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Byrne (1994) 1
Em conclusão, parece que há ligação entre experiências emocionais e certos aspectos das
expressões faciais. Quando os indivíduos experimentam várias emoções, a actividade
eléctrica em músculos faciais específicos aumenta, e quando os movem de acordo com os
padrões das expressões faciais, revelam alterações fisiológicas e descrevem experimentar
as emoções em questão. De acordo com DePaulo (1992, p.205), “a cara veste as emoções”.
Se já conversou com alguém que está a usar óculos de sol, sabe o quanto desconfortável
esta situação pode ser. Uma vez que não se podem ver os olhos da outra pessoa, fica-se na
dúvida sobre o modo como aquela reage. Já anciões poetas, notando a importância das pistas
fornecidas pelos olhos, consideraram-nos como “ espelhos da alma”. Sem dúvida que se
aprende muito acerca dos sentimentos dos outros através do seus olhos! Por exemplo, quando
alguém fixa o olhar em nós (to gaze) consideramos que a pessoa está agradada com o que vê
(Kleinke, 1986). Em contraste, se alguém evita o contacto visual connosco, concluímos que
essa pessoa é antipática, não gosta de nós, ou que é simplesmente tímida.
Todavia, há uma excepção há regra de que o alto nível de contacto visual seja sinal de
agrado ou de sentimentos positivos. Se uma pessoa fixa o olhar continuamente em nós,
mantendo esse contacto visual à medida que agimos (to stare), interpretamos isso como sinal
de zanga ou hostilidade, e podemos até terminar a interacção social que estejamos a ter ela ou
sair de cena (Greenbaum & Rosenfield, 1978).
foram considerados como: os mais calmos, quando não se auto tocavam; menos calmos,
quando tocavam no nariz ou na outra mão; os menos calmos, quando tocavam no braço. Os
entrevistados avaliados como mais expressivos foram os que tocavam o nariz e os menos
expressivos os que não apresentaram nenhum movimento (situação controlo). Portanto,
poder-se-á concluir que não é só o número total de movimentos que fornece informação sobre
os sentimentos ou traços dos outros mas, também o seu padrão e a sua natureza.
Os movimentos que envolvem todo o corpo também são muito informativos. Frases
como “ele adoptou uma postura ameaçadora” ou “ela recebeu-o de braços abertos” indicam
que diferentes orientações corporais ou posturas mostram duas reacções emocionais
contrastantes. Aronoff, Woike e Hyman (1992) estudaram os efeitos que a postura ou o
movimento têm na percepção social utilizando um método engenhoso. Primeiro identificaram
personagens, no ballet clássico, conhecidas pelos seus papéis ou ameaçadores (Macbeth) ou
simpáticos e calorosos (Romeu e Julieta). Depois analisaram em excertos desses ballets a
quantidade de poses diagonais, angulares vs. redondas, a percentagem de tempo que os
bailarinos apresentavam braços em posições redondas vs. angulares e a percentagem de tempo
gasta em movimentos redondos vs. angulares. Os resultados confirmaram a existência de
diferentes posturas e movimentos mediante o tipo de personagem representada (calorosa vs.
ameaçadora). As personagens ameaçadoras utilizaram 3 vezes mais posições diagonais, do
que as personagens calorosas, estas que mostraram 4 vezes mais posturas redondas.
Por fim, há a considerar os gestos que também nos fornecem informação específica
acerca dos sentimentos dos outros. Das várias categorias de gestos, talvez a mais importante
seja a dos gestos simbólicos ou emblemáticos (emblems) – movimentos com significação
específica em dada cultura. Por exemplo, em algumas culturas levantar a mão com o dedo
polegar esticado para cima é um sinal de “okay”. Embora os gestos simbólicos variem
grandemente de cultura para cultura, há em cada sociedade humana sinais para descrever
vários tipos de estado físicos, insultos, saudações e despedidas / partidas.
Outra categoria de gestos importante na comunicação não-verbal é a dos gestos da mão
que se fazem durante uma conversa. Tais gestos são utilizados para enfatizar ou clarificar e
ocorrem frequentemente durante uma conversa face-a-face. Segundo estes efectuados, os
gestos realizados com as mãos ajudam, ainda que em pequeno grau, a compreender as
mensagens faladas (Graham & Argyle, 1975; Krauss, Morrel-Samuels & Colasante, 1991).
Até o modo de andar (gait) pode servir de importante fonte de informação não-verbal
acerca dos outros. Uma investigação levada a cabo por Montepare e Zebrowitz-McArthur
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(1988) indica que o modo de andar altera-se com a idade: pessoas jovens balançam mais as
ancas, dobram mais os joelhos, mexem mais as articulações e são mais vigorosos que as
pessoas mais velhas. Assim, o modo de andar é uma pista não-verbal para a idade da pessoa.
Além disso, consideramos melhores em vários aspectos – incluindo na felicidade e no poder -
as pessoas com um andar mais jovial.
Todavia há um outro aspecto que merece atenção – as diferenças sexuais no toque. De acordo
com Henley (1973) num espaço público o sexo masculino toca mais o feminino do que vice-
versa. Todavia, pesquisas mais recentes (e.g. Stier & Hall, 1984) sugerem que a relação entre
o género sexual e o toque é mais complexa do que isto. Em saudações e despedidas, as
diferenças sexuais no toque não ocorrem (Major, Schmidlin & Williams, 1990) e a idade
parece ser um factor decisivo sobre quem é que toca em quem.
Até agora [note-se 1994] o estudo que mais elucidativo foi sobre os efeitos da idade no
toque foi o de Hall e Veccia (1991). Estes investigadores observaram e gravaram os toques de
centenas de pessoas em grandes espaços públicos - em centros comerciais, filas de compra do
bilhete do cinema, em salas de hotéis e em aeroportos- bem como as idades destas pessoas.
Segundo as suas conclusões, em todas as idades (desde a adolescência até à meia-idade) os
homens põem o braço em volta das mulheres, ao passo que estas juntam os seus braços aos
deles. Relativamente à frequência de toque não houve diferenças entre homens e mulheres
mas, o mesmo não se pode dizer quanto à idade. Entre jovens casais, os homens tocam muitas
mais vezes as mulheres todavia, em casais mais velhos esta disparidade não se observa, sendo
elas quem mais toca nos homens.
Qual o motivo para esta reversão da situação com o avanço da idade? Uma
possibilidade mencionada por Hall e Veccia (1991) é que entre pessoas mais novas
(especialmente entre adolescentes) as relações não estejam bem estabelecidas, de tal forma
que os papéis sexuais encorajem nos sexo masculino gestos visíveis de possessividade. O
contrário acontecerá, à medida que as relações se desenvolvam, e serão os papéis sexuais
femininos a requerer uma maior demonstração de possessividade.
As pistas não verbais, ao serem uma importante fonte de informação acerca dos outros,
possuem um papel em diversas formas de interacção social. Um dos seus mais importantes
papéis neste processo é a auto-imagem (self-presentation) (Schlenker & Weigold, 1989). A
auto-imagem envolve um efeito de regulação do comportamento próprio no sentido de criar
uma particular impressão (geralmente favorável) nos outros (Jones & Pittman, 1982). Num
processo semelhante – gestão das impressões (impression management)-, as pessoas usam
várias tácticas para se “pintarem” favoravelmente em situações sociais. Como fez notar
DePaulo (1992), uma das tácticas de auto-imagem é a utilização de pistas não-verbais:
a) mostrar surpresa quando, na realidade, já se conhece a surpresa;
b) sorrir ou dar a imagem de que se gosta de uma pessoa quando, de facto, a se odeia;
c) refrear o riso quando alguém cai ou faz uma outra figura patética
Nestas ou noutras situações tenta-se gerir as expressões faciais, o contacto visual, os
movimentos corporais e outras pistas não-verbais para que se crie a impressão desejada.
Obviamente que existem grandes diferenças nos recursos utilizados, por cada indivíduo, para
alcançar aquele objectivo: pessoas atractivas tendem a ser melhores do que as não atractivas
(DePaulo et al., 1988); as mulheres são geralmente mais eficazes do que os homens (Hall,
1984) embora, à medida que se envelhece, se melhore essa eficácia (Saarni, 1988).
Em adição, existem certas características pessoais que também desempenham um papel
na auto-imagem não verbal, nomeadamente, a expressividade – tendência para mostrar fortes
e claras pistas não-verbais- que faz com que as pessoas altamente expressivas sejam melhores
a criar uma auto-imagem, do que aquelas que demonstram baixa expressividade (e.g.Tucker
& Riggio, 1988).
Outro aspecto em que as pistas não-verbais têm um papel importante é a detecção do
logro (detection of deception) – esforços em determinar se os outros estão a ser verdadeiros
ou se estão a mentir. Muitas pistas não-verbais possibilitam reconhecer o logro, o engano,
quando ele ocorre com, pelo menos, moderada eficácia (e.g. DePaulo, 1992; DePaulo, Stone
& Lassiter, 1985; Ekman, 1985). Para este efeito existem variadas pistas não-verbais –
microexpressões, discrepâncias inter-canais, correcções nas frases e aspectos do contacto
visual.
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Existem muitas situações nas quais se tenta controlar ou gerir as expressões faciais mas,
outras pistas não-verbais, não para enganar os outros mas, porque existem “regras de estar”
(display rules) culturais que indicam que é inapropriado demonstrar determinada emoção em
público. Por exemplo, não é suposto que os atletas vencedores mostrarem satisfação triunfante
sobre os seus adversários, enquanto que os perdedores devem mostrar-se sorridentes e
graciosos, e não inveja. As crianças não devem sorrir quando estão a ser castigadas; um
médico legista não deverá mostrar horror ao examinar os seus cadáveres, etc. (DePaulo,
1992).
O facto de quase todas as pessoas tentarem regular o seu comportamento não-verbal em
certas situações, todavia, não implica que todas sejam bem sucedidas. Pelo contrário, segundo
Friedman e Miller-Herringer (1991), existem traços pessoais que contribuem para a eficácia
da auto-regulação.
Primeiramente estes investigadores analisaram a auto-monitorização (self-monitoring)
(Snyder, 1987) - grupo de características intimamente relacionadas com a capacidade de
adaptar um comportamento à situação social em ocorrência. Os indivíduos com um alto grau
de auto-monitorização costumam ser designados por camaleões sociais (social chameleons),
dado que conseguem rapidamente ajustar o seu comportamento social às exigências da dada
situação. Em contraste, uma pessoa com baixa auto-monitorização tende a mostrar um alto
grau de consistência: ela é a mesma pessoa em várias situações. Friedman e Miller-Herringer
previam que indivíduos com alto nível de auto-monitorização seriam melhor sucedidos na
camuflagem das suas verdadeiras emoções, em situações nas quais não seriam apropriadas
mostrá-las, do que as pessoas com baixo nível de auto-monitorização.
Para estudar esta hipótese, os investigadores seleccionaram sujeitos com alta e outros
com baixa auto-monitorização, os quais receberam feedback positivo na resolução de um
problema em duas condições experimentais: só vs. social, ou seja, na presença de duas
pessoas (os próprios experimentadores). Em ambos os casos [situação de alta vs. baixa auto-
monitorização] as três pessoas estavam, presumivelmente, a competir entre elas.
Os resultados confirmaram a hipótese de que os sujeitos na condição social, suprimiam
os seus sinais de contentamento, ao passo que na condição só os sinais de felicidade são muito
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