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Bíblia Da Soja PDF
Bíblia Da Soja PDF
DA SOJA
17/06/2015
ÍNDICE
1. Introdução ...................................................................................................................... 03
1.1 O agronegócio da soja e suas utilidades ........................................................................ 03
1.1.1 Definição e características ........................................................................................... 03
1.2 O mercado mundial da soja ............................................................................................ 05
1.2.1 Produção .................................................................................................................... 05
1.2.2 Importação ................................................................................................................. 07
1.2.3 Exportação ................................................................................................................. 08
1.2.4 Calendário agrícola .................................................................................................... 10
1.3 O mercado da soja em Mato Grosso ............................................................................. 12
1.3.1 Oferta e demanda ....................................................................................................... 12
1.3.2 Exportação do complexo soja .................................................................................... 14
1.4 Os mercados externo e brasileiro .................................................................................. 15
1.4.1 Tipos de mercados ..................................................................................................... 15
1.4.2 Bolsa de Chicago (CBOT) .......................................................................................... 17
1.4.3 Especificações da Bolsa de Chicago ......................................................................... 19
1.4.4 Cotação internacional no mercado interno ................................................................. 19
1.4.5 Especificações da BM&F ............................................................................................ 20
1.5 Como se formam os preços no mercado interno .......................................................... 22
1.5.1 Prêmio de exportação ................................................................................................ 22
1.5.2 Custos portuários ....................................................................................................... 23
1.5.3 Frete ao porto ............................................................................................................. 24
1.5.4 Cotação interna .......................................................................................................... 25
1.6 Principais rotas de escoamento da soja no Estado ...................................................... 26
1.6.1 Hidroviário .................................................................................................................. 28
1.6.2 Ferroviário .................................................................................................................. 29
1.6.3 Rodoviário .................................................................................................................. 30
1.7 Paridade de exportação e sua importância ................................................................... 32
1.7.1 O que é e para que serve a paridade de exportação ................................................. 32
1.7.2 Como se calcula a paridade de exportação ............................................................... 33
1.8 Gastos produtivos com a cultura da soja ...................................................................... 36
1.8.1 Custo de produção da soja ........................................................................................ 36
1.8.2 Custos fixos e custos variáveis .................................................................................. 39
1.9 O ponto de equilíbrio ..................................................................................................... 39
1.9.1 Determinantes do ponto de equilíbrio (PE) ................................................................ 40
1.10 Preço de base e relação frete/soja .............................................................................. 41
1.10.1 Formação do preço de base ..................................................................................... 41
1.10.2 Preço do frete X cotação da soja ............................................................................. 43
1.11 Glossário ..................................................................................................................... 45
1.12 Conclusão .................................................................................................................... 47
1.13 Referências ................................................................................................................. 48
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1. Introdução
No contexto mundial e nacional, a soja está inserida economicamente como uma das principais
culturas produzidas. No Brasil, a oleaginosa é a principal cultura agrícola atualmente. Segundo
dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, maio/15), na safra 2013/14 cerca de
86,12 milhões de toneladas de soja foram produzidas no país, representando 44,5% de toda a
produção brasileira de grãos na mesma safra. Para a safra 2014/15, a expectativa de
participação da soja aumenta ainda mais. Os dados de maio de 2015 do relatório de safra da
Conab apontam um volume produzido de soja pelo Brasil de 95,07 milhões de toneladas,
representando 47% dos 202,23 milhões de toneladas de grãos produzidos pelo país.
Amplamente difundida devido às suas variadas formas de utilização em diferentes segmentos,
a oleaginosa apresenta papel importante para a economia agropecuária brasileira. Em Mato
Grosso, o principal Estado produtor, a oleaginosa representou em 2014 aproximadamente 50%
do valor bruto da produção (VBP) agropecuária mato-grossense, com representatividade bem
acima da segunda atividade de maior projeção, a bovinocultura de corte, com 20%.
Em relação à comercialização, a produção brasileira da soja representa cerca de 41% do que
foi exportado mundialmente na safra 2013/14. Diante desta grande representatividade mundial,
o preço da soja no mercado interno sofre grande influência do mercado externo.
Os principais fatores que influenciam a paridade de exportação brasileira são: cotação da soja
na Bolsa de Chicago (CBOT), prêmio de exportação, despesas portuárias, frete, câmbio,
impostos e outras taxas e comissões.
Diante da grande importância da soja no cenário mundial, este trabalho irá analisar e discutir o
mercado da soja, desde a oferta e demanda da cultura, sua importância no mercado mundial,
até o entendimento de formação de preços da commodity.
Esperamos que você, leitor, tenha prazer em descobrir, nas páginas a seguir, de maneira geral
como funciona o mercado da soja e suas particularidades.
Nesta seção, serão analisadas, de maneira geral, a definição e características da soja, bem
como as principais utilidades dos seus subprodutos.
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Por isso, pode-se considerar o complexo soja como uma commodity agrícola (MACHADO,
2010).
A soja é uma das principais commodities produzidas mundialmente, e faz parte do conjunto de
atividades agrícolas com maior destaque no mercado mundial. Por ter uma importância
considerável globalmente, a sua demanda é de grande relevância no mercado internacional. A
dinâmica do mercado da soja é dividida em países produtores-exportadores e países
consumidores-importadores.
Normalmente, as commodities são cíclicas por definição. Isso significa que a produção é
estimulada ou desestimulada de acordo com o preço. Se o preço de algum produto estiver alto,
diversos produtores se sentirão “estimulados” a produzi-lo. Se a produção for grande, os
estoques aumentam, o preço cai e, consequentemente, diversos produtores perdem o
interesse por produzir grandes volumes, fazendo com que a safra diminua. Consequentemente,
os estoques reduzem-se e o preço volta a subir. Não há uma tendência de alta nem baixa
eterna, mas sim ciclos, por isso, as commodities como a soja são consideradas cíclicas
(NEHMI, 2012).
Por ser um grão rico em proteínas, a soja é cultivada como alimento tanto para os seres
humanos quanto para os animais. Além disso, sendo caracterizada principalmente por uma
produção agroindustrial, sua cadeia pode ser denominada como uma cadeia agroindustrial, na
qual, antes mesmo da produção, é essencial a existência de um setor de insumos, máquinas e
implementos agrícolas para trazer viabilidade para o setor.
Para que a soja possa ser utilizada, é preciso que ela passe por um processo de
industrialização. Após esse processo são gerados vários produtos, porém dois são os mais
conhecidos, o farelo e o óleo de soja. O farelo de soja, com teor proteico de 44% a 48% (se o
grão for descascado antes da extração do óleo), é utilizado na maioria das vezes como
suplemento rico em proteínas para a criação de animais. O farelo de soja pode ser utilizado
ainda como alimento de peixe na aquicultura, na produção de ração de animais domésticos e
como substituto do leite para bezerros. Para se obter o farelo de soja, é necessário fazer a
torrefação e a moagem da torta da soja, sendo esta torta o que permanece após a extração do
óleo com solventes (MISSÃO, 2006).
Já o óleo de soja é rico em ácidos graxos poli-insaturados. Pode ser usado domesticamente
como óleo de cozinha e nas indústrias, como tinta de caneta, biodiesel, tintas de pintura em
geral, xampus, sabões e detergentes (MISSÃO, 2006).
Na indústria alimentar, nos importantes ingredientes da produção de cereais, pães, biscoitos,
massas, produtos finos de carne, etc, usa-se a proteína texturizada de soja como substituto da
carne. Os isolados de soja (pelo menos 90% de proteína) são ingredientes funcionais
empregados em produtos finos de carne e leite. Os usos técnicos dos ingredientes proteicos e
da farinha de soja incluem revestimentos de papel e auxiliares de processos de fermentação.
A casca da soja é retirada durante o descascamento inicial dos grãos e contém material
fibroso. É usada como forragem grossa e também como fonte de fibras dietéticas de cereais
matinais e de certos lanches prontos (MISSÃO, 2006).
Assim como muitas outras plantas, a soja também contém alguns fatores antinutricionais. Os
inibidores, por exemplo, que impedem a ação de enzimas digestivas, como a tripsina, tornando
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a digestão da soja crua extremamente difícil. O cozimento e o aquecimento dos grãos ou do
farelo de soja inativam os inibidores de tripsina. Na prática, o farelo de soja e os ingredientes
proteicos originados da soja são sempre cozidos antes do consumo.
Organograma 1 - Cadeia agroindustrial da soja
Defensivos
Cooperativas
Fertilizantes Armazenadores
Sementes
Produção
Agrícola Originadores Cooperativas
Esmagadoras Indústrias de
Máquinas Distribuição
e refinadoras derivados de
óleo
Revendas
Tradings
Outras
Indústrias
Indústria Indústria
de rações de carnes
MERCADO EXTERNO
Outras Indústrias
CONSUMIDOR
INTERNO OU
EXTERNO
Fonte: Imea
Nesta seção, será analisado o mercado mundial da soja. Os aspectos discutidos estão
relacionados com quatro variáveis principais: produção, importação, exportação e calendário
agrícola mundial.
1.2.1 Produção
A soja, além de ser a principal oleaginosa cultivada no mundo, faz parte do conjunto de
atividades agrícolas com maior destaque no mercado mundial. Nos dados do mapa 1, percebe-
se que 82% da produção mundial concentra-se em apenas três países: Estados Unidos, Brasil
e Argentina. Adicionalmente, os outros quatro países que se destacam na produção mundial
são: China, Índia, Paraguai e Canadá que, juntos, esses sete países representam cerca de
95% da produção mundial da oleaginosa, segundo dados do Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA, maio/15).
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Mapa 1 - Principais países produtores de soja na safra 2014/15
108,0
6,1
108,0
12,4
0,0
9,8
94,5
Fonte: 8,5
USDA
maio/15
58,5 Prod. Mundial: 317,3 milhões t
País
Gráfico
350,0 150,0
Milhões de toneladas 317,3
Estoques Produção Consumo
300,0 120,0
291,8
250,0 85,5 90,0
Estoques
200,0 60,0
150,0 30,0
100,0 0,0
6
Diante de tal relevância, verifica-se a concentração dos estoques finais mundiais em
quatro principais países: Argentina, Brasil, China e Estados Unidos, que juntos representaram
94% do total na safra 2014/15, segundo dados do USDA. Os estoques vêm crescendo desde a
safra 2011/12, principalmente pelo aumento da produção em proporções maiores que o volume
mundial de consumo.
1.2.2 Importação
A soja é uma das culturas mais difundidas no mundo. Apesar da sua grande importância
econômica no mercado mundial, a importação da soja em grão limita-se a poucos países. A
China e a União Europeia respondem juntas com cerca de 75,6%, segundo dados do USDA,
na safra 2014/15. Apenas a China representa quase 65% das importações mundiais da soja
em grão, segundo o departamento norte-americano, demonstrando a tamanha relevância que
este país representa no mercado mundial da oleaginosa. Assim, qualquer oscilação na
economia chinesa que comprometa o fluxo da sua demanda por soja pode, portanto,
comprometer o quadro de oferta e demanda mundial da commodity.
73,5
2,9
12,8
2,1 73,5
0,0
4,0
2,4
A importação mundial de soja em grão teve uma trajetória crescente na última década.
Na safra 2014/15 ocorreu o maior fluxo de importações da história, com um aumento anual de
2,6%.
Apesar da grande relevância que a China apresenta sobre o mercado da soja em grão, o
país asiático não se destaca atualmente como o principal player importador dos subprodutos
da oleaginosa como farelo e óleo. Isso ocorre, pois a China compra a soja justamente para
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produzir estes subprodutos e possui uma grande capacidade de industrialização da soja em
grão.
No mercado de óleo de soja, o país que lidera suas importações é a Índia, que
representa 21,3% na safra 2014/15, segundo o USDA, com a China aparecendo logo atrás,
com 14% de participação. Já para o mercado de farelo de soja, a China não se destaca entre
os cinco principais países importadores. O principal player importador é a União Europeia,
representando cerca de 35% do total nas últimas cinco safras. Com representatividade menor,
aparecem Indonésia, Vietnã, Tailândia e Irã, que juntos representaram nos últimos cinco anos
cerca de 20% das importações mundiais do farelo de soja.
Percebe-se que o mercado dos subprodutos da soja (óleo e farelo) é menos concentrado
que o mercado da soja em grão, apresentando uma dependência muito maior de um único
país, a China. Mesmo assim, oscilações econômicas ocorridas nos principais países
importadores de soja e farelo podem impactar o mercado da soja como um todo.
1.2.3 Exportação
49,0
3,7
2,0
49,0
0,0
45,7
4,8
3,3
Exp Mundial: 117,5 milhões t
8,0
Fonte: Centrogrãos, Caramuru and Soy Transport Coalition, BCR Rosário, USDA
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Os gargalos dos portos brasileiros também apresentam parcela de contribuição para
reduzir a competitividade da soja brasileira. Os fatores portuários que mais prejudicam a
competitividade das exportações brasileiras são: elevado custo das tarifas portuárias; demanda
superior à capacidade instalada dos terminais e armazéns; falta de investimentos na ampliação
de instalações portuárias, ocasionando filas de caminhões e navios no período da safra; e a
limitação de profundidade, impedindo a atracação de navios de maior porte em alguns portos.
Os custos elevados de transporte da soja acabam refletindo negativamente sobre os
preços recebidos pelos produtores, especialmente àqueles localizados em regiões mais
distantes dos principais portos, como os do Sul e Sudeste do país. Para se ter uma ideia dessa
realidade, os sojicultores de Sorriso, por exemplo, distantes cerca de 2.000 km dos principais
portos de exportação, pagam de frete valores próximos a 30% do preço recebido pelo produto
em 2015.
Apesar de tais gargalos, pode-se dizer que houve uma melhora nas condições dos portos
brasileiros desde 2014, sobretudo, no porto de Santos-SP, principal porto de escoamento
atualmente no país. Além disso, há atualmente uma nova rota de escoamento de grãos, pelo
Norte do país. O porto de Barcarena, localizado no Pará, que começou as suas atividades em
2014, exportou cerca de 625 mil toneladas de soja mato-grossense, representando cerca de
5% do volume escoado pelo Estado na safra 2013/14. Apesar de a representatividade sobre o
volume total escoado ser baixa, a expectativa é que a participação deste porto sobre as
exportações mato-grossenses aumente nos próximos anos.
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(destacando-se Mato Grosso), e o Sul (Paraná e Rio Grande do Sul), percebe-se uma
diferença no período de semeadura. Em Mato Grosso, alguns produtores dão início aos
trabalhos de semeadura logo após o fim do vazio sanitário, que se encerra no dia 15 de
setembro, mesmo que as condições climáticas não estejam tão favoráveis. Em setembro,
muitas regiões de Mato Grosso ainda não apresentam grande quantidade de chuvas e, por
isso, os trabalhos a campo se intensificam em meados de outubro, quando os volumes
pluviométricos são maiores.
Em condições normais é recomendável que o produtor espere a chuva alcançar o
acumulado de 80-100 milímetros para que o solo tenha um estoque razoável de água para
permitir a germinação das sementes, com menos risco de perda de semeadura, no caso de as
chuvas não se estabilizarem. No entanto, algumas lavouras de soja mato-grossenses não são
semeadas na época ideal para alcançar o máximo potencial produtivo da cultura. A causa
principal para que os agricultores não consigam semear na data ideal está na necessidade de
antecipar a colheita do grão para dar início o mais rápido possível à segunda safra, geralmente
com milho ou algodão.
Na região Sul do Brasil, a semeadura da soja inicia-se em outubro com a sua
intensificação a partir de novembro, quando as condições climáticas já estão mais favoráveis.
Antes disso, o frio ainda é bastante considerável nas regiões produtoras. Assim, quanto mais
ao sul, mais tarde começa-se a semeadura da oleaginosa devido às temperaturas mais
amenas antes desse período.
Já na Argentina, o período de semeadura e colheita é bastante parecido com o do Brasil,
principalmente com o calendário agrícola dos estados da região Sul, devido às semelhanças
climáticas. Assim, a entrada das safras brasileira e Argentina ocorre em períodos bastante
semelhantes, afetando tanto as cotações internacionais da oleaginosa como também o foco da
demanda internacional.
Figura 1 - Calendário agrícola da soja nos principais países produtores, e no Brasil, nas
principais regiões
11
Percebe-se que o clima tem fundamental importância no calendário agrícola da soja nos
principais players ofertantes, apontando a época de início da semeadura e as variedades mais
aptas para determinada região e/ou país. Os principais fatores climáticos que interferem no
rendimento do grão, segundo a Embrapa, são os volumes pluviométricos, em que durante todo
o seu ciclo a necessidade hídrica ideal deve variar entre 450 milímetros a 800 milímetros,
dependendo da variedade cultivada. Além disso, outro fator de grande importância, a
temperatura, atua diretamente em todas as fases da cultura. As condições ótimas para a soja
estão entre 20ºC e 30ºC, sendo 30ºC a temperatura ideal para o seu desenvolvimento. Ainda
segundo a Embrapa, a faixa de temperatura do solo adequada para a semeadura varia de 20ºC
a 30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal para a rápida e uniforme emergência das plântulas,
além do comprimento do dia (foto período) que também é um fator limitante para o
desenvolvimento da planta.
Segundo dados da Conab, Mato Grosso lidera a produção nacional de soja há 15 safras,
com boas perspectivas de consolidar-se nessa posição. Atualmente, o Estado representa cerca
de 9% da produção mundial e 30% da produção nacional da oleaginosa, segundo dados do
Imea. Na safra 2014/15, a expectativa é que Mato Grosso produza cerca de 27,9 milhões de
toneladas, batendo todos os recordes produtivos anteriores.
Dentro do Estado, a principal região produtora é o médio-norte, onde se encontram
municípios como Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, e outros. A crescente
conversão de área de pastagem em agricultura nas regiões nordeste, norte e noroeste do
Estado, vem proporcionando novos ganhos produtivos em Mato Grosso através também
destas regiões.
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Tabela 1 - Oferta e demanda da soja em grão mato-grossense na safra 2014/15
Variação Variação
Soja em 2014/15 2014/15
2012/13 2013/14 13/14 e 14/15 (dez-
grão (dez-14) (abr-15)*
14/15 14/abr-15)
Oferta 23,93 26,5 28,13 28,08 6% 0%
Estoque
0,27 0,21 0,23 0,2 -2% -13%
Inicial
Importação 0 0 0 0 - -
Produção 23,66 26,29 27,89 27,87 6% 0%
Demanda 23,72 26,3 27,82 27,86 6% 0%
Consumo MT 7,37 8,08 8,5 8,85 9% 4%
Consumo
4,05 4 4 4 0% 0%
Interestadual
Exportação 12,3 14,21 15,32 15,01 6% -2%
Estoque
0,21 0,2 0,3 0,22 7% -27%
Final
Fonte: Imea
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1.3.2 Exportação do complexo soja
Sabendo-se da grande relevância que Mato Grosso tem sobre as exportações brasileiras
de soja, é importante conhecer o destino dos principais países importadores do complexo de
soja mato-grossense, no intuito de entender a importância que cada país representa para cada
subproduto da soja.
No caso da soja em grão, o principal país importador é a China, que em 2014 participou
com cerca de 64% do total escoado por Mato Grosso, já na média dos últimos cinco anos a
participação é de 66%. Além da China, a Espanha e a Holanda também são outros dois players
importadores do grão da soja mato-grossense. Os dois representaram juntos nos últimos cinco
anos cerca de 12% da soja em grão escoada pelo Estado.
Já para o farelo de soja, a China não aparece como principal importador, mas sim a
Holanda e a Indonésia, que juntas representaram cerca de 48% das exportações de Mato
Grosso nos últimos cinco anos, em 2014 essa participação foi ainda maior, de 62%. Já para o
óleo de soja, os principais países para os quais Mato Grosso exporta são a Argélia, China e
Índia. Esses três países juntos abocanharam uma parcela de pouco mais de 70% do total
escoado pelo Estado na média dos últimos cinco anos.
Além de cada produto do complexo soja mato-grossense ter diferentes players
importadores, o volume e os principais portos de escoamento dentro do país variam também.
No caso da soja em grão, o principal ponto de escoamento é o porto de Santos, que
sozinho representa pouco mais da metade do que é embarcado pela soja do Estado. Além do
porto de Santos, os portos de Paranaguá e Manaus também são rotas de escoamento da soja
mato-grossense. Já nas exportações do farelo de soja, o porto de Santos tem uma
representatividade ainda maior, de mais de 70% em média dos últimos anos.
Nas exportações do óleo de soja, os dois principais portos são Paranaguá e Manaus, que
apresentam representatividade mais balanceada em comparação às exportações de farelo.
Paranaguá representa na média dos últimos anos cerca de 50% do total escoado de óleo pelo
Estado. Já para o porto de Manaus a representatividade média é próxima de 35%.
Mapa 4 - Destino dos produtos do complexo soja de Mato Grosso
14
Com novas rotas pelos portos do Norte do país, como é o caso de Barcarena, no Pará, a
tendência é que os portos do Sudeste e Sul do país tendem a ser mais desafogados, sobretudo
na época de safra, quando os portos como o de Santos e de Paranaguá apresentam
superlotação, dificultando o escoamento no país.
A atividade agrícola está longe de ser uma linha de produção industrial, em que o
empresário pode mais bem controlar o tempo, a quantidade e a qualidade da produção.
Conciliar uma demanda relativamente estável com uma oferta agrícola que flutua sazonal e
aleatoriamente é o principal desafio da comercialização da soja.
A escolha do mecanismo de comercialização depende das características gerais dos
produtos e, principalmente, das características das transações. Por exemplo, commodities
apresentam boa eficiência na comercialização por meio de mecanismos de mercado spot ou de
futuros, já produtos sensíveis a variações qualitativas e sujeitos a compras regulares são
eficientemente comercializados por meio de contratos de fornecimento de médio e longo
prazos.
As negociações da soja podem ocorrer em quatro grandes mercados. O mercado físico
(spot, cash ou à vista), a termo, mercado futuro e mercado de opções. Essencialmente são
esses quatro grupos de operações praticadas em todo o mundo e que são utilizadas, também,
no mercado interno.
Em suma, o mercado físico é basicamente a troca de produto físico por dinheiro, uma vez
que se trata de uma troca imediata. É também chamado de mercado disponível, cash ou spot
(este último termo normalmente utilizado em bolsas de mercadorias). No mercado à vista os
negócios realizados têm como objetivo efetuar uma compra e/ou venda imediata. Assim, a
entrega do produto e seu pagamento acontecem no mesmo instante. É característico desse
mercado ser tipicamente esporádico e apresentar alto grau de incertezas no que se refere ao
comportamento dos preços, regularidade de suprimentos e qualidade de produtos. Assim, uma
empresa que adota esse mecanismo assume um grande risco, o que pode levá-la ao
insucesso nas suas operações, em consequência das incertezas dos aspectos relacionados à
demanda e à oferta.
O mercado físico, isoladamente, não se mostra um mecanismo adequado para diversos
tipos de transações, particularmente quando a estabilidade do suprimento e de preços é
necessária, ou a qualidade dos insumos é de difícil observação. Para isso, existem outros
mecanismos mais apropriados, permitindo transações que reduzem esses riscos, como o
mercado a termo.
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O diferencial do mercado a termo em relação ao mercado físico é que as transações
ocorrem em dois ou mais instantes no tempo. São contratos em que as partes acordam alguns
elementos da transação que irão ocorrer no futuro, especificando no contrato: a mercadoria, a
data de entrega, o local, o meio de transporte, o meio de pagamento e/ou qualquer outro
elemento que comprador e vendedor desejem incorporar a ele.
Os contratos no mercado a termo apresentam grande flexibilidade de modelos de
transação. Um exemplo muito comum é a compra de soja antecipada por indústrias desse
segmento, em que, um pouco antes da semeadura ou mesmo durante o ciclo da cultura, o
agricultor pode vender sua safra para a indústria processadora por preços fixos e com
pagamento em data futura. O agricultor garante a venda de seu produto e trava o preço, já a
agroindústria consegue planejar compras e recebimentos, a fim de fazer a ocupação racional
da capacidade de processamento da sua planta industrial.
O grande problema desse mecanismo é o risco de não cumprimento do contrato por uma
ou ambas as partes. Mesmo o contrato tratando de obrigações entre as partes, isso não as
impede de agirem com atitudes oportunistas, por outro lado, nesse mercado o produtor não
precisa retirar dinheiro do seu caixa para fechar contrato.
Da evolução dos contratos a termo resultou a formação dos mercados de futuros, que é
um pouco mais complexo que o mercado a termo. O que os diferencia são os contratos
padronizados e negociados em bolsas organizadas, não permitindo a inclusão de cláusulas por
parte de compradores e vendedores. Os contratos futuros especificam apenas o período para
entrega, o lugar, lotes padrão, e o objeto transacionado, sendo este mercado restrito somente a
commodities com contratos padronizados registrados nas respectivas bolsas de mercadoria e
futuro, como é o caso da soja.
Ao se comprar ou vender um contrato, não é necessária a inspeção do produto ou
avaliação da possibilidade de cumprimento do contrato, uma vez que este é assegurado pela
instituição responsável pela transação, que no caso brasileiro é a BM&F.
Outra característica importante do mercado futuro é o fato de uma minoria dos contratos
(menos de 2%) resultarem em entrega efetiva da mercadoria. Na maior parte dos contratos
ocorre liquidação financeira (a posição é revertida) antes da data de entrega, não necessitando
assim realizar a entrega física no local acordado. O objetivo de um contrato futuro é apenas a
redução de riscos, característicos das transações no mercado físico. O mercado futuro permite
essa redução de risco que é conhecida como hedge, que é uma operação de “travamento” de
preço para uma data futura.
Intimamente relacionado ao mercado futuro existe o mercado de opções, que são
contratos que asseguram o direito de exercício de uma compra ou de uma venda de algum
ativo. Pode ser um ativo físico (como mil toneladas de soja) ou um contrato futuro. No caso
das principais bolsas, as opções negociadas são direitos de compra ou de venda de contratos
futuros.
Na medida em que há uma separação de direito e obrigação de compra e venda, há dois
tipos de opções: opções de compra (Call), e opções de venda (Put). No primeiro caso, o
comprador da opção tem o direito de compra de um determinado contrato futuro a um preço
preestabelecido, enquanto o vendedor tem a obrigação de venda, se este for o desejo do
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comprador. O inverso ocorre no caso de uma opção de venda, em que o comprador tem o
direito de venda e o emitente da opção, a obrigação de compra.
A ligação entre mercado de opções e uma estratégia de hedge é bastante evidente. Por
exemplo, um agricultor, que está sujeito ao risco de queda do preço de seu produto, pode
comprar uma Put (direito de venda) daquela mercadoria a um preço de exercício que remunere
seus custos. Assim, se houver uma queda dos preços, o agricultor pode exercer o direito de
vender seu produto pelo preço predeterminado, garantindo a cobertura de seus custos de
produção. Do mesmo modo, uma agroindústria, sujeita ao risco de uma elevação do preço de
seus insumos, pode comprar uma Call (direito de compra) a um preço de exercício
preestabelecido. O valor desse direito, tanto da Call quanto da Put, possui variações de preço
relacionadas ao tempo de vencimento do ativo e riscos do mercado.
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sazonalidade (safra e entressafra), poder aquisitivo, atitudes dos compradores internacionais e
também os juros.
O objetivo de operar no mercado futuro é fixar um preço futuro, essa forma de operar é
chamada de hedge, livrando-se das oscilações do preço e com isso protegendo o resultado do
seu negócio. Além disso, torna-se possível realizar outros tipos de operações neste mercado,
como é o caso dos especuladores que visam ganhar com a oscilação do mercado e os
arbitradores que ganham com as diferenças de preços que ocorrem entre mercados. Estes três
tipos de operações vão ser detalhados no decorrer do capítulo.
Para realizar uma operação no mercado futuro deve-se abrir uma conta numa corretora
afiliada à Bolsa de Mercadorias pretendida (BM&F ou CBOT). Nos sites das bolsas existem
listas de corretoras afiliadas, as quais podem ser procuradas para a abertura da conta.
Este processo inicial, geralmente, não possui nenhum custo. Após a abertura da conta o
cliente poderá acessar o Home Broker ou uma plataforma de negociação. Através destas
ferramentas, o cliente poderá acompanhar momentaneamente as negociações nas Bolsas de
Mercadorias. Porém, para realizar alguma operação através destas ferramentas, o cliente
deverá depositar uma margem de garantia na sua conta na corretora escolhida. Mais detalhes
sobre a margem de garantia serão abordados adiante.
No caso da Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros da soja são patronizados,
possuindo uma estrutura previamente definida por regulamentação da bolsa. Nesta
padronização, há características predefinidas do produto negociado, no caso, a soja, como a
cotação, data de vencimento, tipo de liquidação, dentre outras especificações.
As especificações dos contratos da soja na CBOT estão listadas no quadro abaixo:
Quadro 1 - Especificações dos contratos da soja na CBOT
Mês Código
ZS X 5 Janeiro F
Março H
Maio K
Julho N
Agosto Q
Código na Ano
Setembro U
CBOT Novembro X
Mês de
Vencimento
Por exemplo:
Quem for fazer uma negociação de soja na CME Group para vencimento em março de
2016, qual é o código que deverá ser utilizado no Home Broker ou na plataforma?
ZS, que identifica um contrato de soja;
H, o mês de vencimento, que é março;
6, o ano de vencimento do contrato (2016);
Portanto o código do produto fica ZSH6.
Nesta seção será realizado um exemplo básico de conversão dos preços da Bolsa de
Chicago para o mercado interno, considerando o preço interno no porto.
Apesar de a soja ser colhida, transportada e armazenada a granel, o seu preço de
referência no mercado interno é a saca de 60 kg.
19
Já no mercado internacional (Bolsa de Chicago) a soja é baseada em bushel não em
sacas, ou quilos, ou toneladas. O bushel é uma unidade de medida de volume equivalente a
um cesto utilizado pelos indígenas nas trocas de produtos. O seu peso específico varia para
cada tipo de grão, assim, o peso de um bushel é variável. No caso da soja, um bushel pesa
27,215 kg.
Neste sentido, temos que converter o preço de bushel de soja em quilo para sabermos o
preço de uma saca ou de uma tonelada do produto, e depois ainda converter o preço de dólar
para reais.
Como as cotações da soja em grão na CBOT possuem a unidade de centavos de dólar
por bushel (¢US$/bushel), deve-se primeiramente dividir o valor cotado na bolsa por 100 para
verificar o valor da cotação em dólar por bushel (US$/bushel). Posteriormente, converter de
dólar para reais, para então se ter o preço em reais por bushel, e então se converte para saca.
Sabendo-se que 1 bushel corresponde a 27,216 kg, para saber quanto que uma saca de
soja de 60 kg corresponde em bushel, basta dividir-se o valor de bushel em kg, que
correspondente a 27,216, pelo valor de uma saca, que corresponde a 60, assim, dividindo-se
27,216 por 60, tem-se que um bushel de soja corresponde a 2,2046 sacas.
Com isso, basta multiplicar o valor da cotação a ser considerada na Bolsa de Chicago
(bushel) por 2,2046 para se ter o valor em saca (de 60 kg).
Para que fique mais claro o entendimento, realizamos uma equação simples de
conversão do preço da soja cotado na Bolsa de Chicago para o mercado brasileiro.
Por exemplo:
US$¢ 984,50/bushel ÷ 100 (para tirar de cents) US$ 9,8450/bushel
US$ 9,8450/bushel × 2,2046 (para transformar de bushel para saca de 60 kg) US$
21,70/sc
US$ 21,70/sc × 3,15 (para transformar de dólar para saca) R$ 68,47/sc
Cabe salientar que os preços da soja e do dólar considerados no exemplo acima são
hipotéticos, sendo utilizados apenas para o entendimento do cálculo de conversão.
20
Para realizar uma operação no Mercado Futuro da BM&F deve-se abrir uma conta em
uma corretora afiliada à bolsa, assim como na CBOT. Nos sites das bolsas existem listas de
corretoras afiliadas, as quais podem ser procuradas para a abertura da conta.
Este processo inicial, geralmente, não possui nenhum custo. Após a abertura da conta o
cliente poderá acessar o Home Broker ou uma plataforma de negociação. Através destas
ferramentas, o cliente poderá acompanhar momentaneamente as negociações nas Bolsas de
Mercadorias. Porém, para realizar alguma operação através destas ferramentas, o cliente
deverá depositar uma margem de garantia na sua conta na corretora escolhida.
Antes de realizar uma negociação na BM&F é necessário conhecer os códigos dos
produtos listados nas bolsas. Esses códigos deverão ser inseridos no Home Broker ou na
plataforma de negociação que você possuir. Os códigos da soja na BM&F estão contidos na
figura abaixo:
Figura 3 - Composição dos códigos da soja na BM&F
Código na BM&FBOVESPA
Mês Código
SFI K 15 Março H
Abril J
Maio K
Junho M
Julho N
Agosto Q
Código na BM&F
Ano Setembro U
Novembro X
Mês de
Vencimento
21
Quadro 2 - Especificações dos contratos da soja na BM&F
Código SFI
Cotação Dólares por saca de 60 kg.
Unidade de Negociação 450 sacas
Meses de Vencimento Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. e Nov.
Data de Vencimento Segundo dia útil anterior ao mês de vencimento.
Corretagem Normal 0,30%.
Corretagem Day Trade 0,07%.
Liquidez 1 em 1 contrato.
Cálculo de Volume Cotação x Dólar x 450 x Número de contratos.
Horários Pregão 9 às 15:00 – After 15:35 às 18:00.
Fonte: BM&FBOVESPA
Os custos portuários são aqueles incorridos, de forma direta ou indireta, nos portos, com
o intuito de iniciar as exportações ou concluir as operações de importação de produtos e
mercadorias (AMARAL et al., 2013).
Os custos diretos são aqueles relacionados à utilização dos equipamentos e instalações
portuárias terrestres ou marítimas, embarques e desembarques de cargas, despachos
aduaneiros, taxas e impostos, e a “demurrage”, que leva em consideração o tempo de espera
da carga no porto.
Já os custos indiretos incorridos nos portos compreendem as despesas relacionadas à
contratação dos serviços de praticagem, rebocadores, agências marítimas, atracação e
desatracação, faróis, vigias, transporte de tripulação, dentre outros.
Ainda segundo Amaral et al., 2013, nem todos os portos possuem as mesmas despesas
portuárias, pois variam dependendo das dificuldades operacionais, bem como capacidade
logística, infraestrutura do porto. Para a utilização dos portos há três principais tipos de gastos:
23
As taxas portuárias, referentes à utilização da infraestrutura portuária e utilização de
infraestrutura terrestre do porto.
O custo de oportunidade de estoques no caminhão em virtude das filas e demora no
momento do descarregamento da mercadoria.
A remuneração por estadia, que leva em consideração a utilização do armazém no porto.
Fatores Indiretos: fatores que afetam os custos da prestação dos serviços (CYPRIANO,
2005). Por exemplo:
A regulação/desregulação.
Variação nos preços dos combustíveis.
Inovações nos veículos e compartimentos de carga.
Congestionamentos.
Limites de peso para a circulação.
Além disso, há sazonalidade no valor deste frete, pois se torna maior no período da safra
brasileira de soja. Nas regiões produtoras de Mato Grosso há um déficit na armazenagem,
assim há a necessidade do escoamento rápido da produção para os portos de exportação e
para as indústrias esmagadoras de soja. Este escoamento eleva a demanda por serviços de
transporte e gera um aumento nos preços relativos a estes serviços. Além disso, a
necessidade de caminhões fica maior, devido ao frete da fazenda até os armazéns.
24
No Brasil, assim como em Mato Grosso, o modal de transporte mais utilizado é o
rodoviário, o que torna o custo do frete da soja bastante elevado, sobretudo nas regiões mais
afastadas dos principais portos.
Em Mato Grosso, o aumento do fluxo de escoamento pelos portos do Norte, a exemplo
do porto de Barcarena, no Pará, que começou suas atividades em 2014, está sendo capaz de
reduzir a superlotação dos portos do Sudeste e Sul do país, a exemplo do de Santos e de
Paranaguá. Além deste fator, a ferrovia até Rondonópolis também foi um fator muito importante
para diminuição do gargalo logístico, pois reduziu o tempo que o caminhão percorre até a
chegada ao terminal, o que refletiu já nos custos dos fretes rodoviários, que atingiram valor
menor em 2015 durante o pico de safra da soja em março se comparado ao da safra 2013/14.
CONVERSÕES
Lembrando que: 1 bushel = 27,214 kg
1 saca (sc) = 60 kg
1 saca (sc de 60 kg) = 2,2046 bushel
1 tonelada = 16,666 sacas (60 kg)
25
Antes de realizar o cálculo para a obtenção da cotação interna, devem-se fazer as
conversões das variáveis para facilitar o cálculo, assim, as variáveis mencionadas devem
apresentar os seguintes valores já convertidos para a unidade adequada:
(1) Cotação da soja na CBOT: US$ 21,57/sc
(÷ 100 para tirar de cents de bushel e passar para bushel, e, × 2,2046 para converter de
bushel para saca)
(2) Prêmio do porto: + US$ 0,90/sc
(÷ 100 para tirar de cents de bushel e passar para bushel, e, × 2,2046 para converter de
bushel para saca)
(3) Custo portuário em Santos: US$ 0,90/sc
(÷ 16,666 para transformar de toneladas para saca)
(4) Dólar comercial: R$ 3,15/US$
(5) Frete rodoviário de Sorriso a Santos: R$ 17,70/sc
(÷ 16,666 para transformar de toneladas para saca)
Depois de fazer as conversões necessárias, pode-se realizar o cálculo, conforme a
equação abaixo, em que cada variável está sendo simplificada pela numeração dada acima:
((((1 + 2) − 3) ∗ 4) − 5)
Desta forma, conforme a equação acima, deve-se somar o preço da soja da CBOT com o
prêmio no porto, o resultado deve ser reduzido pelo custo portuário. Logo após, deve-se
multiplicar o valor obtido pelo dólar para converter as variáveis de dólar para reais e, em
seguida, o resultado deve ser reduzido do frete rodoviário. Assim, no exemplo dado, a cotação
interna em Sorriso teria um valor de R$ 50,37/sc.
26
Além da falta de estrutura para a armazenagem, o Estado enfrenta ainda dificuldade
logística para transporte da safra para a exportação. O mercado externo representa mais da
metade do destino da produção da soja do Estado, as dificuldades logísticas de escoamento da
safra acabam, portanto, não só elevando os custos de transporte, como também reduzindo a
competitividade do Estado frente a outros polos exportadores da oleaginosa, a exemplo dos
Estados Unidos e a Argentina.
Apesar da utilização de três modais de transporte para escoamento da soja no Estado, o
principal deles é o rodoviário, que seria mais indicado para transporte de pequenas distâncias,
visto que apresenta um alto custo variável, fato este que não é observado em Mato Grosso,
que possui distâncias de Sorriso ao porto de Santos próximas a 2.000 km, por exemplo, com
outras regiões podendo apresentar distâncias ainda maiores. Assim, este modal não é o mais
indicado para o transporte de grãos não só em Mato Grosso como em outros estados
brasileiros, já que a soja tem um baixo valor agregado, e principalmente em Mato Grosso, que
possui longas distâncias a serem vencidas até que o produto chegue aos portos, onerando
assim o bolso do produtor rural.
Rodovias
Ferrovias
Hidrovias
Fonte: Imea
27
1.6.1 Hidroviário
Mato Grosso, por estar localizado longe do litoral e consequentemente dos portos,
apresenta alternativa reduzida de escoamento via hidrovia. O único utilizado atualmente é o
transporte rodo-hidroviário para escoar a produção do norte do Estado, utilizando a BR-364 até
Porto Velho-RO e posteriormente a hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara-AM.
Em termos de estrutura de transporte da soja, os três principais países exportadores
(EUA, Brasil e Argentina) apresentam uma grande heterogeneidade. A participação do
transporte hidroviário é muito pequena no Brasil e na Argentina, enquanto que nos EUA cerca
de 61% do escoamento dos grãos é realizado através de hidrovias, segundo dados da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de 2013. Dessa forma, a
competitividade brasileira no mercado externo é prejudicada, em virtude de o modal hidroviário
apresentar um menor custo relativo para o transporte de grãos a longas distâncias.
O transporte hidroviário é o ideal para o transporte de cargas volumosas de baixo valor
agregado, e é o mais indicado para movimentações em longas distâncias, visto que consome
menos combustível em condições semelhantes de carga e distância, pois um conjunto de
barcaças consome menos da metade do combustível requerido por um comboio ferroviário. A
redução do preço do frete resultaria no aumento da receita líquida do produtor.
O investimento em hidrovias como forma de escoamento da safra não só mato-
grossense, como também brasileira, possibilitaria a redução do custo e maior competitividade
do mercado e do produto brasileiro. A exemplo disso está a hidrovia Paraguai-Paraná, com
início no município de Cáceres, a 204 km de Cuiabá. A hidrovia, que ainda possui etapas a
serem realizadas para o pleno funcionamento do escoamento de cargas, ligaria Mato Grosso
até os portos de Rosário, na Argentina, e Nueva Palmira, no Uruguai, em um trajeto próximo a
3.400 km, levando produtos com um custo bem mais barato rumo ao Oceano Atlântico.
Além deste há ainda em Mato Grosso outro projeto para a construção de um outro
corredor hidroviário, o da Araguaia-Tocantins, com 2.115 km, o maior em extensão. Na parte
mato-grossense, a hidrovia sairia da cidade de Nova Xavantina, a 651 km da capital.
28
Mapa 6 - Principais vias potenciais de escoamento por hidrovia em Mato Grosso
Fonte: Imea
1.6.2 Ferroviário
O modal ferroviário também é uma boa opção de escoamento, visto que permite o
transporte de grandes volumes. Por possuir altos custos fixos e custos variáveis relativamente
baixos, é adequado a Mato Grosso por possuir longas distâncias entre o Estado e portos como
o de Santos e Paranaguá, podendo, assim, reduzir os custos de frente de grãos. No entanto,
possui entraves relacionados à concessão da ferrovia e pelas longas filas de espera dos
caminhões nos pátios de transbordo.
Atualmente, o principal trecho por ferrovia em Mato Grosso que leva a soja até o porto de
Santos, acompanhado por intermodalidade rodoferroviário, é através da ferrovia Ferronorte,
que possui uma extensão de 1507 km de Rondonópolis-MT até Santos-SP.
29
Mapa 7 - Principais vias de escoamento via ferrovia de Mato Grosso
OBRAS CONCLUÍDAS
OBRAS IMCOMPLETAS
Fonte: Imea
Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o custo por tonelada de
soja transportada entre Mato Grosso e o porto de Itaqui, no Maranhão, utilizando apenas o
modal ferroviário, é próximo a R$ 150,00. Enquanto isso, a utilização do sistema rodoviário, até
o porto de Paranaguá, custa em média R$ 240,00/t.
Percebe-se que o país necessita de rotas alternativas para o escoamento da safra
destinada à exportação. As ferrovias são eficientes porque movimentam grandes tonelagens
por longas distâncias a um custo menor. Esse ganho de eficiência depende necessariamente
de investimentos em infraestrutura de transporte e da construção de novos trechos.
1.6.3 Rodoviário
Apesar de ser o Estado com maior produção de soja do país, Mato Grosso possui um dos
piores sistemas de transportes do grão do Brasil. A maior parte da soja mato-grossense é
escoada ainda através de um modal rodoviário, por estradas federais e estaduais. As principais
rodovias utilizadas para o escoamento da soja são a BR-163 e a BR-364.
As condições das rodovias utilizadas para o escoamento de grande parte da commodity
não são suficientemente adequadas, levando em consideração a importância da exportação de
soja mato-grossense. Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) de 2014,
apontam que a grande maioria das estradas mato-grossenses é considerada regular. Do total
de 14.745 km de malha rodoviária federal em Mato Grosso, apenas 642 km estão classificados
30
como ótimos, 3.881 km em boas condições, 6.685 km em condições regulares, 2.818 km em
condições ruins e 719 km em péssimo estado, o que prejudica ainda mais a etapa de
comercialização da soja, e competitividade não só do Estado como do Brasil.
O custo de transporte da soja no norte de Mato Grosso até os portos é três vezes
superior ao frete pago pelos produtores do Estado americano de Iowa, por exemplo. Os
produtores que estão em Sorriso-MT, que fica a 2.282 km do porto de Paranaguá-PR, têm um
custo de US$ 97 por tonelada de soja transportada por rodovia. Já os produtores de Iowa, que
estão a 1.576 km do porto, gastam US$ 33,98 por tonelada, dos quais US$ 10,09 são
despesas com o frete do caminhão até os terminais no Rio Mississippi e mais US$ 23,89 com o
da barcaça que transporta a mercadoria até o Golfo do México.
Além disso, ao se compararem as formas de transporte utilizadas no Brasil e na
Argentina, percebe-se que as participações das rodovias são mais elevadas no país vizinho.
Cerca de 80% dos transportes da Argentina são realizados por rodovias, contra 60% no Brasil.
No entanto esta diferença deve ser relativizada, pois as áreas produtoras de soja na Argentina
encontram-se mais próximas dos portos, cerca de 250 a 300 km de distância. Sendo assim, o
país vizinho pode ser comparado ao Paraná, com logística de transporte e distância dos portos
similares, no entanto, Mato Grosso apresenta realidade bastante diferente, com uma distância
média próxima a 2.000 km dos portos do Sul e Sudeste do país.
Além da grande distância para chegar até os portos, o cenário logístico de Mato Grosso é
agravado pelo mau estado de conservação das suas rodovias e pelo congestionamento nas
rotas para os portos no período de safra, mesmo que a infraestrutura dos portos, como Santos-
SP, venha apresentando melhora nos dois últimos anos, ainda não é completamente
estruturado.
Em época de safra, os custos com o frete rodoviário, de Sorriso-MT até o porto de
Santos-SP, por exemplo, chegam a representar mais de 30% do valor da oleaginosa,
impactando significativamente sobre o bolso do produtor mato-grossense.
Não se pode deixar de considerar outras possibilidades de escoamento da soja que não
foram objeto de nossa análise, pois a soja plantada no norte de Mato Grosso pode ser
transportada pelo Rio Madeira até o Rio Amazonas e do porto de Manaus ser embarcada para
o exterior, e que atualmente, mesmo com o escoamento pelo porto de Barcarena-PA, o volume
ainda é bastante reduzido, possuindo custos ainda muito elevados, pois as rodovias que
atravessam o Estado até chegar em Miritituba e/ou Santarém-PA apresentam ainda condições
ruins, pois existem trechos a serem pavimentados, pontes a serem finalizadas, além de os
trechos rodoviários que não estão pavimentados não apresentarem sequer condições de
trafegabilidade, principalmente no período chuvoso.
31
Mapa 8 - Principais vias de escoamento via rodovia de Mato Grosso
Fonte: Imea
Com já foi visto, por a soja mato-grossense ser um produto de grande comercialização
externa, é esperado que a formação do seu preço doméstico resguarde uma estreita relação
com a bolsa de mercadoria e futuros que reflete a demanda e oferta mundial, que no caso da
soja corresponde à CBOT (Chicago Board of Trade).
Assim sendo, esta seção irá analisar o que é a paridade de exportação da soja, bem
como a sua importância e a forma de ser calculada.
1.7.1 O que é e para que serve a paridade de exportação
34
(÷ 100 para tirar de cents de bushel e passar para bushel, e, × 2,2046 para converter de
bushel para saca)
(8) Custo portuário em Santos: US$ 0,90/sc
(÷ 16,666 para transformar de toneladas para saca)
(9) Dólar comercial: R$ 3,15/US$
((((1 + 2) − 3) ∗ 4) − 5)
Desta forma, conforme a equação acima, deve-se somar o preço da soja da CBOT com o
prêmio no porto, o resultado deve ser reduzido pelo custo portuário. Logo após, deve-se
multiplicar o valor obtido pelo dólar para converter as variáveis de dólar para reais e, em
seguida, o resultado deve ser reduzido do frete rodoviário. Assim, no exemplo dado, a cotação
interna em Sorriso teria um valor de R$ 48,76/sc.
Ao analisar a conjuntura atual, a alta do dólar em 2015, somando-se à expectativa de
fretes rodoviários mais baratos em virtude das novas rotas de escoamento no Norte do país
(desafogando portos como Santos-SP e Paranaguá-PR) e melhorias de infraestrutura no porto
de Santos-SP, tem beneficiado a elevação do preço de paridade de exportação da soja para
março de 2016, tendo como base o município de Sorriso e o porto de Santos-SP.
35
Gráfico 2 - Paridade de exportação da soja para março em Mato Grosso
(2014/15 e 2015/16)
56,0
54,0
52,0
50,0
R$/Saca
48,0
46,0
44,0
42,0
2014/15 2015/16
40,0
3-mar 10- 17- 24- 31- 7-abr 14-abr 21-abr 28-abr 5-mai 12-mai 19-mai 26-mai
mar mar mar mar
Tabela 2 - Custo com os insumos da soja GMO na média de Mato Grosso da safra
2012/13 a 2015/16.
Média de
2012/ 2013/ 2014/ 2015/1
Mato
13 14 15 6*
Grosso
37
Gráfico 3 - Custo de produção da soja mato-grossense - GMO da safra 2012/13 a 2015/16
3100,00
Despesas com Insumos Custo Variável
Custo Operacional Custo Total
2600,00
R$/Hectares
2100,00
1600,00
1100,00
600,00
2012/13 2013/14 2014/15 2015/16*
Além dos gastos com os insumos, o custo variável e o custo operacional também
apresentaram elevação constante nas últimas safras, porém em proporção menor que a dos
gastos com os insumos.
Com a alta dos gastos com os insumos, do custo variável e do custo operacional, o gasto
total para a produção da safra em Mato Grosso foi impulsionado na safra 2015/16, portanto,
para o maior valor de toda a história da soja.
Na safra 2015/16, apesar de a expectativa de produtividade ser ainda incerta, o aumento
no custo produtivo da safra de soja deve reduzir a expectativa da rentabilidade do custo
operacional, tornando-a a menor desde a safra 2009/10.
Isso porque a expectativa dos preços para a temporada 2015/16 não deve se elevar na
mesma proporção do aumento dos gastos produtivos, em virtude não só da grande produção
interna, como também externa, que poderá contribuir para um viés de baixa dos preços da
oleaginosa em 2016.
Assim, o “retorno” do valor investido com a produção da soja na safra 2015/16 poderá
não vir na mesma proporção com a receita, reduzindo a rentabilidade do produtor.
38
Os custos fixos e os custos variáveis podem ser diretos e indiretos. Custos diretos são
aqueles utilizados no todo, não havendo necessidade de rateio, como insumos, mão de obra
direta, dentre outros. São custos que podem ser diretamente apropriados aos produtos,
bastando para que isso aconteça que exista medida de consumo de materiais, embalagens
utilizadas, horas de mão de obra utilizadas, por exemplo. De maneira geral, são diretamente
alocados aos produtos. Em suma, os custos diretos são aqueles que podem ser realizados
diretamente (sem rateio) apropriados aos produtos agrícolas, bastando exigir uma medida de
consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina, quantidade de força consumida, dentre
outros).
Já os custos indiretos ocorrem em função da estrutura da produção e da empresa e que
não podem ser diretamente atribuídos à execução de dado serviço ou produto, devendo ser
utilizado o método de rateio sobre eles. São geralmente custos administrativos da produção.
Podem ser considerados como os custos que não oferecem condição de medida objetiva e
para a alocação da produção devem ser utilizadas estimativas. De maneira geral, podem ser
considerados como os custos que não podem ser diretamente alocados aos produtos.
É fundamental para o produtor rural entender o relacionamento entre suas vendas e seus
custos, ou seja, qual seria o preço adequado de venda para que se recuperem os valores
investidos na produção. E é sobre essas questões que o Ponto de Equilíbrio (PE) está inserido.
Em suma, o PE, também conhecido como break even point, indica o preço mínimo que o
produtor deve vender sua safra para não obter prejuízo e é encontrado a partir da análise dos
custos totais (fixos e variáveis) e da receita bruta. No PE não há lucro ou prejuízo, somente
quando ultrapassar o PE é que o produtor obterá lucro ou prejuízo.
Quando a receita bruta, ou seja, quantidade produzida x preço de venda, se iguala aos
custos variáveis e despesas fixas, consideramos que a empresa atingiu seu PE.
O PE pode ser alcançado basicamente de duas formas: aumentando a receita bruta ou
diminuindo os custos de produção. Com relação à receita, podemos aumentar a produtividade
e/ou o preço de venda. Como no agronegócio, os produtores são ‘’tomadores’’ de preço, ou
seja, quem decide o preço é o mercado, não o produtor, isto exige que a gestão de custos e os
controles sobre a eficiência produtiva sejam realizados da forma mais eficiente possível, uma
vez que o mercado não altera os preços baseados nos custos de produção e sim nos fatores
de oferta e demanda do mercado.
Percebe-se que tais análises tendem a ser vitais para a apreciação de viabilidade da
produção da cultura. Sabendo-se da importância desta ferramenta, esta seção irá analisar os
componentes utilizados para a identificação do PE, bem como o cálculo realizado para a sua
obtenção.
39
1.9.1 Determinantes do Ponto de Equilíbrio (PE)
Fonte: Imea
Portanto, no caso do exemplo acima, seria necessário que o produtor vendesse a saca
da soja pelo valor mínimo de R$ 46,15 para poder cobrir os custos variáveis de sua produção.
Neste caso, este valor (R$ 46,15) corresponderá ao lucro “zero” dado a um perfeito
equilíbrio entre o custo variável da produção e o preço de venda do produto. Cabe salientar
que neste cálculo não entra na conta a cobertura do custo fixo da produção da soja.
É de grande valia para o produtor analisar a coerência existente no percurso dos preços
nas praças locais (mercado físico) e o preço do mercado futuro. Caso haja um “descolamento”
entre esses preços, o agente não garantirá a fixação de seu preço, passando a correr o
denominado risco de base. A utilização dessa estimativa de previsão de base representa uma
ferramenta eficiente que oferece suporte ao processo de tomada de decisões dos participantes
do mercado da soja.
Além do preço de base, outro dado bastante analisado pelos produtores mato-
grossenses é a chamada relação frete/soja, em que se calcula quanto o preço do frete da soja
acaba “abocanhando” do valor a ser pago pela saca da soja ao produtor.
40
Diante da importância dessas duas ferramentas para analisar o cenário do mercado
interno da soja, esta seção irá mostrar a importância e como se calcula cada uma dessas
variáveis.
Fonte: Imea
41
Considerando o preço da saca da soja em Sorriso-MT de R$ 55,00 e uma cotação
internacional, da soja na CBOT, no mesmo dia, de US$ 10,00/bushel, teríamos um preço futuro
convertido de R$ 69,44/sc. Assim, a base seria de –R$ 14,44/sc.
Ao se analisar o preço de base da soja desde 2014, percebe-se que o período em que a
base se torna menos negativa, e em alguns momentos positiva, é entre agosto e novembro,
quando o preço futuro da oleaginosa começa a se reduzir em virtude da colheita da safra
norte-americana de soja que começa normalmente no final de outubro.
Nos outros períodos, no entanto, percebe-se que a base se torna negativa,
demonstrando preços mais baixos no mercado interno se comparados aos do mercado
internacional.
Gráfico 5 - Diferença de base (Preço Sorriso-MT e Preço CBOT) para o preço da soja
Unidade: US$/bushel
Fonte: CBOT, Imea - Elaboração: Imea
42
reduzir, assim, menor será o peso gerado sobre o bolso do produtor, uma vez que será menor
a despesa com o frete.
Percebe-se, conforme º gráfico 6, que desde 2014 a relação frete/soja em Sorriso está
entre 25% e 30%. Portanto, cerca de 1/4 do preço da soja é despendido pelo produtor de
Sorriso com o frete da oleaginosa.
Nota-se que durante a época de safra da soja, a partir de janeiro, a relação começa a se
elevar em virtude, principalmente, do aumento do preço do frete. Apesar disso, percebe-se que
neste ano, o mês que apresentou a maior relação, março, com 29%, ainda assim, ficou abaixo
do observado no ano passado, que apresentou média da relação frete/soja neste período de
34%.
Isso ocorreu pela junção de dois fatores. O primeiro é o preço do frete, que se apresentou
um pouco abaixo do registrado no ano passado. Em março deste ano, a média do frete de
Sorriso ao porto de Santos foi de R$ 290,00/t contra R$ 300,00/t em 2014.
O outro fator é o preço do grão da soja, que em março deste ano registrou média de R$
58,95/sc contra R$ 53,42/sc na média de março em 2014. Essa diferença de R$ 5,53/sc acaba
amenizando as despesas com o frete no bolso do produtor.
Gráfico 6 - Relação frete (Sorriso a Santos) e preço da soja em Sorriso-MT
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
9-mar-15
14-jul-14
3-nov-14
1-dez-14
6-abr-15
28-jul-14
11-ago-14
25-ago-14
6-out-14
17-nov-14
15-dez-14
29-dez-14
21-abr-14
19-mai-14
16-jun-14
30-jun-14
22-set-14
12-jan-15
26-jan-15
23-fev-15
23-mar-15
20-abr-15
5-mai-14
2-jun-14
8-set-14
9-fev-15
4-mai-15
20-out-14
Fonte: Imea
43
1.11 Glossário
Break Even Point = É o Ponto de Equilíbrio entre receitas e despesas, em que não há perda
nem ganho.
Bushel = É uma unidade de volume utilizada nos EUA para comercializar grãos, como a soja.
CIF = Sigla para “custo, seguro e frete”. Neste tipo de frete, o fornecedor é responsável por
todos os custos e riscos da entrega da mercadoria.
Commodity = Termo para designar produtos de baixo valor agregado, estando muitas vezes
innatura.
Custos diretos = Constituem todos aqueles elementos de custo individualizáveis com respeito
ao produto.
Custos indiretos = São as despesas incluídas aos produtos finais conforme critérios
predeterminados.
Custos portuários = São os custos incorridos, direta ou indiretamente, nos portos, com a
finalidade de iniciar as exportações.
Demurrage = É a multa paga pelo contratante quando o contêiner permanece em seu poder
mais do que o prazo acordado.
FOB = Sigla para “Livre a Bordo”. Neste tipo de frete, o comprador assume todos os riscos e
custos da entrega da mercadoria.
Intermodal = Transporte que requer tráfego misto, envolvendo mais de uma modalidade,
exemplo: transporte rodoferroviário.
44
Liquidez = Facilidade de converter o ativo em dinheiro.
Paridade de exportação = Internalização dos preços externos para uma data preestabelecida.
Prêmio de exportação = Diferença dos preços externos da bolsa com o preço dentro do navio
no porto.
Relação frete/soja = Percentual de participação do custo com o frete sobre o preço de venda
da soja.
45
1.12 Conclusão
Diante de tudo que foi exposto neste trabalho, percebe-se a grande importância que a
soja possui não só com relação ao cenário mundial como também internamente, para o Brasil e
Mato Grosso.
A formação de preços da oleaginosa engloba uma série de variáveis e por isso o
acompanhamento constante do mercado é fundamental para o entendimento das oscilações
ocorridas.
Além disso, foi exposto ao longo das seções anteriores algumas das principais
ferramentas de análises do mercado da soja. Saber, portanto, realizar seu cálculo, bem como
utilizá-la, também é um diferencial não só para o produtor, como para outros agentes do
mercado que pretendem compreender as movimentações ocorridas no mercado da soja.
46
REFERÊNCIAS
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ANUÁRIO RF. O mais completo guia do setor metroferroviário brasileiro, ano 1, n. 1, 2011.
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Paulo: Editora Atlas, 1998.
GLANTZ, M.H. Current of change: El Niño‘s impact on climate and society. Cambridge:
University of Cambridge, 1996. 194 p.
47
MACHADO, L. O. Fatores de Formação do Preço da Soja em Goiás. Goiás: Seplan-GO,
2010.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. Inclui o ABC. 8. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2001.
PAULA, S. R.; FAVERET, P. Panorama do Complexo da Soja. Rio de Janeiro: BNDES, 1998.
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PHILANDER, S. G. El Niño, La Niña, and the southern oscillation. San Diego: Academic
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RIPOLL, F. G. Proposta de uma análise logística no agronegócio como fator competitivo para a
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@gronegócio online, v. 8, n.1, jan/mar. 2012.