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Macaé
2018
1
Orientadores:
Dr. Raphael Nunes Púpio Maia
Dra. Irina Nasteva
Macaé
2018
2
FICHA CATALOGRÁFICA
3
Orientadores:
Macaé
2018
4
AGRADECIMENTOS
Muitas foram as pessoas que fizeram parte direta ou indiretamente na realização deste
trabalho. Agradeço a todas elas e em especial a equipe de docentes do curso de pós-graduação
por todos os saberes compartilhados e “puxões de orelha” necessários à minha formação; aos
meus incansáveis orientadores Raphael Púpio e Irina Nasteva, pela paciência e pelas preciosas
contribuições que nortearam o desenvolvimento deste trabalho; a João Américo, por estar
sempre comigo. Sozinha teria sido muito mais difícil. Agradeço também a Odaiana Freitas,
amiga de todas as horas, por me emprestar seus ouvidos e seu tempo, permitindo desabafar
sobre as mais variadas inquietações; ao Vinicius Murici por se importar e pelos materiais
doados; a CAPES pelo apoio financeiro fornecido através da bolsa de pesquisa.
6
Provérbio Chinês
7
RESUMO
Orientador(es):
Raphael Nunes Púpio Maia
Irina Nasteva
O presente trabalho versa sobre uma sequência didática para tratar de alguns tópicos de
física quântica no ensino médio, tendo sido desenvolvida com o intuito de mediar a construção
de conceitos como efeito fotoelétrico e dualidade onda-partícula e para tal, utilizou uma história
em quadrinhos (HQ) que descreve experimentos com o eletroscópio de dupla folha e o
interferômetro de Mach-Zehnder, a partir de diálogos entre um professor e dois alunos. A HQ
foi organizada para ser aplicada em 4 aulas e as avaliações foram principalmente de cunho
teórico. Os resultados revelam que parte dos alunos apresentam defasagem em matemática
básica, mas se mostraram capazes de imitar a HQ e extrapolar o que foi aprendido à outras
situações-problemas. Para além disso, sugerem que o uso de materiais alternativos pode se
mostrar satisfatório no sentido de apresentar tópicos de física considerados como de difícil
compreensão tornando o ensino de física mais atrativo e prazeroso.
ABSTRACT
Supervisor(s):
Raphael Nunes Púpio Maia
Irina Nasteva
This work presents a didactic sequence to handle some topics of quantum physics in
secondary education. It was developed with the aim to mediate a construction of concepts such
as photoelectric effect and wave-particle duality, and to do so, it utilized a comic book that
describes experiments with a gold-leaf electroscope and with a Mach-Zehnder interferometer,
based on dialogues between a teacher and two students. The comic book was organized to be
used in 4 classes and the assessments were mainly theoretical. The outcomes reveal that part of
the students show lack of basic mathematics knowledge, but they are able to imitate the comic
book and use what was learned in different problem-situations. Besides that, the results suggest
that the use of alternative materials can be satisfactory by way of presenting physics topics
considered difficult, changing physics teaching into something more attractive and pleasing.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
EPR Einstein-Podolsky-Rosen
HQ História em Quadrinhos
IMZ Interferômetro de Mach-Zehnder
MQ Mecânica Quântica
MNPEF Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física
MPEF Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física
MEC Ministério da Educação
PCN+ Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PNLD Plano Nacional do Livro Didático
ZDP Zona de Desenvolvimento Proximal
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................ 16
1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ......................................................................... 16
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................ 18
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 19
2.1 ENSINO DE FÍSICA: UM PANORAMA ATUAL ............................................... 19
2.2 A NATUREZA DA LUZ E OS LIVROS DIDÁTICOS ........................................ 20
2.2.1 Pietrocola: Uma Abordagem Diferente ............................................................... 24
2.3 O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS (HQS) COMO FERRAMENTA DE
ENSINO................................................................................................................................. 25
3 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA ..... 27
3.1 EFEITO FOTOELÉTRICO .................................................................................... 27
3.2 DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA ..................................................................... 32
3.3 O INTERFERÔMETRO DE MACH-ZEHNDER E OS PRESSUPOSTOS
BÁSICOS DA FÍSICA QUÂNTICA ................................................................................... 33
3.4 A INTERPRETAÇÃO DE COPENHAGUE .......................................................... 38
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 40
4.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................................. 40
4.1.1 Objetivos Específicos ............................................................................................. 40
4.2 SUJEITOS DA PESQUISA .................................................................................... 40
4.3 LOCAL DA INTERVENÇÃO ............................................................................... 41
4.4 A DISCIPLINA DE FÍSICA NA ESCOLA............................................................ 42
4.5 O OBJETO EDUCACIONAL ................................................................................ 42
4.5.1 O Objeto Educacional e a Teoria de Aprendizagem Norteadora ..................... 42
4.5.2 A História em Quadrinhos.................................................................................... 45
4.5.2.1 O Desenvolvimento da Arte Gráfica ....................................................................... 46
4.5.3 A Avaliação ............................................................................................................ 47
4.6 A APLICAÇÃO DO OBJETO EDUCACIONAL .................................................. 48
5 RESULTADOS ...................................................................................................... 50
5.1 AVALIAÇÃO 1 ...................................................................................................... 50
5.2 AVALIAÇÃO 2 ...................................................................................................... 52
5.3 AVALIAÇÃO 3 ...................................................................................................... 53
13
1 INTRODUÇÃO
Luz pode ser entendida de diferentes maneiras. Uma criança poderia dizer que luz é tudo
o que ilumina, ou ainda que é aquilo que sai de uma lâmpada quando acionamos o interruptor.
Numa definição mais sofisticada, Bohr (1995, p. 06) trata a luz como “uma transmissão de
energia entre corpos materiais à distância”. Compreender o comportamento da luz é uma tarefa
que desafiou a ciência durante muitos séculos e tem suas origens na Grécia antiga, quando
filósofos como Platão (427 – 347 aC), tentando entender como o ser humano era capaz de
enxergar, propôs que os objetos visíveis emitiam partículas luminosas que podiam ser captadas
pelos olhos. Aristóteles (384 – 322 aC) por outro lado, pensava que para ser capaz de enxergar
era necessário que saísse dos olhos uma onda vibratória, que atingia os objetos e tornava-os
visíveis. Ainda que de maneira muito rudimentar, é possível perceber entre esses filósofos duas
concepções completamente distintas acerca do que é luz: uma apresentando um caráter
corpuscular e outra propondo que a luz seja de natureza ondulatória.
O avanço da ciência possibilitou um estudo mais aprofundado sobre o assunto e à medida
que novas evidências experimentais iam surgindo, essas duas teorias tornavam-se bem mais
elaboradas. Até o final do século XVII, “a óptica geométrica e a fabricação de lentes eram bem
compreendidas, mas a natureza da luz era ainda um mistério” (RIBEIRO et al, 2016, p. 07). Em
1690, Huygens propôs que a luz deveria se comportar como pulsos não periódicos propagados
pelo Éter (MOURA, 2016). Essa ideia, apesar de ainda não tratar da natureza ondulatória tal
como conhecemos hoje, permitiu que Huygens explicasse de maneira satisfatória a reflexão e
a refração.
Na contramão das ideias de Huygens, Newton, em 1704, publica Óptica e neste trabalho
adota uma concepção corpuscular para a luz sem que, no entanto, a defenda abertamente.
Apesar de Huygens e Newton terem feito publicações em datas próximas, a influência do
segundo na comunidade científica da época, garantiu que seus trabalhos tivessem mais
notoriedade e, consequentemente, que a teoria corpuscular fosse aceita por um bom tempo.
Cem anos depois, em 1800 (PIRES, 2011), os trabalhos de Thomas Young colocavam a teoria
ondulatória em evidência. Ele mostrou que quando um feixe de luz atravessava uma fenda, um
padrão de interferência era produzido num anteparo. A partir daí fortes evidências
experimentais, tais como os trabalhos de Fresnel (1826), que em colaboração com Arago
permitiram chegar à conclusão de que “as ondas luminosas eram transversais e a polarização
passou a ser explicada em termos da teoria ondulatória” (PIRES, 2011, p. 265) e Foucault, que
em 1862 mostrou que a velocidade da luz era menor na água que no ar (PIRES, 2011),
15
“... aumentada a intensidade da luz – graças, por exemplo, a colocar-se a sua fonte em
posição mais próxima à das placas de metal – não aumentava a energia dos elétrons
ejetados, mas apenas seu número. Do ponto de vista ondulatório, isso era um
mistério.” (BERNSTEIN, 1975, p. 163).
O efeito fotoelétrico poderia ser explicado pela teoria ondulatória se a energia dos elétrons
aumentasse junto com a intensidade da luz. A explicação adequada para este fenômeno foi dada
por Einstein, em 1905 (BERNSTEIN, 1975) a partir do princípio de quantização da energia e
lhe rendeu o prêmio Nobel em 1921. Milikan, em 1916 (BERNSTEIN, 1975) fez os primeiros
estudos quantitativos sobre o assunto comprovando a equação de Einstein para o efeito
fotoelétrico.
Os trabalhos de Hertz, Einstein, Milikan e Lenard vão na contramão da teoria ondulatória.
A ideia de que a luz assume quantidades discretas de energia não se encaixa na tese de luz
enquanto algo contínuo como proposto pela teoria ondulatória. Como afirma Feynman, a luz
“Comporta-se de uma maneira própria e inimitável, que tecnicamente podemos chamar de
maneira quântica, que difere de tudo o que vocês já viram”. (FEYNMAN, 2012, p.134).
Esta maneira quântica a qual Feynman se refere, trata-se do conceito de dualidade onda-
partícula, havendo na literatura diferentes maneiras de se interpretar este termo. Bohr, por
exemplo, assume que a dualidade pressupõe fenômenos complementares, enquanto Heisenberg
defende o princípio da incerteza. Hugh Everett, por outro lado propõe a tese dos estados
relativos, que mais tarde De Witt apelidou de Muitos Mundos.
O estudo da natureza da luz é componente curricular do ensino médio e faz parte do
escopo deste trabalho.
16
Feynman (2008, p 37.2) e Pessoa Junior (2003, p. 01) afirmam ser a dualidade onda-
partícula a essência de toda a mecânica quântica. No entanto, onda e partícula são duas
características antagônicas do ponto de vista clássico e por consequência, difíceis de serem
conciliadas. Assimilar o que este termo traz em si não é uma tarefa trivial, uma vez que o tema
não é intuitivo como as ideias de velocidade e posição, por exemplo.
O estudo da natureza da luz é um dos componentes curriculares de física para o ensino
médio (BRASIL, 2006, p.75). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 2000,
p. 22) propõem que o ensino de física nas escolas não deveria limitar-se à resolução de equações
desvinculadas das práticas cotidianas do aluno, uma vez que a partir delas torna-se mais fácil
contextualizar o tema e torná-lo significativo, ultrapassando as barreiras da sala de aula. No
entanto, dadas as particularidades que o tema encerra, aproximar o comportamento quântico da
realidade do educando não é algo trivial, restando ao educador criar estratégias alternativas que
despertem a curiosidade e motivem o aluno a querer aprender sobre o assunto.
A matriz curricular das escolas estaduais do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2012)
insere o estudo da natureza da luz no 4° bimestre do 3º ano do ensino médio. Nesta etapa do
processo, os alunos encontram-se perto de concluírem a educação básica e, na maioria das
vezes, possuem o conceito (nota) mínimo para aprovação. Isso reflete em alunos um pouco
desmotivados pois, embora o quesito nota não deva ser critério para que eles queiram estudar,
na prática é um dos pontos que os tornam mais compromissados com os saberes escolares.
O questionamento que surge a partir dos pontos expostos nesta seção é: como fazer com
que estudantes concluintes do ensino médio se sintam motivados e compreendam a natureza da
luz?
evolução nas respostas dos alunos para modelos cientificamente apropriados sendo possível,
porém encontrar alguns casos de não distinção entre teoria eletromagnética e corpuscular com
a hipótese do quantum de energia.
Silva e Kawamura (2001) relatam o estudo da natureza da luz a partir da óptica em uma
turma de segundo ano do ensino médio, numa escola estadual em São Paulo. Nesta turma, o
trabalho se deu a partir de textos de divulgação científica aplicados ao longo de 11 atividades.
Tais textos foram inseridos no intuito de explicar alguns questionamentos previamente
estabelecidos e resultaram num bom aproveitamento por parte dos estudantes tanto no quesito
aprendizagem dos tópicos definidos, quanto na motivação à aprendizagem.
Pereira e Ostermann (2009), apesar de não apresentarem resultados no que tange à
aplicação de uma estratégia de ensino em sala de aula, propõem que os conceitos de física
quântica podem ser introduzidos no ensino médio a partir do estudo com o Interferômetro de
Mach-Zehnder (IMZ). Sugerem que isso possa ser feito recorrendo-se a simulações
computacionais.
Ostermann e Ricci (2004) relatam o desenvolvimento de uma unidade conceitual sobre
mecânica quântica voltada para professores de ensino médio, ao longo de um semestre no curso
de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física (MPEF) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Esta unidade conceitual engloba atividades experimentais de baixo custo, a
utilização de simulações computacionais com o IMZ e o experimento da fenda dupla. Os
autores relatam que neste trabalho ficou evidente haver certa deficiência conceitual nestes
tópicos por parte dos professores, bem como significativa melhora na compreensão dos
conceitos básicos de física quântica em decorrência do tipo de abordagem que receberam ao
longo da aplicação da unidade conceitual.
Diante do que foi apresentado, é possível perceber que há propostas não tradicionais de
se trabalhar a natureza da luz e em consequência, conceitos básicos de física quântica. No
entanto, não fica muito claro na literatura, a existência de materiais que possam ser utilizados
por professores e/ou alunos ao longo do processo de aprendizagem do tema. Em consonância
com os trabalhos aqui apresentados e no intuito de contribuir para que estes tópicos possam de
fato chegar às escolas públicas de educação básica, o presente trabalho tem por finalidade
apresentar um objeto educacional que possa mediar o processo de aprendizagem dos tópicos
referentes à natureza da luz.
18
O primeiro capítulo aqui apresentado buscou situar o leitor sobre os pontos básicos que
justificam este trabalho. O capítulo seguinte faz uma revisão da literatura, apresentando as
diferentes abordagens existentes nos livros didáticos para este tópico, bem como a proposta de
inserção de Histórias em Quadrinhos (HQs) como facilitadoras do processo de aprendizagem.
O terceiro capítulo expõe tópicos da mecânica quântica, fazendo uma explanação breve sobre
o efeito fotoelétrico, a dualidade onda-partícula e o IMZ. O quarto capítulo é uma descrição da
metodologia aqui utilizada. Trata tanto dos aspectos da teoria da aprendizagem que nortearam
o desenvolvimento do objeto educacional, bem como da descrição do público alvo e as
possibilidades de aplicação em sala de aula. O quinto capítulo consiste na apresentação dos
resultados obtidos que se encontram divididos ao longo de quatro atividades avaliativas, e o
sexto encerra este trabalho fazendo as considerações finais. O objeto educacional desenvolvido
que inclui uma HQ, um guia de aplicação e atividades avaliativas se encontram nos apêndices
desta dissertação.
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os objetivos do ensino de física nas escolas brasileiras do século XXI destoam da maneira
com a qual os conteúdos foram tradicionalmente inseridos, ou seja, através de fórmulas
matemáticas aplicadas em problemas fechados e descontextualizados.
Como afirma Pietrocola
Embora exista consciência por parte de alunos e professores de que a Física é uma
ciência da natureza e que relatos de experiências, observações, laboratórios e dados
empíricos, etc., abundam nos livros e nos discursos didáticos, as atividades escolares
acabam por se restringir às aplicações de formalismos matemáticos e aos exercícios
numéricos extraídos das teorias. (PIETROCOLA, 2002, p.04)
Recorrer ao uso de fórmulas matemáticas é importante, uma vez que esta é uma maneira
de representar determinada lei física e, além disso, seu uso quase sempre possibilita fazer
previsões quando dadas às condições iniciais do sistema. No entanto, tal prática não pode ser
um fim em si mesma, uma vez que para se compreender a totalidade de um fenômeno é preciso
interpretá-lo. Um aluno pode facilmente usar a segunda lei de Newton para calcular o módulo
da força resultante aplicada sobre um corpo, porém o número obtido como resposta não revela
sua direção e sentido.
É necessário, portanto, pensar o ensino de física nas escolas de educação básica para além
de uma mera aplicação de fórmulas em problemas fechados. Nesse sentido, as orientações
curriculares para o ensino médio, assim como os demais documentos elaborados pelo governo
federal (PCNs, PCN+) que orientam o ensino de física nas escolas do país, destacam que o
principal objetivo desta disciplina é
A partir dos pressupostos apresentados, pensamos que o ensino de física deve possuir
como horizonte o espírito crítico e questionador acerca do mundo. É nesse sentido que se faz
necessário pensar a inserção de tópicos de física moderna no ensino médio e repensar as
maneiras às quais não só estes, mas também o currículo como um todo é levado ao estudante,
uma vez que a simples “matematização” dos fenômenos físicos não atende aos objetivos
almejados.
No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, região onde esta pesquisa foi desenvolvida, o
Currículo Mínimo propõe que sejam discutidos “os modelos para a explicação da natureza luz,
vivenciando a ciência como algo dinâmico em sua construção” (RIO DE JANEIRO, 2012).
Essa proposta é componente curricular do 3° ano do ensino médio.
Assim, subentende-se que o aluno deve compreender os fenômenos ondulatórios que
endossam a característica eletromagnética da luz. Para além disso, que deve também conhecer
fatos relevantes da história da ciência que colocam as características corpusculares da luz no
debate sobre sua real natureza. Por fim, espera-se que estes sejam inseridos nas discussões mais
recentes, que analisam a luz numa perspectiva da mecânica quântica.
acerca das implicações deste conceito. No final do capítulo subsequente, há um box intitulado
“Física tem história” e que trata das principais descobertas dos séculos XVII e XVIII. Nele é
possível perceber um confronto entre os modelos ondulatório e corpuscular. O volume 3 da
coleção tem uma seção no capítulo referente à indução eletromagnética para tratar das ondas
eletromagnéticas, onde se encontram dois parágrafos apresentando as descobertas de Thomas
Young e Maxwell para validar a teoria ondulatória da luz. Num capítulo mais adiante, o efeito
fotoelétrico e a catástrofe do ultravioleta são apresentadas e após isso há uma seção para tratar
da dualidade onda-partícula. Há aqui apenas apresentação da interpretação de Copenhague sem
que se faça uma discussão sobre a possibilidade de haver outras interpretações possíveis para o
tema.
Guimarães, Piqueira e Carron (2016), no volume 2 de sua coleção introduzindo o estudo
da óptica definem luz como sendo uma radiação eletromagnética. No entanto, é somente no
volume 3 que o conceito de radiação é apresentado. No capítulo referente às ondas
eletromagnéticas, os fenômenos de difração, interferência e polarização são relembrados,
mostrando como a luz se comporta nessas situações. O capítulo que trata da física moderna
aborda a quantização da energia, seguida da apresentação do efeito fotoelétrico, dualidade onda-
partícula à luz da escola de Copenhague. Há um parágrafo nesta seção indicando ter havido
resistência por parte de um grupo de físicos em relação a esta interpretação e o paradoxo
Einstein-Podolsky-Rosen1 (EPR) é citado. No entanto, há de se destacar que esta discussão não
se estende, sendo apenas uma pequena observação sobre o tópico.
Ao introduzir o estudo da óptica no volume 2 Bonjorno e outros (2016) fazem uma
introdução acerca do que é luz, discutem as contribuições de Newton e Huygens para a
existência de duas teorias distintas e finalizam a seção argumentando que a Mecânica Quântica
(MQ) conseguiu conciliar os dois modelos através do conceito de dualidade onda-partícula. No
volume 3, o efeito fotoelétrico é apresentado e há um parágrafo breve afirmando que a
descoberta deste fenômeno retoma o debate sobre a natureza da luz. Ainda no mesmo capítulo
o conceito de dualidade onda-partícula e o princípio de complementaridade são apresentados.
BISCUOLA e outros (2016) apresentam os estudos de óptica e ondulatória no volume 2
de sua coleção, definindo a luz como uma onda eletromagnética. No volume 3, o capítulo que
trata da física moderna tem uma seção específica para apresentar as radiações eletromagnéticas
1
Artigo publicado em 1935 por Einstein, Podolsky e Rosen, criticando a interpretação de Copenhague.
22
sob a ótica da ondulatória e depois, numa nova seção, sob a ótica quântica, seguida de um breve
estudo sobre o efeito fotoelétrico, dualidade onda-partícula e o princípio da complementaridade.
Ao introduzir o estudo da ondulatória no volume 2, Torres e outros (2016) definem a luz
como sendo uma onda eletromagnética. No capítulo que apresenta os conteúdos de óptica
geométrica, há um box narrando alguns aspectos históricos referentes à natureza da luz,
perpassando pela teoria ondulatória, corpuscular, até se chegar ao conceito de dualidade onda-
partícula. O volume 3 traz um estudo das ondas eletromagnéticas e apresenta o efeito
fotoelétrico, dualidade onda-partícula e o princípio da complementaridade no capítulo de física
quântica.
A coleção Conexões com a Física (MARTINI et al., 2016) traz no volume 2 o estudo de
óptica e ondulatória. No volume 3, o capítulo que trata das ondas eletromagnéticas, apresenta a
luz enquanto onda. Na unidade referente à física moderna, o efeito fotoelétrico é apresentado e
junto com a ideia de quantização de energia, um modelo corpuscular para a luz se revela. Ainda
neste capítulo a dualidade onda-partícula é analisada a partir do experimento de dupla fenda de
Young, seguida do princípio da incerteza descrevendo este comportamento como probabilista,
deixando implícita no texto a interpretação de Copenhague como única possibilidade para
responder às indagações referentes à natureza da luz.
Yamamoto e Fuke (2017) na abertura do capítulo que inicia o estudo da óptica, no volume
2, apresenta um breve histórico sobre a natureza da luz indicando que ela apresenta um caráter
dual, sendo que na sequência dos capítulos é dado enfoque no seu caráter ondulatório. Ainda
nesta parte da óptica há um box aprofundando o debate sobre o conceito de dualidade a partir
da ideia de quantização de energia. Ao iniciar o estudo da refração são apresentadas as ideias
corpusculares e ondulatórias para este fenômeno, mostrando que uma análise corpuscular
levaria a conclusões equivocadas sobre o mesmo. No volume 3, o efeito fotoelétrico é
apresentado, seguido da dualidade onda-partícula, princípio da complementaridade e princípio
da incerteza.
Luz (et al., 2017) no volume 2, quando está a tratar dos conceitos de óptica geométrica,
apresenta o modelo corpuscular de Newton e o ondulatório. Seguindo a ideia de que o modelo
ondulatório se mostrou mais adequado para descrever os fenômenos apresentados, ao fazer um
estudo dos tópicos de ondulatória o livro apresenta os conceitos de difração, interferência e
polarização para a luz. No volume 3 da coleção o efeito fotoelétrico é apresentado havendo uma
discussão de como este fenômeno não pode ser explicado pela teoria ondulatória. A partir disto
é apresentada a ideia de quantização da energia. O livro não apresenta a dualidade onda-
partícula.
23
Revisão Diferentes
Experimento Dualidade Interpretação
Histórica sobre Efeito interpretações
Autor – Coleção Vol da dupla onda- IMZ de
a natureza da Fotoelétrico para a dualidade
fenda partícula Copenhague
luz onda-partícula
2
BISCUOLA et al. –
Física 3
2
BONJORNO et al.
– Física
3
GASPAR - 2
Compreendendo a
Física 3
2
GUIMARÃES et
al. – Física 3
MARTINI et al. - 2
Conexões com a
Física 3
LUZ et al - Física 2
Contexto e
Aplicações 3
PIETROCOLA et 2
al. Física em
Contextos 3
24
TORRES et al. - 2
Física Ciência e
Tecnologia 3
YAMAMOTO, K; 2
FUKE, L. - Física
para o Ensino
Médio 3
O que se pode depreender deste breve levantamento é que de um modo geral, tópicos
referentes à natureza da luz são citados de maneira introdutória ou anexa aos capítulos que
vislumbram tratar da óptica geométrica. É de se notar também que os livros se mostram
insuficientes na tentativa de discutir como devemos entender a luz. O comportamento
ondulatório é apresentado num volume, enquanto a ideia de quantização de energia e o
comportamento corpuscular, noutro, sem que se faça uma conexão entre os dois. Quanto ao
conceito de dualidade, este é apresentado de maneira descritiva sem haver discussões sobre seu
significado. Outra característica que merece destaque é que a interpretação de Copenhague é
posta como consensual na comunidade científica, fato que entra em discordância com as
diversas interpretações que podem ser encontradas na literatura2.
Na seção anterior foi possível perceber haver um padrão na sequência com a qual os
tópicos sobre a natureza da luz são apresentados. Assim, de um modo geral, os livros
apresentam primeiro os tópicos de óptica geométrica e ondulatória e no volume seguinte tratam
das radiações eletromagnéticas e dos aspectos da física moderna.
A coleção Física Conceitos e Contextos de Pietrocola (et al., 2016) segue um caminho
parecido, apresentando no volume 2 uma unidade chamada Imagem e Som, onde aspectos da
formação de imagens e da acústica são discutidos. No entanto, é possível perceber que o volume
3 da coleção leva o aluno a compreender que a luz pode ser descrita por diferentes modelos. O
capítulo 6 intitulado “A Luz como onda e as Telecomunicações”, trata dos fenômenos
ondulatórios e os capítulos seguintes falam da radiação de corpo negro e dos espectros de
emissão e absorção da luz. No capítulo 8 os alunos são apresentados ao debate sobre a natureza
da luz, onde os modelos corpuscular e ondulatório são confrontados. A partir daí são discutidos
tópicos de relatividade restrita e em seguida é falado sobre o efeito fotoelétrico. Uma seção
2
Ver PESSOA JR (2003).
25
chamada “O que é luz afinal? ” compila o tema fazendo uma revisão de tudo o que foi discutido
nos capítulos anteriores, estimulando a curiosidade sobre qual modelo descreve a luz de forma
satisfatória. A partir daí a dualidade onda-partícula é apresentada e as diferentes interpretações
da mecânica quântica para este conceito são discutidas através do IMZ.
Dentre os diversos recursos alternativos que podem ser utilizados na sala de aula como
motivadores no processo de ensino-aprendizagem, podemos citar as HQs. Barbosa (et al., 2006)
fala em diversas vantagens em se utilizar este recurso, dentre eles o fato de as HQs aumentarem
a motivação dos estudantes tornando-os mais propensos à participação em aula e a “interligação
do texto com a imagem, ampliar a compreensão de conceitos de uma forma que qualquer um
desses códigos, isoladamente, teria dificuldades para atingir”. (BARBOSA et al., 2006, p.22)
No que se refere ao ensino de física Caruso e Freitas (2009) relatam o desenvolvimento
de tirinhas como auxiliadores na aprendizagem de tópicos de relatividade, enquanto Souza e
Viana (2014) utilizam uma série de tirinhas que acompanhadas de questões problematizadoras
permitiram tratar dos tópicos da óptica geométrica. Pereira e Oliveira (2016) discorrem sobre o
uso de HQs incorporados a uma sequência didática para o estudo de cinemática numa escola
estadual.
No âmbito do programa do MNPEF, é possível encontrar algumas produções que se
utilizam de HQs na sala de aula tais como SANTOS (2018), que relata o desenvolvimento de
uma HQ para levar aos estudantes de física tópicos relacionados aos neutrinos; RAMOS (2018),
que selecionou HQs que pudessem ser utilizadas para tratar do estudo da física térmica, no
ensino médio; GONÇALVES (2016) que disserta sobre a utilização de HQs na Educação de
Jovens e Adultos.
Para além de trabalhos aplicados a um pequeno grupo, é possível encontrar na literatura
projetos que têm por finalidade fornecer livros-texto em formato de HQs, como é o caso do
projeto História da Ciência em Quadrinhos3 que vem sendo feito na Universidade Federal de
Ouro Preto e desenvolve HQs em formato impresso para serem doados às escolas públicas a
fim de serem utilizados como material de apoio às aulas de ciências. Outro projeto que merece
3
http://www.leds.ufop.br/hqciencia/; Acesso em 25/04/2018.
26
ser destacado é a publicação (em 2006) de mangás4 pela editora Novatec no intuito de
apresentar tópicos de física.
Diante do exposto nesta e nas demais seções deste capítulo pensamos que a utilização de
histórias em quadrinhos para tratar da natureza da luz, apresenta-se como um recurso didático
que pode ser enriquecedor no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que os recursos
visuais e a estrutura de uma história podem motivar os estudantes à leitura, aguçando sua
curiosidade e instruindo-os ao mesmo tempo.
4
https://s3.novatec.com.br/downloads/amostras/amostra-manga-fisica.pdf; Acesso em 25/04/2018.
27
a) b)
Figura 1: Esquema representativo de um eletroscópio de dupla folha (a) carregado negativamente; (b)
sendo descarregado por luz ultravioleta. Fonte: Elaborado pela autora.
28
Do ponto de vista clássico, poderia se supor que aumentada a intensidade (I) do feixe de
luz incidente, ocorreria também um aumento na amplitude do campo elétrico oscilante (Erms),
uma vez que a primeira é diretamente proporcional ao quadrado da segunda, como mostrado na
equação a seguir:
1 2
𝐼= 𝑐𝜀0 𝐸𝑟𝑚𝑠 ,5 (II)
2
A primeira conclusão que se pode depreender deste experimento é que quanto maior a
intensidade luminosa, mais elétrons serão arrancados do metal e consequentemente, maior
também será a corrente medida pelo amperímetro.
Se for colocada uma bateria, de modo que a placa onde a luz incide corresponda a um
catodo e a outra, um anodo, àqueles elétrons que estavam sendo arrancados do metal seriam
5
Para mais detalhes ver NUSSENZVEIG - 03 (2007, p. 274-279).
29
acelerados em direção a outra placa. Se a diferença de potencial estabelecida for muito grande,
a corrente medida irá saturar para um determinado valor, no qual todos os elétrons arrancados
da primeira placa consigam atingir a segunda.
No entanto, se a polaridade da bateria for invertida, o valor da corrente não cai
imediatamente a zero. Isso sugere que os elétrons são arrancados da placa com uma determinada
energia cinética dada por:
𝐸𝑐 = 𝑞. 𝑉, (III)
𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙. (IV)
Figura 3: Gráfico que relaciona diferença de potencial aplicada e intensidade de luz incidente. Fonte:
NUSSENZVEIG (1997, p. 250).
para exemplificar como estes resultados eram insatisfatórios, utiliza uma analogia mecânica
com nadadores alinhados em uma praia e expostos a ondas. Segundo ele, era como se
“aumentada a força da onda, o efeito não fosse o de derrubar mais violentamente os nadadores,
mas, antes, o de derrubar maior número deles, com impacto exatamente igual ao causado pela
onda menor”.
Outra conclusão que pode ser obtida deste experimento se refere ao tempo de absorção
de energia pelos elétrons. De acordo com a descrição clássica, estes absorvem energia até que
estejam excitados o suficiente a ponto de saltarem do metal. Se a intensidade luminosa é baixa,
então a amplitude do campo elétrico também é, de modo que a transferência de energia para o
elétron deveria acontecer num ritmo menor. Na prática, porém o que se percebe é que este
processo é instantâneo.
Uma terceira conclusão estranha à teoria ondulatória refere-se à faixa de frequência para
a qual o efeito fotoelétrico pode ser observado, pois o mesmo deveria ocorrer para qualquer
valor de frequência uma vez que, em tese, somente a intensidade da luz influencia na emissão
ou não de elétrons do metal. No entanto, mais uma vez a experiência revela o contrário. O efeito
fotoelétrico só é observado a partir de determinada faixa de frequência e isso depende do metal
que está sendo utilizado. Essa frequência mínima é chamada de frequência de corte.
Em resumo, apresentamos três aspectos que não podiam ser explicados pela teoria
ondulatória:
Tempo de emissão fotoelétrica;
Energia cinética constante em função do potencial de freamento ser constante;
Frequência de corte.
A confirmação experimental desta hipótese apresentada por Einstein veio em 1926, por
Millikan e está representada na figura 4:
32
Essa sequência de eventos novamente coloca em xeque a natureza da luz, que até então
os fatos experimentais indicavam ser de origem ondulatória. O desenvolvimento da teoria
quântica levou os físicos a reverem suas concepções e outros experimentos corroboraram para
que um novo modelo pudesse colocar um ponto final nesta discussão. Trata-se da dualidade
onda-partícula.
Osvaldo Pessoa Junior apresenta duas maneiras para definir dualidade onda-partícula,
uma a qual denomina versão fraca:
e outra a qual denomina versão forte e que está arraigada à Interpretação de Copenhague, que
será apresentada mais adiante neste capítulo:
Na abertura deste capítulo foi utilizada uma epígrafe de Richard Feynman na qual, ele se
propõe a explicar um experimento que permite compreender o significado do termo dualidade
onda-partícula. Fazemos o mesmo neste trabalho. No entanto, ao invés de seguir os “passos”
de Feynman apresentando o experimento da dupla fenda de Young, utilizamos aqui uma
abordagem mais moderna deste experimento e que nos permite chegar às mesmas conclusões.
Seguindo a linha de autores como Osvaldo Pessoa Jr (2003), Alexsandro Pereira e Fernanda
Ostermann (2009) abordaremos o tema a partir do IMZ.
Figura 6: Representação esquemática de um feixe transmitido e refletido pelo primeiro divisor de feixes e suas
trajetórias no IMZ. Fonte: elaborado pela autora.
No segundo divisor de feixes, toda a luz incidente se recombina, podendo haver detecção
em A ou em B.
Ao realizar esta experiência, apenas o detector A sinaliza a presença de luz e, no regime
clássico, isso pode ser explicado recorrendo-se ao eletromagnetismo, que trata a luz como uma
onda eletromagnética. Isso significa que um feixe de luz laser monocromática, quando incide
no interferômetro, tem um campo elétrico que pode ser descrito através da relação:
𝐸⃗ = ⃗⃗⃗⃗
𝐸0 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝜙), (VII)
onde ⃗⃗⃗⃗
𝐸0 corresponde a amplitude do campo elétrico, k é o número de onda, ω é a frequência
angular e é a fase da onda. Como toda função senoidal, haverá máximos e mínimos de
amplitude para o campo elétrico. É sabido também que quando duas ondas em fase se
superpõem ocorre uma interferência 100% construtiva. Por outro lado, se duas ondas em
oposição de fase se superpõem ocorrerá interferência 100% destrutiva. Para além disso, vale
lembrar que para um espelho 100% refletor a luz nele incidente sofrerá uma defasagem
equivalente a π (NUSSENZVEIG, 1997, p.113), enquanto que em um divisor de feixes, a
reflexão resultará numa defasagem de π/2 (DEGIORGIO, 1980).
35
Dito isto analisemos novamente o interferômetro: a parte do feixe que segue pela
trajetória 1, sofre um deslocamento de fase equivalente a 3π/2 para que seja detectada em A, e
π para que seja detectada em B, enquanto que a parte do feixe que segue pela trajetória 2, sofre
um deslocamento de fase igual a 3π/2 para que seja detectada em A e 2π para que seja detectada
em B, conforme ilustrado na figura 7:
Figura 7: Esquema representativo e em cores fantasia das trajetórias descritas pelos feixes no IMZ. Fonte:
elaborado pela autora.
Quando os feixes que seguem pelas trajetórias 1 e 2 chegam ao segundo divisor de feixes,
ocorrerá uma superposição construtiva no detector A e destrutiva no detector B, resultando em
detecção apenas em A.
Se o Interferômetro é colocado em regime quântico, ou seja, com os fótons sendo
inseridos individualmente no aparato experimental, deveríamos a priori considerar que metade
dos fótons seriam detectados em A e a outra metade em B, uma vez que são unidades mínimas
de luz e, portanto, indivisíveis, tornando impossível haver interferências no aparato
experimental. No entanto, a experiência revela que apenas o detector A continua acendendo.
Isso significa que de alguma maneira fótons, ainda que incidam um a um no
interferômetro continuam sofrendo interferência. É nesse ponto que se encontra uma das bases
da física quântica, ao qual denominamos dualidade onda-partícula.
Recorrendo ao formalismo da MQ pode-se afirmar que cada trajetória possível para os
fótons descreverem dentro do interferômetro corresponde a um estado, que pode ser
representado por um vetor no espaço de Hilbert. Na notação de Dirac, representamos esse
estado por um ket |𝜓1 ⟩ ou |𝜓2 ⟩. Esses estados evoluem de maneira linear e determinística de
acordo com a equação de Schroedinger:
36
d
iℏ dt |ψ(t)⟩ = H(t)|ψ(t)⟩ , (VIII)
Se fosse colocado um terceiro detector num dos braços do interferômetro como indicado
na figura 8, teoricamente seria possível prever por qual caminho rumou o fóton, uma vez que,
se houvesse detecção em C, então o fóton teria seguido por 1, caso contrário, 2.
Figura 8: Esquema representativo e em cores fantasia de um IMZ com três detectores e em regime
monofotônico. Fonte: elaborado pela autora.
A experiência, no entanto, revela que após atravessar o primeiro divisor de feixes há uma
superposição de estados que desaparece no instante em que se sabe qual trajetória o fóton
descreveu. Assim o padrão de interferência dá lugar a uma detecção corpuscular, com 50% dos
fótons em A e 50% em B. Dito de outro modo, pode-se afirmar que ao efetuar uma medida
sobre a trajetória do fóton, a superposição de estados será destruída, fazendo com que haja
detecção localizada num auto-estado do Observável em questão, ou seja, “a passagem de uma
superposição de estados para um estado específico é feita por um operador de projeção e, assim,
37
essa redução de estado (ou redução do pacote de onda) acontece de acordo com o postulado de
projeção” 6,7 (FREITAS; FREIRE JR, 2008, p. 2307-3).
Diante do exposto nota-se que há duas possibilidades de evolução do estado de um
sistema: a primeira é a evolução de acordo com equação de Schroedinger e a segunda, a redução
de estado, que ocorrerá quando houver uma tentativa de medir a posição do fóton e que será
descrita pelo postulado da projeção.
O que foi apresentado até aqui é o que o formalismo da mecânica quântica pode revelar
sobre a experiência com fótons no IMZ. Mas como entender o significado desta experiência?
O que acontece no momento da detecção para que o fóton sofra uma redução de estado? Estes
e outros questionamentos não pertencem ao escopo do formalismo. São na verdade, questões
de âmbito interpretativo que surgem naturalmente na tentativa de atribuir significado ao que foi
estudado.
Jammer (1974, p.10) salienta que uma teoria física será formada minimamente por dois
componentes: um formalismo abstrato e um conjunto de regras de correspondência, sendo o
primeiro
(...) the logical skeleton of the theory, is a deductive, usually axiomatized calculus
devoid of any empirical meaning; it contains, apart from logical constants and
mathematical expressions, nonlogical (descriptive) terms, like "particle" and "state
function," which, as their name indicates, do not belong to the vocabulary of formal
logic but characterize the specific content of the subject under discussion. Although
the names of these nonlogical terms are generally highly suggestive of physical
significance, the terms have no meaning other than that resulting from the place they
occupy in the texture of F (formalism) (1974, p.10).
(...) an internal coherence among the descriptive features of the theory and endows
it thereby with explanatory and predictive power. The proposal of such a principle is
usually also called an "interpretation" (JAMMER, 1974, p.10)
6
Se a medição da grandeza física 𝒜 é realizada no sistema que se encontra no estado |ψ⟩ der o resultado an, o
Pn |ψ⟩
estado do sistema imediatamente após a medição é a projeção normalizada , de |ψ⟩ no subespaço
√⟨ψ|Pn |ψ⟩
Majoritariamente foram as ideias de Bohr que deram origem a esta interpretação, tendo
havido colaboração de diversos físicos, tais com Heisenberg, Einstein, Dirac etc. Baseia-se no
princípio da complementaridade apresentado pela primeira vez em 1927 no Congresso
Internacional de Física realizado em Como na Itália (PESSOA JR, 2003, p.91).
Como destacam Camara e Simon (2015, p.230), Bohr nunca deu uma definição clara do
que significa o termo complementaridade, havendo apenas um vasto material que explica o
tema das mais variadas formas. Pessoa Jr (2003, p.93) fazendo alusão ao trabalho de
Weizsäcker (1955) afirma haver três tipos de complementaridade ao longo da obra de Bohr,
sendo a que mais se volta aos propósitos deste trabalho, a complementaridade entre partícula e
onda já apresentada no início deste capítulo como sendo a versão forte para a dualidade onda-
partícula. Segundo o autor
Esta definição exprime bem o que se observa no IMZ. De acordo com a montagem
experimental é possível verificar um comportamento ondulatório ou corpuscular, mas nunca
ambos ao mesmo tempo.
Aproximadamente na mesma época em que Bohr desenvolveu o princípio de
complementaridade, Heisenberg postulou o princípio de incerteza aplicável a grandezas que
não comutam, como posição e momento por exemplo, de forma que “a precisão de nossa
medida está inerentemente limitada pelo processo de medida em si” (EISBERG, 1979, p.98),
de modo que,
ħ
∆𝑃𝑥 . ∆𝑥 ≥ 2, (IX)
8
A interpretação dos Estados Relativos desenvolvida por Hugh Everett em 1957 (NETO, 2010, p.74) busca
explicar o comportamento quântico a partir da evolução temporal da equação de Schroedinger sem que seja
necessário recorrer à ideia de redução de estado ao se realizar uma medida por um observador externo. Esta
interpretação, mais tarde (1973) foi apelidada de Muitos Mundos por Bryce DeWitt. Para mais detalhes ver
EVERETT (1973); FREITAS e FREIRE JR (2008).
40
4 METODOLOGIA
Diante dos pressupostos apresentados nos capítulos anteriores, o presente trabalho teve
por objetivo fazer com que os estudantes do ensino médio compreendessem a ciência como um
processo dinâmico de construção do conhecimento, percebendo a natureza não intuitiva da
física quântica.
• Tornar o ensino de física mais atraente, utilizando uma proposta didática motivadora;
O local onde o objeto educacional foi aplicado corresponde à uma escola estadual situada
em uma área urbana do Município de Rio das Ostras, região norte do Estado do Rio de Janeiro.
Localiza-se em um bairro populoso, pertencente a uma comunidade bastante heterogênea,
constituída por grupos sociais de diferentes níveis socioeconômicos.
Por estar localizada em uma cidade da região petrolífera que apresenta um considerável
crescimento demográfico e econômico, a escola além de atender alunos do Ensino Fundamental
advindos do município de Rio das Ostras, recebe também alunos oriundos de diferentes regiões
do Estado do Rio de Janeiro e de outros Estados do Brasil, o que exige uma proposta pedagógica
que atenda às diferenças culturais e de nível de conhecimento diversificados.
A instituição oferta a modalidade de ensino médio regular a 1397 alunos, distribuídos ao
longo de três turnos e faz parte do pequeno número de escolas existentes no município. De
141.1179 habitantes há apenas 5 instituições que ofertam ensino médio na região, sendo uma
municipal10 e as demais estaduais, resultando em salas de aula com uma média de 35 – 40
alunos por turma. Dadas as circunstâncias do município, a escola recebe alunos de bairros
distantes e que por vezes precisam realizar um grande deslocamento para chegar ao local.
No que se refere à infraestrutura as salas de aula são amplas e a escola conta com
laboratório de ciências e informática e biblioteca. No entanto, o projeto de desmonte da
educação básica, que também afeta as escolas do Rio de Janeiro, em consonância com o estado
de calamidade decretado pelo atual governador, tem trazido uma situação de desgaste à escola.
É possível notar que a maioria das salas de aula se encontra com os aparelhos de ar condicionado
ruins e poucos ventiladores, resultando em ambientes cheios e quentes, o que por sua vez, traz
incômodos e possíveis distrações ao processo de ensino-aprendizagem. Apesar de grande
esforço da equipe diretiva, é possível também perceber poucos computadores funcionando no
laboratório de informática, bem como escassos recursos ao laboratório de ciências, que não
possui bancada, sendo boa parte dos materiais de física disponível no espaço, construídos com
materiais de baixo custo.
9
Dado populacional estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtido no site
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/rio-das-ostras/panorama. Acesso em 11/05/2018.
10
Dado obtido em https://www.riodasostras.rj.gov.br/educacao/unidadesescolares.html. Acesso em 11/05/2018.
42
No que se refere à disciplina de física, esta é ofertada ao longo de dois tempos, totalizando
100 minutos semanais. Como a escola funciona em regime bimestral, isso garante um total de
20 aulas (10 encontros) ao longo do bimestre. Considerando que o Projeto Político Pedagógico
da escola exige no mínimo 3 avaliações bem como suas respectivas atividades de recuperação,
se forem reservadas as aulas destinadas às avaliações formais como provas e testes, restam em
média 5 ou 6 encontros para que os tópicos previstos no currículo mínimo sejam desenvolvidos.
Fica, portanto, evidente, ser este tempo bem apertado para este fim.
1. Respeitar os limites da ZDI 12 dos alunos para que eles possam aprender;
2. Motivar seus alunos, para que eles queiram aprender;
3. Deixar-se imitar por seus alunos, para que eles consigam começar a aprender.
(GASPAR, 2014, p. 204)
11
Há na literatura diversas maneira de se grafar o nome de Vigotski. Optamos por utilizar a maneira aportuguesada
por ser esta, recorrente nas publicações de ensino. Nas referências bibliográficas citadas no trabalho, manteremos
a grafia, tal como se apresenta no material analisado.
12
O autor utiliza a abreviação ZDI para se referir à Zona de desenvolvimento imediato. Preferimos, no entanto,
seguindo o livro A Formação Social da Mente, utilizar o termo Zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
43
Assim, um trabalho de ensino que se apoie nos fundamentos teóricos de Vigotski não terá
por finalidade identificar a ZDP de cada um dos estudantes, mas apresentar conteúdos que os
alunos sozinhos não seriam capazes de desenvolver. É nesse sentido que se dá a interação com
sujeitos mais capazes. O professor, assumindo este papel na sala de aula e “orientando-se apenas
pelo bom senso, pode atingir todos os seus alunos: basta trabalhar um pouco além do que avalia
ser o estágio atual de desenvolvimento”. (GASPAR, 2014, p. 198)
No que se refere ao quesito motivação, a teoria de Vigotski pressupõe que o processo de
aprendizagem dos saberes escolares se inicia muito antes da sala de aula. O aluno possui
conhecimentos prévios advindos do seu cotidiano, que muitas das vezes destoam do conceito
científico. Transformar senso comum em saber científico, implica na ocorrência de uma
reestruturação cerebral que só acontecerá se houver fortes motivos para que o indivíduo
abandone suas concepções iniciais. Como afirma Vigotski
Nesse sentido a HQ foi desenvolvida de tal modo que o aluno seja levado a perceber que
uma descrição meramente corpuscular, ou ondulatória não se mostram suficientes para explicar
o comportamento da luz sendo levado a reestruturar seu pensamento de forma a considerar a
44
necessidade de um modelo alternativo para explicar o fenômeno. É a partir daí que o signo
onda-partícula será apresentado.
O último quesito apresentado por Gaspar seria a importância da imitação para que os
alunos consigam começar a aprender. Tal proposta parte da premissa de que “para imitar, é
preciso ter alguma possibilidade de passar do que eu sei fazer para o que não sei” (VIGOTSKY,
2000, p. 328). Dito de outro modo, se uma pessoa que possui conhecimentos básicos em álgebra
se depara com um problema que não consegue resolver e, na tentativa de elucidá-lo recorre a
uma resolução que utiliza conhecimentos avançados sobre o tema, não conseguirá sanar sua
dúvida, uma vez que tal abordagem encontra-se muito além de suas capacidades. Assim é a
partir da imitação que o ser humano aprende e extrapola o que foi adquirido para outras
situações.
É partindo desta premissa que a HQ apresenta o IMZ aos alunos. A partir do momento
em que se tornem capazes de compreender seu funcionamento, uma série de situações-problema
no IMZ será apresentada. Se os alunos não se mostrarem capazes de imitar o que lhes foi
apresentado no primeiro momento, significará que o signo onda-partícula está além de sua ZDP.
Por outro lado, se for possível perceber que a solução do problema pode ser imitada, então
provavelmente os alunos estarão internalizando este novo conceito.
Cabe destacar que para teoria sócio-interacionista a internalização de conceitos perpassa
pela construção social do mesmo, uma vez que “todas as funções no desenvolvimento da
criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual [...] Todas
as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos” (VYGOTSKI,
1991, p. 41) e tal processo se dá num longo período de tempo.
45
Em suma, a HQ, partindo das concepções prévias acerca do que é luz, bem como das
ideias básicas de ondulatória, tem por finalidade ser uma mediadora na internalização do signo
onda-partícula, e para tal se utiliza do IMZ como um motivador que leve o estudante a perceber
que uma descrição unicamente corpuscular ou ondulatória não são suficientes para explicar o
comportamento da luz, fazendo com que reestruturem seus pensamentos no sentido de aceitar
a necessidade de um modelo alternativo para descrever o fenômeno. Compreenderemos ter
iniciado o processo de internalização do novo signo, caso os alunos consigam imitar o que foi
apresentado na HQ aplicando o conceito de complementaridade à situações-problema com o
IMZ.
Proposta estadual
História em Quadrinhos
Competências e Habilidades Sequência didática mínima
1. Compreender as 1. Aula 1: Fenômenos Aula 1: Resgate histórico
propriedades das ondas Ondulatórios sobre aspectos referentes à
e como elas explicam 2. Aula 2: Fenômenos natureza da luz e fenômenos
fenômenos presentes Ondulatórios ondulatórios;
em nosso cotidiano. 3. Aula 3: Efeito Aula 2: Efeito Fotoelétrico;
2. Discutir modelos para a fotoelétrico e Aula 3: Dualidade Onda-
explicação da natureza Dualidade onda- partícula;
luz, vivenciando a partícula Aula 4: Possíveis
ciência como algo interpretações para a
dinâmico em sua dualidade onda-partícula.
construção.
Quadro 3: Relação entre História em Quadrinhos desenvolvida e sequência didática mínima proposta pela
SEEDUC. Fonte: Elaborado pela autora
Assim, num primeiro momento é feita uma revisão sobre os fenômenos ondulatórios, que
a priori os alunos já foram apresentados. A partir de então os personagens são levados a perceber
que o modelo ondulatório da luz não é eficiente na tentativa de explicar o efeito fotoelétrico.
46
Nesta altura da história espera-se que o leitor seja levado pela curiosidade a ler os próximos
dois capítulos, que segue com o personagem professor levando os alunos ao laboratório da
escola, onde se encontra o IMZ. O conceito de dualidade onda-partícula é apresentado à luz
deste experimento. A história divide o tratamento do interferômetro em duas partes: na primeira
é feita uma análise da luz em regime clássico e em seguida, em regime quântico.
Uma vez que o aluno é apresentado ao regime monofotônico, ele poderá perceber que o
modelo atual, utilizado para explicar o comportamento da luz é a dualidade-onda partícula. No
entanto ao fazer isso, a história tem o cuidado de levar o leitor a perceber que este conceito,
apesar de atender ao formalismo da mecânica quântica encontra diferentes interpretações no
campo científico. Com a finalidade de ilustrar essas diferentes interpretações o aluno é
apresentado a interpretação ortodoxa e a interpretação dos Muitos Mundos.
A arte gráfica foi elaborada através da plataforma Pixton13, que corresponde a um site
próprio para o desenvolvimento de HQs e conta com versões gratuita e paga de
desenvolvimento. Trata-se de um site de fácil utilização com uma quantidade significativa de
recursos onde inicialmente são montados os personagens, seguido da escolha do cenário. Feitos
estes ajustes iniciais, o usuário pode facilmente escolher diferentes posições e expressões para
os personagens sem que se faça necessário redesenhá-los em cada tirinha desenvolvida.
Apesar de oferecer recursos variados como inserção de imagens e um banco de objetos
que podem ser adicionados a história, para atender as necessidades específicas deste trabalho
estes objetos se mostraram insuficientes. É de se esperar que não haveria um IMZ ou um
eletroscópio disponível no banco de objetos do site. Nestes casos, uma possibilidade seria
montá-los a partir de figuras geométricas ali disponíveis, tais como retângulos, círculos,
trapézios etc. No entanto, tal processo seria demasiado longo. Visando otimizar o tempo de
desenvolvimento deste trabalho, recorremos ao uso de um outro banco de dados: o Creative
Commons que oferece uma infinidade de imagens vetoriais gratuitas e que são compatíveis com
o formato de arquivos da Pixton. Os objetos do Creative Commons puderam ser acessados
através do Pixabay14, que se trata de um site de buscas próprio para este fim. Com estas duas
13
https://www.pixton.com/br/
14
https://pixabay.com/pt/
47
4.5.3 A Avaliação
Visando atender aos requisitos mínimos do material do estado, a sequência didática foi
organizada ao longo de quatro aulas de cem minutos, onde cada uma se deu numa semana
diferente, resultando num período de aplicação de um mês, como mostrado no quadro a seguir:
Data de
Tema da aula aplicada
aplicação
Revisão de fenômenos ondulatórios (Início 24/10/2017
da aplicação do OE)
Efeito Fotoelétrico 31/10/2017
Interferômetro de Mach-Zehnder (Análise 07/11/2017
Clássica e quântica)
Interferômetro de Mach – Zehnder 14/11/2017
(Interpretações da mecânica quântica)
Quadro 4: Cronograma de aplicação da sequência didática. Fonte: elaborado pelo autor.
5 RESULTADOS
5.1 AVALIAÇÃO 1
Avaliação 1 - Turma A
35
30 5 3
Número de alunos
25
20 25
15 32 32 32
27 29
10
5
7
0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Palavras
Cruzadas
Total de Acertos Total de Erros
Alunos que responderam 3 ou mais itens de modo incorreto tiveram a questão considerada
como errada. Dentre os principais tópicos respondidos erroneamente estão os itens 2, 3 e 4,
como se pode observar na figura 11.
25
20
27 29 27
15 32 30
10
5
5 3 5
0
1 2 3 4 5
Itens da questão
Total de Acertos Total de Erros
Figura 11: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma A.
Em relação à turma B a figura 12 revela que os erros foram mais expressivos na questão
1, cujo objetivo era identificar a alternativa que explicasse corretamente a trajetória da luz entre
objeto e observador para que uma pessoa possa ser capaz de enxergar as coisas.
Avaliação 1 - Turma B
40
35 2
3 6
30 8
Número de alunos
15
25
20
32 33 35
15 29
27
10 20
5
0
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Palavras
Total de Acertos Total de Erros Cruzadas
objeto de erro para este grupo, o que indica a necessidade de explorar melhor esses aspectos,
caso haja tempo no planejamento bimestral para este fim.
35
4
7
30 10
25
24 24
20
15 31
28
25
10
5 11 11
0
1 2 3 4 5
Itens da questão
Total de acertos Total de erros
Figura 13: Gráfico contendo os números de erros e acertos na avaliação 1, questão 2 – Turma B.
5.2 AVALIAÇÃO 2
Avaliação 2 - Turmas A e B
80
70 4 1
Número de alunos
8
60 14 14
19
50 36
47
40
63 66
30 59
48 53 53
20
31
10 20
0
item a item b item c item a item b
questão 1 questão 2 questão 3 questão 4 questão 5
5.3 AVALIAÇÃO 3
Avaliação 3 - Turma A
35
30 3 3
Número de alunos
11 12
25
20 26 26
29 28
15 29 29
10 21 20
5
6 6 4
3
0
item a justif. item b justif. item a justif. item b justif.
Questão 4 Questão 7
Figura 15: Gráfico contendo os números de erros e acertos nas questões 4 e 7 da avaliação 3 – Turma A
Ainda sobre a questão 4, quando perguntados sobre qual caminho rumou o fóton, 26
alunos apontaram uma das trajetórias possíveis, mesmo que no item anterior tivessem afirmado
não ser possível identificar a trajetória.
No item justificativa, os argumentos apresentados revelam confusão entre os conceitos
de onda e partícula, o que de certo modo é um indicativo de que os alunos não utilizaram o
conceito de dualidade onda-partícula.
Em relação à questão 7, outro problema com o interferômetro era apresentado e mais uma
vez esperava-se que, dada a impossibilidade de identificar a trajetória desenvolvida pelo fóton,
os alunos deveriam afirmar que se tratava de um comportamento ondulatório. O gráfico mostra
que isso de fato ocorreu e apenas 3 alunos identificaram o comportamento como corpuscular.
No entanto, no item justificativa, 12 alunos tiveram dificuldades em explicar o porquê de haver
identificado o comportamento como sendo ondulatório.
No que se refere ao item B, a quantidade de erros foi ainda mais expressiva, havendo
apenas 3 alunos identificado a impossibilidade de se reconhecer a trajetória do fóton. As
justificativas apresentadas nos levam a supor que haveria por parte dos alunos falta de
entendimento sobre o que poderia configurar um comportamento dual.
Sobre a turma B, podemos afirmar ter havido bom desempenho na execução da atividade,
havendo dificuldades significativas na questão 8, como mostrado na figura 16. Ela apresentava
um análogo da questão 4, com exceção do segundo divisor de feixes, o que por sua vez, tornava
possível identificar a trajetória do fóton.
Avaliação 3 - Turma B
30
25
Número de alunos
20 10
14 15 15
15
10
15
5 11 10 10
0
item a justif. item b justif.
Questão 8
Total de acertos Total de erros
Figura 16: Gráfico contendo os números de erros e acertos na questão 8 da avaliação 3 – Turma B
Em média, metade dos alunos afirmaram que neste experimento o fóton se comportaria
como onda e justificaram tal fato afirmando não ser possível identificar a trajetória. Mais uma
56
vez, isso mostra clareza por parte dos alunos entre a correlação indistinguibilidade de trajetórias
e fenômeno ondulatório e pode ser confirmado pelo item b, onde 15 alunos marcaram a opção
“Não é possível saber a trajetória do fóton”. Os mesmos justificaram tal fato, a partir de frases
que se adequariam à uma descrição ondulatória para o problema.
O que se pode depreender deste resultado é que talvez, tenha havido confusão entre as
questões 4 e 8, de modo que, a não percepção de remoção do segundo divisor de feixes, tenha
levado os alunos a supor que se tratava do mesmo problema.
5.4 AVALIAÇÃO 4
Esta avaliação pode ser dividida em duas partes: a primeira faz um apanhado dos
principais itens abordados na sequência didática e a segunda, refere-se às impressões que os
alunos tiveram ao longo das aulas.
5.4.1 1ª Parte
30 2
7 8
1 1
25 12
Número de alunos
5 4
20
15 30
25 25 25 24
10 20 21 21
0
Turma A Turma B Turma A Turma B Turma A Turma B Turma A Turma B
Questão 1 Questão 3 Questão 4 Questão 5
Total de acertos Total de erros
Figura 17: Gráfico contendo os números de erros e acertos na 1ª parte da avaliação 4 – Turmas A e B
57
Alguns alunos (5) não responderam este item. Quanto aos que responderam, para algumas
respostas apresentadas, entendemos que o aluno associou a ideia de trajetória a um fenômeno
corpuscular, mas não foi capaz de assimilar que determinação de trajetórias e comportamento
ondulatório são fenômenos excludentes. Um pequeno número de alunos (3) não foi capaz de
formular uma resposta coerente e, para esta situação, entendemos que se tratam de alunos
incapazes de acompanhar as atividades, uma vez que os mesmos apresentaram elevado número
de erros em todas as avaliações.
Sobre a questão 4, os alunos deveriam explicar a interpretação de Copenhague. 7 alunos
apresentaram respostas equivocadas e evasivas, nos levando a crer que não possuíam domínio
sobre o tema.
A questão 5 pedia para que os alunos explicassem a interpretação dos Muitos Mundos. 8
alunos da turma A e 4 alunos da B não conseguiram apresentar uma resposta satisfatória para
esta pergunta e quando perguntados sobre qual das interpretações julgavam mais adequada para
explicar a dualidade onda-partícula, a maioria optou pela interpretação ortodoxa como
mostrado na figura 18.
20
Número de alunos
20
15
15
10 12
10
5
0
Copenhague Muitos Mundos
Turma A Turma B
Figura 18: Interpretação para dualidade onda-partícula que os alunos julgam mais satisfatória – Turmas A e B
A questão 2 foi deixada para o final desta discussão porque retoma ao que foi apresentado
no início do capítulo. Nela os alunos deveriam novamente responder à pergunta “o que é luz?”
e dadas as discussões ocorridas ao longo das aulas, esperava-se que respondessem algo
relacionado à dualidade onda-partícula, uma vez que as HQs encaminhavam para isso. Metade
do grupo, apresentou respostas que envolviam os conceitos novos estudados, sendo em sua
maioria respostas relacionadas ao conceito de dualidade onda-partícula e alguns (7 no total),
respostas que relacionavam luz ao conceito de fóton. Todos os demais apresentaram respostas
58
que indicavam que a luz seria uma onda eletromagnética, havendo ainda um pequeno grupo
que apresentou respostas associadas ao senso comum.
Assim, alguns alunos se mostraram capazes de responder o que é dualidade onda-
partícula, interpretação de Copenhague e interpretação dos Muitos Mundos. Alguns também
foram também capazes de resolver situações-problemas que o levavam a perceber a
complementaridade num fóton. Mas quando indagados sobre o que é luz, parte do grupo
pareceu ignorar o que foi estudado no bimestre.
Os resultados mostrados até aqui encerram o escopo de avaliação dos saberes escolares
que poderiam ser adquiridos com a utilização da sequência didática apresentada neste trabalho
e, até certo ponto se mostram satisfatórios no sentido de fomentar a discussão sobre a natureza
da luz, apresentando a dualidade-onda partícula numa perspectiva que insira o aluno nos debates
recentes sobre as possibilidades de interpretação de um fenômeno físico, coisa que muitas vezes
acaba desaparecendo em meio a tantas resoluções de problemas matemáticos.
12
10
8
8
6
6
4 5
4 4 4 4
2 3 3
2 2 1
0
Interpretações o que é luz Efeito Nenhuma Tudo imz Fenômenos
Fotoelétrico Ondu.
Turma A Turma B
O mesmo ocorreu para a pergunta sobre qual parte menos gostaram, conforme mostrado
na figura 20.
20 22
15
10
5 7
5 5
3 1 4 2 3 2 1 2
0
Não sei Efeito Nenhuma Fenômenos imz Tudo Interpretações
Fotoelétrico Ond.
Turma A Turma B
É possível perceber que muitos alunos não gostaram da parte referente ao efeito
fotoelétrico, fato que pode ser explicado pela pergunta seguinte (figura 21), onde os alunos
deveriam dizer quais as dificuldades tiveram ao longo do bimestre.
16 18
14
12 14
10
8
6
4 6
5
2 4
3 3 3 1
0
Interpretações O que é luz Nenhuma Fenômenos Contas
Ondulatórios
Turma A Turma B
No quesito nível de dificuldade que o tema encerra, foi pedido aos alunos que atribuíssem
um número de 0 a 10 para que mensurassem o quão difícil foi a aprendizagem dos tópicos
60
trabalhados no bimestre. Em relação a isso na turma A metade dos alunos (16) atribuíram uma
nota menor ou igual a 5, o que revela que esta parcela do grupo não apresentou dificuldades
significativas. Apesar de a turma B ter apresentado um desempenho melhor nas avaliações,
cerca de 2/3 da turma atribuiu notas maiores que 5, o que significa que apesar do bom
desempenho, tiveram mais dificuldades do que A.
A questão 12 perguntava em quais tópicos de física os alunos achavam que seria
interessante utilizar HQ, e surgiram respostas diversas, tais como estudo da mecânica,
astronomia, relatividade, eletrodinâmica etc, o que sugere que as HQs foram bem recebidas
pelas turmas e que esta proposta didática pode ser estendida a outros temas.
Na questão 13, os alunos deveriam sinalizar sua preferência em relação à distribuição da
HQ em material impresso ou digital, para que pudessem utilizar o celular em sala de aula. A
figura 22 mostra que em sua maioria os alunos preferem a versão impressa e alguns justificaram
afirmando que a preferência é em decorrência de que fazendo assim, haveria um estímulo maior
a leitura e evitaria as possíveis distrações que um celular poderia trazer.
16
14 16
12
10
8 9
6 7
4
2 4
2
0
Celular Impressa Ambos
Turma A Turma B
No mais, havia espaço para que o grupo pudesse fazer comentários e sugestões, no
entanto, nenhum dos comentários se mostrou proveitoso para ser apresentado neste trabalho.
61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
indicaram ter gostado de trabalhar com HQs e sugeriram extrapolar a metodologia para outros
tópicos da física. Isto indica que novas abordagens para ensinar física podem ser bem recebidas
pela classe, além de proporcionar um ambiente de sala de aula que possa de fato ser significativo
na construção dos saberes escolares.
63
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. et al. Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula. 3 ed. São
Paulo: Contexto, 2006.
BISCUOLA, G. J.; BÔAS, N. V.; DOCA, R. H. Física. V. 02 e 03, 3 ed. São Paulo: Saraiva,
2016.
BOHR, Niels. Física atômica e conhecimento humano: ensaios 1932-1957. 18 ed. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1995.
DEGIORGIO, V. Phase shift between the transmitted and the reflected optical fields of a
semireflecting lossless mirror is π/2. American Journal of Physics v. 48, n. 1, p.81-82, 1980.
FREITAS, F; FREIRE JR, O. A formulação dos ‘estados relativos’ da teoria quântica. Revista
Brasileira de Ensino de Física, v. 30, n. 2, p. 2307, 2008;
FEYNMAN, R. P. Lições de Física de Feynman. v. 03. Porto Alegre: Editora Bookman, 2008.
GUIMARÃES, O.; PIQUEIRA, J. R.; CARRON, W. Física (Ensino Médio). v. 02 e 03, 2 ed.
São Paulo: Ática, 2016.
JAMMER. M. The Philosophy of Quantum Mechanics. New York, John Wiley, 1974.
MARTINI, G. et al. Conexões com a Física. V. 02 e 03, 3 ed. São Paulo: Moderna, 2016.
65
MOURA, B. A. Newton versus Huygens: como (não) ocorreu a disputa entre suas teorias para
a luz. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 1, p. 111-141, abr. 2016.
__________. Curso de física básica. v. 3. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1997.
__________. Curso de física básica. v. 4. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1997.
OSTERMANN, F.; RICCI, T. Construindo uma Unidade Didática Conceitual sobre Mecânica
Quântica: Um Estudo na Formação de Professores de Física. Ciência e Educação, n. 10, n. 2,
p. 235-257, 2004.
PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2003.
PIETROCOLA, M. et al. Física em Contextos. 1 ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2016.
PIRES, A. S. T. Evolução das Ideias da Física. 2 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2011.
RIBEIRO, A. R. et al. Luz: História, Natureza e Aplicações. Gazeta de Física, v. 39, n. 1/2,
p. 06-13, 2016.
66
SILVA, J.; KAWAMURA, M. A Natureza da Luz: Uma Atividade com Textos de Divulgação
Científica em Sala de Aula. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 18, n. 3, p. 316-
339, 2001.
TORRES, C. M. et al. Física: Ciência e Tecnologia. V. 02 e 03, 4 ed. São Paulo: Moderna,
2016.
VÁLIO, A. B. M. et al. Ser Protagonista: Física, 3° ano. V. 02 e 03, 3 ed. São Paulo: Edições
SM, 2016.
_________. A Formação Social da Mente. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
YAMAMOTO, K.; FUKE, L. F. Física para o Ensino Médio. v. 02 e 03, 4 ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
67
AULA 1
Disciplina: Física
Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano
Professora: Ana Caroline Dias
Conteúdo: Introdução ao estudo da Natureza da luz e breve recapitulação dos fenômenos
ondulatórios
Número de aulas: duas aulas de 50 minutos
2. Objetivos
Nesta aula os alunos deverão ser inseridos no debate sobre a natureza da luz revisitando
alguns conceitos de ondulatória trabalhados no bimestre anterior.
3. Pré-requisitos
4. Organização do conteúdo
2
5. Recursos utilizados
6. Aplicação do conhecimento
7. Avaliação
8. Referências Bibliográficas
BONJORNO, J. R.; RAMOS, C. M.; PRADO, E. P.; BONJORNO, V.; BONJORNO, M. A.;
CASEMIRO, R. Física. V. 02, 3 ed. São Paulo: FTD, 2016.
3
AULA 2
1. Identificação
Disciplina: Física
Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano
Professora: Ana Caroline Dias
Conteúdo: Efeito fotoelétrico
Número de aulas: duas aulas de 50 minutos
2. Objetivos
Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao efeito fotoelétrico a partir da análise se
um experimento com o eletroscópio de dupla folha.
3. Pré-requisitos
4. Organização do conteúdo
5
5. Recursos utilizados
6. Aplicação do conhecimento
7. Avaliação
8. Referências Bibliográficas
AULA 3
1. Identificação
Disciplina: Física
Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano
Professora: Ana Caroline Dias
Conteúdo: Dualidade onda-partícula
Número de aulas: duas aulas de 50 minutos
2. Objetivos
3. Pré-requisitos
4. Organização do conteúdo
5. Recursos utilizados
6. Aplicação do conhecimento
8
1º - O professor fará uma leitura dinâmica das partes 3 e 4 (até o final da página 34
somente) da História em quadrinhos;
2º - O professor fará uma explanação breve, sobre o que acabaram de ler e responder
a eventuais dúvidas que podem ter surgido nos alunos.
3º - Os alunos responderão a avaliação 3.
7. Avaliação
8. Referências Bibliográficas
PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2003.
AULA 4
1. Identificação
Disciplina: Física
Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano
Professora: Ana Caroline Dias
Conteúdo: Interpretação de Copenhague e Interpretação dos Muitos Mundos
Número de aulas: duas aulas de 50 minutos
2. Objetivos
Apresentar a Interpretação de Copenhague fazendo com que os alunos entendam que esta
não é única, havendo na literatura interpretações alternativas, como por exemplo a Interpretação
dos Muitos Mundos.
3. Pré-requisitos
4. Organização do conteúdo
10
5. Recursos utilizados
6. Aplicação do conhecimento
1º - O professor fará um resgate de tudo o que foi apresentado nas aulas anteriores:
modelo corpuscular e ondulatório, apresentando as principais ideias sobre o
assunto, seguindo com uma recapitulação do efeito fotoelétrico e o conceito de
fóton, enfatizando de que maneira essa descoberta trazia à tona o debate sobre a
natureza da luz. Ao final desta etapa, o professor falará do conceito de dualidade
onda-partícula, destacando a Interpretação de Copenhague e os princípios de
complementaridade e incerteza;
2º - Leitura do final da HQ (pág 35 a 37);
3º - O professor deverá argumentar que a interpretação de Copenhague, apesar de ser
a mais usual, não é a única que tenta dar significado aos resultados experimentais
obtidos com o Interferômetro de Mach-Zehnder, por exemplo e que é possível
encontrar diversas outras explicações para tal, dentre elas a interpretação dos
muitos mundos, explicando de modo breve o que seria a ideia de universos
paralelos que aparece frequentemente em filmes de ficção científica;
4º - Ao final, os alunos deverão responder o questionário 4.
7. Avaliação
8. Referências Bibliográficas
PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2003.
AVALIAÇÃO 1
1. (UFMG) Marília e Dirceu estão em uma praça iluminada por uma única lâmpada.
Assinale a alternativa em que estão CORRETAMENTE representados os feixes de luz que
permitem a Dirceu ver Marília.
7. Quando uma onda passa por um polaroide dizemos que ela está ______________;
8. Quando ondas sofrem reflexão num anteparo fixo há mudança de ___________;
9. Fenômeno em que um sistema físico recebe energia por meio de excitações de
frequência igual a uma de suas frequências naturais de vibração;
10. Característica de uma onda que é alterada quando há refração;
11. Ondas mecânicas e eletromagnéticas transportam _________________;
12. Tipo de interferência onde ocorre um aumento na amplitude da onda;
13. Propôs que a luz poderia ser uma espécie de onda;
14. Cientista que unificou eletricidade e magnetismo e conseguiu estimar o valor da
velocidade da luz;
15. Ondas eletromagnéticas podem se propagar no ____________.
GABARITO
1. A
2.
(1) F
(2) F
(3) V
(4) V
(5) V
3. C
4. A
5. E
6.
5
AVALIAÇÃO 2
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
b) Se fosse utilizada luz branca, ao invés de utilizar a luz ultravioleta, o eletroscópio seria
descarregado de igual maneira? Justifique sua resposta:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III. (correta)
6
3. (UFSC) Dispõe-se de uma placa metálica M e de uma esferinha metálica P, muito leve,
suspensa por um fio isolante, ambas inicialmente neutras e isoladas. Um feixe de luz violeta
incide sobre a placa, e, logo em seguida, a bolinha é atraída. Repetindo-se a operação com a luz
vermelha, isso não ocorre.
b) Qual é a frequência mais baixa da luz incidente capaz de arrancar elétrons do metal?
7
GABARITO
1.
(A) Os fótons da luz ultravioleta possuem alta energia e a absorção dos fótons pelos elétrons
do eletroscópio, faz com que esses elétrons adquiram energia cinética suficiente para que
saltem do metal descarregando o eletroscópio.
(B) Não. A luz branca possui uma frequência menor do que a ultravioleta e, como
consequência sua energia é menor. Se um elétron absorve um fóton da luz branca, não
conseguirá energia cinética suficiente para que ocorra emissão fotoelétrica
(C) Não. Pois o efeito fotoelétrico ocorre a partir da emissão de elétrons do metal. Se o
eletroscópio está carregado positivamente então há falta de elétrons no material, impedindo que
o fenômeno ocorra.
3.
(1)F
(2) F
(4) F
(8) F
(16) V
(32) F
4.
Dados:
h = 6,62.10-34 J.s
ν = 4.1014 Hz
𝐸 = ℎ. 𝜈
𝐸 = 6,62. 10−34 . 4. 1014
𝐸 = 26,48. 10−20
𝐸 = 2,65. 10−19 𝐽
5.
(A)
Dados:
= 2,5 eV
λ = 6,0.10-7m
h = 4,2.10-15 eVs
c = 3.108 m/s
sabendo que
8
𝑐 = 𝜆. 𝜈
𝑐
𝜈=
𝜆
3. 108
𝜈=
6. 10−7
𝜈 = 0,5. 1015
𝜈 = 5. 1014 𝐻𝑧
𝐸𝑐 = 𝐸− 𝜙
𝐸𝑐 = ℎ. 𝜈 − 𝜙
𝐸𝑐 = 4,2. 10−15 . 5. 1014 − 2,5
𝐸𝑐 = 21. 10−1 − 2,5
𝐸𝑐 = 2,1 − 2,5
𝐸𝑐 = − 0,4 𝑒𝑉
O valor encontrado para a energia cinética não é válido. Isto significa que não ocorrerá
emissão fotoelétrica.
(B)
Se a função trabalho do metal é 2,5 eV, isso significa que seria necessário que a energia que
os elétrons precisam absorver tem que ser maior que este valor, portanto:
𝐸 = 2,5 𝑒𝑉
Mas,
𝐸 = ℎ. 𝜈
2,5 = 4,2. 10−15 . 𝜈
2,5
𝜈=
4,2. 10−15
𝜈 = 0,59. 1015
𝜈 = 5,9. 1014 𝐻𝑧
AVALIAÇÃO 3
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. No esquema a seguir um único fóton atinge um detector que acende luz verde:
a) Nessa situação há dúvida sobre a trajetória que o fóton descreveu até atingir o detector?
( ) Sim
( ) Não
Detector B
Detector A
Detector A
Detector B
5. Agora temos três divisores de feixes permitindo aos fótons rumarem um a um, por
quatro trajetórias diferentes e, em consequência, serem detectados em A, B, C ou D.
Detector A
Detector B
Detector C
Detector D
Detector C
Detector A
Detector B
Detector A
Detector B
13
8. Este experimento é parecido com o que foi apresentado no item 2. No entanto, assim
que o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes o segundo divisor é retirado como mostrado
na figura:
Detector A
Detector B
GABARITO
1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um
comportamento ondulatório, como a interferência por exemplo, se não for possível determinar
a trajetória do fóton.
2.
(A) Não
(B) Partícula
Explique por que isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
3.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Quando a luz vermelha acende, sabemos que o fóton seguiu
pela trajetória A. Por outro lado, quando a luz verde acende, sabemos que ele seguiu por B.
4.
(A)
Onda
Trajetória A
Trajetória B
Trajetória C
Trajetória D
Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a
trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B. O mesmo vale para as trajetórias
C e D.
6.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Quando o detector C acende sabemos que o fóton seguiu pela
trajetória A. Caso o mesmo detector não acenda, o fóton terá seguido pela trajetória B.
7.
(A)
Onda
Explique porque isso acontece: Não é possível saber qual trajetória o fóton desenvolveu
(B)
Não é possível saber a trajetória do fóton
Explique porque isso acontece: Tanto o caminho A, como o caminho B, levam o fóton ao
detector B, não sendo possível identificar sua trajetória.
8.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a
trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B.
16
AVALIAÇÃO 4
2. O que é luz?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6. Qual das intepretações para a dualidade onda-partícula você julga mais satisfatória a fim
de explicar o comportamento dos fótons?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
( ) Sim
( ) Não
10. Que dificuldades você teve nos tópicos trabalhados ao longo do bimestre?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Escolha um número de 0 a 10 para mensurar a dificuldade que você teve ao longo do
bimestre:
________
12. De todos os tópicos de física que você estudou ao longo do ensino médio, em qual/quais
você acha que seria legal utilizar histórias em quadrinhos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. Você acha que seria melhor as histórias em quadrinhos serem disponibilizadas através
do celular ou prefere que seja utilizada a versão impressa?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Até a próxima
pessoal!
GABARITO
1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um
comportamento ondulatório se não for possível determinar a trajetória do fóton.
18
2. Espera-se que os alunos apresentem respostas que relacionem luz ao conceito de fóton,
de radiação eletromagnética, ou ainda em termos de dualidade onda-partícula.
3. A luz pode apresentar tanto características ondulatórias como interferência, difração e
polarização, por exemplo, quanto corpusculares, como no caso do efeito fotoelétrico. No
entanto, nunca será possível verificar os dois aspectos simultaneamente.
4. Espera-se que os alunos falem do princípio de complementaridade e/ou do princípio de
incerteza
5. Espera-se que os alunos falem desta interpretação sob a óptica do fenômeno acontecer
simultaneamente em vários “Universos”, sendo cada Universo uma das possibilidades
de ocorrência do evento.
As questões 6 a 15 são de cunho pessoal, não cabendo gabarito a esta parte da avaliação.
98
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Macaé
2018
16
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Orientadores:
Macaé
2018
0
Analogia mecânica entre o efeito fotoelétrico e as ondas do mar: BERNSTEIN, Jeremy. As Idéias de
Einstein. Editora Cultrix, São Paulo,1975.
Interferômetro de Mach Zehnder: IMZ, SCARANI, V. Quantum Physics: A First Encounter:
Interference, Entanglement, Únd Reality. Oxford, 2006.
Demonstração do Efeito Fotoelétrico utilizando o Eletroscópio e a Lâmpada de Mercúrio: PIETROCOLA,
M. O.; POGIBIN, A.; ANDRADE, R.; FRANCO, T. R. Física - Conceitos e contextos: pessoal, social e 1
histórico, v. 3. 1 ed. São Paulo: FTD, 2013.
© 2017 PIXTON.COM
Pág. 03
- Fenômenos Ondulatórios
2
Pág. 13
- Efeito Fotoelétrico
Pág. 20
- Interferômetro de Mach-Zehnder
(Regime Clássico)
Macaé
2018
141
Orientadores:
Macaé
2018
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 03
ESTRUTURA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ...................................................................04
O QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA TRABAHAR ESTE TEMA EM SALA DE AULA
.............................................................................................................................................05
Aspectos históricos sobre a natureza da luz ........................................................................05
Efeito Fotoelétrico ...............................................................................................................07
Dualidade onda-partícula .....................................................................................................12
O interferômetro de Mach-Zehnder e os pressupostos básicos da física quântica .............12
A Interpretação de Copenhague ..........................................................................................16
Avaliação 1 ................................................................................................................26
Avaliação 2 ................................................................................................................30
Avaliação 3 ................................................................................................................34
Avaliação 4 ................................................................................................................41
3
APRESENTAÇÃO
Caro professor,
Este material foi desenvolvido com o intuito de orientá-lo na utilização da História em
Quadrinhos (HQ) que lhe foi apresentada. É importante deixar claro que não temos como meta
oferecer um manual de instruções, afinal somente o próprio professor é capaz de identificar que
estratégia de ensino será melhor aproveitada pela turma. Ao contrário, o que queremos é mostrar
uma possibilidade de aplicação e, caso julgue o método utilizado satisfatório, adote a proposta e
dissemine boas práticas educativas.
4
É importante frisar que quatro aulas é um número muito pequeno para se trabalhar os
assuntos propostos com a profundidade que julgamos adequada. Por isso, sugerimos que, caso o
planejamento didático permita um número maior de aulas, assim o faça e incremente as
avaliações aqui apresentadas com outras questões de cunho teórico ou algébrico que possam ser
pertinentes ao tema, afinal, restringimos nossas avaliações a um número pequeno de questões,
para que fosse possível se adequar ao cronograma.
Destacamos que este material não se restringe ao currículo do estado do Rio de Janeiro,
podendo ser adaptado a qualquer escola que esteja trabalhando o tema. No que se refere à maneira
de disponibilizar a HQ, acreditamos que a divulgação impressa pode ser muito proveitosa.
Contudo é mais prática a divulgação por meio eletrônico. Por fim, salientamos que não havendo
possibilidade de divulgação nas maneiras apresentadas, sugerimos uma última estratégia: a
apresentação da HQ em Datashow, para leitura simultânea.
5
Luz pode ser entendida de diferentes maneiras. Uma criança poderia dizer que luz é tudo o
que ilumina, ou ainda que é aquilo que sai de uma lâmpada quando acionamos o interruptor.
Numa definição mais sofisticada, Bohr (1995, p. 06) trata a luz como “uma transmissão de
energia entre corpos materiais à distância”. Compreender o comportamento da luz é uma tarefa
que desafiou a ciência durante muitos séculos e tem suas origens na Grécia antiga, quando
filósofos como Platão (427 – 347 aC), tentando entender como o ser humano era capaz de
enxergar, propôs que os objetos visíveis emitiam partículas luminosas que podiam ser captadas
pelos olhos. Aristóteles (384 – 322 aC) por outro lado, pensava que para ser capaz de enxergar
era necessário que saísse dos olhos uma onda vibratória, que atingia os objetos e tornava-os
visíveis. Ainda que de maneira muito rudimentar, é possível perceber entre esses filósofos duas
concepções completamente distintas acerca do que é luz: uma apresentando um caráter
corpuscular e outra propondo que a luz seja de natureza ondulatória.
O avanço da ciência possibilitou um estudo mais aprofundado sobre o assunto e à medida
que novas evidências experimentais iam surgindo, essas duas teorias tornavam-se bem mais
elaboradas. Até o final do século XVII, “a óptica geométrica e a fabricação de lentes eram bem
compreendidas, mas a natureza da luz era ainda um mistério” (RIBEIRO et al, 2016, p. 07). Em
1690, Huygens propôs que a luz deveria se comportar como pulsos não periódicos propagados
pelo Éter (MOURA, 2016). Essa ideia, apesar de ainda não tratar da natureza ondulatória tal
como conhecemos hoje, permitiu que Huygens explicasse de maneira satisfatória a reflexão e a
refração.
Na contramão das ideias de Huygens, Newton, em 1704, publica Óptica e neste trabalho
adota uma concepção corpuscular para a luz sem que, no entanto, a defenda abertamente. Apesar
de Huygens e Newton terem feito publicações em datas próximas, a influência do segundo na
comunidade científica da época, garantiu que seus trabalhos tivessem mais notoriedade e,
consequentemente, que a teoria corpuscular fosse aceita por um bom tempo.
Cem anos depois, em 1800 (PIRES, 2011), os trabalhos de Thomas Young colocavam a teoria
ondulatória em evidência. Ele mostrou que quando um feixe de luz atravessava uma fenda, um
padrão de interferência era produzido num anteparo. A partir daí fortes evidências experimentais,
tais como os trabalhos de Fresnel (1826), que em colaboração com Arago permitiram chegar à
conclusão de que “as ondas luminosas eram transversais e a polarização passou a ser explicada
6
em termos da teoria ondulatória” (PIRES, 2011, p. 265) e Foucault, que em 1862 mostrou que a
velocidade da luz era menor na água que no ar (PIRES, 2011), corroboravam para a consolidação
da teoria ondulatória. Estas comprovações ratificavam as previsões de Huygens. A partir de 1862,
Maxwell iniciava uma série de publicações sobre o Eletromagnetismo, indicando que a luz
poderia ser explicada através da teoria ondulatória.
Uma grande reviravolta na história levantou questionamentos sobre até que ponto a teoria
ondulatória era suficiente para explicar o comportamento da luz. Em 1888 (NUSSENZVEIG,
1997, p. 02), procurando encontrar uma comprovação física das ondas eletromagnéticas de
Maxwell, Hertz descobriu acidentalmente o efeito fotoelétrico. Na época ele não conseguiu
explicar o que estava acontecendo e, em 1902 Phillipp Lenard estudando raios catódicos
percebeu que
“... aumentada a intensidade da luz – graças, por exemplo, a colocar-se a sua fonte em
posição mais próxima à das placas de metal – não aumentava a energia dos elétrons
ejetados, mas apenas seu número. Do ponto de vista ondulatório, isso era um mistério.”
(BERNSTEIN, 1975, p. 163).
O efeito fotoelétrico poderia ser explicado pela teoria ondulatória se a energia dos elétrons
aumentasse junto com a intensidade da luz. A explicação adequada para este fenômeno foi dada
por Einstein, em 1905 (BERNSTEIN, 1975) a partir do princípio de quantização da energia e lhe
rendeu o prêmio Nobel em 1921. Milikan, em 1916 (BERNSTEIN, 1975) fez os primeiros
estudos quantitativos sobre o assunto comprovando a equação de Einstein para o efeito
fotoelétrico.
Os trabalhos de Hertz, Einstein, Milikan e Lenard vão na contramão da teoria ondulatória.
A ideia de que a luz assume quantidades discretas de energia não se encaixa na tese de luz
enquanto algo contínuo como proposto pela teoria ondulatória. Como afirma Feynman, a luz
“Comporta-se de uma maneira própria e inimitável, que tecnicamente podemos chamar de
maneira quântica, que difere de tudo o que vocês já viram”. (FEYNMAN, 2012, p.134).
Esta maneira quântica a qual Feynman se refere, trata-se do conceito de dualidade onda-partícula,
havendo na literatura diferentes maneiras de se interpretar este termo. Bohr, por exemplo, assume
que a dualidade pressupõe fenômenos complementares, enquanto Heisenberg defende o princípio
da incerteza. Hugh Everett, por outro lado propõe a tese dos estados relativos, que mais tarde De
Witt apelidou de Muitos Mundos.
7
EFEITO FOTOELÉTRICO
a) b)
Figura 1: Esquema representativo de um eletroscópio de dupla folha (a) carregado negativamente; (b) sendo
descarregado por luz ultravioleta. Fonte: Elaborado pela autora.
Do ponto de vista clássico, poderia se supor que aumentada a intensidade (I) do feixe de
luz incidente, ocorreria também um aumento na amplitude do campo elétrico oscilante (Erms),
uma vez que a primeira é diretamente proporcional ao quadrado da segunda, como mostrado na
equação a seguir:
1 2
𝐼= 𝑐𝜀0 𝐸𝑟𝑚𝑠 ,16 (II)
2
16
Para mais detalhes ver NUSSENZVEIG – 03 (2007. Seção 12.5)
8
A primeira conclusão que se pode depreender deste experimento é que quanto maior a
intensidade luminosa, mais elétrons serão arrancados do metal e consequentemente, maior
também será a corrente medida pelo amperímetro.
Se for colocada uma bateria, de modo que a placa onde a luz incide corresponda a um
catodo e a outra, um anodo, àqueles elétrons que estavam sendo arrancados do metal seriam
acelerados em direção a outra placa. Se a diferença de potencial estabelecida for muito grande, a
corrente medida irá saturar para um determinado valor, no qual todos os elétrons arrancados da
primeira placa consigam atingir a segunda.
No entanto, se a polaridade da bateria for invertida, o valor da corrente não cai
imediatamente a zero. Isso sugere que os elétrons são arrancados da placa com uma determinada
energia cinética dada por:
𝐸𝑐 = 𝑞. 𝑉, (III)
(também chamado de função trabalho). Assim, para o caso de um único fóton transferindo toda
sua energia a um único elétron, teremos que:
𝐸𝑐 = 𝐸 − 𝜙. (IV)
Figura 3: Gráfico que relaciona diferença de potencial aplicada e intensidade de luz incidente. Fonte:
NUSSENZVEIG (1997, p. 250).
de elétrons do metal. No entanto, mais uma vez a experiência revela o contrário. O efeito
fotoelétrico só é observado a partir de determinada faixa de frequência e isso depende do metal
que está sendo utilizado. Essa frequência mínima é chamada de frequência de corte.
Em resumo, apresentamos três aspectos que não podiam ser explicados pela teoria
ondulatória:
Tempo de emissão fotoelétrica;
Energia cinética constante em função do potencial de freamento ser constante;
Frequência de corte.
Partindo dessa premissa, todas as evidências experimentais apresentadas acima podem ser
satisfeitas.
A confirmação experimental desta hipótese apresentada por Einstein veio em 1926, por
Millikan e está representada na figura 4:
Essa sequência de eventos novamente coloca em xeque a natureza da luz, que até então os
fatos experimentais indicavam ser de origem ondulatória. O desenvolvimento da teoria quântica
levou os físicos a reverem suas concepções e outros experimentos corroboraram para que um
novo modelo pudesse colocar um ponto final nesta discussão. Trata-se da dualidade onda-
partícula.
12
DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA
Osvaldo Pessoa Junior apresenta duas maneiras para definir dualidade onda-partícula, uma a qual
denomina versão fraca:
e outra a qual denomina versão forte e que está arraigada à Interpretação de Copenhague, que
será apresentada mais adiante neste capítulo:
Figura 6: Representação esquemática de um feixe transmitido e refletido pelo primeiro divisor de feixes e suas
trajetórias no IMZ. Fonte: elaborado pela autora.
No segundo divisor de feixes, toda a luz incidente se recombina, podendo haver detecção
em A ou em B.
Ao realizar esta experiência, apenas o detector A sinaliza a presença de luz e, no regime
clássico, isso pode ser explicado recorrendo-se ao eletromagnetismo, que trata a luz como uma
onda eletromagnética. Isso significa que um feixe de luz laser monocromática, quando incide no
interferômetro, tem um campo elétrico que pode ser descrito através da relação:
𝐸⃗ = ⃗⃗⃗⃗
𝐸0 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝜙), (VII)
14
onde ⃗⃗⃗⃗
𝐸0 corresponde a amplitude do campo elétrico, k é o número de onda, ω é a frequência
angular e é a fase da onda. Como toda função senoidal, haverá máximos e mínimos de
amplitude para o campo elétrico. É sabido também que quando duas ondas em fase se superpõem
ocorre uma interferência 100% construtiva. Por outro lado, se duas ondas em oposição de fase se
superpõem ocorrerá interferência 100% destrutiva. Para além disso, vale lembrar que para um
espelho 100% refletor a luz nele incidente sofrerá uma defasagem equivalente a π
(NUSSENZVEIG, 1997, p.113), enquanto que em um divisor de feixes, a reflexão resultará numa
defasagem de π/2 (DEGIORGIO, 1980).
Dito isto analisemos novamente o interferômetro: a parte do feixe que segue pela trajetória
1, sofre um deslocamento de fase equivalente a 3π/2 para que seja detectada em A, e π para que
seja detectada em B, enquanto que a parte do feixe que segue pela trajetória 2, sofre um
deslocamento de fase igual a 3π/2 para que seja detectada em A e 2π para que seja detectada em
B, conforme ilustrado na figura 7:
Figura 7: Esquema representativo e em cores fantasia das trajetórias descritas pelos feixes no IMZ. Fonte:
elaborado pela autora.
Quando os feixes que seguem pelas trajetórias 1 e 2 chegam ao segundo divisor de feixes,
ocorrerá uma superposição construtiva no detector A e destrutiva no detector B, resultando em
detecção apenas em A.
Se o Interferômetro é colocado em regime quântico, ou seja, com os fótons sendo inseridos
individualmente no aparato experimental, deveríamos a priori considerar que metade dos fótons
seriam detectados em A e a outra metade em B, uma vez que são unidades mínimas de luz e,
portanto, indivisíveis, tornando impossível haver interferências no aparato experimental. No
entanto, a experiência revela que apenas o detector A continua acendendo.
15
Isso significa que de alguma maneira fótons, ainda que incidam um a um no interferômetro
continuam sofrendo interferência. É nesse ponto que se encontra uma das bases da física
quântica, ao qual denominamos dualidade onda-partícula.
Recorrendo ao formalismo da MQ pode-se afirmar que cada trajetória possível para os
fótons descreverem dentro do interferômetro corresponde a um estado, que pode ser representado
por um vetor no espaço de Hilbert. Na notação de Dirac, representamos esse estado por um ket
|𝜓1 ⟩ ou |𝜓2 ⟩. Esses estados evoluem de maneira linear e determinística de acordo com a equação
de Schroedinger:
d
iℏ |ψ(t)⟩ = H(t)|ψ(t)⟩ , (VIII)
dt
onde i é um número complexo, ħ é uma constante, |ψ(t)⟩ é o vetor de estado e H(t) é o observável
associado com a energia total do sistema.
Quando o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes, não se sabe que trajetória ele irá
descrever. Assume-se então que o fóton se encontra em uma superposição de todos os estados
possíveis, que matematicamente corresponde à soma dos estados |𝜓1 ⟩ e |𝜓2 ⟩, de modo que |𝜓⟩ =
1 𝑖
|𝜓1 ⟩ + |𝜓2 ⟩.
√2 √2
Se fosse colocado um terceiro detector num dos braços do interferômetro como indicado
na figura 8, teoricamente seria possível prever por qual caminho rumou o fóton, uma vez que, se
houvesse detecção em C, então o fóton teria seguido por 1, caso contrário, 2.
Figura 8: Esquema representativo e em cores fantasia de um IMZ com três detectores e em regime monofotônico.
Fonte: elaborado pela autora.
16
A experiência, no entanto, revela que após atravessar o primeiro divisor de feixes há uma
superposição de estados que desaparece no instante em que se sabe qual trajetória o fóton
descreveu. Assim o padrão de interferência dá lugar a uma detecção corpuscular, com 50% dos
fótons em A e 50% em B. Dito de outro modo, pode-se afirmar que ao efetuar uma medida sobre
a trajetória do fóton, a superposição de estados será destruída, fazendo com que haja detecção
localizada num auto-estado do Observável em questão, ou seja, “a passagem de uma
superposição de estados para um estado específico é feita por um operador de projeção e, assim,
essa redução de estado (ou redução do pacote de onda) acontece de acordo com o postulado de
projeção”17 (FREITAS; FREIRE JR, 2008, p. 2307-3).
Diante do exposto nota-se que há duas possibilidades de evolução do estado de um sistema:
a primeira é a evolução de acordo com equação de Schroedinger e a segunda, a redução de estado,
que ocorrerá quando houver uma tentativa de medir a posição do fóton e que será descrita pelo
postulado da projeção.
O que foi apresentado até aqui é o que o formalismo da mecânica quântica pode revelar
sobre a experiência com fótons no IMZ. Mas como entender o significado desta experiência? O
que acontece no momento da detecção para que o fóton sofra uma redução de estado? Estes e
outros questionamentos não pertencem ao escopo do formalismo. São na verdade, questões de
âmbito interpretativo que surgem naturalmente na tentativa de atribuir significado ao que foi
estudado.
Jammer (1974, p.10) salienta que uma teoria física será formada minimamente por dois
componentes: um formalismo abstrato e um conjunto de regras de correspondência, sendo o
primeiro
(...) o esqueleto lógico da teoria, um cálculo dedutivo, geralmente axiomatizado,
desprovido de qualquer significado empírico; contém, além de constantes lógicas e
expressões matemáticas, termos não-lógicos (descritivos), como "partícula" e "função
de estado", que, como seu nome indica, não pertencem ao vocabulário da lógica normal,
mas caracterizam o conteúdo específico do assunto em discussão. Embora os nomes
desses termos não lógicos sejam geralmente altamente sugestivos de significância
física, os termos não têm outro significado além daquele resultante do lugar que ocupam
na no corpo de F (formalismo)” (1974, p.10).
17
Se a medição da grandeza física 𝒜 é realizada no sistema que se encontra no estado |ψ⟩ der o resultado an, o
Pn |ψ⟩
estado do sistema imediatamente após a medição é a projeção normalizada , de |ψ⟩ no subespaço
√⟨ψ|Pn |ψ⟩
A INTERPRETAÇÃO DE COPENHAGUE
Majoritariamente foram as ideias de Bohr que deram origem a esta interpretação, tendo
havido colaboração de diversos físicos, tais com Heisenberg, Einstein, Dirac etc. Baseia-se no
princípio da complementaridade apresentado pela primeira vez em 1927 no Congresso
Internacional de Física realizado em Como na Itália (PESSOA JR, 2006, p.91).
Como destacam Camara e Simon (2015, p.230), Bohr nunca deu uma definição clara do
que significa o termo complementaridade, havendo apenas um vasto material que explica o tema
das mais variadas formas. Pessoa Jr (2006, p.93) fazendo alusão ao trabalho de Weizsäcker
(1955) afirma haver três tipos de complementaridade ao longo da obra de Bohr, sendo a que mais
se volta aos propósitos deste trabalho, a complementaridade entre partícula e onda já apresentada
no início deste capítulo como sendo a versão forte para a dualidade onda-partícula. Segundo o
autor
Esta definição exprime bem o que se observa no IMZ. De acordo com a montagem
experimental é possível verificar um comportamento ondulatório ou corpuscular, mas nunca
ambos ao mesmo tempo.
Aproximadamente na mesma época em que Bohr desenvolveu o princípio de
complementaridade, Heisenberg postulou o princípio de incerteza aplicável a grandezas que não
comutam, como posição e momento por exemplo, de forma que “a precisão de nossa medida está
inerentemente limitada pelo processo de medida em si” (EISBERG, 1979, p.98), de modo que,
ħ
∆𝑃𝑥 . ∆𝑥 ≥ 2, (IX)
18A interpretação dos Estados Relativos desenvolvida por Hugh Everett em 1957 (NETO, p.74) busca explicar o comportamento
quântico a partir da evolução temporal da equação de Schroedinger sem que seja necessário recorrer à ideia de redução de estado
ao se realizar uma medida por um observador externo. Esta interpretação, mais tarde (1973) foi apelidada de Muitos Mundos por
Bryce DeWitt,
19
Disciplina: Física
Modalidade: Ensino Médio – Ano de escolaridade: 3º ano
Número de aulas: duas aulas de 50 minutos
1. Objetivos
Nesta aula os alunos deverão ser inseridos no debate sobre a natureza da luz revisitando alguns
conceitos de ondulatória trabalhados no bimestre anterior.
2. Pré-requisitos
3. Organização do conteúdo
20
4. Recursos utilizados
Parte 1 da História em quadrinhos;
5. Aplicação do conhecimento
6. Avaliação
Num primeiro momento a avaliação será individual e ocorrerá após a explanação do professor,
onde os alunos responderão as perguntas sobre fenômenos ondulatórios, que se encontram na
avaliação 1. Ao término desta atividade, os mesmos se organizarão em duplas e responderão a
uma palavra-cruzada que envolve tanto os aspectos da leitura que fizeram da HQ, quanto dos
tópicos trabalhados no bimestre anterior.
7. Referências Bibliográficas
BONJORNO, J. R.; RAMOS, C. M.; PRADO, E. P.; BONJORNO, V.; BONJORNO, M. A.;
CASEMIRO, R. Física. V. 02, 3 ed. São Paulo: FTD, 2016.
1. Objetivos
Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao efeito fotoelétrico a partir da análise se um
experimento com o eletroscópio de dupla folha.
2. Pré-requisitos
3. Organização do conteúdo
4. Recursos utilizados
Parte 2 da História em quadrinhos;
Vídeo de demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico (Professor Thomas Braun);
Simulação computacional;
Datashow;
Computador.
5. Aplicação do conhecimento
22
6. Avaliação
7. Referências Bibliográficas
1. Objetivos
Nesta aula os alunos deverão ser apresentados ao conceito de dualidade onda-partícula sob à luz
da Interpretação de Copenhague.
2. Pré-requisitos
3. Organização do conteúdo
4. Recursos utilizados
Partes 3 e 4 da História em quadrinhos;
5. Aplicação do conhecimento
4º - O professor fará uma leitura dinâmica das partes 3 e 4 (até o final da página 34
somente) da História em quadrinhos;
5º - O professor fará uma explanação breve, sobre o que acabaram de ler e responder a
eventuais dúvidas que podem ter surgido nos alunos.
6º - Os alunos responderão a avaliação 3.
6. Avaliação
7. Referências Bibliográficas
PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2003.
1. Objetivos
Apresentar a Interpretação de Copenhague fazendo com que os alunos entendam que esta não é
única, havendo na literatura interpretações alternativas, como por exemplo a Interpretação dos
Muitos Mundos.
2. Pré-requisitos
3. Organização do conteúdo
4. Recursos utilizados
5. Aplicação do conhecimento
5º - O professor fará um resgate de tudo o que foi apresentado nas aulas anteriores:
modelo corpuscular e ondulatório, apresentando as principais ideias sobre o
assunto, seguindo com uma recapitulação do efeito fotoelétrico e o conceito de
fóton, enfatizando de que maneira essa descoberta trazia à tona o debate sobre a
natureza da luz. Ao final desta etapa, o professor falará do conceito de dualidade
onda-partícula, destacando a Interpretação de Copenhague e os princípios de
complementaridade e incerteza;
25
6. Avaliação
7. Referências Bibliográficas
PESSOA JR, O. Conceitos de Física Quântica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física,
2003.
AVALIAÇÕES APLICADAS
AVALIAÇÃO 1
1. (UFMG) Marília e Dirceu estão em uma praça iluminada por uma única lâmpada.
Assinale a alternativa em que estão CORRETAMENTE representados os feixes de luz
que permitem a Dirceu ver Marília.
2. (BONJORNO - Adaptado) Com relação aos fenômenos ondulatórios e seus efeitos, julgue
a veracidade dos itens a seguir:
(1) A difração só ocorre em ondas transversais.
(2) Polarização é um fenômeno que ocorre com diversos tipos de onda.
(3) A difração por uma única abertura, no tratamento de Huygens, é equivalente a uma
interferência de muitas fontes puntiformes distribuídas sobre a abertura.
(4) Dois movimentos ondulatórios ficam, em dado instante, em oposição quando a diferença
de fase entre eles corresponde a um número inteiro de meio comprimento de onda.
(5) O efeito de difração de ondas é mais acentuado quando estas passam através de aberturas
de tamanho menor ou comparável ao comprimento de onda.
GABARITO
1. A
2.
(1) F
(2) F
(3) V
(4) V
(5) V
3. C
4. A
5. E
6.
30
AVALIAÇÃO 2
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
b) Se fosse utilizada luz branca, ao invés de utilizar a luz ultravioleta, o eletroscópio seria
descarregado de igual maneira? Justifique sua resposta:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III. (correta)
31
3. (UFSC) Dispõe-se de uma placa metálica M e de uma esferinha metálica P, muito leve,
suspensa por um fio isolante, ambas inicialmente neutras e isoladas. Um feixe de luz violeta
incide sobre a placa, e, logo em seguida, a bolinha é atraída. Repetindo-se a operação com a luz
vermelha, isso não ocorre.
b) Qual é a frequência mais baixa da luz incidente capaz de arrancar elétrons do metal?
32
GABARITO
1.
(A) Os fótons da luz ultravioleta possuem alta energia e a absorção dos fótons pelos elétrons do
eletroscópio, faz com que esses elétrons adquiram energia cinética suficiente para que saltem
do metal descarregando o eletroscópio.
(B) Não. A luz branca possui uma frequência menor do que a ultravioleta e, como
consequência sua energia é menor. Se um elétron absorve um fóton da luz branca, não
conseguirá energia cinética suficiente para que ocorra emissão fotoelétrica
(C) Não. Pois o efeito fotoelétrico ocorre a partir da emissão de elétrons do metal. Se o
eletroscópio está carregado positivamente então há falta de elétrons no material, impedindo que
o fenômeno ocorra.
3.
(1)F
(2) F
(4) F
(8) F
(16) V
(32) F
4.
Dados:
h = 6,62.10-34 J.s
ν = 4.1014 Hz
𝐸 = ℎ. 𝜈
𝐸 = 6,62. 10−34 . 4. 1014
𝐸 = 26,48. 10−20
𝐸 = 2,65. 10−19 𝐽
5.
(A)
Dados:
= 2,5 eV
λ = 6,0.10-7m
h = 4,2.10-15 eVs
c = 3.108 m/s
sabendo que
𝑐 = 𝜆. 𝜈
𝑐
𝜈=
𝜆
33
3. 108
𝜈=
6. 10−7
𝜈 = 0,5. 1015
𝜈 = 5. 1014 𝐻𝑧
𝐸𝑐 = 𝐸− 𝜙
𝐸𝑐 = ℎ. 𝜈 − 𝜙
𝐸𝑐 = 4,2. 10−15 . 5. 1014 − 2,5
𝐸𝑐 = 21. 10−1 − 2,5
𝐸𝑐 = 2,1 − 2,5
𝐸𝑐 = − 0,4 𝑒𝑉
O valor encontrado para a energia cinética não é válido. Isto significa que não ocorrerá emissão
fotoelétrica.
(B)
Se a função trabalho do metal é 2,5 eV, isso significa que seria necessário que a energia que
os elétrons precisam absorver tem que ser maior que este valor, portanto:
𝐸 = 2,5 𝑒𝑉
Mas,
𝐸 = ℎ. 𝜈
2,5 = 4,2. 10−15 . 𝜈
2,5
𝜈=
4,2. 10−15
𝜈 = 0,59. 1015
𝜈 = 5,9. 1014 𝐻𝑧
AVALIAÇÃO 3
1. É possível saber a trajetória do fóton e verificar uma figura de interferência nos anteparos
do Interferômetro de Mach-Zehnder? Justifique:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
2. No esquema a seguir um único fóton atinge um detector que acende luz verde:
a) Nessa situação há dúvida sobre a trajetória que o fóton descreveu até atingir o
detector?
( ) Sim
( ) Não
Detector B
Detector A
Detector A
Detector B
5. Agora temos três divisores de feixes permitindo aos fótons rumarem um a um, por
quatro trajetórias diferentes e, em consequência, serem detectados em A, B, C ou D.
Detector A
Detector B
Detector C
Detector D
Detector C
Detector A
Detector B
Detector A
Detector B
38
8. Este experimento é parecido com o que foi apresentado no item 2. No entanto, assim que
o fóton passa pelo primeiro divisor de feixes o segundo divisor é retirado como mostrado na
figura:
Detector A
Detector B
GABARITO
1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um
comportamento ondulatório, como a interferência por exemplo, se não for possível determinar a
trajetória do fóton.
2.
(A) Não
(B) Partícula
Explique por que isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
3.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Quando a luz vermelha acende, sabemos que o fóton seguiu
pela trajetória A. Por outro lado, quando a luz verde acende, sabemos que ele seguiu por B.
4.
(A)
Onda
Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a
trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B. O mesmo vale para as trajetórias C
e D.
6.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Quando o detector C acende sabemos que o fóton seguiu pela
trajetória A. Caso o mesmo detector não acenda, o fóton terá seguido pela trajetória B.
7.
(A)
Onda
Explique porque isso acontece: Não é possível saber qual trajetória o fóton desenvolveu
(B)
Não é possível saber a trajetória do fóton
Explique porque isso acontece: Tanto o caminho A, como o caminho B, levam o fóton ao
detector B, não sendo possível identificar sua trajetória.
8.
(A)
Partícula
Explique porque isso acontece: Se é possível descrever a trajetória do fóton, então ele está se
comportando como partícula.
(B)
Trajetória A
Trajetória B
Explique porque isso acontece: Se o detector A acende, significa que o fóton desenvolveu a
trajetória A. Se o detector B acende, então o fóton foi por B.
41
AVALIAÇÃO 4
2. O que é luz?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
GABARITO
1. Não. Pelo princípio da indistinguibilidade de trajetórias, só se pode identificar um
comportamento ondulatório se não for possível determinar a trajetória do fóton.
2. Espera-se que os alunos apresentem respostas que relacionem luz ao conceito de fóton, de
radiação eletromagnética, ou ainda em termos de dualidade onda-partícula.
3. A luz pode apresentar tanto características ondulatórias como interferência, difração e
polarização, por exemplo, quanto corpusculares, como no caso do efeito fotoelétrico. No
entanto, nunca será possível verificar os dois aspectos simultaneamente.
4. Espera-se que os alunos falem do princípio de complementaridade e/ou do princípio de
incerteza
5. Espera-se que os alunos falem desta interpretação sob a óptica do fenômeno acontecer
simultaneamente em vários “Universos”, sendo cada Universo uma das possibilidades de
ocorrência do evento.