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Universidade Federal do Ceará

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica

Prática 1
Polaridade de Transformadores
Sumário
1 Introdução Teórica .................................................................................................... 3
2 Objetivos................................................................................................................... 5
3 Procedimento Experimental ..................................................................................... 5
4 Resultados............................................................................................................... 10
5 Questionário ........................................................................................................... 10
6 Conclusão ............................................................................................................... 11
7 Bibliografia ............................................................................................................. 11
1 Introdução Teórica
A polaridade de um transformador é definida a partir da forma como o
transformador é enrolado. Existem dois tipos de polaridades de transformadores:
subtrativa e aditiva. A polaridade é subtrativa quando os enrolamentos são
enrolados no mesmo sentido e é aditiva quando são enrolados em sentidos opostos.
As correntes no secundário são opostas para os dois casos e são mostrados nas
Figuras 1 e 2.
Figura 1 - Polaridade subtrativa de um transformador

Fonte: [1]
Figura 2 - Polaridade aditiva de um transformador

Fonte: [1]
Com essas formas de enrolamento se segue que as tensões de primário e secundário
em um transformador com polaridade subtrativa estão em fase e em um
transformador de polaridade aditiva estão defasadas de 180º.
Para determinar qual a polaridade dos enrolamentos de um transformador, pode ser
feito um ensaio de corrente alternada, que consiste nas montagens seguintes,
denominadas caso 1 e caso 2.
Figura 3 - Ensaio de corrente alternada - Caso 1

Fonte: [1]

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Figura 4 - Ensaio de corrente alternada - caso 2

Fonte: [1]
A nomenclatura dos enrolamentos é de acordo com a ABNT, onde o H1 e H2 são
os terminais de tensão superior e o X1 e X2 os terminais de tensão inferior. As
tensões devem ser no sentido do terminal 1 para o terminal 2, ou seja, a ponta (final)
da seta no terminal 2.
Assim, é possível ser feita uma análise de malha para as duas montagens. Para o
caso 1, por exemplo, se a tensão V1 for a tensão no primário e V2, no secundário,
sendo a polaridade subtrativa ou aditiva, a tensão medida vai ser V1-V2. Essa
relação é perfeita quando a relação é 1:1, mas quando não é, deve-se fazer o segundo
ensaio para ter mais certeza. Se no segundo caso, as tensões se somarem, então
estará confirmado que a polaridade é subtrativa. Já se ocorrer o oposto, a polaridade
é aditiva.

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2 Objetivos
 Determinar a polaridade de transformadores monofásicos através do método de
corrente alternada;
 Definir a marcação dos terminais;
 Observar a importância da polaridade nas ligações trifásicas;
 Analisar o defasamento angular nos transformadores.

3 Procedimento Experimental
3.1 Utilizando o método da corrente alternada, determinar a polaridade
entre as bobinas do transformador fornecido. De acordo com os
resultados obtidos, fazer a marcação de polaridade.
Inicialmente, utilizou-se um transformador trifásico entre a rede e os módulos que
seriam submetidos a teste, uma vez que a tensão sobre cada bobina do módulo
deveria ser cerca de no máximo 85 V. O secundário do transformador trifásico
utilizado foi conectado em estrela e apresentou as seguintes tensões de fase:
𝑉𝐴′ = 72,9 𝑉
𝑉𝐵′ = 72,1 𝑉
𝑉𝐶′ = 72,2 𝑉
Como justificado no tópico Introdução, o método de corrente alternada consistem
em dois casos de medição diferentes. O transformador do módulo utilizado em
laboratório apresentava três bobinas, com terminais denominados H1-H2, H3-H4 e
X1-X7.
Realizou-se primeiro o procedimento entre as bobinas H1-H2 e X1-X7. Para o caso
1, a tensão aferida pelo voltímetro digital foi 6,3 V. Para o caso 2, a tensão foi 148,5
V. Dessa forma, concluiu-se que o transformador formado por essas duas bobinas
era de natureza subtrativa.
Posteriormente realizou-se o procedimento entre as bobinas H3-H4 e X1-X7. Para
ambos os casos as tensões aferidas tiveram os mesmos valores aferidos
anteriormente. Dessa forma, concluiu-se que o transformador formado por essas
duas bobinas também era de natureza subtrativa. O esquema que demonstra a
polaridade de cada bobina do módulo encontra-se na Figura 1.

Figura 5 - Diagrama elétrico relativo ao transformador utilizado

H1 H2 H3 H4

x1 x7

Fonte: os próprios autores.

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3.2 Utilizando três transformadores monofásicos montar as ligações
mostradas na Figura 6. Para cada banco formado, medir as tensões de
fase e de linha na entrada e saída. Comentar as observações.
Figura 6 - Esquemas de ligação experimental

Fonte: [1].

Como cada montagem requer um transformador trifásico, utilizou-se três módulos


idênticos ao que foi testado no item 3.1, ou seja, três tranformadores monofásicos
ligados como um transformador trifásico. A alimentação de cada fase dos módulos
foi feita por intermédio do transformador trifásico já citado, com o objetivo de
abaixar a tensão. Para os itens (a) e (b) utilizou-se a bobina H1-H2 como primário
e a bobina X1-X7 como secundário. Para os itens (c) e (d), como a ligação de
primário é em delta e a tensão sobre a bobina passaria do limite definido, utilizou-
se como primário as bobinas H1-H2 e H3-H4 em série, mantendo-se X1-X7 como
secundário.
Os valores aferidos encontram-se na Tabela 1 no tópico Resultados.
Nos casos (a) e (b) tanto o primário quanto o secundário foram ligados em estrela.
Em ambos as tensões de fase e de linha no primário aferidas foram iguais. No
entanto, a polaridade da bobina da fase B foi invertida na montagem, o que refletiu
no secundário do transformador. Em comparação, as tensões de linha que
envolviam a fase B, VAB e VBC, do caso (b) apresentaram valores menores do que
aqueles medidos no caso (a), estando a tensão de linha no mesmo nível em ambos.
Uma vez que a polaridade de uma bobina é sempre determinada em relação à outra,
ao inverter a polaridade tornou-se o transformador do módulo alimentado pela fase
B aditivo, modificando não a relação de transformação, o que foi confirmado com

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as tensões de fase de valores iguais, e sim o ângulo da tensão induzida, passando
esse a estar defasado de 180º da tensão no primário, o que modifica a soma fasorial
das tensões de linha que envolvem tal fase.
Para os casos (c) e (d) o primário foi conectado em ligação delta e o secundário em
estrela. A inversão de polaridade causa basicamente o mesmo efeito, não alterando
a amplitude da tensão induzida no secundário, e sim causando uma defasagem na
mesma em relação ao primário, o que altera a tensão de linha, mas não a de fase, do
secundário.
Destes testes é possível concluir que é sempre importante que todas as tensões
sejam checadas na conexão de um transformador, pois uma inversão de polaridade
do tipo que foi feita pode passar despercebida se, por exemplo, forem testadas
apenas as tensões de fase.

3.3 Montar um banco delta-delta como mostrado na Figura 7. ATENÇÃO:


Não fechar o delta do secundário diretamente. Verificar com um
voltímetro se a tensão entre os terminais que vão ser curto-circuitados
é nula.
Figura 7 - Esquemas de ligação experimental delta-delta

Fonte: [1].

A tensão aferida no caso (a) foi de 0,12 V e no caso (b) de 135,7 V.


Pela forma como o voltímetro foi conectado em ambos os casos, percebe-se que ele
irá medir a soma das tensões induzidas nas três fases do secundário, levando em
conta suas polaridades. Essa soma, no entanto, é uma soma fasorial, ou seja,
depende do ângulo de cada uma das fases. Para o caso (a), onde as polaridades estão
de forma a os três transformadores monofásicos estarem em configuração
subtrativa, a soma que se afere no voltímetro é de três tensões de mesma amplitude
defasadas de 120º entre si, o que resulta em uma tensão nula, que foi comprovado.
No caso (b), no entanto, o transformador do módulo alimentado pela fase B está em
configuração aditiva, o que faz com que a tensão induzida no secundário, fase b,
esteja com uma defasagem de 180º da tensão no primário. Nessa segunda
configuração a fase b estará defasada de 60º em relação as fases a e c, e não mais
120º, criando um sistema desequilibrado e uma soma fasorial não nula, de acordo
com o que foi verificado pela medição.

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3.4 Comentar a importância de se deixar o delta em aberto e medir a tensão
entre os pontos correspondentes antes de realizar o fechamento e
energização final.
Uma vez que não se conhece as polaridades do transformador, pode-se acabar com
uma ligação como a do caso (b) do item anterior. Uma vez fechado o circuito, na
posição que o voltímetro se apresenta, devido a tensão aferida uma grande corrente
se estabeleceria, podendo esta vir a danificar o transformador ou até mesmo causar
algum acidente.

3.5 Montar um diagrama fasorial das tensões secundárias de linha e fase


para cada uma das configurações mostradas na Figura 7.
Configuração (a):
Todos os três transformadores monofásicos têm polaridade subtrativa, conforme foi
explicado no tópico 3.3, logo a soma das tensões de linha da configuração delta do
secundário deve resultar num vetor nulo. O vetor referente a tensão medida na
figura 7(a) é denominado de V, corresponde ao vetor adicional, necessário para que
a soma dos valores de tensão de linha juntamente com esse vetor seja igual ao vetor
nulo. Seu valor na forma polar é de 0,007<-90º pV, tomando como base os valores
medidos na tabela 1, item C.
Figura 8 – Diagrama fasorial para esquema de configuração (a) da figura 7

Fonte: os próprios autores.

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Configuração (b):
Para a segunda configuração, conforme foi explicado no tópico 3.3, como há um
transformador com polaridade aditiva o valor da soma vetorial das tensões de linha
não será nulo. Como a tensão Vab agora encontra-se com polaridade invertida é
esperado que o vetor V, necessário para que a soma vetorial das tensões de linha
seja um vetor nulo, tenha o valor, em módulo, da soma de Vab com Vbc e Vca, que
para esse caso é o vetor Vab multiplicado por 2. Sendo assim o vetor V deve estar
defasado de 180º de Vab e apresentar um módulo de 2Vab.
Figura 9 – Diagrama fasorial para esquema de configuração (b) da figura 7

Fonte: os próprios autores.

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4 Resultados
Tabela 1 - Tensões aferidas para cada esquema de ligação da Figura 6

Item (a) Item (b) Item (c) Item (d)


VA 78,8 78,8 125 124,7
VB 72,0 72,5 123,9 125
VC 76,9 76,8 125 124
Primário
VAB 124,5 124,5 125 124,7
VBC 123,5 123,5 123,9 125
VCA 124,6 124,7 125 124
Va 85,9 85,9 68 63,3
Vb 79,1 79,0 67,6 67,8
Vc 83,6 83,6 68,2 68,3
Secundário
Vab 135,8 93,6 117,1 68,3
Vbc 134,6 91,0 117,2 68,3
Vca 135,7 135,7 118,3 118,4
Fonte: os próprios autores.

5 Questionário
5.1 Qual a vantagem de se ter transformadores com polaridade subtrativa?
Nesta configuração a tensão induzida no secundário do transformador está em fase
com aquela do primário, ou seja, possuem o mesmo ângulo. Assim como também
a isolação do transformador, por exemplo, para grandes transformadores.

5.2 O que se entende por defasamento angular nos transformadores?


É o defasamento das tensões secundárias em relação as duas respectivas tensões
primárias e vice-versa. É observado em transformadores trifásicos, devido os
diferentes modos de ser realizar a conexão do transformador, sendo as mais
conhecidas Delta-Estrela, Estrela-Delta, Delta-Delta, Estrela-Estrela. Há ainda a
possibilidade da conexão zigue-zague, onde um exemplo de aplicação por ser o
transformador de aterramento visto nas subestações conversoras de AT para BT, o
mesmo promove uma referência a terra para o sistema, visto que o primário dos
transformadores 69-13,8 kV, por exemplo, é conectado em Delta, sem possibilidade
de aterramento. O defasamento pode ser ainda devido as não idealidades do
transformador, visto que o mesmo possui impedâncias intrínsecas que, por mais que
de maneira bastante branda, defasam as tensões e correntes de saída com relação os
níveis de entrada.

5.3 Em que situações é importante se conhecer o defasamento angular de


um transformador?
Os chamados transformadores de instrumento são um bom exemplo da atenção que
se deve ter ao defasamento provocado, os mesmos são utilizados geralmente nos

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sistemas elétricos de potência, para realizar medição, bem como a proteção do
sistema, visto que os dispositivos de proteção e medição não podem ser conectados
diretamente as linhas, necessitam de um transformador para representar o mais
fielmente possível, os níveis originais do sistema. Um defasamento não previsto ou
indesejado pode ser danoso a operação dos sistemas de proteção e medição e em
consequência ao sistema como um todo. Além disso, quando transformadores são
ligados em paralelo, é muito importante conhecer o defasamento angular destes.

6 Conclusão
Ao final desta prática e do relatório introduziu-se ao conhecimento prático da
equipe uma nova máquina de conversão de energia, o transformador. Os
experimentos vigentes exigiram conhecimentos prévios de suma importância no
manuseio do transformador. É válido salientar que foi feito um teste imprescindível
antes da montagem do circuito, que é denominado, teste de polaridade. Esse teste
permitiu saber se a polaridade do presente transformador era aditiva ou subtrativa,
sabendo então se a tensão induzida no secundário está ou não em fase com a do
primário. Além disso, outro importante fator na montagem do circuito é o
entendimento das configurações entre primário e secundário. É válido salientar que
na compreensão dos resultados das tensões de linha e de fase quando se liga nas
quatro configurações citadas anteriormente, nos exige um bom conhecimento de
fasores, uma vez que ao se inverter uma polaridade ou trocar o tipo de configuração,
notou-se que os resultados dos valores medidos possuem significativas mudanças,
devido ao defasamento ou operações fasoriais que ocorrem no cálculo destes
valores medidos. Portanto, o princípio de conversão de energia de um trafo
mostrou-se bastante dinâmica e interessante, requerendo do usuário bastante
atenção e cuidado no momento da montagem e energização.

7 Bibliografia
[1] Laboratório de Máquinas Elétricas: Guia prático 06 – Polaridade de transformadores;
DEE-UFC / 2017.1.

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