Você está na página 1de 5

1

Anais 3ª Jornada Científica da UNEMAT, Cáceres/MT, Brasil, 20-24 setembro 2010, UNEMAT.

VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM


NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL

Autor(a): Anne Carolinne Geroldini¹


Coautores(as): Laissa Gabrielle Vieira Gonçalves, Stefany Lorrayny Lima, Suelen Tamiozzo de Oliveira

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso


Orientador(a): Vanessa Cristina de Almeida Theodoro²

Campus Universitário de Nova Xavantina, Curso de Agronomia; ANNEGEROLDINI@HOTMAIL.COM¹


unematvanessa@gmail.com²

RESUMO: O conjunto de plantas que infestam áreas agrícolas de interesse humano,


conceituadas como daninhas, são plantas com características pioneiras, ou seja,
plantas que colonizam o solo nos processos de sucessão ecológica. Existe uma
tendência na “Ciência das Plantas Daninhas” de evidenciar a função indicadora na
qualidade do solo das plantas espontâneas, demonstrando possíveis erros e/ou
acertos de manejo. Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento da
ocorrência da vegetação espontânea em dois agroecossistemas distintos: na
Fazenda Irmãos Coragem (sistema rotacionado de pastagem de Brachiaria brizantha
+ soja + milho); e no Sítio São João (pastagem com Brachiaria brizantha implantada
há doze anos + plantio de arroz) localizados nas cidades de Nova Xavantina e Água
Boa/MT respectivamente. A identificação da composição florística da comunidade de
plantas espontâneas foi realizado nos dias 03 e 04 de junho de 2010, com a
utilização do manual de identificação e controle de plantas daninhas (Lorenzi, 2006)
e os resultados foram correlacionados com indicadores da qualidade do solo
baseados em resultados de experimentação científica. Foram encontradas trinta e
uma espécies de plantas espontâneas nas duas áreas de amostragem. A planta
espontânea mais problemática nas áreas produtivas amostradas é a tiririca (Cyperus
sp.) indicadora de solo ácido e adensado, o que ratifica as externalidades oriundas
de erros de manejo como pastagem degradada e utilização de herbicidas fora do
contexto do manejo integrado da vegetação espontânea.

Palavras-chave: PLANTAS DANINHAS, INDICADORAS, QUALIDADE DO SOLO.

GEROLDINI, A. C.; THEODORO, V. C. A.; GONçALVES, L. G. V.; LIMA, S. L.; OLIVEIRA, S. T. VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM
AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL In: 3ª Jornada Científica da Unemat, 3.
(JC), 2010, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Unemat, 2010. Cód. 1114 CDROM. ISSN 2178-7492.
2

Anais 3ª Jornada Científica da UNEMAT, Cáceres/MT, Brasil, 20-24 setembro 2010, UNEMAT.

INTRODUÇÃO
Dentro de um sistema de produção agrícola é evidente que as plantas
daninhas são elementos não desejáveis que reduzem a produtividade, o valor da
terra, a qualidade do produto final, além de disseminar pragas e doenças
aumentando custos e dificultando o manejo (MARTINS, 2008).
O grau de interferência das plantas espontâneas nas culturas depende da
comunidade vegetal infestante (espécie, densidade e distribuição), da cultura
(cultivar, espaçamento e densidade), do ambiente (solo, clima e manejo) e do
período de convivência (PITELLI, 1987). Plantas competem com outras por recursos
necessários ao crescimento (LORENZI, 2006). Tais fatores podem ser condições do
solo, pelo clima local, assim como pelas práticas culturais adotadas. Havendo
limitação nos fatores como luz, água, nutriente e espaço, haverá competição e
conseqüentemente interferência (GAZZIERO et al., 2001).
Por este motivo este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento
da ocorrência de plantas daninhas em duas áreas na região de Nova Xavantina/ MT
e Água Boa/MT, inferindo quais plantas podem estar indicando possíveis erros e/ou
acertos de manejo através da qualidade do solo.

MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento de ocorrência de plantas daninhas foi realizado na
primeira semana de junho de 2010, em duas áreas. A primeira amostragem foi
realizada na Fazenda Irmãos Coragem localizada a aproximadamente 11,0km da
cidade de Nova Xavantina/MT. A fazenda possui uma área de 400,0ha
apresentando como cultivos soja, milho e pastagens de Brachiaria brizantha em
sistema rotacionado. O controle de plantas espontâneas é feito através de manejo
químico com 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) na dosagem de 0,8-1,7 kg ha-1 e
Roundup (glyphosate) na dosagem de 2,0-2,5 l ha-1. A segunda amostragem foi
efetuada no Sítio São João localizado no Assentamento Santa Maria, pertencente ao
município de Água Boa/MT. O sítio possui uma área total de 130,0ha apresentando
área de pastagem com Brachiaria brizantha implantada há doze anos, e no ano
agrícola de 2009/2010, por motivo de degradação da pastagem, foi realizada a
implantação da cultura de arroz. O controle de plantas espontâneas na pastagem é
feito através de roçadas mecanizadas e para a cultura de arroz o controle foi feito

GEROLDINI, A. C.; THEODORO, V. C. A.; GONçALVES, L. G. V.; LIMA, S. L.; OLIVEIRA, S. T. VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM
AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL In: 3ª Jornada Científica da Unemat, 3.
(JC), 2010, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Unemat, 2010. Cód. 1114 CDROM. ISSN 2178-7492.
3

Anais 3ª Jornada Científica da UNEMAT, Cáceres/MT, Brasil, 20-24 setembro 2010, UNEMAT.

com o uso da herbicida seletivo 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) na dosagem de


1,5 kg ha-1.
As plantas foram identificadas com a utilização do manual de identificação
e controle de plantas daninhas (Lorenzi, 2006) e correlacionadas de acordo com
Primavesi (1992) com a qualidade do solo (indicadores de fertilidade e física do solo)
e com possíveis erros e/ou acertos de manejo a partir da anamnese das áreas
amostradas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento nos agroecossistemas avaliados registrou trinta e uma
espécies de plantas espontâneas nos dois agroecossistemas avaliados. Foi
verificado na Fazenda Irmãos Coragem, em Nova Xavantina, no agroecossistema
rotacionado de pastagem de Brachiaria brizantha + soja + milho a ocorrência de dez
famílias e vinte espécies, destacando-se as famílias Poaceae com seis espécies;
Fabaceae com quatro espécies; Amaranthaceae e Euphobiaceae com duas
espécies cada uma. Foi apresentado no Quadro 1 as espécies encontradas que
apresentam propriedades de planta indicadora.

Quadro 1: Plantas espontâneas indicadoras da qualidade do solo por família e


espécie, coletadas em agroecossistema rotacionado de pastagem de Brachiaria
brizantha + soja + milho localizado na Fazenda Irmãos Coragem em Nova
Xavantina, MT.
Família Espécies Indicação (de acordo
com Primavesi, 1992)
Poaceae Braquiária (B. rusisiensis L.) --
Poaceae Capim-Carrapicho (Cenchrus echinatus L.) Solo compactado e, pobre
em cálcio
Amaranthaceae Caruru-rasteiro (Amaranthus deflexus L.) Solo fértil
Euphorbiaceae Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla L.) Excesso de N e deficiência
de Mo
Malvaceae Guanxuma (Sida santeremnensis L.) Solo compactado e duro
Cyperaceae Tiririca (Cyperus ferax Rich) Solo ácido, adensado,
anaeróbico, com carência
de Mg

GEROLDINI, A. C.; THEODORO, V. C. A.; GONçALVES, L. G. V.; LIMA, S. L.; OLIVEIRA, S. T. VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM
AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL In: 3ª Jornada Científica da Unemat, 3.
(JC), 2010, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Unemat, 2010. Cód. 1114 CDROM. ISSN 2178-7492.
4

Anais 3ª Jornada Científica da UNEMAT, Cáceres/MT, Brasil, 20-24 setembro 2010, UNEMAT.

No Sítio São João, em Água Boa, agroecossistema de pastagem


Brachiaria brizantha + arroz) foram registradas a ocorrência de onze famílias e vinte
espécies, destacando-se também as famílias Poaceae com seis espécies;
Fabaceae, Euphorbiaceae com duas espécies. A espécie Tiririca (Cyperus ferax) foi
citada pelos produtores nas duas áreas amostradas como a de maior complexidade
de controle. Pode-se inferir que a falta de calagem na área pode ter favorecido a
ocorrência das espécies Capim-Carrapicho (Cenchrus echinatus) e da tiririca nas
duas propriedades, bem como a utilização do controle químico não integrado com
outras práticas de manejo. A prática da calagem através do revolvimento do solo e
posterior incorporação do calcário funcionam descompactando as camadas
superficias do solo, o que poderia minimizar a incidência das espécies como tiririca,
capim-carrapicho e guanxuma (Sida santeremnensis L.).

Quadro 2: Plantas espontâneas indicadoras da qualidade do solo por família e


espécie, coletadas em agroecossistema de pastagem com Brachiaria brizantha
implantada há doze anos localizado no Sítio São João no Assentamento Santa
Maria em Água Boa, MT.
Família Espécies Indicação (de acordo com
Primavesi, 1992)
Poaceae Capim-Carrapicho (Cenchrus echinatus Solo compactado e, pobre em
L.) cálcio
Asteraceae Picão preto (Bidens pilosa) Solo de média fertilidade e
desequilibrados
Portulacaceae Beldroega (Purtulaca oleracea L.) Solos férteis
Commelinaceae Trapoeraba (Commelina benghalensis) Solos úmidos
Cyperaceae Tiririca (Cyperus ferax Rich) Solo ácido, adensado, anaeróbico,
com carência de Mg

CONCLUSÃO
A utilização das informações técnicas a respeito de plantas indicadores
da qualidade do solo contribui para a detecção de erros e/ou acertos de manejos em
propriedades agrícolas a partir da anamnese das áreas produtivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEROLDINI, A. C.; THEODORO, V. C. A.; GONçALVES, L. G. V.; LIMA, S. L.; OLIVEIRA, S. T. VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM
AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL In: 3ª Jornada Científica da Unemat, 3.
(JC), 2010, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Unemat, 2010. Cód. 1114 CDROM. ISSN 2178-7492.
5

Anais 3ª Jornada Científica da UNEMAT, Cáceres/MT, Brasil, 20-24 setembro 2010, UNEMAT.

GAZZIERO, D. L. P. et al. As plantas daninhas e a semeadura direta. Embrapa


Soja. Londrina, n. 33, p.59, 2001.

LORENZI, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio


direto e convencional. 6. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2006, 339p.

MARTINS, B. A. B. Biologia e manejo de planta daninha Borreria densiflora DC.


Piracicaba, 2008. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia). Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

PITELLI, R. A. Competição e controle das plantas daninhas em áreas agrícolas.


Série Técnica IPEF. Piracicaba, v.4, n.12, p.1 – 24, Set.,1987.

PRIMAVESI, A. Agricultura sustentável. São Paulo: Nobel, 1992. 142p.

GEROLDINI, A. C.; THEODORO, V. C. A.; GONçALVES, L. G. V.; LIMA, S. L.; OLIVEIRA, S. T. VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA EM
AGROECOSSISTEMAS LOCALIZADOS EM NOVA XAVANTINA E ÁGUA BOA, MT, BRASIL In: 3ª Jornada Científica da Unemat, 3.
(JC), 2010, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Unemat, 2010. Cód. 1114 CDROM. ISSN 2178-7492.

Você também pode gostar