Você está na página 1de 22

Metodologia da Investigação em Educação I

Universidade de Coimbra
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

1º ciclo de Ciências da Educação


1º ano/2º semestre

Ano letivo de 2017/2018


1ª e 2ª AULAS PRÁTICAS
Docente:
Cristina C. Vieira
Aula de 14 de fevereiro de 2018
Aula de 21 de fevereiro de 2018
Apresentação do programa geral da
unidade curricular
1.Introdução ao pensamento científico: conceitos fundamentais;
2.O processo de investigação quantitativa em educação: problemas
científicos, hipóteses, planos, instrumentos de recolha de dados,
técnicas de análise de dados, interpretação dos resultados;
3.Planos quantitativos de investigação: suas características principais,
potencialidades e fragilidades;
4.Critérios para a escolha de um plano científico concreto em função
do problema a estudar;
5.Questões relativas à validade de uma investigação científica:
ameaças à validade interna e externa dos estudos científicos;
2
6.A fidelidade de uma investigação científica;
Apresentação do programa geral da
unidade curricular

7. Instrumentos quantitativos de recolha de dados: variedade,


características, vantagens e desvantagens de cada um deles;
8. Técnicas de amostragem: técnicas probabilísticas e não
probabilísticas
9. Questões de natureza ética na condução de uma investigação;
10. A revisão da literatura: fontes principais
11. O teste das hipóteses e sua relação com a estatística descritiva e
inferencial;
12. A redação de um relatório científico: suas componentes
essenciais. 3
Objetivos principais da unidade curricular

• Compreender a natureza da investigação em educação e nas


ciências sociais em geral;
• Conhecer os planos quantitativos de investigação;
• Identificar as dificuldades metodológicas inerentes aos
diferentes planos;
• Saber conceber e planear corretamente uma investigação
em educação, de cariz quantitativo;
• Aprender a redigir com rigor um relatório científico;
• Ler e analisar criticamente o relato de uma investigação
científica.
Bibliografia
• Almeida, L. S. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação (3ª Edição). Braga: Psiquilíbrios.
• Ary, D. et al. (1990). Introduction to research in education. Forth Worth: Holt, Rinehart and Winston, Inc.
• Fraenkel, J. R & Wallen, N. E. (2003). How to design and evaluate research in education (5th ed.). Boston: McGraw-Hill.
• McMillan, J. H. & Schumacher, S. (1989). Research in education. A conceptual introduction. Glenview: Scott, Foresman and
Company.
• Moreira, J. M. (2004). Questionários: Teoria e Prática. Coimbra: Livraria Almedina.
• Tuckman, B. W. (2002). Manual de investigação em educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
• Vieira, C.C. (1995). Investigação quantitativa e investigação qualitativa: uma abordagem comparativa. Provas de Aptidão
Pedagógica e Capacidade Científica apresentadas à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra.
• Vogt, W. P. (1993). Dictionary of statistics and methodology. A nontechnical guide for the social sciences. London: Sage
Publications.
• Field, A. ( 2005). Discovering statistics using SPSS (2nd ed). London: SAGE.
• Tabachnick, B & Fidel, L. (2001). Using multivariate statistics. Needham Heights, MA: Pearson Allyn & Bacon.
Avaliação da componente prática

• 1ª avaliação parcelar – 13 de março de 2018 - 25% nota final

• 2ª avaliação parcelar – 23 de maio de 2018 - 25% nota final

• 50% nota prática + 50% nota teórica = Nota final

6
O PROCESSO QUANTITATIVO DE
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

FASES E CARATERÍSTICAS

08-04-2024 7
Conceção circular de um processo de investigação quantitativa
(Adaptado de Drew e Hardman, 1985, p. 52)

Problema a
investigar
Interpreta
Hipóteses
ção

Análise de Plano de
dados investigação
Recolha
de dados 8
VARIÁVEIS

Tipos, natureza (em termos de medição), características e funções


numa investigação quantitativa.
Da abstração à definição operacional
(clarificação de alguma terminologia)

Conceito (Definição
constitutiva/conceptual)
Construto (conceito usado para
fins de investigação; implica
variabilidade)

Variável: independente,
dependente, parasita, de
controlo, fator, critério, etc.

Definição
operacional
10
VARIÁVEIS – possível definição

Variável é um “atributo que reflete ou expressa um conceito ou construto e


pode assumir valores” (Ary et al., 1989, p. 29), opondo-se ao conceito
de “constante” (Almeida & Freire, 1997, p. 56).

Em investigação científica, uma variável é um conceito que pode assumir


diversos valores (Kerlinger & Lee, 2000).
Algumas funções das variáveis
(papel que podem exercer numa investigação)

• Variáveis independentes

• Variáveis dependentes

• Variáveis parasitas/estranhas

• Variáveis de controlo
12
Alguns conceitos fundamentais
(mais típicos nas investigações experimentais)

 Variável independente ou tratamento: a variável que é manipulada, ou seja, é aquela em


que os grupos em estudo diferem e cujo efeito o investigador vai determinar.
- Também se designa por variável ativa, ou estímulo ou causa.

 Variável dependente: a variável que sofre o efeito da manipulação da variável


independente, ou seja, é a variável que o investigador vai medir para avaliar diferenças nos
sujeitos derivadas da exposição (ou não) ao tratamento (variável independente).
- Também se designa por efeito, por variável passiva, por variável critério ou resposta.

• Variável independente (VI) é a variável que o investigador manipula, ou seja, na qual introduz alterações
deliberadamente, de forma a perceber que efeito tem numa outra variável, designada como variável dependente
(VD). Por consequência, a variável dependente é a que, numa experiência, sofre o efeito da variável independente
(Quivy & Campenhoudt, 2003)
13
Alguns conceitos fundamentais
(mais típicos nas investigações experimentais)

 Variável parasita ou estranha: variável que afeta os


resultados da variável dependente “contaminando-os”, ou
seja, quando se analisam fenómenos sociais naturalmente
complexos nem sempre a variável independente é a única a
influenciar os resultados de uma experiência.

 Variável de controlo: quando uma variável parasita ou


estranha é tida em conta pelo investigador.

14
Definição operacional de uma variável
É aquela que nos indica os passos, os procedimentos, as técnicas, os
meios utilizados para medir e/ou manipular uma variável.

Uma ponte entre os conceitos ou construtos e as observações, comportamentos e


atividades reais.

Atribui significado a um construto ou variável especificando as atividades ou


“operações” necessárias para o(a) medir ou manipular.

É como um manual de instruções para o investigador: diz, com efeito, como devemos
proceder.

É a evidência que o investigador usa para justificar a existência relativa (por vezes
quantificável) do conceito abstrato.

É aquela que define um conceito em termos de operações ou processos que serão


utilizados para medir ou manipular esse conceito.
Esquema 1 - Níveis de operação
dos cientistas.

16
Observação/Medição versus Manipulação
(início da 2º aula prática – dia 21 de fevereiro de 2018)

N
a
i
n
v
esti
g
açã
o
q
O
u
a
b
n
tia
v
ser
a,
t
v
o
d
v
as
ar/
M
v
ariá
eis
o e sã

d
m
dir
e
é
i
d
d
as,
m er
asif
n
n
m
e
tet
d
o
d
as
sãe
o
m
m
na
a

n
p
u
i

lai
d
pas(
o
u
u
pla r
o
urraz
õ
m es
i
na
trí
v
n
seca,
o
ua riá
v
p
o
qe l.
r
u
est
õ
es
d
e
n
at
u
rezaétic).
Escalas de medida – natureza – das variáveis

• Dependendo das características próprias de cada variável, assim podemos


medi-las segundo quatro escalas (de medida) ou níveis de medição
diferentes:

• Variáveis nominais
• Variáveis ordinais
• Variáveis intervalares
• Variáveis proporcionais/de razão

Nota: Os dígitos obtidos na medição das variáveis nem sempre traduzem verdadeiras
quantidades. Às vezes são apenas numerais, que servem para identificar posições ou
categorias (é o caso das variáveis nominais e ordinais).
Escalas de medida das variáveis
Qualitativas
Nominais - Quando numerais ou outros símbolos são usados para representar
categorias ou níveis de uma variável. Os numerais designados a cada
categoria não representam nenhuma distinção quantitativa (não existe
ordem entre as categorias) (ex. sexo, estado civil, raça, religião).
Ordinais - Quando os elementos guardam um certo tipo de relação entre
eles, conduzindo a uma ordenação (ex. classe social, escolaridade, idade
mental, notas de alunos por postos).

Quantitativas
Intervalares - Quando os elementos se distribuem num numérico contínuo,
com intervalos iguais entre os pontos. Os números nesta escala, assim
como na seguinte, são usados para representar quantidade (temperatura
Fahrenheit, inteligência).
Racionais - Caraterísticas da intervalar mais um zero absoluto (massa, peso,
tempo de reação).
Dois princípios relativos
às escalas de medição das variáveis

• A. As variáveis medidas nas escalas mais simples (em virtude


da sua natureza) não podem sê-lo nas escalas mais
complexas, mas o inverso é possível.

• B. As técnicas estatísticas utilizadas nas escalas mais simples


podem ser usadas nas mais complexas. O inverso é falso.
Exemplos Variáveis

• As atitudes podem ser influenciadas pela publicidade.


V. D. V. I.

• O barulho afeta a eficácia no trabalho.


V. I. V. D.

• O momento do dia afeta a capacidade de atenção.


V. I. V. D.
Exemplo: operacionalização da variável
rendimento escolar
• Um investigador pretendeu averiguar a influência da ansiedade sobre o
rendimento escolar dos alunos do 12º ano de uma escola de Coimbra.
Para isso escolheu, aleatoriamente, dois grupos, tendo dito a um deles
que o exame a que iriam ser submetidos era muito difícil, de modo que
menos de 25% dos alunos poderiam esperar nota positiva. Ao outro
grupo não foi feita referência sobre a dificuldade do exame.
Antes de proceder como descrito mediu o rendimento escolar dos
alunos aplicando-lhes uma prova de conhecimentos e fez o mesmo no
final da experiência. Operacionalização da V. D.

Verificou que o rendimento do grupo no qual introduziu a ansiedade era


significativamente inferior, do ponto de vista estatístico, ao do outro
grupo.

Você também pode gostar