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Laboratório de Pesquisa no Exercício - Escola de Educação Física - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Abstract: The objective of the present study was to analyse the electromiographic (EMG) signal
reliability of the vastus lateralis (VL) and biceps femoris (BF) muscles during isometric and
dynamic actions performed in aquatic environment and on land. Six young women performed
four experimental sessions. In each session, EMG data was recorded for VL and BF muscles
during maximal voluntary isometric contraction (MVC) performed on land for knee extensors
and flexors. Subsequently, the dynamic exercise (Stationary running) was performed in
aquatic environment (first week) and on land (second week) in three different cadences. The
interval between each session in both environments was 24 to 48 hours. Intertester reliability
measurements were determined using Intraclass Correlation Coefficients (ICC) for rmsEMG
values during MVC and for normalized rmsEMG values during dynamic exercise. For isometric
exercise, high ICC values were found for both muscles (VL: ICC=0.864; BF: ICC=0.970).
However, for dynamic exercise high ICC values were found only in aquatic environment in
cadence of 100 bpm (VL: ICC=0,980; BF: ICC=0,843). The results suggested an excellent
reliability for VL and BF muscles activity during MVC. However, some characteristics of
dynamic exercise, as electrodes placement, control of the range of motion, and of the angular
velocity, can difficult their reliability in the other cadences in water and in all cadences on land.
These difficults appears to be more related to the caracteristic of the dynamic exercise than
with the environment itself.
entre os dois dias de coleta em cada meio metodológica empregada, a CVM pré-exercício
(HAKKINEN e KOMI, 1983). As marcas eram refeitas dinâmico foi comparada à CVM pós-exercício
ao final de cada coleta. dinâmico, a fim de verificar a presença de fadiga
Os eletrodos de superfície foram isolados para neuromuscular provocada pelo protocolo dinâmico e a
evitar uma possível interferência no sinal pelo contato possível interferência do meio líquido no sinal EMG.
com a água para as coletas realizadas em meio
líquido. Segundo RAINOLDI et al. (2004b) a utilização Protocolo Dinâmico
de adesivos impedindo a entrada e contato da água
com os eletrodos é a melhor solução para manter O protocolo dinâmico foi realizado em dois
inalteradas a freqüência e a amplitude do sinal EMG momentos distintos, primeiramente no meio aquático
quando esse é coletado no meio líquido. Assim, sobre e posteriormente no meio terrestre. Independente do
os eletrodos foram colocados adesivos oclusivos meio, o protocolo foi composto pela execução do
transparentes (1634W e 1636W, Tegaderm, 3M) e na exercício corrida estacionária em três diferentes
saída dos cabos foi colocada cola de silicone cadências (60, 80 e 100bpm), controladas por um
transparente (Loctite Super Flex) para impedir a metrônomo (MA-30, Korg). O exercício de corrida
entrada e contato da água. Os cabos, assim como os estacionária caracteriza-se por uma fase ascendente
pré-amplificadores foram fixados com fita adesiva com movimento de flexão do quadril e do joelho até
(Silver Tape, 3M) para minimizar as interferências no 90° e outra fase descendente com movimento de
sinal que podem ocorrer devido ao movimento dos extensão do quadril e do joelho até a posição inicial.
mesmos. Esse exercício é executado com ambas as pernas em
Para a aquisição dos dados eletromiográficos seqüência alternada. O exercício foi realizado durante
foi utilizado um eletromiógrafo Miotool 400 (MIOTEC 4 min para cada cadência, com um intervalo de 5 min
Equipamentos Biomédicos, Porto Alegre/Brasil), entre elas. Durante o exercício, a aquisição dos dados
composto por um sistema de 4 canais, com eletromiográficos foi realizada a partir do 3° min de
freqüência de amostragem de 2000 Hz por canal. Os cada estágio. A partir da filmagem do mesmo, foi
pré-amplificadores foram isolados com uma resina determinado o início e o final da atividade muscular de
anti-umidade. Os dados coletados foram transmitidos cada repetição. Esse protocolo foi executado com um
em conexão a um microcomputador notebook (Acer intervalo de 24 a 48 horas entre a primeira e a
TravelMate 2201LCi, Intel Celeron D 330) via porta segunda sessão.
USB. O software Miograph foi utilizado para essa Na primeira semana, o protocolo foi realizado
coleta. no meio aquático no Centro Natatório da Escola de
Para o registro da filmagem do exercício Educação Física da UFRGS. O exercício foi realizado
dinâmico foi utilizada uma câmera JVC GR-DVL9800 em uma piscina com dimensões de 25 m X 16 m X 2
Mini DV Digital Camcorder, de 25 Hz. Para o exercício m. A profundidade de imersão dos indivíduos foi
aquático, a filmadora ficava posicionada fora da água, mantida entre o processo xifóide e os ombros, com a
e a filmagem era realizada através de visores utilização de redutores de profundidade. A
subaquáticos, a 20 cm do fundo da piscina. Esse
temperatura da água foi mantida entre 29 e 31°C. Na
sistema foi posicionado no plano sagital direito dos
semana seguinte, o protocolo no meio terrestre foi
sujeitos, independente do meio, a uma distância de 3
realizado no setor de Biomecânica no Laboratório de
m. Para o alinhamento do sinal eletromiográfico e
Pesquisa do Exercício da UFRGS.
filmagem foi utilizado um sinal luminoso que, quando
filmado, indicava o início da coleta eletromiográfica.
Análise dos dados
Protocolo Isométrico O sinal EMG coletado foi exportado para
posterior análise no software SAD32. Foi realizada a
Contrações voluntárias isométricas máximas filtragem digital do sinal utilizando-se filtros do tipo
(CVM) dos músculos vasto lateral (VL) e porção curta Passa-banda Butterworth, de 5ª ordem, com
do bíceps femoral (BF) foram realizadas contra freqüências de corte entre 25 e 500 Hz (DeLUCA,
resistência manual. Para tanto, os indivíduos foram 1997).
posicionados sentados em uma cadeira com o quadril As curvas do sinal correspondente as CVM’s
em flexão de 90º e o joelho em flexão de 110° (tempo de 5 s), foram recortadas entre os tempos 2 e
(extensão completa = 180º), medidos com um 4 s, para a obtenção do valor root mean square (rms).
goniômetro (Carci). Cada CVM foi mantida por um Para a análise dos sinais coletados durante os
período de 5 s (DeLUCA, 1997). exercícios dinâmicos, também foram realizados os
As CVM’s foram utilizadas para verificar a recortes de cada repetição (fase ascendente mais
reprodutibilidade do sinal EMG, em um protocolo descendente do movimento) de cada indivíduo em
isométrico com intervalos de 24 a 48 horas. As CVM’s cada situação, para as primeiras oito repetições do
também foram utilizadas para a normalização da sinal adquirido (a partir do 3° min de exercício). Os
amplitude do sinal EMG dos exercícios dinâmicos. recortes das curvas foram baseados nos tempos
Além disso, no intuito de garantir a eficiência estabelecidos pela filmagem, e a partir deles, foram
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C. L. Alberton, E. M. Silva, M. P. Tartaruga, E. L. Cadore, M. E. Becker, M. A. Brentano, L. F. M. Kruel
calculados os seus respectivos valores rms. Foi Tabela 3 – Médias e desvios-padrão (DP) do valor rmsEMG dos
realizada a média das quatro repetições centrais músculos Vasto Lateral (VL) e Bíceps Femoral (BF)
durante as contrações voluntárias isométricas
(sendo descartadas as duas primeiras e as duas máximas (CVM) entre os momentos pré e pós-
últimas). Esses valores foram normalizados pela CVM exercício dinâmico em ambos os meios.
e expressos em percentual da CVM (% CVM), para a rmsEMG (mV)
posterior análise estatística.
O vídeo gravado foi descarregado em um Pré Pós Sig.
microcomputador no software Adobe Premiére. Esses
dados foram posteriormente analisados no software Água 0,480 ± 0,282 0,446 ± 0,261 0,520
DVIDEOW para a determinação do início e final dos VL
recortes eletromiográficos do exercício dinâmico e Terra 0,389 ± 0,173 0,335 ± 0,154 0,335
para o controle da amplitude de movimento.
Água 1,025 ± 0,391 0,948 ± 0,411 0,107
BF
Análise Estatística Terra 0,778 ± 0,148 0,831 ± 0,293 0,718
Nenhuma diferença foi encontrada na atividade foi verificada. Isto se deve provavelmente a aspectos
muscular entre as CVM’s pré e pós-exercício tais como o controle da amplitude de movimento, da
dinâmico, em ambos os meios. Esses achados técnica de execução, da velocidade angular e da
sugerem que o protocolo realizado não provocou manutenção da força muscular, que embora não
alteração no sinal EMG, o que poderia ser verificado sejam características do exercício dinâmico podem
em caso de mudança no estado fisiológico dos dificultar a reprodutibilidade. Isto pode ser confirmado
músculos analisados. Além disso, esses resultados por estudos que verificaram a reprodutibilidade do
justificam a eficácia do sistema de isolamento, uma sinal EMG em exercícios dinâmicos isocinéticos
vez que, não foram encontradas diferenças (GOLHOFER et al., 1990; FINUCANE et al., 1998).
significativas no sinal EMG nos momentos pré e pós- Ainda, durante o exercício dinâmico, como ocorre um
exercício aquático (RAINOLDI et al., 2004b; deslizamento das fibras ativas sob o posicionamento
VENEZIANO et al., 2006). Sugere-se que a do eletrodo, pode ocorrer o registro da atividade
metodologia utilizada nesse experimento é adequada, elétrica de uma nova porção de unidades motoras
possibilitando grande acurácia na aquisição dos próximas ao longo da amplitude de movimento,
dados (DeLUCA, 1997; RAINOLDI et al., 2004b). dificultando a reprodutibilidade do sinal (DeLUCA,
Em relação ao exercício isométrico, dados 1997). Dessa forma, com a técnica atual, onde o
reportados da reprodutibilidade do sinal EMG são eletrodo é fixado na superfície da pele, a estabilidade
controversos quando grandes intervalos entre teste e do sinal é mais facilmente mantida durante ação
re-teste têm sido acessados (THORSTENSSON et isométrica.
al., 1977). Embora as evidências de que o sinal EMG
possa ser reprodutível em diferentes aquisições, em CONCLUSÃO
um estudo recente, KOLMITZER et al. (1999)
verificaram que diferentes intervalos de tempo entre Em suma, a metodologia utilizada no presente
as aquisições poderiam influenciar a reprodutibilidade estudo possibilitou a reprodutibilidade do sinal EMG
do sinal do músculo reto femoral. Quando o intervalo dos músculos vasto lateral e bíceps femoral durante
de tempo entre as coletas foi de apenas 3 minutos, a ações isométricas em pequenos intervalos de tempo,
correlação apresentada foi muito alta (r = 0,999). sugerindo que comparações entre dias distintos
Após 90 minutos de intervalo, a correlação podem ser realizadas. O mesmo não foi encontrado
permaneceu elevada (r = 0,945). Entretanto, quando para o exercício de corrida estacionária,
o intervalo entre as coletas foi de 6 semanas, embora provavelmente pelas características do exercício
a correlação tenha permanecido elevada (r = 0,871) dinâmico. Logo, parece que a resposta da
ela foi significativamente menor quando comparada reprodutibilidade do sinal EMG está muito mais
as correlações anteriores. Assim, sugere-se cautela associada ao tipo de exercício executado, dinâmico
ao analisar a amplitude do sinal EMG em aquisições ou isométrico, do que ao meio onde esse é realizado,
realizadas com muito intervalo de tempo. Nessa água ou terra.
ocasião, alguns cuidados devem ser tomados,
principalmente em relação ao posicionamento dos
eletrodos (DeLUCA, 1997). REFERÊNCIAS
No que se refere a exercícios dinâmicos, 1. Alberton C, Coertjens M, Figueiredo P, Kruel L.
diversos estudos foram realizados com a análise da Behavior of oxygen uptake in water exercises
ativação muscular em meio líquido (PÖYHÖNEN, et performed at different cadences in and out of
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MASUMOTO et al., 2005, 2007) e meio terrestre
(RABITA et al., 2000; FERREIRA et al., 2003; 2. Basmajian JV, Deluca CJ. Muscles Alive: their
FLANAGAN et al., 2003), porém tais pesquisas não functions revealed by electromyography. Baltimore;
testaram a reprodutibilidade da amplitude do sinal Williams & Wilkins; 1985.
EMG. No presente estudo, a reprodutibilidade dos
músculos VL e BF foi avaliada em exercícios 3. Deluca CJ. The use of surface electromyography in
dinâmicos nos diferentes meios. Para o exercício de biomechanics. J. Appl. Biomechanics, 1997; 13:
corrida estacionária, foram encontradas correlações 135-163.
altas e significativas somente para a cadência de 100
bpm no meio aquático, em ambos os músculos. 4. Ferreira M, Büll M, Vitti M. The comparison of the
Isso pode ser explicado por essa cadência response in the deltoid muscle (anterior portion)
assemelhar-se àquela utilizada comumente na and the pectoralis major muscle (clavicular portion)
corrida estacionária em aulas de hidroginástica com determined by the frontal lateral cross, dumbbells
intensidade moderada para mulheres jovens and rowing exercises. Electromyogr Clin
(ALBERTON et al., 2005). Esse fato pode ter Neurophysiol, 2003; 43: 75-79.
facilitado a coordenação intra e inter-muscular desses
indivíduos nessa cadência. Entretanto, nas cadências
de 60 e 80 bpm no meio aquático e para todas as
cadências no meio terrestre, a reprodutibilidade não
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C. L. Alberton, E. M. Silva, M. P. Tartaruga, E. L. Cadore, M. E. Becker, M. A. Brentano, L. F. M. Kruel
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Reprodutibilidade da EMG nos meios aquático e terrestre.