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ESSE MATERIAL É COMPLEMENTAR (MERO APOIO) E ESTÁ BASEADO


NAS OBRAS INDICADAS NA BIBLIOGRAFIA E QUE COMPOEM O
PLANO DE ENSINO.
SERVE APENAS COMO REFERÊNCIA E DEVE SER LIDO EM
CONJUNTO COM AS OBRAS REFERIDAS, NÃO DISPENSANDO AS
OBSERVAÇÕES E DISCUSSÕES EFETUADAS EM AULA.

Direito Penal no Brasil – histórico:

No período colonial, até o início do período do Império, as Ordenações Afonsinas,


Manuelinas e as Filipinas vigoravam no Brasil. As leis penais eram cruéis e rigorosas e
tinham muitos aspectos inquisitoriais. Nas Ordenações havia penas excessivas para fatos
insignificantes, com desigualdade de tratamento entre os vários autores do delito
(conforme a classe social). Destaca-se também a confusão entre o Direito, a Moral e a
Religião. A pena de morte era largamente utilizada, além de diversos outros tipos de
penas (forca, fogo, açoites, degredo, mutilação das mãos, da língua, confisco, infâmia 1,
multa, entre outras).

Buscava-se atingir hereges, feiticeiros, moedeiros falsos, pederastas, infiéis que


dormiam com cristãos ou cristãos que dormiam com infiéis, incestuosos, estupradores,
bígamos, adúlteros, alcoviteiros de mulheres casadas, aqueles que tiravam armas em
presença do rei, no Paço ou na Corte, os que faziam escrituras falsas ou delas se
utilizavam. Furto, roubo e homicídio também estavam comtemplados.

- Ordenações Afonsinas vigoraram até 1521.

- Ordenações Manuelinas até 1569 e foram substituídas pelo Código de D.


Sebastião, que perdurou até 1603.

- Ordenações Filipinas surgiram em 11 de janeiro de 1603 (oriundas do Rei da


Espanha Felipe, no período em que o Brasil ficou sob o domínio espanhol, sendo depois
ratificado por D. João IV, em 1643):

O Livro V das Ordenações do Rei Felipe traz uma ideia do que era o Direito Penal
no Brasil. Seu texto mostra nitidamente os defeitos apontados pelos teóricos da escola
clássica, como Beccaria.

1
Como exemplo de infâmia, temos o caso da pena imposta a Tiradentes, pelo crime de lesa-majestade, o
qual também abrangeu seus descendentes.
2

Após a independência, houve a necessidade de uma reforma penal, não apenas


pela autonomia do Brasil em relação a Portugal, mas, também, pela expansão das ideias
liberais (iluministas - lembrar de Beccaria e de seu livro “Dos delitos e das penas” 2).

- O Código Imperial foi aprovado em 23 de outubro de 1830 e sancionado como


Código Criminal do Império a 16 de dezembro seguinte, sendo oriundo da determinação
da Constituição de 25.03.1824, a qual havia previamente determinado a organização de
um Código Civil e de um Código Criminal, nos seguintes termos: "Organizar-se-á quanto
antes um Código Civil e Criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e eqüidade."

Esse código influenciou o Código espanhol de 1848 e diversos Códigos da América


Latina, pois honrava a cultura jurídica nacional, tendo índole liberal e sendo considerado
um excelente código para a época. Porém, ainda contemplava a pena de morte. Além
disso, sofreu várias alterações, principalmente após a libertação dos escravos, em maio
de 1988.

- O primeiro Código Penal da República, Decreto Lei nº 847, de 11 de outubro de


1890:

Imediatamente após a proclamação da República, o então Ministro da Justiça,


Campos Sales, conferiu ao Conselheiro Batista Pereira, a incumbência de organizar um
projeto de Código Penal para a República, recomendando-lhe a maior rapidez. O projeto
foi logo apresentado e convertido em lei. Naturalmente, devido à celeridade da sua
elaboração, apresentou defeitos e foi alvo de severas críticas.

Inúmeras leis foram publicadas em complemento ao Código Penal de 1890. A


excessiva quantidade de disposições dificultava a solução dos problemas jurídicos, desse
modo, apenas três anos após o início de sua vigência, foi apresentado um projeto de
reforma, a qual não aconteceu.

2
O português Pascoal José de Melo Freire dos Reis, professor da Universidade de Coimbra, viveu na
época em que apareceu o tratado de Beccaria quando, em toda parte, se discutiam os escritos de
Montesquieu, Rousseau e Voltaire. Melo Freire defendeu as idéias liberais, editando as Institutiones Juris
Criminalis Lusitani (1794), em latim e, ao tempo em que governava D. Maria I, executou um projeto de
código penal, o Código de Direito Criminal português, em que expressou as reivindicações progressistas de
Beccaria. Como era adiantado demais para a época, não veio a ser convertido em lei.
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- Código Penal de 1940, publicado em 07 e dezembro de 1940, pelo Decreto-lei nº


2848 e em vigor desde 1º de janeiro de 1942:

O projeto iniciou na época de Getúlio Vargas, sendo que o professor Alcântara


Machado (com a comissão revisora composta, entre outros, por Nélson Hungria e Roberto
Lira) foi incumbido da redação de um anteprojeto, o qual foi apresentado em 1938.

Foram efetivadas algumas modificações no primeiro projeto, o qual foi


reapresentado em 1940 e, apesar da época ditatorial, refletiu boa dose de liberalismo, boa
técnica, redação clara e concisa e estrutura harmônica, na opinião de diversos juristas da
época.

Entre a promulgação do Código e sua vigência, decorreu pouco mais de um ano.


Esse período foi necessário para que todos tomassem conhecimento do novo Código
Penal e também para a elaboração do novo Código de Processo Penal, transformado em
lei pelo Decreto-lei nº 3689, de 03 de outubro de 1941.

Esse Código Penal de 1940 foi considerado eclético, podendo ser verificadas
influências tanto de Carrara (clássico) como de Ferri (positivista). Além disso, buscou
apresentar as mais modernas ideias doutrinárias e aproveitar o que de aconselhável
indicavam as legislações dos últimos anos. Também aumentou as penas em relação ao
diploma anterior. Como princípios básicos do Código Penal, observava-se a adoção do
dualismo culpabilidade - pena e periculosidade - medida de segurança; a consideração a
respeito da personalidade do criminoso; a aceitação excepcional da responsabilidade
objetiva.

- Tentativa de entrada em vigência de um novo Código em 1970:

Em 1961, Nélson Hungria recebeu a incumbência de elaborar um anteprojeto de


Código Penal, o qual após revisado, foi promulgado através do Decreto-lei nº 1004, de 21
de outubro de 1969. As críticas foram severas, desse modo, foi modificado
substancialmente pela Lei nº 6016 de 31 de dezembro de 1973. Mesmo assim, após
vários adiamentos, foi revogado pela Lei nº 6578 de 11 de outubro de 1978.

- Reforma penal de 1984, Lei nº 7209, de 11 de julho de 1984:

Em 1984, surgiu uma nova estrutura legal atingindo a Parte Geral do Código Penal,
a qual teve início em 1980, com a instituição de uma comissão para a elaboração de um
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anteprojeto de lei de reforma da Parte Geral do Código Penal de 1940. Essa foi presidida
por Francisco e Assis Toledo e constituída por Francisco Serrano Neves, Miguel Reale
Junior, René Ariel Dotti, Ricardo Antunes Andreucci, Rogério Lauria Tucci e Helio
Fonseca. Ainda, consta uma comissão revisora formada por Dinio Garcia, Miguel Reale
Junior, Francisco Assis Toledo e Jair Lopes, deu forma final ao projeto, datado de 1983,
surgindo a citada Lei nº 7209, de 11 de julho de 1984.

Essa reforma trouxe inovações na teoria da parte geral, enfatizando a culpabilidade


e trazendo uma mentalidade mais humanista; disciplina normativa da omissão;
surgimento do arrependimento posterior; nova estrutura sobre erro; excesso punível
alargado para todos os casos de exclusão de antijuridicidade; concurso de pessoas;
novas formas de penas; extinção das penas acessórias; abolição de grande parte das
medidas de segurança e o término da periculosidade presumida (esses conceitos serão
vistos ao longo das disciplinas de penal I e II).

Atualmente, temos o Código Penal, com a Parte Geral introduzida pela Lei nº 7209
de 1984, a Parte Especial na forma prevista pelo Decreto-lei nº 2848 (Código de 1940)
com algumas alterações de leis especiais posteriores; a Lei de Execução Penal (Lei nº
7210) e um grande número de leis especiais esparsas que tutelam uma série de bens
jurídicos considerados importantes a luz do Direito Penal (Ex: Lei de crimes ambientais,
Lei de drogas...).

Link do Código Penal:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm

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