
derivados estão sujeitos à fiscalização pelo Serviço de Inspeção Federal do Ministério da
Agricultura (SIF). Tal serviço dá a garantia ao consumidor da sanidade e segurança
alimentar do produto de origem animal que está sendo produzido.
Referências
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<http://www.apiarioballoni.com>. Acesso em: 13 abr. 2011.
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<http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/cadeias_produtivas/apicultura/docs/cartilha%20a
picultura.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2011.
BENDER, C.M.; PEREIRA, L.P.; SOUZA, J.P. Panorama mundial e nacional, desafios e
perspectivas para a atividade apicola em Santa Catarina. In:
CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E
SOCIOLOGIA RURAL, 2007, Londrina. Disponível em:
<http://www.sober.org.br/palestra/6/736.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2011.
HARKALY, Alexandre. Mel e produtos apícolas (mel) orgânico no Brasil. In: XIII
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<http://abelhasgeometras.blogspot.com/2009/11/informacoes-sobre-os-produtos-das.html
PESQUISA FAPESP ON LINE. Enxame de morte. São Paulo, 2008. Disponível em:
<http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3685&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em: 15 abr. 2011.
PREFIRA ORGANICOS. O que são produtos orgânicos? Brasília, [200?]. Disponível em:
<http://www.prefiraorganicos.com.br/oquesao.aspx>. Acesso em: 12 abr. 2011.
REVISTA RURAL. Mel, o lado doce de ser orgânico. São Paulo, 2008. Disponível em:
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U.F.V. História parcial da ciência apícola no Brasil. [S.l.], [200?]. Disponível em:
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VIVA COM ORGANICOS. Por que consumir orgânicos? [S.l.], [200?]. Disponível em:<
http://www.vivacomorganicos.com.br/porque-consumir-organicos.php>. Acesso em: 13 abr.
2011.
Anexos
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Data de finalização
19 mai. 2011.